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1) O documento discute os conceitos centrais do realismo político, incluindo o conceito de "interesse nacional" definido em termos de poder e como ele é mutável. Também discute como o realismo vê a política como uma esfera autônoma separada de outras áreas.
2) Outro ponto discutido é como o realismo acredita que as políticas externas de um Estado não devem ser equiparadas às suas simpatias filosóficas ou políticas, e como ele contém tanto elementos teóricos quanto normativos.
3) O
1) O documento discute os conceitos centrais do realismo político, incluindo o conceito de "interesse nacional" definido em termos de poder e como ele é mutável. Também discute como o realismo vê a política como uma esfera autônoma separada de outras áreas.
2) Outro ponto discutido é como o realismo acredita que as políticas externas de um Estado não devem ser equiparadas às suas simpatias filosóficas ou políticas, e como ele contém tanto elementos teóricos quanto normativos.
3) O
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1) O documento discute os conceitos centrais do realismo político, incluindo o conceito de "interesse nacional" definido em termos de poder e como ele é mutável. Também discute como o realismo vê a política como uma esfera autônoma separada de outras áreas.
2) Outro ponto discutido é como o realismo acredita que as políticas externas de um Estado não devem ser equiparadas às suas simpatias filosóficas ou políticas, e como ele contém tanto elementos teóricos quanto normativos.
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1º) A importância central no realismo político do “interesse”
(nacional), mas como algo mutável. A principal sinalização
que ajuda o realismo político a situar-se em meio à paisagem da política internacional é o conceito de interesse definido em termos de poder. (…) situa-se a política como uma esfera autônoma de ação e de entendimento, separada das demais esferas (economia/riqueza, ética, estética, religião…). (…) uma teoria política, de âmbito internacional ou nacional, desprovida desse conceito, seria inteiramente impossível, uma vez que, sem o mesmo, não poderíamos distinguir entre fatos políticos e não-políticos, nem poderíamos trazer sequer um mínimo de ordem sistêmica para a esfera política. Ainda dentro desse espaço de análise, o realismo, para Morgenthau, parte do princípio de que seu conceito – chave de interesse definido como poder constitui uma categoria objetiva que é universalmente válida, mas não outorga a esse conceito um significado fixo e permanente. A noção de interesse faz parte realmente da política, motivo por que não se vê afetada pelas circunstâncias de tempo e lugar; 2º) Um outro ponto da teoria realista é o de acreditar em evitar equiparar as políticas exteriores de um político às suas simpatias filosóficas ou políticas, ou em deduzir as primeiras tomando por base as últimas. Por conseguinte, o realismo político contém tanto um elemento teórico como um normativo. Ele não só sabe que a realidade política está cheia de contingências e irracionalidades sistêmicas, como nos chama a atenção para as influências típicas que elas exercem sobre a política externa. (…) somente uma política externa racional minimiza riscos e maximiza vantagens: desse modo, satisfaz tanto o preceito moral da prudência como a exigência política de sucesso. Desta feita, portanto, a política externa tem de ser racional em vista de seus propósitos morais e práticos. Entretanto, o realismo é consciente da significação moral da ação política, como o é igualmente da tensão inevitável existente entre o mandamento moral e as exigências de uma ação política de êxito. (…) o realismo sustenta que os princípios morais universais não podem ser aplicados às ações dos Estados em sua formulação universal abstrata, mas que devem ser filtrados por meio de circunstâncias concretas de tempo e lugar. (…) Tanto o indivíduo quanto o Estado tem de julgar a ação política segundo princípios morais, tais como o da liberdade. (…) o realismo considera que a prudência – a avaliação das conseqüências decorrentes de ações políticas alternativas – representa a virtude suprema na política e ética, em abstrato, julga uma ação segundo a conformidade da mesma lei moral; a ética