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UNIVERSIDADE DE UBERABA 

Série Tecnologias

TECNOLOGIA EM PRODUÇÃO
SUCROALCOOLEIRA 

Etapa VI ­ Volume 1 

Organização 
Adriana Rodrigues 
Raul Sérgio Reis Rezende 
Uberaba ­ MG 
2009 
Série Tecnologias ­ Tecnologia em Produção Sucroalcooleira ­ Etapa VI ­ Volume 1 
© 2009 by Universidade de Uberaba 
Todos os direitos de publicação e reprodução, em parte ou no todo, reservados para a Universidade 
de Uberaba. 

Reitor 
Marcelo Palmério 

Pró­Reitora de Ensino Superior 
Inara Barbosa Pena Elias 

Produção e Supervisão 
EAD ­ Produção 

Coordenação 
Jair Alves de Oliveira 

Organização 
Adriana Rodrigues 
Raul Sérgio Reis Rezende 

Tratamento didático­pedagógico 
Adriana Rodrigues 
Maria Bárbara Soares e Abrão 
Renata de Oliveira 

Revisão Textual 
Newton Gonçalves Garcia 
Stela Maria Queiroz Dias 

Diagramação 
José Roberto Rodrigues Junior 
Pedro Henrique Leopoldino de Oliveira 

Produção e impressão gráfi ca 
Gráfi ca Universitária ­ Universidade de Uberaba 

Ilustrações 
Rodrigo de Melo Rodovalho 
Layout 
Ney Braga 

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 

662.6692 Universidade de Uberaba. 
U3c  Curso  Superior  de  Tecnologia  em  Produção  Sucroalcooleira  / 
Universidade de Uberaba; organização [de] Adriana Rodrigues, Raul 
Sérgio Reis Rezende. ­­ Uberaba: Universidade de Uberaba, 2009 
128 p. – (Série Tecnologias; etapa VI, v. 1) 

Produção  e  supervisão:  Programa  Educação  a  Distância  – 


Universidade de Uberaba 

ISBN 

1.  Álcool  –  Combustível  –  Indústria.  2.  Supervisão  –  Controle.  3. 


Gestão – Manutenção e reparos. 4. Direito. I. Rodrigues, Adriana. II. 
Rezende, Raul Sérgio Reis. III. Universidade de Uberaba. Programa 
de Educação a Distância. IV. Título. IV. Série.
AUTORES 

Anderson dos Santos Morais 
Mestre em Engenharia Química. Graduado em Engenharia de Alimentos. 
Professor de Fenômenos de Transporte e Física 1 dos cursos de Enge­ 
nharias da UNIUBE.  Experiência na área de Engenharia Química, com 
ênfase em Processos de Separação e Cristalização, atuando, principal­ 
mente, nos seguintes temas: qualidade, processos químicos, ácido cítrico, 
cana e resíduo. 

Marcelo Lucas 
Graduado em Engenharia Elétrica com ênfase em eletrônica e telecomu­ 
nicações pelo instituto Nacional de Telecomunicações (1988), especialista 
em sistemas de telecomunicações pela universidade de Uberaba (2000). 
Atua como professor em diversos cursos da Universidade de Uberaba.
SUMÁRIO 

Apresentação  07 

Componente Curricular: Integração de Sistemas de 
Produção  09 

Roteiro de Estudo 1 
A automação industrial e os novos conceitos em 
integração de sistemas  11 

Componente Curricular: Tecnologia do Ácool  61 

Roteiro de Estudo 1 
Microbiologia das fermentações  63 

Roteiro de Estudo 2 
Tecnologia das fermentações  81 

Componente Curricular: Tecnologia Açúcar  99 

Roteiro de Estudo 1 
Transferência de calor e massa na evaporação  101 

Referencial de respostas  119
APRESENTAÇÃO 

Caro(a) aluno(a) 

Chega a suas mãos o primeiro Volume da sexta Etapa, do curso 
superior de Tecnologia em Produção Sucroalcooleira  da Uniube, 
ofertado na modalidade de Educação a Distância. 

Este Volume contém quatro Roteiros de Estudo, organizados nos 
Componentes Curriculares Integração de Sistemas de Produção, 
Tecnologia do Álcool e Tecnologia do Açúcar. 

No primeiro Componente, você terá o roteiro A automação industrial 
e os novos conceitos em integração de sistemas, em que verá o 
conteúdo básico dos principais tipos de automação, as diferenças 
de  paradigmas  entre  o  controle  centralizado  e  o  distribuído,  da 
infra­estrutura  necessária  desde  a  instrumentação  industrial, 
passando pelo  emprego dos controladores lógicos programáveis 
em  processos  automatizados,  dos  sistemas  supervisórios  e  o 
uso  das  redes  para  automação  industrial  na  integração  de  todo 
processo produtivo. 

No segundo Componente, com os roteiros intitulados Microbiologia 
das fermentações e Tecnologia das fermentações, você estudará o 
processo de fermentação alcoólica e as características dos micro­ 
organismos envolvidos. Poderá aprofundar seus estudos sobre a 
produção  do  etanol,  as  contaminações  por  micro­organismos  e 
suas consequências. Poderá visualizar a constituição do cenário 
brasileiro de produção de etanol. 

No último Componente, teremos o Roteiro intitulado Transferência 
de calor e massa na evaporação. Neste estudo, você será levado a 
compreender e a identifi car situações­problema contextualizadas 
envolvidas  na  dinâmica  da  evaporação.  Estudará  as  aplicações 
das  1ª  e  2ª  Leis  da  Termodinâmica,  assim  como  aprenderá  a 
realizar os balanços de massa e energia envolvidos no sistema de 
evaporação. 

Os componentes  estudados  nesta Etapa  são fundamentais  para 


a  atuação  no  setor  sucroalcooleiro.    Assim,  desejamos  que  se 
dedique aos estudos e que alcance os objetivos propostos. 

Bons estudos! 

Equipe pedagógica do curso superior de Tecnologia em Produção 
Sucroalcooleira.
COMPONENTE CURRICULAR

Sistemas de Supervisão e Controle


ROTEIRO DE ESTUDO 1 
A automação industrial e os novos conceitos em 
integração de sistemas  

Marcelo Lucas 

Objetivos 

Ao  término  dos  estudos  propostos  neste  Roteiro,  você  estará 


apto(a) a: 
•  descrever  as  principais  características  dos  sistemas  de 
automação; 
•  destacar as tecnologias atualmente utilizadas na integração 
de dados; 
•  identifi car as tendências de mercado quanto à integração de 
sistemas; 
•  identifi car  os  principais  conceitos  ligados  à  integração  dos 
vários setores da empresa; 
•  compreender as hierarquias de automação industrial atuais. 

Contextualizando nosso estudo 
“A  adversidade  desperta  em  nós  capacidades  que,  em 
circunstâncias  favoráveis,  teriam  fi cado  adormecidas” 
(Horácio) 

Estamos  iniciando  uma  nova  etapa  e  é  chegada  a  hora  de  você 


receber mais este Roteiro de Estudos. Esse material faz parte de 
um  conjunto  de  dois  Roteiros  de  Estudos  que  norteará  os  seus 
passos  no  desenvolvimento  das  atividades  do    Componente 
Integração  de  Sistemas  de  Produção.  Aqui,  você  encontrará 
o  conteúdo  básico  a  respeito  dos  principais  tipos  de  automação, 
as  diferenças  de  paradigmas  entre  o  controle  centralizado  e  o 
distribuído,  da  infra­estrutura  necessária  desde  a  instrumentação 
industrial,  passando  pelo  emprego  dos  controladores  lógicos 
programáveis  em  processos  automatizados,  dos  sistemas 
supervisórios  e  o  uso  das  redes  para  automação  industrial  na 
integração de todo o processo produtivo. 

Abordaremos  as  principais  características  das  camadas  da 


pirâmide  de  automação  com  foco  na  integração  de  sistemas. 
Pretendemos  que  você  compreenda  os  conceitos  essenciais 
envolvidos  na  integração  de  dados,  desde  o  chão  de  fábrica  até 
as redes corporativas. 

Bom estudo!

Etapa VI ­ Volume 1  11 
Automação e tecnologia da informação: cenário atual 
No  mundo  globalizado  e  cada  vez  mais  competitivo  em  que 
vivemos, a quantidade de informação que as organizações devem 
processar, com objetivo de atender às necessidades e exigências 
do  mercado  consumidor,  é  cada  vez  maior.  No  entanto,  muitas 
empresas  ainda  trabalham  com  dados  espalhados  em  planilhas 
e  anotações  dispersas  em  locais  diferentes.  Em  alguns  casos, 
essas  planilhas  podem  ser  bem  elaboradas  contendo  anotações 
importantes  e  efi cientes  em  relação  ao  conteúdo.  Mas,  do  ponto 
de  vista  prático,  quanto  tempo  é  gasto  para  se  gerar  relatórios 
gerenciais  e  estatísticos  que  facilitem  a  tomada  de  decisões  por 
parte  dos  gestores  dos  processos,  considerando  esses  dados 
espalhados? 

Dessa forma, a questão a ser respondida é: ­ como a tecno­ 
logia da informação (TI) pode auxiliar as empresas dentro 
desse contexto? 

Assim,  podemos  perceber  a  necessidade  de  as  empresas  en­ 


Era da informação  frentarem o desafi o de  superarem a era da informação digital e 
Momento histórico  ingressarem  na  era  do  conhecimento,  visto  que  o  domínio  do 
constituído pela  conhecimento permite, às corporações, um acréscimo signifi cativo 
necessidade de acesso  em seus resultados fi nanceiros. Esse período se caracteriza pelo 
à informação. 
fato de que o poder está nas mãos de quem detém a informação no 
Era do conhecimento  momento certo, na certeza de sua veracidade e com melhor custo 
Momento histórico  possível, para transformá­la em conhecimento. 
constituído pela 
necessidade de 
relacionar e integrar  Um  novo  conceito,  introduzido  a  partir  da  era  do  conhecimento, 
informações  é  o  controle  da  informação:  qualquer  informação  não  controlada 
para construir 
conhecimento. Neste 
não possui nenhuma utilidade para a geração de conhecimento e 
contexto, não basta ter  a  diferença  entre  informação  útil  e  lixo  eletrônico  é  defi nida  pelo 
a informação e, sim, o  conhecimento  que  geramos  a  partir  das  informações  existentes. 
conhecimento. 
Observados esses aspectos, a empresa poderá usufruir de novas 
tecnologias  que  lhe  possibilitarão  transformar  sua  realidade, 
alcançando os resultados econômicos desejados. 
Para  o  controle  da  informação,  é  necessário  a  integração 
de  sistemas  que  consiste  na  identifi cação  e  na  análise  das 
necessidades  do  ambiente  tecnológico  da  corporação,  de  forma 
a  planejar  e  a  implantar  a  solução  mais  adequada  a  essas 
necessidades,  considerando  os  requisitos  de  performance, 
disponibilidade,  segurança  e  investimento  exigidos  pelo  negócio. 
Nesse  contexto,  as  empresas  devem  reavaliar  periodicamente 
seu  planejamento  estratégico  para  permitir  que  tais  mudanças 
ocorram. 
A obtenção da informação, a visibilidade do processo, a qualidade 
dos  dados  e  o  controle  não  são  vistos  mais  como  uma  questão 
secundária;  tornaram­se  vitais  para  a  sobrevivência  de  qualquer 
negócio no mundo globalizado. A empresa que não tiver controle 
total de sua produção, difi cilmente permanecerá nesse mercado.

12  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Veja  a  situação  em  relação  ao  setor  sucroalcooleiro,  conforme 
engenheiros da Datasul: 

Destacamos  a  entrada  de  grupos  estrangeiros  no    segmento,  tornando­o 


cada  vez  mais  competitivo.  Dessa  forma,  os  gestores  precisam  cada  vez 
mais de indicadores (desempenho, efi ciência, qualidade) para a tomada de 
decisões a fi m de administrar o negócio de forma mais efi ciente. 
Para atender  a essas necessidades, algumas empresas buscam excelência 
em automação e Tecnologia da Informação, o que provocou uma mudança 
de  postura nos profi ssionais responsáveis  pela sua administração.  Quem 
antes  pensava  apenas  em  produzir,  hoje  precisa  produzir  muito  e  com 
qualidade. 
Esse comportamento exige gerenciamento integrado e automação do chão 
de  fábrica  ao  nível  corporativo,  tecnologias  necessárias  para  ter  controle 
total  da  unidade,  24  horas  por  dia,  agilizando  o  processo  de  tomada  de 
decisão.  Esse  modelo  de  gestão  do  setor  prevê  a  democratização  das 
informações. 
Saber  se  a  esteira  que  transporta  a  cana  até  a  moenda,  o  coração  do 
processo, está parada já era rotineiro nas usinas. Mas agora as empresas 
querem  saber  quanto  tempo  a  máquina  fi cou  sem  operação,  quais  os 
principais  motivos  que  causaram  falhas,  qual  turno  apresentou  maiores 
problemas  e  quanto  a  interrupção  representou  de  perda.  Esses  são 
exemplos típicos de como a informação pode agregar valor ao negócio. 

Fonte: Datasul, 2009. 

Com a maximização da informação obtida de dados digitalizados, 
é  possível  acompanhar  custos,  produção,  tecnologia  adequada, 
qualidade  total,  investimentos,  análise  das  exigências  do 
mercado,  além  da  utilização  efi caz  do  tempo  e simplifi cação das 
atividades para melhor rentabilidade. Para isso, vários índices de 
desempenho podem ser levantados de acordo com a necessidade 
da  gestão:  redução  de  estoques;  controle  e  integração  dos 
processos industriais e de negócios; monitoração de rendimentos 
e  efi ciências;  identifi cação  e  otimização  de  pontos  críticos  etc. 
Tudo isso em tempo real. 

E o setor sucroalcooleiro? Como tem sido o processo 
de automação das plantas industriais? 

Em relação a esse setor, destacamos que, nas usinas totalmente 
automatizadas,  o  terminal  do  computador  pode  ser  a  única 
ferramenta necessária para a tomada de decisões em tempo real. 
Nessas  empresas,  o  fechamento  de  produção  é  imediato,  com 
todos os dados integrados em uma base de dados única. 

É possível que as empresas possuam ferramentas de tomada de 
decisão  diferentes  para  cada  uma  de  suas  unidades  industriais 
em  função  de  características  especifi cas.  Os  diferentes  tempos 
ocorridos  na  aquisição  das  informações  são  consequências  do 
nível de informatização de cada planta. Essas diferenças ocorrem 
quando  existem  várias  unidades  que  compõem  a  empresa,  uma 
diversidade tecnológica muito grande, ou seja, desde sistemas
Etapa VI ­ Volume 1  13 
analógicos até sistemas totalmente digitais com supervisão remota 
da fábrica via Intranet. 

Um  sistema  integrado  de  dados  é  composto  pelos  sistemas  de 


gerenciamento  da  informação:  do  controle  de  processos  ao 
controle administrativo. Veja Figura 1, a seguir: 

Figura 1: Sistemas de gerenciamento da informação. 
Fonte: Adaptação Rodrigo de Melo Rodovalho. 

Os  sistemas  modernos  de  automação  possibilitam  o  acesso  e  a 


interação com os instrumentos de  campo a distância, diminuindo 
consideravelmente  as  paradas  para  manutenção.  Existem 
softwares  ­  gerenciadores  de  ativos,  que  permitem  análise  e 
identifi cação de problemas de forma rápida. Assim, a manutenção 
pode ser avisada  em tempo hábil  evitando paradas da usina. 
Embora  algumas  usinas  estejam  realizando  a  migração 
para a tecnologia digital, existem, ainda, muitas unidades 
onde o processo é completamente manual. Nesse caso, 
com  a  automação  fundamentalmente  estabelecida  no 
chão de fábrica, restrita a pequenas malhas de controle, 
como caixa de caldo, nível de ternos e esteiras metálicas. 
São  usinas  que  fazem  a  gestão  por  meio  de  planilhas 
ou com softwares específi cos para determinada tarefa e 
foco direcionado ao  instrumento  e sem integração entre 
áreas. Não há atenção ao uso da informação e ao valor 
que  ela  poderia  agregar  ao  negócio.  Com  esse  baixo 
nível de informatização, as respostas demoram mais para 
serem obtidas. O gestor que necessita tomar algum tipo 
de  decisão  tem  que  esperar  pela  informação  e,  nesse 
contexto,  o  operador  precisa  correr  atrás  dos  dados 
necessários à sua obtenção (Fonte: Datasul, 2009).

14  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Conforme  vimos,  para  que  seja  possível  a  gerência  de  forma 
competente, é importante que os gestores tenham informações mais 
abrangentes  do  processo.  Por  exemplo:  a  destilaria  apresentou 
algum problema que é passado ao gerente. A informação, apenas 
da  ocorrência  do  problema  não  é  sufi ciente  para  a  tomada  de 
decisão  mais  adequada,  ou  seja,  são  necessárias  informações 
sobre tempo, motivos e prejuízos da parada não prevista etc. 

Integração: do chão de fábrica ao sistema coorporativo 
Com  o  uso  da  automação,  é  possível  às  empresas  aumento  de 
competitividade:    redução  de  custos  de  produção,  melhoria  na 
qualidade do produto, agregando mais valor a ele. Esses diferenciais 
são importantes para se destacar diante dos concorrentes. De acordo 
com Oliveira (2008): 
O  chão­de­fábrica  tem  passado  por  uma  evolução 
significativa,  com  grandes  investimentos  em  novos 
sistemas de automação, transformando­se numa área de 
grande valor estratégico para as empresas. Boa parte do 
desenvolvimento dos sistemas de automação se dá como 
resultado  direto  das  observações  e  recomendações  de 
seus utilizadores, que informam das suas necessidades, 
dificuldades  e  desejos.  Tais  informações  orientam  os 
diversos fabricantes nas suas atividades de pesquisa por 
novas  soluções,  infl uenciando  desde  a  área  comercial 
e  logística,  até  cuidados  ambientais,  em  função  das 
necessidades  específi cas  determinadas  pelo  mercado 
em que atuam. 

Essa  busca  pela  diferenciação  e  aumento  de  efi ciência  dos 


processos  produtivos  levou,  entre  outros  resultados,  a  grandes 
investimentos  nos  setores  de  Tecnologia  da  Informação  e  nas 
Tecnologias  de  Automação  das  empresas.  Tais  investimentos 
ocorreram  principalmente  na  aquisição  de  ferramentas  de 
hardware  e  software  para  suporte  e  implantação  de  sistemas 
ERP,  bem  como  na  constante  busca  pela  melhoria  do  grau  de 
automação do chão de fábrica. 

Os  sistemas  ERP,  também  chamados,  no  Brasil,  de  Sistemas 


Integrados  de  Gestão  Empresarial  têm  por  objetivo  o  registro 
e  o  controle  de  todos  os  processos  e  transações  da  empresa, 
incluindo  os  operacionais,  os  produtivos,  os  administrativos  e 
os  comerciais.  Com  essa  integração,  temos  um  único  fl uxo  de 
informações  contínuo  e  com  dados  consistentes  por  toda  a 
empresa. As informações encontram­se centralizadas em base de 
dados única. 

O  setor  industrial,  além  dos  investimentos  em  sistemas  ERP, 


em  busca  da  diferenciação  e  do  aumento  de  efi ciência  dos 
processos produtivos realizou, também, nos últimos anos, grandes 
investimentos  na  automação  do  chão  de  fábrica,  principalmente 
no  que  diz  respeito  à  aquisição  de  ferramentas  de  hardware  e 
software  para  suporte  e  implantação  de  sensores,  atuadores  e 
CLP’s, atualização de máquinas e sistemas supervisórios.

Etapa VI ­ Volume 1  15 
Em  relação  ao  controle  de  processos,  o  CLP,  utilizando  um 
sistema  microprocessado,  executa  o  controle  de  processos 
discretos  e  contínuos,  permitindo,  dentre  outras  funcionalidades, 
a  automação  de  máquinas  e processos  industriais  com  base  em 
sensores  e  atuadores,  a  integração  com  redes  e  protocolos  e  o 
suporte a sistemas supervisórios. 

Já no gerenciamento dos processos, temos os sistemas SCADA 


­  são  sistemas  compostos  por  um  conjunto  de  ferramentas 
avançadas  de  gerenciamento  de  processos,  possibilitando  a 
comunicação  com  diversos  outros  sistemas,  sendo  utilizadas 
desde  plantas  industriais  até  automação  predial.  Por  meio  de 
um ou  mais  computadores  ligados  a  uma  rede  de equipamentos 
de  chão  de  fábrica,  o  sistema  é  capaz  de  fornecer  uma  “foto” 
instantânea  do  processo  monitorado,  além  de  poder,  também, 
realizar o controle do processo em questão. 

Figura 2 ­ Pirâmide de automação. Chão de fábrica. 
Fonte: (FILHO,1998) 

Apesar  dos  esforços  e  tendências  em  direção  à  implantação 


dos  conceitos  de  automação  que  há  muito  comprovaram  seus 
benefícios, vimos que  são signifi cativas as aplicações industriais 
que  ainda fazem uso de soluções baseadas em trabalho manual 
suportado  por  documentos  de  texto,  formulários  e  planilhas, 
além  dos  diversos  sistemas  de  controle  que,  embora  operando 
simultaneamente  no  ambiente  industrial,  atuam  de  forma 
independente e sem nenhum tipo de integração com os demais. 

A forma como os investimentos foram realizados nas áreas de TI e 
TA das empresas priorizou principalmente os ambientes gerenciais 
e administrativos (nível corporativo) e o chão de fábrica (nível de 
processo) e foram essenciais para a evolução do cenário industrial 
brasileiro  nos  últimos  anos.  Porém,  esta  abordagem  altamente 
focada  em  cenários  isolados  e  independentes  resultou  num 
razoável  índice  de  automação  dos  sistemas  quando  os  mesmos 
são  analisados  individualmente,  mas  deixou  completamente  de 
lado a integração. 

Atualmente  existe  um  enorme  vazio  que  separa  os  sistemas 


ERP  dos  sistemas  de automação de chão de  fábrica, no que diz 
respeito à disponibilidade e troca de dados e informações entre os 
mesmos. Isso pode ser observado na fi gura 3.

16  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Figura 3 ­ Pirâmide de automação. Sistema não integrado. 
Fonte: (FILHO,1998) 

Observamos,  de  um  lado,  grandes  fabricantes  responsáveis 


por  ótimos  sistemas  ERP  e,  de  outro,  sistemas  de  automação  e 
controle dos processos industriais de chão de fábrica envolvendo 
CLP’s,  máquinas  e  diversos  dispositivos  automatizados.  Ambos 
executando as atividades para as  quais foram  projetados, porém 
de modo independente e estanque entre si. 

Atenção! 

A integração é um fator crucial que visa permitir que os sistemas 
e processos, operando de forma paralela nos diversos níveis 
hierárquicos do ambiente industrial,  comuniquem­se entre si, 
trocando, de forma simples, instantânea e confi ável, dados e 
informações  de  cada  um  dos  níveis.    Sem  ela,  é  impossível 
considerar  que  se  está  obtendo  o  máximo  de  desempenho 
que  a  planta  pode  ter,  pois  sempre  haverá  retrabalho  e 
desperdício de tempo, além de grande probabilidade de erro 
por falha. 

Analisando a   Figura 4, fi ca evidente que as variáveis de processo 
do  chão  de  fábrica  constituem  matéria  prima  básica  para  as 
atividades de controle e tomada de decisões efetuadas pelo PCP 
no ERP. 

Figura 4 – Cenário atual ­ Vazio separando produção e seus respectivos dados. 
Fonte: autor

Etapa VI ­ Volume 1  17 
Tais variáveis, quando associadas à devida análise e interpretação 
feitas  por  peritos  conhecedores  do  processo,  constituem 
importante  conhecimento  acerca  do  processo  e  fornece  todo 
ferramental necessário à correta tomada de decisão por parte do 
perito,  decisão  esta  que  é  re­injetada  no  processo  sob  a  forma 
de ajustes dos parâmetros do processo produtivo. Conforme fl uxo 
de informações para apoio à tomada de decisão apresentado na 
Figura 5. 

Figura 5: Fluxo de informações para apoio à tomada de decisão. 
Fonte: autor 

Em  ambientes  industriais  não  integrados  (Figura  2),  o  fl uxo 


de  informações    ocorre,  porém  de  forma  muito  mais  lenta,  pois 
depende: 
(1)  da  anotação  e  preenchimento  manual  de  planilhas  de 
produção; 
(2)  da análise visual de tais planilhas por parte do perito, que 
não  tem  acesso  a  ferramentas  de  suporte  à  análise  de 
grandes volumes de dados; 
(3)  da tomada de decisão por parte do perito; 
(4)  da  consequente  comunicação  da  decisão,  utilizando, 
também, meio não automatizado. 

Percebe­se que, com o auxílio da integração, os principais ganhos 
relativos à redução do tempo total do ciclo de tomada de decisão são: 
•  redução de custos relativos ao uso desnecessário do tempo 
para anotação e preenchimento de planilhas, pois os dados 
são  diretamente  coletados  dos  dispositivos  automatizados 
do  chão  de  fábrica  a  exemplo  de  CLP’s  e  balanças  de 
pesagem; 
•  disponibilidade  instantânea  da  informação  que,  por 
ser  coletada  automaticamente  do  chão  de  fábrica,  é 
disponibilizada para os níveis de gerência de forma simples, 
rápida e transparente; 
• redução de custos relativos ao uso desnecessário do tempo 
para  interpretação  de  grandes  volumes  de  dados  sem 
ferramental  adequado  para  tanto,  pois  uma  vez  que  as 
informações são coletadas e apresentadas automaticamente, 
é possível se fazer uso de diversas interfaces de suporte à 
decisão, projetadas para facilitar ao máximo a análise com base 
em totalizadores, indicadores de tendências, gráfi cos e etc.; 

18  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
•  disponibilidade  instantânea  da  decisão  do  perito  no  nível 
do  chão  de  fábrica,  decisão  esta  que    pode,  inclusive,  ser 
tomada remotamente sem a necessidade da presença física 
do perito que refl ete diretamente na velocidade dos ajustes 
dos parâmetros do processo produtivo. 

A  mudança  aqui  proposta  no  conceito atual de automação  prevê 


a  intensifi cação  dos  investimentos  em  integração,  pois  estes 
conduzirão o cenário atual da automação apresentado na Figura 2 
a um cenário mínimo desejável conforme apresentado na  Figura 
6, a seguir. 

Figura 6 – Cenário de integração mínimo desejável ­ Integração do chão de 
fábrica quanto ao processo produtivo. 
Fonte: autor 

Sendo assim, atingir o cenário mínimo desejável deve ser apenas 
uma das metas de curto e/ou médio prazo para as empresas que 
desejam  obter  ganhos  de  performance  por  meio  da  integração. 
Uma vez atingido o mínimo deve­se continuar investindo de forma a 
atingir o cenário ideal desejável (Figura 7) que contempla diversos 
outros níveis organizacionais da empresa que não somente o da 
produção. 

Figura 7 – Cenário de integração ideal desejável ­ Integração completa entre o 
chão de fábrica e o ERP. 
Fonte: autor 

Observe  que,  no  cenário  ideal,  os  demais  processos  e 


procedimentos  comuns  ao  ambiente  industrial  são  também 
integrados,  fornecendo  ganhos  signifi cativos  por  meio  do  melhor 
controle  e  consequente  aumento  da  qualidade  dos  produtos, 
controle  de  manutenções,  manutenções  preventivas  e preditivas, 
controle  de estoques  etc.  No  entanto é muito  importante lembrar 
que,  no  que  diz  respeito  a  softwares,  ainda  temos  muito  a  ser 
desenvolvido.
Etapa VI ­ Volume 1  19 
Cabe então identifi car o elo da pirâmide de automação ausente na 
Figura 2; ele faz a ligação entre o chão de fábrica e os sistemas 
ERP e torna toda esta abordagem possível. Este elo (Figura 8) é 
um conceito que recebe o nome de MES (Manufacturing Execution 
Systems). 

Figura 8 – Cenário de integração ideal desejável ­ Integração completa entre o 
chão de fábrica e o ERP. 
Fonte: (FILHO, 1998) 

O primeiro modelo criado para  estabelecer a integração  do MES 


Quando as usinas 
com os outros sistemas foi a MESA8 (Maximum Entropy Spectral 
tiverem relatórios e  Analysis).  Por  defi nição,  o  sistema  é  capaz  de  rastrear  qualquer 
dados perfeitos para  ordem de produção, de medir todos os insumos de um processo, 
indicadores comuns  de  calcular  o  valor  adicionado  em  cada  fase  do  processo  (value 
como efi ciência, 
qualidade e processos  chain),  de  medir  índices  de  desempenho,  índices  de  perdas,  de 
em geral, poderão  contabilizar paradas com apropriação de custo no centro de custo 
precisar de um sistema  responsável. Pode, ainda, gerenciar o pessoal envolvido em cada 
MES, como software 
um facilitador da  etapa do processo, rastrear defeitos identifi cando data e hora do 
gestão de KPIs. evento, operador responsável, lote da peça defeituosa, ou produzir 
relatórios na internet. 

