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CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR

PROFESSOR LUIZ EDUARDO

1 Roteiro
Nesta aula continuaremos a apresentação dos conceitos atinentes às
demonstrações contábeis – especificamente quanto ao Balanço
Patrimonial. Nas duas aulas anteriores foram vistos grupos do Ativo,
portanto, nesta aula, serão estudados os grupos Passivo Exigível
(circulante e longo prazo), Resultados de Exercícios Futuros e
Patrimônio Líquido. A seguir, encontra-se uma lista dos itens que serão
aqui estudados:
a) Passivo circulante e exigível a longo prazo
a. Fornecedores
b. títulos a pagar
c. Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar
d. Debêntures a pagar
e. Salários a Pagar e encargos sociais a recolher
f. Adiantamento de clientes
g. Adiantamentos recebidos para aumento de capital
h. Empréstimos e financiamentos bancários
i. principal
ii. juros e variações monetárias passivas
i. provisões
i. provisão para férias
ii. Provisão para 13o salário
iii. Provisão para o imposto de renda
iv. Provisão para a contribuição social
j. Participações no resultado.
b) Resultados de exercícios futuros
c) Patrimônio Líquido
a. capital social
i. Capital realizado
ii. Capital autorizado
b. Reservas
i. Definição de reservas
ii. Classificação das reservas

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c. reservas de capital
i. ágio na emissão de ações
ii. Prêmio na emissão de debêntures
iii. Doações e subvenções para investimentos
iv. Alienação de partes beneficiárias e bônus de
subscrição
d. Reservas de reavaliação
e. Reservas de lucros
i. Reserva legal
ii. Reserva para contingências
iii. Reserva de lucros a realizar
iv. Reservas estatutárias
v. Reservas e lucros para planos de investimento
(retenção de lucros)
f. Lucros ou prejuízos acumulados
g. Ações em tesouraria

2 Introdução
Serão estudadas, neste tópico da matéria, as contas tipicamente
componentes dos grupos patrimoniais em evidência (conforme consta
do nosso Plano de Contas Proposto). Assim, após uma breve
recordação do conceito atinente a cada um desses grupos (e a seus
respectivos subgrupos), apresentaremos o funcionamento de cada uma
de suas contas componentes.

3 Passivo circulante e exigível a longo prazo


O passivo circulante integra, junto com o exigível a longo prazo, o
chamado passivo real, qual seja, aquela parcela do passivo que
representa as obrigações da empresa para com terceiros.
O IBRACON trata o conceito de exigibilidade em seu pronunciamento "IX
- Passivo Exigível", no qual define exigibilidades como obrigações
assumidas por uma empresa de entregar, a terceiros, uma parte de seu
ativo ou lhes prestar serviços. Assim, conceitua passivos exigíveis como
apenas aquelas obrigações que podem ser objeto de mensuração
monetária, ou seja, são obrigações futuras resultantes de transações
completadas.

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Com o fito de esclarecer o conceito, o IBRACON apresenta três
características que devem estar presentes para se ter um passivo
exigível:
a) a obrigação deve existir no momento, e decorrer de
transações passadas;
b) a obrigação deve ser passível de mensuração monetária por
uma quantia definida ou razoavelmente estimada; e
c) o credor e a data em que a obrigação se torna exigível
devem ser conhecidos ou passíveis de ser estimados com
razoabilidade.
Em decorrência da primeira característica acima, conclui-se que uma
obrigação que possa resultar de uma transação ou evento futuro não é
uma exigibilidade, pois o evento futuro pode não se concretizar (como é
o caso de simples caução, fiança ou outra qualquer garantia de dívida de
terceiros).
O passivo circulante é segregado do exigível a longo prazo, com base no
mesmo princípio que norteia a separação entre ativo circulante e
realizável a longo prazo de realização, lá dos direitos, aqui das
obrigações. Cabe aqui um breve comentário sobre as duas exceções ao
critério do exercício (período de 12 meses), utilizado para segregar o
Ativo Circulante do Ativo Realizável a Longo Prazo e sua aplicabilidade
na segregação do Passivo Circulante do Passivo Exigível a Longo Prazo,
quais sejam:
a) empresas com ciclo operacional superior a 12 meses;
b) obrigações oriundas de transações não usuais realizadas com
pessoas ligadas.
Com relação a empresas cujo ciclo operacional seja superior a 12
meses, a lei das S/A é clara e determina que a exceção também é
aplicável ao passivo. Nesse sentido, o artigo 180 da Lei das S/A dispõe
que as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para
aquisição de direitos do ativo permanente, serão classificados no
passivo circulante, quando vencerem no exercício seguinte, e no passivo
exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior
observado o disposto no parágrafo único do artigo 179. Para fins de
esclarecimento, encontram-se reproduzidos, abaixo, os dispositivos
citados:
Passivo Exigível
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive
financiamentos para aquisição de direitos do ativo
permanente, serão classificadas no passivo circulante,
quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo

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exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo
maior, observado o disposto no parágrafo único do artigo
179.
...
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:
...
Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional
da empresa tiver duração maior que o exercício social, a
classificação no circulante ou longo prazo terá por base o
prazo desse ciclo.
Com essa observação final (do art. 180, referenciando o parágrafo único
do art. 179 da Lei das S/A), resta claro que deve ocorrer uma mudança
nos conceitos de curto e longo prazos, quando o ciclo operacional da
empresa for superior a um exercício social. Neste caso, o curto prazo
passa a compreender os direitos realizáveis e as obrigações vencíveis
até o término do ciclo operacional.
Com relação a obrigações oriundas de transações não usuais realizadas
com pessoas ligadas, a Lei das S/A não apresenta qualquer dispositivo,
quando trata do passivo exigível – no art. 180. Ao contrário, ao tratar
do Ativo, no art. 179, a Lei das S/A determina que os créditos
decorrentes de transações não usuais com pessoas ligads sejam
classificadas no Ativo Realizável a Longo Prazo, independentemente do
prazo previsto para sua realização.
A interpretação sistemática desses dois artigos (sempre à luz dos
Princípios Fundamentais de Contabilidade) indica que essa exceção não
é aplicável ao passivo. Nesse diapasão, cabe lembrar que seria
esperado que uma empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não
apresentasse a existência de um direito a receber no curto prazo que –
presumidamente – não teria interesse em cobrar (de parte a ela
relacionada), sendo apropriada a apresentação desse direito no longo
prazo; mas, de forma nenhuma, seria esperado que essa mesma
empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não explicitasse no curto prazo
uma obrigação por ela contraída para pagamento no curto prazo (ainda
que relativa a uma parte a ela relacionada).
Finalmente, cumpre frisar que este é o entendimento da doutrina
majoritária. Entretanto, alguns autores entendem de forma diferente,
entre eles, Milton Augusto Walter e Ricardo J. Ferreira que afirma “não
faz sentido classificar, de acordo com o prazo de exigibilidade, dívidas
com pessoas que, por serem ligadas ao devedor, provavelmente não

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irão adotar medidas rígidas para a cobrança”1. Com o maior respeito,
discordamos dessa opinião, pelos motivos acima apresentados e
ressalvamos que a Escola de Administração Fazendária, em questões de
concurso, demonstrou que também discorda dessa opinião, conforme
será apresentado a seguir, no item “Exercícios de Fixação (Questões de
concurso elaborado pela ESAF – resolvidas e comentadas)”.
De acordo com o disposto no art. 184 da Lei das S/A, os elementos do
passivo exigível devem ser avaliados com base nos seguintes critérios:
(1) obrigações, encargos e riscos – pelo valor atualizado até a data do
balanço; (2) obrigações em moeda estrangeira – atualizadas pela taxa
de câmbio na data do balanço; (3) obrigações sujeitas a correção
monetária – atualizadas até a data do balanço. A seguir, para fins de
clareza, o citado dispositivo encontra-se reproduzido:
Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão
avaliados de acordo com os seguintes critérios:
I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou
calculáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar com
base no resultado do exercício, serão computados pelo
valor atualizado até a data do balanço;
II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de
paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à
taxa de câmbio em vigor na data do balanço;
III - as obrigações sujeitas à correção monetária serão
atualizadas até a data do balanço.
Em obediência ao acima disposto, no caso de obrigações sobre as quais
incidam juros, ao valor delas deve ser adicionado o valor dos juros já
incorridos (pelo regime de competência), para apuração do valor
atualizado do passivo.
Feitas essas considerações e retomando os conceitos inicialmente
expostos quanto a esse grupo patrimonial, verificamos que o passivo
circulante e o passivo exigível a longo prazo formam as exigibilidades;
por isso, o conjunto desses dois grupos também é conhecido,
genericamente, como passivo exigível.
As contas mais representantes do passivo exigível são:
- fornecedores;
- títulos a pagar;
- salários a Pagar;
- encargos sociais a recolher;

1
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. – Rio de Janeiro:
Ed. Ferreira, 2004. p.263.

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- dividendos a pagar;
- adiantamento de clientes;
- empréstimos bancários;
- variações monetárias passivas e
- provisões para pagamento de tributos, férias, décimo terceiro
salário etc.
Obs.: o rol de contas acima pode figurar duas vezes no Balanço
Patrimonial: uma no Passivo Circulante e outra no Passivo Exigível a
Longo Prazo, conforme a data prevista de exigibilidade do respectivo
valor.

3.1 Fornecedores
A conta Fornecedores, também denominada “Duplicatas a pagar” (numa
referência ao título mais comumente utilizado para a operação de
compra a prazo), ou ainda (genericamente) “Contas a pagar”, é uma
conta de natureza credora que tem por função registrar os valores das
compras a prazo de mercadorias, matérias-primas e outros materiais ou
serviços que, via de regra, constam das notas fiscais de entrada ou das
faturas.
Essa conta receberá lançamentos a crédito pelas compras a prazo e a
débito pelos pagamentos, descontos, abatimentos ou devolução de
compras, ou eventualmente por renegociação ou perdão de dívidas,
conforme apresentado na tabela a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Fornecedores
Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento de compras a prazo 1
(no valor da respectiva Nota Fiscal ou Fatura)
2 no momento do pagamento
3 no caso de desconto, abatimento ou devolução
4 no caso de renegociação ou perdão
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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3.2 Títulos a pagar
Registram-se nesta conta as obrigações contraídas pela empresa a título
de empréstimo ou financiamento, através de pessoas físicas ou jurídicas
que não sejam instituições financeiras. Essa conta também pode ser
utilizada para registrar o valor de obrigação contraída pela empresa
para com terceiros que não seja por compra a prazo –
exemplificativamente, em decorrência de uma renegociação de dívida
referente a compras a prazo.
Será creditada pelo recebimento do empréstimo ou financiamento ou,
ainda, no momento da renegociação de dívida existente, e debitada
pelos pagamentos ou excepcionalmente pelo perdão da dívida, conforme
tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Títulos a pagar
Débitos Créditos
de natureza credora si
no recebimento do empréstimo ou financiamento 1
no momento da renegociação da dívida com o fornecedor 2
(com débito na conta fornecedores)
3 no momento do pagamento
4 no caso de perdão da dívida
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.3 Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar


Por dividendos entende-se a parte do lucro que cabe a cada ação
(componente do capital social). Do ponto de vista etimológico, a
palavra dividendos é bastante elucidativa, pois consiste no resultado da
“divisão” do lucro pelo número de ações.
Assim, para que haja dividendos a pagar (ou propostos a pagar) é
necessário que: (1) tenha sido auferido (anteriormente) lucro e que (2)
aqueles que têm competência para decidir o que fazer com o lucro
auferido tenham proposto ou decidido sua distribuição aos acionistas.
Ora, já foi visto neste curso2 que:

2
Especificamente na aula em que tratamos dos lançamentos de encerramento do
exercício.

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a) ao final de cada exercício, é apurado o lucro (com a
utilização de uma conta intermediária “Apuração do
Resultado do Exercício”);
b) o valor apurado é transferido, desta conta intermediária,
para o Patrimônio Líquido; e
c) a conta que registra a entrada do lucro apurado, no
patrimônio líquido, é a conta Lucros e Prejuízos
Acumulados (LPA)3.
O valor do lucro apurado, que ingressa no Patrimônio Líquido através de
seu registro na conta LPA tem três possíveis destinos: (1) ficar
“guardado”, no patrimônio, para eventual utilização futura, registrado
como reserva de lucro; (2) ser distribuído aos acionistas, como
dividendos a pagar; ou (3) ser reinvestido pelos acionistas na formação
do patrimônio da empresa, como aumento de capital.
O caso ora estudado é o segundo, acima: a distribuição do lucro aos
acionistas na forma de dividendos. Assim, a contrapartida da obrigação
“Dividendos propostos a pagar” será a conta LPA, conforme exemplo a
seguir (no qual é proposta a distribuição de R$ 1.000,00 a título de
dividendos):
D= LPA
1- C=a Dividendos propostos a pagar 1.000,00

O valor registrado na conta Dividendos propostos a pagar deve ser


aquele constante da proposta de pagamento de dividendos apresentada
pelo Conselho de Administração (ou pela Diretoria) à assembléia geral
de acionistas.
A assembléia geral de acionistas, como o órgão máximo deliberativo de
uma Sociedade Anônima, decidirá aceitar ou não a proposta dos órgãos
de administração (o que ordinariamente ocorre). Nesse caso, a conta
Dividendos propostos a pagar deve ser debitada, com o correspondente
crédito na conta Dividendos a pagar, conforme exemplo a seguir:
D= Dividendos propostos a pagar
2- C=a Dividendos a pagar 1.000,00

Finalmente, a conta dividendos a pagar deverá ser debitada quando do


pagamento, conforme lançamento exemplificativo a seguir:
D= Dividendos a pagar
3- C=a Caixa 1.000,00

3
A Conta LPA funciona – metaforicamente – como o “Portal de entrada” do resultado
no patrimônio, conforme visto na aula em que tratamos do encerramento do exercício.

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A partir dos conceitos acima, é possível apresentar esquematicamente o
funcionamento das contas “Dividendos propostos a pagar” e “Dividendos
a pagar”, conforme tabelas a seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Dividendos propostos a pagar


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento da proposta de dividendos pela administração 1
(com contrapartida na conta LPA)
2 no momento da aprovação pela assembléia
(com contrapartida na conta Dividendos a pagar)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Dividendos a pagar
Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento da aprovação pela assembléia 1
(com contrapartida na conta Dividendos propostos a pagar) 2
3 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.4 Debêntures a pagar

3.4.1 Conceito de debêntures


Debêntures são títulos de crédito, privativos de sociedade anônima, que
conferem a seus titulares um direito de crédito contra a companhia
emitente, podendo assegurar aos credores, também, variações
monetárias/cambiais, juros, participação no lucro e, ainda, possibilidade
de conversão em ação. As debêntures são emitidas pela sociedade
Anônima como forma de obtenção de empréstimo direto perante o
público (ao contrário dos empréstimos normais, geralmente contratados
com instituições financeiras e que apresentam taxas de juros mais
altas).

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O debenturista não é sócio, mas credor da empresa. Portanto as
debêntures representam dívidas da empresa para com terceiros, divida
essa que pode adicionalmente vir a conferir a seu titular direito de
participação nos resultados e juros calculados sobre o valor de face dos
títulos e ainda a possibilidade de conversão em ações.
As debêntures são títulos negociáveis normalmente de longo prazo, em
que a companhia outorga aos credores garantias (propriedades, bens,
aval do emitente, etc.). Em que pese o fato de que as debêntures, ao
contrário das ações, não são títulos de participação, mas sim de crédito,
trata-se de crédito que pode ter muito longo prazo, inclusive prazo
incerto, conforme se depreende da leitura do art. 55 § 3o da Lei das
S/A:
§ 3º A companhia poderá emitir debêntures cujo
vencimento somente ocorra nos casos de inadimplemento
da obrigação de pagar juros e dissolução da companhia, ou
de outras condições previstas no título.
Repare que, no caso acima, a companhia pode emitir debêntures que
não tenha data certa de vencimento. Essa situação enseja o
reconhecimento do passivo exigível, posto que seu pagamento não está
pendente de condição (evento futuro e incerto) mas sim de termo
incerto (evento futuro e certo, porém não determinado no tempo).
A deliberação sobre a emissão de debêntures é de competência privativa
da Assembléia de acionistas, não podendo o valor total das emissões
ultrapassar o capital social da companhia, salvo exceção em lei.
Para colocação das debêntures no mercado é necessária a realização de
alguns gastos (contratação de instituição para coordenar o processo de
divulgação e captação de recursos). Esses gastos devem ser registrados
contabilmente como despesas antecipadas, que deverão ser apropriadas
ao resultado proporcionalmente ao prazo de vencimento das
debêntures.
Como remuneração, as debêntures – geralmente – concedem (1) juros
(fixos ou variáveis), pagos periodicamente, (2) atualização monetária e
– eventualmente – participação nos resultados. Cabe referir que a
atualização monetária é, via de regra, agregada ao valor da obrigação
inicial, para pagamento na data do resgate; ao contrário, os juros e as
participações no resultado são pagos periodicamente. Assim, no plano
de contas, além da conta Debêntures a pagar, deve figurar, também, as
contas “Juros sobre debêntures a pagar” e “Participações sobre
debêntures a pagar”.
De uma forma didática, metafórica e bem humorada, podemos
apresentar as debêntures como sendo “Promissórias metidas a besta”.
Equivalem a promissórias porque representam dívidas contraídas pela

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empresa por recebimento de valores de terceiros; e são metidas a besta
porque apresentam características especiais (que as diferenciam das
promissórias):
- são emitidas apenas por sociedades anônimas (enquanto notas
promissórias podem ser emitidas por qualquer pessoa);
- podem dar direito a juros, variações monetárias e participação
no resultado da Sociedade Anônima (remuneração não prevista
para notas promissórias);
- podem, desde seu lançamento, prever sua conversão em ações
(o que não é característico de notas promissórias).

3.4.2 Exemplo de contabilização


A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima
descritos.
a) Na emissão da série de debêntures:
D= Bancos (ou caixa)
1- C=a Debêntures a pagar (PC/PELP) x

b) Na atualização monetária do valor da dívida:


D= Variações monetárias passivas
2- C=a Debêntures a pagar y

c) Na apropriação dos juros:


D= Despesas com juros (financeiras)
3- C=a Juros sobre debêntures a pagar z

d) Na destinação dos lucros para debenturistas:


D= Despesa com participação de debenturistas
4- C=a Participação de debenturistas a pagar w

e) No resgate da série de debêntures:


D= Debêntures a pagar
5- C=a bancos (ou caixa) x+y

3.4.3 Deságio na emissão de debêntures


Pode ocorrer deságio na emissão de debêntures, quando o título é
negociado por preço inferior ao seu valor nominal (inicialmente fixado
no documento de emissão do título). Nessa situação, haverá um
ingresso de valor em caixa (ou bancos) inferior ao valor da dívida
contraída, com uma correspondente perda. Ocorre que esta perda não
está imediatamente incorrida, pois somente se concretizará
(patrimonialmente) à medida que transcorrer o período de maturação
do título (entre sua colocação e seu resgate).

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Para registro da perda decorrente da emissão do título com deságio,
com vencimento ainda a transcorrer, deve ser registrada uma conta
patrimonial (com natureza de ativo) que apresente o valor total
correspondente a essa perda e que seja amortizada – como despesa –
proporcionalmente ao prazo transcorrido, ou seja, pro rata tempore.
Afirmamos que esta conta tem uma natureza de ativo porque –
metaforicamente – representa o direito (da empresa) de manter o valor
do ingresso em caixa/bancos, recebido quando do lançamento do título,
pelo tempo compreendido entre seu lançamento e o respectivo
vencimento, quando então a dívida deverá ser finalmente paga.
Visto que o deságio na emissão de debêntures corresponde a um
“direito”, temos que seu valor deve ser registrado em uma conta de
Ativo Circulante (ou Ativo Realizável e Longo Prazo). Autores,
entretanto, preferem classificar esta conta como retificadora do
Passivo4, o que não altera em nada seu funcionamento, mas apenas o
local de sua classificação (do outro lado, mas com o sinal contrário –
negativo).
A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima
descritos, considerando a uma série de debêntures com valor nominal
de R$ 10.000,00, colocada no mercado pelo valor de R$ 9.000,00 e
considerando o prazo de 10 anos para seu resgate.
a) Na emissão da série de debêntures:
D= Diversos
1- C=a Debêntures a pagar (PC/PELP) 10.000,00
D= Caixa (ou Bancos) 9.000,00
D= Deságio na emissão de debêntures 1.000,00

b) na amortização pro rata tempore do deságio (ao final do


primeiro ano):
D = Despesa de amortização de deságio na emissão de debêntures
2- C = a Deságio na emissão de debêntures 100,00

3.4.4 Prêmio da emissão de debêntures – uma abordagem inicial


Pode ocorrer, também, ágio na emissão de debêntures (situação
tecnicamente denominada “Prêmio na emissão de debêntures”, quando
é recebido pela empresa um valor além do valor nominal das debêntures
(recebe-se um valor acima do valor da dívida contraída). Isso ocorre,
normalmente, quando as vantagens oferecidas pela empresa aos

4
De uma forma bem humorada e em oposição ao conceito de conta retificadora do
ativo (que denominados de contas do tipo “Travesti”), podemos entender essas contas
retificadoras do passivo como sendo contas do tipo “Sapatão”: com natureza de ativo
e funcionamento de ativo, mas que ficam registradas no passivo (com o saldo invertido
– negativo).

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debenturistas são atrativas, como, por exemplo: juros, participação nos
resultados da empresa, opção de conversão das debêntures em ações,
etc. O recebimento de um valor superior ao da dívida contraída
aumenta o valor do patrimônio e, conseqüentemente, se encaixa no
conceito de receita. Ocorre que, nesse caso, a Lei das S/A determina
que esse valor seja registrado diretamente no Patrimônio líquido (em
Reservas de Capital)5.
A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima
descritos, considerando a uma série de debêntures com valor nominal
de R$ 10.000,00, colocada no mercado pelo valor de R$ 11.000,00:
D= Caixa (ou Bancos) 11.000,00
1- C=a Diversos
C=a Debêntures a pagar (PC/PELP) 10.000,00
C=a Prêmio na emissão de debêntures (PL) 1.000,00

Cumpre referir que há autores como, por exemplo, os autores do


Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, que entendem que
esse valor deveria ser inicialmente registrado como Resultado de
Exercícios Futuros6 e apropriado às receitas (ou à reserva de capital)
proporcionalmente pro rata tempore.

3.4.5 Conversão de debêntures em ações


Foi colocado acima que uma das características especiais das
debêntures é a possibilidade de sua conversão em ações. Esse é um
dos atrativos das debêntures para o público. Nesse caso, a escritura de
emissão de debêntures deve especificar as bases da conversão, o prazo
ou a época em que o debenturista poderá exercer esse direito.
De posse do título, o debenturista adquire, então, a opção de receber,
no vencimento da debênture, alternativamente: (1) o valor do título em
dinheiro ou (2) ações da companhia, no valor do título. Pela relevância
patrimonial da possibilidade de conversão de debêntures em ações,
recomenda-se que, no plano de contas da companhia, haja duas
diferentes contas discriminando as debêntures não conversíveis em
ações das debêntures conversíveis em ações.
Exemplificativamente, o lançamento de conversão de debêntures em
ações, no valor de R$ 1.000,00 encontra-se a seguir:
D= Debêntures a pagar
1- C=a capital social 1.000,00

5
Tópico a ser exaustivamente estudado adiante neste curso.
6
Tópico também a ser exaustivamente estudado adiante neste curso.

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3.4.6 Funcionamento esquemático das contas relacionadas às
debêntures
Nas tabelas a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos
acima apresentados, o funcionamento das contas relativas a
debêntures.

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Debêntures a pagar
Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento da emissão das debêntures 1
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
no momento da atualização monetária das debêntures 2
(com contrapartida em conta de resultado)
3 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Juros sobre debêntures a pagar


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento em que os juros são incorridos 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Participação de debenturistas a pagar


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento em que as participações são apuradas 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Deságio na emissão de debêntures


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 no momento da emissão das debêntures com deságio
(com contrapartida na conta debêntures a pagar)
na amortização do deságio 2
(com contrapartida em conta de resultado)
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Obs.: a conta “Prêmio na emissão de debêntures” terá seu


funcionamento pormenorizadamente apresentado adiante neste curso,
quando forem estudadas as contas de Patrimônio Líquido e – em
especial – as reservas de capital.

3.5 Salários a Pagar e encargos sociais a recolher


Os salários, assim como os encargos sociais incorridos em um mês e
pagos em outro, devem ser registrados, conforme determina o princípio
da competência dos exercícios, como despesa – baseando-se na folha
de pagamento do mês. Esse registro deve incluir todos os proventos e
descontos que compõem o relatório mensal da folha, registrando-se a
crédito as obrigações e a débito os pagamentos e descontos incidentes
sobre a folha.
Esse assunto foi exemplificativamente tratado neste curso,
especificamente no estudo dos fatos contábeis (1) “Apropriação da folha

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de pagamentos”; (2) “Pagamento dos salários”; e (3) “Recolhimento dos
tributos incidentes sobre a folha” – cuja leitura é fortemente
recomendada neste momento.
Resumidamente, apresentamos as contas de passivo exigível
relacionadas com a folha de pagamento:
- Salários a pagar – valor a ser entregue ao empregado, por ter
trabalhado na empresa durante um período;
- Cota patronal a recolher – valor a ser recolhido aos cofres do
INSS pela empresa, suportado patrimonialmente por ela na
condição de empregadora;
- FGTS a recolher – valor a ser recolhido para a Caixa Econômica
Federal, suportado patrimonialmente pela empresa, na condição
de empregadora, a ser depositado em conta do empregado
(para saque em situações especiais definidas em lei);
- Provisão para férias e Provisão para 13o salário – valores
suportados patrimonialmente pela empresa, relativos a futuros
pagamentos (de adicional de férias e 13o Salário), a serem
realizados no momento em que o empregado gozar desses
direitos garantidos, pela legislação (itens a serem estudados em
separado, adiante);
- Imposto de Renda na Fonte a recolher – valor inicialmente
contido na conta salários a pagar e dela retirado (por ser
patrimonialmente suportado pelo empregado) representando a
obrigação, da empresa, de recolher parte do valor do salário do
empregado, diretamente ao Tesouro Nacional – na forma de
Imposto de Renda Retido na Fonte – na qualidade de fonte
pagadora dos rendimentos do empregado;
- INSS do empregado a recolher – valor inicialmente contido na
conta salários a pagar e dela retirado (por ser patrimonialmente
suportado pelo empregado) representando a obrigação, da
empresa, de recolher parte do valor do salário do empregado,
diretamente ao INSS – na forma de Contribuição Previdendiária
retida pela empregadora;
Com exceção das contas de provisão para férias e provisão para 13o
salário, que serão detalhadamente estudadas a seguir, apresentamos –
nas tabelas abaixo – o funcionamento esquemático das contas acima
relacionadas.

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Salários a pagar
Débitos Créditos
de natureza credora si
ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 na retenção do Imposto de Renda na fonte
(com contrapartida na conta IRF a recolher)
3 na retenção da Contribuição INSS - empregado
(contrapartida na conta INSS - empregado - a recolher)
4 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Cota Patronal a Recolher


Débitos Créditos
de natureza credora si
ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no momento do recolhimento ao INSS
(com contrapartida na conta Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

FGTS a Recolher
Débitos Créditos
de natureza credora si
ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no momento do depósito
(com contrapartida na conta Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

IRRF a Recolher
Débitos Créditos
de natureza credora si
ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1
(com contrapartida na conta Salários a Pagar)
2 no momento do recolhimento
(com contrapartida na conta Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

INSS - empregado - a recolher


Débitos Créditos
de natureza credora si
ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1
(com contrapartida na conta Salários a Pagar)
2 no momento do recolhimento
(com contrapartida na conta Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.6 Adiantamento de clientes


A conta Adiantamento de clientes, de natureza credora, tem como
finalidade registrar todos os adiantamentos recebidos de clientes, para
posterior entrega do bem ou serviço conforme determinar o contrato
entre as partes. Sua natureza de passivo decorre da idéia de que a
empresa – por ter recebido dinheiro – tem a obrigação de entregar bens
ou devolver o adiantamento recebido.
Nesta conta, os lançamentos a crédito ocorrerão pelos adiantamentos
recebidos e a débito quanto da emissão da duplicata quitada ao cliente
ou pela devolução do valor recebido.
É o caso, por exemplo, de passivo oriundo da venda de produto X,
contratada em 30/04/2006, para entrega em 30 dias, mas cujo preço foi
integralmente recebido no ato da assinatura do contrato. Nessa
situação, a contabilização deverá ser realizada conforme a seguir:

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a) Pelo recebimento do adiantamento:
D= Caixa (ou Bancos)
1- C=a Adiantamento de clientes 200.000,00

b) Pela apropriação a resultado da receita de vendas


D= Adiantamento de clientes
2- C=a Receita Bruta de vendas 200.000,00

A partir dos conceitos acima, podemos apresentar o funcionamento


esquemático da conta Adiantamento de clientes, conforme tabela a
seguir:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Adiantamento de clientes
Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento do recebimento do adiantamento 1
(com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos)
2 no momento da entrega do bem vendido
(com contrapartida na conta Receita Bruta de Vendas)
3 na devolução do adiantamento recebido
(com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.7 Adiantamentos recebidos para aumento de capital


A conta Adiantamentos para futuro aumento de capital (conhecida
também pela sigla AFAC), representa os valores aportados na pessoa
jurídica pelo sócio (ou futuro sócio) que, em seguida – após
cumprimento de formalidades – será utilizado para integralizar aumento
de capital.
Esta conta é creditada pelo valor do adiantamento recebido em
contrapartida de uma conta que represente disponibilidades, e debitada
no valor do aumento de capital (em contrapartida de conta de
patrimônio líquido – Capital social).
A partir dos conceitos acima, podemos apresentar o funcionamento
esquemático da conta Adiantamento para futuro aumento de capital,
conforme tabela a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Adiantamento para futuro aumento de capital


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento do recebimento do adiantamento 1
(com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos)
2 no momento do aumento de capital
(com contrapartida na conta Capital Social)
3 na eventual devolução do adiantamento
(com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.8 Empréstimos e financiamentos bancários – a pagar


Estas contas registram as obrigações da empresa com as instituições
financeiras, que podem estar financiando tanto o ativo imobilizado,
como o capital de giro para a contratante. Os empréstimos e
financiamentos têm natureza credora, recebendo os lançamentos a
crédito pela liberação do financiamento ou empréstimo e a débito pelos
pagamentos ou amortizações.
Os empréstimos ou financiamentos podem estar classificados tanto no
Circulante como no exigível a longo prazo, dependendo do prazo de sua
liquidação.

3.8.1 Empréstimos x Financiamentos


Apesar de tanto os empréstimos quanto os financiamentos
representarem – patrimonialmente – obrigações da empresa, são
conceitos que não se confundem, pois as respectivas obrigações têm
origens diversas, a saber: (1) empréstimos são obrigações que nascem
do recebimento de numerário – a ser utilizado pela empresa no que ela
bem entender; (2) financiamentos são obrigações que nascem da
aquisição (a prazo) de bens.

3.8.2 Débitos de funcionamento x de financiamento


Apenas para classificação, cabe a diferenciação de débitos (no sentido
vulgar da palavra – dívida) de funcionamento e de financiamento. Os
primeiros são aqueles decorrentes de operações normais, tendo por
motivo a aquisição a prazo de mercadorias, os tributos e salários a
pagar. Os débitos de financiamento, ao contrário, representam

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obrigações que decorrem de situações não normais da empresa, como,
empréstimos bancários, desconto de títulos, etc.

3.8.3 Juros
Os juros, conforme já foi visto neste curso, consistem no valor do
dinheiro no tempo. Portanto, quando a empresa contrai uma obrigação
– financiamento ou empréstimo – a cada período, ela passará a ser
devedora de um valor (além do valor do empréstimo/financiamento
inicialmente contraído – principal) a título de juros.
Se os juros tiverem que ser pagos antes da data do vencimento do
empréstimo (ou no caso de juros simples) recomenda-se, para facilidade
de cálculos e apresentação de valores, a utilização de uma conta
separada “Juros a pagar”.
Seja um empréstimo no valor de R$ 10.000,00, contraído pela empresa
em 01/01/2006, com juros simples de 10% ao mês, sendo que o
principal somente deverá ser pago ao final do ano, mas os juros devem
ser quitados a cada seis meses. Nessa situação, os lançamentos seriam
os seguintes:
a) Na contratação do empréstimo:
D= Bancos (ou caixa)
1- C=a Empréstimos a pagar 10.000,00

b) Na apropriação dos juros a pagar (ao final de cada mês):


D= Despesa com juros
2- C=a Juros a pagar 1.000,00

c) No pagamento dos juros (ao final de cada período de seis


meses):
D= Juros a pagar
3- C=a Bancos 6.000,00

d) No pagamento do principal (ao final do ano):


D= Empréstimos a pagar
4- C=a Bancos 10.000,00

No caso de juros compostos, onde a base de cálculo sobre a qual


incidirão os juros do próximo período já inclui os juros dos períodos
anteriores, é aconselhável a utilização de uma única conta “Empréstimos
a pagar” para registro do valor devido (tanto a título de principal,
quanto a título de juros).