política julga uma ação tendo em vista as suas conseqüências políticas; 3º) O realismo acredita que a política, como, aliás, a sociedade em geral, é governada por leis objetivas que deitam suas raízes na natureza humana. O realismo acredita distinguir, no campo da política, a verdade e a opinião. Para o realismo, a teoria consiste em verificar os fatos e dar a eles um sentido, mediante o uso da razão. O realismo parte do princípio de que a natureza de uma determinada política externa só pode ser averiguada por meio do exame dos atos políticos realizados e das conseqüências previsíveis desses atos; 4º) A percepção da questão moral nas relações internacionais, por parte do realismo político, sob a ressalva de que as aspirações morais de uma nação não se identificam com os do “conjunto dos preceitos morais que regem o universo” político. O realismo político recusa-se a identificar as aspirações morais que governam o universo. (…) a equiparação leviana de um determinado nacionalismo aos desígnios da providência é moralmente indefensável. (…) é exatamente o conceito de interesse definido em termos de poder que nos salva, tanto daquele excesso moral, como da loucura política, porque, se considerarmos todas as nações como entidades políticas em busca de seus respectivos interesses definidos em termos de poder, teremos condições de fazer justiça a todas elas. Também o autor distingue a Escola Liberal/Idealista da Escola Realista. A Primeira acredita em determinada ordem política, racional e moral derivados de princípios abstratos válidos universalmente [...] confia na educação, na reforma e no uso esporádico de métodos coercitivos para remediar defeitos. Já quanto a segunda (a qual pertence o autor), concebe o mundo de maneira imperfeita do ponto de vista racional e resulta de encontro de forças inerentes à natureza humana. (…) deve-se trabalhar com essas forças. Não há possibilidade dos princípios morais serem realizados plenamente devido aos conflitos de múltiplos interesses. (…) o mal menor em vez do bem absoluto. Para Morgenthau, toda a construção em política e, na sua esfera de análise que se outorga em Política Internacional, todas as relações se baseiam em relações de poder. Contudo, o próprio Morgenthau reconhece que uma definição clara do que se trata como poder político é ampla, vastamente utilizada e apropriada por teóricos das ciências sociais em geral. Neste sentido, o risco maior da proposta realista sempre radicou em sua redução a políticas de poder e, destas, a políticas específicas de interesse nacional. Neste ponto, já considerando essencialmente o escopo analítico relativo a uma tipificação da política externa, Morgenthau elenca três exemplos da escola Realista: • Status quo (manutenção do poder); • Imperialismo (expansão do poder); • Prestígio (política voltada, a priori, à captação no cenário internacional, de recursos políticos relativos a um ou vários interesses de um país). Morgenthau prefere resistir de modo geral, as concepções muito abrangentes da ordem internacional, e Ronaldo Sardenberg, que prefaciou a última edição do livro no Brasil, reconhece que a simples idéia de uma “ordem internacional” já restringiria sua construção intelectual, salvo quando se tratasse de um aspecto de desordem como modelo dominante de organização. Chega, agora, ao ponto de pensar no contraponto à uma ordem internacional: a anarquia internacional. Todavia, anarquia não significaria necessariamente caos ou ausência completa de ordem mundial, mas falta de governança política, ou seja, de uma ordenação internacional hierarquizada, fundada na autoridade e na subordinação formal. Morgenthau afirma que sua obra A Política entre as Nações planejou- se em torno de dois conceitos: guerra e paz. Em suas palavras: “em um mundo em que a força motriz resulta da aspiração das nações soberanas por poder, a paz só poderá ser mantida por meio de dois instrumentos: o primeiro é o mecanismo autoregulador das forças sociais, que se manifesta sob a forma de luta em busca do poder na cena internacional, isto é, o equilíbrio de poder. O outro consiste nas limitações normativas dessa luta, sob a roupagem do direito internacional, da moralidade internacional e da opinião pública mundial.” Contudo, não haveria segurança de que esses esquemas possam