O  MES  é  um  sistema  que  trata  das  informações  operacionais 


e  possibilita  a  comunicação  bidirecional  entre  a  realidade  do 
chão  de  fábrica  e  os  sistemas  corporativos  (sistema  de  gestão 
empresarial).  Foi  criado  para  apoiar  as  estratégias  relacionadas 
direta  ou  indiretamente  com  as  operações  de  produção  e  a 
gestão  administrativa.  É  uma  solução  de  acompanhamento  da 
execução da produção do açúcar, observando o produto em suas 
várias  formas  desde  o  momento  do  preparo  do  solo,  passando 
pelo plantio da cana, pela adubação, pela colheita, pelo tempo de 
queima,  até  o  momento em  que  entregamos esse  açúcar  para  o 
cliente em forma VHP, por exemplo. 

Além de promover independência de relatórios, o sistema armazena 
informações de uma planta por vários anos com possibilidade de 
confrontá­las em tempo real. Com o MES, por exemplo, podemos 
elaborar  históricos  em  forma  de  histogramas  que  mostram  em 

20  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
escala ascendente ou descendente em qual fazenda, qual talhão, 
qual  data,  qual  variedade,  qual  pH,  qual  índice  pluviométrico, 
qual  tempo  de  queima,  a  qual  custo  a  usina  observou  a  melhor 
efi ciência ao transformar sacarose em álcool. 

Dessa  forma  podemos  observar,  em  função  dos  ganhos  obtidos 


com  a  integração  de  dados,  que  existe  uma  tendência  natural 
para  que  a  automação  das  unidades  deixe  de  ser  tradicional, 
com  pontos  discretos,  controladores  e  supervisórios  para  cada 
área,  e  passe  a  ser  integrada,  onde  os  controles  são  unifi cados 
e  os  controladores  conectados  em  rede  para  fazer  com  que  a 
informação percorra pelas diversas áreas. Esses controladores são 
interligados  via  sistemas  de supervisão ao PIMS, LIMS e o MES 
permitindo  que  os  dados  sejam  transformados  em  informações, 
fi ncando disponíveis em tempo real. 

Esses  sistemas  controlam  desde  a  entrada  da  cana  até  a  sua 


produção, passando por análises de laboratórios que registram a 
qualidade dos produtos. Todos os dados são listados em relatórios 
gerados  em  tempo  real  e  integrados  a  um  sistema  de  gestão 
empresarial ERP conforme observado na Figura 9 abaixo. 

Figura 9 ­ Pirâmide de automação. Sistema integrado. 
Fonte: (FILHO, 1998) 

Considerações importantes: 
•  As pressões ambientais e de custo, assim como a crescente 
demanda  por  produtos  de  mais  alto  valor  agregado  e 
operações  sustentáveis,  são  um  constante  desafi o  para  as 
empresas. 
•  Para  manter  a  competitividade  e  assegurar  uma  alta 
performance, os gestores devem melhorar de forma contínua 
a qualidade, a efi ciência e a produtividade da operação. 
•  Buscar  continuamente  novas  maneiras  de  maximizar  os 
recursos,  sejam  existentes  ou  novos, ao  menor  custo,  com 
o mínimo de desperdício e da maneira mais rápida possível, 
é hoje uma exigência inadiável do mercado, que precisa ser 
seguida de forma efi ciente e por todos. 
•  Após  numerosos  investimentos  na  área  de  tecnologia  da 
informação (TI) corporativa, principalmente em sistemas ERP, 
as empresas percebem uma oportunidade para aproveitar a 
convergência  de  TI  e  os  benefícios  da  padronização  como

Etapa VI ­ Volume 1  21 
importantes sustentações para o aumento da produtividade 
operacional. 
•  Os  investimentos  em  automação  e  TI  têm  crescido 
exponencialmente,  no  entanto,  muitas  vezes  sem  trazer  o 
melhor retorno possível e sem a integração adequada  com 
aplicativos corporativos. 

Os  sistemas  industriais,  a  automação  e  as  tecnologias 


associadas 
Podemos classifi car os sistemas industriais basicamente em dois 
grupos: a indústria de manufatura e a indústria de processos. No 
primeiro grupo enquadram­se dentre outras as indústrias automotiva, 
eletrônica e de computadores, aeronáutica e têxtil. Agora no segundo 
grupo  estão  as  indústrias  petroquímicas,  produção  de  energia, 
produção de açúcar e álcool, refi narias, farmacêuticas e químicas. 
De  acordo  com  o  tipo  de  indústria,  tanto  as  variáveis  (dados) 
monitoradas e a forma de atuação podem possuir características 
diferentes. As indústrias de processos se caracterizam por apresentar, 
predominante,  sinais  contínuos  enquanto  que  na  de  manufatura 
temos a predominância é por sinais e controles discretos. 

Automação de processos 
A  automação  é  um  conjunto  de  técnicas  por  meio  das  quais  se 
constroem  sistemas  ativos  capazes  de  atuar  com  alta  efi ciência 
utilizando  informações  recebidas  do  processo  o  qual  atuam  a 
partir destas informações o sistema calcula uma ação corretiva em 
função da necessidade do processo. Essa é uma característica de 
sistemas em malha fechada, mais conhecidos como sistemas com 
realimentação, ou seja, aquele que relaciona o valor da saída ao 
da entrada do processo. Esta relação funciona corrigindo eventuais 
valores  na  saída  que  estejam  fora  dos  valores  desejados.  Para 
tanto  são  utilizados  controladores  que,  a  partir  de  algoritmos, 
circuitos  digitais  ou  analógicos  comparam  o  valor  atual  da  saída 
com o valor desejado. 

Evolução da arquitetura centralizada para distribuída 
Uma das principais mudanças trazida pelo avanço tecnológico foi 
a  distribuição  de  recursos  e  dados  pelos  diversos  componentes 
de  um  grupo  de  computadores.  Outrora,  tarefas  e  dados  eram 
processados  em  uma  única  máquina,  servidor  mainframe,  que 
concentrava  e  geria  todos  os  recursos  de  processamento  e 
armazenamento  dentro  de  uma  arquitetura  centralizada,  como 
mostrado  na  fi gura  10,  a  seguir.  Os  sistemas  de  controle  eram 
separados da estrutura corporativa.

22  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Figura 10 – Arquitetura centralizada. 
Fonte: Autor. 

A descentralização trouxe maior autonomia e maior disponibilidade 
de  recursos  uma  vez  que  cada  equipamento,  dotado  de  uma 
unidade  de  processamento  e  outra  de  armazenamento  própria, 
tornou­se capaz de realizar tarefas, armazenar dados localmente 
e  intercambiar  dados  e  informações  com  outros  equipamentos 
conectados  através  de  uma  rede  constituindo  uma  arquitetura 
distribuída, como mostrado na Figura 11.

Etapa VI ­ Volume 1  23 
O  processo  de  controle  é  um  exemplo  da  distribuição  de  tarefas 
e  da  possibilidade  de  sua  realização  em  diversos  níveis  de  um 
sistema de automação. Vejamos com detalhes sua evolução: 
•  os  primeiros  algoritmos  de  controle  foram  implementados 
em módulos alojados em painéis e alocados no campo junto 
aos  equipamentos  sensores  e  atuadores,  desempenhando 
um controle local; 
•  numa  segunda  etapa,  a  tarefa  de  controle  passou  a  ser 
desempenhada  por  painéis  de  relés,  nos  quais  eram 
implementadas  as  lógicas  de  controle,  intertravamento  e 
sequenciamento; 
•  dos  painéis  de  relés,  ainda  existentes  e  aplicados  em 
áreas  de  segurança  máxima,  passamos  aos  controladores 
programáveis,  que  assumiram  todas  as  tarefas  até  então 
desempenhadas pelos relés; 
•  a utilização de computadores para desempenhar a interface 
com  o  usuário  possibilitou  que  o  controle  também  fosse 
implementado na camada de supervisão, apesar de não muito 
confi ável devido à vulnerabilidade destes equipamentos; 
•  mais  recentemente,  o  controle  voltou  a  ser  implementado 
na  camada  do  chão  de  fábrica  com  a  nova  geração  de 
instrumentos digitais conectados em rede de campo. 

Atenção! 

Não existe, a priori, uma confi guração única ou uma regra 
que  determine  onde  os  recursos  deverão  ser  alocados, 
onde  as  tarefas  deverão  ser  desempenhadas  ou  onde 
os  dados  deverão  ser  armazenados.  Cada  sistema 
deverá possuir uma confi guração de hardware e software 
adequada  às  suas  necessidades,  estar  apto  a  receber 
dispositivos  de  outros  fabricantes  (sempre  que  possível) 
bem  como  prever  capacidade  para  expansões  e  futuras 
mudanças. 

Camadas de uma arquitetura distribuída em sistemas de 
automação 
Os  sistemas  de  automação  podem  ser  divididos  em    camadas 
conforme a pirâmide ilustrada na Figura 12.

24  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Para  um  melhor  entendimento,  discutiremos  cada  camada 
individualmente: 

Camada de instrumentação 
Camada  mais  próxima  do  processo,  serve  como  interface  entre 
o mundo real e os controladores industriais. De uma forma geral, 
podemos defi nir instrumentação como a ciência responsável pelo 
desenvolvimento  de  técnicas  de  medição,  indicação,  registro  e 
controle  de  processos. A  utilização  de  instrumentos  nos  permite 
melhorar  a  qualidade  do  produto,  aumentar  a  produção  e  obter 
dados seguros e precisos das variáveis envolvidas no processo. 
Como  primeira  camada,  quando  observamos  a  pirâmide  a  partir 
da base, a camada de instrumentação é composta por:
· sensores ou transdutores ­ realizam as medidas do processo 
com base em fenômenos físicos;
· transmissores  ­    condicionam  estas  medidas  em  sinais 
elétricos  ou  conjunto  de  bits  e  transmitem  aos  dispositivos 
de controle;
· atuadores  ­    agem  sobre  o  processo  sob  o  comando  dos 
controladores. 

Essa  camada  é,  sem  dúvida,  a  mais  importante  de  todas  as 
camadas, pois, todo controle começa com a medição e a qualidade 
do controle não será maior que a qualidade da medição, visto que, 
nos  processos  industriais  é  indispensável  se  controlar  e  manter 
constantes  as  variáveis  principais  de  um  sistema  de  automação, 
tais como: pressão, nível, vazão, temperatura, pH, condutividade, 
velocidade,  umidade  etc..  Assim,  percebemos  a  necessidade 
de  que  os  projetos  de  instrumentação  realmente  garantam  a 
confi abilidade  dos  sinais  das  variáveis  medidas  e  controladas 
para as camadas superiores. Logo, confi abilidade da performance 
dos  elementos  fi nais  de  controle,  é  indispensável  para  bom  o 
desempenho do processo. 

Os  instrumentos  de  medição  e  controle  permitem  manter 


e  controlar  estas  variáveis  em  condições  mais  adequadas/ 
precisas do que se elas fossem controladas manualmente por um 
operador. 

Atualmente,  existem  três  categorias  de  instrumentos:  os 


pneumáticos, eletrônicos analógicos e os eletrônicos digitais. Dentre 
as  categorias  de  instrumentos  relacionados,  a  instrumentação 
pneumática é a mais antiga e limitada. Sua principal desvantagem 
técnica é o tempo de resposta e sua vantagem é a aplicação em 
áreas  com  alto  risco  de  explosão.  A  instrumentação  eletrônica 
analógica  possui  algumas  vantagens  em  relação  à  pneumática, 
porém todos os instrumentos eletrônicos possuem um pneumático 
equivalente.  Já  a  instrumentação  digital  realmente  alterou  certos 
padrões, agrupando instrumentos, desenvolvendo novos algoritmos 
de  controle,  oferecendo  novas  interfaces  para  o  operador  e 
integrando setores das  indústrias  com redes  de  comunicação de 
dados, a instrumentação deu um passo enorme nos últimos anos. 
Os fabricantes de instrumentos disponibilizam versão de

Etapa VI ­ Volume 1  25 
instrumentos  nas  tecnologias  analógica  e  digital.  A  escolha  da 
tecnologia  depende  obviamente  da  aplicação  e  da  relação  custo 
benefício. 
A  tecnologia  analógica  convencional  realiza  a  interligação  dos 
instrumentos  aos  dispositivos  de  controle  por  meio  de  cabos, 
como mostrado na fi gura 13. 

Os  sinais  de  entrada  e  saída  são  tipicamente 


correntes de 4 a 20 mA (analógicas) e tensões de 
0 a 127 Vca ou 24 Vcc (discretas). 

Figura 13 – Interligação convencional de instrumentos. 
Fonte: Autor. 

Este tipo de tecnologia possui algumas desvantagens como: 
•  utilização de grande quantidade de cabos (2 ou 4 cabos por 
instrumento); 
•  necessidade  de  cartões  de  entrada  e  saída  para  realizar  a 
interface com o controlador; 
•  maior  vulnerabilidade  a  desgaste,  interferência 
eletromagnética e mau contato; 
•  demanda maior tempo de instalação; 
•  requer mais manutenção. 

A  instrumentação  digital  impôs  novos  métodos  de  trabalho 


para  todos  os  setores  da  indústria.  Transmissores  inteligentes, 
controladores  digitais,  SDCD,  DCS,  CLP  são  alguns  dos  novos 
termos  que  surgiram  com  a  evolução  da  instrumentação  digital. 
Ela  oferece  alguns  diferenciais,  sendo  o  mais  interessante  a 
possibilidade  de  interligação  dos  instrumentos  em  rede,  como 
mostra a fi gura 14. 

Mesmo  optando  pela 


tecnologia  analógica, 
é  possível  conectar  os 
instrumentos  em  rede 
através  de  conversores 
de  sinais.  Entretanto, 
as  características  e 
funcionalidades  da 
tecnologia  digital  não 
estarão presentes. 

Figura 14 – Interligação de instrumentos em rede. 
Fonte: Autor.

26  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
A tecnologia digital oferece algumas vantagens como: 
•  interligação dos instrumentos em rede; 
•  redução  drástica  da  necessidade  de  cabos  e  cartões  de 
controladores; 
•  menor tempo de instalação; 
•  programação  e  confi guração  de  instrumentos  através  de 
rede; 
•  realização  de  diagnósticos  dos  instrumentos  e  emissão  de 
alarmes e mensagens; 
•  desenvolvimento  de  estratégias  de  controle  no  próprio 
instrumento; 
•  implementação e execução de tarefas via software. 

Com  a  possibilidade  de  elaborar  e  executar  estratégias  de 


controle no nível dos instrumentos, como ilustrado na fi gura 15, é 
necessário defi nir a hierarquia de controle na etapa de projeto. 

O  controle  pode  ser 


executado  ao  nível  dos 
controladores  ou  ao 
nível  dos  instrumentos. 
Caso  optemos  por 
realizar  o  controle  no 
nível  dos  instrumentos, 
o  controlador  é 
dispensável. 

Figura 15 – Estratégia de Controle executada no nível dos instrumentos. 
Fonte: Autor. 

Em  relação  aos  elementos/instrumentos  de  controle,  existem 


duas  classifi cações  básicas:  os  elementos  de  campo  e  os  de 
painel.  Os  elementos  de  campo  são  divididos  em:  elementos 
primários,  transmissores  e  elementos  fi nais  de  controle.  Já  os 
elementos  de  painel  são  indicadores,  conversores,  registradores 
e controladores. 

Elementos de campo 
Elementos primários são responsáveis por detectarem alterações 
nas  variáveis  de  processo.  Um  exemplo  é  o  termopar,  os 
medidores de vazão, medidores de pressão entre outros. 
Os  transmissores  medem  uma  determinada  variável  e  a 
envia a distância para um instrumento receptor, normalmente 
localizado nos painéis de controle. 
Elementos fi nais de controle são dispositivos que modifi cam 
diretamente  o  valor  da  variável  manipulada  de  uma  malha 
de  controle.  Por  exemplo,  podemos  citar  as  válvulas  de 
abertura proporcionais.

Etapa VI ­ Volume 1  27 
Elementos de painel 
Os  elementos  indicadores  localizados  nos  painéis  são 
instrumentos  que  nos  fornecem  uma  indicação  visual  da 
situação  das  variáveis  no  processo.  Um  indicador  pode 
se  apresentar  na  forma  analógica  ou  digital.  Vale  a  pena 
lembrar  que  existem  indicadores  no  campo;  um  exemplo 
são os transmissores indicadores, que além de transmitirem 
as  informações  sobre  as  variáveis  do  processo,  também 
indicam os valores atuais das variáveis. 

Os registradores são instrumentos que registram as variáveis 
de  processo  através  de  traço  contínuo  de  pontos  em  um 
gráfi co etc. 
Os conversores também são conhecidos como transdutores, 
por converterem o sinal de uma variável recebida para outro 
tipo de sinal e o emitirem como um sinal de saída. 

Controlador,  instrumento  que  tem  um  sinal  de  saída  que 


pode  ser  variável  para  manter  a  variável  de  processo 
(pressão, temperatura, vazão, nível etc.) dentro do set­point 
estabelecido,  ou  para  alterá­la  de  um  valor  previamente 
determinado. 
Camada de controle 
Esta  camada  é  composta  por  dispositivos  controladores.  O 
controlador  é  um  computador  dedicado  que  executa  diversas 
lógicas de controle em tempos da ordem de 50 ms. As confi gurações 
são modulares e devem atender às necessidades do processo. A 
Figura 16 mostra uma confi guração, que normalmente possui:
· fonte;
· CPU;
· interface de rede;
· cartões de I/O;
· cartões especiais para funcionalidades específi cas;
· módulos de expansão (racks). 

Figura 16 – Controlador Programável montado em um painel 
Fonte: Autor. 

A maioria dos controladores industriais utiliza eletricidade ou fl uido 
pressurizado, tais como óleo ou ar, para a transmissão dos sinais. 
Os  controladores  também  podem  ser  classifi cados  de  acordo 
com o tipo de sinal empregado na operação, como controladores 
pneumáticos,  controladores  hidráulicos  ou  controladores 
eletrônicos.

28  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Atenção! 

A espécie de controlador a ser utilizada deve ser decidida 
com base no tipo de processo a controlar e nas condições 
de  operação,  incluindo  considerações  como  segurança, 
custo,  disponibilidade,  precisão,  confi abilidade,  peso  e 
dimensão. 

A Figura 17 traz uma confi guração típica de um sistema de controle 
industrial que consiste em um controlador automático, um atuador, 
um  processo  a  controlar  e  um  sensor  (elemento  de  medição).  O 
controlador  detecta  o  sinal  de  erro  atuante  e  aciona  o  atuador. 
O  atuador,  por  sua  vez,  produz  o  sinal  destinado  a  agir  sobre  o 
processo,  de  acordo  com  o  sinal  de  controle,  de  tal  modo  que 
o  sinal  de  realimentação  tenda  ao  valor  do  sinal  de  referência. 
O  valor  do  ponto  de  ajuste  do  controlador  (set  point)  deve  ser 
convertido  em  um  sinal  de  referência  com  as  mesmas  unidades 
que  o  sinal  de  retroação  proveniente  do  sensor  ou  elemento  de 
medição. 

Figura 17 – Confi guração de um sistema de controle industrial 
Fonte: Autor. 

Os  sistemas  de  controle  modernos  seguem  uma  arquitetura 


distribuída, como mostrado na Figura 18, a seguir:

Etapa VI ­ Volume 1  29 
Uma unidade principal é instalada próximo ou mesmo na sala de 
operação.  Esta  unidade  contém  uma  fonte  de  alimentação,  CPU 
e  cartão  de  rede  (caso  a  CPU  não  possua  a  conexão  para  rede 
exigida). A CPU é responsável pela realização do processamento 
necessário em  todas  as  áreas do  processo. A  comunicação  com 
as  demais  unidades  é  realizada  através  da  rede  de  controle. As 
unidades remotas, por sua vez, são instaladas nas salas elétricas 
próximas às áreas do processo. Estas unidades, que não possuem 
CPU, desempenham a tarefa de interface com a instrumentação. 

Um pouco de história... 
Desde a década de 80, os fabricantes de sistemas de automação 
têm  disputado  o  mercado  oferecendo  sistemas  de  controle  e 
supervisão baseados nas seguintes tecnologias:
· CLP + interface gráfi ca SCADA;
· SDCD;
· sistemas híbridos. 

O CLP teve suas origens na indústria automobilística e é indicado 
para  aplicações  com  predominância  de  variáveis  discretas.  Está 
presente também nos segmentos de mineração, alimentício, têxtil, 
siderúrgico etc. 

O SDCD teve suas origens na indústria petroquímica e é indicado 
para aplicações com predominância de variáveis analógicas. Está 
presente também no segmento de papel e celulose. 

Na década de 90, alguns fabricantes lançaram sistemas híbridos, 
como o resultado da concatenação das potencialidades de ambas 
as tecnologias, CLP e SDCD, em um só produto. 

A  seguir,  são  apresentadas  as  principais  características  das 


três  arquiteturas,  que  comumente  estão  presentes  nos  produtos 
de  maior  penetração  no  mercado.  Eventualmente,  poderão  ser 
notados alguns desvios com relação a produtos existentes.

30  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
(*) Estes valores podem variar em função do hardware e software utilizado.
Etapa VI ­ Volume 1  31 
Em  resposta  à  pergunta  do  item  anterior,  mesmo  com  a 
possibilidade  de  desempenhar  o  controle  no  nível  dos 
instrumentos, é interessante contar com o controlador para realizar 
as  tarefas  de  supervisão  da  rede  de  campo,  sequenciamento  e 
intertravamento. 

Camada de supervisão 
A  camada  de  supervisão  é  composta  por  computadores  dotados 
de  softwares  cuja  função  é  permitir  ao  operador  uma  completa 
visualização do processo, como ilustra a Figura 19. 

Figura 19 – Sistema de Supervisão 
Fonte: Autor. 

Tais  sistemas  são  denominados  sistemas  SCADA  ­  Supervision 


Control  and  Data  Acquisition  ou  de  forma  mais  simplifi cada  de 
sistemas  mais  simples,  como  supervisórios.  Esses  sistemas 
possibilitam  o  desenvolvimento  de  aplicativos  gráfi cos  para 
representar por meio de desenhos a dinâmica do processo, além 
de prover uma série de funcionalidades como as apresentadas 

Estas  funcionalidades  podem  variar  na  forma  de  confi guração, 


de  acordo  com  o fabricante,  sendo,  mais  ou  menos,  amigável,  e 
consequentemente menos, ou mais aberta. Em geral, a facilidade 
de  confi guração  da  tarefa  é  inversamente  proporcional  à  sua 
abertura.

32  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Os  sistemas  supervisórios  podem  assumir  arquiteturas  distintas 
conforme  a  necessidade  do  processo  e  o  nível  de  controle 
desejado.  Partindo  da  confi guração  mais  simples  de  um  IHM 
(interface  homem­máquina)  que  permite  a  atuação  direta  do 
operador  sobre os sistemas e chegando ao  nível  mais complexo 
os  sistemas  de  supervisão  e  aquisição  de  dados  SCADA  que 
permitem um controle mais abrangente sobre todos os processos 
automatizados em uma planta. 

Dentre  as  diversas  funções  disponíveis  nos  sistemas  de 


supervisão, podemos destacar: 
•  ajuste dos parâmetros de funcionamento de um equipamento 
ou processo; 
•  estabelecimento de alarmes; 
•  controle do fl uxo de dados dos diversos equipamentos; 
•  centralização das informações; 
•  controle do fl uxo de dados dos processos; 
•  alterar  remotamente  a  confi guração  e  atualização  dos 
equipamentos e programas. 

Como o sistema supervisório terá de lidar com um grande volume 
de  dados,  isto  exigirá  dele uma grande  capacidade  e  velocidade 
de  processamento.  Isto  requer  que  se  faça  uma  estruturação 
hierarquizada dos dados (que tanto podem vir na forma analógica 
quanto  digital). A  apresentação  destes  dados  é  feita  de  modo  a 
facilitar  a  sua  interpretação  e,  normalmente,  a  interface  gráfi ca 
inclui fi guras, animações e diagramas que descrevam visualmente 
o processo. 

As  maiores  vantagens  da  implementação  de  um  sistema 


supervisório  são  a  fl exibilidade  que  ele  confere  ao  sistema 
e  a  customização  do  sistema  (a  divisão  de  áreas  e  fases  de 
processo conforme as necessidades do cliente). Dentre as outras 
vantagens, podemos citar a rastreabilidade do processo em tempo 
real  e  simplicidade  de  operação  proporcionada  pelas  diversas 
ferramentas integradas ao sistema supervisório, como a emissão 
de  relatórios,  edição  de  Receitas  e  scripts  online  há  ainda  a 
possibilidade  de  hierarquizar  as  informações  quanto  ao  nível  de 
segurança exigido pelo processo. 

As  funcionalidades  dos  sistemas  de  supervisão  são  descritas 


brevemente, a seguir. 

Supervisórios 
Os  sistemas  supervisórios  são  responsáveis  pela  aquisição  de 
dados  diretamente  dos  controladores  lógico  programáveis  para 
o  computador.  As  aquisições  em  CLP  são  confi guradas  em 
função  de  taxas  de  varreduras  estabelecidas  pelo  projetista  do 
sistema, estas taxas não necessariamente são iguais às taxas de 
varreduras do CLP. 

Todas as informações representadas em um sistema supervisório 
são  devidamente  condicionadas,  apresentadas  em  unidades  de

Etapa VI ­ Volume 1  33 
engenharia,  armazenadas  em  bancos  de  dados  e  verifi cadas 
quanto  a  existência  de  limites  de  operação.  Um  grande  exemplo 
seria  o controle  de temperatura, em que se estabelece um limite 
máximo de operação. 

O sistema supervisório deve permitir o ajuste remoto de parâmetros 
em  controladores,  para  isto,  basta  o  usuário  informar  os  valores 
dos  parâmetros  nos  campos  estabelecidos  e  o  supervisório  se 
encarrega de  transmitir para o controlador. 

Um exemplo de parâmetros seria o ganho proporcional, integral e 
derivativo de um controle PID. 

O software de supervisão é visto como o conjunto de programas 
gerado  e  confi gurado  no  software  básico  de  supervisão, 
implementando  as  estratégias  de  controle  e  supervisão,  as 
telas  gráfi cas  de  interfaceamento  homem­máquina,  a  aquisição 
e  tratamento  de  dados  do  processo,  a  gerência  de  relatórios  e 
alarmes. Este software deve ter entrada de dados manual, através 
de  teclado.  Os  dados  serão  requisitados  através  de  telas  com 
campos pré­formatados que o operador deverá preencher. 

Estes  dados  deverão  ser  auto­explicativos  e  possuírem  limites 


para as faixas válidas. A entrada dos dados deve ser realizada por 
telas  individuais,  seqüencialmente,  com  seleção  automática  da 
próxima entrada. Após todos os dados de um grupo ser inserido, 
esses  poderão  ser  alterados  ou  adicionados  pelo  operador,  que 
será o responsável pela validação das alterações. 

O  conjunto  de  telas  do  software  de  supervisão  deve  permitir 


os  operadores,  controlar  e  supervisionar  completamente  toda  a 
planta. As telas deverão ser organizadas em estrutura hierárquica 
do tipo árvore, permitindo um acesso seqüencial e rápido. 

A evolução dos sistemas digitais faz com que soluções anteriormente 
atribuídas  a  Sistemas  Digitais  de  Controle  Distribuídos  passem 
a  ser  implementadas  através  dos  novos  conceitos  de  redes  de 
campo integradas às  redes de  informação. Além da  redução nos 
custos, passa a existir uma natural simplifi cação em procedimentos, 
análises  e  tomada  de  decisões.  Novos  padrões  de  redes  de 
chão  de  fábrica  e  de  informação  (proprietários  ou  abertos)  são 
continuamente buscados por fabricantes e associações. 

IHM – interface homem­máquina 
Vem surgindo no mercado uma tendência de que os IHM’s ganhem 
um nível maior de autonomia no gerenciamento dos sistemas aos 
quais  estão  integrados.  Com  isto,  eles  vêm  incorporando  uma 
série  de  acessórios  (displays,  terminais  remotos,  inserção  de 
dados via touch­screen etc.) e softwares. 