3.8.4 Juros antecipados (ou Juros passivos a transcorrer)


Pode ocorrer que, no caso de um empréstimo ou financiamento, o valor
da dívida contraída (desde sua contratação) ser maior do que o valor do

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dinheiro ou do bem recebido. Trata-se de juros antecipados (ou juros
cobrados antecipadamente).
Nesse caso, haverá um ingresso de valor em bancos (ou em outro ativo
–financiado) inferior ao valor da obrigação contraída, com uma
correspondente perda. Ocorre que esta perda não está imediatamente
incorrida, pois somente se concretizará (patrimonialmente) à medida
que transcorrer o período referente ao empréstimo.
Nessa situação, deve ser registrada uma conta patrimonial (com
natureza de ativo), denominada “Juros antecipados”7, que apresente o
valor total correspondente a essa perda e que seja amortizada – como
despesa com juros – proporcionalmente ao prazo transcorrido, ou seja,
pro rata tempore. Afirmamos que esta conta tem uma natureza de
ativo porque – metaforicamente – representa o direito (da empresa) de
manter o valor do ingresso em caixa/bancos, recebido quando da
contratação do empréstimo, pelo tempo compreendido entre essa
contratação e o respectivo pagamento, quando então a dívida deverá
ser finalmente paga.
Visto que os juros antecipados correspondem a um “direito”, temos que
seu valor deve ser registrado em uma conta de Ativo Circulante (ou
Ativo Realizável e Longo Prazo). Autores, entretanto, preferem
classificar esta conta como retificadora do Passivo8, o que não altera em
nada seu funcionamento, mas apenas o local de sua classificação (do
outro lado, mas com o sinal contrário – negativo).
A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima
descritos, considerando a um empréstimo contraído no valor de R$
10.000,00, com recebimento de apenas R$ 9.000,00 e considerando o
prazo de 10 anos para seu pagamento.
a) Na contratação do empréstimo:
D= Diversos
1- C=a Empréstimos a pagar 10.000,00
D= Caixa (ou Bancos) 9.000,00
D= Juros passivos a transcorrer 1.000,00

b) Na apropriação pro rata tempore dos juros (ao final do primeiro ano):

7
Também denominada “Juros passivos a transcorrer”.

8
De uma forma bem humorada e em oposição ao conceito de conta retificadora do
ativo (que denominados de contas do tipo “Travesti”), podemos entender essas contas
retificadoras do passivo como sendo contas do tipo “Sapatão”: com natureza de ativo
e funcionamento de ativo, mas que ficam registradas no passivo (com o saldo invertido
– negativo).

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D = Despesa com juros
2- C = a Juros passivos a transcorrer 100,00

É na operação de desconto de títulos que a cobrança antecipada de


juros é, via de regra, utilizada. Ao contrário, na operação de
empréstimos em geral, normalmente os juros são exigidos após o
transcurso do prazo a eles relativos. Entretanto, cabe colocar que o
momento da exigência dos juros é decorrente da contratação –
encontra-se no âmbito da liberdade negocial.

3.8.5 Variações monetárias passivas


Além do aumento do valor dos empréstimos por juros, visto acima, os
empréstimos podem também sofrer aumentos por conta de variações de
indexador ou taxa de câmbio. Estes aumentos correspondem a créditos
na conta empréstimos tendo como contrapartida débitos em conta de
resultado denominada variação monetária passiva.
Os empréstimos em moeda estrangeira devem ser atualizados
obrigatoriamente na data do balanço de encerramento, em
conformidade com a cotação cambial da moeda tomada como base de
referência para os empréstimos (neste caso, a variação correspondente
recebe a designação específica de variação cambial passiva).
Exemplo:
Empréstimo contraído em 02/01/2004 no valor de R$ 10.000,00,
correspondente a X$ 10.000,00 unidades monetárias de uma moeda
estrangeira cotada a $1,009 cada. O vencimento do empréstimo
ocorrerá em 31/12/2005 (2 anos após). Vejamos a contabilização da
variação cambial relativa ao empréstimo em moeda estrangeira nas
datas 31/12/2004 e 31/12/2005, a saber:
Data cotação da moeda Quantidade valor variação cambial passiva
02/01/2004 R$ 1,00 10.000,00 10.000,00 -
31/12/2004 R$ 1,20 10.000,00 12.000,00 2.000,00
31/12/2005 R$ 2,00 10.000,00 20.000,00 8.000,00

Lançamentos de atualização da conta “Empréstimos em moeda


estrangeira”, por variação na taxa de câmbio:
a) Em 31/12/97
D = Variação Cambial passiva
1- C = a Empréstimos em moeda estrangeira 2.000,00

b) Em 31/12/98

9
Taxas de câmbio fictícias, utilizadas aqui apenas para fins didáticos.

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D = Variação Cambial passiva
2- C = a Empréstimos em moeda estrangeira 8.000,00

3.8.6 Funcionamento esquemático das contas relacionadas a


empréstimos e financiamentos
Nas tabelas a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos
acima tratados, o funcionamento das contas relativas a empréstimos e
financiamentos.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Empréstimos e financiamentos a pagar


Débitos Créditos
de natureza credora si
no momento da contratação do empréstimo/financiamento 1
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
na atualização monetária ou apropriação dos juros 2
(com contrapartida em conta de resultado)
3 no momento do pagamento
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Juros a pagar
Débitos Créditos
de natureza credora si
Na apropriação dos juros 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no momento do pagamento dos juros
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Juros passivos a transcorrer


Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 na contratação do empréstimo
na apropriação dos juros 2
(com contrapartida em conta de resultado)
sf de natureza devedora
(espera-se igual a zero)

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.9 Provisões
As provisões propriamente ditas são valores que afetam negativamente
a situação líquida. As provisões são constituídas em obediência aos
princípios contábeis da prudência de da competência.
Sobre o conceito de provisão, didaticamente propomos o entendimento
desse conceito como uma perda na penumbra10. Isso porque uma
perda ocorrida na penumbra é uma perda que ocorreu (ninguém pode
imaginar que, apenas pelo fato de que, na penumbra, não se pode
identificar com certeza o tamanho da perda, ela não tenha ocorrido),
mas que somente quando for acesa a luz, será possível saber
exatamente o tamanho da perda.
Foram apresentados exemplos de provisões registradas em contas
retificadoras do ativo (registrando perdas específicas nos elementos do
ativo – retificados). Ocorre que há perdas que alcançam todo o
patrimônio e não apenas um determinado bem; essas perdas devem ser
registradas em conta de passivo (por consistirem em um ônus que todo
o patrimônio tem a obrigação de suportar). São exemplos dessas
provisões as “Provisões para riscos fiscais” e “Provisões para riscos
trabalhistas”.

10
Conforme visto na aula 06 deste curso, cuja leitura é recomendada.

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3.9.1 Provisão para riscos fiscais, riscos trabalhistas ou relativos ao
direito do consumidor
Essas provisões, denominadas genericamente provisões para
contingências11, são classificadas no passivo circulante (ou no passivo
exigível a longo prazo) e referem-se a perdas relativas a eventos já
ocorridos, cujos efeitos envolvem relativa incerteza.
Por exemplo, seja uma ação judicial movida por trabalhadores – contra
a empresa – reivindicando o pagamento de um determinado adicional
por atividades desenvolvidas no ano anterior. Ora, nesse caso, a perda
é relativa a um evento que já ocorreu, mas não se sabe, com certeza, o
exato valor a ser pago. Assim, cabe (por prudência) registrar essa
perda no valor mais realista possível.
Na tabela a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos
acima tratados, o funcionamento da conta Provisões para contingências.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisões para contingências (fiscais/trabalhistas/de consumo/etc.)


Débitos Créditos
de natureza credora si
na constituição da provisão (quando se percebe a perda) 1
(com contrapartida em conta de resultado - despesa)
2 na realização da provisão
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
3 na reversão da provisão
(com contrapartida em conta de resultado - receita)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.9.2 Provisão para férias


Conforme determina o princípio da competência, as férias transcorridas
e não gozadas devem ser registradas contabilmente.
É usual que se faça esta provisão através de aplicação de um percentual
sobre a folha de pagamento mensal, sendo que, pelo menos na data do
balanço, essa provisão deverá ser obrigatoriamente constituída. Neste
caso, portanto, a provisão será constituída tendo como base o período

11
Não confundir essas provisões com as “Reservas de contingências”, assunto a ser
estudado adiante (no item que trata do Patrimônio Líquido), quando analisaremos as
diferenças e peculiaridades destes dois conceitos.

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aquisitivo de férias já transcorrido na data do balanço. Quando do
pagamento das férias debitar-se-á a conta de provisão em contrapartida
de uma conta representativa de disponibilidades.
Na tabela a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos
acima tratados, o funcionamento da conta Provisões para férias.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para férias


Débitos Créditos
de natureza credora si
na constituição da provisão 1
(com contrapartida em conta de resultado - despesa)
2 na realização da provisão
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.9.3 Provisão para 13o salário


Essa provisão (melhor seria denominá-la previsão) baseia-se no mesmo
princípio da provisão para férias, entretanto, se a empresa segue
rigorosamente os prazos legais para pagamento das obrigações, em
31/12, esta conta não terá saldo, pois o 13o (via de regra) deve ser
pago dentro do próprio ano.
Na tabela a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos
acima tratados, o funcionamento da conta Provisões para o 13o salário.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para 13o salário


Débitos Créditos
de natureza credora si
na constituição da provisão 1
(com contrapartida em conta de resultado - despesa)
2 na realização da provisão
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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3.9.4 Provisão para o Imposto de Renda e a Contribuição Social

3.9.4.1 Conceitos iniciais


O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza é um imposto
da competência privativa da União, previsto no art. 153 da Constituição
da República Federativa do Brasil, de 1988, conforme a seguir
reproduzido:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
...
III - renda e proventos de qualquer natureza;
Com relação a esse imposto, o Código Tributário Nacional (Lei 5.172, de
1966) define o conceito de renda (produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos) e a base de cálculo do tributo (montante real,
presumido ou arbitrado da renda), coforme a seguir:
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a
renda e proventos de qualquer natureza tem como fato
gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou
jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital,
do trabalho ou da combinação de ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim
entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos
no inciso anterior.

Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real,
arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos
tributáveis.
No que diz respeito às empresas, o Imposto Sobre a Renda é
denominado Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ, conforme
disposto no Decreto 3.000, de 1999, art. 146, a seguir transcrito:
Livro II - TRIBUTAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS
Título I - CONTRIBUINTES E RESPONSÁVEIS
Subtítulo I - Contribuintes
Art. 146. São contribuintes do imposto e terão seus lucros
apurados de acordo com este Decreto (Decreto-Lei nº
5.844, de 1943, artigo 27):
I - as pessoas jurídicas (Capítulo I);
II - as empresas individuais (Capítulo II).

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Pois bem, vistos esses conceitos iniciais, aprofundaremos o estudo
desses conceitos, com vistas ao entendimento da contabilização relativa
ao imposto12.
A base de cálculo do IRPJ é o lucro presumido, arbitrado ou real.

3.9.4.2 Lucro Presumido


O Lucro Presumido, conforme definido no Regulamento do Imposto de
Renda (Decreto 3.000, de 1999), em seus arts. 516 a 528, consiste em
uma forma de tributação simplificada. Pela sistemática do Lucro
Presumido, a determinação da base de cálculo do Imposto de Renda é
efetuada considerando como lucro um percentual das vendas. Dispensa
o controle das despesas, para fins de cálculo do imposto devido.
Entretanto, somente podem optar por essa sistemática contribuintes
com receita total igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (no ano anterior)
e que não desenvolvam determinadas atividades (como, por exemplo,
aquelas típicas de instituições financeiras).
A base de cálculo do imposto, por essa sistemática, é a soma das
seguintes parcelas: (1) receita bruta13, multiplicada por um coeficiente14
e (2) demais receitas e ganhos de capital.
Os contribuintes optantes pela sistemática do Lucro Presumido poderão
utilizar – para fins de apuração da base de cálculo do tributo –
alternativamente o regime de caixa, ou o regime de competência15.

12
Cumpre referir que este curso não se destina ao estudo aprofundado da legislação
do Imposto de Renda (ou de qualquer outro tributo), mas somente a seus aspectos
relevantes para a Contabilidade. Para o estudo aprofundado dessa legislação,
recomendamos a leitura de obras específicas como, por exemplo os livros sobre o IRPJ
dos seguintes autores: (1) Gervásio Nicolau Recktenvald, (2) Silvério das Neves e
Paulo E. Viceconti, ou (3) Hiromi Higushi.
13
Venda de bens nas operações de conta própria, preço dos serviços prestados e
resultado auferido nas operações de conta alheia; excluídos os valores relativos a
vendas canceladas, devoluções de vendas, descontos incondicionais concedidos e o IPI
(quando ele tiver sido considerado inserido no valor da venda dos bens).
14
O coeficiente de presunção de lucro é decorrente da atividade da empresa, entre
outrso: (1) 8% sobre a receita proveniente de vendas, (2) 16% sobre a receita
proveniente de serviços – exceto no caso de prestação de serviços de profissão
regulamentada – (no caso de empresas com receita bruta anual até a R$ 120.000,00)
ou (3) 32% sobre a receita proveniente de serviços (no caso de empresas com receita
bruta anual superior a R$ 120.000,00).
15
Importante! A utilização do regime de caixa é SOMENTE para a apuração do tributo
devido (considerar a receita auferida no momento de seu recebimento). A
contabilidade, de acordo com a Lei da S/A deve obedecer ao regime de competência.

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O período de apuração do IRPJ, para os contribuintes optantes pela
sistemática do Lucro Presumido é trimestral – (de janeiro a março, de
abril a junho, de julho a setembro e de outubro a dezembro). O
imposto deverá ser pago: (1) em cota única até o último dia útil do mês
subseqüente ao encerramento do período de apuração; (2) à opção da
pessoa jurídica, poderá ser pago em até três quotas mensais, iguais e
sucessivas, vencível no último dia útil dos três meses subseqüentes ao
de encerramento do período de apuração, devidamente ajustados.
A alíquota do IRPJ é de 15%, com adicional de 10% sobre a parcela da
base de cálculo que, no trimestre, ultrapassar R$ 60.000,00.
Para efeitos fiscais, o contribuinte optante pela sistemática do Lucro
Presumido, pode alternativamente manter: (1) escrituração contábil nos
termos da legislação comercial ou (2) livro caixa, no qual deverá estar
escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária.
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL – dos contribuintes
optantes pela sistemática do Lucro Presumido (para fins de IRPJ)
apresenta período de apuração e prazo de recolhimento idênticos ao do
IRPJ e base de cálculo similar, diferindo apenas no percentual de
presunção de lucro:
(1) para pessoas jurídicas em geral – 12% da receita
bruta do trimestre e
(2) para pessoas jurídicas que exerçam atividades de (a)
prestação de serviços em geral, exceto a de serviços
hospitalares; (b) intermediação de negócios e (c)
administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e
direitos de qualquer natureza – 32%.
A alíquota da CSLL é de 9%.
A seguir, para fins ilustrativos, apresentamos um exemplo numérico –
referente a um caso hipotético – que trata dos conceitos acima
apresentados.
Seja uma empresa de alimentação (um restaurante) que:
- vendeu no primeiro trimestre de 2006, conforme somatório de
notas fiscais, o valor de R$ 210.000,00;
- possui um depósito, que esteve alugado, durante todo o
trimestre, por R$ 2.000,00 mensais; e
- é optante pela sistemática do Lucro Presumido.
Na tabela a seguir, apresentamos o cálculo dos tributos devidos,
relativos ao período de apuração:

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descrição valores Observações
receita bruta 210.000,00 conforme notas fiscais
coeficiente 8% por se tratar de venda de mercadorias
16.800,00 receita bruta X coeficiente
demais receitas 6.000,00 aluguel de três meses
base de cálculo 22.800,00 receita bruta X coeficiente + demais receitas
alíquota 15%
IRPJ devido 3.420,00 base de cálculo X 15%
adicional - porque a base de cálculo é inferior a 60.000,00

pagamento em cota única 3.420,00 no último dia de abril

ou pagamento em duas parcelas 1.710,00 no último dia de abril


(+) 1.710,00 + 1%, no último dia de maio

ou pagamento em três parcelas 1.140,00 no último dia de abril


(+) 1.140,00 + 1%, no último dia de maio
(+) 1.140,00 + Selic de abril + 1%, no último dia de junho

base de cálculo da CSLL 31.200,00 receita bruta X 12% + demais receitas


alíquota da CSLL 9%
CSLL devida 2.808,00 base de cálculo da CSLL X alíquota

pagamento em cota única 2.808,00 no último dia de abril

ou pagamento em duas parcelas 1.404,00 no último dia de abril


(+) 1.404,00 + 1%, no último dia de maio

3.9.4.3 Lucro Arbitrado


O Lucro Arbitrado, conforme previsto no Regulamento do Imposto de
Renda (Decreto 3.000, de 1999), em seus arts. 529 a 543, consiste,
também (assim como no Lucro Presumido), numa forma de tributação
simplificada. De acordo com a sistemática do Lucro Arbitrado, para a
determinação da base de cálculo do Imposto de Renda, é, também,
dispensado o controle das despesas, com a determinação da base de
cálculo do tributo considerando, como lucro, apenas um percentual da
receita de vendas. Esta sistemática é aplicada a vários casos, podendo
ser escolhida pelo contribuinte quando este não possua a escrituração a
que estiver obrigado, mas conheça sua receita bruta.
A base de cálculo do imposto apurada pela sistemática do Lucro
Arbitrado, quando a Receita é conhecida, é idêntica à base de cálculo
apurada pelo Lucro Presumido, com os percentuais acrescidos de 20%.
Os contribuintes optantes pela sistemática do Lucro Arbitrado deverão
utilizar – para fins de apuração da base de cálculo do tributo –
obrigatoriamente o regime de competência.

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O período de apuração, o prazo de recolhimento, a alíquota e o adicional
do IRPJ, para contribuintes tributados pela sistemática do Lucro
Arbitrado, são idênticos aos do Lucro Presumido.
A CSLL, quando o contribuinte opta pela Apuração do Imposto de Renda
através da sistemática do Lucro Arbitrado, apresenta base de cálculo,
alíquota, período de apuração e prazo de recolhimento idênticos aos
aplicáveis à CSLL quando da apuração do Imposto de Renda pela
sistemática do Lucro Presumido.
A seguir, para fins ilustrativos, apresentamos um exemplo numérico –
referente a um caso hipotético – que trata dos conceitos acima
apresentados.
Seja uma empresa de alimentação (um restaurante) que:
- vendeu no primeiro trimestre de 2006, conforme somatório de
notas fiscais, o valor de R$ 210.000,00;
- possui um depósito, que esteve alugado, durante todo o
trimestre, por R$ 2.000,00 mensais; e
- tributa o IRPJ pela sistemática do Lucro Arbitrado – com a
receita conhecida.
Na tabela a seguir, apresentamos o cálculo dos tributos devidos,
relativos ao período de apuração:
descrição valores Observações
receita bruta 210.000,00 conforme notas fiscais
coeficiente: 8% X 1,2 9,60% por se tratar de venda de mercadorias
20.160,00 receita bruta X coeficiente
demais receitas 6.000,00 aluguel
base de cálculo 26.160,00 receita bruta X coeficiente + demais receitas
alíquota 15%
IRPJ devido 3.924,00 base de cálculo X 15%
adicional - porque a base de cálculo é inferior a 60.000,00

pagamento em cota única 3.924,00 no último dia de abril

ou pagamento em duas parcelas 1.962,00 no último dia de abril


(+) 1.962,00 + 1%, no último dia de maio

ou pagamento em três parcelas 1.308,00 no último dia de abril


(+) 1.308,00 + 1%, no último dia de maio
(+) 1.308,00 + Selic de abril + 1%, no último dia de junho

base de cálculo da CSLL 31.200,00 receita bruta X 12% + demais receitas


alíquota da CSLL 9%
CSLL devida 2.808,00 base de cálculo da CSLL X alíquota

pagamento em cota única 2.808,00 no último dia de abril

ou pagamento em duas parcelas 1.404,00 no último dia de abril


(+) 1.404,00 + 1%, no último dia de maio

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3.9.4.4 Lucro Real
O Lucro Real, conforme determinado no Regulamento do Imposto de
Renda (Decreto 3.000, de 1999) em seus arts. 246 a 515, consiste em
sistemática de apuração do Imposto de Renda onde a base de cálculo do
imposto é apurada segundo registros contábeis e fiscais, efetuados
sistematicamente de acordo com as leis comerciais e fiscais. São
obrigados ao Lucro Real os contribuintes que tenham auferido receita
total superior a R$ 48.000.000,00 (no ano anterior) ou que
desenvolvam determinadas atividades (como, por exemplo, aquelas
típicas de instituições financeiras)
A base de cálculo do Imposto de Renda, apurada pela sistemática do
Lucro Real, consiste no lucro contábil, ajustado pelas adições, exclusões
e compensações, de acordo com a lei fiscal. As situações que ensejam
adições e exclusões ao Lucro Líquido (contábil), para apuração do Lucro
Real, são várias e estão determinadas pela Legislação de regência do
tributo.
Somente a título exemplificativo relacionaremos a seguir algumas
situações que ensejam adições: (1) Resultado negativo avaliação
investimento pelo valor patrimônio liquido; (2) Valor reserva
reavaliação, baixado no período de apuração, cuja contrapartida não
tenha sido computada no resultado período; (3) Valor das provisões não
dedutíveis, no Lucro Real; (4) Despesas indedutíveis, definidas no art.
13 da Lei 9.249, de 1995 (não relacionadas com a atividade da
empresa); etc.
Apresentamos também, a seguir, a título exemplificativo, situações que
ensejam exclusões do Lucro Líquido, para apuração do Lucro Real: (1)
Resultado positivo avaliação de investimento pelo valor do patrimônio
liquido; (2) Lucros e dividendos derivados de investimento avaliados
pelo custo aquisição, que tenham sido computados como receita; (3)
Valor das reversões das provisões indedutíveis.
Por fim, a compensações se referem à possibilidade de dedução do valor
apurado a partir do Lucro Líquido, adições e compensações, de valores
relativos a prejuízos fiscais acumulados (referentes a Lucro Real
negativo em períodos de apuração anteriores). A regra geral de
compensação é limitar seu valor a 30% do montante do Lucro Líquido,
ajustado pelas respectivas adições e exclusões.
O estudo das adições, exclusões e compensações – para apuração do
Lucro Real, a partir do Lucro Líquido – escapa ao escopo deste curso,
demandando um curso específico, que tem como pré-requisito,
inclusive, o conhecimento de conceitos de Contabilidade aqui tratados.

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Assim como nas sistemáticas do Lucro Presumido e do Lucro Arbitrado,
a alíquota do IRPJ é de 15% e o adicional, de 10% sobre a parcela do
lucro real que exceder ao resultado da multiplicação de R$ 20.000,00
pelo número dos meses do respectivo período de apuração.
Uma importante peculiaridade da sistemática do Lucro Real, refere-se ao
período de apuração. Na sistemática do Lucro Real, o tributo pode ser
alternativamente apurado: (1) trimestralmente (nos períodos
encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de
dezembro), ou anualmente, com o recolhimento de estimativas mensais.
Assim, o contribuinte pode optar pelo Lucro Real Anual, que será
apurado apenas em 31 de dezembro. Entretanto, no caso de opção pelo
Lucro Real Anual, o contribuinte fica obrigado a efetuar antecipações
mensais do imposto – estimativas – que poderão ser calculadas com
base na receita bruta ou com base em balancetes de suspensão.
Ao final do período (em 31 de dezembro) o contribuinte deverá calcular
o Imposto definitivamente devido e dele deduzir as antecipações
mensais já recolhidas, para então recolher o saldo ou, no caso de
antecipações mensais superiores ao valor definitivamente devido,
manter o crédito – para compensação com valores devidos em períodos
posteriores.
As estimativas, com base na receita bruta, são calculadas mensalmente
através de um procedimento semelhante ao da apuração da base de
cálculo do Imposto de Renda pela sistemática do Lucro Presumido, ou
seja, aplicando-se um coeficiente de presunção de lucro sobre o valor da
receita bruta (e.g.: 8% sobre a receita de venda de mercadorias).
As estimativas, com base em balancete de suspensão ou redução,
correspondem ao cálculo do Lucro Real devido desde o início do ano até
o mês em questão, que compreende: (1) a apuração do lucro contábil
do período, (2) o ajuste fiscal (por adições, exclusões e compensações),
(3) a aplicação da alíquota e do percentual adicional sobre o lucro
contábil ajustado; (4) o desconto dos recolhimentos já efetuados,
anteriormente, no ano e (5) o recolhimento do saldo apurado (se
positivo).
A Contribuição social sobre o Lucro deve acompanhar as opções do
Lucro Real: (1) lucro real trimestral, ou (2) lucro real anual, (2.a) com
antecipações mensais calculadas com base na receita bruta, ou (2.b)
com antecipações mensais calculadas com base em balancetes de
redução. Saliente-se que a alíquota da CSLL é de 9%.
As empresas obrigadas ao Lucro Real, ou optantes por esta sistemática,
deverão manter contabilidade regular.

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A seguir, para fins ilustrativos, apresentamos um exemplo numérico –
referente a um caso hipotético – que trata dos conceitos acima
apresentados.
Seja uma empresa com atividade de venda de mercadorias, optante
pelo Lucro Real Anual, recolhendo estimativas mensais com base na
receita bruta, e que apresente:
- faturamento mensal (vendas de mercadorias) de R$
50.000,00;
- receita de aluguel de um galpão de R$ 5.000,00;
- Lucro contábil (ao final do ano) de R$ 120.000,00;
- Deste lucro, R$ 10.000,00 referem-se a despesas que não
estão relacionadas com a atividade da empresa (de acordo
com a legislação fiscal, estas despesas devem ser
adicionadas ao lucro contábil para apuração do Lucro
Real).
Nas tabelas a seguir, apresentamos o cálculo dos tributos devidos,
relativos ao período de apuração:

Descrição Valores OBS.


Estimativas mensais 50.000,00 faturamento mensal
8% coeficiente
4.000,00
5.000,00 aluguel
9.000,00 base de cálculo
15% alíquota
1.350,00 estimativa mensal
16.200,00 somatório das estimativas recolhidas no ano
Lucro Real anual 120.000,00 lucro contábil
10.000,00 adições
130.000,00 lucro real
15% alíquota
19.500,00 imposto devido no ano
3.300,00 saldo (diferença entre imposto devido e estimativas)

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Descrição Valores OBS.
Estimativas mensais 50.000,00 faturamento mensal
12% coeficiente - CSLL
6.000,00
5.000,00 aluguel
11.000,00 base de cálculo (mensal) da CSLL
9% alíquota - CSLL
990,00 estimativa mensal
11.880,00 somatório das estimativas recolhidas no ano
CSLL anual 120.000,00 lucro contábil
10.000,00 adições
130.000,00 base de cálculo (anual) da CSLL
9% alíquota - CSLL
11.700,00 contribuição devida no ano
(180,00) saldo (diferença entre CSLL devida e estimativas)

3.9.4.5 Imposto de Renda a Pagar x Provisão para


Imposto de Renda
O encargo com o imposto de renda deve ser reconhecido e,
conseqüentemente, contabilizado como despesa, no momento em que a
renda é auferida, ainda que seu pagamento, ou a declaração dessa
renda, somente venha a ocorrer em momento posterior.
A renda auferida em cada mês (lucro ajustado) é um indicador de qual
será a base de cálculo do tributo devido ao final do período de apuração.
Porém, pela possibilidade de modificações no mercado durante o período
de apuração, um grande lucro ou um grande prejuízo em meses
posteriores podem modificar o valor antes registrado a título de Imposto
de Renda a pagar. É, justamente, essa incerteza com relação ao valor
efetivamente devido (acerca de um resultado já auferido) que
caracteriza a provisão.
Assim, durante o período de apuração, o valor previsto de imposto
devido deverá ser registrado a débito de conta de resultado (Encargos
com provisão para o Imposto de Renda16) e a crédito da conta de
passivo (Provisão para Imposto de Renda). Durante o período de
apuração, o imposto a ser provisionado sofrerá pequenas diferenças,
relativamente àquele que será finalmente apurado e declarado, assim,

16
Esta conta, infelizmente, é – muitas vezes – denominada somente de “Provisão para
o Imposto de Renda”. Esta denominação não é proibida, pois não há legislação
determinando a utilização de um ou outro nome para contas, mas é uma denominação
que leva a dúvidas, pois o estudante, ou qualquer interessado na companhia, fica na
dúvida se ela se refere ao encargo (conta de resultado) ou ao passivo (conta
patrimonial). Este procedimento – de utilizar o mesmo nome para referenciar duas
diferentes contas contábeis – é tão danoso que foi o responsável por anulação de
questões de concurso, conforme veremos a seguir.

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essas diferenças deverão ser ajustadas contra resultados (Encargos com
provisão para o Imposto de Renda – ou Reversão de encargos com
provisão para o Imposto de Renda). Ao final do período, o valor
definitivo deve ser registrado a crédito da conta Imposto de Renda a
pagar (a débito da conta Provisão para Imposto de Renda).
Em tempo, muitas empresas optam, para fins de simplificação de
procedimentos, por manter apenas uma conta de passivo, denominada
“Provisão para o IR”, na qual é registrado tanto o valor previsto quanto
o valor definitivamente devido do tributo, caso em que não é utilizada a
conta “IR a pagar”.

3.9.4.6 Provisão para Imposto de Renda Diferido


Na apuração do Lucro Real, há adições, exclusões e compensações,
aplicadas sobre o resultado contábil. Essa sistemática deve ser
17
realizada em um livro específico LALUR , que é dividido em duas
partes, a saber:
- Parte A, na qual são demonstradas as adições, exclusões e
compensações referentes ao período de apuração; e
- Parte B, na qual são registrados os valores que EM PERÍODOS
FUTUROS deverão ser objeto de adições, exclusões e
compensações.
No caso de exclusões do lucro líquido, para apuração do lucro real, pode
ocorrer que essa exclusão obrigue a empresa a realizar uma adição em
período posterior. Esse é, por exemplo, o caso da depreciação
incentivada acelerada, prevista nos arts. 313 e 262 do Decreto 3.000,
de 1999, a seguir reproduzidos:
Art. 313. Com o fim de incentivar a implantação,
renovação ou modernização de instalações e
equipamentos, poderão ser adotados coeficientes de
depreciação acelerada, a vigorar durante prazo certo para
determinadas indústrias ou atividades (Lei nº 4.506, de
1964, artigo 57, § 5º).
§ 1º A quota de depreciação acelerada, correspondente ao
benefício, constituirá exclusão do lucro líquido, devendo
ser escriturada no LALUR (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977,
artigo 8º, inciso I, alínea "c", e § 2º).
§ 2º O total da depreciação acumulada, incluindo a normal
e a acelerada, não poderá ultrapassar o custo de aquisição
do bem (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 6º).
§ 3º A partir do período de apuração em que for atingido o
limite de que trata o parágrafo anterior, o valor da

17
LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real, visto na aula 03 deste curso.

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depreciação normal, registrado na escrituração comercial,
deverá ser adicionado ao lucro líquido para efeito de
determinar o lucro real.
...
Art. 262. No LALUR, a pessoa jurídica deverá (Decreto-Lei
nº 1.598, de 1977, artigo 8º, inciso I):
...
III - manter os registros de controle de prejuízos fiscais a
compensar em períodos de apuração subseqüentes, do
lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada
incentivada, da exaustão mineral, com base na receita
bruta, bem como dos demais valores que devam
influenciar a determinação do lucro real de períodos de
apuração futuros e não constem da escrituração comercial;
Ora, a situação que obriga a empresa a realizar uma adição futura
consiste em uma OGRIGAÇÃO da empresa (obrigação de pagar mais
imposto no futuro) e essa obrigação deve ser registrada no passivo,
conforme claramente definido pela Deliberação CVM n° 273, de 1998,
que aprovou pronunciamento do Ibracon nesse sentido. A seguir
apresentamos um exemplo de contabilização da provisão para o IR
diferido:
Seja uma empresa que tenha bens no valor de R$ 1.000,00, cuja
depreciação normal seja de 10% ao ano (R$ 100,00). Considere, ainda,
que esta empresa esteja autorizada, pela legislação tributária, a
considerar (para fins fiscais) uma taxa três vezes maior, representando
um valor de R$ 300,00 (R$ 100,00 reconhecidos contabilmente e R$
200,00 em ajustes fiscais). A tabela a seguir demonstra os valores de
depreciação: (1) contabilmente registrados e (2) considerados para fins
fiscais.
Ano Registros contábeis da depreciação Ajustes fiscais
IR relativo à
encargo de IR relativo ao depreciação depreciação
depreciação encargo (15%) permitida exclusão adição permitida
1 100,00 15,00 300,00 200,00 - 45,00
2 100,00 15,00 300,00 200,00 - 45,00
3 100,00 15,00 300,00 200,00 - 45,00
4 100,00 15,00 100,00 - - 15,00
5 100,00 15,00 - - 100,00 -
6 100,00 15,00 - - 100,00 -
7 100,00 15,00 - - 100,00 -
8 100,00 15,00 - - 100,00 -
9 100,00 15,00 - - 100,00 -
10 100,00 15,00 - - 100,00 -
Somatório 150,00 150,00

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Repare que, na situação acima demonstrada, o total do IRPJ relativo aos
encargos de depreciação é o mesmo. A diferença é sua distribuição no
tempo.
Assim, nos primeiros três anos, haveria um registro de Provisão para o
IR (no ativo circulante) inferior àquela dos demais anos (pela
possibilidade de exclusão – do valor de R$ 200,00). No quarto ano, não
haveria nenhuma adição ou exclusão (referente à depreciação do bem).
Finalmente, nos demais anos, haveria adição do valor de R$ 100,00,
aumentando o IRPJ devido.
Nessa situação, no primeiro ano, considerando um lucro contábil de R$
1.000,00, e um lucro real de R$ 800,00 (devido à exclusão de R$
200,00 – relativa à depreciação acelerada incentivada), temos uma
despesa total com IR de R$ 150,00 (15% do lucro real antes da
exclusão), sendo que esse valor será exigido em partes: (1) parte
conforme lucro real do próprio período (R$ 120,00) e a parte relativa à
exclusão (15% de R$ 200,00 = R$ 30,00) em período futuro. Assim,
deve ser contabilizada a despesa com o IRPJ da seguinte maneira:
D= despesa com provisão para o IR 150,00
C=a diversos
C=a Provisão para o IR (PC) 120,00
1- C=a Provisão para IR diferido (PELP) 30,00

3.9.4.7 Funcionamento esquemático das contas


relacionadas à Provisão para o Imposto de Renda
A partir dos conceitos acima apresentados, é possível representar o
funcionamento esquemático das contas relativas à Provisão para o
Imposto de Renda, conforme tabelas a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para o Imposto de Renda


Débitos Créditos
de natureza credora si
na constituição da provisão 1
(apuração da renda -pela competência- contrapartida em conta de resultado)
na apropriação do IR diferido ao período 2
(com contrapartida na conta Provisão para IR diferido - PELP)
3 na reversão da provisão
(com contrapartida em conta de resultado - receita)
4 na confirmação da provisão
(com contrapartida na conta IR a pagar)
5 no pagamento do provisão
(com contrapartida em Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

Modelo de funcionamento de contas contábeis

Imposto de Renda a pagar


Débitos Créditos
de natureza credora si
na confirmação da provisão 1
(com contrapartida na conta Provisão para o IR)
2 no pagamento
(com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para IR diferido


Débitos Créditos
de natureza credora si
na apuração do Lucro Real (quando resulta em adição futura) 1
(com contrapartida em conta de resultado - despesa)
2 na apropriação do IR diferido ao período
(com contrapartida na conta Provisão para IR)
3 na reversão da provisão
(com contrapartida em conta de resultado - receita)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

3.10 Participações no resultado.


As participações são passivos que representam as obrigações da
empresa com pessoas que, em decorrência de disposição do estatuto
social, têm direito a participar dos lucros apurados quando do
encerramento do exercício social.
As contas que representam essas obrigações são, portanto, creditadas
em contrapartida das contas de resultado que representam parcelas
redutoras do lucro do exercício.
O lançamento típico para registro das participações no resultado será:
D = despesa com participação no resultado
1 - C = a Participação no resultado a pagar x
As participações no resultado estão previstas no art. 190 da Lei das S/A,
a seguir transcrito:
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício
discriminará:
...
VI - as participações de debêntures, empregados,
administradores e partes beneficiárias, e as contribuições
para instituições ou fundos de assistência ou previdência
de empregados;
As participações no resultado, portanto, são:
- Participação de debenturistas;
- Participação de empregados;
- Participação de administradores;

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- Participação de partes beneficiárias;
- Contribuições para fundos de previdência e assistência aos
empregados.
As participações no resultado não se confundem com os dividendos. Os
dividendos são a parcela do lucro que cabe a cada ação; ao passo que
as participações no resultado representam a parcela do resultado da
empresa que é entregue a terceiros (que não os acionistas). Assim, as
participações no resultado devem ser registradas a débito de contas de
resultado.
A apuração dos valores referentes a cada participação, será vista
quando do estudo da Demonstração do Resultado do Exercício, adiante
nesta aula.
Com base nos conceitos acima, é possível apresentar o funcionamento
esquemático das contas de participações no resultado a pagar, conforme
tabela abaixo:
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Provisão para o Imposto de Renda


Débitos Créditos
de natureza credora si
na apuração da participação a pagar 1
(com contrapartida em conta de resultado)
2 no pagamento do participação
(com contrapartida em Caixa/Bancos)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos

4 Resultados de exercícios futuros


Já foi visto que, nos termos do art. 181 da Lei das S/A (a seguir
transcrito), são classificadas como resultados de exercícios futuros as
receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas
correspondentes.
Art. 181. Serão classificadas como resultados de exercício
futuro as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos
custos e despesas a elas correspondentes.
Assim, devem compor este grupo as receitas recebidas ou faturadas
antecipadamente que não corram o risco de devolução por parte da
empresa, tais como aluguel recebido antecipadamente (com cláusula de
não reembolso). Os adiantamentos com risco de devolução devem ser
registrados no passivo circulante ou exigível a longo prazo.