manter a luta pelo poder dentro de limites pacíficos. É interessante, então, melhor conceituar o poder e Morgenthau o faz: “o poder político consiste em uma relação entre os que exercitam e aqueles sobre os quais ele é exercido.” Para Morgenthau a política internacional consiste necessariamente em política do poder, na luta pelo poder, alterada somente pelas distintas condições em que as circunstâncias de luta pelo poder projetam na esfera nacional e internacional. E mais, para o autor a política doméstica e a política internacional nada mais são do que duas manifestações do mesmo fenômeno, embora diferenciadas: a luta pelo poder. O poder, mesmo que limitado e qualificado, representa o valor que a política internacional reconhece como o valor supremo. Segundo Morgenthau: “toda atividade política, seja ela nacional ou internacional, revela três padrões básicos, isto é, todos os fenômenos políticos podem ser reduzidos a um dentre três tipos básicos. Uma diretriz política sempre busca conservar o poder, aumenta-lo ou demonstra-lo”. Morgenthau neste ponto, portanto, abre espaço para debater como se efetua a ação de aumento do escopo de poder (imperialismo) ou sua manutenção (status quo) Nem toda política externa voltada para um acréscimo no poder de uma nação constitui necessariamente uma manifestação de imperialismo. Morgenthau assim define imperialismo: “Definimos então imperialismo como sendo uma política que visa à demolição do status quo, que busca uma alteração nas relações de poder entre duas ou mais nações. Uma política que se contente somente com um ajuste, deixando intacta a essência dessas relações de poder, continua operando dentro de uma moldura geral de uma política de status quo.” (p. 98) Um outro ponto levantado pelo autor é que não se deve considerar como imperialista toda política externa que vise à preservação de um império já existente. Desse modo, o imperialismo se torna identificado com a manutenção, defesa e estabilização de um império real, em vez de se equiparar a um processo dinâmico de aquisição de um novo império. • Principais teorias econômicas do imperialismo: marxista e liberal “A teoria marxista repousa sobre a convicção, que serve de fundamento para todo pensamento marxista, de que todos os problemas políticos constituem o reflexo de forças econômicas. Como conseqüência, o fenômeno político do imperialismo é um produto do sistema econômico em que ele se origina – isto é, o capitalismo. As sociedades capitalista são incapazes de encontrar, por si próprias, mercados suficientes para seus produtos e investimentos adequados para seu capital. Por esse motivo, elas tem a tendência a escravizar inclusive áreas mais amplas não capitalistas, de modo a poder transforma-las em mercados para seus produtos em excesso e transferir-lhes sua capacidade superavitária de capital para investimentos.” (p. 103) Já na Escola Liberal há uma preocupação, sobretudo com o imperialismo, no qual ela se depara com o resultado, não do capitalismo como tal, mas de certos desajustes dentro do sistema capitalista. Em conformidade com o marxismo, a escola liberal aponta que a raiz do imperialismo está no excesso de mercadorias e capitais que buscam saídas em mercados estrangeiros. Há também, no pensamento político de Morgenthau, uma distinção de métodos de imperialismo, que seriam três: o econômico, o militar e o cultural: “O imperialismo militar busca a conquista militar; o imperialismo econômico, a exploração econômica de outros povos; o imperialismo cultural, o deslocamento de uma cultura por outra – mas sempre como um meio de atingir o mesmo fim imperialista. E esse fim é sempre a derrubada do status quo, isto é, a reversão das relações de poder entre a nação imperialista e suas vítimas em potencial.” Morgenthau também distingue a práxis de do imperialismo: “O imperialismo constitui uma política de conquista, mas nem toda política de conquista representa uma forma de imperialismo”. É possível essa distinção ao conceber que existem políticas de conquista que operam dentro de um status quo e outra que busca subverte-lo. Inserido dentro dessa discussão da ampliação, ou não, do poder de uma nação, Morgenthau concebe que a política externa de uma nação corresponde sempre ao resultado de uma avaliação de como se encontram as relações