Driver de comunicação 
O  termo  driver  é  utilizado  para  denominar  a  interface  de 
comunicação entre as estações de operação e os controladores.

34  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
A quantidade de drivers suportada por cada software supervisório 
difere  de  acordo  com  o  fabricante.  A  priori,  é  possível  realizar  a 
comunicação de uma estação de operação com mais de um tipo 
de controlador. Ao confi gurar o driver de comunicação, deverá ser 
observada a distribuição dos dados na base de dados em tempo 
real  do  controlador,  para  adequar  a  periodicidade  de  leitura  à 
característica temporal dos grupos de variáveis. As leituras poderão 
ser  realizadas  por  tempo  ou  por  exceção.  Uma  confi guração 
adequada  do  driver  pode  resultar  em  ganhos  signifi cativos  de 
tempo na comunicação. 

Métodos de comunicação 
•  Entre CLP e IHM:  protocolos de comunicação rs232, rs422, 
rs485. 
•  Entre diversos CPL’s e IHM’s: rede local Fieldbus. 
•  Em  rede  Ethernet:  permite  a  comunicação  entre  diversas 
redes locais de modo integrado. 

Gráfi cos de tendência 
Os  sistemas  de  supervisão  possuem  ferramentas  para 
desenvolvimento  de  telas  gráfi cas  que  constituirão  a  interface 
do sistema com o usuário. As telas podem ser divididas em telas 
de  sinóticos,  telas  de  operação  e  telas  de  utilidades  (alarmes, 
relatórios, diagnósticos, gráfi cos). 

A  confi guração  das  telas  do  sistema  deve  atender  a  alguns 


princípios  de  ergonomia  como  a  cor  de  fundo  que  deverá  ser 
selecionada  de  modo  a  não  fatigar  o  usuário  que  passará  horas 
diante  do  monitor.  Outro  ponto  a  ser  observado  é  o  emprego 
de  cores  muito  claras  desgastam  com  maior  rapidez  a  tela  do 
monitor. 

Os desenhos dos objetos deverão, sempre que possível, seguir um 
padrão. Desta forma, em qualquer área atendida pelo supervisório, 
equipamentos  da  mesma  espécie  serão  representados  pelo 
mesmo  símbolo.  Os  softwares  de  confi guração  de  sistemas 
supervisórios  geralmente  possuem  bibliotecas  de  objetos  que 
podem ser exploradas. 

A  alocação  dos  objetos  pela  área  útil  da  tela  deverá  ser 
distribuída, evitando a concentração em determinadas áreas.Telas 
excessivamente carregadas com objetos e textos podem difi cultar 
a  compreensão  das  informações  por  parte  do  usuário,  além  de 
provocar atrasos na atualização das informações da tela. 
Os  recursos  gráfi cos  do  software  devem  ser  explorados  ao 
máximo.  São  eles:  cópia,  duplicação,  eliminação,  seleção  de 
objetos,  seleção  de  cores,  facilidades  para  confecção  de  textos 
e  fi guras,  recursos  de  ampliação,  grid,  alinhamento  de  objetos, 
recursos de multimídia, etc. 

Base de dados em tempo real 
A base de dados é um repositório de dados do sistema de supervisão

Etapa VI ­ Volume 1  35 
atualizado em tempo real. Para o cadastramento da base, deverá 
ser realizado um levantamento de todas as variáveis envolvidas na 
tarefa de supervisão e controle. 

Para cada variável, deverão ser defi nidos: 
•  nome da variável (tag) dentro do limite máximo de caracteres 
do software; 
•  descrição  sucinta  da  variável  dentro  do  limite  máximo  de 
caracteres do software; 
•  periodicidade de leitura; 
•  endereço onde a variável está disponível; 
•  amplitude de escala da variável; 
•  unidade de medida; 
•  fator de conversão ou correção; 
•  valores de limites operacionais; 
•  valor do passo de leitura; 
•  valor da zona morta. 

Alarmes 
A  tarefa  de  Alarme  será  responsável  pela  sinalização  de 
ocorrências e defeitos nos equipamentos. 

O texto do alarme deverá conter no mínimo:
· data da ocorrência (dia­mês­ano);
· horário da ocorrência (hora:minuto:segundo);
· tag do equipamento;
· valor da variável excedida;
· descrição da ocorrência;
· endereço ou referência para localização do defeito;
· indicação de reconhecimento do alarme. 

Cada  tela  deverá  conter  uma  faixa  dos  alarmes  mais  recentes. 
Deverão ser construídas telas separadas para os alarmes ativos e 
históricos de alarmes. 

A tela de alarmes ativos deverá conter todos os alarmes do sistema 
durante um período defi nido. Os alarmes deverão ser diferenciados 
por  cores,  modo  piscante  e  emissão  sonora  (defi nidos  no 
padrão),  para  facilitar  a  identifi cação  do  defeito  ou  ocorrência.  O 
conteúdo desta tela deverá ser confi gurável, com a possibilidade 
de  separação  dos  alarmes  por  classes, categorias  ou chaves de 
seleção.  Deverá  também  apresentar  recursos  para  paginação, 
seleção, reconhecimento e eliminação de alarmes, direcionamento 
para impressora  ou  arquivo, habilitação/desabilitação  de alarmes 
sonoros. 

A  tela  de  histórico  de  alarmes  deverá  possibilitar  o  resgate  dos 


alarmes ocorridos, a partir da data corrente até uma determinada 
data. O conteúdo desta tela também deverá ser confi gurável, com 
a possibilidade de separação dos alarmes por classes, categorias 
ou chaves de seleção. Deverá também apresentar recursos para

36  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
paginação, seleção e eliminação de alarmes, direcionamento para 
impressora ou arquivo. 

O  gerenciamento  dos  arquivos  de  históricos  é  importante  afi m 


de  não  ocupar  espaço  desnecessariamente  no  disco  rígido  do 
computador.  Os  arquivos  podem  ser  armazenados  em  disquetes 
e posteriormente eliminados. 

Relatórios 
Os relatórios  do sistema  deverão ter  seu conteúdo  e  formatação 
defi nidos  previamente à  confi guração. A tela de  relatórios deverá 
apresentar a relação de relatórios emitidos pelo sistema e botões 
para  comandar geração destes. 

É desejável que o usuário possa visualizar o conteúdo do 
relatório antes de solicitar a impressão, bem como realizar 
alterações  e  adicionar  comentários.  Deverá  ser  prevista 
ainda, a possibilidade de direcionamento do conteúdo do 
relatório para arquivos. 

Os  constantes  insucessos  nas  implementações  de  relatórios  em 


sistemas  de  supervisão,  mostraram  que  este  não  é  o  ambiente 
adequado  para  suportar  tal  funcionalidade. É  interessante  contar 
com um computador à parte, no qual deve ser instalado um banco 
de  dados.  O  banco  de  dados  será  o  responsável  por  armazenar 
e  organizar  os  dados,  aliviando  a  base  de  dados  em  tempo  real 
do  sistema  de  supervisão.  Um  software  específi co  deverá  ser 
utilizado para a elaboração dos relatórios. 

Receitas 
Receita  é  um  conjunto  de  parâmetros  pré­defi nidos  do  sistema 
para  ser  enviado  ao  CLP.  Esta  tarefa  é  de  grande  utilidade  em 
processos em batelada. 

A tarefa deverá ser confi gurada de forma a possibilitar o envio da 
receita ao CLP sem interrupção da operação, modifi car parâmetros 
durante a operação e resgatar o conjunto de parâmetros modifi cado 
como uma nova receita. 

Segurança 
Deverá  ser  estabelecida  uma  estratégia  de  segurança  operativa 
implementada através de senhas com 2 (dois) níveis de restrição: 
permissão  de acesso do usuário somente às  áreas  permitidas, e 
acesso do usuário somente aos comandos permitidos. 

Arquitetura do sistema 
Existem  diversos  fabricantes,  cada  qual  com  um  ou  vários 
sistemas supervisórios, cada qual com suas vantagens, facilidades 
e principalmente custos associados. Embora isto represente uma 
vantagem  na  variedade  de  opções  para  o  projeto  do  sistema, 
também impõe uma série de restrições especifi cas de cada sistema 
e também dos custos relacionados a implantação, manutenção e 
gerenciamento destes sistemas.
Etapa VI ­ Volume 1  37 
Importante! 
No projeto de um sistema supervisório, diversos parâmetros 
devem  ser  levados  em  conta  para  que  este  atinja  o  maior 
grau de adequação à fi nalidade a que se destina. Dentre as 
etapas  do projeto  a  de  maior importância  é, sem  dúvida,  a 
do planejamento. 

Um bom planejamento deve otimizar a utilização dos recursos do 
equipamento supervisório facilitando a sua utilização, simplifi cando 
a sua interpretação e navegabilidade e ainda garantir a segurança 
no  controle,  aquisição  e  rastreamento  dos  dados  gerados  no 
processo em seus vários níveis de acesso. 

Existem  nove  itens  aos  quais  se  deve  dedicar  atenção  no 
planejamento de um sistema supervisório: 
•  Conhecer o processo 
•  Determinar as variáveis do processo 
•  Organização das variáveis do processo 
•  Estruturação dos Tags 
•  Planejamento de alarmes 
•  Planejamento  da  interface  gráfi ca  ­  As  telas  principais, 
e  interfaces  gráfi cas  auxiliares  (tela  de  manutenção,  de 
detalhe, de tendências etc) 
•  Inteligibilidade  –  Clareza  de  apresentação  e  facilidade 
de  entendimento  do  sistema  de  controle  e  do  sistema 
controlado. 
•  Navegabilidade do sistema 
•  Segurança 

Camada de otimização 
O principal objetivo da otimização é eleger índices de desempenho 
e  realizar  modifi cações  nos  recursos  instalados  (equipamentos 
e  instrumentos)  e  práticas  operacionais  a  fi m  de  maximizar  ou 
minimizar  estes  índices.  A  redução  de  custos,  o  aumento  da 
quantidade produzida e a melhoria da qualidade dos produtos são 
índices comuns para otimização. 
Antes  de  apresentar  algumas  das  técnicas  de  otimização,  é 
importante entender como opera um sistema de otimização. A 
Figura 20 a seguir ilustra uma possível confi guração:

38  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Consideremos, inicialmente, o sistema de otimização desativado. 
Neste caso, os setpoints do processo são defi nidos pelo operador, 
que  possui  em  sua  mente  as  regras  e  estratégias  operacionais 
para atender as metas e condições estabelecidas pela produção. 
Na maioria das vezes, estes setpoints permanecem fi xos ou sofrem 
pequenas  alterações  ao  longo  do  turno  de  serviço  do  operador. 
Sem entrar no mérito da questão, é possível imaginar que devem 
haver outras combinações de setpoints, distintas das usadas pelo 
operador, que proporcionam melhores rendimentos. 

Quando  o  sistema  de  otimização  é  ativado,  os  setpoints  do 


processo passam a ser defi nidos por ele. Esse sistema buscará, a 
todo instante, a melhor combinação de setpoints a fi m de obter os 
melhores rendimentos  para  o  processo e podem  utilizar  diversas 
tecnologias,  das  quais  podemos  relacionar  as  mais  utilizadas: 
Modelagem Matemática; Inteligência Artifi cial e Controle Avançado. 

Modelagem matemática 
Um  modelo  matemático  reproduz  a  dinâmica  entre  variáveis 
entradas e saídas de um processo real. São várias as possibilidades 
de representação, conforme estudado: 

•  equações diferenciais; 
•  diagramas de blocos; 
•  diagramas de fl uxo de sinais; 
•  funções de transferência; 
•  equações de estado; 
• modelos ARX e variações; 

Um bom modelo permite a realização de simulações computacionais 
a  fi m  de  verifi car  o  comportamento  do  processo  para  entradas 
específi cas,  sem  ter  que  necessariamente,  submeter  o  processo 
real  a  tais  circunstâncias.  Permitem  também  a  estimação  de 
variáveis do processo e a elaboração das estratégias de controle. 

Inteligência artifi cial 
As  técnicas  de  Inteligência  artifi cial  podem  ser  utilizadas  como 
alternativa  ou  mesmo  apoio  aos  sistemas  de  automação,  nos 
procedimentos de diagnóstico, tomada de decisão e estimação de 
variáveis. 

A  base  de  um  sistema  de  otimização  que  utiliza  inteligência 


artifi cial  pode  ser  um  Sistema  Especialista,  sobre  o  qual  podem 
ser  inseridos  módulos  de  Lógica  Nebulosa  e  Redes  Neurais. 
Nesta  confi guração,  o  Sistema  Especialista  contemplará  as 
regras  operacionais  e  as  estratégias  de  otimização  e  utilizará  as 
variáveis recebidas do processo para desempenhar suas tarefas. 
O  bom  desempenho  do  Sistema  Especialista  depende  do  bom 
desempenho da instrumentação do processo, ou seja, as variáveis 
devem ser precisas. 

Etapa VI ­ Volume 1  39 
Considerações importantes: 
•  Como  a  qualidade  dos  dados  do  processo  não  pode  ser 
amplamente garantida,  pode haver  a necessidade de tratar 
as variáveis imprecisas utilizando a Lógica Nebulosa. 
•  Outro problema ainda pode ocorrer: a ausência de variáveis 
importantes  para  a  otimização.  Neste  caso,  podem  ser 
utilizadas Redes Neurais para estimá­las. 

Sistemas  Especialistas  são  programas  computacionais 


desenvolvidos  a  partir  do  conhecimento  dos  especialistas,  para 
resolver  problemas  num  domínio  restrito.  O  conhecimento 
extraído dos especialistas é formalizado e  codifi cado numa Base 
de  Conhecimento.  A  utilização  de  um  Sistema  Especialista  para 
resolver  um  problema  consiste  em  manipular  este  conhecimento 
através  do  uso  de  silogismos  lógicos,  derivando  novos 
conhecimentos,  estendendo  assim  a  Base  de  Conhecimento. 
Sistemas  Especialistas  são  utilizados  para  resolver  problemas 
para  os  quais  não  existe  uma  solução  algorítmica  viável.  Tais 
problemas  envolvem,  geralmente,  conhecimento  extenso, 
freqüentemente difuso e empírico. Outra característica importante 
da classe de problemas abordáveis pelos Sistemas Especialistas 
é o papel importante desempenhado pelo conhecimento heurístico 
disponível sobre o problema. 

Saiba mais... 
A  Lógica  Nebulosa  é  uma  técnica  que  possibilita  trabalhar  com  o 
conhecimento  incerto  e  impreciso,  permitindo  que  se  retirem  conclusões 
sobre  situações  que  não  dominamos  completamente.  Ela  possui  uma 
estrutura  que  incorpora  alguns  dos  mecanismos  de  inferência  humanos, 
sendo  muito  adequada  ao  desenvolvimento  de  sistemas  de  controle 
inteligentes,  pois  permite  que  o  conhecimento  de  peritos  possa  ser 
traduzido de maneira direta em um algoritmo de controle e decisão. 

As Redes Neurais são sistemas capazes gerar valores aproximadamente 
corretos  para  entradas  arbitrárias  que  não  faz  parte  do  subconjunto  de 
treinamento padrão. As redes neurais podem ser utilizadas para substituir 
modelos matemáticos, fi ltros e estimadores de modo geral. Ela necessita 
de uma massa de dados do processo para realizar a etapa de treinamento. 
São  utilizadas  em  aplicações  de  Controle  de  processos,  Controle  de 
qualidade, Reconhecimento de voz, escrita e caracteres. 

(Fonte:  Apostila  de  automação.  Disponível  em:  http://www.ebah.com.br/ 


apostila­de­automacao­pdf­a16165.html. Acesso em set. 2009). 

Controle avançado 
As técnicas de controle avançado consistem em estratégias de controle 
elaboradas  com  base  em  algoritmos  avançados  do  tipo  multivariável, 
adaptativo  e  preditivo.  A  estratégia  de  controle  multivariável  contrasta 
com  o  controle  convencional  no  sentido  de  que  a  primeira  é  aplicável 
a  sistemas  com  entradas  e  saídas  múltiplas,  lineares  ou  não­lineares, 
variantes ou invariantes no tempo, enquanto a última é aplicável apenas 
aos  sistemas  monovariáveis  (uma  única  entrada  e  uma  única  saída), 
lineares  e  invariantes  no  tempo.  Além  disso,  a  estratégia  de  controle 
multivariável é uma abordagem centrada essencialmente no domínio do 
tempo, enquanto ao controle convencional adota um enfoque no domínio 
de frequência.

40  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Camada de gestão 
Nesta  camada  concentra­se  a  programação  e  a  gestão  da 
produção.  Para  realizar  tais  tarefas,  o  corpo  administrativo  das 
empresas  utiliza  poderosas  ferramentas  de  software,  baseadas 
no conceito ERP: Enterprise Resource Planning ou Planejamento 
dos Recursos do Empreendimento. 
ERP  é  uma  arquitetura  de  software  que  facilita  o  fl uxo  de 
informações  entre  todos  os  departamentos  da  empresa  e  suas 
atividades,  tais  como  fabricação,  logística,  fi nanças  e  recursos 
humanos.  É  um  sistema  amplo  de  soluções  e  informações.  A 
Figura    mostra  o  conceito  de  integração  ERP,  onde  um  banco 
de  dados  único  operando  em  uma  plataforma  comum  interage 
com um conjunto  integrado de  aplicações  consolidando todas as 
operações do negócio em apenas um ambiente computacional. 

Figura 22: Conceito de integração ERP , 
Fonte: Adaptação Rodrigo de Melo Rodovalho. 

A implantação do ERP traz vantagens como: 

•  eliminação da utilização de interfaces manuais; 
•  redução de custos; 
•  otimização do fl uxo da informação e da qualidade da mesma 
dentro da organização (efi ciência); 
•  otimização do processo de tomada de decisão; 
•  eliminação da redundância de atividades; 
• redução dos tempos de resposta ao mercado. 

A  implantação  de  um  sistema  ERP  pode,  contudo,  ser  bastante 


complexa  e  sujeita  a  turbulências  caso  não  esteja  adequada  ao 

Etapa VI ­ Volume 1  41 
ambiente  da  empresa,  em  razão  das  mudanças  provocadas. 
Algumas mudanças podem ser necessárias na organização como: 

•  redesenho dos processos; 
•  eliminação  das  funções  em  duplicidade  e  fl uxos  de 
informação mal defi nidos; 
•  desenvolvimento  de  um  sistema  adicional  para  estabelecer 
a interface com o nível de chão de fábrica. 

Diante da pouca fl exibilidade de comunicação do ERP com o chão 
de  fábrica,  torna­se  necessário,  algumas  vezes,  desenvolver  um 
sistema  denominado  MES  (Manufacturing  Execution  System).  O 
MES  funciona  como  uma  camada  intermediária,  que  processa 
as  informações  brutas  do  chão  de  fábrica  que  vão  para  o  ERP, 
e  no  sentido  inverso,  processa  as  informações  vindas  do  ERP 
adequando­as  aos  padrões  do  chão  de  fábrica.  A  natureza  das 
interfaces  dependerá  das  regras  de  negócio  e  estratégias  de 
informatização da organização. 

MES (Manufacturing Execution System ) 

O termo MES  O  aparecimento  do  MÊS  no  mercado  surgiu  da  necessidade 


Manufacturing 
Execution Systems, ou 
de  se  constituir  um  nível  intermediário  entre  os  sistemas  ERP 
Sistema de Execução  (Enterprise Resource Planning) e o chão de fábrica. Os sistemas 
da Manufatura foi  MES  destinam­se  a  aumentar  a  dinâmica  dos  sistemas  de 
criado em 1990 por 
Bruce Richardson da 
planejamento  da  produção,  e  conseqüentemente  dos  sistemas 
Advance Manufacturing  ERP,  que  não  seriam  capazes  de  lidar  com  aspectos  tais  como 
Research (AMR). o  andamento  de  uma  ordem  enquanto  essa  está  em  progresso 
e  com  restrições  de  capacidade  de  curtíssimo  prazo.  Além  do 
MES e do ERP poderem trabalhar junto, o MES ajuda na melhor 
utilização das funcionalidades existentes no ERP. 

Um  MES  coleta  e  acumula  informações  do  realizado  no  chão 


de  fábrica  e  as  realimenta  para  o  sistema  de  planejamento.  Ele 
cumpre  dois  papéis:  um  é  o  de  controlar  a  produção,  ou  seja, 
considera o que foi efetivamente produzido e como foi produzido 
e  permite  comparações  com  o  que  estava  planejado  para,  em 
caso de não coincidência, permitir o disparo de ações corretivas. 
O  outro  papel  é  de  liberar  as  ordens  de  produção,  tendo  a 
preocupação de detalhar a decisão de programação da produção 
defi nida pelo MRP, defi nindo os centros produtivos e a seqüência 
das  operações  a  serem  realizadas.  Com  isso,  é  possível  saber 
exatamente  a  capacidade  do  chão  de  fábrica  dentro  de  um 
determinado  horizonte  de  planejamento.  Independente  de  quão 
bom  é  o  planejamento  feito,  a  realidade  nem  sempre  ocorre 
conforme o que foi planejado. 

O  principal  foco  dos  sistemas  atuais  de  MRP  II/ERP  é  o 


planejamento  e  a  contabilização,  nas  quantidades  necessárias, 
baseado  em  previsões  de  demanda.  Erros  de  previsão, 
problemas de qualidade, gargalos de capacidade, quebras, falhas 
de  comunicação  e  inefi ciências  podem  prejudicar  os  melhores 
planejamentos, fazendo com que  o processo produtivo perca em 
seu  desempenho.  Os  ERP’s  em  geral,  não  conseguem  detectar 

42  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
esses problemas antes que eles já tenham ocorrido e nem sempre 
suprem as necessidades da organização quanto a informações de 
prevenção e correção. 

É  observada  cada  vez  mais  a  necessidade  que  a  indústria  tem 


de criar sistemas integrados, cujo fl uxo de informações passe do 
chão  de  fábrica  aos  sistemas  corporativos  de  forma  fácil  e  sem 
problemas de integração. 

Observamos  então  que  além  de  estabelecer  esta  interface,  o 


MES desempenha outras tarefas como o sincronismo do trabalho, 
máquinas,  ferramentas  e  recursos  (ver  Figura  ).  Baseado  em 
informações  atuais  e  históricas  do  processo,  os  gerentes  de 
produção  defi nem  os  procedimentos  e  os  recursos  que  serão 

Figura 23: Funcionalidade de um sistema MÊS 
Fonte: (Queiroz, 2006) 

O sistema MES possui 11 funcionalidades conforme defi nido pela 
MESA (Manufacturing Execution Systems Association): 

•  alocação  de  recursos  (energia,  matéria­prima,  material  em 


processo) e status do processo; 
•  operação / programação detalhada; 
•  gestão do fl uxo produtivo; 
•  controle de documentos; 
•  aquisição e armazenamento de dados; 
•  gestão de serviços; 
•  gestão da qualidade; 
•  gestão do processo; 
•  gestão da manutenção; 
•  genealogia e acompanhamento da produção; 
• análise de performance. 

Etapa VI ­ Volume 1  43 
A  implantação  de  um  sistema  MES  começa  pela  aquisição 
e  armazenamento  de  dados.  As  ferramentas  que  realizam 
estas  tarefas  no  chão­de­fábrica  são  denominadas  PIMS, 
Plant  Information  Management  System  ou  Sistema  de  Gestão 
das  Informações  da  Planta.  Nos  laboratórios,  a  ferramenta  é 
denominada LIMS. 

A  Figura  21  a  seguir  demonstra  a  iteração  do  SCADA  com  o 


sistema  MES,  trazendo  as  informações  de  chão  de  fabrica. 
O  SCADA  garante  a  aquisição  das  informações  de  produtos, 
processos  de  fabricação,  leitura  de  código  de  barras  para 
rastreabilidade, compactação dos dados, supervisão e controle de 
estações, enviando todos estes dados para um nível mais elevado, 
independente das tecnologias de software e hardware aplicados. 

Figura 21: Conexão MÊS­SCADA. 
Fonte: Autor. 

Conforme  pode  ser  visto  na  Figura  21,  a  integração  entre  os 
setores gera os seguintes impactos em cada área da empresa: 

Operacional :  Exige o maior comprometimento dos colaboradores 
que atuam no setor produtivo, pois demais setores da organização 
são  dependentes  da  efi ciência  da  produção  para  poderem  dar 
respostas positivas para o mercado em prazos cada vez menores. 
Dispensa de determinados serviços operacionais, principalmente os 
de monitoramento, e supervisão (um sistema de automação coleta 
informações  e  monitora  a  produção  fomentando  de  informações 
pertinentes  os  demais  setores  de  maneira  constante  e  efi caz). 

Estratégico:  Compromete­se  em  analisar  as  informações 


provenientes do setor produtivo para tomada de ações preventivas 
ou corretivas de curto, médio ou em longo prazo visando melhorias 
e redução de custos do processo produtivo. 
Gerencial:  Estabelece  e  acompanha  as  metas  provenientes  do

44  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
setor  produtivo,  visando  a  maximização  da  produção,  qualidade 
dos produtos e serviços. 

Comercial :  Através do  rastreamento  dos  produtos  é  possível  ter 


uma maior iteração com clientes e fornecedores, buscando maior 
qualidade  de  produtos  e  serviços  garantindo  o  atendimento  das 
demandas dos mercados mais exigentes. 

Figura 22: Impacto entre os diversos setores 
Fonte: Autor. 

PIMS (Process Information Management System ) 

O PIMS é uma infra­estrutura utilizada para o gerenciamento dos 
dados de processo, que possibilita a utilização da informação nos 
diversos  níveis:  operação,  supervisão,  manutenção,  produção, 
gestão,  qualidade  dentre  outros,  constituindo  um  grande  recurso 
para a empresa. 

O PIMS coleta os dados da planta através de sistemas de controle 
automatizados  como  SDCD,  CLP,  SCADA  ou  diretamente  de 
outras  fontes.  Os  dados  são  direcionados  para  o  sistema  PIMS, 
armazenados em um banco de dados em tempo real, compactados 
e  transformados  em  informações  úteis.  Telas  interativas  criadas 
pelo  usuário  tornam  as  informações  disponíveis  para  quando  for 
preciso.  O  PIMS  pode  armazenar  uma  quantidade  sem  limite  de 
dados, todas em sua formatação original, virtualmente para sempre. 
Importante! 
Com  o  PIMS,  todos  os  níveis  da  empresa  ganham  um  ilimitado  acesso 
às informações  em tempo real,  ajudando  a tomar melhores decisões  de 
negócios. Embora o PIMS tenha sido usado principalmente em indústrias 
de processos, sua fl exibilidade e sofi sticação de recursos fazem dele um 
ativo valioso em qualquer lugar onde informações importantes necessitem 
ser gerenciadas com precisão.