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São exemplos de valores passíveis de registro no grupo patrimonial
Resultado de Exercícios Futuros:
- aluguel recebido antecipadamente;
- comissão recebida por instituição financeira, por concessão de
empréstimo - a ser apropriada pelo prazo do mesmo.
Um exemplo esclarecedor de utilização de contas do grupo patrimonial
Resultados de Exercícios Futuros consiste no arrendamento de uma
fazenda, para desenvolvimento (por parte de terceiros) de uma
atividade, por tempo determinado, com pagamento antecipado. A
seguir, encontra-se a descrição do exemplo proposto.
Seja uma empresa (utilizaremos a empresa Tamancos e Tamancos S/A)
que tenha em seu Ativo Permanente Investimentos uma fazenda, não
utilizada em suas atividades fim, e deseje arrendar esta fazenda para
terceiros – pelo prazo de 5 (cinco) anos. Seja, também, uma pessoa
que esteja interessada em desenvolver uma atividade (como, por
exemplo, criação de avestruzes) e deseje arrendar a fazenda
(pertencente à empresa Tamancos e Tamancos S/A) para essa
atividade. Nesse caso, o interessado e a empresa Tamancos e
Tamancos S/A podem contratar um arrendamento, sem previsão de
devolução de valores, em que: (a) o interessado entrega – de pronto –
o valor de R$ 50.000,00, para aquisição do direito de utilização da
fazenda pelo prazo de 5 (cinco) anos e (b) a empresa Tamancos e
Tamancos S/A se compromete a entregar a fazenda, “de porteira
fechada”, ao interessado por esse prazo.
Repare que no patrimônio da empresa surge dinheiro (R$ 50.000,00),
mas não surge uma obrigação (de dar algo – porque a fazenda já foi
entregue, de fazer algo – porque a única coisa que deve ser feita é
esperar os cinco anos, nem de devolver o dinheiro). Assim, parece que
o patrimônio aumentou, mas – pelo regime de competência – isso ainda
não ocorreu. Dessa forma, a contrapartida do valor recebido se
enquadra, perfeitamente, na definição de Resultados de Exercícios
futuros.
O lançamento referente a esse fato contábil é o seguinte:
D = Caixa (ou Bancos)
1 - C = a Receitas antecipadas de arrendamento (REF) 50.000,00
À medida que o tempo for passando, a empresa Tamancos e Tamancos
S/A terá cumprido o que havia prometido fazer, ou seja, permitir que o
interessado utilize a fazenda na sua atividade. Será, portanto, também,
à medida que o tempo for passando, que o valor antes recebido deverá
ser registrado com receita de arrendamento auferida, em contrapartida
dos Resultados de Exercícios Futuros.

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O lançamento relativo à apropriação do resultado é o seguinte:
D = Receitas antecipadas de arrendamento (REF)
2 - C = a Receitas de arrendamento 10.000,00
Outro ponto importante é que o grupo é denominado Resultados de
exercícios futuros (e não Receitas de exercícios futuros), portanto, nele
cabe uma conta retificadora referente aos respectivos custos. Entre os
custos e despesas referentes ao grupo, encontram-se as comissões ou
os tributos incidentes sobre a operação que ensejou o recebimento
antecipado de receitas.
Assim, caso a transação acima tivesse sido realizada com a intervenção
de um corretor e que sua comissão tivesse sido de R$ 2.000,00, esse
valor não deveria ser considerado despesa do exercício (pois trata-se de
um ônus necessário à percepção das receitas antecipadas, ou seja, um
valor pago para poder receber as receitas antecipadas). Como o
acessório segue o principal, teríamos:
Resultados de exercícios futuros
a) Receitas antecipadas – R$ 50.000,00
b) (-) Custos e despesas – (R$ 2.000,00)

5 Patrimônio Líquido
5.1 Considerações iniciais
Foi visto, já na aula 01 deste curso, que o Grupo Patrimonial
denominado Patrimônio Líquido representa a diferença entre os
bens/direitos e as obrigações. Por outro ponto de vista, conforme
discutido na aula 03, o Patrimônio líquido pode ser encarado como uma
“obrigação” (de longuíssimo prazo e exigibilidade quase nula), da
empresa para com seus sócios.
Ambas as definições acima dão idéia de um valor único para o
Patrimônio Líquido. Entretanto, a Lei das S/A, em seu art. 178,
classifica como integrantes do Patrimônio Líquido as seguintes contas
(ou grupos de contas): (1) capital social, (2) reservas de capital, (3)
reservas de reavaliação, (4) reservas de lucros e (5) lucros ou prejuízos
acumulados. Para fins de esclarecimento, o citado artigo encontra-se
reproduzido a seguir:
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem, e
agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise
da situação financeira da companhia.
...

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§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos
seguintes grupos:
...
d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas
de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e
lucros ou prejuízos acumulados.
O art. 182 da Lei das S/A dispõe sobre mais um item componente do
Patrimônio Líquido: as ações em tesouraria, que deve ser registrado
como conta devedora, retificadora da conta que registrar a origem dos
recursos aplicados na sua aquisição. Abaixo encontra-se reproduzido o
citado artigo:
Art. 182. ...
§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no
balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que
registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.
A questão que se coloca é a seguinte: Porque o valor de uma simples
diferença (entre bens/direitos e obrigações) deve ser
representado por tantos diferentes itens? Essa questão é, em
primeira vista, procedente; pois, se todos os itens componentes do
Patrimônio Líquido representam – em conjunto – uma simples diferença
(entre bens/direitos e obrigações), resta necessário um critério de
distinção entre eles.
A resposta para essa questão é, relativamente, simples. A razão para a
existência de tantas contas representativas do Patrimônio Líquido reside
no fato de que a diferença entre bens/direitos e obrigações pode
decorrer de vários diferentes motivos. Assim, cada conta do Patrimônio
Líquido representa um motivo (e o respectivo valor) pelo qual existe a
referida diferença entre bens/direitos e obrigações.
É sob essa perspectiva que serão estudados, a seguir, os diferentes
subgrupos do Patrimônio Líquido – PL e suas respectivas contas
contábeis componentes.

5.2 Capital social

5.2.1 Conceito
O capital Social representa a participação dos sócios na formação do
patrimônio da empresa. Em outras palavras, o Capital Social representa
o valor que os sócios concordaram em retirar de seu próprio patrimônio
individual e colocar na “aventura” (empresa), que passa a ter vida
própria (e, portanto, patrimônio próprio) – na forma de uma Pessoa
Jurídica.

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Quando os sócios decidem colocar um valor na formação do patrimônio
da empresa, esta passa a ter (em seu patrimônio) bens ou direitos que
antes não tinha. Essa situação enseja o aparecimento da diferença
(bens/direitos (-) obrigações), que determina o registro do Patrimônio
Líquido. Assim, valor registrado na conta Capital Social indica que há
diferença entre bens/direitos e obrigações e que essa diferença é
decorrente do fato de que os sócios investiram valores na formação do
patrimônio da empresa.

5.2.2 Relevância do conceito


A importância do registro desse valor, em destacado, no patrimônio, é
histórica.
Na tradição do Direito Europeu Continental, essa informação sempre
teve uma função: a de deixar claro o valor que os sócios decidiram
arriscar na “aventura” (empresa) e que, no caso de uma Sociedade
Anônima ou de uma Sociedade Limitada (que têm limitação da
responsabilidade), seria o valor que eles estariam dispostos a perder
nessa “aventura”. Assim, aqueles que negociassem com a empresa
saberiam qual o valor do patrimônio dos sócios iria garantir as dívidas
contraídas pela empresa.
Foi dada tanta importância ao Capital Social e a essa função que ele
representa que foi determinada, por lei, toda uma formalidade para
determinação e publicização desse valor: o valor do Capital Social deve
constar dos atos constitutivos da Pessoa Jurídica (Contrato Social, no
caso de uma sociedade limitada, ou Estatuto, no caso de uma sociedade
anônima) e é, presumidamente, conhecido por todos, pois é registrado
na Junta Comercial (ou no Cartório do Registro Civil das Pessoas
Jurídicas), que são registros públicos.
Na tradição Anglo Saxônica do Direito (denominada Common Law), essa
função não é tão valorizada, pois – de forma pragmática, como é da
natureza dos americanos e ingleses – entende-se que o que garante as
dívidas é o patrimônio da empresa (como um todo) e não somente a
parte nele colocada por seus sócios.
Outra característica importante acerca do Capital Social é a de que o
titular desse capital tem direito não somente ao capital social
propriamente dito, mas à parte de TODO O PATRIMÔNIO DA EMPRESA
e, proporcionalmente, a seu lucro. Diferentemente dos bens e direitos
em geral, que quando são adquiridos dão ao adquirente titularidade
sobre os próprios bens e direitos adquiridos, no caso do capital isso não
ocorre. Ao se adquirir capital (ações ou cotas), adquire-se direito não

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somente sobre o capital, mas sobre todo o patrimônio que ele
representa18.

5.2.3 Ações e quotas de capital


Na prática, a virtual totalidade das sociedades empresárias, organizadas
como pessoas jurídicas, no país estão estruturadas juridicamente como
sociedades anônimas ou sociedades limitadas. Assim, embora estejam
previstos outros tipos societários, eles não serão abordados nesse curso.

5.2.3.1 Ações
As sociedades anônimas têm o capital dividido em ações. A ação
consiste em um título que representa uma fração do capital social,
sendo ela a menor fração em que esse capital social está dividido.
Confirmando essa definição, se a ação tiver valor nominal (valor a ela
atribuído), a soma dos valores nominais de todas as ações emitidas pela
companhia deve totalizar o valor do Capital Social contabilizado.
O acionista – a pessoa que é titular de ações – é proprietário da
sociedade, na proporção da quantidade de ações que possui, em relação
ao total de ações emitidas.
Como proprietário da sociedade, o acionista tem – teoricamente –
direito a:
a) uma fração ideal do patrimônio da companhia;
b) uma fração ideal do lucro auferido pela companhia –
dividendos;
c) participar da administração da companhia.
Ocorre que nem todo acionista tem os mesmos direitos (na mesma
proporção), pois há diferentes espécies e classes de ações, com direitos
diferenciados. As ações são divididas conforme sua natureza em (1)
ações ordinárias, (2) ações preferenciais e (3) ações de fruição,
conforme determinado pelo art. 15 da Lei das S/A, a seguir:
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou
vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias,
preferenciais, ou de fruição.

Cumpre referir que, com o advento da Lei n° 8.021, de 1990, todas as
ações passaram a ser do tipo “nominativas”, ou seja, o nome do titular

18
Essa característica especial do Capital Social é de grande relevância para o
entendimento de conceitos como “ágio na emissão de ações”, “ágio na aquisição de
ações” ou “ganhos/perdas na variação do percentual de participação societária”, a
serem discutidos detalhadamente adiante neste curso.

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da ação deve estar escrito em livros societários específicos (Livro
Registro de Ações Nominativas e Livro Registro de Transferência de
Ações Nominativas), conforme art. 100 da Lei das S/A:
Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros
obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes,
revestidos das mesmas formalidades legais:
I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para
inscrição, anotação ou averbação:
a) do nome do acionista e do número das suas ações;
b) das entradas ou prestações de capital realizado;
c) das conversões de ações, de uma em outra espécie ou
classe;
d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de
sua aquisição pela companhia;
e) das mutações operadas pela alienação ou transferência
de ações;
f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária
em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou
obste sua negociação.
II - o livro de "Transferência de Ações Nominativas", para
lançamento dos termos de transferência, que deverão ser
assinados pelo cedente e pelo cessionário ou seus
legítimos representantes;
Em seguida, estudaremos as características de cada uma dessas
espécies de ações.

5.2.3.1.1 Ações ordinárias x ações preferenciais


A administração de uma Sociedade Anônima é realizada – em última
análise19 – por seu órgão máximo deliberativo: a Assembléia Geral de
Acionistas. A Assembléia Geral de Acionistas funciona como um misto
de democracia e capitalismo, pois: (1) nela as decisões são tomadas
pela vontade dos acionistas, manifestada através do voto, mas (2) a
vontade de cada acionista não é igual, sendo proporcional à quantidade
de ações com direito a voto de titularidade de cada acionista.

19
Em que pese estarem previstos órgãos de administração propriamente ditos
(Diretoria e, eventualmente, Conselho de Administração), eles são eleitos pela
Assembléia Geral de Acionistas. Assim, em última instância, é a Assembléia que
determina por quem e de que maneira deverá ser realizada a administração.

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Outra peculiaridade é que nem toda ação tem direito a voto. Portanto,
pode haver acionista que, mesmo sendo titular de ações da companhia,
não tenha como se manifestar na sua Assembléia Geral de Acionistas20.
Essa divisão de ações em espécies com e sem direito a voto é o
resultado de uma evolução histórica. A experiência prática evidenciou
que nem todo acionista tem interesse em participar ativamente da
administração de uma companhia.
Alguns acionistas, historicamente, estavam preocupados com a
administração da companhia, pois pretendiam receber – por muito
tempo – os respectivos dividendos. Outros acionistas estavam mais
preocupados em adquirir ações da companhia para vendê-las
(encarando-as como qualquer outra mercadoria). Havia ainda um
terceiro tipo de interessado nas ações da empresa que nem adquiri-las
desejava, mas tão somente ganhar dinheiro com apostas sobre o valor
que essas ações iriam alcançar no futuro.
Com tantos diferentes interesses acerca das ações de uma companhia, o
fato de todas as ações terem exatamente as mesmas características
levava a distorções, como, por exemplo, companhias controladas por
instituições financeiras que não eram sequer titulares de qualquer ação.
Esse era o caso de ações, que inicialmente, eram pertencentes a um
acionista que participava diretamente das Assembléias, mas que – ao
falecer – deixava as ações para a esposa. A viúva, então, que, não
tinha esse mesmo interesse, deixava suas ações em custódia, com uma
instituição financeira. Essa instituição financeira, então, obtinha uma
procuração21 e podia participar ativamente da Assembléia Geral de
Acionistas, manifestando sua vontade na administração da companhia,
sem ser acionista.
Foi nesse contexto que se percebeu a necessidade de criação de
espécies de ações com direitos diferenciados. Assim, a Lei das S/A
previu ações ordinárias, preferenciais e de fruição, conforme visto
acima.
Ações ordinárias são aquelas que dão direito ao voto e, também, direito
à participação no lucro (na forma de dividendos) e no patrimônio
(quando da liquidação da sociedade). Ações preferenciais são aquelas
que não dão direito ao voto, sendo garantida a participação no lucro
(dividendos) e no patrimônio (quando da liquidação da sociedade).

20
Salvo em situações especiais previstas no Estatuto, ou em situações de não-
distribuição de lucro, previstas na Lei das S/A.
21
A procuração é o instrumento do contrato de mandato, em que o mandatário
(também denominado procurador) realiza atos em nome do mandante.

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À primeira vista, essa definição pode parecer incoerente, pois uma ação
ordinária (ou seja, que não deveria ter qualquer atributo especial) tem
mais direitos (voto, dividendos e patrimônio) do que uma ação dita
preferencial (que somente tem direito a dividendos e ao patrimônio).
Mas essa aparente incoerência é facilmente afastada quando se procura
o sentido etimológico das palavras “ordinária” e “preferencial”.
A palavra ordinária vem do inglês “ordinary”, que significa “comum”.
Assim, uma ação ordinária tem todos os atributos que são comuns a
uma ação: (1) voto, (2) dividendos e (3) participação no patrimônio
(quando da extinção da companhia). Mas as ações ordinárias
(justamente por serem comuns) não conferem preferências ou
privilégios especiais a seus titulares.
A palavra preferencial faz referência a uma ou mais características que
diferenciam algo daquilo que é normal. No caso, às ações preferenciais
são atribuídas vantagens e preferências ou privilégios, como, por
exemplo, a prioridade na distribuição de dividendos e no reembolso do
capital. Para entender a razão do privilégio das ações preferenciais, no
recebimento de dividendos ou do patrimônio, basta lembrar que os
detentores desta espécie de ação não decidiram (através do voto na
assembléia geral de acionistas) a maneira pela qual o resultado seria
auferido e, assim, seria justo que eles fossem os primeiros a receber
esse resultado.
Para ilustrar a conveniência da organização das ações nessas duas
espécies (ordinárias e preferenciais), basta uma breve referência à
comum situação enfrentada por pais que têm dois filhos brigando pela
última fatia de um pudim. Nessa situação, a solução mais adequada é
(1) entregar a faca para um dos filhos (geralmente o mais velho),
determinando que ele divida a fatia de forma justa e (2) permitindo que
o outro filho (geralmente o mais novo) escolha a fatia que melhor lhe
aprouver. Nessa situação, o filho mais velho, que ficou com a
possibilidade de decidir como dividir o pudim, fará a divisão da forma
mais eqüitativa possível; pois, no caso de uma divisão desigual, o filho
mais novo terá a prerrogativa de escolher a maior fatia (em prejuízo do
próprio filho mais velho, que realizou a divisão).
Ora, é essa a razão da divisão das ações nessas espécies (ordinárias e
preferenciais). Os detentores de ações ordinárias têm a prerrogativa
de, através do voto na Assembléia Geral de Acionistas, decidir os rumos
da empresa e a maneira pela qual ela irá auferir seu lucro. Ao contrário,
os detentores de ações preferenciais, que não possuem a prerrogativa
de votar na Assembléia Geral de Acionistas e – portanto – não decidem
sobre a maneira pela qual o lucro deverá ser auferido, têm a

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prerrogativa de receber a primeira fatia desse lucro (na forma de
dividendos).
As ações ordinárias de companhias fechadas e as ações preferenciais de
qualquer companhia podem ser divididas em classes, que terão
características especiais. São exemplos dessas características a
possibilidade de recebimento de dividendo mínimo ou fixo. O dividendo
mínimo é um valor mínimo, garantido pelo estatuto, que deverá ser
pago ao acionista, podendo – inclusive – não depender de lucro no
período, entretanto, pode ser pago, ao acionista, valor superior ao
mínimo se o lucro auferido no período, pela companhia, assim permitir.
O dividendo fixo consiste em um valor pré-determinado, definido pelo
estatuto, a ser entregue ao acionista, independentemente da companhia
auferir lucro no período, sendo que – mesmo que os lucros auferidos
pela companhia permitam um pagamento de dividendos superior ao fixo
– via de regra, não será pago valor superior a ele.

5.2.3.1.2 Ações de fruição


Ações de fruição, também denominadas ações de gozo, são decorrentes
do fenômeno de amortização de ações, previsto no art. 44 da Lei das
S/A, a seguir transcrito:
Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária
pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no
resgate ou na amortização de ações, determinando as
condições e o modo de proceder-se à operação.

§ 2º A amortização consiste na distribuição aos acionistas,
a título de antecipação e sem redução do capital social, de
quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da
companhia.
§ 3º A amortização pode ser integral ou parcial e abranger
todas as classes de ações ou só uma delas.

§ 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser
substituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas
pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a
amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da
companhia, as ações amortizadas só concorrerão ao
acervo líquido depois de assegurado às ações não a
amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido
monetariamente.
Conforme definido no dispositivo acima apresentado, a amortização
consiste na distribuição, aos acionistas, a título de antecipação, sem
redução do capital social, da quantia que a eles seria destinada quando
da liquidação da companhia (denominada “acervo”). Cabe colocar que a

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liquidação é a fase que ocorre logo após a decisão de dissolução da
companhia e que antecede a extinção da sociedade. Nessa fase é
apurado o valor do patrimônio da companhia – acervo, que deve ser
dividido entre os acionistas.
Em outras palavras, a amortização representa uma antecipação, a
antecipação do valor a que o acionista teria direito quando da liquidação
da sociedade.
A palavra “fruição” vem do termo “fruto”, que significa “bem acessório
que se desprende do bem principal sem danificá-lo”. Exemplos de
frutos são (1) os frutos naturais – ex.: frutas, que se desprendem das
árvores sem danificá-las; (2) os frutos industriais – ex.: mercadorias,
que se desprendem das fábricas sem danificá-las e (3) frutos civis – ex.:
juros, que se desprendem do principal sem danificá-lo. No caso, o
detentor das ações de fruição tem apenas o direito de receber os frutos
das ações (dividendos), mas não mais o direito ao patrimônio da
sociedade, pois já o recebera em adiantamento.
Finalmente, conforme o § 5o acima: (1) as ações – ordinárias ou
preferenciais – integralmente amortizadas poderão ser substituídas por
ações de fruição e (2) em caso de liquidação da companhia, e havendo
ações de fruição, o acervo levantado deverá ser distribuído entre as
ações não amortizadas até o valor antes recebido pelas ações de
fruição, para, a partir daquele valor, ser distribuído entre todas as
ações, inclusive as de fruição.

5.2.3.2 Quotas de capital


Em Sociedades Limitadas, o capital não está dividido em ações, mas em
quotas de capital. As quotas de capital não são títulos, mas são frações
do capital que estão definidas em contrato – no Contrato Social (ato
constitutivo da pessoa jurídica).
Tudo o que o que é aplicável a conta Capital social em sociedades
anônimas, é aplicável – mutatis mutandis – às sociedades limitadas.

5.2.4 Capital social subscrito x capital social realizado


Foi visto, neste curso, que o fato contábil “Constituição de uma
empresa”, ou o “aumento de capital”, deve ser registrado em dois
lançamentos, conforme exemplo abaixo:
1) Subscrição de capital – no valor de R$ 50.000,00
D = Capital a Realizar
1 - C = a Capital Social subscrito 50.000,00
2) Integralização (ou Realização do capital)

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D = Caixa
2 - C = a Capital a realizar 50.000,00
Foram apresentados, também, os conceitos de capital subscrito e de
capital a realizar:
a) O Capital Subscrito, conhecido como o Capital Prometido,
consiste num valor que os sócios prometem entregar à
empresa – para empreender a “aventura”. Ora, quem
promete assina embaixo (sub escreve). Portanto, capital
subscrito é o mesmo que capital prometido.
b) O Capital a realizar (também denominado Capital a
Integralizar), conhecido como o Capital a Entregar,
consiste no valor prometido pelos sócios e que ainda não
foi entregue à sociedade. Assim, Capital a Realizar é o
mesmo que capital a entregar.
Na ocorrência do fato subscrição de capital, surge um direito no
patrimônio da empresa (de exigir que os sócios cumpram o que foi
prometido - entregar o capital subscrito), registrado na conta Capital a
Realizar (conta retificadora do PL – de natureza devedora), que tem
como origem a conta de Patrimônio Líquido Capital Subscrito.
A realização do capital (também denominada integralização de capital)
consiste na entrega do valor antes subscrito (prometido) pelos sócios.
Assim, na realização do capital subscrito, surge no patrimônio da
empresa um bem (dinheiro ou outro, entregue pelos sócios) e, também,
desaparece do patrimônio da empresa o direito de exigir que os sócios o
entreguem (capital a realizar).
Na apresentação do patrimônio, é – geralmente – apresentada em
destaque uma informação que não consiste no saldo de uma conta
analítica: trata-se da informação sobre o capital realizado. O valor do
capital realizado é igual ao valor do capital subscrito, deduzido do valor
do capital a realizar – conta sintética.
As contas Capital Subscrito e Capital a Realizar são contas analíticas, ao
passo que a conta Capital Realizado consiste na conta sintética, que
agrupa a soma (algébrica) dos saldos das contas Capital Subscrito e
Capital a Realizar.
Tudo o que foi acima referido decorre do fato de que o art. 182 da Lei
das S/A estabelece que a conta do capital social discriminará o
montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada,
conforme abaixo reproduzido:
Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante
subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.

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Assim, do ponto de vista contábil, quando uma sociedade ou empresa
individual é constituída, os sócios, os acionistas ou o titular assumem
um compromisso, com a empresa, de entregaram uma soma em
dinheiro (ou bens) para formar o capital inicial da sociedade, no
montante de recursos que esta necessitará para dar início a suas
atividades sociais. O ato de formalização desse compromisso é
denominado subscrição do capital.
No entanto, pode ser que nem todo o dinheiro (ou bens) prometido
esteja disponível, no instante em que é formalizado o compromisso,
para que seja possível a imediata transferência dos valores do
patrimônio dos sócios para o da empresa. Assim, a parcela que é
transferida para o patrimônio da empresa, no ato da subscrição
denomina-se capital integralizado ou realizado enquanto a parcela cuja
transferência de titularidade se dará no futuro denomina-se capital a
integralizar ou a realizar.
No caso de sociedades anônimas, a realização de capital deve ocorrer,
no mínimo, em 10% do capital subscrito, em dinheiro, na data da
subscrição, conforme art. 80 da Lei das S/A, seguir:
Art. 80. A constituição da companhia depende do
cumprimento dos seguintes requisitos preliminares:
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas
as ações em que se divide o capital social fixado no
estatuto;
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no
mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em
dinheiro;
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro
estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de
Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em
dinheiro.
Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às
companhias para as quais a lei exige realização inicial de
parte maior do capital social.
A vida de uma empresa, porém, é muito dinâmica e, obviamente, logo o
capital a integralizar irá transformar-se em capital integralizado, quando
da correspondente efetivação do compromisso dos sócios.

5.2.5 Aumento de capital e capital autorizado


Caso a empresa cresça, o capital inicialmente subscrito e realizado
(denominado “Capital inicial”) poderá mostrar-se insuficiente e, então,
serão necessários novos aportes de recursos, sob a forma de aumentos
de capital que, igualmente ao capital inicial, também poderão ser
compostos por parcelas integralizadas e a integralizar.

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Importante ressaltar que todas essas alterações do capital social só
podem ocorrer quando houver expressa autorização dos acionistas ou
sócios. Nesse diapasão, o art. 166 da Lei das S/A estabelece que o
capital social somente pode ser aumentado (1) por deliberação da
assembléia geral convocada para decidir sobre reforma do Estatuto (2)
por deliberação da assembléia geral, ou do conselho de administração,
sem reforma do Estatuto, dentro do limite por ele estabelecido
(autorizado) e (3) no caso de conversão de debêntures ou partes
beneficiárias em ações ou no exercício dos direitos conferidos por bônus
de subscrição e opção de compra de ações22, conforme a seguir:
Art. 166. O capital social pode ser aumentado:
I - por deliberação da assembléia-geral ordinária, para
correção da expressão monetária do seu valor (artigo
167);23
II - por deliberação da assembléia-geral ou do conselho de
administração, observado o que a respeito dispuser o
estatuto, nos casos de emissão de ações dentro do limite
autorizado no estatuto (artigo 168);
III - por conversão, em ações, de debêntures ou parte
beneficiárias e pelo exercício de direitos conferidos por
bônus de subscrição, ou de opção de compra de ações;
IV - por deliberação da assembléia-geral extraordinária
convocada para decidir sobre reforma do estatuto social,
no caso de inexistir autorização de aumento, ou de estar a
mesma esgotada.
Repare que, no caso normal, o aumento de capital implica Assembléia
Geral de Acionistas Extraordinária e reforma do Estatudo Social, o que é
um procedimento formal e trabalhoso. Por isso, para dar maior
flexibilidade e dinamicidade à administração das empresas,
particularmente daquelas que se encontram em fase de expansão de
seus negócios e que, periodicamente, estão a requerer novas injeções
de capital, as lei das S/A criou a figura do capital autorizado, em seu
art. 168, abaixo reproduzido:
Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento
do capital social independentemente de reforma
estatutária.

22
Situações em que a assembléia já havia deliberado (quando da emissão das partes
beneficiárias, dos bônus de subscrição ou das debêntures) o eventual ulterior aumento
de capital. Os conceitos de partes beneficiárias, bônus de subscrição e de debêntures
serão estudados no item Reservas de Capital – a seguir neste curso.
23
A correção monetária do balanço foi extinta – para fins fiscais e societários – a partir
de 1996, pelo art. 4o da Lei n° 9.249, de 1995. O conceito de correção monetária do
balanço será estudado quando da apresentação da conta “Reserva para Correção
monetária do balanço”, no item Reservas de Capital – a seguir neste curso.

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§ 1º A autorização deverá especificar:
a) o limite de aumento, em valor do capital ou em número
de ações, e as espécies e classes das ações que poderão
ser emitidas;
b) o órgão competente para deliberar sobre as emissões,
que poderá ser a assembléia-geral ou o conselho de
administração;
c) as condições a que estiverem sujeitas as emissões;
d) os casos ou as condições em que os acionistas terão
direito de preferência para subscrição, ou de inexistência
desse direito (artigo 172).
§ 2º O limite de autorização, quando fixado em valor do
capital social, será anualmente corrigido pela assembléia-
geral ordinária, com base nos mesmos índices adotados na
correção do capital social.
§ 3º O estatuto pode prever que a companhia, dentro do
limite de capital autorizado, e de acordo com plano
aprovado pela assembléia-geral, outorgue opção de
compra de ações a seus administradores ou empregados,
ou a pessoas naturais que prestem serviços à companhia
ou a sociedade sob seu controle.
Denomina-se capital autorizado o limite, estabelecido em valor ou
número de ações, até o qual o Estatuto da sociedade anônima autoriza
os órgãos de administração a promoverem aumento de capital da
companhia, independentemente de reforma estatutária ou de
assembléia de acionistas. Trata-se de uma autorização prévia do
Estatuto, para futuros aumentos de capital.
Uma condição comum para autorização de aumento de capital é a
existência de lucros auferidos não distribuídos e, portanto, registrados
em reservas de lucro24. Nesse caso, o aumento de capital dá-se por
“capitalização do lucro ou das reservas de lucro”. O lançamento contábil
do fato “capitalização do lucro ou das reservas de lucro” encontra-se a
seguir apresentado exemplificativamente:
D = Reserva de lucros
1 - C = a Capital Social Subscrito x
A capitalização de lucros, na hipótese de ações com valor nominal, o
aumento de capital implica, alternativamente: (1) alteração do valor
nominal das ações25 (2) a criação de ações novas – em quantidade
correspondente ao valor do capital aumentado – com distribuição destas

24
As reservas de lucro serão detalhadamente estudadas adiante nesta aula.
25
Para que o somatório da quantidade original de ações totalize o valor do novo capital
social subscrito.

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ações (proporcionalmente) aos acionistas26. As ações novas,
distribuídas em virtude de aumento de capital por capitalização de
lucros ou reservas de lucro, recebem o nome de ações bonificadas.
Na hipótese de ações sem valor nominal, a capitalização dos lucros ou
reservas de lucros pode ocorrer sem emissão de ações bonificadas.
Uma importante observação acerca do conceito de capital autorizado é
que, sendo o capital autorizado apenas uma autorização para – no
futuro – alguém aumentar o capital social da companhia (sem o
cumprimento de maiores formalidades), não há que se registrar, no
patrimônio, qualquer valor a título de capital autorizado. Em outras
palavras, a autorização de capital é um mero ATO e não um FATO
CONTÁBIL, portanto não cabe lançamento ou qualquer registro dele em
contas contábeis, até o momento do efetivo aumento de capital –
quando o capital não será mais autorizado, porém subscrito.

5.2.6 Funcionamento esquemático das contas representativas do


capital
A partir dos conceitos acima tratados, apresentamos, nas tabelas a
seguir, o funcionamento esquemático das contas contábeis
representativas do Capital Social: Capital Subscrito e Capital a Realizar.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Capital Social Subscrito


Débitos Créditos
de natureza credora si
na constituição da empresa (pela subscrição do capital) 1
(com contrapartida na conta Capital a Realizar)
no aumento de capital (pela subscrição do capital) 2
(com contrapartida na conta Capital a Realizar)
no aumento de capital (pela capitalização de lucros ou reservas) 3
(com contrapartida em conta de Reserva de lucro)
4 na redução do capital
(com contrapartida em Ações em Tesouraria
ou em uma conta de ativo)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

26
Para que o somatório da nova quantidade de ações – ao valor nominal original –
totalize o valor do novo capital social subscrito.