de poder entre várias nações, em certo momento da história, e de como as mesmas se desenvolverão a curto e médio prazo. Assim, um outro ponto é inserido pelo autor na busca pelo entendimento dos mecanismos de atuação das políticas externas: “Constitui um aspecto característico de qualquer política, seja ela doméstica ou internacional, que as suas manifestações básicas não tenham a aparência daquilo que realmente são – manifestações de uma luta pelo poder. A verdadeira natureza da política se esconde por trás de justificações e racionalizações ideológicas.” (p. 173) Segue, portanto, que embora toda e qualquer política consista necessariamente em uma luta pelo poder, as ideologias tornam o envolvimento nessa disputa não só moral como psicologicamente aceitável para os atores e sua platéia. Retomando a discussão sobre o imperialismo, Morgenthau reconhece que as políticas imperialistas quase sempre recorrem a disfarces ideológicos, e políticas de imperialismo estão sempre à procura de uma ideologia, por que o imperialismo, diferente da política de status quo, está sempre tendo a necessidade da prova (por isso a necessidade de provar que um sistema/status quo ou não deve ser derrubado), enquanto que as políticas de manutenção do status quo podem ser apresentadas mais frequentemente como elas são na realidade e a paz e o direito internacional se prestam especialmente bem para servir como ideologias para uma política de status quo e para Morgenthau, a invocação do direito internacional indicará sempre o disfarce ideológico de uma política de status quo. Poder Nacional, Equilíbrio de Poder H. Morgenthau afirma: “O poder de uma nação, tendo em vista o seu moral nacional, reside na qualidade de seu governo. Um governo realmente representativo, não apenas no sentido de maiorias parlamentares, mas acima de tudo no sentido de que se mostra capaz de traduzir as convicções e aspirações inarticuladas de seu povo em objetivos e políticas internacionais, contará com as melhores probabilidades de canalizar as energias nacionais em apoio aos referidos objetivos e políticas.” Desta forma, é possível entender que a qualidade do governo é uma fonte de força ou fraqueza. E sem o moral nacional, o poder nacional nada mais seria do que uma força material. Um outro ponto salientado por Morgenthau é do de que as nações precisariam apoiar- se na qualidade de suas diplomacias, que atuariam como elemento catalisador para os diferentes fatores que constituem o poder (recursos materiais, capacidade industrial e o grau de preparo militar). Por conseguinte, acompanhando a exposição analítica do autor, depreende-se que um bom governo (independente enquanto recurso do poder nacional) corresponde a três fatores: a) Equilíbrio entre, de um lado, os recursos materiais e humanos que entram na formação do poder nacional e, de outro, a política externa a ser implementada; b) Equilíbrio entre os recursos disponíveis; c) Apoio popular à política exterior a ser executada. (p. 280 – 281) Morgenthau também analisa o aspecto de que para a existência de um bom governo, os objetivos e métodos de política externa de um governo devem ser selecionados e aplicados, caso contrário estaria abdicando de poder no concerto das nações. (p. 281) E além, o autor considera mesmo que não existem mais assuntos puramente internos, já que tudo que uma nação faz ou deixa de fazer pode ser levado em conta, a seu favor ou contra, como um reflexo de sua filosofia política, de seu sistema de governo ou do seu modo de vida. E já que a política exterior é formulada por, de uma forma ou de outra, por indivíduos, ocorre que as nações podem cometer erros ao se auto-avaliar em seu próprio poder e o poder de outras nações. Morgenthau levanta três erros em especial: 1º) Desconhecimento da relatividade do poder, ao erigir o poderio de uma determinada nação como algo absoluto; 2º) Tomar certo a dependência de certo fator no passado que tenha desempenhado um papel decisivo, esquecendo-se, portanto, de uma mudança dinâmica a que quase todos os fatores de poder estão sujeitos; 3º) Atribuir uma importância decisiva a um só fator tomando individualmente em detrimento de todos os demais. (p. 300) Apenas pelo primeiro ponto acima levantado já se exige uma retomada da discussão sobre o equilíbrio do poder (relativos ao critério de território, população e armamentos) e seus desdobramentos conceituais caros à escola Realista de Relações Internacionais. Morgenthau afirma: 1º) O equilíbrio internacional de poder representa apenas uma manifestação particular de um princípio social de ordem geral, ao qual todas as sociedades compostas de certo número de unidades autônomas devem a autonomia de suas partes componentes; 2º) O equilíbrio de poder e as políticas traçadas para preservá-lo não são apenas inevitáveis, mas são também um elemento estabilizador essencial em uma sociedade de nações soberanas; 3º) A instabilidade do equilíbrio internacional de poder deve ser debitada não à imperfeição do princípio, mas às condições particulares sob as quais o princípio tem de operar em uma sociedade de nações soberanas. (p. 321-322) E ainda inserido dentro da conceituação do equilíbrio de poder, Morgenthau traz, ao âmbito de discussão, o que conceitua como o “mantenedor” do Equilíbrio. O autor afirma que o balanceador não está permanentemente identificado com a política de qualquer uma das nações ou grupo de nações. Seu único objetivo seria, dentro do sistema internacional, a manutenção do equilíbrio, de forma independente às políticas concretas por meio das quais a balança deve servir. Logo, Morgenthau aponta o exercício do “mantenedor” do equilíbrio do poder: 1º) Ele pode fazer com que o seu apoio a uma nação ou aliança dependa de certas condições favoráveis à manutenção ou à restauração do equilíbrio; 2º) Ele pode sujeitar as tais mesmas condições o seu apoio tendo em vista um ajuste de paz; 3º) Ele pode, finalmente, em qualquer das situações e, independentemente da manutenção do equilíbrio de poder, conseguir que os objetivos de sua própria política nacional sejam concretizados no decorrer do processo de equilibrar a balança de poder dos outros. (p. 368) Entretanto, Morgenthau aponta três debilidades do equilíbrio de poder como princípio orientador de política internacional: sua incerteza, sua irrealidade e sua inadequação: “O Equilíbrio de poder, concebido mecanicamente, mostra-se carente de um critério quantitativo facilmente reconhecível, por meio do qual se poderá medir e comparar o poder relativo de uma quantidade de nações.” (p. 385) E dentro desse escopo de debate, Morgenthau traz uma análise sobre os tipos de guerras ligadas à mecânica do equilíbrio de poder: 1º) A guerra preventiva, no qual ambos os lados seguem objetivos imperialistas, embora Morgenthau reconheça que essa guerra preventiva seja vista com horror na linguagem diplomática e pela opinião democrática, afirma não passar a mesma de um subproduto natural do sistema de equilíbrio de poder; 2º) A guerra antiimperialista; 3º) A guerra imperialista propriamente dita. NAÇÃO, SOBERANIA, SEGURANÇA Como autor inserido dentro do paradigma realista de análise das relações internacionais, H. Morgenthau não concebe que exista uma sociedade mundial e muito menos uma moralidade universal. Para ele, na política, tudo que conta é a nação e não a humanidade. Assim, por conseguinte, a soberania (no sentido westifaliano) é incompatível somente com um sistema de direito internacional forte e eficiente, porque centralizado. Ele não é inconciliável de modo algum com uma ordem legal internacional descentralizada e, portanto, fraca e ineficaz. (p. 569) Morgenthau acredita que a soberania da nação é idêntica à soberania no campo judicial, isto é, cabe à nação individualmente a última e definitiva decisão quanto, a saber, se, e quando, deve engajar-se em uma operação coercitiva, por exemplo. E o exercício da soberania constitui-se um fato político, circunscrito e definido em termos legais, cuja determinação poderá depender de mudanças graduais no exercício do poder político, de um governo para outro. Ela deve ser confirmada mediante o exame da situação política e não pela interpretação de textos legais. Outro ponto é o reconhecimento do autor de que não existe uma soberania compartilhada, não em um mundo real. (p. 590) Por outro lado, a soberania da nação em sua qualidade de objeto potencial de uma ação coercitiva, manifesta-se no que se costuma chamar de “impenetrabilidade” da nação. Segue que para Morgenthau existem três princípios do direito internacional sinônimos da idéia de soberania: a