Etapa VI ­ Volume 1  45 
O  sistema  PIMS  deve  possuir,  no  mínimo,  as  seguintes 
funcionalidades: 

•  Interfaces  com  o  processo:  conexões  bidirecionais  de 


alta  velocidade  (drivers)  às  fontes  de  dados  do  processo  e 
sistemas de automação. 
•  Conectores  com  o  nível  corporativo:  conexões 
bidirecionais  com  o  sistema  corporativo  para  o  intercâmbio 
das  informações,  distribuindo  os  dados  ou  seus  históricos 
entre  o  ERP  e  os  bancos  de  dados  externos  ao  sistema, 
sem  necessitar  armazená­los  em  bancos  de  dados 
intermediários. 
•  Interface gráfi ca com o usuário: representação gráfi ca dos 
dados de processo de forma dinâmica e interativa incluindo 
sinóticos,  animações,  tendência  histórica  e/ou  instantânea, 
gráfi cos  diversos,  etc.  Suporte  para  visualizar  informações 
de  diversos  sistemas  PIMS  simultaneamente  ou  de  dados 
advindos de outros bancos de dados. 
•  Conector  com  planilha  eletrônica:  conexão  bidirecional 
com  softwares  de  planilha  eletrônica  como  o  MS­Excel  ou 
Lotus,  permitindo  a  recuperação  de  dados  armazenados 
no  sistema  PIMS.  Possibilidade  de  geração  de  relatórios 
complexos, gráfi cos utilizando dados históricos ou em tempo 
real,  bem  como  a  entrada  manual  de  dados  no  sistema 
PIMS. 
•  Interfaces  com  coletores  de  dados:  permite  a  entrada 
manual  de  dados  no  sistema  PIMS  através  do  teclado,  ou 
através de coletores de dados. 
•  Interface  WEB:  permite  a  criação  de  páginas  html  para 
exibir telas gráfi cas contendo informações do sistema PIMS 
via Internet ou Intranet. 
•  Banco de dados em tempo real: banco de dados em tempo 
real com a capacidade de armazenar e compactar os dados 
por  longos  períodos  de  tempo,  em  um  único  servidor,  sem 
consumo excessivo de memória em disco rígido. 
•  Segurança:  permite  restringir  o  acesso  aos  dados  e 
funcionalidades  através  de  senhas.  Cada  usuário  possui 
atributos  específi cos,  de  acordo  com  a  sua  atividade,  para 
defi nir o nível de intervenção sobre o sistema: visualização, 
e/ou alteração dos dados e/ou confi guração do sistema. 
•  Organizador  por  grupos:  permite  organizar  o  conteúdo 
de  dados  do  PIMS  por  grupos  de  modo  a  facilitar  a  sua 
utilização  por  usuários  de  áreas  distintas  em  programas  e 
telas. 
•  Módulo estatístico: permite realizar cálculos estatísticos em 
tempo  real  para  os  dados  armazenados  no  sistema  PIMS. 
Permite o cálculo de diversos parâmetros (desvios, médias, 
etc)  além  de  permitir  a  construção  de  diversos  gráfi cos 
estatísticos (tendências, histogramas, etc). 
•  Módulo  batelada:  utilizado  para  visualizar  os  dados 
armazenados no  PIMS  a  partir  de  processos  de  fabricação 
associados por lotes: número do lote ou batelada, produto e 
unidade de processo. 
• Módulo  de  cálculo  avançado:  permite  a  elaboração  de 
cálculos complexos em ambiente externo, como por exemplo, 

46  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
a linguagem de programação Visual Basic. Permite a criação 
de rotinas diversas e manipulação dos dados armazenados 
no sistema PIMS. 
•  Sumário de alarmes: sumariza as informações do servidor 
de alarmes e as exibe na forma de uma estrutura hierárquica 
para os usuários. 
•  Reconciliador  de  dados:  valida  as  informações  de 
produção,  verifi ca  a  qualidade  dos  dados  e  garante  a 
produção de dados limpos, consistentes e confi áveis. 

LIMS (Laboratory information management system ) 
O  sistema  LIMS  (Laboratory  Information  Management  System 
ou  Sistema  de  Gestão  das  Informações  do  Laboratório)  é  uma 
infra­estrutura  utilizada  para  o  gerenciamento  dos  dados  do 
laboratório. 

O LIMS supre as necessidades de empresas em que as atividades 
do  laboratório  exigem  um  sistema  com  alto  grau  de  fl exibilidade 
em  termos  de  confi guração.  Capaz  de  simular  os  fl uxos  de 
trabalho  do  laboratório,  foi  projetado  para  ser  confi gurado  nas 
estações  clientes,  sem  comprometer  a  segurança  do  sistema 
e  sem  necessidade  de  customização.  A  implementação  de  um 
sistema LIMS permite a geração de dados a serem transformados 
em valiosas informações para tomada de decisões. 

O LIMS coleta os dados de amostras diretamente dos equipamentos 
de  laboratório  utilizando  drivers  específi cos  e/ou  genéricos.  Os 
dados são direcionados para um banco de dados relacional, onde 
são  armazenados.  A  interface  com  o  usuário  proporciona  uma 
estrutura  de  organização  que  permite  o  usuário  interagir  com 
os  dados  e  informações  de  cada  amostra  de  maneira  simples  e 
bastante amigável. 

O sistema LIMS, além de desempenhar as atividades específi cas do 
laboratório, pode ser integrado ao sistema PIMS para auxiliar a tarefa 
de controle da produção, consolidando as informações da qualidade 
e integrando­as ao sistema de gestão empresarial. Oferece também, 
respaldo para o cumprimento dos requerimentos regulatórios para 
a  armazenagem  de  longo  prazo  e  reutilização  da  informação. 

O  sistema  LIMS  deve  possuir,  no  mínimo,  as  seguintes 


funcionalidades: 

•  Interfaces específi cas com equipamentos de laboratório: 
conexões  (drivers)  às  fontes  de  dados,  equipamentos  de 
laboratório, que utilizam um padrão de comunicação aberto. 
•  Interfaces  genéricas  com  equipamentos  de  laboratório: 
conexões  (drivers)  às  fontes  de  dados,  equipamentos  de 
laboratório,  que  não  utilizam  um  padrão  de  comunicação 
aberto. Nestes casos, é necessário utilizar um processo de 
leitura  genérico,  que  possibilite  a  conversão  de  arquivos 
texto para formatos compatíveis com o sistema LIMS. 
• Interface com outros  sistemas de informação:  os dados 
do sistema LIMS deverão estar disponíveis em um banco de 
dados  relacional  e  poderão  ser  acessados,  via  ODBC  por 

Etapa VI ­ Volume 1  47 
•  exemplo, através de transações SQL. 
•  Interface amigável com o usuário: permite a organização 
das informações em pastas, numa estrutura do tipo árvore, 
com  a  possibilidade  de  visualização  seletiva  através  de 
fi ltros de tempo, usuários, resultados, etc. 
•  Gestão  do  fl uxo  de  amostras  do  laboratório:  toda  a 
dinâmica do laboratório deve ser gerida pelo sistema LIMS: 
recebimento das amostras; alocação das amostras em pastas 
organizadas por etapa do processo; indicação do(s) teste(s) a 
realizar; responsável por cada teste; procedimento de teste(s); 
resultados  obtidos;  indicação  do  status  de  cada  amostra 
com  relação  à  conformidade  ao  padrão  estabelecido;  etc. 
•  Segurança:  permite  restringir  o  acesso  aos  dados  e 
funcionalidades  através  de  senhas.  Cada  usuário  possui 
atributos  específi cos,  de  acordo  com  a  sua  atividade,  para 
defi nir o nível de intervenção sobre o sistema: visualização, 
e/ou alteração dos dados e/ou confi guração do sistema. 
•  Geração  de  relatórios:  permite  a  geração  de  relatórios 
padronizados  ou  confi guráveis  pelo  usuário,  em  padrão 
próprio ou em padrão exportável para planilhas eletrônicas. 

Camada de integração 
A  integração  é  fundamental  para  a  troca  de  dados  entre  os 
diversos sistemas existentes no ambiente industrial. 

Pont o 
c have 

Os  processos  industriais  trabalham  sob 


enorme  pressão  para  se  tornarem  mais 
lucrativos.  Baixar  custos  é  questão  chave 
para o aumento da lucratividade. 

Nesse ambiente, é esperada dos funcionários e dos processos uma 
alta  produtividade.  O  tempo  perdido  na  procura  de  informações 
poderia ser utilizado para propósitos que incrementassem as vendas, 
reduzissem tempo de parada e desperdícios, e assim por diante. 

A integração ocorre em níveis físico e lógico: 

•  dados  e  informações  organizadas  em  banco  de  dados 


corporativos que concentram o conteúdo dos bancos locais 
interligados via intranet; 
•  informações  da  corporação,  de  interesse  interno  e 
externo,  dispostas  em  recursos  de  intranet  e  internet 
respectivamente; 
• sistemas corporativos do tipo ERP que possuem informações 
de  todas  as  camadas  da  corporação  e  desempenham 
funções em nível estratégico. 

Um sistema de automação moderno utiliza extensivamente as redes 
de  comunicação  para  intercambiar  dados  entre  os  dispositivos 

48  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
de  chão  de  fábrica,  destes  dispositivos  com  os  controladores  e 
sistemas  de  supervisão  das  salas  de  controle  e  destes  sistemas 
com a área corporativa da empresa. Para defi nição de uma rede 
de comunicação alguns aspectos devem ser observados: 

•  padrão da rede; 
•  topologia da rede; 
•  ambiente de instalação; 
•  distâncias envolvidas; 
•  natureza dos sinais trafegados; 
•  intensidade do tráfego; 
•  instalação; 
•  manutenção. 

As redes industriais 
Os  sistemas  de  automação  e  controle  tem  se  apoiado  cada  vez 
mais  em  redes  de  comunicação  industriais,  seja  pela  crescente 
complexibilidade  dos  processos  industriais,  seja  pela  distribuição 
geográfi ca que se tem acentuado nas novas instalações industriais. 
Assim,  praticamente  não  tem  sido  implementados  sistemas  que 
não incluam alguma forma de comunicação de dados, seja local, 
através  de  redes  industriais,  seja  remota,  implementadas  em 
sistemas SCADA ­ sistema para aquisição, supervisão e controle 
de processos. 

Embora  essa  disseminação  de  aplicação  de  comunicação  seja 


recente, há muito que tem sido desenvolvido diferentes esquemas 
de  comunicação  de  dados  em  ambientes  industriais,  buscando 
sempre  estruturas  que  garantam  a  segurança  na  transmissão 
dos dados, bem como a velocidade de comunicação. Um modelo 
bastante abrangente para os vários requisitos de comunicação no 
ambiente industrial é o de três níveis diferentes de requisito: 

•  Nível  de  informação:  caracterizado  por  grandes  volumes 


de  troca  de  dados  com  constantes  de  tempo  da  ordem  de 
grandeza de segundos (tempo não crítico). Essencialmente 
de domínio da informática; 
•  Nível de automação e controle: caracterizado por volumes 
moderados  de  dados  com  constantes  de  tempo  da  ordem 
de  grandeza  de  centenas  de  milisegundos.  Orientado  para 
integração entre unidades inteligentes, de natureza diversa. 
Aplicações de característica contínua, de baixa velocidade e 
alta  segurança.  Mensagens  complexas,  com  razoável  nível 
de informações de diferentes propósitos; 
• Nível de dispositivos de campo: caracterizado por volumes 
menores  de  dados  com  constantes  de  tempo da  ordem  de 
grandeza de dezenas de milisegundos (tempos de resposta 
muito curtos). Orientada a sensores e atuadores, tipicamente de 
natureza discreta. Ações executadas no nível dos dispositivos, 
sem  necessidade  de  interação  com  níveis  superiores. 

Cada subsistema ou nível deve possuir certa autonomia, devendo 
adotar  o  tipo  de  rede  mais  adequado  à    atividade  que  executa, 

Etapa VI ­ Volume 1  49 
bem  como  ao  equipamento  que  utiliza.  Porém  o  que  acontece  é 
que existem diversos níveis de requisitos de comunicação em um 
mesmo  ambiente  industrial,  o  que  geralmente  faz  com  que  não 
exista  um  tipo  único  de  rede  que  possa  atender  a  todos  estes 
níveis,  logo  faz­se  a  implementação  de  diferentes  redes,  para 
atender a cada requisito específi co. Pode até fazer­se necessário 
implementar­se redes específi cas para ambientes industriais, visto 
que  as  necessidades  para  este  tipo  de  ambiente  e  de  processo, 
bem como os elementos que se interconectam (no caso das redes 
industriais são sensores, atuadores, etc.), são diferentes daqueles 
para  os  tipos  tradicionais  de  redes  locais  de  computadores. 
Exemplos  destas  necessidades  incluem  a  alta  imunidade  a 
ruídos, boa resistência mecânica, resistência às chamas, umidade 
e  corrosão,  tempo  de  acesso  e  de  propagação  limitados,  tempo 
de  reparo  baixo,  além  da  modularidade  e  possibilidade  de 
interconexão, etc. 

É  cada  vez  mais  freqüente  o  desenvolvimento  de  diferentes 


protocolos  de  comunicação  para  aplicações  industriais,  sempre 
buscando estruturas que garantam a segurança e a velocidade na 
transmissão dos dados, além do aumento da fl exibilidade da rede. 
Pode­se citar como os mais difundidos o Fieldbus, Profi bus, Interbus, 
entre  outros,  e  cujos detalhes  não  estão  no escopo deste  artigo. 

Difi cilmente uma única rede de comunicação local poderá atender 
todos  os  três  níveis,  havendo  em  geral,  uma  implementação  de 
diferentes  redes  para  atender  cada  característica  específi ca.  De 
forma  geral,  quando  se  está  analisando  o  desempenho  da  rede, 
é  usual  colocar­se  como  primeira  questão,  qual  é  a  taxa  de 
transmissão de bits, para depois inquirir sobre o protocolo usado, 
e  fi nalmente,  sobre  o  mecanismo  de  troca  de  dados.  Entretanto, 
o  impacto  sobre  o  desempenho  de  uma  rede  nesse  aspecto  é 
exatamente  oposto  a  essa  consideração:  o  efeito  maior  sobre 
o  desempenho  é  dado  pelo  modelo,  seguido  pelo  protocolo  e 
fi nalmente  pela  taxa  de  transmissão.  Concluímos  então  que  não 
adianta  comunicar  a  altas  velocidades,  com  informações  mal 
dispostas ou redundantes. 

A  camada  de  enlace,  responsável  pelo  mecanismo  de  entrega 


de  pacotes,  tem  sido  implementada  tradicionalmente  em  redes 
industriais  com  a  estrutura  origem/destino.  Essa  implementação 
agrega  a  cada  mensagem  enviada  o  endereço  da  estação  de 
destino. 

Atenção! 
Observe­se  que  esta  implementação,  em  determinadas 
circunstâncias,  pode  ser  inefi ciente:  suponha­se  que  um 
mesmo  dado  deve  ser  transmitido  a  vários  nós  de  uma 
mesma rede.

50  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
O dispositivo  que está  transmitindo este  dado deverá emitir  uma 
mensagem com ambos os endereços origem/destino para cada nó 
que deva receber tal mensagem. Portanto, aumentando o tráfego 
da rede e constituindo uma operação repetitiva em conter sempre 
o  endereço  do  dispositivo  a  ser  enviado  tal  mensagem.  Além 
disso,  caso  haja  necessidade  de  sincronizar  vários  dispositivos 
pertencentes  a  uma  mesma  rede,  havendo  alguma  difi culdade 
em  fazer  tal  sincronismo,  uma  vez  que  ao  ser  necessário 
mandar  mensagens  consecutivas  a  todos  os  dispositivos  a 
serem sincronizados, ocorre um deslocamento desse instante de 
sincronismo. 

Redes  industriais  mais  recentes  usam  um  modelo  diferente  para 


implementar a camada de enlace, chamado produtor/consumidor. 
Esta  implementação  está  baseada  no  conceito  de  que  alguns 
dispositivos  são  produtores  de  informações  e  outros  são 
consumidores dessas. Nessa implementação, quando um produtor 
disponibiliza  sua  informação,  esta  é  colocada  na  rede  disponível 
para todos os dispositivos que sejam seus consumidores ao mesmo 
tempo, reduzindo o número de mensagens a serem emitidas, bem 
como  reduzindo  o  próprio  comprimento  da  mensagem,  uma  vez 
que não será necessário incluir ambos endereços de remetente e 
destinatário, sendo necessário tão somente identifi car a informação 
a ser transmitida. Logo, o modelo produtor/consumidor, empregado 
nas redes de mercado mais recentes como Foundation Fieldbus, 
WorldFIP,  ControlNet  e  DeviceNet,  apresentam  um  modelo  de 
rede efi ciente, quanto a maximização de troca de dados, além de 
se ter um aumento da fl exibilidade da rede. 

As  redes  de  campo  atendem  pelo  nome  genérico  de  fi eldbus  ou 
barramento de campo. Na verdade, devemos dividir estes tipos de 
rede em 3 tipos diferentes: 

1.  Redes de sensores ou Sensorbus: são redes apropriadas 
para  interligar  sensores  e  atuadores  discretos  tais  como 
chaves  limites  (limit  switches),  contactores,  desviadores, 
etc.  São  exemplos  de  rede  Sensorbus:  ASI  da  Siemens, 
Seriplex, CAN e LonWorks. 
2.  Redes de Dispositivos ou Devicebus: são redes capazes 
de interligar dispositivos mais genéricos como CLPs, outras 
remotas  de  aquisição  de  dados  e  controle,  conversores 
AC/DC,  relés  de  medição  inteligentes,  etc.  Exemplos: 
Profi bus­DP,  DeviceNet,  Interbus­S,  SDS,  LonWorks,  CAN, 
ControlNet, ModbusPlus. 
3.  Redes  de  instrumentação  ou  fi eldbus:  São  redes 
concebidas  para  integrar  instrumentos  analógicos  no 
ambiente industrial, como transmissores de vazão, pressão, 
temperatura, válvulas de controle, etc. Exemplos: IECSP50­ 
H1, HART, WorldFIP, Profi bus­PA. 

A automação e a internet 
O veículo de comunicação que mais cresce no mundo é a internet, 
a automação desde já começa a usufruir deste mecanismo. O chão 
de fábrica pode ser monitorado pelos seus responsáveis, relatórios

Etapa VI ­ Volume 1  51 
técnicos  podem  ser  transmitidos  para  gerentes  do  processo, 
clientes podem estar a par de suas compras, podem fazer novas 
compras  ou  até  mesmo  passear  pela  linha  de  produção  em  que 
sua mercadoria encomendada está sendo fabricada. Os diretores 
das empresas podem, em uma reunião de negócios, apresentarem 
dados on­line de sua produção, estáticas de prazo de entrega e, 
como não, mostrar a fabricação. 

Sistemas  de  automação:  segurança,  confiabilidade  e 


disponibilidade 
Dinâmica operacional 
Atualmente, a arquitetura mais utilizada em sistemas de controle e 
supervisão é a arquitetura SERVIDOR/CLIENTE. Esta modalidade 
operacional  pode  ser  aplicada  a  qualquer  camada  dos  sistemas 
de automação. Como exemplo, segue uma aplicação em estações 
de  supervisão.  De  acordo  com  a  função  desempenhada,  uma 
estação de supervisão pode ser confi gurada como: 

•  SERVIDOR:  realiza  a  aquisição  de  dados  do  processo, 


supervisão e controle; 
•  CLIENTE:  busca  dados  da  estação  servidora  e  realiza 
apenas  as  tarefas  de  supervisão  e  controle  onde  várias 
estações cliente podem estar interligadas a um servidor. 

A  principal  diferença  entre  os  modos  de  operação  das  estações 


é  a presença da BDTR (Base de Dados em Tempo  Real). Como 
ilustrado na Figura 23, uma estação SEVIDOR possui uma BDTR 
própria e  os  dados do  processo  são  constantemente atualizados 
nesta  base. As  estações  CLIENTE  não  possuem  BDTR  própria, 
e  os  seus  dados  são  referenciados  a  uma  base  localizada  num 
SERVIDOR. 

Figura 23: Arquitetura SERVIDOR / CLIENTE. 
Fonte: (QUEIROZ, 2006) 

Este modo de operação possibilita a implementação de redundância 
para que o sistema de controle e supervisão continue funcionando 
mesmo que haja perda de uma das unidades de processamento.

52  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
A  redundância  deve  ser  sempre  implementada  em  sistemas  que 
requeiram  grande  disponibilidade e confi abilidade. A redundância 
em um sistema de automação pode ocorrer nos níveis físico e lógico. 

Redundância física 
No  nível  físico  a  redundância  é  estabelecida  pela  multiplicação 
dos  equipamentos  essenciais  ao  sistema.  No  exemplo  da 
confi guração  da  Figura  24,  a  redundância  foi  implementada  nos 
níveis de controle, comunicação e supervisão. 

Figura 24 – Redundância física. 
Fonte: (QUEIROZ, 2006) 

No  nível  de  controle,  dois  CLP  exatamente  iguais  (fonte,  CPU 
e  módulo  de  comunicação)  controlam  o  mesmo  processo 
compartilhando  os  cartões  de  entrada/saída.  Além  disso,  é 
necessária a inclusão de um software de sincronismo em ambas 
as  CPU.  Normalmente,  um  sistema  redundante  é  implementado 
em arquiteturas de I/O distribuído. 

No  nível  de  comunicação,  duas  redes  interligam  os  CLP  e  as 
estações  de  supervisão.  Em  caso  de  falha  em  uma  das  vias,  a 
comunicação permanece através da outra. 

O que deve ser feito nesse caso? 
É  recomendável  que  os  cabos  de  cada  via  sejam  lançados  em 
trajetórias distintas para que o motivo de uma falha não atinja os 
dois cabos simultaneamente. 

No  nível  de  supervisão,  onde  as  falhas  nos  PC  são  mais 
freqüentes,  a  redundância  das  estações  servidoras  de  dados  de 
processo  é  usual  e  recomendável.  Na  fi gura  24,  dois  servidores 
se  comunicam com o  processo adquirindo dados e gerindo duas 
bases de dados idênticas e redundantes. 

Para todas as situações, as unidades de processamento operam 
em  paralelo  e  independentemente  da  unidade  redundante  (não 
verifi cam o estado de funcionamento da replica). Em caso de falha 
em  um  dos  equipamentos,  o  outro  continua  executando  a  sua 
função como se nada houvesse ocorrido. Os clientes buscam

Etapa VI ­ Volume 1  53 
dados  de  uma  das  unidades  servidoras  operantes.  Para  os 
usuários, a redundância é transparente. 

Redundância lógica 
A  redundância  lógica  se  faz  no  nível  das  unidades  de 
processamento, portanto entre as estações servidoras de dados e 
CPU dos controladores. A redundância lógica pode ser do tipo Hot 
stand by; Hot backup e Voter. 

Hot Stand By 
Em  modo  hot  stand  by,  o  objetivo  é  aumentar  a  disponibilidade. 
Um  dos  SERVIDORES  trabalha  como  mestre  e  a  outra  como 
escrava. Todo  o  controle  bem  como  a  base  de  dados  em  tempo 
real é de responsabilidade da unidade mestre. O escravo funciona 
como um CLIENTE e busca as informações no mestre. Em caso 
de  falha  no  mestre,  a  estação  escrava  assume  o  comando  e 
passa a ser o SERVIDOR mestre. Esta transição é  automática e 
transparente para o usuário. 

Hot Backup 
Em modo hot backup, o objetivo é aumentar a confi abilidade. OS 
SERVIDORES  redundantes  operam  de  maneira  independente 
e  apenas  os  dados  são  replicados  em  ambas  as  unidades 
processadoras  com  o  objetivo  de  manter  o  sincronismo  e  a 
consistência das informações. 

Voter 
Em modo voter o objetivo também é aumentar a confi abilidade. As 
estações SEVIDOR redundantes, duas ou três, estabelecem uma 
votação  antes  da  tomada  da  decisão.  Se  não  há  discordância 
na  decisão  a  ser  tomada,  a  mesma  é  efetivada.  Se  ocorrer 
discordância, a decisão deverá ser validada pela maioria, no caso 
de três ou mais estações, ou abortada no caso de duas estações. 
Em  ambas  as  situações,  um  alerta  deverá  ser  anunciado  ao 
operador do sistema. 

Segurança 
Os  conceitos  de  segurança  variam  de  acordo  com  o  tipo  da 
aplicação,  sendo  defi nidos  por  fatores  físicos  como:  o  ambiente 
de  instalação  dos  equipamentos;  a  robustez  dos  sistemas  de 
alimentação;  as  condições  operacionais;  etc.  e  por  fatores 
lógicos defi nidos pelas necessidades de processamento aliadas á 
disponibilidade e confi abilidade do sistema como um todo. Alguns 
destes aspectos são discutidos a seguir. 

Ambiente de instalação dos equipamentos 
O  ambiente  de  instalação  determinará  o  tipo  de  equipamento 
que  poderá  ser  utilizado.  O  equipamento  deverá  obedecer  às 
condições  construtivas  e  operacionais  defi nidas  por  norma 
para  não  apresentar  nenhum  desgaste  excessivo  e/ou  risco  ao 
ambiente  industrial.  Estes  equipamentos  deverão  apresentar 
um  invólucro  que  possuam  um  grau  de  proteção  e  resistência 
mecânica adequado para áreas classifi cadas.

54  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Sistemas de retaguarda de energia 
Um  sistema  de  retaguarda  de  energia  ou  UPS  (Uninterruptible 
Power Suplly) garante a continuidade do fornecimento de energia 
elétrica  em  caso  de  falha  no  fornecimento  da  concessionária. 
Durante a falta de energia elétrica, o No Break continua fornecendo 
energia aos sistemas a ele conectados através de um conjunto de 
baterias  próprias. Além  disso,  o  No  Break  dito  inteligente  possui 
o recurso de salvar os arquivos abertos e encerrar os aplicativos 
em  operação,  protegendo  além  dos  equipamentos,  os  dados  e 
informações em uso. 

Um  No  Break  de  boa  qualidade  deverá  possuir  as  seguintes 
características: 

•  fornecer energia em forma de onda senoidal isolada da rede, 
fi ltrada e estabilizada; 
•  apresentar  fácil  operação  com  possibilidade  de  ligamento 
automático programado; 
•  oferecer  sinalização  visual  e  sonora  para  supervisão  de 
qualquer anormalidade; 
•  realizar o fechamento de arquivos e o shutdown do sistema 
operacional automaticamente na falta de energia; 
•  possibilitar  a  supervisão  das  operações  do  equipamento 
pela tela do computador, por exemplo, data, horário, tempo 
em operação, medição de tensão, corrente e outros dados; 
•  apresentar  dados  estatísticos  que  informam  sobre  cada 
tipo  de  anormalidade,  número  acumulado  de  ocorrências  e 
outras informações afi ns; 
•  gerar relatório que  informa  a data, horário e a  duração das 
faltas de energia; 
• possibilitar o gerenciamento remoto através de software. 

Confi abilidade 
O  conceito  de  confi abilidade  é  traduzido  pela  qualidade  das 
informações  envolvidas  nas  decisões  tomadas  pelos  sistemas 
de automação. Este conceito deve ser sempre implementado em 
sistemas que têm a responsabilidade de tomar decisões e que, em 
hipótese alguma, podem cometer erros que possam comprometer 
a qualidade e a segurança do processo. 

Disponibilidade 
O  conceito  de  disponibilidade  é  traduzido  pelo  máximo  tempo 
de  funcionamento  sem  interrupção  dos  sistemas  de  automação. 
Este  conceito  deve  ser  sempre  implementado  em  sistemas  que 
requerem grande disponibilidade por parte das unidades vitais de 
processamento  e  que  estas  unidades  não  possam,  em  hipótese 
alguma, deixar de funcionar podendo causar grandes prejuízos 

Etapa VI ­ Volume 1  55 
físicos e/ou fi nanceiros. 

A disponibilidade pode ser quantifi cada através de dois índices: 

•  MTBF  (Mean  Time  Between  Failure)  É  o  tempo  médio 


entre  falhas  dos  módulos  utilizados  em  um  sistema  de 
automação. 
•  MTTR  (Mean  Time  to  Return)  É  o  tempo  médio  de 
reposição (troca) e reconfi guração (fazer o módulo funcionar 
novamente) dos módulos de um sistema de automação. 

Portanto,  é  recomendável  que  o  sistema  apresente  o 


máximo MTBF e o mínimo MTTR. 

Plano diretor de automação e informação 
Um Plano Diretor de Automação e Informática (PDAI) estabelece 
as  diretrizes  tecnológicas  e  orienta  os  futuros  investimentos  de 
uma  empresa  nestas  áreas.  Um  PDAI  deve  seguir  as  seguintes 
premissas: 

•  ser  focado  nos  objetivos  fi nais  da  empresa:  ganhos  de 


produtividade  e  qualidade  e  integração  das  informações 
de  processo  com  os  sistemas  superiores,  principalmente 
sistemas de suporte ao cliente; 
•  as  tecnologias  e  soluções  propostas  devem  levar  em 
consideração o princípio da adequação ao uso; 
•  as  proposições  devem  ser  focadas  no  processo  e  não  na 
estrutura orgânica da unidade; 
•  devem  ser  buscadas  soluções  de  arquitetura  e  tecnologia 
aberta; 
•  as  recomendações  devem  ser  bem  justifi cadas  e 
documentadas; 
•  o  plano deve  considerado um horizonte de validade de 3 a 
5 anos. 