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Capital a Realizar
Débitos Créditos
si de natureza devedora
1 na constituição da empresa (pela subscrição do capital)
(com contrapartida na conta Capital Subscrito)
2 no cumento de capital (pela subscrição do capital)
(com contrapartida na conta Capital Subscrito)
na realização do capital 3
(com contrapartida em conta representativa de bens/direitos)
sf de natureza devedora

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.3 Reservas
Reservas são valores que representam elementos patrimoniais sem
qualquer característica de exigibilidade atual ou futura.
Se um elemento patrimonial, até então classificado em uma conta de
reserva, passa a ter característica de exigibilidade, o respectivo valor
deve ser imediatamente transferido para uma conta própria do passivo
exigível. É o caso, por exemplo, de uma companhia que resolve
distribuir dividendos. Nessa situação, o valor correspondente deve ser
debitado numa conta de reserva de lucros (ou lucros acumulados) e
creditado em conta de dividendos a pagar, integrante do passivo
circulante27.
As reservas dividem-se em:
a) reservas de capital – quando correspondem a valores recebidos
dos sócios ou terceiros que não representam aumento de capital
e que não transitaram pelos resultados do exercício28;
b) reservas de reavaliação - quando representarem a contrapartida
dos acréscimos de valor aos bens do ativo em virtude de nova
avaliação;

27
Esse conceito será detalhadamente trabalhado no item que trata a DLPA, adiante
neste curso.
28
O conceito de Reserva de Capital será trabalhado, como seu esclarecimento, a
seguir.

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c) reservas de lucros ou lucros acumulados – quando se originarem
de lucros não distribuídos aos proprietários, representando
lucros retidos com finalidades específicas.
Segundo a lei das S/A, art. 182, conforme a finalidade para a qual foram
constituídas, as reservas compõem-se das seguintes contas:
a) Reservas de capital
- ágio na emissão de ações / quotas
- prêmio na emissão de debêntures
- doações e subvenções para investimentos
- alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição
b) Reservas de reavaliação
c) Reservas de lucros
- reserva legal
- reserva para contingências
- reserva de lucros a realizar
- reservas estatutárias
- reservas de lucros para planos de investimento
Para fins de esclarecimento, encontra-se – a seguir – reproduzido, em
parte, o citado art. 182 da Lei das S/A:
Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante
subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas
que registrarem:
a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o
valor nominal e a parte do preço de emissão das ações
sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada
à formação do capital social, inclusive nos casos de
conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;
b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus
de subscrição;
c) o prêmio recebido na emissão de debêntures;
d) as doações e as subvenções para investimento.
§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o
resultado da correção monetária do capital realizado,
enquanto não-capitalizado.
§ 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as
contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a
elementos do ativo em virtude de novas avaliações com
base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela
assembléia-geral.

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§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas
constituídas pela apropriação de lucros da companhia.

5.4 Reservas de capital


A Lei da S/A não apresenta um conceito claro que defina Reservas de
Capital, limitando-se a enumerar suas ocorrências, na forma de
exemplos (conforme alíneas (a) a (d) do § 1o do art. 182, acima
reproduzido).
Uma primeira – e primitiva – abordagem do conceito seria considerar
como Reserva de Capital “valores recebidos dos sócios ou terceiros que
não representam aumento de capital e que não transitaram pelos
resultados do exercício”. Entendemos que esse conceito seja
insuficiente, pois não consegue diferenciar as reservas de capital
enumeradas no art. 182 da Lei das S/A de um simples empréstimo
bancário, por exemplo. No caso de um empréstimo, o banco (que é um
terceiro) também entrega valores à companhia, sem que esses valores
transitem por conta de resultado (o lançamento é a débito de
Caixa/Bancos e a crédito de Empréstimos, no passivo). Ora,
empréstimos bancários não são apresentados, na Lei das S/A, como
Reservas de Capital e basta um contra-exemplo para se demonstrar a
impropriedade de uma afirmação. Portanto, essa abordagem é, em
nosso entender, inadequada.
Nessa situação, temos dois caminhos a seguir: (1) ignorar o
entendimento do conceito e seguir a enumeração dada pela Lei das S/A
para Reservas de Capital; (2) procurar a razão para a existência desse
grupo patrimonial, investigando, a partir da enumeração apresentada
pela Lei das S/A, sua razão de ser. Em nosso curso, optaremos pelo
segundo caminho.
A Lei das S/A apresenta, como Reservas de Capital, o ágio na emissão
de ações, o prêmio na emissão de debêntures, as alienações de partes
beneficiárias e bônus de subscrição e as doações para investimentos.
Com base na natureza desses itens pode-se chegar à conclusão
(didática e lúdica) de que devem ser registrados como reservas de
capital os “Pedágios pagos para entrar na festa”, conforme
passamos a fundamentar.
Imagine uma festa muito legal: casa cheia, muita comida, bebida e
música. Você, do lado de fora, gostaria de estar lá dentro – mas não foi
convidado. Então, você tenta entrar, mas é barrado na porta. Nessa
situação, você propõe – aos donos da festa – trazer, para aquela casa,
uma garrafa de uísque ou algumas garrafas de vinho e uns docinhos,
para sobremesa. Aí, sim, após entregar sua contribuição

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graciosamente, você é convidado para entrar e participar do restinho da
festa.
Essa é a idéia que está por trás do conceito de reservas de capital. As
Reserva de Capital são valores entregues graciosamente à empresa por
sócios ou outros interessados em “participar da festa”, ou seja,
interessados em participar (de alguma forma) dos lucros da empresa.
Tais valores, que são entregues graciosamente à empresa por pessoas
nela interessadas, aumentam seu patrimônio e, portanto, via de regra,
deveriam ser registrados como receita da empresa (débito em caixa e
crédito em receitas de doação), passando a compor o Patrimônio Líquido
somente ao final do exercício (quando do seu fechamento). Entretanto,
por se tratar de um “pedágio para entrar na festa” esse aumento
patrimonial é registrado diretamente dentro do Patrimônio Líquido, sem
transitar por conta de resultado, como Reserva de Capital.
O motivo para que a Lei das S/A tivesse determinado esse tratamento
às Reservas de Capital é decorrente de uma decisão política (de
incentivo à capitalização das empresas29) porque os valores registrados
como Reservas de Capital – apesar de consistirem em aumento de
patrimônio (que subsume-se ao conceito de renda) – não são
consideradas receitas e, portanto, não influenciam o valor das
participações no resultado, dos dividendos e não são tributado pelo
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. Isso é confirmado pelo disposto
no art. 442 do Decreto 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de
Renda), a seguir:
Art. 442. Não serão computadas na determinação do lucro
real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que
o contribuinte com a forma de companhia receber dos
subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título
de (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 38):
I - ágio na emissão de ações por preço superior ao valor
nominal, ou a parte do preço de emissão de ações sem
valor nominal destinadas à formação de reservas de
capital;
II - valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de
subscrição;
III - prêmio na emissão de debêntures;
IV - lucro na venda de ações em tesouraria.
Resumidamente, podemos dizer que “as reservas de capital consistem
em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam registrados como
receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se deu por um

29
Partindo-se do pressuposto de que, quanto mais dinheiro nas empresas, mais
empregos serão gerados e melhor funcionará a economia do país.

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motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele é
diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
Entendemos que esse é um critério didático, e adequado, para definir as
reservas de capital.
Em tempo, as reservas de capital, como aportes de recursos para
reforço do patrimônio da empresa, não podem ter qualquer destinação.
Nesse sentido, a Lei das S/A, em seu art. 200 determina que as
reservas de capital somente podem ser utilizadas para: (a) absorção de
prejuízos; (b) resgate, reembolso ou compra de ações30; (c) resgate de
partes beneficiárias (conforme será apresentado neste item); (d)
incorporação ao capital social e (e) pagamento de dividendos a ações
preferenciais (com dividendo mínimo ou fixo). Para fins de clareza,
reproduzimos – a seguir – o texto do dispositivo citado:
Art. 200. As reservas de capital somente poderão ser
utilizadas para:
I - absorção de prejuízos que ultrapassarem os lucros
acumulados e as reservas de lucros (artigo 189, parágrafo
único);
II - resgate, reembolso ou compra de ações;
III - resgate de partes beneficiárias;
IV - incorporação ao capital social;
V - pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando
essa vantagem lhes for assegurada (artigo 17, § 5º).
Parágrafo único. A reserva constituída com o produto da
venda de partes beneficiárias poderá ser destinada ao
resgate desses títulos.
A seguir, analisaremos – em específico – cada uma das reservas de
capital existentes e compararemos sua definição com aquela do
parágrafo acima.

5.4.1 Ágio na emissão de ações

5.4.1.1 O conceito de ágio e de ágio na emissão de ações


Para compreender o sentido do elemento patrimonial “Ágio na emissão
de ações”, registrado como reserva de capital, faz-se necessário definir,
com clareza, o conceito de ágio. O ágio é o fenômeno que ocorre
quando “é cobrado, por um bem, um valor acima do preço pré-definido

30
Conceitos que serão detalhadamente estudados no item que trata de ações em
tesouraria.

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para esse bem”. Em outras palavras, ágio é “a diferença – a maior –
entre: (1) o valor cobrado por um bem e (2) o valor pré-definido para
esse bem”.
Desde já, devemos separar a idéia de ágio da idéia de algo caro (de
preço elevado), pois, um bem que apresenta ágio não deve –
necessariamente – ser considerado caro. Com efeito, consideramos
caros os bens que temos dificuldade de adquirir, por terem preços
elevados em relação a nosso padrão de renda; ao passo que o ágio
ocorre quando é cobrado um valor além daquele pré-definido para o
bem (valor esse que pode ser, ainda, considerado razoável, em
comparação com nosso padrão de renda).
Para ilustrar a afirmação do parágrafo anterior, remeto o aluno aos
acontecimentos ocorridos em 1987 (quando do ocaso do Plano
Cruzado)31. Naquele tempo, os preços eram tabelados, portanto, havia
valor pré-definido para todos os bens no mercado. Ocorre que houve
escassez de alguns bens como, por exemplo, automóveis e carne bovina
(pois o preço, provavelmente, estaria defasado, tirando o interesse dos
produtores em produzir e oferecer o produto aos consumidores). Nessa
situação, quem quisesse adquirir um automóvel (ou, simplesmente,
comer carne diariamente) tinha dificuldades de fazê-lo, apesar de ter
dinheiro para isso. Assim, ocorreu o fenômeno do ágio: para se adquirir
automóveis ou carne, alguns consumidores concordavam em pagar um
valor acima daquele pré-definido para esses bens, pois considerava o
total – ainda – razoável, em relação a seu padrão de consumo.
Repare que atualmente não há tabelamento de preços e, portanto, não
há ágio – ainda que consumidores (como é o meu caso) considerem o
preço a ser pago por um automóvel muito caro.
Visto o conceito de ágio, vamos aplicá-lo ao fenômeno da emissão de
ações.
Em Sociedades Anônimas, o valor do capital social e a quantidade de
ações em que ele se divide é determinado pelo estatuto, que também
pode estabelecer seu valor nominal, conforme art. 11 da Lei das S/A, a
seguir:
Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se
divide o capital social e estabelecerá se as ações terão, ou
não, valor nominal.
Caso haja valor nominal, ele será igual para todas as ações, sendo
proibida a emissão de ações por valor inferior ao valor nominal. No caso

31
Peço desculpas se o aluno ainda não era nascido na época, mas quem viveu aqueles
dias jamais os esquecerá. Aos demais, recomendo uma leitura sobre os
acontecimentos daquele período.

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de emissão de ações sem valor nominal, pode ser determinado que uma
parte seja destinada à formação da reserva de capital – ágio na emissão
de ações.
Na emissão de ações ocorre o seguinte:
(1) há um aumento do capital social subscrito e
(2) são criadas novas ações
i. no caso de ações com valor nominal, elas
apresentam o mesmo valor nominal daquelas
anteriormente existentes;
ii. no caso de ações sem valor nominal, elas são
emitidas em número compatível com o valor do
aumento do capital (de forma que a divisão do novo
capital subscrito pelo novo número de ações
emitidas seja idêntica à divisão do capital social
anteriormente existente pelo antigo número de
ações emitidas).
Assim, no caso de ações com valor nominal, o somatório do valor
nominal das novas ações emitidas deve ser igual ao valor do aumento
do capital social subscrito. Da mesma forma, no caso de ações sem
valor nominal, o valor da divisão do capital pela quantidade de ações
deverá permanecer constante. Ao subscritor (futuro acionista) é
oferecida uma determinada quantidade desse título, que tem um valor
pré-definido (conforme acima descrito).
Saliente-se que a ação tem um valor pré-definido (o valor do capital
social subscrito dividido pelo número de ações emitidas), denominado
valor nominal, no caso de ações com valor nominal.
O ágio na emissão de ações é o valor da contribuição do subscritor que
ultrapassar o valor nominal das ações por ele adquiridas. No caso de
emissão de ações sem valor nominal, o ágio na emissão de ações será o
valor da contribuição do subscritor que ultrapassar a importância
destinada ao capital social.
Importante ressalvar que a contribuição do subscritor não
necessariamente deve ocorrer em dinheiro, nos termos do art. 7o da Lei
das S/A, abaixo:
Art. 7º O capital social poderá ser formado com
contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens
suscetíveis de avaliação em dinheiro.
Assim, o ágio ocorre quando o valor em dinheiro, ou o valor dos bens ou
o valor dos direitos ou, ainda o valor do perdão da dívida (na conversão
de debêntures em ações) for maior do que o valor nominal das ações

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emitidas (ou, no caso de ações sem valor nominal, for maior do que o
valor do aumento de capital realizado).
Na conta capital social, as ações só podem figurar por seu valor
nominal. O excedente, ou seja, a diferença positiva paga pelos
sócios/acionistas para aquisição das ações deverá ser levada a uma
conta de reserva de capital, que recebe essa denominação.
Já foram vistos os conceitos de ágio e de ágio na emissão de ações.
Resta, agora, contextualizar esses conceitos, ou seja, apresentar as
situações que ensejam o fenômeno do ágio na emissão de ações.

5.4.1.2 Motivo para ocorrência de ágio na emissão de


ações e exemplo de contabilização
Geralmente o motivo para a ocorrência de ágio na emissão de ações é a
existência de lucros apurados em períodos anteriores e guardados em
reservas de lucro ou, ainda, a probabilidade de lucro futuro, conforme
exemplo a seguir.
Imagine uma sociedade anônima, denominada Tamancos & Tamancos
S/A, cujo objeto seja a compra e venda de tamancos, que tenha sido
criada em 01/01/2005, com um capital de R$ 10.000,00 (representado
por 10.000 ações ordinárias, de valor nominal R$ 1,00 cada) subscrito e
realizado em dinheiro por dez acionistas (1.000 ações cada acionista),
resultando na situação patrimonial a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 10.000,00 Obrigações -

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 10.000,00
(-) Capital a Realizar -
-----------------
(=) Capital Realizado 10.000,00

Considere que, no ano de 2005, essa companhia (Tamancos &


Tamancos S/A) tenha tido um – inusitado – sucesso, auferindo lucro de
20.000,00 que, conforme proposta da Diretoria, foi 50% destinado a
dividendos e 50% destinado a reservas. Nessa situação, o patrimônio
final ficou conforme a seguir representado.

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Ativo Passivo
Caixa 30.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 10.000,00
(-) Capital a Realizar -
-----------------
(=) Capital Realizado 10.000,00

Reservas de lucro 10.000,00

Na situação acima, os acionistas – animados – decidem incrementar


suas operações e, para isso, necessitam de recursos. Novos recursos
podem ser obtidos através de empréstimos e financiamentos bancários
(capital de terceiros – que são remunerados por juros) ou através de
capital próprio (via aumento de capital, com emissão de novas ações,
que são remuneradas com dividendos). Considere, em nosso exemplo,
que os acionistas decidiram obter novos recursos na forma de capital
próprio e deliberaram aumento de capital com emissão de novas 10.000
ações.
Como cada ação deve ter o mesmo valor nominal, o aumento de capital
deverá ser de R$ 10.000,00 para R$ 20.000,00 e os novos acionistas
deverão adquirir ações no valor nominal (pré-definido) de R$ 10.000,00.
Ocorre que, nesse momento, os antigos acionistas reúnem-se e
deliberam o valor que deverá ser cobrado dos novos acionistas, pelas
novas ações emitidas. Os antigos acionistas não acham justo que os
novos acionistas adquiram ações pelo mesmo preço que eles haviam
adquirido no ano anterior (R$ 1,00 cada), por dois motivos:
a) porque, quando ações são adquiridas, seu titular passa a
ter direito a uma fração ideal de todo o patrimônio e, em
01/01/2005, não havia nada no patrimônio, mas agora,
em 31/12/2005, há – além do valor inicialmente colocado
pelos acionistas fundadores – o valor de R$ 10.000,00
oriundo de lucros auferidos e registrados e reservas de
lucro;
b) porque agora há muito mais probabilidade de lucro futuro
(pois o negócio já se mostrou rentável) do que no início
(quando era uma incógnita a aceitação de tamancos pelo
mercado).
Assim, os acionistas fundadores decidem que aceitarão novos acionistas
no quadro societário, desde que eles paguem, pelas novas ações

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emitidas, além de seu valor nominal, um valor adicional, denominado
“Ágio na emissão de ações”:
- valor nominal das novas ações: R$ 1,00;
- valor a ser pago por cada nova ação: R$ 2,50;
- ágio por ação: R$ R$ 2,50 (-) R$ 1,00 (=) R$ 1,50;
- quantidade de novas ações emitidas: 10.000 ações;
- valor do ágio na emissão de ações: R$ 1,50 (x) 10.000 (=) R$
15.000,00.
A contabilização do aumento de capital se dá em dois momentos (na
subscrição e na realização com ágio), conforme a seguir:
a) Subscrição de capital – no valor de R$ 10.000,00
D = Capital a Realizar
1 - C = a Capital Social subscrito 10.000,00
b) Integralização (ou Realização do capital) – no valor de R$ 25.000,00
D= Caixa 25.000,00
2- C=a Diversos
C=a Capital a realizar 10.000,00
C=a Reserva de capital - ágio na emissão de ações 15.000,00

Após a emissão de ações com ágio, aumento do capital e entrada dos


novos acionistas no quadro societário, o patrimônio final ficou conforme
a seguir apresentado.

Ativo Passivo
Caixa 55.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

5.4.1.3 Conclusão e apresentação do funcionamento


esquemático da Reserva de capital – ágio na emissão
de ações
Repare que, no exemplo acima, os novos acionistas entregaram R$
25.000,00 à Companhia (Tamancos & Tamancos S/A), mas a
Companhia somente lhes entregou ações no valor de R$ 10.000,00. Os
demais R$ 15.000,00 foram entregues graciosamente à companhia,
aumentando seu patrimônio. Esse aumento de patrimônio deveria ser,

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normalmente, registrado como receita; porém, ele se deu por um
motivo especial, qual seja: os novos acionistas pagaram um “Pedágio
para entrar na festa” (para participar do quadro societário e, no futuro,
participar dos lucros da companhia), portanto, esse aumento patrimonial
foi registrado diretamente em conta do Patrimônio Líquido – Reserva de
capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – ágio na emissão de
ações, conforme tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva de capital - ágio na emissão de ações


Débitos Créditos
de natureza credora si
na realização de capital em valor superior ao valor da ação 1
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
no aumento de capital (com ágio) 2
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
3 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
4 na capitalização da reserva
(com contrapartida na conta Capital Subscrito)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.4.2 Prêmio na emissão de debêntures

5.4.2.1 Conceito de debêntures


O conceito de debêntures foi detalhadamente apresentado,
anteriormente nesta aula, quando do estudo do passivo exigível.
Apenas a título ilustrativo, e de recordação, cabe lembrar que as
debêntures são títulos próprios e privativos das sociedades anônimas;
que representam um instrumento alternativo às ações e aos

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empréstimos bancários, para captação de recursos necessários à
consecução das atividades sociais da companhia.
As debêntures diferem das ações, porque, enquanto estas são títulos de
propriedade, ou seja, o detentor de ações é titular de parcela do
patrimônio da companhia investida, as debêntures são títulos que
atribuem a seu possuidor direito de crédito contra a companhia
emitente. Em outras palavras, a debêntures são títulos de dívida da
empresa, ou seja, “promissórias metidas a besta”.
As debêntures, entretanto, diferem – também – dos empréstimos
bancários porque eles são contratados com instituições financeiras
enquanto as debêntures são oferecidas ao público, como uma forma
alternativa de financiamento – fugindo das altas taxas de juros exigidas
pelas instituições financeiras.
As debêntures, assim como as ações, somente podem ser emitidas na
forma nominativa, sendo vedada a emissão de debêntures ao portados
desde o advento da Lei n° 8.021, de 1990.

5.4.2.2 O prêmio na emissão de debêntures – conceito e


exemplo
Se o preço das debêntures superar seu valor nominal, a diferença
constituirá o prêmio, a ser registrado como reserva de capital. Isso
acontecerá quando as condições dadas às debêntures (garantias, juros,
atualização monetária ou participação no resultado) forem tão boas a
ponto de as tornar atraentes, mesmo com o pagamento de um adicional
ao valor de sua emissão.
Uma situação em que, geralmente, ocorre prêmio na emissão de
debêntures é aquela em que a companhia emitente determina, em sua
escritura de emissão da série de debêntures, a possibilidade de
pagamento de participação no lucro para os debenturistas. Se essa
companhia for reconhecidamente uma companhia lucrativa, essa
característica pode ser interessante para vários potenciais debenturistas.
Assim, esses interessados podem concordar em pagar um preço
superior pelo título (acima daquele inicialmente definido na escritura de
emissão).
Ilustrando a situação, seja a companhia Tamancos & Tamancos S/A,
que, em 01/01/2006, após o aumento de capital e a entrada dos novos
acionistas, apresenta a seguinte situação patrimonial:

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Ativo Passivo
Caixa 55.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

Considere que a companhia, necessitando de mais recursos para suas


atividades resolve lançar uma série de 10.000,00 debêntures, com valor
nominal R$ 1,00, cada totalizando uma dívida (a ser contraída pela
companhia) no valor de R$ 10.000,00, pagando juros e participação nos
lucros aos debenturistas.
Ocorre que, no mercado, esse título foi muito bem recebido, havendo
mais procura do que oferta. Nessa situação, o equilíbrio é encontrado
quando alguns dos interessados se diferenciam dos demais por oferecer
um valor maior pelo título, por exemplo, R$ 1,20 por título (R$ 1,00 por
seu valor nominal e R$ 0,20 a título de “Prêmio na emissão de
debêntures”).
Nessa situação, o lançamento contábil – relativo à emissão de
debêntures com prêmio – será o seguinte:
D = Caixa 12.000,00
1 - C = a Diversos
C = a Debêntures a pagar 10.000,00

C = a Reserva de capital - prêmio na emissão de debêntures 2.000,00

Após o registro acima, a situação patrimonial da empresa Tamancos &


Tamancos S/A será conforme apresentado abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 67.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

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5.4.2.3 Conclusão e apresentação do funcionamento
esquemático da Reserva de capital – prêmio na
emissão de debêntures
Repare que, no exemplo acima, os debenturistas entregaram R$
12.000,00 à companhia (Tamancos & Tamancos S/A), mas a companhia
somente se comprometeu a pagar-lhes uma dívida de R$ 10.000,00. Os
demais R$ 2.000,00 foram entregues graciosamente à companhia,
aumentando seu patrimônio. Esse aumento de patrimônio deveria ser,
normalmente, registrado como receita; porém, ele se deu por um
motivo especial, qual seja: os debenturistas pagaram um “Pedágio para
entrar na festa” (para, no futuro, participar dos lucros da companhia),
portanto, esse aumento patrimonial foi registrado diretamente em conta
do Patrimônio Líquido – Reserva de capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – prêmio na emissão
de debêntures, conforme tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva de capital - prêmio na emissão de debêntures


Débitos Créditos
de natureza credora si
na emissão da série de debêntures 1
(com recebimento de valor superior ao valor nominal do título)
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
2 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
3 na capitalização da reserva
(com contrapartida na conta Capital Subscrito)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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5.4.3 Alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição

5.4.3.1 Partes Beneficiárias – conceito


Partes beneficiárias consistem – também – em títulos privativos de
sociedades por ações, conforme definido no art. 46 da Lei das S/A, a
seguir transcrito em parte:
Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos
negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital
social, denominados "partes beneficiárias".
§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares
direito de crédito eventual contra a companhia, consistente
na participação nos lucros anuais (artigo 190).
Pelos termos acima apresentados, percebe-se que as Partes
beneficiárias são títulos estranhos ao capital social, o qual confere a seu
titular apenas direito de participação nos lucros. Partes Beneficiárias
não se confundem com ações porque não dão, a seus titulares, direito a
uma parcela do patrimônio da companhia, nem a participar de sua
administração. Ainda, Partes Beneficiárias não se confundem com
debêntures porque não dão a seus titulares direitos creditórios contra a
companhia.
Portanto, ao titular de partes beneficiárias somente é deferido um
eventual direito de participação nos lucros da companhia. A palavra
eventual (textualmente constante do art. 46 da Lei das S/A) é
elucidativa. Não há qualquer obrigação da empresa para com os
detentores das partes beneficiárias porque sua eventual participação nos
futuros lucros da companhia está condicionada (condição é evento
futuro e incerto) à existência de futuros lucros – o que pode
(teoricamente) nunca ocorrer.
A título informativo, cabe colocar que, de acordo com o art. 47 da Lei
das S/A, a seguir transcrito em parte, as companhias abertas não
podem emitir partes beneficiárias:
Art. 47. ...
Parágrafo único. É vedado às companhias abertas emitir
partes beneficiárias.
A participação atribuída às partes beneficiárias (a serem entregues aos
titulares ou para formação de reserva para resgate do título –
reaquisição e retirada de circulação) não pode ultrapassar 10% dos
lucros, nos termos do art. 46 § 2o da Lei das S/A, abaixo:
Art. 46. ...
§ 2º A participação atribuída às partes beneficiárias,
inclusive para formação de reserva para resgate, se
houver, não ultrapassará 0,1 (um décimo) dos lucros.

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O estatuto deve determinar o prazo de duração das partes beneficiárias
e, se estipular resgate do título, deve prever a formação de reserva com
essa finalidade, nos termos do art. 48 Lei das S/A, abaixo:
Art. 48. O estatuto fixará o prazo de duração das partes
beneficiárias e, sempre que estipular resgate, deverá criar
reserva especial para esse fim.
§ 1º O prazo de duração das partes beneficiárias atribuídas
gratuitamente, salvo as destinadas a sociedades ou
fundações beneficentes dos empregados da companhia,
não poderá ultrapassar 10 (dez) anos.
§ 2º O estatuto poderá prever a conversão das partes
beneficiárias em ações, mediante capitalização de reserva
criada para esse fim.
§ 3º No caso de liquidação da companhia, solvido o
passivo exigível, os titulares das partes beneficiárias terão
direito de preferência sobre o que restar do ativo até a
importância da reserva para resgate ou conversão.
Há autores que entendem que não seria tecnicamente correta a
constituição de uma reserva para resgate das partes beneficiárias, mas
sim a constituição de uma provisão (no passivo). Neste curso, seguindo
a letra da Lei das S/A, consideraremos a formação de uma reserva, que
será uma reserva de lucro, estatutária32.
As partes beneficiárias, assim como as ações e as debêntures, devem
ser nominativas – não sendo possível a emissão deste título ao
portador, desde o advento da Lei n° 8.021, de 1990.

5.4.3.2 Alienação de partes beneficiárias


As partes beneficiárias podem ser, alternativamente: (1) atribuídas a
fundadores ou outras figuras relevantes para a companhia ou (2)
alienadas, nas condições determinadas pelo estatuto ou pela
assembléia-geral; nos termos do caput do art. 47 da Lei das S/A, a
seguir:
Art. 47. As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela
companhia, nas condições determinadas pelo estatuto ou
pela assembléia-geral, ou atribuídas a fundadores,
acionistas ou terceiros, como remuneração de serviços
prestados à companhia.
No caso de alienação gratuita de partes beneficiárias, não há o que se
falar em lançamento contábil, visto que não há entrada de qualquer bem
ou direito no patrimônio, nem o nascimento de qualquer obrigação
(afinal, conforme esclarecido acima, a futura participação no lucro será

32
As reservas de lucro serão estudadas a seguir nesta aula.

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eventual – sob condição da ocorrência do referido lucro). Já, no caso de
alienação onerosa, há registro a ser realizado, posto que ingressará
dinheiro em caixa (ou outro bem qualquer – no ativo).

5.4.3.3 Exemplo e contabilização


Para ilustrar os conceitos acima colocados, propomos o seguinte
exemplo:
Seja uma companhia fundada por um casal, com pouco estudo, mas –
ambos – muito inteligentes e trabalhadores. Após 30 anos de muito
trabalho, a companhia cresceu e se tornou uma grande empresa.
Pois bem, este casal teve dois filhos, que tiveram formação esmerada
(colégios particulares, línguas estrangeiras, faculdade e mestrado nos
Estados Unidos da América, bem como doutorado na Europa). Ao
retornarem ao Brasil, os filhos – após tecerem várias críticas ácidas à
maneira arcaica com que os pais administravam a companhia –
receberam dos pais (como adiantamento da legítima) as ações da
companhia; os pais lhes pediram apenas uma mesada “para viver a
velhice em paz”.
Os filhos, conhecedores do Direito Societário, então, ofereceram aos
pais um título societário que: (1) não lhes daria direito ao patrimônio da
companhia; (2) não lhes daria direito creditório contra a companhia e
(3) não lhes daria direito a participar da administração da companhia,
mas (4) lhes daria direito a um percentual dos lucros eventualmente
auferidos pela companhia nos próximos anos. Tratava-se justamente do
título em tela: “Partes Beneficiárias”.
Até aqui esta história é apenas de suspense, pois, pela inexperiência dos
filhos (apesar de sua incontestável formação acadêmica), a
probabilidade de eventual lucro futuro a ser auferido pela companhia
ficou – na minha humilde opinião – menor do que com os “velhos” à
frente do negócio. Mas a história não para por aí...
Se a alienação das partes beneficiárias, oferecidas aos pais, fosse
gratuita, pelo menos eles não teriam desembolsado qualquer valor para
receber tal título. Assim, do ponto de vista do patrimônio da
companhia, não haveria qualquer fato contábil a ser registrado.
Ocorre que os filhos, de olho grande, resolveram alienar onerosamente
essas partes beneficiárias aos pais – o que torna nossa história uma
história não somente de suspense, mas também de terror. Revela-se
aqui que os filhos, além de inexperientes, eram, também, desnaturados.
Vejam a situação, os pais, após desembolsarem suas economias para
adquirir as partes beneficiárias emitidas, nunca mais receberam nada,

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porque (no nosso exemplo) a companhia nunca mais deu lucro... e
viveram todos (in)felizes para sempre.
Considere, para ilustração da história acima, como situação patrimonial
imediatamente anterior à emissão e alienação das partes beneficiárias, a
situação da companhia Tamancos & Tamancos S/A, logo após o
lançamento das debêntures (em 01/01/2006):

Ativo Passivo
Caixa 67.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

Nessa situação, o lançamento contábil da alienação onerosa das partes


beneficiárias (considerando o valor de R$ 50.000,00) para sua emissão,
seria o seguinte:
D = Caixa
1 - C = a Reserva de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Após o lançamento acima apresentado, a situação patrimonial da
companhia Tamancos & Tamancos S/A seria a seguinte:

Ativo Passivo
Caixa 117.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

5.4.3.4 Resgate das partes beneficiárias e conversão de


partes beneficiárias em ações
Conforme visto acima, o art. 48 da Lei das S/A dispõe que e estatuto,
caso estipule resgate das partes beneficiárias, determinará a criação de
reserva (de lucro) para esse fim. Adicionalmente, o art. 200 da Lei das

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S/A permite que a reserva constituída com o produto da venda das
partes beneficiárias seja destinada ao resgate dos títulos, conforme a
seguir:
Art. 200. ...
Parágrafo único. A reserva constituída com o produto da
venda de partes beneficiárias poderá ser destinada ao
resgate desses títulos.
A interpretação sistemática dos dispositivos acima revela que o resgate
pode ser realizado, alternativamente, mediante a utilização da reserva
de lucro constituída para o resgate do título ou mediante a utilização da
própria reserva de capital decorrente da alienação do título. A seguir,
encontram-se apresentados os lançamentos de resgate de partes
beneficiárias das duas possíveis formas:
1) utilização de reserva de lucro para resgate das partes
beneficiárias
i. constituição da reserva de lucro (estatutária)
D = Lucros ou Prejuízos acumulados (LPA)
1 - C = a Reserva de lucros - estatutária 50.000,00
ii. resgate das partes beneficiárias
D = Reserva de lucros - estatutária
2 - C = a Caixa 50.000,00
2) utilização da reserva de capital para resgate das partes
beneficiárias
D = Reserva de capital - alienação de partes beneficiárias
1 - C = a Caixa 50.000,00
o
Ainda, de acordo com o disposto no § 2 do art. 48 da Lei das S/A, o
estatuto pode prever a conversão das partes beneficiárias em ações,
mediante capitalização da reserva criada para esse fim. Ora, a
conversão em ações é uma forma indireta de resgate e, portanto, ela
poderá se dar tanto pela utilização da reserva de lucro criada com o fim
de resgate do título, quando pela utilização da reserva de capital
decorrente da alienação do título. A seguir, encontram-se apresentados
os lançamentos de conversão de partes beneficiárias em ações das duas
possíveis formas:
1) utilização de reserva de lucro para resgate das partes
beneficiárias
i. constituição da reserva de lucro (estatutária)
D = Lucros ou Prejuízos acumulados (LPA)
1 - C = a Reserva de lucros - estatutária 50.000,00
ii. resgate das partes beneficiárias

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D = Reserva de lucros - estatutária
2 - C = a Capital Social Subscrito 50.000,00
2) utilização da reserva de capital para resgate das partes
beneficiárias
D = Reserva de capital - alienação de partes beneficiárias
1 - C = a Capital Social Subscrito 50.000,00

5.4.3.5 Conclusão e apresentação do funcionamento


esquemático da reserva de capital decorrente da
alienação de partes beneficiárias
Repare que, no exemplo de alienação de partes beneficiárias acima, os
adquirentes do título (titulares das partes beneficiárias) entregaram R$
50.000,00 à companhia (Tamancos & Tamancos S/A), mas a companhia
não lhes entregou (nem se comprometeu a lhes entregar)
absolutamente nada – a não ser sob condição. Assim, os R$ 50.000,00
foram entregues graciosamente à companhia, aumentando seu
patrimônio. Esse aumento de patrimônio deveria ser, normalmente,
registrado como receita; porém, ele se deu por um motivo especial, qual
seja: os titulares das partes beneficiárias pagaram um “Pedágio para
entrar na festa” (para, no futuro, poder participar dos lucros da
companhia), portanto, esse aumento patrimonial foi registrado
diretamente em conta do Patrimônio Líquido – Reserva de capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – alienação de partes
beneficiárias, conforme tabela a seguir.