independência, a igualdade e a unanimidade: 1º) Independência: representaria o aspecto particular da autoridade suprema de uma nação, em particular que consiste na exclusão da autoridade de qualquer outra; 2º) Igualdade: nada mais seria do que um sinônimo direto de soberania, que salienta um aspecto particular desse conceito; 3º) Unanimidade: o princípio da igualdade que decorre de uma norma fundamental do direito internacional que é responsável pela descentralização da função legislativa e, até certo ponto, da função de aplicação da lei, significa que o que diz respeito à função legislativa, todas as nações são iguais, independente de seu tamanho, população ou de seu poderio. Morgenthau então conceitua de maneira mais circunstanciada soberania, em principal, por meio de princípios de negação: • Soberania não significa liberdade de restrições legais. A quantidade de obrigações legais em virtude das quais a nação aceita limitar sua liberdade de ação não afeta, como tal, a sua soberania; • Soberania não significa a liberdade de regulação pelo direito internacional de todas essas questões que são tradicionalmente deixadas ao arbítrio das nações individuais; • Soberania não é o mesmo que igualdade de direitos e obrigações nos termos do direito internacional; • A soberania não se confunde com uma verdadeira independência em matérias políticas, militares, econômicas ou tecnológicas; • A soberania pressupõe a suprema autoridade legal de uma nação para aprovar leis e faze-las cumprir dentro dos limites de um certo território e, como conseqüência, a independência em relação à autoridade de qualquer outra nação e a igualdade com a mesma nos termos do direito internacional. (p. 578) Um outro ponto de análise do sistema internacional analisado por Morgenthau é o da segurança, tema caro aos realistas. Como anteriormente salientado, toda política externa atua sempre promovendo seus próprios interesses. E já que a questão da segurança é premente ao realismo, Morgenthau analisa na perspectiva da realidade internacional, o aspecto da guerra (tão importante ao realismo, já que existe de maneira premente nas suas análises uma dialética de paz e guerra) no âmbito de uma guerra total. Por isso a importância de conceber que já que a política externa se faz atuar e promover por meio de seus interesses, esses interesses mediatizam-se por meio da transformação da mente de seu opositor. Trazendo novamente ao resumo o princípio do status quo (e também do imperialismo) as nações entrarão em conflito por meio da derrubada (ou a manutenção) do status quo, gerando uma medida de aliança para a preservação, ou não, variando conforme os interesses do status quo. Resulta que daí gera-se um sistema de segurança coletiva. Morgenthau afirma: 1º) O sistema coletivo precisa ter condições para comandar, a qualquer momento, uma força tão avassaladora contra qualquer potencial agressor, ou coalizão de agressores, que estes jamais ousariam desafiar a ordem defendida pelo referido sistema coletivo; 2º) Todas as nações cujas forças combinadas satisfariam a exigência do item anterior tem de compartilhar a mesma concepção de segurança que lhes defender; 3º) Essas nações precisam aceitar voluntariamente a necessidade de subordinar os seus interesses políticos conflitantes ao bem comum definido em termos de defesa coletiva de todos os Estados membros. Morgenthau reconhece que uma ou mais nações se oporão ao status quo e a preservação do mesmo por meio do sistema coletivo de segurança. E também afirma que qualquer sistema de segurança coletiva só tem possibilidade de sucesso no pressuposto de que a luta pelo poder, como força catalisadora da política internacional, pode ser reduzida ou substituída por um princípio mais elevado de segurança coletiva, mas também reconhece que está fadado ao fracasso a preservação do status quo, por meio da segurança coletiva, à longo prazo, reduzindo sua aplicabilidade e sucesso apenas a um prazo mais curto de lograr êxito., reconhecendo mesmo o autor que a segurança coletiva, à sua contextualização histórica de análise, não terá quaisquer condições de funcionamento no mundo contemporâneo.
Responsabilidade Objetiva na Lei Anticorrupção e Compliance: construção do conceito de culpabilidade de empresa na busca de uma política pública eficiente