Abrangência de um PDAI 
Um PDAI deve ter a seguinte abrangência: 

•  analisar  o  estado  dos  sistemas  atuais  de  instrumentação, 


controle, supervisão, otimização e informação; 
•  estudar  soluções  e  tecnologias  aplicáveis  aos  processos 
existentes; 
•  defi nir um modelo conceitual de arquitetura para os sistemas 
de automação e informação, defi nindo as interfaces entre os 
diversos níveis e sistemas; 
•  recomendar a aquisição/adoção de equipamentos, tecnologias, 
software,  funcionalidades,  protocolos,  padrões,  interfaces, 
etc.,  buscando  sempre  soluções  e  arquiteturas  abertas; 
•  recomendar  melhorias  de  infra­estrutura,  procedimentos 
operacionais, planejamento e controle da produção; 
• avaliar  os  projetos  existentes  e  de  novos  sistemas  já 
contemplados  no  planejamento  estratégico  da  empresa 

56  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
quanto à adequação às novas tecnologias; 
•  defi nir  as  alterações  nos  sistemas  existentes  para  atender 
ao modelo conceitual proposto; 
•  estudar  a  viabilidade  da  centralização  da  operação  dos 
sistemas de controle e supervisão; 
•  levantar as oportunidades e avaliar ferramentas para uso de 
modelos  de  simulação  e  otimização  no  gerenciamento  da 
empresa; 
•  elaborar  as  especifi cações  técnicas  para  aquisição  das 
soluções; 
•  avaliar a capacitação tecnológica do pessoal de manutenção 
e operação para suporte e uso das novas tecnologias a serem 
implantadas,  com  sugestão  de  planos  de  desenvolvimento 
gerais; 
•  analisar  e  discriminar  os  custos  e  benefícios  de  cada 
sistema; 
•  elaborar um plano de implantação; 
• elaborar  um  sumário  executivo,  contendo  os  principais 
pontos do plano, cronograma, custos. 

Considerações fi nais 
Atualmente  a  automação  industrial  é  indispensável  quando  se 
quer modernizar indústrias ou empresas. A aplicação das técnicas 
de  automação viabiliza  a modernização  desde  o  chão  de  fábrica 
até  a  gerência  de  informações  do  processo.  Desta  maneira,  a 
automação  não  decorre  de  uma  simples  tendência  tecnológica 
ou  de  mercado,  mas  sim  do  empenho  das  indústrias  atuais  em 
aumentar  a  produtividade,  atender  melhor  seus  clientes,  possuir 
total controle sobre as informações do processo e da empresa e, 
conseqüentemente, obter resultados fi nanceiros mais expressivos 
que os dos concorrentes. 

Assim,  chegamos  ao  fi nal  de  mais  uma  etapa  de  estudos.  No 
próximo  roteiro  iremos  abordar  de  forma  mais  detalhada  os 
sistemas  utilizados  na  integração  entre  o  chão  de  fábrica  e  o 
nível  corporativo.  Bons  estudos  a  todos  e  que  tenham  um  bom 
aproveitamento dos conteúdos aqui tratados. 

Etapa VI ­ Volume 1  57 
Atividades
Atividade 1
Leia, atentamente, o fragmento de texto, a seguir: 

“Devido  ao  ambiente  turbulento  em  que  as  empresas  atualmente  se  encontram 
inseridas,  o  uso  de  informações  imprecisas  na  tomada  de  decisões  pode  ser 
muito arriscado, uma vez que isso pode prejudicá­las quanto a sua produtividade, 
competitividade  e  até  mesmo  determinar  a  sua  permanência  ou  não  no 
mercado”. 

De acordo com essa afi rmação explique a importância do MES na 
integração de dados da empresa. 
Atividade 2
Escreva  um  pequeno  texto  discorrendo  sobre  a  importância  da 
camada de instrumentação vista na pirâmide de automação. 

Atividade 3
Um  trocador  de  calor  é  uma  operação  unitária  básica  de  grande 
utilidade em no  processo de  fabricação  de açúcar  e  álcool.  Com 
base na fi gura 25 a seguir descreva toda instrumentação envolvida. 

Figura 25: Referente à atividade 3. 
Fonte: autor 

Atividade 4
Descreva  de  forma  sintetizada  os  sistemas  digitais  de  controle 
distribuído (SDCD’s) 

Atividade 5 
Descreva  de  forma  clara  e  objetiva  o  que  são  sistemas  SCADA, 
suas principais funções e liste seu hardware básico?

58  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Referências
BRASIL.  Apostila  de  automação.  Disponível  em:<http://www. 
ebah.com.br/apostila­de­automacao­pdf­a16165.html>.  Acesso 
em: set. 2009. 

DATASUL.  A  um  clique  da  competitividade.  Disponível  em: 


http://www.datasul.com.br/franquias/ecm/newsletter/edicao009. 
html. Acesso em: set. 2009. 

DeviceNet RS­232. Interface Module Communication Protocol. 
Cat No 1770­KFD; Allen Bradley 

EMERSON  Process  Management.  Disponível  em:  http://www2. 


emersonprocess.com/en­US/Pages/Home.aspx.  Acesso  em  set. 
2009. 

FOUNDATION  FIELDBUS.  Disponível  em:  www.fi eldbus.org. 


Acesso em: set. 2009. 

FAVARETTO, Fábio. Uma contribuição ao processo de gestão 
da produção pelo uso da coleta automática de dados de chão 
de fábrica. Escola de Engenharia de São Carlos. Dissertação de 
Mestrado. 2001. 

FILHO, C. S. A Automação nos anos 2000 – Uma análise das 
novas fronteiras da automação. ATAN Sistemas. 1998. 

FILHO,  C.  S.  Um  sistema  gráfi co  multitarefas  para 


representação dinâmica de processos industriais, Anais do 8° 
Congresso Nacional de Automática (SBA), Setembro, 1990. 

OLIVEIRA, José Mauricio Santos. A A utomação no Monitoramento 


Ambiental.  Disponível  em:  http://www.projetoderedes.com.br/ 
artigos/artigo_automacao_monitoramento_ambiental.php.  Acesso 
em: set. 2009. 

Profi bus.Technical  description.  Profi bus  Brochure  –  Order  No 


4002, September 1999. 

QUEIROZ , J. C. B. Automação. PUC Minas. 2006. 

Etapa VI ­ Volume 1  59 
COMPONENTE CURRICULAR
Tecnologia do Álcool
ROTEIRO DE ESTUDO 1 
Microbiologia das fermentações  

Anderson dos Santos Morais 

Objetivos 

Ao fi nal dos seus estudos, você estará apto(a) a: 
•  identifi car aspectos gerais dos micro­ornagismos envolvidos 
na fermentação (tipo, morfologia e nutrição); 
•  analisar  o  metabolismo  e  o  crescimento  dos  micro­ 
ornagismos e seus relfexos na fermentação; 
•  situar  as  tendências  tecnológicas  nos  processos 
fermentativos; 
•  contextualizar historicamente a evolução da fermentação. 

Organizamos este roteiro com o objetivo de auxiliá­lo (a) no estudo 
da etapa inicial do processo de fermentação alcoólica. Para tanto, 
retomaremos  conceitos  e  estruturas  que  foram  abordados  na 
etapa  anterior,  no  componente  curricular  “Microbiologia”,  com  o 
objetivo  de  aprofundar  e  direcionar  os  aspectos  constitutivos  da 
microbiologia para a fermentação – microbiologia industrial. 

A importância da produção de etanol 


O álcool produzido no Brasil é obtido por fermentação de açúcares 
contidos  no  mosto,  formado  de  caldo  de  cana  e  melaço,  que  é 
proveniente do processo de fabricação de açúcar. 

O agronegócio sucroalcooleiro movimenta cerca de R$ 36 bilhões 
por  ano,  o  que  corresponde  a,  aproximadamente,  3,5%  do  PIB 
nacional.  Este  setor  faz  do  Brasil  o  maior  produtor  mundial  de 
cana e açúcar e o principal país do mundo a implantar, em larga 
escala,  um  combustível  renovável  alternativo  ao  petróleo.  Hoje, 
o  álcool  é  reconhecido  mundialmente  pelas  suas  vantagens 
ambientais, sociais e econômicas e os países do primeiro mundo 
estão interessados na tecnologia brasileira. As recentes vitórias do 
Brasil na Organização Mundial de Comércio (OMC) e a crescente 
adesão  dos  países  ao  protocolo  de  Kyoto  (1997)  acenam  para 
um aumento  gradativo  do uso  de combustíveis renováveis,  entre 
os  quais  o  álcool  brasileiro,  com  impactos  signifi cativos  para  a 
balança comercial brasileira. 

Aproximadamente 50% das 340 milhões de toneladas de cana de 
açúcar  processadas  no  ano  de  2003,  foram  direcionadas  para  a 
produção de 14 bilhões de litros de álcool.

Etapa VI ­ Volume 1  63 
Aspectos importantes da microbiologia das
fermentações 
O  caldo  de  cana  e,  por  extensão,  o  mosto  permitem  o 
desenvolvimento  de  uma  série  de  microorganismos,  pois  tem 
concentração  de  açúcares,  pH,  temperatura,  macro  e  micro­ 
nutrientes  favoráveis  para  a  sustentação  de  uma  microbiota 
diversa  que  é  enviada  ao  processo  de  fermentação  alcoólica. 
Essa  microbiota  tem  sido  identifi cada  por  diversos  autores  como 
sendo bactérias predominantemente gram­positivas, dos gêneros 
Lactobacillus e Bacillus. 

Em  termos  de  efi ciência  na  indústria  sucroalcooleira,  o  setor  de 


produção  de  álcool  nas  usinas,  dependendo  da  proporção  de 
álcool  produzido,  é  responsável  por  30­60%  das  perdas  totais 
determinadas,  sendo  a  maior  parte  delas  associadas  com  a 
presença  desses  contaminantes  no  processo  de  fermentação. 
Alguns  desses  contaminantes  consomem  açúcar,  outros 
consomem  álcool  e,  ainda,  causam  a  morte  e  ou  fl oculação  do 
fermento,  aumento  do  tempo  de  fermentação,  exigindo  grandes 
gastos em insumos para a condução do processo. 

O que pode ser feito para evitar essas contaminações? Ou 
como tratá­las? 

As estratégias de combate às infecções adotadas se concentram 
basicamente  no  uso  de  antibióticos.  São  produtos  que  foram 
desenvolvidos  para  uso  em  veterinária,  onde  são  usados  como 
aditivos  alimentares  antibacterianos  na  criação  intensiva  de 
animais, e são efetivos contra bactérias gram­positivas, daí a sua 
aplicabilidade no controle da infecção na fermentação. 

É crescente a  preocupação com  relação ao  uso  em  larga escala 


desses antibacterianos. Os riscos associados ao desenvolvimento 
de  resistência  a  antibióticos  são  crescentes  e  não  podem  ser 
desprezados, pois as potenciais consequências tanto para a saúde 
animal como humana são sérias.  Na  Europa,  principalmente nos 
países  nórdicos,  o  uso  desses  produtos  tem  sido  severamente 
restringido.  Existem  fortes  correlações  entre  o  uso  em  larga 
escala  desses  produtos  e  o  desenvolvimento  de  resistência  aos 
antibióticos  mais  potentes  disponíveis,  caso  dos  antibióticos 
vancomicina e sinercid nos Estados Unidos, associados ao uso do 
produto virginiamicina, na criação de frangos e porcos. Este produto 
também é usado no controle de infecções na fermentação. 

Importante!
A  decisão  de  se  projetar  um  processo  térmico  para 
inativação dos contaminantes do mosto pressupõe o estudo 
da  resistência  térmica  tanto  do  micro­ornagismo  alvo  do 
processo quanto da sacarose, ambos nas condições de Brix 
e pH encontrados nas usinas. 

64  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Constituição da microbiologia dos processos
biotecnológicos 
Os  processos  biotecnológicos  tratam  da  transformação  ou 
tratamento  de  materiais  de  origem  biológica  e  se  utilizam  de 
organismos vivos ou sistemas biológicos para a produção industrial 
e seu uso em serviços de saneamento. 

Verifi camos  atualmente  uma  acentuada  tendência  de  incluir 


Microbiologia  Industrial  ­  que  trata  do  aproveitamento  dos  micro­ 
ornagismos  como  agentes  de  degradação  e  síntese  ­  no  termo 
biotecnologia.  Isso  ocorre  devido  à  semelhança  dos  conceitos 
fundamentais  que  regem  o  tratamento  biológico  de  efl uentes,  o 
cultivo de células animais e vegetais e a produção de bioprodutos, 
assim  como  o  seu  amplo  signifi cado  pode  englobar,  também, 
aspectos  igualmente  importantes  da  Ciência,  Tecnologia  e 
Engenharia. 

Os processos de fermentação,  de certa forma, representam uma 
ligação às antigas artes de elaboração de alimentos (queijo, vinho 
etc) mediante o uso de uma fl ora microbiana natural com a moderna 
indústria de fermentação de alimentos que utilizava cultivos puros 
e sofi sticados equipamentos de controle do processo. 

Exemplos  de  áreas  onde  os  processos  fermentativos  podem  ser 


utilizados: 
•  produção  em  larga  escala  de  proteínas  de  organismos 
unicelulares; 
•  produção de antibióticos; 
•  produção de células animais e vegetais; 
• produção de compostos químicos a partir de matérias­primas 
renováveis em substituição aos combustíveis fósseis. 

Para a produção de bioprodutos, são utilizados diversas espécies 
de  micro­ornagismos,  principalmente  fungos  e  leveduras  de 
grande  importância  para  as  indústrias  que  trabalham  com 
biotecnologia. 

Os microorganismos  são todos  os organismos  vivos  que  não 


podem  ser  visíveis  a  olho  nu,  como:  bactérias,  leveduras, 
fungos, protozoários etc. Eles são subdivididos de acordo com 
os tipos de estrutura celular: 

(i)  Procariontes ­ células bacterianas; 
(ii) Eucariontes ­ leveduras, fungos, células e algas. 

A principal diferença entre procariontes e eucariontes é que os 
procariontes não possuem uma estrutura nucleada que agrupe 
o  material  genético  em  única  região,  sendo  este  disperso  no 
citoplasma  bacteriano;  e  também  eles  possuem  menor  carga 
genética. 

Os micro­ornagismos podem se diferenciar também de acordo 
com sua necessidade de oxigênio, como estritamente aeróbio; 

Etapa VI ­ Volume 1  65 
Microorganismos  estritamente anaeróbio e facultativo, que são respectivamente 
aeróbios 
Podem desenvolver­ 
micro­ornagismos que necessitam de oxigênio para desenvolver 
se unicamente em  o seu metabolismo, os que não necessitam de oxigênio para o 
presença de O 2.  seu metabolismo e os que se desenvolvem tanto na anaerobiose 
quanto na aerobiose, como exemplo as leveduras. 
Microorganismos 
anaeróbios 
Podem crescer  · Bactérias 
unicamente na 
ausência de O 2. 
As  bactérias  se  diferenciam,  por  vários  fatores,  como  sua 
Microorganismos  morfologia, necessidades nutricionais, atividades bioquímicas, 
facultativos 
Podem crescer em  suas  fontes  e  pela  estrutura  de  sua  membrana,  em  Gram­ 
situação de aerobiose  positivo  e  Gram­negativo,  de  acordo  com  o  desenvolvimento 
e anaerobiose. de  cor  quando  submetido  ao  teste  de  coloração  de  Gram. 
Sua  reprodução  ocorre  normalmente  pela  divisão  binária, 
reprodução  assexuada.  Quanto  submetidos  a  condições  que 
desproporcionem seu metabolismo, alguns produzem esporos, 
que são a forma latente de vida do micro­ornagismo e, quando 
submetidos  novamente  em  condições  adequadas,  voltam  a 
realizar metabolismo e, se reproduzem novamente. Isto ocorre 
porque  os  esporos  são  mais  resistentes  ao  calor  e  a  alguns 
compostos tóxicos. 

Vamos recordar!
· Gram­negativas:  apresentam­se  de  cor  avermelhada, 
quando coradas pelo método de Gram;
· Gram­positivas:  apresentam­se  de  cor  roxa,  quando 
coradas pelo método de Gram. 

As  bactérias  utilizadas  nos  processos  fermentativos  são 


Microorganismos 
principalmente  quimiorganotrófi cos.  São  organismos 
quimiorganotrófi cos  extremamente  versáteis,  podendo  ser  aplicadas  na  produção 
São microorganismos  industrial de vários produtos, tais como antibióticos, polímeros 
que podem obter sua 
energia e seu carbono 
e, sobretudo, etanol. 
por oxidação dos 
compostos orgânicos.
Importante! 

Tendo em vista a importância econômica e tecnológica das 
bactérias,  esforços  têm  sido  direcionados  no  sentido  de 
esclarecer e compreender a produção desses insumos por 
esses micro­ornagismos. 

· Fungos 

Os  fungos,  também  conhecidos  por  bolores,  são  seres 


quimiorganotrófi cos,  são  os  micro­ornagismos  mais  utilizados 
em  processos  fermentativos,  não  possuem  pigmentação 
fotossintética e sua reprodução se dá pelas formas assexuada, 
pela  esporulação,  e  sexuada.  Classifi cam­se,  principalmente, 
em dois grupos: 
(i)  Zigomycotina; 
(ii)  Deuteromycotina.

66  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
· Leveduras 

A levedura é um tipo de fungo: são seres unicelulares que se 
reproduzem  de  forma  assexuada  (por  gemação  ou  divisão 
binária)  ou  sexuada.  A  levedura  mais  importante  para  os 
processos  fermentativos  industriais  é  a  Saccharomyces 
cerevisiae, principalmente na produção de etanol. 

Definição, origem e evolução da fermentação 

Pasteur defi niu a fermentação como sendo o metabolismo celular 
ocorrido  sob  condição  anaeróbia,  ou  seja,  vida  na  ausência  de 
oxigênio. Mais tarde, todos os processos microbiológicos receberam 
o nome de fermentação. 

A  evolução  da  fermentação  alcoólica  segue  a  tendência  de 


qualquer  outro  processo  industrial,  isto  é,  a  implantação  de 
processos contínuos. Esse tipo de processo traz como vantagens a 
modernização da usina, aumento da produção, redução de tempos 
não produtivos (carga, descarga, limpeza) condução da fermentação 
em  estado  estacionário,  redução  de  insumos,  uniformidade  do 
produto e maior controle do processo. 

A  modernização  das  plantas  brasileiras,  isto  é,  a  migração  das 


plantas de batelada para contínua se dá de forma lenta. Acredita­ 
se  que  no  Brasil  70%  das  destilarias  instaladas  ainda  utilizam  o 
processo  do  tipo  batelada. A  explicação  do  atraso  reside  no  fato 
de  que,  no  auge  do  Proálcool,  as  primeiras  plantas  contínuas  a 
serem instaladas foram originadas de adaptações de baixo custo 
de  plantas  de  batelada  já  existentes.  Essas  adaptações  foram 
efetuadas de forma empírica resultando, geralmente, em processos 
problemáticos. Isto  desencorajou, e desencoraja até hoje  o setor 
no que diz respeito à implantação de plantas que operem de forma 
contínua. 

Diante  do  cenário  exposto,  podemos  questionar  o  que 


pode ser feito? Ou melhor, quais devem ser priorizadas 
considerando a necessidade de modernização? 

O  processo  de  fermentação,  como  qualquer  outro  processo 


moderno,  exige  um  projeto  de  engenharia  para  sua  concepção. 
Podemos  encontrar  em  Andrietta  et.  al.  (2007),  um  estudo 
utilizando modelagem matemática e simulação de um processo de 
fermentação que opera de forma contínua. Em seu modelo, inclui a 
instalação de quatro reatores de mistura perfeita ligados em série. 

O sucesso de um processo fermentativo depende de vários fatores, 
destacando­se o micro­ornagismo, o meio de cultura, a forma de 
condução do processo fermentativo e as etapas de recuperação do 
produto. Esses quatro fatores interagem muito, sendo necessário 
defi ni­los  de  forma  conjunta,  levando  em  consideração  aspectos 
econômicos  e  biológicos,  o  que  torna  bastante  complexa  a
Etapa VI ­ Volume 1 67 
adequada defi nição.  Neste sentido, são fundamentais as seguintes 
considerações: 

a é  comum  o  emprego  de  meios  de  cultura  baratos,  mas 


é  necessário  considerar  que  o  micro­ornagismo  deve 
encontrar  neste  meio  as  condições  adequadas  para 
realizar  a  conversão  pretendida.  As  operações  fi nais  para 
recuperação  do  produto  (operações  de  downstream)  são 
igualmente importantes; 

a sabe­se,  por  exemplo,  que  a  melhor  forma  para  a 


recuperação de etanol depois de uma fermentação alcoólica, 
é  a  operação  de  destilação,  mas ela  incide  diretamente  no 
custo do produto fi nal em virtude da energia necessária para 
sua execução; 

a para  produtos  de  alto  valor  agregado,  tais  como  proteínas 


(insulina,  hormônios,  vacinas),  antibióticos  ou  enzimas,  o 
custo do processo de purifi cação pode representar até mais 
de 70% do custo total do produto fi nal. 

Aspectos morfológicos dos microorganismos 

Para  melhor  compreendermos  a  função  e  utilização  dos 


microorganismos nos processos de fermentação, devemos estudar 
suas  estruturas  físicas  (morfologia),  pois,  com  a  identifi cação 
morfológica do micro­ornagismo é possível selecionar sua aplicação 
industrial, bem como suas condições de crescimento

· Bactérias 

As bactérias se apresentam como seres unicelulares que não 
realizam  a  fotossíntese:  como  todos  os  micro­ornagismos, 
são  seres  microscópicos  que  possuem  formas  esféricas  ou 
bastonetes. Como é uma célula procarionte, não possuem uma 
estrutura  nucleada  que  agrupe  o  material  genético  em  única 
região,  sendo  este  disperso  no  citoplasma  bacteriano,  como 
nucleóidi. 

Figura 1: Representação esquemática da estrutura celular de uma bactéria. 
Fonte: http://bervieira.sites.uol.com.br/bacteria.gif

68  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
As bactérias possuem capacidade de se multiplicarem rapidamente, 
dividindo­se por fi ssão binária, sendo que em condições propícias 
estas células podem se dividir a cada 20 minutos. Esta característica 
confere às bactérias boa adaptação às mudanças de ambiente. 

Exemplifi cando... 

Em  condições  pré­defi nidas  em  laboratório,  uma  população  de 


bactérias submetida a um único tipo de substrato, em pouco tempo 
sofre mutação pela seleção natural de novas fontes de substratos 
como novas fontes de energia.  Inóspito 
Relativo à difi culdade 
As  bactérias,  por  serem  seres  versáteis,  podem  se  desenvolver  de sobrevivência. 
em vários ambientes, com diferentes disponibilidades de substrato, 
diferentes  condições  ambientais  e  diferentes  condições  de 
reprodução,  de  acordo  com  sua  composição  bioquímica  básica. 
Dois grupos distintos de bactérias são conhecidos: 
(i)  eubactérias ­  tipos comuns de bactérias; 
(ii)  arquibactérias – bactérias capazes de se desenvolver em 
condições inóspitas. 

As  bactérias,  como  citadas  anteriormente,  diferenciam­se  por 


vários  fatores,  como  a  morfologia,  a  composição  química,  as 
necessidades  nutricionais,  atividades  bioquímicas  e  as  fontes  de 
energia. Com relação à morfologia, podemos destacar basicamente 
os cocos (formas esféricas) e os bacilos (formato de bastão) e os 
espirilos. 

(i)  Cocos  ­  Quando  as  bactérias  possuem  a  forma  esférica, 


podendo  ser  também  ovais ou  achatadas em  uma de suas 
extremidades, quando estes se dividem para a reprodução, 
as  células  podem  permanecer  unidas  umas  às  outras, 
formando, então, os diplococos; ao observarmos uma série 
de cocos ligados entre si em linha, estes são denominados 
estreptococos, Algumas bactérias podem se dividir em vários 
planos formando estruturas semelhantes a cachos de uva, as 
quais denominamos estafi lococos; 
(ii)  Bacilos –  Os bacilos são estruturas com corpo alongado e 
extremidades  cilíndricas,  e  normalmente  se  encontram  em 
formas isoladas; 
(iii) Espirilos ­ São células espiraladas e também se encontram 
em formas isoladas. 

Observe, na fi gura 2, a representação da classifi cação das bactérias 
segundo a sua forma.

Etapa VI ­ Volume 1  69 
Figura 2: Classifi cação das bactérias segundo a forma. 
Fonte: http://www.mundoeducacao.com.br/biologia/reino­monera.htm 

Replicação cromossômica 
A  replicação  ocorre  através  de  um  sistema  multienzimático  que 
promove  cópias  exatas  do  DNA,  este  sistema  multienzimático 
também revisa e corrige a posição dos nucleotídeos ao longo do 
fi lamento. 

Atenção! 
A replicação é uma característica muito importante do DNA, 
pois sem ela não há divisão celular. 

Durante o processo de replicação, ocorrem os seguintes eventos: 

1)  A  DNAgirase  (ou  topoisomerase)  inicia  o  desenrolamento 


da  dupla  hélice  de  DNA,  formando  duas  forquilhas  de 
replicação. 

2)  A DNAhelicase rompe as pontes de hidrogênio, separando os 
fi lamentos da dupla hélice. As proteínas SSP (single strand 
proteins) mantêm os fi lamentos separados. 
3)  A  DNApolimerase  adiciona  os  nucleotídeos  livres,  já 
existentes  no  núcleo,  nos  nucleotídeos  complementares 
dos  fi lamentos  separados.  A  DNApolimerase  começa  a 
encaixar  os  nucleotídeos  a  partir  do  primer.  Os  primers, 
que  são  sequências  de  RNA  iniciam  a  síntese  de  DNA,  e 
posteriormente são removidos do fi lamento sintetizado. 

4)  Dois  novos  fi lamentos  de  nucleotídeos  são  sintetizados. 


Um deles é sintetizado continuamente e recebe o nome de 
fi lamento  líder  (ou  fi lamento  leading).  O  outro  fi lamento  é 
sintetizado de forma descontínua, em fragmentos (fragmentos

70  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
de Okazaki) e recebe o nome de fi lamento tardio (ou fi lamento 
lagging), os fragmentos são unidos pela DNAligase. 
5)  Ocorre, então, a formação de duas novas moléculas de DNA, 
que  é  conhecida  como  duplicação  semiconservativa,  pois 
em ambas as duplas hélices formadas há um fi lamento que 
se  conservou  da dupla  hélice  original  e  um  fi lamento novo, 
recém sintetizado. 

Figura 3: Duplicação cromossômica. 

Na fi gura 4 temos a  representação  dos tipos de DNA presentes 
numa célula bacteriana.

Etapa VI ­ Volume 1  71 
Existem  ainda  no  citoplasma  de  muitas  bactérias,  moléculas 
menores de  DNA, também circulares, cujos genes não codifi cam 
características  essenciais,  porém  muitas  vezes  conferem 
vantagens  seletivas  à  bactéria  que  as  possui.  Estes  elementos 
extra­cromossômicos, denominados plasmídeos, são autônomos, 
isto é, são capazes de autoduplicação independente da replicação 
do cromossomo e podem existir em número variável no citoplasma 
bacteriano. 

Os  ribossomos  acham­se  espalhados  no  interior  da  célula  e 


conferem  uma  aparência  granular  ao  citoplasma.  Os  ribossomos 
são  constituídos  por  duas  subunidades,  30S  e  50S,  que  ao 
iniciarem  a  síntese  protéica,  reúnem­se  formando  a  partícula 
ribossômica completa de 70S. 

Atenção! 
Embora  o  mecanismo  geral  da  síntese  proteica  das 
células procarióticas e eucarióticas seja o mesmo, existem 
diferenças  consideráveis  em  relação  à  biossíntese  e 
estrutura dos ribossomos. 

As células procarióticas não apresentam vacúolos, porém podem 
acumular  substâncias  de  reserva  sob  a  forma  de  grânulos 
constituídos  de  polímeros  insolúveis.  São  comuns  polímeros  de 
glicose  (amido  e  glicogênio),  ácido  beta­hidroxibutírico  e  fosfato. 
Estes grânulos  podem  ser evidenciados  pela  microscopia óptica, 
utilizando colorações específi cas. 

A  invaginação  se  refere  ao  envolvimento  da  membrana  celular, 


que tanto podem ser simples dobras como estruturas tubulares ou 
vesiculares. Diversas funções têm sido atribuídas aos mesossomos, 
tais como participação na divisão celular e na respiração. 

Vimos  que,  de  acordo  com  a  constituição  da  parede  celular,  as 
bactérias podem ser divididas em Gram­negativas e Gram­positivas. 
A seguir, detalharemos suas estruturas morfológicas. 

A  parede  das  gram­positivas  é  praticamente  formada  de  uma 


só  camada,  enquanto  a  das  gram­negativas  é  formada  de  duas 
camadas.  Entretanto,  os  dois  tipos  de  paredes  apresentam 
uma  camada  em  comum,  situada  externamente  à  membrana 
citoplasmática  que  é  denominada  camada  basal,  mureína  ou 
peptídeoglicano. A segunda camada, presente somente nas células 
das  gram­negativas,  é  denominada  membrana  externa.  Entre  a 
membrana  externa  e  a  membrana  citoplasmática,  encontra­se  o 
espaço  periplasmático  no  qual  está  o  peptídeoglicano.  Os  dois 
tipos de paredes são apresentados na fi gura 5.