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva de capital - alienação de partes beneficiárias


Débitos Créditos
de natureza credora si
na emissão/alienação onerosa das partes beneficiárias 1
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
2 no resgate do título
(com contrapartida na conta caixa)
3 na cconversão do título em ações
(com contrapartida na conta Capital Subscrito)
4 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.4.3.6 Bônus de subscrição – conceito


Os bônus de subscrição são títulos emitidos por sociedades anônimas,
dentro dos limites do capital autorizado no estatuto, que conferem a
seus titulares (de acordo com as condições constantes do certificado) o
direito de subscrever ações do capital social mediante o conseqüente
pagamento do valor das ações emitidas, conforme art. 175 da Lei das
S/A, a seguir transcrito:
Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de
aumento de capital autorizado no estatuto (artigo 168),
títulos negociáveis denominados "Bônus de Substituição".
Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos
seus titulares, nas condições constantes do certificado,
direito de subscrever ações do capital social, que será
exercido mediante apresentação do título à companhia e
pagamento do preço de emissão das ações.
Os bônus de subscrição podem ser alienados pela companhia ou
atribuídos, como vantagem adicional, aos subscritores de suas ações ou
debêntures.
Em sociedades anônimas, os acionistas têm preferência na aquisição de
novas ações emitidas, com o fito de manter seu percentual de
participação no capital social (a redução desse percentual é denominado
– no jargão da área – de diluição do acionista33). Os bônus de

33
Sobre o assunto, ver item “Variação do percentual de participação societária” na
aula que trata de participações societárias, adiante neste curso.

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subscrição são utilizados justamente com o objetivo de quebrar essa
preferência, fazendo com que os acionistas abram mão do direito de
subscrever e integralizar as novas ações emitidas, permitindo que
terceiros (desde que detentores dos bônus de subscrição) o façam, nos
termos dos arts. 109, 171 e 172 da Lei das S/A:
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral
poderão privar o acionista dos direitos de:
...
IV - preferência para a subscrição de ações, partes
beneficiárias conversíveis em ações, debêntures
conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o
disposto nos artigos 171 e 172;

Art. 171. Na proporção do número de ações que


possuírem, os acionistas terão preferência para a
subscrição do aumento de capital.
...
§ 3º Os acionistas terão direito de preferência para
subscrição das emissões de debêntures conversíveis em
ações, bônus de subscrição e partes beneficiárias
conversíveis em ações emitidas para alienação onerosa;
mas na conversão desses títulos em ações, ou na
outorga e no exercício de opção de compra de ações,
não haverá direito de preferência.

Art. 172. O estatuto da companhia aberta que contiver


autorização para o aumento do capital pode prever a
emissão, sem direito de preferência para os antigos
acionistas, ou com redução do prazo de que trata o § 4o
do art. 171, de ações e debêntures conversíveis em ações,
ou bônus de subscrição, cuja colocação seja feita
mediante:
I - venda em bolsa de valores ou subscrição pública; ou
II - permuta por ações, em oferta pública de aquisição de
controle, nos termos dos arts. 257 e 263.
(Grifos na transcrição).
A melhor metáfora para se entender a o conceito de bônus de
subscrição é a “metáfora do cambista”, a seguir apresentada.
Considere a ocorrência de um grande jogo de futebol (uma final de
campeonato) como, por exemplo, um Fla x Flu, no Rio de Janeiro, ou
um Gre x Nal, no Rio Grande do Sul; a ser realizada em um domingo à
tarde. Nesse caso, desde a quinta feira, pela manhã, perto das
arquibancadas do estádio (Maracanã ou Beira Rio) já vai haver gente

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sentada nas calçadas, esperando a bilheteria abrir para adquirir seu
ingresso.
Ocorre que nem todas essas pessoas estão lá para adquirir o ingresso e
assistir ao jogo. Algumas delas estão ali apenas para guardar o lugar na
fila para terceiros. Esses terceiros, no domingo, pagarão um valor às
pessoas que ficaram na fila desde a quinta feira, para tomar seu lugar e
pode adquirir seu ingresso de forma tranqüila.
Essa é a idéia do bônus de subscrição: um valor pago à companhia para
“furar a fila dos acionistas”, na aquisição de novas ações a serem
emitidas.

5.4.3.7 Alienação de bônus de subscrição


Os bônus de subscrição podem ser alienados pela companhia ou
atribuídos, como vantagem adicional, aos subscritores de suas ações ou
debêntures, nos termos do art. 77 da Lei das S/A, abaixo:
Art. 77. Os bônus de subscrição serão alienados pela
companhia ou por ela atribuídos, como vantagem
adicional, aos subscritos de emissões de suas ações ou
debêntures.
Parágrafo único. Os acionistas da companhia gozarão, nos
termos dos artigos 171 e 172, de preferência para
subscrever a emissão de bônus.
No caso de alienação gratuita de bônus de subscrição, não há o que se
falar em lançamento contábil, visto que não há entrada de qualquer bem
ou direito no patrimônio, nem o nascimento de qualquer obrigação
(afinal, são os antigos acionistas que estão sendo obrigados a aceitar,
eventualmente, um novo indivíduo no quadro societário), isso não traz
qualquer obrigação para a empresa. Já, no caso de alienação onerosa,
há registro a ser realizado, posto que ingressará dinheiro em caixa (ou
outro bem qualquer – no ativo).
A seguir, apresentamos um caso exemplificativo de emissão e alienação
onerosa de bônus de subscrição.
Considere, como situação patrimonial imediatamente anterior à emissão
e alienação das partes beneficiárias, a situação da companhia Tamancos
& Tamancos S/A, logo após a emissão e alienação onerosa das partes
beneficiárias (em 01/01/2006):

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Ativo Passivo
Caixa 117.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

Nessa situação, o lançamento contábil da alienação onerosa de bônus de


subscrição (considerando o valor de R$ 5.000,00) para sua emissão,
seria o seguinte:
D = Caixa
1 - C = a Reserva de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Após o lançamento acima apresentado, a situação patrimonial da
companhia Tamancos & Tamancos S/A seria a seguinte:

Ativo Passivo
Caixa 122.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

5.4.3.8 Conclusão e apresentação do funcionamento


esquemático da reserva de capital decorrente da
alienação de bônus de subscrição
Repare que, no exemplo de alienação de bônus de subscrição acima, os
adquirentes do título (titulares dos bônus de subscrição) entregaram R$
5.000,00 à companhia (Tamancos & Tamancos S/A), mas a companhia
não lhes entregou (nem se comprometeu a lhes entregar)
absolutamente nada – a não ser sob condição de ulterior subscrição e
integralização de capital. Assim, os R$ 5.000,00 foram entregues
graciosamente à companhia, aumentando seu patrimônio. Esse

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aumento de patrimônio deveria ser, normalmente, registrado como
receita; porém, ele se deu por um motivo especial, qual seja: os
titulares das partes beneficiárias pagaram um “Pedágio para entrar na
festa” (para, no futuro, tornarem-se acionistas e, assim, poderem
participar dos lucros da companhia), portanto, esse aumento patrimonial
foi registrado diretamente em conta do Patrimônio Líquido – Reserva de
capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – alienação de bônus
de subscrição, conforme tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva de capital - alienação de bônus de subscrição


Débitos Créditos
de natureza credora si
na emissão/alienação onerosa das partes beneficiárias 1
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
2 na capitalização da reserva
(com contrapartida em Capital Social Subscrito)
3 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.4.4 Doações e subvenções para investimentos

5.4.4.1 Doações
De acordo com o art. 182 da Lei das S/A, devem ser registrados como
reserva de capital toda e qualquer doação ou subvenção, desde que
destinada a investimento. Abaixo, encontra-se reproduzido, em parte, o
referido dispositivo:
Art. 182. ...

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§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas
que registrarem:
...
d) as doações e as subvenções para investimento.
Entretanto, de acordo com a Legislação do Imposto de Renda, Decreto
3.000, de 1999, em seu art. 443, somente as doações e subvenções,
para investimento, e feitas pelo Poder Público, devem ser registradas
como reservas de reavaliação e, conseqüentemente, serem excluídas da
tributação. Abaixo, encontra-se transcrito o citado dispositivo.
Art. 443. Não serão computadas na determinação do lucro
real as subvenções para investimento, inclusive mediante
isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo
à implantação ou expansão de empreendimentos
econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, desde
que (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 38, § 2º, e
Decreto-Lei nº 1.730, de 1979, artigo 1º, inciso VIII):
I - registradas como reserva de capital que somente
poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser
incorporada ao capital social, observado o disposto no
artigo 545 e seus parágrafos; ou
II - feitas em cumprimento de obrigação de garantir a
exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para
absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas.
O entendimento da Secretaria da Receita Federal é de que as doações
recebidas de pessoas físicas ou de pessoas jurídicas de direito privado
devem ser registradas como receitas, integrando o lucro e,
conseqüentemente, a base de cálculo do Imposto de Renda.
Adicionalmente, no caso de descumprimento desse procedimento (ou
seja, caso a doação não seja registrada como receita), faz-se necessário
um ajuste (adição ao lucro líquido contábil) para apuração da base de
cálculo do Imposto de Renda (Lucro Real), conforme art. 249 do Decreto
3.000, de 1999, abaixo parcialmente reproduzido:
Art. 249. Na determinação do lucro real, serão adicionados
ao lucro líquido do período de apuração (Decreto-Lei nº
1.598, de 1977, artigo 6º, § 2º):
...
Parágrafo único. Incluem-se nas adições de que trata este
artigo:
...
VII - as doações, exceto as referidas nos artigos 365 e
371, caput (Lei nº 9.249, de 1995, artigo 13, inciso VI);
Como conclusão, podemos dizer que o procedimento correto é o de
registro de reserva de capital no caso de doação do Poder Público, ou
seja, de pessoa jurídica de direito público (União, Estados, Distrito

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Federal, Municípios, Autarquias e Fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público). Nos demais casos, deve ser registrada uma receita de
doações.
No caso de doação em dinheiro, não há qualquer dificuldade de registro,
bastando o registro do valor recebido a débito de caixa (ou bancos) e a
crédito de reserva de capital. A seguir, apresentamos o registro do
recebimento de uma doação de R$ 100.000,00 em dinheiro:
D = Caixa
1 - C = a Reserva de capital - doações do poder público 100.000,00
No caso de doação em bens, o registro é similar, devendo ser realizado
– porém – pelo seu valor de mercado, conforme item 2.4.1 da
Resolução CFC n° 774, de 1994, a seguir parcialmente reproduzido:
No caso de doações recebidas pela Entidade, também
existe a transação com o mundo exterior e, mais ainda,
com efeito quantitativo e qualitativo sobre o patrimônio.
Como a doação resulta em inegável aumento do
Patrimônio Líquido, cabe o registro pelo valor efetivo da
coisa recebida, no momento do recebimento, segundo o
valor de mercado.
Nesse caso, a avaliação deve ser realizada em conformidade com o que
determina a Lei das S/A, em seu art. 8o, ou seja, pela avaliação feita por
três peritos ou por uma empresa especializada (com a apresentação de
um laudo específico). A seguir, para fins de clareza, encontra-se
transcrito, em parte, o artigo citado.
Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos
ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-
geral dos subscritores, convocada pela imprensa e
presidida por um dos fundadores, instalando-se em
primeira convocação com a presença desubscritores que
representem metade, pelo menos, do capital social, e em
segunda convocação com qualquer número.
§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão
apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos
critérios de avaliação e dos elementos de comparação
adotados e instruído com os documentos relativos aos
bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que
conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que
lhes forem solicitadas.
Em tempo, para os efeitos do Imposto de renda, a Receita Federal
admite, nos termos do Parecer Normativo n° 209, de 19970, que – no
caso de bem imóvel recebido em doação – o registro seja realizado pelo
valor antes utilizado como base de cálculo do Imposto de Transmissão
de Bens Imóveis (da competência dos municípios).

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A seguir, apresentamos o registro do recebimento da doação de um
equipamento com valor de mercado avaliado em R$ 200.000,00,
considerando como situação patrimonial inicial aquela da companhia
Tamancos & Tamancos S/A em 01/01/2006, logo após a alienação dos
bônus de subscrição.

Ativo Passivo
Caixa 122.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

Com o recebimento da doação, deve ser realizado o seguinte


lançamento:
D = Máquinas e equipamentos
1 - C = a Reserva de capital - doações do poder público 200.000,00
A partir do lançamento acima, a situação patrimonial final passa a ser a
seguinte:

Ativo Passivo
Caixa 122.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
Máquinas e equipamentos 200.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Reservas de capital - doações do poder público 200.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

5.4.4.2 Subvenções para investimento


Ao se discutir a reserva de capital “subvenção para investimento”, o
primeiro problema que se apresenta é o de precisão do conceito de
subvenção. Nesse diapasão, De Plácido e Silva, em seu “Vocabulário
Jurídico”, apresenta o conceito de “subvenção”, conforme a seguir:
SUBVENÇÃO. Do latim subventio, de subvenire (vir em
socorro, ajudar), entende-se o auxílio, ou a ajuda

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pecuniária, que se dá a alguém, ou a alguma instituição,
no sentido de os proteger, ou para que realizem ou
cumpram os seus objetivos.
Juridicamente, a subvenção não tem o caráter nem de
paga nem de compensação. É mera contribuição
pecuniária destinada a auxílio ou em favor de uma pessoa,
ou de uma instituição, para que se mantenha, ou para que
execute os serviços ou obras pertinentes a seu objeto.
Ao Estado, em regra, cabe o dever de subvencionar
instituições que realizem serviços, ou obras de interesse
público, o qual, para isso, dispõe em leis especiais as
normas que devem ser atendidas para a concessão, ou
obtenção, de semelhantes auxílios, geralmente anuais.
Mas, no domínio do Direito Civil, também se admitem
subvenções dadas sob caráter de doação. E neste caso, o
beneficiado recebe, periodicamente, o auxílio pecuniário
que lhe é atribuído pelo doador.
Subvenção. É tomada a expressão, comumente, para
exprimir a própria quantia ou soma que serve de objeto
ao auxílio, ou à ajuda.
Pelo que foi colocado acima, depreende-se que uma subvenção é: (1)
um valor recebido, ou (2) uma obrigação perdoada; com o objetivo de
permitir ou facilitar e existência daquele que é beneficiado. Foi
colocado, acima, também, que a subvenção pode ser dada por qualquer
ente (não somente o Poder Público), mas – pela legislação tributária
acima analisada – conclui-se que somente devem ser registradas como
reservas de capital as subvenções recebidas do Poder Público.
De uma maneira simplificada, entenderemos as subvenções aqui
tratadas como uma ajuda financeira governamental (do Poder Público),
dada às companhias (pessoas jurídicas de direito privado), vinculadas a
uma aplicação específica relacionada com a atividade da empresa.
Visto o conceito de subvenção a que se refere este item, passamos a
discutir uma importante classificação das subvenções, diferenciando as
subvenções para custeio das subvenções para investimento. A
relevância dessa distinção reside nas suas conseqüências contábeis e
fiscais, pois somente as subvenções para investimentos devem ser
registradas como reserva de capital, sendo que as subvenções para
custeio devem ser registradas como receita.
As subvenções para custeio têm por finalidade a ajuda na manutenção
das atividades normais de uma companhia, podendo ser utilizada para
“custeio” da folha de pagamento, de despesas com juros cobrados por
instituições financeiras ou terceiros, para despesas em geral – inclusive
despesas de exercícios anteriores, que resultaram em prejuízos
acumulados – e etc.

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As subvenções para investimento são aquelas que se destinam à
realização de investimentos definidos como, por exemplo: (1) a
aquisição de instalações, máquinas ou equipamentos do ativo
permanente imobilizado; (2) a aquisição de terrenos; (3) a ampliação
ou modernização das edificações; etc.
Repetindo, somente as subvenções para investimento devem ser
registradas como reserva de capital, devendo as subvenções para
custeio ser registradas como receita. O registro contábil do recebimento
de uma subvenção para investimento é similar ao registro do
recebimento de uma doação.
Para exemplificar a questão, partiremos da situação patrimonial da
companhia Tamancos & Tamancos S/A, em 01/01/2006, logo após o
recebimento da doação, tratada no item anterior.

Ativo Passivo
Caixa 122.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
Máquinas e equipamentos 200.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Reservas de capital - doações do poder público 200.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

A seguir, apresentamos o registro do recebimento de uma subvenção


para investimento no valor de R$ 70.000,00:
D = Caixa (ou Bancos)
1 - C = a Reserva de capital - subvenções do Poder Público para investimento 70.000,00
Saliente-se que o valor recebido está atrelado a uma destinação
específica, como (por exemplo) a aquisição de um imobilizado, que deve
ocorrer e ser registrada conforme a seguir:
D = Máquinas e equipamentos
2 - C = a Caixa (ou Bancos) 70.000,00
A partir dos lançamentos acima, a situação patrimonial da empresa
passa a ser a seguinte:

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Ativo Passivo
Caixa 122.000,00 Dividendos a pagar 10.000,00
Debêntures a pagar 10.000,00

------------------------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 20.000,00
Máquinas e equipamentos 270.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 20.000,00
Reservas de capital - ágio na emiss de ações 15.000,00
Reservas de capital - prêmio emiss debêntures 2.000,00
Reservas de capital - alienação de partes beneficiárias 50.000,00
Reservas de capital - alienação de bônus de subscrição 5.000,00
Reservas de capital - doações do poder público 200.000,00
Reservas de capital - subvenções do poder público p/inv 70.000,00
Reservas de lucro 10.000,00

5.4.4.3 Subvenções para investimento mediante


incentivos fiscais – um caso especial
Já foi visto que as subvenções podem ser efetivadas através do
recebimento de bens ou direitos ou, ainda, pelo perdão de uma
obrigação. Esse segundo caso é o que ocorre nas subvenções para
investimento mediante incentivos fiscais provenientes de isenções,
reduções ou devoluções de tributos, sendo aplicáveis no âmbito do IPI,
do IR, do ICMS, do ISSqn e etc.
Cabe colocar – a título de esclarecimento – que, de acordo com a
legislação do Imposto de Renda, o tributo que deixar de ser pago por
conta de incentivo fiscal não pode ser distribuído aos sócios (nem como
dividendos, nem na forma de redução de capital, nem na forma de
entrega do acervo – quando da liquidação da sociedade), devendo ser
utilizado unicamente para aumento de capital ou absorção de prejuízos.
Nesse sentido, reproduzimos, abaixo, o art. 545 do Decreto 3.000, de
1999:
Art. 545. O valor do imposto que deixar de ser pago em
virtude das isenções e reduções de que tratam os artigos
546, 547, 551, 554, 555, 559, 564 e 567 não poderá ser
distribuído aos sócios e constituirá reserva de capital da
pessoa jurídica, que somente poderá ser utilizada para
absorção de prejuízos ou aumento do capital social
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 19, § 3º, e
Decreto-Lei nº 1.730, de 1979, artigo 1º, inciso I).
§ 1º Consideram-se distribuição do valor do imposto
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 19, § 4º, e
Decreto-Lei nº 1.825, de 22 de dezembro de 1980, artigo
2º, § 3º):

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I - a restituição de capital aos sócios, em casos de redução
do capital social, até o montante do aumento com
incorporação da reserva;
II - a partilha do acervo líquido da sociedade dissolvida,
até o valor do saldo da reserva de capital.
§ 2º A inobservância do disposto neste artigo importa
perda da isenção e obrigação de recolher, com relação à
importância distribuída, o imposto que a pessoa jurídica
tiver deixado de pagar, sem prejuízo da incidência do
imposto sobre o lucro distribuído, quando for o caso, como
rendimento do beneficiário, e das penalidades cabíveis
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 19, § 5º, e
Decreto-Lei nº 1.825, de 1980, artigo 2º, § 2º, e Lei nº
9.249, de 1995, artigo 10).
§ 3º O valor da isenção ou redução, lançado em
contrapartida à conta de reserva de capital nos termos
deste artigo, não será dedutível na determinação do lucro
real.
Nessa situação, o tributo não pago em razão do incentivo fiscal deve ser
normalmente registrado como uma despesa; porém, como seu
pagamento está “perdoado”, ele deve ser levado à conta de Reserva de
capital – subvenção do Poder Público para Investimento. Abaixo,
encontra-se apresentado um exemplo da situação descrita,
considerando uma despesa com tributos, no valor de R$ 10.000,00, e
um incentivo fiscal (subvenção para investimento) no percentual de
50%:
a) registro normal da despesa com determinado tributo:
D = despesas com tributos
1 - C = a Tributo a recolher 100.000,00
b) registro da constituição de Reserva de capital no valor de 50% do
tributo devido:
D = Tributo a Recolher
2 - C = a Reserva de capital - subvenção do Poder Público para investimento 50.000,00
c) registro do recolhimento do valor restante
D = Tributo a Recolher
3 - C = a Caixa (ou bancos) 50.000,00
Alternativamente, os lançamentos (1) e (2), acima, podem ser
realizados em um único lançamento, conforme abaixo:
D= despesas com tributos 100.000,00
1- C=a Diversos
C=a Reserva de Capital - Subvenções do Poder Público para investimentos 50000
C=a Tributo a recolher 50000

Especificamente no âmbito do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, há


a previsão de um incentivo de redução do tributo, condicionada sua

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aplicação à aquisição de títulos de investimentos relativos a
empreendimentos em zonas (geográficas) previamente definidas pelo
governo. Trata-se dos incentivos fiscais por meio de aplicação de
parcelas do Imposto de Renda devido.
Para fins de clareza, cumpre referir que esse benefício, referente à
opção pela aplicação de parte do imposto sobre a renda nos Fundos de
Investimentos Regionais34, conforme consta do sítio Internet da
Secretaria da Receita Federal:
se estende às pessoas jurídicas ou grupo de empresas
localizadas em qualquer Estado do Brasil, inclusive àquelas
fora da área de atuação das extintas Sudene e Sudam,
desde que se enquadrem na situação societária acima
descrita - 51% (cinqüenta e um por cento) do capital
votante de sociedade titular de projetos nas áreas
incentivadas. Tais incentivos, até 02/05/ 2001, estavam
ao alcance de quaisquer pessoas jurídicas tributadas com
base no lucro real, exceto aquelas expressamente vedadas
pela legislação fiscal. Até 02/05/2001, portanto, as
pessoas jurídicas submetidas à apuração do imposto de
renda pelo lucro real, trimestral ou anual, mesmo as que
não se enquadram na situação societária descrita acima,
puderam optar pela aplicação de parte do imposto de
renda devido em investimentos regionais destinados ao
Finor, Finam e Funres, mediante recolhimento por Darf
específico.
Sem prejuízo de limite específico para cada incentivo, o
conjunto das aplicações não poderá exceder a: (1) quanto
aos Fundos Finor e Finam, incluída a parcela destinada ao
PIN e ao Proterra: (1.a) 20% a partir de janeiro de 2004
até dezembro de 2008; (1.b) 10% a partir de janeiro de
2009 até dezembro de 2013; (2) quanto ao Funres: (2.a)
17% a partir de janeiro de 2004 até dezembro de 2008;
(2.b) 9% a partir de janeiro de 2009 até dezembro de
2013.
Nessa situação, o contribuinte pode optar por (1) pagar o imposto
devido ou (2) pagar parte do imposto devido e destinar o restante para
aquisição dos títulos de investimento. Repare que essa situação é
coincidente com a definição de subvenção do poder público para
investimento, pois há o perdão de uma obrigação (de pagar imposto)
condicionada à aquisição de um ativo específico (título de investimento).

34
Com base no disposto nos seguintes atos normativos: Lei nº 8.167, de 1991, art.
9º; MP nº 2.128-9, de 2001; MP nº 2.145, de 2001; MP nº 2.156-5, de 2001, art. 32,
inciso XVIII; MP nº 2.157-5, de 2001, art. 32, inciso IV; Decreto 3.000, de 1999, art.
614; e IN SRF nº 267, de 2002, art. 105.

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Exemplificando o conceito acima, seja uma sociedade que apurou o
imposto de renda devido ao final do período de apuração (sem ter
realizado qualquer adiantamento), no valor de R$ 15.0000,00. Suponha
que o incentivo fiscal corresponda a 20% do valor do tributo devido.
a) na apuração do Imposto de Renda, deve ser realizado o lançamento
contábil desconsiderando qualquer benefício:
D = despesa com provisão para o Imposto de Renda
1 - C = a Provisão para o Imposto de Renda 15.000,00
b) Considerando que, do total de R$ 15.000,00, devido a título de IRPJ,
20% serão destinados ao incentivo fiscal (no valor de R$ 3.000,00),
deve ser realizado o seguinte lançamento:
D = Provisão para o Imposto de Renda
2 - C = a Incentivos fiscais a recolher (PC) 3.000,00
c) Assim, o recolhimento do total devido deve ser realizado em duas
parcelas (uma correspondente ao imposto recolhido e outra ao incentivo
fiscal), conforme abaixo:
D= Diversos
3- C=a Caixa (ou Bancos) 15.000,00
D= Provisão para o Imposto de Renda 12.000,00
D= Incentivos fiscais a recolher (PC) 3.000,00
d) Feito o recolhimento referente ao incentivo fiscal, nasce para a
pessoa jurídica o direito ao investimento, que deve ser classificado em
conta do ativo realizável a longo prazo (em razão do prazo previsto para
recebimento do título – certificado de investimento – em si). O
nascimento desse direito aumenta o patrimônio, o que seria (via de
regra) uma receita, mas esse aumento patrimonial é registrado
diretamente no patrimônio líquido – na forma de reserva de capital,
conforme lançamento abaixo:
D = Depósitos para recebimento de incentivos fiscais
4 - C = a Reserva de Capital - Subvenções do Poder Público para investimento 3.000,00
e) Quando do recebimento dos Certificados de Investimento, deve ser
registrada sua entrada no ativo permanente (podendo ser realizada sua
classificação no ativo circulante – se a intenção da empresa for a de
alienação imediata do investimento), em contrapartida ao ativo
realizável a longo prazo, conforme a seguir:
D = Investimentos com incentivos fiscais
5 - C = a Depósitos para recebimento de incentivos fiscais 3.000,00

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5.4.4.4 Conclusão e apresentação do funcionamento
esquemático da reserva de capital decorrente de
doações e subvenções para investimento realizadas
pelo Poder Público
Repare que, nos exemplos de doações e subvenções para investimentos,
realizadas pelo Poder Público (apresentados neste tópico) foram
entregues valores à companhia Tamancos & Tamancos S/A (ou
perdoadas obrigações), mas a companhia não entregou ao Poder Público
(nem se comprometeu a lhes entregar) absolutamente nada. Assim, os
valores foram entregues graciosamente à companhia, aumentando seu
patrimônio. Esse aumento de patrimônio deveria ser, normalmente,
registrado como receita; porém, ele se deu por um motivo especial, qual
seja: o Poder Público pagou um “Pedágio para entrar na festa” (para, no
futuro, poder participar dos lucros da companhia – exigindo-lhe
tributos), portanto, esse aumento patrimonial foi registrado diretamente
em conta do Patrimônio Líquido – Reserva de capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – doações e
subvenções para investimento – recebidas do Poder Público, conforme
tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva de capital - doações e subvenções para investimento (recebidas do Poder Público)


Débitos Créditos
de natureza credora si
no recebimento da doação ou subvenção 1
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
2 na capitalização da reserva
(com contrapartida em Capital Social Subscrito)
3 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

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5.4.5 Lucro na Alienação de ações em tesouraria (não prevista na Lei
das S/A)
A reserva de capital decorrente de lucro na alienação de ações em
tesouraria não está prevista na lei das S/A, em seu art. 182, já
apresentado acima. Entretanto, o art. 442 do Decreto 3.000, de 1999
(Regulamento do Imposto de Renda), prevê esta reserva, nos termos a
seguir reproduzidos:
Art. 442. Não serão computadas na determinação do lucro
real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que
o contribuinte com a forma de companhia receber dos
subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título
de (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 38):
...
IV - lucro na venda de ações em tesouraria.
Parágrafo único. O prejuízo na venda de ações em
tesouraria não será dedutível na determinação do lucro
real (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 38, § 1º).
Essa é a principal diferença entre os dispositivos da legislação tributária
e da Lei das S/A, no que concerne a Reservas de Capital.
Seja o exemplo de uma empresa que tenha ações em tesouraria
avaliadas por R$ 5.000,00 e que as aliene por R$ 7.000,00. O
lançamento contábil referente a esse caso encontra-se a seguir:
D= Caixa (ou bancos) 70.000,00
1- C=a Diversos
C=a Ações em Tesouraria 50.000,00
C=a Reserva de capita - lucro na alienação de ações em tesouraria 20.000,00

No caso de alienação de ações em tesouraria, como na alienação de


qualquer bem ou direito, o respectivo lucro representa um aumento no
patrimônio que, via de regra, deveria compor o resultado (receita de
venda das ações).
Mas, repare que a alienação de ações em tesouraria se enquadra em
nossa definição didática de reserva de capital.
Houve lucro na venda das ações em tesouraria, pois foi entregue à
companhia o valor de R$ 70.000,00, mas a companhia somente
entregou aos adquirentes ações no valor de R$ 50.000,00. Assim, o
valor de R$ 20.000,00 foi entregue graciosamente à companhia pelos
adquirentes de ações, aumentando – portanto – seu patrimônio. Esse
aumento de patrimônio deveria ser, normalmente, registrado como
receita (ganho de capital); porém, ele se deu por um motivo especial,
qual seja: os adquirentes de ações em tesouraria (que, portanto,

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tornaram-se acionistas) pagaram um “Pedágio para entrar na festa”
(para, no futuro, poder participar dos lucros da companhia, na forma de
eventuais dividendos), portanto, esse aumento patrimonial foi registrado
diretamente em conta do Patrimônio Líquido – Reserva de capital.
Isso vem a confirmar nossa definição didática de que “as reservas de
capital consistem em aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam
registrados como receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se
deu por um motivo especial – um pedágio para entrar na festa – ele
é diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de capital,
não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido para o céu
sem passar pelo purgatório)”.
A partir dos conceitos acima é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta contábil Reserva de capital – lucro na alienação
de ações em tesouraria, conforme tabela a seguir.
Modelo de funcionamento de contas contábeis

Lucro na alienação de ações em tesouraria


Débitos Créditos
de natureza credora si
na alienação de ações em tesouraria, com lucro 1
(com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado)
2 na capitalização da reserva
(com contrapartida em Capital Social Subscrito)
3 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.4.6 Correção monetária do capital social realizado (com constituição


proibida na Lei das S/A)
Essa será a última reserva de capital a ser estudada em nosso curso.
De início, cabe uma crítica a sua classificação como reserva de capital –
ela é a única reserva de capital que não se encaixa no nosso conceito
didático – tendo, na verdade, a natureza de uma conta retificadora do
Capital Social Realizado.
Críticas a parte, em nosso curso seguiremos a determinação da Lei das
S/A.
Para que seja possível o entendimento dessa conta, faz-se necessária
uma breve alusão aos conceitos de Correção Monetária do Balanço e de

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Correção Monetária do Capital. Em seguida, apresentaremos o conceito
de reserva de capital – correção monetária do capital social realizado.

5.4.6.1 Correção Monetária do balanço – conceitos


básicos
A seguir, apresentamos o conceito de correção monetária do balanço,
sobre o qual serão tecidas tecemos breves considerações, em especial
sobre sua influência no lucro contábil.
Em obediência à legislação fiscal e societária vigente até 1995, todas as
contas representativas de ativo permanente e de patrimônio líquido
eram atualizadas (corrigidas monetariamente) através da aplicação de
um índice oficial de inflação do período, sendo que:
a) a atualização das contas de ativo permanente (devedoras)
tinham como contrapartida uma conta de resultado credora
(era registrado crédito na conta de resultado “Correção
monetária do balanço”) – conforme exemplo a seguir;
D = Ativo permanente
1 - C = a Correção monetária do balanço x
b) a atualização das contas de patrimônio líquido (credoras)
tinham como contrapartida uma conta de resultado devedora
(era registrado débito na conta de resultado “Correção
monetária do balanço”) – conforme exemplo a seguir.
D = Correção monetária do balanço
2 - C = a Patrimônio Líquido y
Caso o valor do ativo permanente fosse maior do que o valor do
patrimônio líquido, o saldo da conta de resultado “Correção monetária
do balanço” seria credor e, portanto, essa conta funcionaria como uma
receita – aumentando o lucro líquido contábil da empresa. Abaixo
apresentamos razonete ilustrativo desta situação (considerando um
ativo permanente de R$ 10.000,00, um patrimônio líquido de R$
7.000,00 e um índice de correção de 10%).

Correção Monetária do Balanço


Débitos Créditos
- saldo antes da correção si
1 pela atualização do PL 700,00 1.000,00 pela atualização do permanante 2
300,00 credor sf

Ao contrário, no caso do valor do patrimônio líquido ser superior ao


valor do ativo permanente, o saldo da conta de resultado “Correção
monetária do balanço” seria devedor e, portanto, essa conta funcionaria

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como uma receita – reduzindo o lucro líquido contábil da empresa.
Abaixo apresentamos razonete ilustrativo desta situação (considerando
um ativo permanente de R$ 7.000,00, um patrimônio líquido de R$
10.000,00 e um índice de correção de 10%).