72  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Figura 5: Tipos de paredes celulares de bactérias 
Fonte: http://www.medicinageriatrica.com.br/wp­ontent/uploads/2008/09/bacterias.jpg 

Muitas bactérias, na superfície da sua parede celular, apresentam 
uma  camada  viscosa  denominada  cápsula.  As  cápsulas  são 
geralmente  de  natureza  polissacarídica,  apesar  de  existirem 
cápsulas  constituídas  de  proteínas.  A  cápsula  constitui  um  dos 
antígenos  de  superfície  das  bactérias  e  está  relacionada  com  a  Antígeno 
virulência da bactéria, uma vez que a cápsula confere resistência  É toda molécula 
à fagocitose.  capaz de iniciar uma 
resposta imune, a 
qual começa pelo 
O  fl agelo  apresenta­se  ancorado  à  membrana  plasmática,  e  reconhecimento pelos 
linfócitos e fi naliza 
a  parede  celular  por  uma  estrutura  denominado  corpo  basal,  com a produção de um 
composta por dois anéis, nas bactérias gram­positivas e por quatro  anticorpo específi co. 
nas  gram­negativas,  de  onde  saem  uma  peça  intermediária  em 
forma de gancho que se continua com o fi lamento. 

As  bactérias que apresentam um único fl agelo são denominadas 
monotríquias e bactérias com inúmeros fl agelos são denominadas 
peritríquias. Via de regra, bacilos e espirilos podem ser fl agelados, 
enquanto  cocos,  em  geral,  não  o  são.  A  fi gura  6  apresenta  um 
desenho esquemático e uma micrografi a de fl agelos.

Etapa VI ­ Volume 1  73 
Figura 6: Desenho esquemático de fl agelos 
Fonte: http://www.jornallivre.com.br/121980/o­que­sao­fl agelos.html 

As  fímbrias  ou  pili  são  estruturas  curtas  e  fi nas  que  muitas 
bactérias  gram­negativas  apresentam  em  sua  superfície,  não 
estão  relacionadas  com  a  mobilidade  e,  sim,  com  a  capacidade 
de  adesão.  Outro  tipo  é  a  fímbria  sexual  ­  necessária  para  que 
as  bactérias  possam  transferir  material  genético  no  processo 
denominado conjugação. 

O endósporo é uma célula formada no interior da célula vegetativa, 
altamente resistente ao calor, dessecação e outros agentes físicos 
e  químicos,  capaz  de  permanecer  em  estado  latente  por  longos 
períodos  e  de  germinar,  dando  início  à  nova  célula  vegetativa. A 
esporulação tem início quando os nutrientes bacterianos se tornam 
escassos, geralmente pela falta de fontes de carbono e nitrogênio. 

Basicamente,  as  necessidades  nutricionais  dos  microorganismos 


são as mesmas de todos os seres vivos, que para renovarem seu 
protoplasma e exercerem suas atividades, exigem fontes de energia 
e  fonte  de  material  plástico.  Nos  seres  superiores  encontram­se 
apenas dois tipos nutritivos:
· os vegetais ­  são fotossintéticos (obtêm energia da luz solar) 
e  autotrófi cos,  se  nutrem  exclusivamente  de  substâncias 
inorgânicas;

· os  animais    ­    são  quimiotrófi cos,  pois  obtêm  energia  às 


custas de reações químicas e heterotrófi cos, por exigirem 
fontes orgânicas de carbono. 

Existem  várias  fontes  de  energia  para  o  crescimento  dos  micro­ 


ornagismos: 
a)  algumas  bactérias  realizam  fotossíntese,  porém  não 
produzem  oxigênio.  Podem  utilizar  fontes  inorgânicas 
(liotrófi cas) ou compostos orgânicos (organotrófi cas) como 
doadores de elétrons; 

b)  os fungos, leveduras e a grande maioria das bactérias são 
quimiossintéticas,  obtendo  energia  por  meio  de  reações 
químicas, nas quais os substratos adequados são oxidados 
com desprendimento de energia. Estes substratos podem 
ser inorgânicos (litotrófi cos) ou orgânicos (organotrófi cos). 
No  primeiro  grupo  encontramos  apenas  bactérias,  como

74  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
por  exemplo,  Thiobacillus,  capazes  de  oxidar  enxofre, 
produzindo ácido sulfúrico, podem ser utilizados na lixiviação 
de  metais,  como  cobre  e  urânio.  A  grande  maioria  das 
bactérias e a totalidade de fungos, leveduras e, também, os 
protozoários são quimiorganotrófi cos.

· Leveduras 

Entre os fungos, há organismos unicelulares (as leveduras) e  Os fósseis mais 
pluricelulares que crescem em forma de fi lamentos ditos hifas  antigos, que lembram 
que se agrupam em estruturas conhecidas como micélios.  fungos, datam do 
período Cambriano há 
544 milhões de anos. 
Saiba mais... 

Hoje,  são  conhecidas  de  70.000  e  100.000  espécies  de 


fungos,  e  acredita­se  que  isto  represente  apenas  20%  das 
espécies existentes, o que faz com que os fungos representem 
o segundo maior reino de seres vivos. 

Os  fungos  são  organismos  eucarióticos  (têm  célula  com  núcleo 


isolado  por  membrana),  heterotrófi cos  (não  produzem  o  próprio 
alimento), osmotrófi cos (absorvem o alimento em vez de ingeri­lo) 
que tem capacidade de reprodução por meio de esporos. 

Dentre as utilidades desses microorganismos, pode­se citar: 
•  fermentações  de  alimentos  (ex:  produção  de  queijos  e 
bebidas  alcoólicas)  e  uso  direto  como  alimentos  (ex: 
cogumelos comestíveis, e trufas); 
•  controle biológico de pragas; 
•  produtos  farmacêuticos  (ex:  antibióticos  e  cefalosporina); 
produção de etanol; 
•  produção de compostos diversos (ex: ácido cítrico,); 
•  produção  de  enzimas  (ex:  coalho  para  queijo,  gerado  pelo 
Mucor  mihei,  lipases  e  proteases  geradas  por  Aspergillius 
niger) eprodução de gomas; 
•  importantes  funções  no  ambiente  associadas  ao  reciclo 
da  matéria  orgânica  e  tratamento  biológico  de  ambientes 
contaminados e resíduos. 

Dentro  do  grupo  Eucarya,  os  fungos  são  classifi cados  no  reino 
Mycota, que é dividido, com base na forma com que a reprodução 
sexuada  é  observada,  em  diferentes  classes.  Alguns  autores 
descrevem os fungos em cinco classes e outros em quatro. 

São exemplos das classes: 
• ascomiceto, que é um fungo fi lamentoso, com exceção das 
leveduras, que têm a reprodução sexuada em que os esporos 
sexuais  são  armazenados  em  estruturas  semelhantes  a 
sacos denominadas ascos; 
Etapa VI ­ Volume 1  75 
•  os basidiomicetos, que têm a formação de esporos sexuais 
em  estruturas  semelhantes  a  clavas  ditas  basídios  (nos 
cogumelos,  esta  estrutura  é  observada  abaixo  do  chapéu 
em  forma  radial),  sendo  que  algumas  destes  fungos  não 
apresentam tal estrutura; 
•  os  zigomicetos  têm  esporos  sexuais  armazenados  em 
estruturas de paredes espessas, ditas zigosporângios; 
•  os  oomicetos,  que,  por  muitos,  têm  a  classifi cação  como 
fungos  controversa,  por  serem  aquáticos  com  fl agelos  e 
parede celular de celulose no lugar de quitina; 
•  e  os  deuteromicetos,  que  representam  uma  classe  criada 
para  abrigar  os  fungos  em  que  ainda  não  se  conhece 
detalhes  da  forma  reprodutiva,  sendo  que  muitos  dos 
fungos  antes  classifi cados  como  deuteromicetos  são  hoje 
classifi cados em outras classes (ex: Penicillium chrisogenum, 
hoje ascomiceto). 

São exemplos dentro destas classes: 
•  quase  todos os fungos  comestíveis  conhecidos  e  inúmeros 
fungos venenosos são basidiomicetos; 
•  o fungo Tolypocladium infl atum (Cordyceps subsessilis) que 
produz  a  ciclosporina  (peptídeo  usado  como  medicamento 
anti­rejeição, pelo fato de inibir o sistema imune); 
•  os fungos Penicillium são ascomicetos; 
•  o  bolor  negro  que  cresce  em  pão,  fungos  usados  no 
controle  biológico  de  pragas  (ex:  Emthomophthorales),  são 
zigomicetos. 

As  leveduras  são  tipos  de  fungos  unicelulares;  sua  reprodução 


ocorre  por  brotamento  ou  por  fi ssão.  Para  que  um  fungo  possa 
ser  classifi cado  como  levedura,  tem  que  apresentar  uma  fase 
leveduriforme em seu  ciclo de  vida.  O termo  levedura é utilizado 
apenas para alguns tipos de fungos. Existem ainda muitas espécies 
de zigomicetos, ascomicetos, basidiomicetos e deuteromicetos que 
apresentam  crescimento  tanto  micelial  como  leveduriforme,  que 
irão depender das condições ambientais. 

As  leveduras  da  ordem  das  Saccharomycetales  são  as  que 


apresentam  a  maioria  das  leveduras  conhecidas,  embora  haja 
outras.  Esta ordem é caracterizada, principalmente, pela ausência 
de hifas ascogênicas. 

Onde são encontradas as leveduras?

76  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
A maioria das espécies de leveduras pode ocorrer naturalmente em 
superfícies de plantas com resíduos de açúcares, em superfícies 
de  alguns  vegetais  em  estado  de  decomposição. As  células  das 
leveduras  possuem  capacidade  de  resistir  ao  estresse  osmótico, 
e,  por  isso,  pode­se  encontrá­las  também  como  contaminante 
em  diversos  produtos  alimentícios.  O  Saccharomyces  cerevisae 
também conhecido como levedo ou fermento biológico é a principal 
levedura no estudo da fermentação alcoólica, é capaz de efetuar 
metabolismo aeróbio na presença de O 2  e metabolismo anaeróbio 
na ausência de O 2 . 

•  Os  fungos  de  importância  industrial  estão  relacionados 


principalmente  aos  seguintes  produtos:  Etanol 
(Saccharomyce Cerevicae) ácido cítrico (Aspergillus Niger), 
cerveja  (Saccharomyce  Cerevicae),  vinho  (Saccharomyce 
Cerevicae) e panifi cação (Saccharomyce Cerevicae). 

Em  processos  industriais,  é  desejável  que  as  leveduras 


sejam tolerantes a largas faixas de temperaturas e a altas 
concentrações de substratos. 

Vejamos algumas leveduras: 

a Saccharomyces cerevisae: levedura mais importante para 
a fermentação alcoólica, utilizada em processo de fabricação 
de bebidas alcoólicas, etanol combustível, na panifi cação; 

a Candida utilis: levedura utilizada no tratamento de resíduos 
da  indústria  celulósica,  reduzindo  signifi cativamente  a 
demanda bioquímica de oxigênio ­ DBO destes efl uentes. 

a Kluyveromyces marxianus: levedura utilizada no tratamento 
de  soro  de  leite,  reduzindo  signifi cativamente  a  DBO  deste 
efl uente da indústria de laticínios; 

a Phaffi a  rhodozyma:  levedura  utilizada  para  produzir  o 


corante  astaxantina,  utilizado  na  psicultura  de  salmão  e 
truta, carcinocultura e avicultura. 

Importante! 
Os micro­organismos que mais apresentam características 
favoráveis  para  transformar  açúcares  em  etanol 
pertencem ao  gênero Saccharomyces.  Estas  leveduras 
têm sido utilizadas largamente para a produção de álcool 
em  escala  industrial.  No  entanto,  outros  gêneros  de 
levedura e também de bactérias têm sido estudados com 
o objetivo de serem utilizados como produtores de álcool. 

Finalizamos este  roteiro ressaltando  a importância  dos  conceitos 


enfocados para sua atuação no setor sucroalcooleiro. 
Bom estudo!

Etapa VI ­ Volume 1  77 
Leitura Obrigatória
TOTORA, Gerard J.; FUNKE, Bordell R.; CASE, Christine L. 
Microbiologia. 8.ed. São Paulo: Artmed/Bookman, 2006. 

Desta  obra,  leia  o  capítulo  5,  Metabolismo  Microbiano.  A  leitura 


deste capítulo, será útil para os estudantes do curso de tecnologia 
em produção sucroalcooleira. Com o objetivo de  facilitar e  tornar 
atraente  o  aprendizado,  o  assunto  é  abordado  considerando: 
completa integração entre texto e ilustrações; equilíbrio apropriado 
entre as bases e aplicações microbiológicas e entre as aplicações 
tecnológicas  e  de  outras  áreas  da  microbiologia;  apresentação 
direta de tópicos complexos; objetivos de aprendizado integrados 
e questões para estudo no fi nal dos capítulos; inclusão de quadros 
de aplicações da microbiologia, que focalizam os usos modernos 
e  práticos  da  microbiologia  e  da  biotecnologia,  e  de  quadros  de 
microbiologia  em  manchete,  que  utilizam  histórias  relatadas  nas 
manchetes de hoje para explicar a microbiologia. 

Atividades
Atividade 1
Classifi que as células utilizadas em processos biotecnológicos. 

Atividade 2
Relacione  e  exemplifi que  os  micro­organismos  se  classifi cam 
quanto à necessidade de oxigênio.

Atividade 3
De acordo com os estudos realizados, defi na bactérias e identifi que 
como podem ser classifi cadas. 

Atividade 4 
Defi na  leveduras  e  explique  a  importância  de  sua  utilização  no 
processo industrial. 

78  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Referências 
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ANDRIETTA, S.R. Fermentação e tratamento de caldo. 
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Sucroalcooleira. PECEGE/ESALQ/USP. 
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Campinas: Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade 
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Today, p. 36­37, January, (2004) 

MAIA, A.B.R.A. Fundamentos da fermentação alcoólica. 
Apostila do curso de Engenharia Quimica. Belo Horizonte: UFMG, 
1989. 

OKADA, W.; FUKUDA, H.; MORIKAWA, H.  Kinetic expression 
of ethanol production rate and ethanol consumptions rate 
in baker’s yeast cultivation. J. Ferment. Technol., 59:103­109, 
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OURA, E. Effect of aeration intensity on the biochemical 
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RODRIGUES, E; GARRO, O. A.; PALACIOS UNDAR, R.; 
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Technol. Biotechnol. 63, 4, pp 367­73, 1995.

Etapa VI ­ Volume 1  79 
ROTEIRO DE ESTUDO 2

Tecnologia das fermentações 


Anderson dos Santos Morais 

Objetivos
Ao fi nal dos seus estudos, você estará apto(a) a: 

•  explicar o metabolismo da fermentação; 
•  selecionar  o  tipo  de  substrato  para  os  processos  de 
fermentação; 
•  explicar a bioquímica do processo fermentativo; 
•  identifi car  os  possíveis  contaminantes  no  processo 
fermentativo. 

Produção de etanol via fermentação 

A produção de etanol por via fermentativa é o processo mais utilizado 
e  aplicado  pelas  indústrias  produtoras  dessa  matéria­prima.  No 
Brasil,  a  cana­de­açúcar  se  destaca,  pela  sua  disponibilidade  e 
custo,  como  principal  meio  utilizado  na  fermentação,  pois  se 
trata de uma rica fonte de carbono com elevada concentração de 
açúcares de sacarose, seguido pela glicose e frutose. 

Em  outros  países,  como  EUA,  e  o  continente  europeu,  o  álcool 


é  produzido a partir do milho ou beterraba, porém este processo 
torna  sua  produção  economicamente  inviável  para  utilização 
como  combustível,  por  apresentar  um  custo  elevado  frente  às 
condições  brasileiras.  A  Saccharomyces  cerevisiae  é  o  principal 
micro­organismo  utilizado  nesses  processos  devido  à  sua  maior 
produtividade, adequação ao meio e robustez. 

Segundo Alves (1996), o etanol foi o primeiro fator a ser reconhecido 
como  inibidor  da  fermentação  alcoólica  e  que  as  leveduras 
dos  gêneros  Saccharomyces  e  Schizosaccharomyces  são 
consideradas as de melhor resistência ao efeito tóxico do etanol. 

Luong  (1985)  observou  que  o  etanol  apresentava  um  efeito 


signifi cativo  sobre  a  velocidade  de  crescimento  celular  em 
concentrações acima de 15 g/L, e que a máxima concentração de 
etanol a partir da qual as células cessam o crescimento (Pm) era 
de, aproximadamente, 100 g/L. O autor verifi cou, também, que a 
capacidade de produção de etanol por Saccharomyces cerevisiae 
era completamente inibida a uma concentração de etanol de 105 g/L. 

Etapa VI ­ Volume 1  81 
Os  fatores  que  infl uenciam  a  limitação  do  metabolismo  do  micro­ 
organismo  na  fermentação  são  a  temperatura,  a  aeração  e  a 
composição  do  meio,  agindo  direta  ou  indiretamente  sobre  as 
propriedades da membrana plasmática provocando modifi cações na 
membrana lipídica e nos sistemas de transporte de soluto e ação de 
algumas enzimas.

Vejamos agora, um panorama das destilarias brasileiras, segundo 
Andrietta (2007). 

As  destilarias  brasileiras,  por  não  possuírem  unidades 


de  esterilização  de  mosto,  são  consideradas  abertas 
do  ponto  de  vista  microbiológico.  Elas  trabalham  com 
populações mistas, ou seja, várias linhagens de levedura 
presentes. Estas linhagens podem ser classifi cadas como 
sendo selecionadas, nativas ou selvagens. As linhagens 
selecionadas são aquelas adquiridas de forma pura para 
serem utilizadas como inóculo  nas partidas das plantas. 
As  nativas  são  aquelas  encontradas  no  processo  que 
apresentam características fermentativas satisfatórias, mas 
são diferentes das selecionadas. As linhagens selvagens 
são  aquelas  presentes  nos  processos  que  apresentam 
características fermentativas não adequadas aos processos 
industriais e normalmente não são Saccharomyces, sendo 
consideradas oportunistas, dominando o processo somente 
em condições anormais, tais como: operação com baixa 
concentração  de  etanol,  paradas  prolongadas,  paradas 
curtas ou longas sequenciais etc.. 

Numa  planta  de  etanol,  os  típicos  fatores  de  estresse  incluem: 
temperatura da fermentação, defi ciência de nutrientes no substrato, 
oxigênio, concentração de etanol, pH. 

O pH é dos principais fatores de infl uência para as fermentações 
industriais  devido  a  sua  importância  tanto  no  controle  da 
contaminação bacteriana quanto ao seu efeito sobre o crescimento 
da  levedura,  taxa  de  fermentação  e  formação  de  subprodutos 
(AMORIM et. al., 1996). 

Segundo Maia (1989), o pH ótimo para a produção de etanol por 
leveduras de Saccharomyces cerevisiae encontra­se na faixa de 4 
a 5, e quando elevado para o pH até 7, observa­se uma diminuição 
do  rendimento  em  etanol,  com  o  aumento da  produção  de  ácido 
acético.  Segundo  Kohl  (2004),  em  sistemas  de  fermentação 
industrial  de  etanol,  se  a  temperatura  for  muito  alta,  esta  pode 
matar as leveduras, enquanto que temperatura  muito baixa pode 
retardar  o  seu  metabolismo  e  aumentar  o  tempo  no  processo 
de  fermentação.  Se  o  calor  liberado  pela  fermentação  não  for 
removido, a temperatura subirá rapidamente a níveis críticos, dando 
origem  à  temperatura  que  irá  causar  estresse  da  fermentação, 
inibição  ou,  possivelmente,  até  a  morte  das  células  de  levedura. 

82  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Saiba mais... 

Segundo  Luong  (1985),  O  etanol  foi  a  primeira  substância  a  ser 


reconhecida  como  inibidor  da  fermentação  alcoólica.  As  leveduras 
dos  gêneros  Saccharomyces  cerevisiae  são  consideradas  as  de 
melhor resistência ao efeito tóxico do etanol. Este efeito é considerado 
resultante de vários aspectos: os mecanismos inibidores de base, a 
presença ou não de outros inibidores, composição do meio, pressão 
parcial  em  oxigênio,  temperatura,  natureza  da  cepa  e  condições 
de  cultivo  (batelada  ou  contínua).  Os  fatores  que  infl uenciam  a 
sensibilidade  ao  etanol,  agem  direta  ou  indiretamente  sobre  as 
propriedades  da  membrana  plasmática.  Entretanto,  o  etanol  parece 
não ter um efeito único, provocando modifi cações nas propriedades 
da  membrana  lipídica  e  nos  sistemas  de  transporte  de  soluto  e 
agindo sobre algumas enzimas. 

As leveduras são capazes de crescer tanto em aerobiose como em 
anaerobiose, quando há a presença de açúcares fermentáveis no 
meio, como glicose, frutose, sacarose ou maltose, o crescimento é 
anaeróbico, então as enzimas da cadeia respiratória que realizam 
o  ciclo  de  Krebs  têm  sua  síntese  cancelada;  este  fenômeno 
é  denominado  repressão  catabólica  por  glicose.  Na  ausência 
desses açúcares no meio, as enzimas do metabolismo respiratório 
passam a ser sintetizadas e o crescimento passa a ser aeróbico. 
E  por  isso,  as  leveduras  são  capazes  de  efetuar  a  fermentação 
alcoólica. 

O  processo  fermentativo  é  um  dos  bioprocessos  mais  utilizados 


na produção de bioprodutos de importância para humanidade. 
Para  os  autotrófi cos,  a  única  fonte  de  carbono  necessária  é  o 
CO 2 .  Para  os  heterotrófi cos,  há  a  necessidade  de  suprir  o  meio 
com outras fontes de carbono, naturais ou sintéticas: 
•  celulose,  amido,  sacarose,  lactose,  glicose  (alto  custo), 
óleos, metanol, etanol; 
•  melaço de cana­de­açúcar – composição variável; 
•  extrato de malte – cevada malteada. 

Os  micro­organismos  necessitam  de  nitrogênio  para  o  seu 


desenvolvimento;  existem  três  categorias  principais  de  obtenção 
do nitrogênio por parte dos micro­organismos: 
•  algumas  bactérias  retiram  o  nitrogênio  diretamente  da 
atmosfera e o convertem em nitrogênio orgânico; 
•  os  fungos  e  quase  a  totalidade  das  bactérias  utilizam 
compostos  inorgânicos  de  nitrogênio,  como  amônio  e 
nitratos; 
•  algumas bactérias exigem fontes orgânicas de nitrogênio. 

Assim,  a  adição  de  aminoácidos  ou  proteínas  hidrolisadas  pode 


favorecer o crescimento da maioria dos heterotrófi cos: 
•  adição de sais de amônio, sais (nitratos), ureia; 
•  utilização de líquido da maceração do milho (± 4% N); 
•  utilização de extrato de levedura e peptonas (laboratório); 
• utilização de ar atmosférico. 
Etapa VI ­ Volume 1  83 
Assim com o nitrogênio, os micro­organismos também necessitam 
de  uma  série  de  outros  elementos  (minerais),  sob  a  forma  de 
compostos  inorgânicos,  alguns  em  quantidade  bem  maiores  que 
outros. 
•  macronutrientes – P, S, K, Mg, Ca, Fe; 
•  micronutrientes – Cu, Zn, Co, B, entre outros. 

Compostos  orgânicos  e  inorgânicos,  são  indispensáveis  à 


sobrevivência  de  um  micro­organismo.  Como  exemplo,  pode­se 
citar  as  vitaminas  (especialmente  do  complexo  B),  aminoácidos, 
nucleotídeos,  ácidos  graxos,  entre  outros.  Geralmente  o  micro­ 
organismo tem seu desenvolvimento limitado pelo substrato, uma 
vez  que  a  maior  ou  menor  oferta  deste  substrato  irá  infl uenciar 
sua multiplicação, daí o termo substrato limitante. 

Assim,  o  crescimento  será  proporcional  ao  teor  do  substrato 


limitante,  ocorrendo  casos  em  que  a  oferta  demasiada  desse 
substrato  também  irá  ocorrer  inefi ciência  no  metabolismo. 
Isso  sugere  a  elaboração  de  um  método  de  dosagem  desses 
substratos, baseados na infl uência da concentração de substrato 
no crescimento microbiano. 

A  água  não  se  caracteriza  como  um  nutriente,  mas,  assim  como 
para todos os seres vivos, é indispensável para o desenvolvimento 
dos  micro­organismos.  Ela  serve  como  veículo  de  substâncias 
(nutrientes)  em  solução  através  da  membrana  citoplasmática, 
que  exerce  também  função  reguladora  da  pressão  osmótica  e  na 
manutenção da temperatura da célula. 

Assim como a água, o oxigênio também considerado um nutriente, 
ele é, em geral, um receptor de hidrogênio quando o metabolismo 
do micro­organismo for aeróbio. Lembrando de estudos anteriores 
que  os  micro­organismos  podem  se  desenvolver  em  diferentes 
condições quanto à presença de O 2  livre: 
•  aeróbios  –  exigem  oxigênio  livre;  alguns,  porém,  em 
pequenas  quantidades  não  tolerando  as  pressões  normais 
de O 2  atmosférico; 
•  anaeróbios – não toleram a presença de O 2  livre; 
• facultativos – crescem na presença ou ausência de O 2 . 

Os fungos podem se diferenciar das leveduras pela necessidade 
de O 2  livre, enquanto que os fungos são estritamente aeróbios, as 
leveduras são aeróbias facultativas. 

Quanto  às  características  do  mosto,  necessárias  para  um 


processo fermentativo adequado, este deverá atender às principais 
características: 
1)  proporcionar  a  maior  conversão  possível  de  substrato  a 
produto; 
2)  produzir a máxima concentração de produto; 

84  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
3)  produzir a máxima concentração de micro­organismos; 
4)  produzir o mínimo de subprodutos indesejáveis; 
5)  proporcionar qualidade uniforme e ter disponibilidade durante 
todo o ano; 
6)  não  causar  problemas  em  outras  etapas  do  processo 
fermentativo. 

Os principais substratos utilizados na fermentação alcoólica podem 
ser agrupados nas seguintes categorias: 

a)   Açucaradas 
Neste grupo, temos os substratos diretamente fermentescíveis 
(contêm monossacarídeos: ex.: glicose, frutose, suco de uva, 
maçã, pêra etc.). O principal substrato é um monossacarídeo, 
glicose, e estes são metabolizados diretamente até formarem 
piruvato.  As  matérias­primas  indiretamente  fermentescíveis 
são  aquelas  que  contêm  dissacarídeos,  predominando  a 
maltose  e  a  sacarose;  por  exemplo,  o  caldo  de  cana­de­ 
açúcar e o melaço. 

A  composição  do  melaço de  cana­de­açúcar varia  em  função de 


fatores, como: 
•  qualidade  da  matéria­prima  (variedade,  idade,  sanidade, 
maturação, queimada ou não etc.); 
•  métodos  de  extração  do  açúcar  (moagem,  clarifi cação, 
cozimento etc.); 
•  condições técnicas das regiões açucareiras; 
•  condições e tempo de armazenamento. 

b)   Amiláceas 
Contêm  em  sua  composição  polissacarídeos  (amido) 
utilizados para produção de vodka, rum, whisky (passam pelo 
processo de sacarifi cação). 

c)   Celulósicas 
Celuloses,  fi bras  vegetais  (passam  pelos  processo  de 
sacarifi cação). 

Preparo da matéria­prima 
a)  Melaço:  O  melaço  deve  ser  diluído  (de  82º  Brix  para  18­20º 
Brix). 

A CRUZ DE COBENGE: É uma regra das misturas, utilizada para 
calcular os volumes para diluição do melaço:

Etapa VI ­ Volume 1  85 
B = Brix do melaço 
b = Brix da água (zero) 
M = Brix desejado (18 –20º) 
d = densidade 

Exemplo 

Melaço: 80 ºBrix 
Água; 0 ºBrix 
M = 20 ºBrix 
dmelaço  = 1,6284 kg/L 
dágua  = 1,0000 kg/L 

b)  Caldo  de  cana­de­açúcar:  em  alguns  casos,  não  necessita 


de  diluição,  pois  a  cana  sofre  adição  de  água  por  aspersão  na 
moenda  para  extração  do  açúcar.  Neste  ponto,  o  brix  deve  fi car 
entre 18­20, mas quando se deseja concentrações inferiores às do 
caldo de cana, a diluição é necessária e segue a seguinte relação: 

Exemplo: 

Brix do caldo B caldo  = 20 
V caldo  = 50.000 L 
B Desejado  = 16º

86  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Após fazer a diluição, corrige­se o pH para 4,5 ­ 5,5 usando ácido 
sulfúrico,  cítrico  ou,  ainda,  suco  de  limão  (caseiro)  e  colocam­se 
os nutrientes. 