Correção Monetária do Balanço


Débitos Créditos
si antes da correção -
1 pela atualização do PL 1.000,00 700,00 pela atualização do permanante 2
sf devedor 300,00

Esse ajuste era visto, de uma forma singela, como uma correção para
que os itens que permanecessem por muito tempo no patrimônio não
tivessem seu valor corroído pela inflação.
Quanto à natureza desse ajuste já houve muita discussão e houve
quem, inclusive, afirmasse que se trataria de um lucro fictício, virtual ou
não realizado. Dizia-se fictício ou virtual, o ganho, sob a alegação de
que a atualização dos valores do ativo permanente não seria um efetivo
aumento de patrimônio, mas simplesmente uma atualização da perda
que a inflação gerou nesse patrimônio. Argumentava-se
subsidiariamente que esse “ganho” não estaria definitivamente
incorporado ao patrimônio antes da efetiva venda do ativo permanente
corrigido.
Nada mais falso. As afirmações acima (apesar de soarem razoáveis)
não resistem à dura realidade: alguns ficaram ricos com a inflação e
outros perderam dinheiro com ela. A partir dessas constatações,
portanto, passaremos a analisar o fundamento patrimonial desse ajuste
(antes previsto na legislação).
Ao contrário do que alguns – mais desavisados – possam pensar, não
se trata de um resultado a ser realizado à medida que for realizado o
ativo do contribuinte. De fato, trata-se de resultado já auferido e
definitivamente incorporado ao patrimônio do contribuinte em todos
seus efeitos – econômicos e financeiros.
Nesse sentido, cito Dante C. Matarazzo que, em seu livro Análise
Financeira de Balanços – Ed. Atlas, 3a edição 1995 – páginas 77 a 78,
enfrenta com extrema lucidez o problema. O autor inicia sua
abordagem do tema apresentando colocações errôneas, como a que se
encontra rechaçada neste voto:
“Tivemos ocasião de registrar, por várias vezes, e em
distintas fontes, interpretação incorreta do significado da
correção monerária e até decisões errôneas da parte de
algumas empresas.
Entre as dúvidas e críticas, sobressaem as seguintes:

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a) Sobre o saldo da correção monetária como despesa:
• É o saldo da correção monetária efetivamente uma
despesa? Onde foi “gasta” essa despesa?
• Seria mais adequado mostrar o lucro sem computar o
saldo da correção monetária, figurando esta somente
na destinação do lucro?
b) Sobre o saldo da correção monetária como receita:
• Porque o saldo positivo da correção monetária é
computado como receita se não corresponde à entrada
de recursos? Onde se acha aplicada essa receita?
• O saldo positivo da correção monetária distorce os
resultados, levando à apresentação de lucros fictícios.
c) Sobre a correção monetária em geral:
• O processo de correção monetária da Lei das S.A. é
correto? adequado?
• A correção monetária pode transformar uma empresa
altamente rentável numa organização contabilmente
deficitária ou então chegar a indicar lucro numa
empresa parada apenas pela correção de seus bens,
somente por um jogo de contas.
Na mesma obra, o autor esclarece que o fundamento da correção
monetária da Lei das S/A compreende perdas em ativos monetários ou
ganhos em passivos monetários. De uma forma simples e direta,
observa-se que ativos monetários (dinheiro, depósitos bancários, contas
a receber, etc.), componentes de ativos não permanentes, perdem valor
no tempo, com o advento da inflação, resultando inegavelmente em
perda para o patrimônio da empresa. Por outro lado, os passivos
monetários (contas a pagar e outras obrigações) também perdem seu
valor no tempo, com o advento da inflação, resultando em claro ganho
para o patrimônio da empresa.
Ao contrário dos itens monetários do patrimônio, os ativos não
monetários (bens) não perdem seu valor no tempo – com a inflação –
assim não geram nem ganho nem perda efetiva para o patrimônio da
empresa. O Patrimônio Líquido, que é a diferença entre o ativo total e o
passivo monetário reflete justamente o efeito dos ganhos e perdas nos
ativos e passivos monetários. Exemplificativamente, apresentamos os
efeitos da inflação no patrimônio considerando a correção monetária de
moeda em valor constante (ensejando ganhos/perdas em itens
patrimoniais monetários), conforme a figura abaixo:

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patrimônio inicial - em moeda de valor constante -
patrimônio inicial considerando inflação de 50%
ativo passivo ativo passivo
AC 9,00 PC 18,00 AC 6,00 PC 12,00
--------- PL --------- PL
AP 20,00 cap 11,00 AP 20,00 cap 11,00

total 29,00 total 29,00 total 26,00 total 23,00

despesa receita
perda AC 3,00 ganho PC 6,00
saldo credor 3,00
Obs.saldo credor em moeda do fim do período 4,50 *
* Saldo credor em moeda constante = 3,00 (+) 50% de inflação = 4,50 ==> saldo em moeda do final do período

Comparando as perdas e ganhos oriundos de ativos monetários, com o


resultado da correção monetária de balanço determinada pela lei das
S.A., verifica-se que o resultado é o mesmo, conforme tabela a seguir:
patrimônio final - com atualização pela Lei das S/A -
patrimônio inicial considerando inflação de 50%
ativo passivo ativo passivo
AC 9,00 PC 18,00 AC 9,00 PC 18,00
--------- PL --------- PL
AP 20,00 cap 11,00 AP 30,00 cap 16,50

total 29,00 total 29,00 total 39,00 total 34,50

despesa receita
perda PL 5,50 ganho AP 10,00
saldo credor 4,50
Obs.saldo credor em moeda do fim do período 4,50

Esta breve explanação esclarece que o procedimento de correção


monetária de balanço – previsto pela Lei das S/A – é um procedimento
que traz o mesmo resultado da efetiva correção de balanço (que trata
de ganhos e perdas em itens monetários do patrimônio), sendo aquele
de simples realização. Assim, o legislador optou por um procedimento
simples e de resultado semelhante (a pequena diferença que pode vir a
resultar da aplicação dos dois métodos é devida a se considerar os
estoques como itens monetários, na correção monetária de balanço
prevista na Lei das S/A). Neste sentido, citamos Dante Matarazzo na
obra antes referenciada, páginas 82 e 88:
“A diferença de resultados entre esses dois procedimentos
dá-se apenas nos estoques que permanecem na empresa,
no encerramento do balanço.
...

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Esse procedimento conduz a resultados menos exatos em
relação a considerar os estoques como itens não
monetários, porém é extraordinariamente mais simples na
prática.”
“O método de correção da Lei das S.A. conduz ao mesmo
resultado que aquele obtido pelo cálculo de perdas e
ganhos com a inflação sobre os itens monetários e se
acha, portanto, correto, desde que aceitas as
simplificações existentes, como, por exemplo, a não
correção de estoques finais.”
No mesmo sentido, Eliseu Martins se manifestou em seu livro Análise da
correção monetária das demonstrações financeiras, 2a Ed. São Paulo:
Atlas, 1984 p. 57:
“Trocou-se a simplicidade de seu cálculo pela melhor
explanação dos itens componentes do resultado, isto é, ao
invés de uma correção mais detalhada dos ganhos e
perdas dos itens monetários, das receitas e despesas do
período, dos estoques etc; preferiu-se um ajuste único,
num único saldo. A adoção dessa simplicidade está sendo
praticada à custa da não explicação do seu verdadeiro
significado, o que tem provocado polêmicas infindáveis
sobre sua utilidade e até sua validade.”
Por tudo o que foi exposto, conclui-se que a correção monetária do
balanço é um procedimento, anteriormente determinado em lei, que
tem por objetivo apurar o quanto a empresa ganhou ou perdeu com a
inflação, respectivamente, postergando o pagamento de itens
monetários ou demorando para receber itens monetários de seu
patrimônio. Adicionalmente, vê-se que a maneira mais prática para
apuração desse valor é a atualização de seu ativo permanente e de seu
patrimônio líquido (ambos em contrapartida de uma conta de resultado
denominada “correção monetária do balanço”).
Concluindo não faz o menor sentido afirmar que o saldo credor da
correção monetária do balanço não é receita efetivamente auferida
enquanto não for realizado o ativo permanente que foi atualizado e que
ensejou o surgimento de tal saldo. Com efeito, a atualização do ativo
permanente (e também do PL) consiste meramente num método de se
apurar as perdas e ganhos com itens monetários do patrimônio. Não
resta a menor dúvida de que os ganhos e perdas com itens monetários
do patrimônio – por conta da inflação – estão completa e
definitivamente incorporados ao patrimônio imediatamente. Portanto,
trata-se de resultado inequivocamente auferido.
Apenas para fins de ilustração, confirmando a conclusão exposta no
parágrafo anterior, transcrevo um trecho do livro Análise Financeira de
Balanços de Dante Matarazzo, pág. 88:

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“O saldo da correção monetária apurado segundo o
método da Lei das S.A. tem reflexos econômicos e
financeiros, podendo tanto quanto qualquer receita
operacional ser computado para todos os fins, inclusive o
de distribuição de dividendos...”
Cumpre referir que com o advento da Lei 9.259, de 1995, a partir de
01/01/1996, ficou proibido o uso da correção monetária do balanço,
para fins societários ou fiscais, conforme art. 4o abaixo reproduzido:
Art. 4º Fica revogada a correção monetária das
demonstrações financeiras de que tratam a Lei nº 7.799, de
10 de julho de 1989, e o art. 1º da Lei nº 8.200, de 28 de junho de
1991.
Parágrafo único. Fica vedada a utilização de qualquer
sistema de correção monetária de demonstrações
financeiras, inclusive para fins societários.
Por esse motivo, não dedicaremos maiores esforços à apresentação
desse conceito, limitando-nos a estudar os eventuais efeitos, atuais, no
patrimônio, da correção monetária do balanço anteriormente nele
registrada, como é o caso da reserva de correção monetária do capital
social realizado.

5.4.6.2 Reserva de correção monetária do capital social


realizado
Conforme visto no item anterior, o procedimento legalmente
determinado para a correção monetária do balanço incluía a atualização
das contas de patrimônio líquido. Naturalmente, entre as contas de
patrimônio líquido, constavam as contas de “Capital Social Subscrito” e
de “Capital social a realizar”, resultando na conta sintética “Capital
social realizado”. Seguindo o procedimento legalmente determinado,
essas contas deveriam ter seu saldo atualizado pelo índice oficial de
inflação, ocorre que o valor do capital – em nosso sistema jurídico – é
considerado sagrado e sua alteração deve seguir formalidades.
Nesse sentido, citamos a Lei das S/A que, em seu art. 132 determina
que anualmente a assembléia deverá se reunir (em até 4 meses do
término do exercício) para deliberar – entre outros assuntos – a
aprovação da correção da expressão monetária do capital social. A
seguir, para fins de clareza, encontra-se reproduzido o citado artigo:
Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses
seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1
(uma) assembléia-geral para:
I - tomar as contas dos administradores, examinar,
discutir e votar as demonstrações financeiras;
II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do
exercício e a distribuição de dividendos;

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III - eleger os administradores e os membros do conselho
fiscal, quando for o caso;
IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital
social (artigo 167).
Em virtude desse dispositivo, o capital, que deveria estar atualizado no
final do período, dependeria de uma formalidade – assembléia, que
poderia se realizar em até quatro meses, para ter ser valor atualizado.
Em vista dessa situação, a conta Capital Social era a única que não
sofria correção monetária diretamente no seu saldo, ou seja, a correção
monetária da conta Capital Social não podia ser lançada diretamente
nela.
Como solução, a correção da conta Capital Social era registrada em uma
conta à parte – do patrimônio líquido – denominada “Reserva de Capital
– correção monetária do capital social realizado”. O valor
correspondente à correção monetária do capital social permanecia
registrado na conta “Reserva de Capital – correção monetária do capital
social realizado” até que, em uma assembléia geral de acionistas, fosse
aprovada a correção da expressão monetária do capital social.
Nesses termos, considerando um Capital social subscrito de R$
10.000,00, sendo ainda o valor de R$ 4.000,00 a realizar, bem como
um índice oficial de inflação de 10%, teríamos a seguinte situação:
Memória de cálculo
Capital social subscrito 10.000,00
(-) Capital a realizar (4.000,00)
(=) Capital social realizado 6.000,00 (x) 10% = 600,00 ==> correção monetária do capital

lançamento:
D = Correção monetária do balanço
C = a Reserva de Capital - Correção monetária do capital realizado 600,00

Após a aprovação da correção da expressão monetária do capital social


realizado, os valores eram repassados diretamente à conta de capital
social, conforme a seguir:
lançamentos:
D = Capital a realizar
C = a Reserva de Capital - Correção monetária do capital realizado 400,00

D = a Reserva de Capital - Correção monetária do capital realizado


C = a Capital Social Subscrito 1.000,00

Situação final
Capital social subscrito 11.000,00
(-) Capital a realizar (4.400,00)
(=) Capital social realizado 6.600,00

A reserva de capital correção monetária do balanço, no raríssimo caso


de, nos últimos dez anos, não ter sido ainda incorporada ao capital,

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deverá figurar no balanço classificada como Reserva de capital, no
patrimônio líquido.

5.5 Reservas de reavaliação


Ao se falar sobre reservas de reavaliação, deve ser feita, de imediato a
ressalva de que o instituto da reavaliação consiste numa exceção ao
princípio fundamental de contabilidade do “Registro pelo valor original”.
Em situações normais, os bens que integram o patrimônio da empresa
devem figurar nesse patrimônio pelo valor transacionado com terceiros
– justamente pela aplicação do princípio contábil em tela. Ocorre que
esta situação pode ensejar uma distorção na apresentação do
patrimônio da empresa – quando ele for comparado com patrimônios de
outras empresas similares. Isso pode ocorrer porque, às vezes, o valor
de mercado dos bens componentes do patrimônio (por questões
conjunturais) pode restar muito diferente daquele a eles atribuído
quando de sua aquisição. Foi justamente para contornar esta distorção
que a lei das S/A criou o instituto da reavaliação.
A reavaliação consiste na possibilidade jurídica de se avaliarem os ativos
de uma entidade por seu valor de mercado, abandonando-se o valor
originalmente registrado, e está prevista no art. 182, conjugado com o
art. 8o da Lei das S/A, ambos a seguir transcritos:
Art. 182. ...
...
§ 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as
contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a
elementos do ativo em virtude de novas avaliações com
base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela
assembléia-geral.

Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos


ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-
geral dos subscritores, convocada pela imprensa e
presidida por um dos fundadores, instalando-se em
primeira convocação com a presença desubscritores que
representem metade, pelo menos, do capital social, e em
segunda convocação com qualquer número.
§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão
apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos
critérios de avaliação e dos elementos de comparação
adotados e instruído com os documentos relativos aos
bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que
conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que
lhes forem solicitadas.

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Para que seja possível o perfeito entendimento, de forma didática, dos
conceitos acima apresentados, proponho o acompanhamento de um
caso exemplificativo, abaixo apresentado.
Seja uma companhia com um patrimônio representado por: (1) dinheiro
em caixa, no valor de R$ 10.000,00; (2) um terreno, no valor (original)
de R$ 20.000,00 e (3) capital social subscrito (integralmente realizado),
no valor de R$ 30.000,00. O patrimônio acima descrito encontra-se
representado na figura abaixo:

Ativo Passivo
Caixa 10.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos 20.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Considere, ainda, que o terreno acima referido tenha sido adquirido em


1996 (portanto há uma década). Repare que, de 1996 até o presente
momento, não há o que se falar em correção monetária (em vista do
disposto no art. 4o da Lei 9.249, de 1995). Ocorre que, nestes anos, as
condições de mercado podem ter sido alteradas e o valor de mercado do
terreno pode ter sido majorado (por conta do crescimento da cidade, de
obras de urbanização, de instalação de indústria ou comércio na sua
proximidade, etc.). Por exemplo, aceitaremos que o terreno
inicialmente adquirido por R$ 20.000,00 tenha agora um valor de
mercado de R$ 100.000,00.
Na situação acima descrita, a empresa irá ter dificuldades em conseguir
empréstimos bancários ou novos sócios (porque, apesar de possuir um
patrimônio muito maior – a valores de mercado – seus bens estão
apresentados no balanço apenas por R$ 30.000,00).
Assim, é permitido – por lei – que essa companhia reavalie seu terreno,
mediante a apresentação de um laudo de avaliação (realizado por
empresa especializada ou por três peritos) e altere o valor original do
bem (de R$ 20.000,00 para R$ 100.000,00).
Saliente-se que a alteração do valor original do bem (de R$ 20.000,00
para R$ 100.000,00) implica um aumento do patrimônio no valor de R$
80.000,00 (de R$ 30.000,00 para R$ 110.000,00). Esse aumento
patrimonial, normalmente, deveria ser registrado como um a receita.
Porém, no caso, o aumento do patrimônio se deu por um motivo

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especial “Reavaliação de bens do ativo” e, nesse caso, por expressa
permissão da lei, esse aumento é diretamente registrado no patrimônio
líquido (em conta de “Reserva de reavaliação”), sem transitar pelo
resultado.
A partir do que foi acima colocado, propomos uma definição didática de
Reservas de reavaliação: “as reservas de reavaliação consistem em
aumentos do patrimônio, que, via de regra, seriam registrados como
receitas. Mas, que, como o aumento do patrimônio se deu por um
motivo especial – uma nova avaliação de um bem do ativo – ele é
diretamente registrado no patrimônio líquido, como reserva de
reavaliação, não transitando por conta de resultado (como se tivesse ido
para o céu sem passar pelo purgatório)”.
O lançamento relativo à reavaliação seria o seguinte:
D = Terreno
1 - C = a Reserva de reavaliação 80.000,00
Após o lançamento acima, a situação patrimonial da empresa seria
conforme apresentado a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 10.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos 100.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reserva de reavaliação 80.000,00

Repare que o aumento do patrimônio não transitou por resultado, sendo


diretamente registrado no patrimônio líquido. Assim, o lucro líquido do
período não foi influenciado, não havendo o que se falar, no momento
da reavaliação, em Imposto de Renda, dividendos ou participações no
resultado.
Ocorre que, se o terreno fosse imediatamente vendido pelo valor de R$
150.000,00, aconteceria uma incoerência:
- se não tivesse ocorrido a reavaliação, o ganho de capital seria
de R$ 130.000,00 (R$ 150.000,00 (-) R$ 20.000,00) e
- uma vez ocorrida a reavaliação, o ganho de capital é de apenas
R$ 50.000,00 (R$ 150.000,00 (-) R$ 100.000,00).
Frise-se que um maior ganho de capital gera maior lucro e,
conseqüentemente, maior base de cálculo do Imposto de Renda, de
dividendos e de participações no resultado. Seria uma grande injustiça

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cobrar mais imposto (sem falar das diferenças de base de cálculo de
dividendos e de participações no resultado) de uma empresa somente
por não ter realizado a reavaliação de um ativo de seu patrimônio.
Para ilustrar a incoerência acima apontada, apresentamos, a seguir, o
quadro comparativo das duas situações:
a) venda do terreno sem a reavaliação
- partindo da situação inicial

Ativo Passivo
Caixa 10.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos 20.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

- registrando o lançamento da venda do terreno


D = caixa
1 - C = a Receitas não operacionais 150.000,00
D = Despesas não operacionais
2 - C = a Terreno 20.000,00
- apresentando a situação final

Ativo Passivo
Caixa 160.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos - (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Despesas Receitas
despesas não operacionais 20.000,00 Receitas não operacionais 150.000,00

b) venda do terreno após a reavaliação


- partindo da situação inicial

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Ativo Passivo
Caixa 10.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos 100.000,00 (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reserva de reavaliação 80.000,00

- registrando o lançamento da venda do terreno


D = caixa
1 - C = a Receitas não operacionais 150.000,00
D = Despesas não operacionais
2 - C = a Terreno 100.000,00
- apresentando a situação final

Ativo Passivo
Caixa 160.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos - (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas de reavaliação 80.000,00

Despesas Receitas
despesas não operacionais 100.000,00 Receitas não operacionais 150.000,00

Repare que, caso a incoerência acima apontada e exemplificativamente


apresentada, ocorresse, haveria uma injustiça e, conseqüentemente,
uma corrida dos contribuintes para realizar reavaliações de seus bens –
com o intuito de reduzir o ganho de capital na sua realização e, assim,
reduzir o lucro e o montante de Imposto de Renda a recolher. Por
certo, a legislação não permite que isso ocorra.
Ainda que não houvesse qualquer dispositivo legal atinente ao caso, a
simples observação da situação patrimonial acima (situação final do
exemplo (b) – venda do terreno após a reavaliação), já apontaria um
problema que, do ponto de vista patrimonial, necessita ser solucionado.
Repare que não há qualquer valor registrado a título de “Terrenos”, mas
há um valor de R$ 80.000,00 registrado a título de “Reservas de
reavaliação”. Esse valor, justamente, refere-se à reavaliação do terreno
que já não mais existe no patrimônio.

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Ora, a reserva de reavaliação é um acessório do bem reavaliado e,
como o acessório sempre segue o principal, se o terreno foi realizado
(em nosso exemplo, na sua totalidade – por alienação), o acessório
também deve ser realizado (na sua totalidade).
Assim, no caso (b) venda do terreno após a reavaliação, faz-se
necessário um ajuste – realização da reserva de reavaliação. Esse
ajuste é realizado através do seguinte lançamento.
D = Reservas de reavaliação
3 - C = a Lucro ou Prejuízos acumulados (LPA) 80.000,00
Assim, a situação patrimonial final – após o ajuste de realização da
reserva de reavaliação, acima apresentado – encontra-se representada
graficamente a seguir:

Ativo Passivo
Caixa 160.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
Terrenos - (-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas de reavaliação -
LPA 80.000,00

Despesas Receitas
despesas não operacionais 100.000,00 Receitas não operacionais 150.000,00

Repare que, logo após o fechamento do exercício35, o lucro líquido


auferido, que deverá ser levado à conta LPA, será de R$ 50.000,00.
Esse valor, somado ao valor de R$ 80.000,00 já nela registrado, resulta
num saldo de R$ 130.000,00 (que é EXATAMENTE igual ao valor de R$
130.000,00 inicialmente apurado a título de ganho de capital – no caso
(a) venda do terreno sem a reavaliação).
A legislação determina que esse valor de R$ 80.000,00, levado à conta
LPA, possa ser considerado tanto na base de cálculo dos dividendos (e
participações), bem como obriga sua tributação. Nesse sentido,
apresentamos o art. 187 da Lei das S/A:
Art. 187. ...
...
§ 2º O aumento do valor de elementos do ativo em virtude
de novas avaliações, registrados como reserva de

35
Conceito tratado na aula em que são apresentados os lançamentos de fechamento
do exercício, cuja leitura é recomendada.

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reavaliação (artigo 182, § 3º), somente depois de
realizado poderá ser computado como lucro para efeito de
distribuição de dividendos ou participações.
No mesmo sentido, apresentamos o art. 4o da lei 9.959, de 2000, que
trata da tributação da reserva de reavaliação:
Art. 4º- A contrapartida da reavaliação de quaisquer bens
da pessoa jurídica somente poderá ser computada em
conta de resultado ou na determinação do lucro real e da
base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido
quando ocorrer a efetiva realização do bem reavaliado.
Resumindo, a reavaliação é um instituto que tem por objetivo a
apresentação de bens integrantes do patrimônio a valores de mercado,
não sendo um instituto utilizável para a redução ou postergação de
qualquer tributo.

5.6 Reservas de lucros


Continuando o estudo do Patrimônio Líquido, vistos o Capital, as
Reservas de capital e as Reservas de reavaliação, cabe a apresentação
de mais um de seus subgrupos componentes: As Reservas de Lucros.
Já foi esclarecido que a razão da existência de cada um dos grupos em
que se divide o Patrimônio Líquido é o fato de que há muitos motivos
que ensejam a existência da diferença entre bens/direitos e obrigações.
Pois bem, já sabemos que: (1) o capital consiste na contribuição dos
sócios na formação da empresa; (2) as reservas de capital são
“Pedágios para entrar na festa” – entregues à empresa; (2) as reservas
de reavaliação, as contrapartidas de “aumentos do ativo – por novas
avaliações”. Resta saber o motivo que enseja a existência das reservas
de lucro.
As Reservas de lucro consistem em valores:
- de lucro já auferido pela empresa (e que, conseqüentemente,
poderiam ter sido entregues aos acionistas – na forma de
dividendos a pagar);
- mas que não foram entregues aos acionistas e, assim, ficaram:
1) guardados no patrimônio da empresa (na forma de bens
ou direitos ou, ainda, na forma de uma obrigação a
menos) – portanto aumentando o patrimônio;
2) para serem utilizados em uma situação bem específica –
caracterizada pela natureza de cada espécie de reserva
de lucro (a ser estudada neste item).

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De uma forma didática, podemos dizer que as reservas de lucro são
lucros auferidos pela companhia que ela não entrega aos acionistas,
mas que “guarda para um dia de chuva”.
Com o intuito de contextualizar o conceito acima proposto, vamos
relembrar o funcionamento do sistema de informações contábil – no
tempo:
a) durante o exercício, ocorrem fatos contábeis que podem
alterar o tamanho do patrimônio, ensejando o registro de
receitas e despesas, em contas de resultado;
b) ao final do exercício, as contas de resultado são zeradas
(procedimento de fechamento de exercício) e seu saldo é
transferido para o Patrimônio Líquido – conta LPA;
c) a conta LPA é a “porta de entrada do lucro no PL”,
portanto, da conta LPA o lucro tem três possíveis
destinações:
a. os sócios – na forma de dividendos a distribuir;
b. o capital – no reinvestimento do valor – em tese –
destinável aos sócios, na formação (aumento) do
patrimônio da empresa;
c. as reservas de lucro – na manutenção do valor dentro do
patrimônio da empresa, para uma destinação
determinada.
Esquematicamente, as reservas de lucro são resultantes da destinação
do LPA, conforme figura abaixo:

Ativo Passivo

OBRIGAÇÕES

BENS E DIREITOS ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital
2

Reservas de lucro z

LPA 0 ==> z ==> 0

Despesas Receitas
Despesas x Receitas y

....... 1
LL = y (-) x = z

Legenda
(1) - Fechamento do Exercício
(2) - Constituição da Reserva Legal

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A partir do desenho acima, depreende-se claramente que o lançamento
de constituição de uma (qualquer uma) reserva de lucro será o
seguinte:
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
2 - C = a Reservas de lucro z
Por via de conseqüência, o lançamento da reversão de uma reserva de
lucro (qualquer uma) será o seguinte:
D = Reservas de lucro
C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA z
As reservas de lucro não podem ser constituídas a esmo. Devem ser
respeitados limites e formalidades necessárias a sua constituição (que
diferem de acordo com a reserva de lucro em específico). Entretanto,
há um limite geral – para constituição de reservas de lucro – previsto no
art. 199 da Lei das S/A, a seguir:
Art. 199. O saldo das reservas de lucros, exceto as para
contingências e de lucros a realizar, não poderá
ultrapassar o capital social; atingido esse limite, a
assembléia deliberará sobre a aplicação do excesso na
integralização ou no aumento do capital social, ou na
distribuição de dividendos.
Pelo dispositivo acima, depreende-se que o somatório do saldo das
reservas de lucro (1) legal, (2) estatutárias, (3) de retenção de lucros e
(4) especial, deve ser menor ou igual ao saldo do Capital social, não
podendo ultrapassá-lo.
Vistos o conceito e o funcionamento básico das reservas de lucro,
passaremos ao estudo de cada uma das reservas de lucro previstas na
Lei das S/A: (1) Reserva legal; (2) Reservas para contingências; (3)
Reserva de lucros a realizar; (4) Reservas estatutárias; (5) Reserva de
retenção de Lucros e (6) Reserva especial para dividendos obrigatórios
não distribuídos.

5.6.1 Reserva legal


A reserva legal é uma das mais importantes reservas de lucro, sendo
não somente prevista sua constituição na Lei das S/A, mas também sua
apuração e utilização.

5.6.1.1 Previsão da Reserva legal na Lei das S/A


A reserva legal está prevista no art. 193 da Lei das S/A, conforme a
seguir:
Reserva Legal
Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por
cento) serão aplicados, antes de qualquer outra

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destinação, na constituição da reserva legal, que não
excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva
legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido
do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do
artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital
social.
§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade
do capital social e somente poderá ser utilizada para
compensar prejuízos ou aumentar o capital.
Pelo texto acima, depreende-se que, a cada exercício, 5% do lucro
líquido de cada exercício deve ser utilizado para constituição dessa
reserva, acumulando-se esses valores no tempo, até que sejam
alcançados os limites previstos.

5.6.1.2 Conceito e finalidade da Reserva legal


A reserva legal tem por finalidade assegurar a integridade do capital
social, portanto essa reserva deve ser utilizada única e exclusivamente
para compensar prejuízos ou para aumentar capital.
De uma forma didática, podemos entender a função da reserva legal
como a função de uma “caixa de brita” em um circuito de fórmula 1.
A função da “caixa de brita” é a de proteger o carro, se o piloto – por
acaso – tiver algum contratempo e, porventura, derrapar da pista36. Da
mesma forma, a função da “Reserva legal” é a de proteger capital, se a
empresa – por acaso – tiver algum contratempo e, porventura, incorrer
em prejuízos.
Ora, os prejuízos do exercício serão obrigatoriamente absorvidos pela
reserva legal, conforme determina o parágrafo único do art. 189 da Lei
das S/A:
Art. 189. ...
Parágrafo único. o prejuízo do exercício será
obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas
reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem.
Assim, o capital – ou seja, o valor que os sócios concordaram em retirar
de seu próprio patrimônio para formação do patrimônio da empresa –
não será reduzido pelo prejuízo, enquanto houver uma reserva legal
para absorvê-lo.

36
Lembrando que, caso na curva de Tamburello houvesse uma “caixa de brita”, ao
invés da parede de concreto ali existente, provavelmente teria sido amortecido o
impacto do carro de Aírton Senna naquele acidente fatal de 1994.

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A seguir, para ilustrar a afirmação acima, apresentaremos dois
exemplos comparativos de prejuízos: (1) o primeiro em uma companhia
que não tem formada a reserva legal e (2) o segundo em outra, com
reserva legal constituída.
(1) Efeito do prejuízo em uma companhia sem reserva legal constituída.
- situação inicial – companhia com capital de R$ 30.000,00

Ativo Passivo
Caixa 30.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Despesas Receitas

- prejuízos – no valor de (R$ 1.000,00)

Ativo Passivo
Caixa 29.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Despesas Receitas
Despesas 1.000,00

- situação final – patrimônio líquido de R$ 29.000,00

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Ativo Passivo
Caixa 29.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

LPA (1.000,00)

Despesas Receitas

Repare que, nessa situação, a ocorrência de um prejuízo de (R$


1.000,00) teve por conseqüência a redução do Patrimônio Líquido da
companhia para um valor inferior ao do capital inicial. Como resultado,
a companhia ficou com um patrimônio inferior àquele que os sócios
haviam inicialmente investido, na formação do patrimônio da empresa.
(2) Efeito do prejuízo em uma companhia com reserva legal constituída.
- situação inicial – companhia com capital de R$ 30.000,00 e Reserva
legal de R$ 6.000.

Ativo Passivo
Caixa 36.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reserva legal 6.000,00

Despesas Receitas

- prejuízos – no valor de (R$ 1.000,00)

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Ativo Passivo
Caixa 35.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reserva legal 6.000,00

Despesas Receitas
Despesas 1.000,00

- situação final – patrimônio líquido de R$ 35.000,00

Ativo Passivo
Caixa 35.000,00

----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reserva legal 6.000,00


LPA (1.000,00)

Despesas Receitas

Repare que, nessa situação, a ocorrência de um prejuízo de (R$


1.000,00) teve por conseqüência a redução do Patrimônio Líquido da
companhia, mas seu valor permaneceu superior ao do valor do capital
inicial. Como resultado, a companhia não ficou com um patrimônio
inferior àquele que os sócios haviam inicialmente investido, na formação
do patrimônio da empresa.

5.6.1.3 Cálculo e limites da Reserva legal

5.6.1.3.1 Considerações iniciais


Foi visto que, nos termos do art. 193 da Lei das S/A, a Reserva legal
deve ser formada pela apropriação de 5% do lucro líquido do exercício
antes de qualquer outra destinação, até o limite de 20% do capital
social. Aqui surge uma primeira dúvida: quando a Lei das S/A utiliza o

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termo “capital social”, ela estaria se referindo ao capital social subscrito
ou ao capital social realizado?
A doutrina contábil majoritária entende que se trata do capital social
realizado (opinião com a qual concordamos e que tem sido aquela
esposada pela ESAF na maioria de suas questões de concurso37.
Entretanto, cabe colocar que há autores que defendem que o limite de
20% se refere ao capital social total (capital subscrito).
Uma segunda questão, atualmente sem maior importância (mas que até
alguns anos atrás era de especial relevância), é aquela referente à
Reserva de Capital de correção monetária do capital social realizado.
Segundo a doutrina contábil majoritária, também, enquanto houvesse
essa reserva registrada (ou seja, não capitalizada), ela deveria ser
somada ao capital social para cálculo do limite da reserva legal a que se
refere o art. 193.
Esse entendimento decorria do fato de que a não-inclusão da reserva de
correção monetária distorceria o efetivo valor do capital social realizado,
em razão dos efeitos da inflação. Assim, no caso de registro – ainda –
da reserva de correção monetária do capital social realizado, ela deve
ser considerada parte do próprio capital social realizado, para fins de
cálculo do limite da reserva legal.
Uma terceira, e importante, questão é aquela referida no § 1o do art.
193, que dispõe sobre o limite facultativo dessa reserva, nos seguintes
termos:
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva
legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido
do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do
artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital
social.
Nessa situação, enquanto o valor da Reserva Legal (que vai se
acumulando a cada exercício) não alcançar o montante de 20% do
capital social realizado, pode haver um momento em que (mesmo esse
limite não alcançado), a companhia possa (caso assim deseje) deixar de
constituir (parar de acumular) essa reserva. Isso ocorrerá no momento
em que o valor (acumulado) da reserva legal, somado ao valor das

37
De todas as questões de concurso elaboradas pela ESAF que já tivemos
oportunidade de resolver e comentar, apenas em uma questão o disposto no art. 193
da Lei das S/A foi interpretado como sendo o capital social subscrito – em todas as
demais, utilizou-se o capital social realizado. Nesse sentido, recomendamos a leitura
(após o estudo deste curso) do livro “Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF”, do mesmo autor, em que os conceitos aqui apresentados são
utilizados, de forma prática, na solução de questões de concurso.