Recordando... 

Os  mecanismos  de  reações  biológicas  para  obtenção  de  energia 


para as células, sob condições anaeróbias, foram denominados de 
fermentação, por Pasteur, como já foi citado, defi nindo fermentação 
como vida na ausência de ar. 

Vimos  que  muitos  processos  microbiológicos  industriais,  tais 


como fabricações de vinho eram anaeróbios, o termo fermentação 
também foi atribuído a eles. Posteriormente, todos os processos de 
conversão microbianos passaram a ser denominados fermentação, 
sejam eles aeróbios ou anaeróbios. 

A maioria dos processos fermentativos são utilizados industrialmente 
na produção de bebidas alcoólicas (vinho, cerveja, sidra, aguardente), 
vinagres,  etanol,  ácidos  orgânicos  (cítrico,  láctico,  fumárico), 
biopolímeros (dextrana, xantana, PHB), solventes (butanol, acetona, 
isopropanol),  vitaminas  (ribofl avina,  ácido  ascórbico),  antibióticos 
(penicilina, estreptomicina, tetraciclina) polissacarídeos, aminoácidos, 
alimentos fermentados. 

As principais formas de obtenção dos micro­organismos utilizados 
em bioprocessos podem ser listadas como a seguir: 

•  isolamento  de  micro­organismos  a  partir  de  recursos 


naturais; 
•  compra de culturas; 
•  obtenção de mutantes naturais; 
•  obtenção de mutantes induzidos; 
•  obtenção  de  micro­organismos  recombinantes  por  técnicas 
de engenharia genética. 

O isolamento de micro­organismos a partir de recursos naturais é 
uma atividade bastante importante para a obtenção de linhagens de 
interesse industrial. Esta atividade, porém, envolve muito trabalho 
experimental, o que eleva signifi cativamente o custo de produção. 
Entretanto,  pode­se  conseguir  o  isolamento  de  linhagens  melhor 
para a produção de um dado produto. 

Atenção!

A  prática  de  isolamento  de  linhagens  de  recursos  naturais  vem 


sendo  cada  vez  mais  praticada  por  grandes  empresas  e  por 
pesquisadores  do  setor  biotecnológico;  com  isso,  tem­se  a 
possibilidade  de  melhorar  os  processos  já  existentes  e  também 
de descobrir novas linhagens de micro­organismos. Para que esta 
prática  seja  realmente  viável,  é  necessário  que  sejam  seguidos 
critérios  bem  defi nidos,  baseados  em  boas  literaturas  e  com  os 
objetivos  bem  defi nidos,  para  que,  com  isso,  não  se  chegue  em 
culturas que não tenham interesse industrial. 

Etapa VI ­ Volume 1  87 
No  desenvolvimento  de  um  micro­organismo  submetido  a 
condições específi cas, este pode desenvolver um mutante natural, 
que  podem ser isolados e testados, verifi cando sua efi ciência do 
processo biotecnológico. 

Para que um processo biotecnológico tenha viabilidade industrial, 
é  necessário  que  os  micro­organismos  apresentem  algumas 
características importantes, dentre elas destacam­se: 
•  alta efi ciência na conversão do substrato em produto; 
•  ser resistente ao acúmulo do produto no meio, baixa inibição 
pelo produto; 
•  não produzir subprodutos incompatíveis com o produto; 
•  ter metabolismo uniforme; 
•  não ser patogênico; 
•  desenvolver em condições simples; 
•  ter um custo de processamento relativamente baixo; 
•  proporcionar a rápida liberação do produto no meio. 

A levedura Saccharomyces cerevisiae, muito utilizada na produção 
de  etanol,  reproduz­se  de  forma  assexuada.  Sendo  um  micro­ 
organismo  anaeróbio  facultativo,  este  consegue  crescer  tanto 
em  meio  aeróbio  como  anaeróbio.  A  partir  dos  dissacarídeos 
presentes  na  solução,  preferencialmente  a  glicose,  as  leveduras 
iniciam seu metabolismo e, assim, conseguem obter energia para 
a sua sobrevivência e reprodução. A glicose é degradada a duas 
moléculas  de piruvato  pela  via glicolítica,  e  apresenta a seguinte 
reação: 

O piruvato pode ter diversos destinos dependendo do metabolismo 
e  das  condições  do  meio.  Em  condições  aeróbicas,  o  piruvato  é 
descarboxilado e transformado em Acetil­CoA, que entra no ciclo 
de Krebs, sendo oxidado a H 2 O e CO 2 . Em meio anaeróbio, ou com 
baixos níveis de O 2 , as leveduras passam a realizar fermentação 
alcoólica de forma a regenerar o NAD + , com libertação de CO 2 : 

í  e

Na  obtenção  do  etanol,  a  conversão  do  açúcar  (glicose)  em 


etanol  e  dióxido  de  carbono,  envolve  12  reações  sequenciais  e 
ordenadas,  cada  uma  catalisada  por  uma  enzima  específi ca. 
Essas  enzimas  estão  disponíveis  no  citoplasma  da  célula,  onde 
ocorre  a  fermentação  propriamente  dita.  O  rendimento  teórico 

88  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
para a produção de etanol é de 0,511 g de etanol/g de glicose. Na 
prática, segundo Oura (1974), este valor não é observado devido 
à  utilização  de  parte  dos  carboidratos  açúcares  fermentáveis 
para  a  produção  de  glicerol,  álcoois  superiores,  ácidos,  entre 
outras substâncias necessárias para a síntese de material celular 
e  manutenção  fi siológica  da  levedura.  A  Figura  1  mostra  um 
fl uxograma simplifi cado da conversão da glicose a etanol. 

Figura 1: Conversão da glicose a etanol 

O  etanol  produzido  vai­se  acumulando  e  acaba  por  ser  tóxico 


para as próprias leveduras. Para além destes compostos, pode­se 
produzir  ainda  ésteres;  fenóis;  cetonas  e  ácidos  graxos  e  outros 
álcoois.  No  entanto,  as  leveduras  também  precisam  de  outros 
compostos, como o nitrogênio, os aminoácidos e os ácidos graxos. 

Importante! 
Segundo Amorim  et.  al.  (1996),  a  levedura  como  entidade  viva 
independente,  realiza  a  fermentação  do  açúcar  com  o  objetivo 
de conseguir a energia química necessária a sua sobrevivência, 
sendo  o  etanol  apenas  e  tão  somente  um  subproduto  desse 
processo. 
O  autor  conclui  que  se  o  homem  pretende  benefi ciar­se  dessa 
habilidade metabólica, ele deve buscar os conhecimentos que lhe 
permitam propiciar às leveduras, condições ideais para que elas 
trabalhem  a seu favor, isto  é, com maior  efi ciência na  produção 
de  etanol.  A  célula  de  levedura  possui  compartimentos  diferenciados 
para a atividade metabólica, sendo que a fermentação alcoólica (glicólise 
anaeróbia)  ocorre  no  citoplasma,  enquanto  a  oxidação  total  do  açúcar 
(respiração) se dá na mitocôndria. 

As  leveduras  pertencem  à  classe  mais  importante  dos 


fungos,  sendo  estes,  organismos  eucarióticos.  As  células  de 
Saccharomyces  cerevisiae  se  reproduzem  por  brotamento,  ou 
seja,  divisão  binária.  Existem  duas  etapas  distintas  que  defi nem 
o processo de transformação de açúcares solúveis em moléculas 
menores pela ação de levedura. A primeira, denominada glicólise, 
efetua a “quebra” da molécula de glicose até ácido pirúvico, pela 
ação catalisadora de enzimas específi cas. Na ausência de oxigênio, 
as enzimas piruvato­descarboxilase e alcooldesidrogenase, agem 
nos substratos específi cos e produzem  etanol  e  água a partir do 
ácido pirúvico. Com a equação de Gay­Lussac, pode­se efetuar

Etapa VI ­ Volume 1  89 
um  balanço  material  deste  processo.  Na  presença  de  oxigênio, 
há  um  deslocamento  reacional de  parte  do ácido pirúvico  para  o 
Ciclo  de  Krebs,  onde  será  oxidado,  enzimaticamente,  a  dióxido 
de  carbono  e  água.  O  balanço  global  dos  dois  ciclos  pode  ser 
resumido pelas equações, a seguir: 

C6H12O6 + 2Pi + 2 ADP  2C2H5OH + 2CO2 + 2ATP + 2H2O + 57 Kcal 

Equação de Gay­lussac 

C6H12O6 + 6O2  6CO2 + 6H2O + 38ATP + 688 Kcal 

Ciclo de Krebs

Na  reação  global  da  glicólise,  pode  ser  observado  que  1  mol  de 
glicose (180g) produz 2 moles de etanol (92g), 2 moles de dióxido 
de  carbono  (88g)  e  57  Kcal  de  energia.  Assim,  o  rendimento 
teórico (YP/S) para a produção de etanol é de 0,511 g de etanol/g 
glicose.  Como  citado  anteriormente,  este  valor  não  é  observado 
devido à utilização de  parte da  glicose  para  produção de glicerol 
e álcoois superiores. 

A  quantidade  de  açúcar  também  pode  afetar  o  metabolismo 


da  fermentação  alcoólica,  pois,  o  substrato  é  limitante  na 
fermentação. 

Para Okada (1981), o efeito 

Crabtree  é  o  incremento  na  produção  de  etanol  em 


concentrações  de  glicose  superiores  a  0,5­1,0  g/L 
(independentemente  da  concentração  de  oxigênio) 
como prejudicial ao processo de produção de leveduras 
de  panificação,  pois  parte  do  açúcar  disponível  é 
convertida a etanol e dióxido de  carbono em detrimento 
da biomassa, reduzindo o rendimento. Em contrapartida, 
o  efeito  Pasteur,  causa  um  elevado  rendimento  celular 
em  condições  de  aerobiose  e  concentração  de  glicose 
inferior a 1,5 g/L, diminuindo, assim, a taxa de fermentação 
alcoólica ou glicólise anaeróbia. Assim, frente ao número 
elevado  de  reações  catalisadas  enzimaticamente  no 
metabolismo  celular,  fatores  como  pH,  temperatura, 
pressão,  concentração  de  reagentes,  concentração  de 
nutrientes etc. afetam os parâmetros cinéticos que defi nem 
as taxas de reprodução celular, consumo de substrato e 
produção de etanol. 

Contaminações na fermentação 
Na  fermentação  alcoólica,  uma  das  etapas  do  processo  de 
produção  de  etanol,  as  leveduras  convertem  os  açúcares 
presentes em etanol, gás carbônico e energia. Nessa fase, podem 
ocorrer vários problemas; entre os principais, merece destaque a 
contaminação bacteriana. 

90  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
No  processamento  da  fermentação  alcoólica,  devido  a  vários 
fatores,  podem  ocorrer  a  formação  de  outros  micro­organismos, 
desde  bactérias  até  outras  espécies  de  levedura,  que  são 
considerados  contaminantes,  estes  podem  ser  oriundos  de 
contaminação nas moendas, da própria cana entre outros. 

Os processos industriais de produção de álcool existentes no Brasil 
reutilizam o fermento em ciclos fermentativos consecutivos. Durante 
o processo de centrifugação, os micro­organismos contaminantes 
também são reciclados juntamente com o fermento e agravam os 
problemas associados com a contaminação bacteriana. 

Dependendo  do  nível  de  contaminação  bacteriana,  podem  ser 


ocasionados problemas como: deterioração da cana, aumento da 
fl oculação, redução da viabilidade da levedura, redução de massa 
de fermento e a formação de produtos indesejáveis que ocasionam 
consumo de sacarose e de outros nutrientes presentes no mosto. 
Níveis  elevados  de  contaminação  também  provocam  muitos 
inconvenientes operacionais, como a difi culdade de centrifugação, 
aumento do uso de ácido no tratamento de fermento, aumento do 
tempo  de  fermentação e  elevação  de  açúcares não  fermentados 
que levam a reduções no rendimento da fermentação alcoólica. 

Devido  à  constante  presença  de  contaminantes  durante  o 


processo  fermentativo,  é  importante  o  conhecimento  de  fatores 
que  possibilitem  a  redução  dos  problemas  causados  pela 
contaminação bacteriana, além das práticas usuais de tratamento 
ácido do creme de levedura e de aplicação de antibióticos. 

A linhagem Fleischmann é considerada uma levedura de panifi cação, 
comercializada em supermercados, padarias e doçarias. A linhagem 
PE­2 é comercializada na forma desidratada e utilizada em processos 
industriais  de  produção  de  etanol.  A  linhagem  M­26  também  foi 
isolada  de  processos  industriais  e  está  sendo  avaliada  por  outros 
grupos  de  trabalho.  Pesquisas  anteriores  detectaram  diferenças 
fi siológicas  entre  as  linhagens  citadas  e,  agora,  foi  avaliada  a 
possibilidade dessas linhagens afetarem com intensidade diferente a 
contaminação bacteriana durante reciclos fermentativos realizados, 
simulando, na medida do possível, as condições industriais. 

A  presença  de  micro­organismos  no  processamento  de cana­de­ 


açúcar ocorre desde a lavoura até o setor de fermentação, sendo 
que  a  contaminação  bacteriana  presente  no  caldo  de  cana  e  no 
mosto  pode  refl etir  a  qualidade  da  matéria­prima  utilizada,  pois 
tanto  o  caldo  de  cana  quanto  o  mosto  são  ótimos  substratos 
para  o  crescimento  de  micro­organismos  devido  aos  teores  de 
nutrientes  orgânicos  e  inorgânicos,  alta  atividade  de  água,  pH, 
além  da  temperatura  que  ocorrem  nos  processos  industriais  de 
fermentação (Gallo, 1990 e Gallo & Canhos, 1991).

Etapa VI ­ Volume 1  91 
Os  maiores  prejuízos  causados  pela  contaminação  bacteriana 
são  a  degradação  da  sacarose  e  a  formação  dos  ácidos  lático 
e  acético  que  ocasionam  perda  de  açúcar  e  intoxicação  das 
leveduras  (Oliva­Neto  &  Yokoya,  1997).  Os  contaminantes 
bacterianos  presentes  nas  tubulações  de  caldo  podem  causar 
perdas de sacarose que variam de 1 Kg.ton­1 de cana quando as 
condições  são satisfatórias ao  processo até 2,5Kg.ton­1  de cana 
quando não são adequadas. 

Gallo (1991) relata que estudos realizados no Reino Unido, na Índia 
e  na  África  do  Sul  indicam  que  13%  das  perdas  causadas  pela 
contaminação bacteriana são devido à inversão, 25% à atividade 
de enzimas livres e 62% ao crescimento bacteriano nas moendas. 
Gallo  (1991)  enfatiza que  é  possível  reduzir  entre  17  e  35% das 
perdas  de  sacarose  devido  às  consequências  da  presença  de 
micro­organismos  contaminantes  apenas  com  o  uso  de  práticas 
adequadas de limpeza e uso correto de agentes antimicrobianos. 

Oliva­Neto  &  Yokoya  (1997)  encontraram  uma  relação  negativa 


causada  pela  presença  de  L.  fermentum  durante  a  fermentação 
alcoólica  em  processo  de  batelada  alimentada.  Por  meio  da 
comparação  dos  resultados  apresentados  do  2º  e  do  17º  ciclo 
fermentativo, foi registrada elevação da contaminação de 1,2.109 
UFC.mL­1  para  2,3.109  UFC.mL­1;  houve  redução  no  teor 
alcoólico no vinho fi nal, o rendimento fermentativo foi reduzido de 
92% para 49% e a acidez elevou­se de 3,4 g.L­1 para 6,2 g.L­1. 

A  redução  no  rendimento  fermentativo  devido  à  presença  de 


bactérias  láticas  é  óbvia,  pois  quando  uma  molécula  de  glicose 
é  convertida  em  duas  de  ácido  lático  resulta em  duas  moléculas 
de  etanol  que  deixaram  de  serem  produzidas  pela  levedura 
(Narendranath,  1994).  Ainda  há  o  consumo  de  substrato  para 
o  metabolismo  da  bactéria  que  deixa  de  ser  aproveitado  pela 
levedura. 

Outro problema causado pela presença de bactérias contaminantes 
em  processos  de  fermentação  alcoólica  é  a  fl oculação,  que 
ocasiona  redução  na  velocidade  de  fermentação,  além  de 
inconvenientes  como  entupimento  de  tubulações,  aumento 
de  fundo  de  dorna,  difi culdades  de  operação  das  centrífugas 
devido ao entupimento dos bicos (Oliva­Neto & Yokoya,  1997). A 
fl oculação, além de reduzir a velocidade de fermentação, difi culta 
o  tratamento  ácido  de creme de  levedura,  reduz  a  efi ciência das 
centrífugas e dos antibióticos comumente utilizados. 

As  contaminações  podem ser  oriundas  do campo e também das 


condições  específi cas  de  processamento,  e,  para  cada indústria, 
região,  climatologia  e  variedades  de  cana,  tipo  de  corte  entre 
outros,  serão  evidenciadas  as  linhagens  de  micro­organismos 
indesejáveis. 

Durante  o  processo  industrial  de  produção  de  etanol  ocorre  a 


sobrevivência de micro­organismos, após o tratamento térmico do 
caldo, fato que proporciona a contaminação do mosto desde a saída

92  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
do decantador, passando pelos trocadores de calor, até a chegada 
às  dornas  de  fermentação,  onde  há  um  expressivo  aumento 
da  população  bacteriana.  O  pH  relativamente  baixo  dos  caldos 
das  moendas  favorece  o  crescimento  de  espécies  consideradas 
acidófi las de gêneros como Leuconostoc e Lactobacillus. Por outro 
lado,  em outras  etapas,  as  altas  temperaturas  associadas ao  pH 
favorecem alguns micro­organismos termófi los esporulados. 

Atenção! 

Bactérias dos gêneros Acetobacter, Lactobacillus, Bacillus, Clostridium, 


Enterobacter,  Leuconostoc  e  Streptococcus  são  os  contaminantes 
mais atuantes e geralmente associados aos fracassos da fermentação 
alcoólica  devido  à  formação  de  ácido  lático  e  outros  ácidos 
orgânicos, além de estarem associados à fl oculação (Amorim 1996). 

Alcarde (1995) pesquisou amostras de vinho de dornas em fi nal de 
fermentação e identifi cou como principais bactérias contaminantes 
presentes:  B.  subtilis,  B.  megaterium,  B.  brevis,  Acinetobacter 
calcoaceticus,  Lactobacillus.  sp,  Micrococus  lylae,  Leuconostoc 
mesenteroides e Planococcus sp. 

Amorim (1986) isolou e identifi cou micro­organismos de amostras 
de  fermento  centrifugado,  fermento  tratado  com  ácido  sulfúrico, 
mosto,  vinho  inicial  e  vinho  fi nal  proveniente  de  destilarias  e 
identifi cou  as  principais  bactérias  contaminantes  do  processo: 
Lactobacillus  sp  (45,0  %),  Leuconostoc  mesenteroides  (14,4  %), 
Bacillus sp (9,5 %), Acetobacter  sp (7,4 %), Enterobacter sp (6,7 
%),  Sporolactobacillus.  sp  (3,6  %),  Micrococcus  varians  (1,8  %), 
Staphilococcus  sp  (1,3  %),  Pseudomonas  fl uorescens  (1,3  %), 
Escherichia coli (1,3 %), e Citrobacter sp (0,5 %). 

Segundo  Gallo  (1990),  a  contaminação  bacteriana  predominante 


e  identifi cada  nas  amostragens  em  processos  industriais  de 
fermentação  alcoólica  mostrou­se  Gram­positiva  (98,5%),  em 
forma  de  bastonetes  (85,3%)  e  não  esporulantes  (73,9%).  Os 
gêneros  mais  frequentes  nas  amostragens  foram  Lactobacillus 
(59,7%) e Bacillus (26,6%). Em relação às espécies predominantes, 
destacaram­se  B.  coagulans  (15,1%),  L.  fermentum  (15,0%),  L. 
helveticus  (14,1%),  B.  stearothermophilus  (6,9%),  L.  plantarum 
(5,7%), L. animalis (4,5%), L. buchneri (3,8%). 

Oliva­Neto (1990) realizou análises em amostras de leite de levedura 
sem  tratamento  ácido  e  identifi cou  as  espécies  predominantes, 
relatou  a  presença  de  L.  fermentum  (62%),  L.  murinus  (9%),  L. 
vaccinostercus (9%), L. plantarum (2%) e Leuconostoc sp (2%). 

A  maioria  dos  trabalhos  relacionados  ao  processo  fermentativo 


identifi ca a predominância de bactérias Gram­positiva e em forma 
de bastonetes no processo industrial de fermentação alcoólica com 
destaque para os gêneros Bacillus  e Lactobacillus e  as espécies 
L. fermentum e L. helveticus. Outro micro­organismo contaminante 
com relevante importância, principalmente na produção de açúcar,

Etapa VI ­ Volume 1  93 
é  o  B.  stearothermophilus,  pois  a  sua  resistência  ao  tratamento 
térmico difi culta a eliminação durante o processamento. 

Durante  a  fermentação  alcoólica  ocorrem  várias  interações  entre 


leveduras  e  bactérias  e  muitas  pesquisas  são  realizadas  para 
esclarecer  melhor  essas  interações,  principalmente  a  inibição 
exercida pelas bactérias sobre o desenvolvimento de leveduras. 

As  bactérias  láticas  exercem  um  efeito  inibidor  sobre  a  levedura 


em função da pressão osmótica exercida pela presença de ácido 
lático  no  meio  de  cultivo.  O  autor  cita  ainda  que  a  fermentação 
exerce  ação  inibidora  ao  crescimento  bacteriano  e  reduz  os 
problemas causados pelo ácido lático (Ngang et al., 1989). 

A  contaminação  bacteriana  é  considerada  a  maior  causa  da 


redução  na  produção  de  etanol  durante  a  fermentação  de  meio 
amiláceos.  O  estímulo  no  desenvolvimento  do  Lactobacillus  sp, 
quando  em  cultura  mista,  é  devido  à  excreção  de  nutrientes,  da 
levedura  para  o  meio,  como  adenina,  guanina,  ácido  aspártico  e 
nicotínico, triptofano, glicina, alanina e lisina (Narendranath et al., 
1997; Chin & Ingledew, 1994). 

Oliva­Neto (1997) pesquisou o desenvolvimento de três linhagens 
de L. fermentum, contaminantes isolados de destilarias brasileiras, 
em meios de cultivo com diferentes composições em aminoácidos 
e  em  cultura  mista  com  S.  cerevisiae.  A  análise  dos  resultados 
demonstrou que uma das linhagens estudadas não se desenvolveu 
na  ausência  de  algum  dos  seguintes  aminoácidos:  fenilalanina, 
alanina,  ácido  glutâmico,  cistina,  prolina,  histidina,  arginina, 
treonina,  triptofano,  serina  e  metionina.  Também  evidenciou  que 
todas  as  linhagens  testadas  não  se  desenvolveram  em  meios 
ausentes dos aminoácidos leucina, isoleucina e valina, porém todas 
as  linhagens  desenvolveram­se  quando  em  cultura  mista  com 
a  levedura.  Portanto,  o  estímulo  ao  desenvolvimento  bacteriano 
também  é  causado  pela  liberação  de  aminoácidos  e  a  presença 
de  aminoácidos  no  meio  fermentativo  pode  ser  causada  pela 
autólise das  células  de leveduras. O desenvolvimento bacteriano 
é favorecido nos estágios fi nais do ciclo fermentativo (Oliva­Neto, 
1995). 

Nang et al.  (1992)  estudaram  a estimulação  no desenvolvimento 


de  L.  casei  em  cultura  mista  com  S.  cerevisiae,  em  meio  de 
melaço de beterraba, e relataram que  o estímulo  também ocorre 
principalmente  devido  à  hidrólise  da  sacarose  em  hexoses 
proporcionando  maior  facilidade  de  assimilação  dos  carboidratos 
pela bactéria. 

Serra  et  al.  (1980)  avaliaram  as  condições  de  controle  de 
fermentação e determinaram que há uma correlação positiva entre 
a viabilidade da levedura e o rendimento fermentativo, mostrando 
a  necessidade  de  controle  sobre  os  fatores  que  infl uem  na 
viabilidade celular. 

Segundo Oliva­Neto (1995), o controle bacteriano na produção de 
etanol  é  imprescindível,  pois  eleva  o  custo  do  produto,  portanto

94  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
justifi ca­se  a  necessidade  de conhecer os fatores  que  estimulam 
a multiplicação bacteriana durante o processo fermentativo, além 
de buscar novas tecnologias menos onerosas para o controle do 
contaminante na fermentação alcoólica. 

Na  tentativa  de  controle  dos  contaminantes  da  fermentação 


alcoólica,  diversas  práticas  envolvendo  a  utilização  de  agentes 
antimicrobianos  são  utilizadas,  sendo  que  a  aplicação  de  ácido 
sulfúrico  no  preparo  de  pé­decuba  é  a  prática  mais  utilizada  e 
possibilita  reduções  de  até  44,56  %  na  população  de  bactérias 
contaminantes (Gallo, 1990). 

O  ácido  sulfúrico  é  largamente  utilizado,  pois,  além  de  custo 


relativamente baixo, reduz a fl oculação melhorando a concentração 
do  creme  de  levedura  nas  centrífugas.  Ngang  et  al.  (1989) 
pesquisaram  o efeito  da cultura  mista com L. fermentum  durante 
seis reciclos de fermentação em batelada de mosto à base de milho 
e relataram que a presença da bactéria que ocasionou decréscimo 
na  produção  de  etanol,  aumento  do  desvio  de  carboidratos  para 
a  produção  de  glicerol  e  ácido  lático,  levou  à  queda  acentuada 
da  viabilidade  da  levedura,  redução  na  formação  de  massa 
celular de levedura e inibição no desenvolvimento da bactéria. Os 
autores concluíram que a inibição exercida pela levedura sobre o 
L.  fermentum  ocasionou  redução  da  formação  de  ácido  lático  e 
acético  pela  bactéria.  Também  relatam  que  a  levedura  foi  capaz 
de  exercer  antibiose  sufi ciente  sobre  a  bactéria  para  reduzir  a 
contaminação bacteriana. 

Gallo (1990) relatou queda de 97 % na viabilidade de S. cerevisiae 
após  12h  em  cultura  mista  com  L.  fermentum.  Estudando  a 
viabilidade da levedura com adições de cultura da bactéria inativada 
por autoclavagem (120 ºC durante 15min) relatou redução de 55% 
na viabilidade da levedura após 12h e 98% após 30h. Ao analisar 
os  resultados,  destaca­se  a  acentuada  queda  na  viabilidade  da 
levedura, entretanto, o autor não detalha o nível de contaminação 
ao qual a levedura foi exposta. 

Os  estudos  realizados  com  culturas  mistas  frequentemente 


relatam a ocorrência de reduções e restrições no desenvolvimento 
da  levedura  e  um  estímulo  no  crescimento  das  bactérias, 
porém  poucos  estudos  foram  realizados  para  avaliar  os  efeitos 
ocasionados  pela  atividade  da  levedura,  ou  da  fermentação 
alcoólica sobre a atividade da bactéria. 

A  ação  inibidora  do  ácido  benzóico  na  multiplicação  da  levedura 


pode ser explicada pela competição com o acetil pela coenzima­A, 
reduzindo, assim, a formação de acetil­coenzima­A e bloqueando 
a  atividade  da  carboxilase  pirúvica.  Dessa  forma,  os  processos 
que envolvem a utilização da acetil­coenzima­A fi cam prejudicados 
e  ocorre  redução  na  síntese  de  compostos  como  os  ácidos 
alfacetoisocapróico, succínico, oxaloacético, aspártico; da leucina 
e  treonina  e  dos  álcoois  isoamílico  n­propílico  (Griffi th,  1989  e 
Gutierrez 1991). 

Basso et al. (1997) pesquisaram o uso de 1,2 mmol.L­1 de ácido

Etapa VI ­ Volume 1  95 
benzóico em três unidades industriais produtoras de etanol, a partir 
de  substrato  industrial  (caldo  de  cana  e  melaço),  e  constataram 
aumento  na  produção  de  etanol  e  redução  de  glicerol  e  ácido 
succínico,  bem  como  elevação  da  contaminação  bacteriana.  A 
contaminação  foi  elevada  e  inviabilizou  o  uso  industrial  do  sal, 
pois  o  aumento  no  rendimento  fermentativo  foi  relativamente 
inferior  ao  aumento  de  custos,  devido  à  necessidade  do  uso  de 
antibióticos.  Dessa  forma,  pesquisaram  o  efeito  inibidor  de  600 
mg.L­1  de  ácido  succínico  sobre  onze  espécies  de  bactérias 
Gram­positivas contaminantes e avaliaram a ação inibidora sobre 
as espécies estudadas. Os autores justifi cam que a ação inibidora 
da fermentação foi exercida não apenas pela acidifi cação do meio 
causada  pelo  ácido  orgânico  excretado  para  o  meio,  mas  pelo 
próprio ânion succinato e ao seu efeito sinergístico com o etanol. 
Outra ação antibacteriana demonstrada pelo tratamento pode ser 
atribuída à rápida utilização dos nutrientes pelas leveduras. 