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reservas de capital (exceto a eventual reserva de correção monetária do
capital), chegar a 30% do capital social realizado.
Esses limites, apresentados a partir da fria letra da Lei das S/A podem
não ser de entendimento imediato por parte do neófito. Portanto, em
nosso curso é proposta, com objetivos didáticos, uma abordagem
diferenciada (bem humorada, de fácil entendimento e de rigorosa
aderência à Lei das S/A), a seguir.

5.6.1.3.2 Apresentação didática do cálculo do valor da


Reserva legal – e seus limites
Imagine uma esposa que pede a seu marido que troque uma telha – no
telhado de casa. Esse marido (geralmente a contra-gosto) vai pegar
uma escada, e posicioná-la abaixo do alçapão do sótão da casa (caso
haja sótão na casa), que fica instalado na laje para:
a) a cada momento, dar um passo (subindo um degrau);
b) até chegar no teto (que é o telhado);
c) passando pelo sub-teto (que é laje da edificação, onde está
instalado o alçapão de entrada no sótão).
Imaginem que nessa situação, o marido (sem pressa) irá dar um passo
de cada vez (subindo aos poucos a escada). Da mesma forma, a
Reserva legal é constituída (sem pressa), com 5% do lucro líquido a
cada exercício (acumulando aos poucos seu valor). Nesse sentido,
reproduzimos (em parte) o caput do art. 193 da Lei das S/A, em tela:
Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão
aplicados, antes de qualquer outra destinação, na
constituição da reserva legal
Dando um passo após o outro, o marido vai subindo a escada até chegar
no teto (que é o telhado) e, quando chega lá, não pode mais dar
nenhum passo (não pode subir mais). Da mesma forma, a Reserva
legal vai sendo constituída com 5% do lucro exercício após exercício, até
chegar ao montante de 20% do capital social realizado e, quando
alcança esse valor, não pode mais ser constituída (não pode aumentar
de valor). Nesse sentido, reproduzimos (em parte) o caput do art. 193
da Lei das S/A, em tela:
constituição da reserva legal, que não excederá de 20%
(vinte por cento) do capital social.
Ocorre que, quando o marido alcança alçapão do sótão (ultrapassa a
altura da laje da casa – subteto) a esposa não mais o vê e, assim, não
pode mais ficar obrigando-o a dar mais passos; dessa forma, a partir da
laje, o marido somente dará mais passos se quiser (facultativamente) –
até o teto (telhado). Da mesma forma, quando a Reserva legal, somada

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às reservas de capital alcança o valor de 30% do capital social, a
companhia não mais é obrigada a continuar destinando valores à
Reserva legal, fazendo isso somente se quiser (facultativamente) – até
que o valor da Reserva legal alcance o teto (20% do capital social).
Para resolução de problemas, propomos a seguinte fórmula
simplificadora:
Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto correção
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) monetária do capital)

Para a maioria dos autores, capital social significa "Capital social realizado, somado à Reserva de Correção monetária do capital".

Uma última observação. Pode ocorrer do valor do teto ser inferior ao


valor do sub-teto. Notadamente, isso ocorre quando não há reservas de
capital constituídas na companhia; pois, por óbvio, o valor de 30% do
Capital social é superior ao de 20% do Capital social. Esse é o caso em
que a laje está construída acima do telhado e, nesse caso, a laje não
tem utilidade alguma, portanto, basta ignorá-la. Da mesma forma,
nesse caso, basta ignorar o sub-teto.
Colocada a regra de cálculo da Reserva legal, tanto da maneira
tradicional quando de nossa maneira didática, vamos contextualizá-la
com a apresentação de alguns exemplos numéricos.

5.6.1.4 Exemplos de constituição de Reserva legal

5.6.1.4.1 Antes de alcançar os limites facultativo (sub-teto)


e obrigatório (teto)
Seja uma companhia que apresente um patrimônio líquido conforme
abaixo.
a) Capital = R$ 2.000,00
b) Reservas de capital = R$ 230,00
c) Reserva legal (anteriormente constituída) = R$ 25,00
Considere que essa companhia tenha auferido um lucro de R$ 300,00
Nesse caso, vamos apurar o valor da reserva legal a partir do cálculo
dos valores do passo, do teto e do sub-teto, conforme a seguir:

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Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido
5% (*) 300,00 (=) 15,00
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
20% (*) 2.000,00 (-) 25,00 (=) 375,00
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) correção monetária do capital)
30% (*) 2.000,00 (-) 25,00 (-) 230,00 (=) 345,00

Nessa situação o passo é inferior ao teto e ao sub-teto, portanto,


obrigatoriamente o passo deve ser dado. Assim, a Reserva legal a ser
constituída no período deverá ser de R$ 15,00.

5.6.1.4.2 Após alcançar o limite facultativo (sub-teto) e


antes de alcançar o limite obrigatório (teto)
Seja uma companhia que apresente um patrimônio líquido conforme
abaixo.
a) Capital = R$ 2.000,00
b) Reservas de capital = R$ 230,00
c) Reserva legal (anteriormente constituída) = R$ 360,00
Considere que essa companhia tenha auferido um lucro de R$ 300,00
Nesse caso, vamos apurar o valor da reserva legal a partir do cálculo
dos valores do passo, do teto e do sub-teto, conforme a seguir:

Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido


5% (*) 300,00 (=) 15,00
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
20% (*) 2.000,00 (-) 360,00 (=) 40,00
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) correção monetária do capital)
30% (*) 2.000,00 (-) 360,00 (-) 230,00 (=) 10,00

Repare que:
a) Nessa situação, o passo é de R$ 15,00 (a perna é
comprida o suficiente para dar um passo de R$ 15,00).
b) Ainda, o teto somente seria alcançado se o passo fosse de,
no mínimo, R$ 40,00 (a perna, portanto, não é comprida o
suficiente para – em um só passo – alcançar o teto).
c) O sub-teto é alcançado com um passo de apenas R$ 10,00
(portanto, a perna é comprida o suficiente para – em um
passo de R$ 15,00 – alcançar e passar do sub-teto).

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Nessa situação, o passo, potencialmente de R$ 15,00 não necessitará
ser dado obrigatoriamente nesse tamanho, pois com R$ 10,00 já estará
alcançado o sub-teto e, nesse caso, o restante do passo, no valor de R$
5,00, poderá ou não (facultativamente) ser dado.
Relembrando: (1) o passo é obrigatório até o sub-teto, (2) do sub-teto
ao teto ele é facultativo e (3) acima do teto ele é proibido.
Portanto, no caso necessariamente será dado um passo de no mínimo
R$ 10,00 e no máximo R$ 15,00, podendo ser dado um passo em
qualquer valor compreendido entre R$ 10,00 e R$ 15,00. Em outras
palavras, a Reserva legal deverá ser obrigatoriamente constituída em
um valor de, no mínimo R$ 10,00 e no máximo R$ 15,00, podendo ser
constituída em qualquer valor compreendido entre R$ 10,00 e R$ 15,00.

5.6.1.4.3 Alcançando o limite obrigatório (teto)


Seja uma companhia que apresente um patrimônio líquido conforme
abaixo.
a) Capital = R$ 2.000,00
b) Reservas de capital = R$ 202,00
c) Reserva legal (anteriormente constituída) = R$ 388,00
Considere que essa companhia tenha auferido um lucro de R$ 300,00
Nesse caso, vamos apurar o valor da reserva legal a partir do cálculo
dos valores do passo, do teto e do sub-teto, conforme a seguir:

Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido


5% (*) 300,00 (=) 15,00
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
20% (*) 2.000,00 (-) 388,00 (=) 12,00
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) correção monetária do capital)
30% (*) 2.000,00 (-) 388,00 (-) 202,00 (=) 10,00

Repare que:
a) Nessa situação, o passo é de R$ 15,00 (a perna é
comprida o suficiente para dar um passo de R$ 15,00).
b) Ainda, o teto já seria alcançado com um passo fosse de
apenas R$ 12,00 (a perna, portanto, é comprida o
suficiente para – em um só passo – alcançar o teto e
ultrapassá-lo).
c) O sub-teto é alcançado com um passo de apenas R$ 10,00
(portanto, a perna é comprida o suficiente para – em um
só passo – alcançar e passar também do sub-teto).

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Nessa situação, o passo, potencialmente de R$ 15,00:
- não poderá ser dado em valor que ultrapasse R$ 12,00 (pois do
teto não se pode passar);
- não necessitará ser dado obrigatoriamente nesse tamanho, pois
com R$ 10,00 já estará alcançado o sub-teto e, nesse caso, o
restante permitido do passo, no valor de R$ 2,00, poderá ou
não (facultativamente) ser dado;
- finalmente, o passo acima dos R$ 12,00 – até os R$ 15,00, que
potencialmente poderia ser dado – é proibido.
Relembrando: (1) o passo é obrigatório até o sub-teto, (2) do sub-teto
ao teto ele é facultativo e (3) acima do teto ele é proibido.
Portanto, no caso, necessariamente será dado um passo de no mínimo
R$ 10,00 e no máximo R$ 12,00, podendo ser dado um passo em
qualquer valor compreendido entre R$ 10,00 e R$ 12,00, sendo proibido
o passo em valor compreendido entre R$ 12,00 e R$ 15,00. Em outras
palavras, a Reserva legal deverá ser obrigatoriamente constituída em
um valor de, no mínimo R$ 10,00 e no máximo R$ 12,00, podendo ser
constituída em qualquer valor compreendido entre R$ 10,00 e R$ 12,00
e sendo proibida sua constituição em valor compreendido entre R$
12,00 e R$ 15,00.

5.6.1.4.4 No caso de limite facultativo (sub-teto) superior


ao limite obrigatório (teto)
Seja uma companhia que apresente um patrimônio líquido conforme
abaixo.
a) Capital = R$ 2.000,00
b) Reservas de capital = R$ 182,00
c) Reserva legal (anteriormente constituída) = R$ 388,00
Considere que essa companhia tenha auferido um lucro de R$ 300,00
Nesse caso, vamos apurar o valor da reserva legal a partir do cálculo
dos valores do passo, do teto e do sub-teto, conforme a seguir:

Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido


5% (*) 300,00 (=) 15,00
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
20% (*) 2.000,00 (-) 388,00 (=) 12,00
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) correção monetária do capital)
30% (*) 2.000,00 (-) 388,00 (-) 182,00 (=) 30,00

Repare que:

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a) Nessa situação, o passo é de R$ 15,00 (a perna é
comprida o suficiente para dar um passo de R$ 15,00).
b) Ainda, o teto já seria alcançado com um passo fosse de
apenas R$ 12,00 (a perna, portanto, é comprida o
suficiente para – em um só passo – alcançar o teto e
ultrapassá-lo).
c) O sub-teto está acima do teto, somente sendo alcançado
com um passo de R$ 30,00 (nessa situação, o sub-teto
não tem utilidade – assim como uma laje colocada acima
do telhado – e, portanto, deve ser simplesmente
desconsiderado).
Nessa situação, o passo, potencialmente de R$ 15,00:
- não poderá ser dado em valor que ultrapasse R$ 12,00 (pois do
teto não se pode passar);
- não necessitará ser feita qualquer consideração acerca do sub-
teto (a casa funcionará como uma casa que não tenha laje e,
assim, a esposa consegue enxergar o marido e obrigá-lo a subir
a escada até alcançar o telhado – teto);
- portanto, o passo acima dos R$ 12,00 – até os R$ 15,00, que
potencialmente poderia ser dado – é proibido.
Relembrando: (1) o passo é obrigatório até o sub-teto, (2) do sub-teto
ao teto ele é facultativo e (3) acima do teto ele é proibido. Porém,
como, no caso, o sub-teto é superior ao teto, ele não tem qualquer
função e, portanto: (1) o passo é obrigatório até o teto e (2) o passo é
proibido acima do teto.
Assim, no caso, necessariamente será dado um passo de no mínimo R$
12,00 e no máximo R$ 12,00, não podendo ser dado um passo em
qualquer valor inferior ou superior. Em outras palavras, a Reserva legal
deverá ser obrigatoriamente constituída em um valor de, no mínimo R$
12,00 e no máximo R$ 12,00, não podendo ser constituída em qualquer
valor inferior ou superior.

5.6.1.5 Conclusão e apresentação esquemática do


funcionamento da Reserva legal
Pelos conceitos acima apresentados, conclui-se que a Reserva legal é
uma destinação do lucro líquido do exercício (nos limites determinados
pela lei), para proteção do capital social. O funcionamento esquemático
da conta “Reserva legal” encontra-se apresentado na figura a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reserva Legal
Débitos Créditos
de natureza credora si
na destinação do lucro líquido do período, para sua formação 1
(com contrapartida na conta LPA)
2 na capitalização da reserva
(com contrapartida em Capital Social Subscrito)
3 na absorção de prejuízos
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.6.2 Reservas para contingências

5.6.2.1 Previsão legal e finalidade


As Reservas para contingências têm por finalidade a manutenção de
recursos no patrimônio, com o objetivo de compensar uma, eventual, a
diminuição do lucro, em exercícios futuros, decorrente de uma perda
julgada provável e cujo valor possa ser estimado. A assembléia geral de
acionistas pode, portanto, por proposta dos órgãos de administração,
destinar uma parcela do lucro para a formação dessa reserva, conforme
previsto no art. 195 da Lei das S/A, abaixo:
Art. 195. A assembléia-geral poderá, por proposta dos
órgãos da administração, destinar parte do lucro líquido à
formação de reserva com a finalidade de compensar, em
exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda
julgada provável, cujo valor possa ser estimado.
§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá
indicar a causa da perda prevista e justificar, com as
razões de prudência que a recomendem, a constituição da
reserva.
§ 2º A reserva será revertida no exercício em que
deixarem de existir as razões que justificaram a sua
constituição ou em que ocorrer a perda.

5.6.2.2 Reservas para contingências x Provisões


Uma questão de grande relevância é a separação, com a correta
diferenciação, dos conceitos de Reservas de contingência e de provisões.
Trata-se de uma confusão muito recorrente, por parte daqueles que

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estão tendo o primeiro contato com a Contabilidade e, em especial,
aqueles que não tiveram claro o conceito de provisão.
Em que pese o fato das provisões e das reservas de reavaliação serem
contas patrimoniais de natureza credora, elas não se confundem pelo
simples motivo de que o fato que implica sua existência tem ocorrência
em momentos distintos no tempo:
a) a provisão consiste em um ônus ou na obrigação de
suportar uma perda já ocorrida, mas sobre a qual
paira alguma incerteza quanto ao exato valor e ao
momento em que ela vai se confirmar;
b) a reserva de contingência se refere a uma eventual
perda, que pode – ou não – ocorrer em momento
futuro.
A ocorrência de uma provisão reduz o lucro líquido do exercício (pelo
registro de despesa com constituição da provisão). Ao contrário a
constituição da reserva não influi no lucro do exercício, mas tão
somente equaliza o valor dos dividendos a distribuir no período
(reduzindo-o) e, conseqüentemente, mantendo mais recursos no
patrimônio da companhia.
Diante de uma incerteza, quanto a acontecimentos futuros, a
companhia, portanto, retém uma parcela de seus lucros para,
alternativamente:
a) utilizar esses valores para fazer frente aos acontecimentos
futuros sem ter que recorrer a financiamentos; ou
b) no caso dos acontecimentos futuros não se confirmarem,
distribuir os resultados (então retidos) no futuro – no
momento em que esses acontecimentos não forem mais
uma ameaça.
As Reservas para contingências apresentam, como características: (1) a
retenção de um valor no patrimônio que, normalmente, seria distribuído
como dividendos; (2) o fato desse valor estar relacionado a uma perda
futura – com base na experiência de situações semelhantes no passado;
(3) esse fato envolver uma incerteza quanto a seu acontecimento e ao
valor da perda – mas a possibilidade de sua estimativa.

5.6.2.3 Constituição e reversão das Reservas para


contingências
Diferentemente do que ocorre com a reserva legal – que possui uma
regra específica de quantificação, as Reservas para contingências
deverão ser calculadas, aprovadas e constituídas caso a caso. Assim, os
órgãos de administração deverão propor sua constituição, indicando a

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causa da perda prevista, a justificação dos motivos de ocorrência da
perda e a previsão de seu provável valor.
Exemplificativamente, podem ser constituídas reservas de provisão nas
seguintes situações:
- desastres naturais, como, enchentes, secas, geadas, etc.;
- problemas de posicionamento no mercado, como, obsolescência
de estoques (situação comum em empresas que trabalham com
tecnologia em constante desenvolvimento – como é o caso das
empresas de informática);
- problemas de intervenção do governo na regulação da
economia, como, aumento ou redução de alíquotas de
importação de produtos que a empresa importe ou fabrique;
- problemas trabalhistas, como por exemplo, paralização por
longo período das atividades da companhia em virtude de
greves de trabalhadores.
A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as
razões que justificaram sua constituição ou em que ocorrer a perda.

5.6.2.4 Exemplos
Para ilustrar os conceitos apresentados, encontram-se dois exemplos,
relativos à constituição e reversão de Reservas para contingências: (1)
com a ocorrência da contingência e (2) com o desaparecimento do risco
da contingência.
(1) constituição e reversão de Reservas para contingência, com a
ocorrência da contingência.
- situação inicial, 31/12/2004, companhia que apresentou lucro de R$
1.000,00, porém teme uma contingência (enchente que inunde o
estabelecimento onde mantém seu estoque de tamancos) avaliada em
R$ 1.000,00.

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Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 10.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Despesas Receitas
Receitas 1.000,00

- fechamento do exercício
D = Apuração do resultado do exercício - ARE
1 - C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA 1.000,00
- constituição de Reservas para contingências.
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
2 - C = a Reservas para contingências 1.000,00
- situação patrimonial após a constituição da Reserva

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 10.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências 1.000,00

Despesas Receitas

- no ano seguinte, ocorrendo a enchente, a companhia incorre em


perdas de R$ 1.000,00 – que reduzem seu lucro, assim, em
31/12/2005, antes do fechamento do exercício, a situação patrimonial
da companhia seria conforme a seguir.

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Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 9.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências 1.000,00

Despesas Receitas
perdas 1.000,00

- repare que, no fechamento do exercício, será levado um prejuízo (de


R$ 1.000,00) à conta LPA.
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
3 - C = a Apuração do Resultado do exercício - ARE 1.000,00
- a situação patrimonial após o fechamento do exercício será conforme a
seguir.

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 9.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências 1.000,00


LPA (1.000,00)

Despesas Receitas

- reversão de Reservas para contingência.


D = Reservas para contingências
4 - C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA 1.000,00
- situação final – em 31/12/2005 (após o fechamento do exercício e a
reversão da reserva).

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Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 9.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências -


LPA -

Despesas Receitas

Repare que no momento inicial, poderia ter sido destinado R$ 1.000,00


aos acionistas, a título de dividendos, mas isso não foi feito. Mantendo-
se esse valor no patrimônio da companhia, para eventual utilização na
ocorrência de uma enchente, evitou-se que a companhia tivesse que
contrair empréstimos bancários, para manter seu funcionamento.
Tendo ocorrido tal evento, no ano seguinte, a companhia incorreu em
perdas, que resultaram em prejuízos, porém esses prejuízos não
lograram reduzir o Patrimônio Líquido a valores inferiores ao inicial, pois
havia sido constituída reserva de lucro para isso. Assim, na situação
final, em que pese a companhia ter experimentado prejuízo no ano, não
há prejuízos acumulados.
(2) constituição e reversão de Reservas para contingência, com o
desaparecimento do risco da contingência.
- situação inicial, 31/12/2004, companhia que apresentou lucro de R$
1.000,00, porém teme uma contingência (enchente que inunde o
estabelecimento onde mantém seu estoque de tamancos) avaliada em
R$ 1.000,00.

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 10.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Despesas Receitas
Receitas 1.000,00

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- fechamento do exercício
D = Apuração do resultado do exercício - ARE
1 - C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA 1.000,00
- constituição de Reservas para contingências.
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
2 - C = a Reservas para contingências 1.000,00
- situação patrimonial após a constituição da Reserva

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 10.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências 1.000,00

Despesas Receitas

- no ano seguinte, não ocorrendo a enchente, a companhia não


experimentou perdas – que reduzissem seu lucro em R$ 1.000,00,
assim, em 31/12/2005, antes do fechamento do exercício, a situação
patrimonial da companhia seria conforme a seguir.

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 10.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências 1.000,00

Despesas Receitas

- repare que, no fechamento do exercício, não será levado um prejuízo


(de R$ 1.000,00) à conta LPA. Nessa situação, não haverá mais motivo
para manter os R$ 1000,00 no patrimônio, podendo ser realizada a
reversão das Reservas para contingência.

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D = Reservas para contingências
3 - C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA 1.000,00
- situação final – em 31/12/2005 (após o fechamento do exercício e a
reversão da reserva).

Ativo Passivo
Caixa 21.000,00

estoques 9.000,00 ----------------------------- Patrimônio Líquido


Capital Social Subscrito 30.000,00
(-) Capital a Realizar -
(=) Capital Realizado 30.000,00

Reservas para contingências -


LPA 1.000,00

Despesas Receitas

Repare que no momento inicial, poderia ter sido destinado R$ 1.000,00


aos acionistas, a título de dividendos, mas isso não foi feito. Mantendo-
se esse valor no patrimônio da companhia, para eventual utilização na
ocorrência de uma enchente, evitar-se-ia que a companhia tivesse que
contrair empréstimos bancários, para manter seu funcionamento.
Ocorre que, não tendo ocorrido tal evento, no ano seguinte, a
companhia não incorreu em perdas, que resultassem em prejuízos,
portanto a Reserva se revelou desnecessária e foi revertida. Assim, na
situação final, pela companhia não ter experimentado, no ano, as
perdas antes temidas, resultou um valor de R$ 1.000,00 na conta LPA,
que poderá ser – afinal – destinado aos acionistas, ao capital ou a
outras reservas de lucro.

5.6.2.5 Conclusão e apresentação esquemática do


funcionamento da Reserva de contingências
Pelos conceitos acima, é possível apresentar o funcionamento
esquemático da conta de Reservas para contingências, conforme figura
a seguir:

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Modelo de funcionamento de contas contábeis

Reservas para contingências


Débitos Créditos
de natureza credora si
na destinação do lucro líquido do período, para sua formação 1
(com contrapartida na conta LPA)
2 na reversão da reserva
ocorrendo a contingência ou deixando de haver o risco
(com contrapartida na conta LPA)
de natureza credora sf

Legenda
si - Saldo inicial
sf - Saldo final
1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos)

5.6.3 Reserva de lucros a realizar


Como a contabilidade considera, na apuração do lucro, fatos
econômicos, normalmente nem todo o lucro apurado se encontra
financeiramente realizado38. Em outras palavras, parte das receitas
computadas no resultado do exercício, em obediência ao regime de
competência, pode não ter sido recebida. Assim, embora
economicamente auferida, em toda receita está financeiramente
realizada – transformada em dinheiro a ser utilizado nas atividades da
empresa.
A reserva de lucros a realizar visa, então segregar esse lucro não
realizado, para que não seja distribuída, na forma de dividendos,
parcela dos resultados que nem sequer tenha sido recebida pela
empresa, evitando, assim, sua descapitalização.
Nos termos do art. 197 da Lei das S/A, abaixo reproduzido em parte,
são considerados lucros a realizar o resultado positivo da equivalência
patrimonial e o lucro de operações a se realizar no Longo Prazo.
Art. 197. …
§ 1o Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a
parcela do lucro líquido do exercício que exceder da soma
dos seguintes valores:
I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial
(art. 248); e

38
Com relação a esse assunto, recomendamos a leitura do item que trata do princípio
fundamental de contabilidade da “Competência”, no capitulo 01 deste curso.

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II - o lucro, ganho ou rendimento em operações cujo prazo
de realização financeira ocorra após o término do exercício
social seguinte.
O lançamento da constituição da Reserva de lucros a realizar é o
seguinte:
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
1 - C = a Reserva de lucros a realizar x
O lançamento da reversão dessa reserva é o seguinte:
D = Reserva de lucros a realizar
2 - C = a Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA y
A constituição da reserva de lucros a realizar é facultativa e pode
ocorrer no exercício em que o montante do dividendo mínimo
obrigatório ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício.
A apuração do valor dessa reserva será estudada juntamente com o
cálculo dos dividendos obrigatórios – em tópico específico, adiante neste
curso.

5.6.4 Reservas estatutárias


As reservas estatutárias são aquelas a serem constituídas, a partir do
lucro líquido do exercício, com base que estiver disposto no estatuto
social da companhia.
Com base no art. 194 da Lei das S/A, as reservas estatutárias somente
poderão ser criadas no caso do estatuto indicar sua finalidade, os
critérios de sua constituição e os limites máximos para a reserva.
Assim, o estatuto pode – exemplificativamente – determinar a
constituição de reservas com o objetivo de resgate de debêntures ou de
partes beneficiárias, aumento de capital ou amortização de ações. A
seguir, para fins de clareza, encontra-se reproduzido o citado artigo.
Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde que, para
cada uma:
I - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;
II - fixe os critérios para determinar a parcela anual dos
lucros líquidos que serão destinados à sua constituição; e
III - estabeleça o limite máximo da reserva.
De acordo com o art. 198 da Lei das S/A, a constituição de reserva
estatutária não pode ser aprovada em prejuízo da distribuição do
dividendo mínimo obrigatório, conforme abaixo transcrito.
Art. 198. A destinação dos lucros para constituição das
reservas de que trata o artigo 194 e a retenção nos termos
do artigo 196 não poderão ser aprovadas, em cada
exercício, em prejuízo da distribuição do dividendo
obrigatório (artigo 202).

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O lançamento da constituição de Reserva estatutária é o seguinte:
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
1 - C = a Reserva estatutária x
O lançamento da reversão dessa reserva é o seguinte:
D = Reserva estatutária
2 - C = a Lucro ou Prejuízos acumulados - LPA y

5.6.5 Reservas de lucros para planos de investimento (retenção de


lucros)
As Reservas de retenção de lucros são formadas com a finalidade de
reter parte do lucro do exercício, a fim de destiná-lo a execução de
projetos de investimento e expansão da companhia. Tais reservas,
propostas pelos órgãos de administração, devem ser aprovadas pela
assembléia geral de acionistas. Essa reserva pode, também, receber o
nome de Reserva para plano de expansão ou de Reserva orçamentária.
A razão dessa última denominação reside no fato de que a aprovação da
constituição da reserva é condicionada a sua previsão no orçamento de
capital (de investimentos) da companhia.
Uma vez constituída essa reserva, parte do lucro auferido – não tendo
sido distribuído aos acionistas – estará compondo o patrimônio, para
que seja aplicado na consecução do projeto. À medida que os projetos
forem sendo executados, a reserva de retenção de lucros deverá ser
revertida para a conta LPA, podendo também ser utilizada para aumento
de capital ou absorção de prejuízos.
Nos termos do art. 196 da Lei das S/A, orçamento é submetido à
assembléia-geral (ordinária ou extraordinária) pelos órgãos de
administração, compreendendo as fontes de recursos e o destino do
capital, alcançando até 5 exercícios consecutivos, salvo se a execução
do projeto de investimento tiver prazo maior. O orçamento pode ser
revisto anualmente, quando o projeto tiver duração superior a um
exercício social. A seguir, para fins de clareza, encontra-se transcrito o
citado artigo.
Art. 196. A assembléia-geral poderá, por proposta dos
órgãos da administração, deliberar reter parcela do lucro
líquido do exercício prevista em orçamento de capital por
ela previamente aprovado.
§ 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da
administração com a justificação da retenção de lucros
proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos
e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a
duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de
execução, por prazo maior, de projeto de investimento.

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§ 2o O orçamento poderá ser aprovado pela assembléia-
geral ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício e
revisado anualmente, quando tiver duração superior a um
exercício social.
De acordo com o art. 198 da Lei das S/A, a constituição de reserva de
retenção de lucros também não pode ser aprovada em prejuízo da
distribuição do dividendo mínimo obrigatório, conforme abaixo
transcrito.
Art. 198. A destinação dos lucros para constituição das
reservas de que trata o artigo 194 e a retenção nos termos
do artigo 196 não poderão ser aprovadas, em cada
exercício, em prejuízo da distribuição do dividendo
obrigatório (artigo 202).
O lançamento da constituição de Reserva de retenção de lucros é o
seguinte:
D = Lucros ou Prejuízos acumulados - LPA
1 - C = a Reserva de retenção de lucros x
O lançamento da reversão dessa reserva é o seguinte:
D = Reserva de retenção de lucros
2 - C = a Lucro ou Prejuízos acumulados - LPA y

5.6.6 Reserva especial para dividendos obrigatórios não distribuídos


A Reserva especial para dividendos obrigatórios não distribuídos será
constituída, nos termos do art. 202 da Lei das S/A, quando os acionistas
tiverem direito aos dividendos, porém a companhia não dispuser de
recursos financeiros para distribuí-los. Os lucros que deixarem de ser
distribuídos, portanto, deverão ficar registrados nessa reserva, para
serem pagos assim que a situação financeira permitir. Essa reserva
pode também ser utilizada para a absorção de prejuízos. A seguir,
encontra-se parcialmente reproduzido o citado artigo.
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como
dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos
lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a
importância determinada de acordo com as seguintes
normas:
...
§ 4º O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório
no exercício social em que os órgãos da administração
informarem à assembléia-geral ordinária ser ele
incompatível com a situação financeira da companhia. O
conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar parecer
sobre essa informação e, na companhia aberta, seus
administradores encaminharão à Comissão de Valores
Mobiliários, dentro de 5 (cinco) dias da realização da

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assembléia-geral, exposição justificativa da informação
transmitida à assembléia.
§ 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos
do § 4º serão registrados como reserva especial e, se não
absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes,
deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a
situação financeira da companhia.

5.7 Lucros ou prejuízos acumulados


A conta Lucro ou Prejuízos Acumulados – LPA, até o advento da Lei n°
10.303, de 2001 (com vigência a partir de 01/01/2002), representa o
saldo remanescente dos lucros (ou prejuízos), líquidos das apropriações
para reservas de lucros e dos dividendos distribuídos, integrando o
patrimônio líquido a partir da data do balanço em que forem apurados –
com a natureza de valores de lucro auferido e “nem distribuído, nem
destinado a um objetivo específico”.
Metaforicamente, a conta LPA podia ser encarada como um “Saco sem
fundo”, pois todo o lucro que fosse auferido pela companhia, ao ser
integrado ao PL (quando do procedimento de fechamento de exercício)
poderia, caso não fosse destinado ao capital ou a alguma reserva de
lucro, ficar “guardado” na conta LPA indefinidamente.
A Lei 10.303, de 2001, alterou a Lei das S/A, introduzindo um
dispositivo da maior relevância: o parágrafo 5o do art. 202:
Art. 202. ...
§ 6o Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a
197 deverão ser distribuídos como dividendos. (Parágrafo
incluído pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)
Essa alteração da Lei das S/A proibiu que fosse destinada – a partir de
2002 – parcela do lucro à conta LPA (obrigando que o lucro auferido
fosse destinado ao capital, à distribuição de dividendos ou a reservas de
lucro). Cumpre referir que essa foi uma providência salutar, pois não há
razão para a retenção do lucro no patrimônio da companhia seu um
objetivo específico; afinal de contas, o objetivo de uma pessoa jurídica
de direito privado com fins lucrativos, como é o caso das Sociedades
Anônimas, é o de gerar lucro para o acionista39.
Com essa alteração legislativa, a conta LPA passou a ter a função de
mero “Portal de entrada do resultado no patrimônio líquido”, sendo sua
função a de receber o Resultado do exercício (conta intermediária ARE)
e destinar o valor para capital, reserva de lucros e dividendos a pagar.

39
Sobre o assunto, serão tecidas considerações acerca da diluição do minoritário, no
item que trata da variação no percentual de participação societária, na aula que trata
de participações societárias, adiante neste curso.

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A partir das considerações acima, alguns – mais afoitos – poderiam
concluir erroneamente que:
- o saldo da conta LPA, agora, tem que ser zero (ao final de cada
exercício); ou
- o saldo da conta LPA não pode mais aumentar.
Entretanto, essas conclusões – apressadas – não resistem a uma análise
mais aprofundada da questão:
- ao final de cada período, o saldo da conta LPA pode ser (1)
zero; (2) negativo, caso haja prejuízos acumulados e (3) ainda,
positivo – caso haja lucros acumulados nela registrados,
relativos a resultados auferidos antes da vigência da Lei n°
10.303, de 2001,
- o saldo da conta LPA pode aumentar na hipótese de ser
negativo (ter registro de prejuízos acumulados) e, na situação
de lucro no exercício, ser elevado até zero.
Recapitulando, a conta LPA constitui-se em interligação ente o Balanço
Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Maiores
considerações sobre o funcionamento dessa conta serão apresentadas
no item que trata da Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados
(DLPA), adiante neste curso.

5.8 Ações em tesouraria

5.8.1 Conceito e condições para aquisição de ações pela companhia


De início é mister colocar que a existência de ações em tesouraria é um
contra-senso por definição. Considerando-se que a ação é um título que
dá a seu detentor direito sobre uma fração ideal do patrimônio de uma
companhia:
- é de se esperar que pessoas interessadas em “possuir” parte do
patrimônio de uma companhia seja seu acionista;
- mas não é razoável esperar que a própria companhia queira ter
direito sobre seu próprio patrimônio (ora, o dono de algo é
sempre um terceiro, senão não é dono – mas confundem-se o
proprietário e o objeto possuído).
Em outras palavras, com a aquisição de ações em tesouraria, a
companhia torna-se acionista de si mesma.
Para ilustrar a situação – sempre com finalidades didáticas – propomos
a comparação metafórica de uma companhia que adquire suas próprias
ações com uma pessoa que, para alimentar-se, come um pedaço de seu
próprio fígado. Ou seja, à primeira vista, não faz nenhum sentido.

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Porém, a Lei das S/A prevê essa situação, no § 5o de seu art. 182, a
seguir:
Art. 182. ...
...
§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no
balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que
registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.
Assim, vamos entender que: (1) pode haver ações em tesouraria, mas
(2) sua existência deve ser considerada uma exceção à regra geral (de
que as ações devem pertencer a terceiros). Nesse sentido, a Lei das
S/A, em seu art. 30, estabelece que a companhia não pode negociar
com suas próprias ações, exceto em casos especiais, conforme a seguir
transcrito:
Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias
ações.
§ 1º Nessa proibição não se compreendem:
a) as operações de resgate, reembolso ou amortização
previstas em lei;
b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou
cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou
reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital
social, ou por doação;
c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b
e mantidas em tesouraria;
d) a compra quando, resolvida a redução do capital
mediante restituição, em dinheiro, de parte do valor das
ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual à
importância que deve ser restituída.
...
§ 5º No caso da alínea d do § 1º, as ações adquiridas
serão retiradas definitivamente de circulação.
Nos termos acima, há três situações que podem ensejar ações em
tesouraria: (1) operações típicas societárias, de resgate, reembolso ou
amortização – que serão vistas em separado; (2) aquisição e alienação,
desde que no valor de – até – o saldo dos lucros e reservas, exceto a
legal e (3) compra para definitiva retirada de circulação, quando o valor
em bolsa for menor do que aquele a ser restituído em operação de
resgate.
Para companhias de capital aberto, é prevista a regulamentação de
ações em tesouraria pela Lei das S/A, conforme § 2o do art. 30:
§ 2º A aquisição das próprias ações pela companhia aberta
obedecerá, sob pena de nulidade, às normas expedidas

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pela Comissão de Valores Mobiliários, que poderá
subordiná-la à prévia autorização em cada caso.
Nesse sentido, a IN CVM n° 10, de 1980, dispôs sobre a aquisição de
ações próprias por companhia de capital aberto, vedando sua aquisição
nas seguintes situações:
a) quando implicar a diminuição do capital social;
b) quando ultrapassar o valor do saldo dos lucros ou reservas
disponíveis (todas exceto a legal, a de lucros a realizar, a de
reavaliação e a especial para dividendo obrigatório não
distribuído) – constantes do último balanço;
c) quando criar condições artificiais de demanda ou oferta de
ações, influenciando seu preço;
d) quando referir-se a ações não integralizadas;
e) quando referir-se a ações do acionista controlador;
f) quando estiver em curso oferta pública de aquisição de suas
ações.
Uma vez em tesouraria, a ação não dá direito a dividendos, o que seria
um absurdo, a companhia pagar valores para ela mesma, nos termos do
§ 4o do art. 30 da Lei das S/A:
§ 4º As ações adquiridas nos termos da alínea b do § 1º,
enquanto mantidas em tesouraria, não terão direito a
dividendo nem a voto.

5.8.2 Lançamentos contábeis referentes à aquisição e alienação de


ações pela própria companhia
Cabe colocar que a conta “Ações em tesouraria”, em que pese estar
classificada no Patrimônio líquido, representa um título (bem ou direito)
possuído pela companhia e que deveria, portanto, estar classificada no
ativo (como qualquer outro bem ou direito). Assim, a conta “Ações em
tesouraria” apresenta natureza de ativo e funcionamento de ativo, mas
(por força da Lei das S/A), para facilitar a apresentação do patrimônio,
fica registrada no Patrimônio líquido com o sinal invertido40.
Na aquisição, pela companhia, de ações de sua emissão (no valor de –
por exemplo – R$ 1.000,00), o lançamento deverá ser o seguinte:
D = Ações em tesouraria
1 - C = a Caixa (ou bancos) 1.000,00

40
Lembrando o conceito (didático e divertido) de conta do tipo “Sapatão”, com
natureza de ativo, funcionamento de ativo e classificação no passivo (com o sinal
invertido).

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A alienação de ações em tesouraria pode ocorrer com lucros ou perdas:
a) No caso de resultado positivo, a alienação de ações em tesouraria (no
valor de – por exemplo – R$ 1.200,00) deve ser registrada com crédito
em reserva de capital (conforme já visto nesta aula):
D= Caixa (ou bancos) 1.200,00
2.a - C = a Diversos
C=a Ações em tesouraria 1.000,00
C=a Reserva de capital - lucro na alienação de ações em tesouraria 200,00
b) No caso de resultado negativo, a alienação de ações em tesouraria
(no valor de – por exemplo – R$ 1.200,00) deve ser registrada com
débito nas contas de reservas ou lucros que originaram os recursos
aplicados na sua aquisição:
D= Diversos
2.b - C = a Ações em tesouraria 1.000,00
D= Caixa (ou bancos) 800,00
D= Reserva (lucro ou capital) ou LPA - conforme a origem dos recursos 200,00

5.8.3 Operações societárias relacionadas com a existência de ações


em tesouraria
Já foi visto que, quando a companhia adquire suas próprias ações,
estamos diante da figura jurídica denominada ações em tesouraria.
Também vimos que isso pode ocorrer em diversas situações. Em
especial, foi referido que algumas operações societárias (previstas na
Lei das S/A) poderiam ensejar essa situação (existência de ações em
tesouraria). São esses os seguintes casos: (1) resgate, (2) reembolso
e (3) amortização de ações.
A seguir, estudaremos cada uma delas em especial.

5.8.3.1 O Resgate de ações


O resgate de ações, previsto no art. 44 da Lei das S/A, corresponde a
transmissão forçada da titularidade das ações, dos acionistas para a
própria companhia, para retirá-las definitivamente de circulação. A
seguir, encontra-se reproduzido – em parte – o citado dispositivo:
Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária
pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no
resgate ou na amortização de ações, determinando as
condições e o modo de proceder-se à operação.
§ 1º O resgate consiste no pagamento do valor das ações
para retirá-las definitivamente de circulação, com redução
ou não do capital social, mantido o mesmo capital, será
atribuído, quando for o caso, novo valor nominal às ações
remanescentes.
...

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§ 4º O resgate e a amortização que não abrangerem a
totalidade das ações de uma mesma classe serão feitos
mediante sorteio; sorteadas ações custodiadas nos termos
do artigo 41, a instituição financeira especificará, mediante
rateio, as resgatadas ou amortizadas, se outra forma não
estiver prevista no contrato de custódia.
...
§ 6o Salvo disposição em contrário do estatuto social, o
resgate de ações de uma ou mais classes só será efetuado
se, em assembléia especial convocada para deliberar essa
matéria específica, for aprovado por acionistas que
representem, no mínimo, a metade das ações da(s)
classe(s) atingida(s).
A operação de resgate de ações se dá, em condições normais de
mercado, em situações nas quais há desinteresse – por parte da
companhia – com relação aos recursos anteriormente nela aportados,
pelos acionistas, para formação de seu patrimônio.
Isso pode ocorrer pelo fato de que, por mudanças conjunturais, tenha
passado a ser mais interessante para a companhia (do ponto de vista
financeiro) desenvolver suas atividades com capital de terceiros
(empréstimos), do que com capital próprio. Essa situação, entretanto,
também pode ocorrer quando deixar de haver interesse da companhia
em manter a atividade até então desempenhada – por vários motivos,
inclusive pela eventual proibição do poder público.
Nessas situações, é interesse da companhia deixar de ter os recursos
dos acionistas e, portanto, delibera devolvê-los. Saliente-se que a
companhia pode não ter mais interesse nos recursos, mas isso não quer
dizer que ela possa deixar de ter interesse – em específico – em um
determinado acionista; assim, no caso de resgate de parte das ações de
uma espécie ou classe, deverá ser realizado sorteio, para evitar
eventuais perseguições contra determinado(s) acionista(s).
Importante, uma vez realizado o resgate, as ações devem ser retiradas
de circulação. Isso pode ser feito com o sem redução do capital.
a) no caso de resgate com redução do capital, o número de ações é
reduzido com manutenção do valor nominal das ações remanescentes
(caso as ações tenham valor nominal) e, conseqüentemente, o capital
será reduzido, com o seguinte lançamento contábil:
D = Capital social subscrito
1 - C = a Ações em tesouraria x
b) no caso de resgate sem redução do capital, o número de ações é
reduzido com manutenção do valor do capital social, assim, o valor
nominal das ações (caso as ações tenham valor nominal) é majorado,
sem a necessidade de qualquer lançamento contábil.

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5.8.3.2 O reembolso de ações
O reembolso de ações é a operação decorrente do direito de recesso
(direito dos acionistas a abandonar a companhia – em situações
especiais). Esse direito de recesso é uma proteção ao acionista, mas
que somente pode ser utilizado em situações muito bem definidas, pois
nosso sistema jurídico tem por regra a proteção do capital das empresas
(por opção política – partindo-se da premissa que o capital das
empresas é garantia de geração de atividade econômica, empregos e
renda).
Assim, o reembolso de ações somente será permitido em alguns casos
específicos previstos em lei, entre eles (o mais emblemático) é aquele
em que a companhia decide alterar seu objeto. Nessa situação, o
acionista tem o direito de se retirar do quadro social, recebendo o valor
correspondente a suas ações.
Portanto, o reembolso de ações, previsto no art. 45 da Lei das S/A, é a
operação em que a companhia paga aos acionistas o valor de suas
ações por conta de dissidência.
Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos casos
previstos em lei, a companhia paga aos acionistas
dissidentes de deliberação da assembléia-geral o valor de
suas ações.
§ 1º O estatuto pode estabelecer normas para a
determinação do valor de reembolso, que, entretanto,
somente poderá ser inferior ao valor de patrimônio líquido
constante do último balanço aprovado pela assembléia-
geral, observado o disposto no § 2º, se estipulado com
base no valor econômico da companhia, a ser apurado em
avaliação (§§ 3º e 4º).
§ 2º Se a deliberação da assembléia-geral ocorrer mais de
60 (sessenta) dias depois da data do último balanço
aprovado, será facultado ao acionista dissidente pedir,
juntamente com o reembolso, levantamento de balanço
especial em data que atenda àquele prazo.
Nesse caso, a companhia pagará imediatamente 80%
(oitenta por cento) do valor de reembolso calculado com
base no último balanço e, levantado o balanço especial,
pagará o saldo no prazo de 120 (cento e vinte), dias a
contar da data da deliberação da assembléia-geral.
§ 3º Se o estatuto determinar a avaliação da ação para
efeito de reembolso, o valor será o determinado por três
peritos ou empresa especializada, mediante laudo que
satisfaça os requisitos do § 1º do art. 8º e com a
responsabilidade prevista no § 6º do mesmo artigo.

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As ações reembolsadas podem ser consideradas como pagas à conta de
lucros ou reservas, exceto a legal, isto é, sem redução do capital social,
nos termos do § 5o do art. 45 da Lei das S/A:
§ 5º O valor de reembolso poderá ser pago à conta de
lucros ou reservas, exceto a legal, e nesse caso as ações
reembolsadas ficarão em tesouraria.
Entretanto, o reembolso pode também ocorrer às custas do capital
social e, nesse caso, as ações em tesouraria em decorrência de
reembolso devem ser destinadas a novos acionistas, ou –
alternativamente – se, em cento e vinte dias, isso não ocorrer, o capital
social deverá ser reduzido, com a retirada definitiva das ações de
circulação, nos termos do § 6o do art. 45 da Lei das S/A:
§ 6º Se, no prazo de cento e vinte dias, a contar da
publicação da ata da assembléia, não forem substituídos
os acionistas cujas ações tenham sido reembolsadas à
conta do capital social, este considerar-se-á reduzido no
montante correspondente, cumprindo aos órgãos da
administração convocar a assembléia-geral, dentro de
cinco dias, para tomar conhecimento daquela redução.

5.8.3.3 A amortização de ações


A amortização de ações consiste na distribuição aos acionistas, a título
de antecipação e sem redução do capital, de quantias que lhes seriam
destinadas em caso de liquidação da sociedade. As ações ordinárias ou
preferenciais integralmente amortizadas podem ser substituídas por
ações de fruição.
Assim, a amortização de ações, nos termos do art. 44 da Lei das S/A, é
a operação pela qual a companhia distribui aos acionistas, pelas suas
ações, a quantia que lhe caberia em caso de liquidação da companhia.
Para fins de clareza, encontra-se transcrito, a seguir, o citado artigo.
Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária
pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no
resgate ou na amortização de ações, determinando as
condições e o modo de proceder-se à operação.
...
§ 2º A amortização consiste na distribuição aos acionistas,
a título de antecipação e sem redução do capital social, de
quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da
companhia.
§ 3º A amortização pode ser integral ou parcial e abranger
todas as classes de ações ou só uma delas.
§ 4º O resgate e a amortização que não abrangerem a
totalidade das ações de uma mesma classe serão feitos
mediante sorteio; sorteadas ações custodiadas nos termos

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do artigo 41, a instituição financeira especificará, mediante
rateio, as resgatadas ou amortizadas, se outra forma não
estiver prevista no contrato de custódia.
§ 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser
substituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas
pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a
amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da
companhia, as ações amortizadas só concorrerão ao
acervo líquido depois de assegurado às ações não a
amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido
monetariamente.

A partir daí, as ações amortizadas poderão ser substituídas por ações de


fruição (com direito a participar do lucro, sem representar parcela do
capital) sendo que, no caso de liquidação, somente concorrerão ao
acervo líquido depois de assegurada a distribuição de igual valor às
ações não amortizadas.
Saliente-se que, assim como no resgate, a amortização não pode ser
direcionada a um acionista, mas a toda uma espécie ou classe de ações,
ou, caso não abranja toda a espécie ou classe, faz-se necessário sorteio.

6 Resumo
a) Passivo circulante e exigível a longo prazo – obrigações
exigíveis, respectivamente, antes ou após o final do próximo
exercício (ou do próximo ciclo operacional, caso este seja
maior).
a. Fornecedores – conta que registra o valor das compras a
prazo de mercadorias, matérias-primas e outros materiais
ou serviços que, via de regra, constam das notas fiscais
de entrada ou das faturas.
b. títulos a pagar - conta que registra as obrigações
contraídas pela empresa a título de empréstimo ou
financiamento, através de pessoas físicas ou jurídicas que
não sejam instituições financeiras.
c. Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar –
Dividendos são a parte do lucro auferido que cabe a cada
ação. Portanto, a primeira conta registra o valor
constante da proposta de pagamento de dividendos
apresentada pelos órgãos de administração à assembléia
geral de acionistas. A segunda conta registra o valor
aprovado pela assembléia geral de acionistas.

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d. Debêntures a pagar – Debêntures são “promissórias
metidas a besta”, porque (1) somente são emitidas por
S/A; (2) podem remunerar seus titulares com
participação nos lucros da companhia e (3) podem ser
conversíveis em ações. Debêntures a pagar é a conta
que registra a obrigação – da companhia – de pagar o
valor do empréstimo relativo ao título (debênture).
e. Salários a Pagar e encargos sociais a recolher – Este é
um conjunto de contas que registra a obrigação de
entrega de valores, alternativamente, aos empregados ou
ao poder público, decorrente da relação de trabalho.
f. Adiantamento de clientes – Conta que registra a
obrigação de devolução dos valores adiantados pelos
clientes, ou a entrega dos bens/serviços contratados.
g. Adiantamentos recebidos para aumento de capital – conta
que registra a obrigação de entrega de ações ao (futuro)
acionista, ou a devolução dos valores adiantados.
h. Empréstimos e financiamentos bancários
i. Principal – Conta que registra a obrigação de
devolução – ao banco – do valor do empréstimo ou
do financiamento contraído.
ii. juros e variações monetárias passivas – contas que
registram o crescimento da obrigação inicialmente
contraída (relativa aos empréstimos e
financiamentos bancários).
i. Provisões – Provisões são contas que registram a
obrigação de suportar “perdas na penumbra”, ou seja,
despesas incorridas, sobre as quais paire alguma dúvida
quanto ao exato valor e ao momento em que esse valor
será conhecido por completo.
iii. provisão para férias
iv. Provisão para 13o salário
v. Provisão para o imposto de renda
vi. Provisão para a contribuição social
j. Participações no resultado – contas que registram a
obrigação de entrega a (1) debenturistas, (2)
empregados, (3) administradores, (4) partes beneficiárias
e (5) contribuições para a previdência privada dos
empregados; oriundas do lucro auferido.

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b) Resultados de exercícios futuros – contas que representam
valores de receitas recebidas antecipadamente (deduzidas dos
respectivos custos) para os quais não haja (1) previsão de
devolução dos valores recebidos e (2) necessidade de qualquer
prestação positiva – bastando aguardar a passagem do tempo,
para a efetiva apropriação do valor ao patrimônio (com base no
regime de competência).
c) Patrimônio Líquido – valor da diferença existente entre
bens/direitos e obrigações, no patrimônio.
a. capital social – valor da contribuição dos sócios para a
formação do patrimônio da empresa.
i. Capital realizado – valor da diferença existente
entre o capital subscrito e o capital a realizar.
1. capital subscrito – valor do capital prometido,
aquele que os sócios se comprometeram a
retirar de seu próprio patrimônio, para a
formação do patrimônio da empresa.
2. capital a realizar – valor ainda não entregue
do capital subscrito.
ii. Capital autorizado – Não se trata de conta contábil
(sintética, nem analítica) é um valor que está
previsto no Estatuto, até o qual, pode haver
aumento de capital sem maiores formalidades.
b. Reservas – elementos que, além do capital, integram o
Patrimônio líquido.
i. Definição de reservas – Reservas são valores que
representam elementos patrimoniais sem qualquer
característica de exigibilidade atual ou futura.
ii. Classificação das reservas – as reservas são
classificadas em: (1) reservas de capital, (2)
reservas de reavaliação e (3) reservas de lucro.
c. Reservas de capital – são “Pedágios para entrar na festa”,
ou seja, valores entregues à companhia por interessados
em participar (no futuro) de eventuais lucros.
i. ágio na emissão de ações – Conta que registra os
valores que ultrapassam o valor nominal da ação
(ou o valor do aumento de capital dividido pelo
número de ações emitidas), entregues à companhia
pelos adquirentes das ações emitidas.

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ii. Prêmio na emissão de debêntures – Conta que
registra os valores que ultrapassam o valor nominal
das debêntures, entregues à companhia pelos
adquirentes das debêntures emitidas.
iii. Alienação de partes beneficiárias e bônus de
subscrição – Conta que registra os valores
entregues à companhia pelos adquirentes desses
títulos, quando emitidos.
1. partes beneficiárias são títulos que não tem
valor patrimonial, mas que dão direito, a seus
titulares, de participar no lucro da
companhia;
2. bônus de subscrição são títulos que permitem
a seus titulares subscrever e realizar futuros
aumentos de capital, quando da emissão de
novas ações.
iv. Doações e subvenções para investimentos – Conta
que registra os valores recebidos pela companhia
(do poder público) para investimentos.
d. Reservas de reavaliação – Conta que registra a
contrapartida do aumento de valores do ativo por conta
de novas avaliações.
e. Reservas de lucros – Contas que registram valores
relativos ao lucro auferido (que poderia – em tese – ter
sido destinado aos acionistas, na forma de distribuição de
dividendos), mas que ficaram “reservados”, mantidos no
patrimônio, “para um dia de chuva”.
i. Reserva legal – Conta que registra o valor do lucro
a ser mantido (por determinação da Lei das S/A) no
patrimônio, para proteção do capital social. O valor
a ser destinado a essa reserva é de: (1) 5% do
lucro de cada exercício (passo); (2) até alcançar
20% do valor do capital social (teto); (3) sendo
facultativo a partir do momento em que a Reserva
legal somada às reservas de capital alcançarem
30% do capital social (sub-teto).
ii. Reserva para contingências – Conta que registra o
valor do lucro a ser mantido no patrimônio (por
iniciativa dos órgãos de administração e aprovação
da assembléia geral) para fazer frente a possíveis
perdas futuras.

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iii. Reserva de lucros a realizar – Conta que registra o
valor do lucro a ser mantido no patrimônio para
evitar que se distribua dividendos sobre lucros
(auferidos – pelo regime de competência), que não
tenham sido realizados (recebidos em dinheiro) –
são considerados lucros a realizar: (1) as receitas
de equivalência patrimonial e (2) os lucros nas
operações para recebimento a longo prazo.
iv. Reservas estatutárias – Conta que registra o valor
do lucro a ser mantido no patrimônio por força de
dispositivo no Estatuto que disponha nesse sentido
(desde que não prejudique o pagamento do
dividendo mínimo obrigatório).
v. Reservas e lucros para planos de investimento
(retenção de lucros) – Conta que registra o valor do
lucro a ser mantido no patrimônio (por iniciativa
dos órgãos de administração e aprovado pela
assembléia geral) para utilização em projeto
específico de investimento.
vi. Reserva especial para dividendos obrigatórios não
distribuídos – Conta que registra o valor do lucro
que deveria ser pago aos acionistas (a título de
dividendos mínimos obrigatórios a distribuir), mas
que fica mantido no patrimônio por falta de
condições financeiras para seu desembolso.
f. Lucros ou prejuízos acumulados – Conta que representa a
“Porta de entrada do resultado no Patrimônio Líquido”
essa conta recebe o valor do lucro líquido auferido e o
destina a: (1) capital, (2) reservas de lucro ou (3)
dividendos.
g. Ações em tesouraria – Conta redutora do PL (de natureza
devedora) que representa o valor de ações adquiridas
pela própria companhia.

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7 Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela
ESAF – resolvidas e comentadas)

7.1 Classificação de contas e grupos patrimoniais

7.1.1 Técnico de Finanças e Controles – Secretaria de Finanças e


Controles (atual Controladoria Geral da União)
Enunciado
A empresa Júpiter S/A promoveu a contabilização completa de seu atos
e fatos administrativos, mas o Contador, quando mandou levantar o
balancete de verificação, nele não incluiu as seguintes contas e
respectivos saldos:
Ações em Tesouraria 600,00
Amortização acumulada 160,00
Capital a Realizar 800,00
Depreciação Acumulada 450,00
Duplicatas descontadas 400,00
Prejuízos acumulados 110,00
Provisão p/ FGTS 222,00
Provisão p/ Férias 111,00
Provisão p/ Créditos de liquidação duvidosa 200,00
Provisão para Imposto de Renda 500,00
Provisão para Perdas em investimentos 300,00
Provi. P/ ajuste ao Preço de Mercado 100,00
A inclusão das contas acima e respectivos saldos, já contabilizados, na
montagem estrutural das demonstrações contábeis provocará todas as
alterações abaixo, exceto:
a) os saldos devedores aumentarão em R$ 1.510,00
b) os saldos credores aumentarão em R$ 2.443,00
c) o Ativo permanente ficará reduzido em R$ 910,00
d) o Passivo Circulante ficará aumentado em R$ 433,00
e) o Ativo Circulante ficará reduzido em R$ 700,00
Resolução e comentários
A resolução da presente questão demanda a classificação das contas
acima relacionadas em contas de A, PC, PELP, PL (inclusive, quando
retificadora, trocando-se o sinal) e a respectiva natureza (credora ou
devedora), conforme tabela abaixo:

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conta saldo AC AP PC PELP PL s. devedor s.credor
Ações em Tesouraria 600,00 (600,00) 600,00
Amortização acumulada 160,00 (160,00) 160,00
Capital a Realizar 800,00 (800,00) 800,00
Depreciação Acumulada 450,00 (450,00) 450,00
Duplicatas descontadas 400,00 (400,00) 400,00
Prejuízos acumulados 110,00 (110,00) 110,00
Provisão p/ FGTS 222,00 222,00 222,00
Provisão p/ Férias 111,00 111,00 111,00
Provisão p/ Créditos de liquidação duvidosa 200,00 (200,00) 200,00
Provisão para Imposto de Renda 500,00 500,00 500,00
Provisão para Perdas em investimentos 300,00 (300,00) 300,00
Provi. P/ ajuste ao Preço de Mercado 100,00 (100,00) 100,00
totais 3.953,00 (700,00) (910,00) 833,00 - (1.510,00) 1.510,00 2.443,00

Classificadas as contas e totalizados os respectivos saldos, passaremos


à análise das alternativas da questão:
a) os saldos devedores aumentarão em R$ 1.510,00
Correto, conforme tabela acima.
b) os saldos credores aumentarão em R$ 2.443,00
Correto, conforme tabela acima.
c) o Ativo permanente ficará reduzido em R$ 910,00
Correto, conforme tabela acima.
d) o Passivo Circulante ficará aumentado em R$ 433,00
Errado, o passivo circulante ficará aumentado em R$ 833,00, conforme
tabela acima.
e) o Ativo Circulante ficará reduzido em R$ 700,00
Correto, conforme tabela acima.
Gabarito
D
7.1.2 Fiscal de Tributos Estaduais – ICMS – Mato Grosso do Sul-MS
Enunciado
De acordo com a legislação vigente sobre classificação contábil, os
empréstimos tomados de empresas coligadas ou controladas, com
vencimento para 120 dias, devem ser classificados no Grupo Patrimonial
a) Ativo Circulante
b) Passivo Circulante
c) Ativo Realizável a Longo Prazo
d) Passivo Exigível a Longo Prazo

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e) Ativo Permanente - Investimentos
Resolução e comentários
A resolução dessa questão demanda o conhecimento da classificação
das obrigações oriundas de transações não usuais realizadas com
pessoas ligadas. A Lei das S/A não apresenta qualquer dispositivo,
quando trata do passivo exigível – no art. 180, demandando sua
classificação no longo prazo. Resta, assim, a aplicação da regra geral de
classificação de obrigações no passivo (circulante e exigível a longo
prazo), conforme a data de sua exigibilidade (até o final do próximo
exercício, no circulante e, após essa data, no exigível a longo prazo).
Para fins de esclarecimento, cabe colocar que, ao tratar do Ativo, no art.
179, a Lei das S/A determina que os créditos decorrentes de transações
não usuais com pessoas ligadas sejam classificadas no Ativo Realizável a
Longo Prazo, independentemente do prazo previsto para sua realização.
Mas essa mesma lei não faz qualquer ressalva nesse sentido quando
trata do Passivo.
A interpretação sistemática dos dois artigos acima referenciados
(sempre à luz dos Princípios Fundamentais de Contabilidade) indica que
essa exceção não é aplicável ao passivo. Nesse diapasão, cabe lembrar
que seria esperado que uma empresa (ao demonstrar seu patrimônio)
não apresentasse a existência de um direito a receber no curto prazo
que – presumidamente – não teria interesse em cobrar (de parte a ela
relacionada), sendo apropriada a apresentação desse direito no longo
prazo; mas, de forma nenhuma, seria esperado que essa mesma
empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não explicitasse no curto prazo
uma obrigação por ela contraída para pagamento no curto prazo (ainda
que relativa a uma parte a ela relacionada).
Finalmente, cumpre frisar que este é o entendimento da doutrina
majoritária. Entretanto, em que pese alguns autores entendem de
forma diferente, a Escola de Administração Fazendária, nessa questão
de concurso, demonstrou que também acompanha a opinião majoritária.
Assim, os empréstimos em tela devem ser classificados no passivo
circulante, pelo fato do prazo de exigibilidade ser de apenas 120 dias e,
portanto, antes do final do próximo exerício.
Gabarito
B
7.1.3 Auditor Fiscal do Tesouro Nacional – AFTN / 1994 – março
Enunciado

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A Cia. Industrial Santa Helena recebeu, em 31/12/X3, uma subvenção
para investimento feita por pessoa jurídica de direito público, com
finalidade específica de adquirir equipamentos para expandir o seu
empreendimento econômico. Segundo a Lei das Sociedades por Ações,
esse tipo de subvenção deve ser classificado, como:
a) reserva para contingência;
b) retenção de lucro;
c) reserva legal;
d) receita operacional;
e) reserva de capital.
Resolução e comentários
Uma subvenção é: (1) um valor recebido, ou (2) uma obrigação
perdoada; com o objetivo de permitir ou facilitar e existência daquele
que é beneficiado. A subvenção pode ser dada por qualquer ente (não
somente o Poder Público), mas – por força da legislação tributária –
somente devem ser registradas como reservas de capital as subvenções
recebidas do Poder Público.
Somente as subvenções para investimentos devem ser registradas como
reserva de capital, sendo que as subvenções para custeio devem ser
registradas como receita.
As subvenções para custeio têm por finalidade a ajuda na manutenção
das atividades normais de uma companhia, podendo ser utilizada para
“custeio” da folha de pagamento, de despesas com juros cobrados por
instituições financeiras ou terceiros, para despesas em geral – inclusive
despesas de exercícios anteriores, que resultaram em prejuízos
acumulados – e etc.
As subvenções para investimento são aquelas que se destinam à
realização de investimentos definidos como, por exemplo: (1) a
aquisição de instalações, máquinas ou equipamentos do ativo
permanente imobilizado; (2) a aquisição de terrenos; (3) a ampliação
ou modernização das edificações; etc.
Repetindo, somente as subvenções para investimento devem ser
registradas como reserva de capital, devendo as subvenções para
custeio ser registradas como receita. O registro contábil do recebimento
de uma subvenção para investimento é similar ao registro do
recebimento de uma doação.
Portanto, como na questão a subvenção recebida é do tipo subvenção
para investimento e é oriunda do Poder Público, sua classificação deverá
ser como Reserva de capital.

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Gabarito
E
7.1.4 Técnico de Finanças e Controles – 2001
Enunciado
Abaixo são apresentados alguns eventos, cujos recursos demandam a
contabilização de reservas patrimoniais. Assinale a opção cujo evento
não dá origem à formação de Reserva de Capital.
a) Doações e subvenções para custeio.
b) Produto da venda de bônus de subscrição.
c) Produto da venda de partes beneficiárias.
d) Ágio obtido na emissão de ações.
e) Valores reservados para aumento de capital.
Resolução e comentários
Trata-se de uma questão teórica, portanto, analisaremos cada uma das
assertivas do enunciado e comentaremos em separado.
a) Doações e subvenções para custeio.
Não, conforme questão acima, as somente as doações e subvenções
para INVESTIMENTO devem ser registradas como Reserva de capital,
conforme art. 182, § 1o, d, da Lei das S/A
b) Produto da venda de bônus de subscrição.
Certo, conforme art. 182, § 1o, b, da Lei das S/A
c) Produto da venda de partes beneficiárias.
Certo, conforme art. 182, § 1o, b, da Lei das S/A
d) Ágio obtido na emissão de ações.
Certo, conforme art. 182, § 1o, a, da Lei das S/A
e) Valores reservados para aumento de capital.
Certo, trata-se de uma definição genérica de reservas de capital. Essas
reservas somente podem ser utilizadas para aumento de capital (caso
não absorvam prejuízos), conforme art. 200 da Lei das S/A
Gabarito
A

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7.2 Apuração do valor da Reserva Legal

7.2.1 Analista de Comércio Exterior - 1998


Enunciado
A firma Chis apresenta o seguinte patrimônio líquido:
Capital Social 30.000,00
Reserva de subvenções p/ investimento 1.300,00
Reserva de ágio na emissão de ações 2.000,00
Reserva legal 2.000,00
Reservas estatutárias 1.000,00
No exercício de 19x1, a empresa apurou um lucro líquido final (após o
imposto de renda e as participações), no valor de R$ 76.000,00.
considerando-se as limitações impostas pela Lei n° 6.404/76 (Lei das
Sociedades por Ações), podemos dizer que, para constituir a reserva
legal no referido exercício, essa empresa:
a) poderá destinar R$ 3.700,00;
b) deverá destinar R$ 3.700,00;
c) deverá destinar R$ 3.800,00;
d) deverá destinar R$ 4.000,00;
e) poderá destinar R$ 4.000,00.
Resolução e comentários
Essa é uma questão típica de cálculo do valor da Reserva Legal. Para
sua resolução, é necessário conhecer o texto do art. 193 da Lei das S/A,
a seguir:
Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por
cento) serão aplicados, antes de qualquer outra
destinação, na constituição da reserva legal, que não
excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva
legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido
do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do
artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital
social.
Cumpre referir que, no caso da questão:
- o lucro líquido é de 76.000,00;
- o capital social é de 30.000,00;
- a reserva legal anteriormente constituída é de 2.000,00;

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- as reservas de capital somam 3.300,00 (subvenções para
investimento e ágio na emissão de ações);
- o valor das reservas estatutárias é colocado no enunciado sem
função alguma (apenas para confundir o candidato mais
incauto).
Nossa proposta didática de resolução da questão é a de utilização dos
conceitos de passo, teto e sub-teto, conforme tabela a seguir.

Passo (=) 5% (*) Lucro Líquido


5% (*) 76.000,00 (=) 3.800,00
Reserva legal (anteriormente
Teto (=) 20% (*) capital social (-) constituída)
20% (*) 30.000,00 (-) 2.000,00 (=) 4.000,00
Reserva legal (anteriormente Reservas de capital (exceto
Sub-teto (=) 30% (*) capital social (-) constituída) (-) correção monetária do capital)
30% (*) 30.000,00 (-) 2.000,00 (-) 3.300,00 (=) 3.700,00

Relembrando: (1) o passo é obrigatório até o sub-teto, (2) do sub-teto


ao teto ele é facultativo e (3) acima do teto ele é proibido.
Portanto, no caso, a Reserva legal deverá ser obrigatoriamente
constituída em um valor de, no mínimo R$ 3.700,00 e no máximo R$
3.800,00, podendo ser constituída em qualquer valor compreendido
entre R$ 3.700,00 e R$ 3.800,00.
Nessas condições, a única alternativa correta é a de letra A.
Gabarito
A

8 Bibliografia e Fontes de Pesquisa Referenciadas


8.1 Leis
Lei 6.404, de 1976 – Lei das S/A.
Lei 9.249, de 1995.
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil.

8.2 Atos Administrativos Normativos


RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais
de Contabilidade (P.F.C.)
RESOLUÇÃO CFC N.º 751/93 - Dispõe sobre as Normas Brasileiras de
Contabilidade.
RESOLUÇÃO CFC N.º 774/94 - Aprova o Apêndice à Resolução sobre os
Princípios Fundamentais de Contabilidade.

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DELIBERAÇÃO CVM N 29-1986 - objetivos da Contabilidade.
Decreto 3.000, de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda.

8.3 Livros
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu e Gelbke, Ernesto Rubens Gelbcke.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. Ed.
Atlas. São Paulo – 4a edição – 1995.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Básica. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade Avançada. Ed.
Frase. São Paulo – 5a edição – 1996.
Gonçalves, Eugênio Celso e Baptista, Antônio Eustáquio. Contabilidade
Geral. Ed. Atlas. São Paulo – 2a edição – 1994.
Silva, Benedito Gonçalves da. Contabilidade Geral. Ed. Meta – 2a edição
– 1994.
Ferrari, Ed Luiz, Contabilidade Geral: teoria e 950 questões – Rio de
Janeiro: Elsevier 2006.
Velter, Francisco e Missagia, Luiz R. Manual de Contabilidade – Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004.
Santos, Luiz Eduardo. Contabilidade: Resoluções e comentários de
Questões da ESAF. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

8.4 Internet
www.planalto.gov.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br

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