Este roteiro propôs­se a contribuir com seu aprimoramento como 
profi ssional  da  indústria  sucroalcooleira,  esta  tão  importante  e 
promissora  para  a  economia  do  país.  O  bom  profi ssional  da 
área  deve  conhecer  e  dominar,  entre  outros,  as  tecnologias  de 
fermentação,  processo  obrigatório  na  transformação  da  matéria­ 
prima em álcool. 

Sendo assim, após o estudo deste roteiro, indicamos a realização 
das atividades de autoverifi cação, a seguir, como forma de prepará­ 
lo(a)  para  as  atividades  a  distância  e  a  avaliação  presencial. 
Durante  seus  estudos,  anote  suas  dúvidas  e  esclareça­as  com 
seu preceptor. 

Bons estudos! 

Atividades 

Atividade 1
Aponte os principais fatores que fazem do Brasil um dos principais 
países produtores de etanol no mundo. 

Atividade 2 
Responda  quais  os  principais  fatores  que  limitam  o  processo 
fermentativo. 

Atividade 3 
Explique como as leveduras podem se desenvolver em ambientes 
aeróbios e anaeróbios.

96  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Atividade 4
Responda  quais  nutrientes  são  necessários  para  um  bom 
metabolismo celular. 

Atividade 5 
Escreva  as  características  do  mosto  ideal  para  fornecer  os 
nutrientes essenciais ao metabolismo das leveduras. 

Referências

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de esporos e na multiplicação de bactérias isoladas de 
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Etapa VI ­ Volume 1  97 
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98  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
COMPONENTE CURRICULAR
Tecnologia Açucar
ROTEIRO DE ESTUDO 1 
Transferência de calor e massa na evaporação  
Anderson dos Santos Morais 

Objetivos 
Caro(a) aluno(a) 

Ao fi nal dos seus estudos, você estará apto(a) a: 
•  compreender  os  balanços  de  massa  e  energia  envolvidos 
no sistema de evaporação; 
•  analisar a termodinâmica envolvida na evaporação; 
•  identifi car conceitos básicos sobre transferência de calor; 
•  identifi car conceitos básicos sobre transferência de massa; 
• conceituar transferência simultânea de calor e massa. 

1 –Transferência de calor e massa 
Transferência de calor por condução e por convecção 
Quando dois objetos estão em temperaturas diferentes, calor será 
transferido do objeto mais quente para o mais frio.  A transferência 
de calor pode se dar por condução quando há contato físico direto 
entre  os  objetos;  por  convecção  quando  há  um  líquido  ou  gás 
entre eles; ou por radiação, que pode ocorrer mesmo na ausência 
de qualquer meio físico entre os objetos. 

Transferência  de  calor  condutiva  é  usualmente  associada 


a  sólidos,  quando  uma  molécula  faz  vibrar  outra  molécula  na 
estrutura cristalina.  A taxa de transferência de calor num sólido é 
proporcional à condutividade térmica do material.  Metais tendem 
a  ser  bons  condutores  térmicos,  o  que  faz  deles  úteis  quando 
altas  taxas  de  transferência  de  calor  são  desejadas.    Outros 
materiais são bem menos condutores e são usados como isolantes 
térmicos. 

Transferência de calor por convecção ocorre quando um fl uido 
a  uma  determinada  temperatura  entra  em  contato  com  uma 
substância em outra temperatura.  Por exemplo, ar quente numa 
casa  no  inverno  que  entra  em  contato  com  a  superfície  fria  da 
parede,  transferirá calor  para  a parede.    Quando esse  ar  quente 
perde  parte  do  seu  calor,  ele  torna­se  mais  frio  e  mais  denso,  e 
então desce para ser substituído por mais ar quente do interior da 
sala. Assim,  há  um  movimento  contínuo  do  ar  dentro  da  sala,  e 
com ele uma transferência de calor da sala quente para a parede 
fria.  A parede fria por sua vez, conduz calor para a parede exterior 
fria da sala, de onde o ar de fora remove o calor por convecção. 

Etapa VI ­ Volume 1  101 
Em  transferência  de  calor,  o  conceito  de  Coefi ciente  Global 
de  Troca  de  Calor,  U,  é  apresentado  como  uma  maneira  de 
sistematizar  as  diferentes  resistências  térmicas  equivalentes 
existentes  num  processo  de  troca  de  calor  entre  duas  correntes 
de fl uido, por exemplo. A partir da lei do resfriamento de Newton: 

(1) 

Sempre que um corpo está a uma temperatura maior que a de outro 
ou,  inclusive,  no  mesmo  corpo  existam  temperaturas  diferentes, 
ocorre  a  migração  de  energia  da  região  de  temperatura  mais 
elevada para a mais baixa, até o equilíbrio e a esse fenômeno dá­ 
se o nome de transmissão ou transferência de calor. 

A Termodinâmica relaciona o calor com outras formas de energia e 
trabalha com sistemas em equilíbrio, enquanto a Transmissão de 
Calor preocupa­se com o mecanismo,  a  duração e as  condições 
necessárias para que o citado sistema atinja o equilíbrio. 

Os  processos  de  Transmissão  de  Calor  respeitam  a  primeira  e 


a  segunda  Lei  da  Termodinâmica,  mas,  nem  por  isto,  pode­ 
se  esperar  que  os  conceitos  básicos  da  Transmissão  de  Calor 
possam  simplesmente  originar­se  das  leis  fundamentais  da 
Termodinâmica. 

Como citado anteriormente, o calor se transmite sempre no sentido 
da  maior  para  a  menor  temperatura  e  só  haverá  transmissão  de 
calor  se  houver  diferença  de  temperatura,  da  mesma  forma  que 
a  corrente elétrica transita do maior para o menor potencial e só 
haverá passagem de corrente elétrica se houver uma diferença de 
potencial. 

Seja  uma  parede  em  forma  de  paralelepípedo,  com  todas  as 
faces sufi cientemente isoladas,  exceto duas  opostas  e  paralelas; 
de início estas faces estão à mesma temperatura Ti, logo não há 
transmissão de calor através da parede. Em determinado instante, 
eleva­se  subitamente  uma  das  faces  à  temperatura  Tf  e  haverá 
transporte de calor na direção do fl uído mais frio. 

Em  diversos  momentos,  ao  longo  do  estudo  da  transferência 


de  calor  em  evaporadores,  será  estudada  a  troca  de  calor  entre 
fl uidos  e superfícies divisoras do escoamento. Com  as hipóteses 
de  regime  permanente,  utilizamos  o  conceito  das  resistências 
térmicas equivalentes e será apresentado o Coefi ciente Global de 
Troca de Calor, U. Vejamos dois exemplos: 
•  parede plana 
• parede cilíndrica 

102  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Parede plana: 

Figura 1 – Esquematização de troca de calor em uma parede plana 
Fonte: Incropera,2008 

Parede cilíndrica:
Consideremos  a  transferência de  calor  entre os  fl uidos  do  casco 
e  dos  tubos  nos  feixes  de  tubos  de  um  trocador  cilíndrico,  como 
mostra  a  Figura  2.  O  calor  trocado  entre  os  fl uidos  através  das 
superfícies dos tubos pode ser obtido considerando as resistências 
térmicas : 

Figura 2 – Representação de trocador cilíndrico 
Fonte: Incropera,2008 

Com esses exemplos é possível caracterizar os dois regimes em 
que  podem  suceder  as  formas  de  transmissão  de  calor.  Durante 
o  período  em  que  um  mesmo  ponto  da  parede  alterou  sua 
temperatura com o tempo, diz­se que a parede estava em regime 
transitório, e, quando a temperatura do mesmo ponto conservou­ 
se constante, diz­se que na parede estava em regime estacionário 
ou  permanente;  são  esses  os  dois  regimes  de  transmissão  de 
calor. 

O  regime  transitório  pode  ser  particularmente  um  caso  de 


periodicidade, no qual as temperaturas de um mesmo ponto variem 
ciclicamente  segundo  uma  determinada  lei,  como,  por  exemplo, 
uma  variação.  A  esse  regime  costuma­se  denominar  regime 
periódico. É possível e muito útil defi nir regime estacionário 

Etapa VI ­ Volume 1  103 
e  regime  transitório  em  termos  de  fl uxo  de  calor. Assim,  regime 
estacionário  é  aquele  em  que  o  fl uxo  de  calor  é  constante  no 
interior  da  parede,  pois  os  pontos  interiores  já  apresentam 
saturação  térmica  e  não  alterarão  mais  suas  temperaturas,  logo 
o  fl uxo  de  calor  que  entra  é  igual  ao  fl uxo  de  calor  que  sai;  e 
regime transitório é aquele em que o fl uxo de calor é variável nas 
diferentes  seções da parede ou, em outras palavras, o fl uxo que 
entra é diferente do fl uxo de calor que sai. 

Existem três formas de transmissão de calor: condução, convecção 
e radiação. Tais formas são fundamentalmente diferentes, regidas 
por  leis  próprias,  mas  que,  na  realidade,  podem  ocorrer  em 
simultaneidade, o que torna, por vezes, muito complexa a solução 
absolutamente exata de um problema de transmissão de calor. 

Quando  existe  um  gradiente  de  temperatura  num  corpo,  ocorre 


uma  transferência  de  energia  de  alta  temperatura  para  a  região 
de  baixa  temperatura.  Diz­se  que  a  energia  é  transferida  por 
condução e a taxa de transferência de calor por unidade de área 
é proporcional ao gradiente normal de temperatura. 

Considerando  que  a  resistência  térmica  à  convecção  na  parede 


dos  tubos  de  um  trocador  é  desprezível  (tubos  de  parede  fi na  e 
de metal), os tubos metálicos usados são de parede fi na ( r i @r e ). 
Portanto,  as  áreas  das  superfícies  interna  e  externa  dos  tubos  são 
aproximadamente iguais, ou seja, A i @ A e. Assim, temos a equação 
 
2. 

(2) 

Sendo: 
; 
; 
; 

O coefi ciente global de transferência de calor em um trocador (U C  ) 
é defi nido assim: 

(3)

104  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
A equação 17 pode ser colocada na seguinte forma : 

(4) 

Levando  a  equação  4  na  equação  2,  a  expressão  para  a 


transferência de calor em um trocador fi ca assim : 

(5) 

Quando  estudamos  a  troca  de  calor  por  convecção  no  interior 


de  dutos  e  canais,  começamos  a  relaxar  a  hipótese  de 
temperatura média de mistura constante ao longo do escoamento. 
Consideramos  duas  situações  para  a  condição  térmica:  fl uxo 
de  calor  constante  ou  temperatura  superfi cial  constante.  Após 
a  devida  análise,  determinamos  como  a  temperatura  média  de 
mistura do fl uido varia em função do comprimento da superfície: 

•  Fluxo constante de calor na parede: 

(5) 

•  Temperatura superfi cial constante: 

(6) 

Sendo que: 
T b,i  =temperatura média de mistura na entrada do equipamento de 
troca de calor; 

; 
; 

; 
; 
= vazão mássica. 

São hipóteses: 

•  regime permanente; 
•  calores  específi cos  não  são  funções  da  temperatura 
(caso varie muito se deve usar um valor médio); 
• escoamento  totalmente  desenvolvido  (neste  caso,  o 
coefi ciente  de  troca  de  calor  por  convecção,  h,  e  o 
coefi ciente global, U, são constantes). 

Etapa VI ­ Volume 1  105 
Para  começar,  vamos  aplicar  a  primeira  Lei  da  Termodinâmica 
para relacionar as quantidades de troca de calor: 

do Fluxo Quente (FQ): 

(7) 

do Fluxo Frio (FF): 

(8) 

Invertendo as duas equações, temos: 

(9) 

(10) 

Como dq q = dq f  são iguais, podemos escrever que: 

(11) 

Entretanto,  devemos  lembrar  que,  por  defi nição,  o  calor  trocado 


pode ser escrito como: 
(12) 

Sendo U é o coefi ciente global de troca de calor. 
Substituindo (12) em (11) tem­se 

(13) 

Considerando  as  hipóteses  feitas  anteriormente,  podemos 


separar as variáveis e integrar a equação, desde A = 0 até A = A, 
obedecendo às especifi cações: 

Área  Fluido Quente  Fluido Frio  Diferença 


Entrada  A = 0  T q,e  T f,e  T q,e ­ T f,e 
Saída  A = A  T q,s  T f,s  T q,s ­ T f,s 

Que resulta em: 

(14)

106  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Lembrando as expressões da primeira Lei da Termodinâmica para 
cada uma das correntes, temos que: 
(15) 
(16) 

Entretanto, é claro que  q q  = q f  , que chamaremos simplesmente 


de  q. Assim: 

(17) 

Substituindo a equação (17) na equação (14), obtemos 

(18) 

Isolando­se o q, temos 

(19) 

Que  é  do  tipo  .  O  termo  entre  chaves  é  conhecido 


como a diferença média logarítmica de temperatura ou LMTD (do 
inglês Log Mean Temperature Difference). Operando neste termo, 
podemos escrevê­lo de forma ligeiramente diferente, mais usual: 

(20) 

Com as seguintes defi nições: 
• 
• 

Para um trocador de calor de correntes paralelas, a entrada é óbvia. 
Entretanto,  para trocadores  de  correntes opostas  ou cruzadas,  a 
situação é um pouco mais complexa. Por isto, é comum alterarmos 
a defi nição acima para uma outra: 

(21) 

Fazendo  um  balanço  de  energia  em  um  trocador  de  calor, 
considerado  como  um  sistema  adiabático;  temos  o  esquema 
mostrado na Figura 3, a seguir.

Etapa VI ­ Volume 1  107 
Figura 3 – Apresentação do balanço de energia em um trocador de calor 
Fonte: Incropera,2008 

Calor cedido pelo fl uido quente = Calor recebido pelo fl uido frio 

(22) 
(23) 

(24) 

Quando um dos  fl uidos é submetido a  uma mudança de fase no 


trocador,  a  sua  temperatura  não  varia  durante  a  transformação. 
Portanto, o calor trocado será : 

(25) 

em  que,  =  λ  transformação  que  é  o  calor  latente  da 


transformação. 

Com  o  tempo,  vão  se  formando  incrustações  nas  superfícies  de 


troca de calor por dentro e por fora dos tubos.   Estas incrustações 
(sujeira  ou  corrosão)  vão  signifi car  uma  resistência  térmica 
adicional à troca de calor.  Como o fl uxo é dado por 

(26) 

É  evidente  que  esta  resistência  térmica  adicional  deve  aparecer 


no denominador da equação 26. Esta resistência térmica adicional 
(simbolizada por R d) é denominada fator fuligem. Desenvolvendo 
 
raciocínio similar, obtemos : 

(27)

108  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Não  se  pode  prever  a  natureza  das  incrustações  e  nem  a  sua 
velocidade  de  formação.  Portanto,  o  fator  fuligem  só  pode  ser 
obtido por meio de testes em condições reais ou por experiência. 

No sistema métrico, a unidade de fator fuligem, é dada em ( h.m  . 
o C/Kcal  ).  Entretanto  é  comum  a  não  utilização  de  unidades 
ao  se  referir  ao  fator  fuligem.  A  Tabela  1  ilustra,  no  sistema 
métrico,  fatores  fuligem  associados  com  alguns  fl uidos  utilizados 
industrialmente. 
Tabela 1. Fatores fuligem normais de alguns fl uidos industriais 
Tipo de Fluido  Fator Fuligem ( h.m 2 . o C/Kcal ) 
Água do mar  0,0001 
Vapor d’água  0,0001 
Líquido refrigerante  0,0002 
Ar industrial  0,0004 
Óleo de têmpera  0,0008 
Óleo combustível  0,001 

O coefi ciente global de transferência de calor, levando em conta o 
acúmulo de fuligem, ou seja “sujo”, é obtido por analogia: 

(28) 

A equação 29 pode ser colocada na seguinte forma : 

(29) 

Portanto, a transferência de calor em um trocador, considerando o 
coefi ciente global “sujo” (U D  ) é dada pela seguinte expressão : 

(30) 

Uma  das  aplicações  da  transferência  de  calor  é  o 


dimensionamento  dos  trocadores  de  calor,  elementos 
comuns na indústria sucroalcooleira.

O trocador de calor é um aparelho que se propõe a transmitir calor 
entre dois sistemas (fl uido quente e fl uido frio). Esta transferência 
pode  ser  efetuada  através  de  elementos  que  se  destinam  às 
mais  distintas  aplicações,  por  exemplo,  radiadores,  caldeiras, 
condensadores e evaporadores. O estudo dos trocadores de calor 
visa os seguintes objetivos: 
•  dado  um  trocador,  deseja­se  conhecer  o  fl uxo  de  calor 
transmitido e as temperaturas na saída do trocador; 
•  dado  o  fl uxo  de  calor  diretamente  ou  indiretamente,  bem 
como as temperaturas, projetar o transmissor. 

Para  que  os  objetivos  possam  ser alcançados,  pode­se  partir do 


estudo  da  lei  de  variação  de  temperaturas  ao  longo  do  trocador. 
Este estudo implica, preliminarmente, em uma classifi cação 

Etapa VI ­ Volume 1  109 
dos  trocadores  de  calor  tendo  em  vista  a  direção  da  massa  em 
escoamento. Sob este aspecto, pode­se classifi car os trocadores 
de calor em três categorias: 

•  uma  passagem  pelo  interior  dos  condutos  e  uma  pelo  seu 


exterior; 
•  uma passagem pelo interior  (exterior) e várias pelo exterior 
(interior); 
•  várias passagens pelo interior e exterior. 

Quanto  à  direção  do  escoamento,  podem­se  ter  correntes 


paralelas  de  mesmo  sentido  ou  de  sentidos  opostos  e  correntes 
cruzadas. Estas últimas costumam­se dividir em duas categorias. 
A primeira, quando não há uniformidade da temperatura na saída, 
denominada corrente cruzada sem mistura, e, a segunda, quando 
há uniformidade, denominada corrente cruzada com mistura. 

2 – Sistemas de evaporação 

A  purifi cação  do  caldo  fornece  um  caldo  clarifi cado.  Este  caldo 


é  açúcar  dissolvido  em  água  com  certas  impurezas.  Como  já  se 
eliminou  a  maior  parte  das  impurezas,  é  necessário  evaporar 
a  água  para  concentrar  a  sacarose.  Essa  é  a  fi nalidade  da 
evaporação. 

Vamos compreender melhor!
À  medida  que  a  água  evapora­se,  o  açúcar  fi ca 
concentrado.  Evaporando  mais  água  formam­se  cristais. 
Isso  vai  ser  discutido  em  outro  capítulo.  Evidentemente, 
uma  massa  concentrada  com  muitos  cristais  não  pode 
ser manipulada como um caldo ou um xarope líquido. Por 
isso, a concentração é realizada em duas fases: 
a)  evaporação  propriamente  dita,  que  vai  do  caldo  clarifi cado 
ao  xarope  e  durante  a  qual  se  trabalha  apenas  com  um 
produto líquido; 
b)  cozimento,  que  começa  justamente  antes  do  momento 
em  que  os  cristais  começam  a  aparecer  no  xarope  e  que 
vai  até  uma  concentração  máxima.  As  impurezas  fi cam 
concentradas no licor­mãe. 

Para a obtenção de caldo concentrado para fabricação de açúcar, 
o caldo clarifi cado é processado nos evaporadores onde parte da 
água do caldo é separada por evaporação. O caldo é concentrado 
de  15º  Brix  até  55­70º  Brix  e  obtém­se  um  produto  denominado 
xarope.  Na  operação  de  cozimento,  o  xarope  é  concentrado  até 
o  aparecimento  dos  cristais,  prosseguindo  até  a  concentração 
máxima com a formação da mistura chamada massa cozida a 92­ 
95º Brix.  Na evaporação, a quantidade de água a ser evaporada 
é de cerca de 750 kg de água/1.000 kg de caldo e no cozimento 
100 kg de água/1.000 kg de caldo (CTC). 

Do  ponto  de  vista  termodinâmico,  quando  o  vapor  de  água 


encontra uma superfície que está à temperatura menor que a sua, 

110  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
ele  aquece  a  superfície.  Se,  do  outro  lado,  existir  uma  solução 
a  menor  temperatura  (caldo)  será  aquecida.  Em  consequência 
disso,  o  vapor  condensa­se  e  cede  o  seu  calor  latente  para  o 
caldo (DELGADO e CESAR, 1976). 

Em evaporadores de múltiplos efeitos, não é a água, mas o caldo 
que ferve. A temperatura de ebulição duma solução de açúcar em 
água  ou  de  um  caldo  sob  uma  dada  pressão,  aumenta  com  a 
concentração da solução ou brix do caldo. 

Para purezas altas, na pressão atmosférica, a elevação do ponto 
de ebulição é cerca de: 

e = 2B/(100­B)                                                               (31) 

onde: “e” é expresso em ºC e B é o Brix da solução (ver a Tabela 2). 

Tabela  2.  Elevação  da  temperatura  do  ponto  de  ebulição  (ºC)  de  soluções  de 
sacarose, na pressão atmosférica (HUGOT, 1969) 
Purity 
Brix 
100  90  80  70  60  50  40 
10  0.1  0.1  0.1  0.1  0.2  0.2  0.2 
15  0.2  0.2  0.2  0.2  0.3  0.3  0.4 
20  0.3  0.3  0.3  0.4  0.4  0.5  0.6 
25  0.4  0.5  0.5  0.6  0.7  0.8  0.9 
30  0.6  0.7  0.7  0.8  1.0  1.1  1.2 
35  0.8  0.9  1.0  1.1  1.3  1.4  1.6 
40  1.0  1.1  1.3  1.5  1.7  1.9  2.1 
45  1.4  1.5  1.8  2.0  2.2  2.4  2.7 
50  1.8  1.9  2.2  2.5  2.8  3.1  3.4 
55  2.3  2.5  2.8  3.1  3.5  3.9  4.3 
60  3.0  3.2  3.6  4.0  4.4  4.9  5.4 
65  3.8  4.1  4.5  4.9  5.5  6.0  6.5 
70  5.1  5.5  6.0  6.5  7.1  7.7  8.3 
75  7.0  7.5  8.0  8.6  9.4  10.1  10.8 
80  9.4  10.0  10.5  11.3  12.3  13.1  14.1 
85  13.0  13.7  14.4  15.3  16.4  17.4  19.1 
90  19.6  20.5  21.2  22.4  23.7  25.3 
94  30.5
Fonte: HUGOT, 1969 

A equação (32) possibilita o cálculo em função do vácuo (cm Hg), 
para pureza de 100%. 

(32) 

Sendo: 

e = Temperatura do ponto de ebulição do caldo (ºC); 
B = Brix; 
h = Pressão de vácuo em cm de Hg. 

Etapa VI ­ Volume 1  111 
Os  evaporadores  do  processo  de  fabricação  de  sacarose, 
tipicamente, removem cerca de 90% da água do caldo clarifi cado, 
aumentando  o  conteúdo  de  sólidos  do  caldo  de  cerca  de  15% 
para  cerca  de  65  a  70%.  Tendo  como  base  de  preço  o  ano  de 
1973, o preço da energia aumentou, drasticamente no mundo, de 
200 a 500%, entre os anos 80 e início dos 90. 

Importante! 

O  aumento  do  custo  da  energia  fez  com  que  fossem 


priorizados  aperfeiçoamentos  na  efi ciência  de 
equipamentos  na  fabricação  de  açúcar,  principalmente 
onde existe mudança de fases: evaporação e cristalização 
(CHEN; CHOU, 1993). 

Saiba mais...
Geralmente,  a  capacidade  de  um  sistema  de  evaporação  é 
projetada  para  uma  dada  pressão  e  temperatura  do  vapor  de 
escape  e  normalmente  a  pressão  manométrica  se  situa  entre 
1,3  a  1,7  kgf/cm 2 .  Se  a  pressão  é  reduzida,  a  capacidade  do 
sistema  também  é  reduzida  devido  à  diminuição  da  diferença 
total  de  temperatura.  Operação  a  pressões  maiores  que  2  kgf/ 
cm 2  deve  ser evitada,  pois  a  exposição  do  caldo  a temperaturas 
muito elevadas é prejudicial devido à caramelização da sacarose, 
provocando  perda  de  açúcar  e  formação  de  cor  (Centro  de 
Tecnologia Canavieira). 

O funcionamento de um evaporador numa usina de açúcar, desde 
que dotado de todos os assessórios em condições de fácil controle, 
é relativamente simples. O caldo clarifi cado já em disponibilidade 
para  o  setor  de  evaporação,  geralmente  vem  aos  evaporadores, 
passando inicialmente pelos pré­evaporadores ou não, através de 
bomba centrífuga ou por gravidade. 

Entretanto,  antes  de  admitir  o  caldo  clarifi cado  no  primeiro  vaso 


do quádruplo­efeito, por  exemplo, o operador deste setor, depois 
de  verifi car  todas  as  condições  mecânicas  do  aparelho,  liga  a 
bomba de vácuo e abre a passagem de água fria no condensador. 
Em  caso  de  se  usar  um  multijato,  abre­se  apenas  a  válvula  de 
admissão  de  água fria  neste  equipamento.  E, nessas  condições, 
o  ar  dos  diferentes  vasos  vai  sendo  retirado  e  alguma  condição 
de  vácuo  vai  sendo  observada  nos  medidores.  Depois  de  algum 
tempo  de  funcionamento  do  sistema  de  vácuo,  a  válvula  que 
controla a admissão de caldo clarifi cado é aberta. Depois de se ter 
um bom volume de  caldo  no primeiro  vaso, abre­se a passagem 
para  o  segundo  vaso.  E,  nessa  etapa,  a  admissão  do  vapor  de 
aquecimento  na  primeira  calandra  é  providenciada.  Do  segundo 
vaso,  o  caldo  passa  para  o  terceiro  e  deste  para  o  quarto  em 
consequência  da  diferença  de  pressão  existente  entre  os  vasos. 
Todos  os  vasos  devem  trabalhar  com  uma  carga  de  caldo  que 
não  chegue  nunca a ultrapassar o espelho superior da  calandra. 

112  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
A  evaporação  é  inicialmente  efetuada  com  vapor  de  escape  das 
turbinas  e  sucessivamente  com  o  vapor  vegetal  dos  efeitos  do 
sistema de evaporação. 

A efi ciência da evaporação irá depender da transferência de calor 
entre o vapor na superfície de troca térmica e o caldo que fl ui na 
outra face (superfície) de troca térmica. 

No dimensionamento dos evaporadores, toma­se como referência 
as características físico­químicas do caldo, como pH, temperatura 
T,  massa  específi ca,  capacidade  calorífi ca;  as  características  do 
equipamento;  as  condições  de  operação,  como  velocidade  de 
escoamento  do  caldo,  vazão  mássica  e  as  características  do 
vapor  de  aquecimento  como  temperatura,  vazão  e  velocidade, 
bem como as disponibilidades mássicas de caldo e vapor. 

Uma  placa  de  metal  aquecida  irá  se  resfriar  mais  rapidamente 
quando  colocada  em  frente  ao  ventilador  do  que  exposta  ao  ar 
parado.  Este  processo  é  chamado  de  transferência  de  calor  por 
convecção. O termo convecção fornece a você uma noção intuitiva 
em relação ao processo de transferência de calor; entretanto, esta 
noção  intuitiva  deve  ser  ampliada  para  que  se  possa  conseguir 
um tratamento analítico adequado do problema. 

Exemplifi cando... 

A  velocidade  do  ar  sobre  a  placa  aquecida  infl uencia  a  taxa  de 


transferência de calor. Devemos supor que a taxa de transferência 
de calor será diferente se a placa for resfriada com água em vez 
de  ar.  Agora,  o  mecanismo  físico  da  transferência  de  calor  por 
convecção será  esquematizado e mostrada a sua  relação com o 
processo de condução. 

Considere  a  placa  aquecida  mostrada  na  Figura  5  (a)  e  (b). 


A  temperatura  da  placa  é  Ts,  e  a  temperatura  do  fl uido  é  T¥ =
T.  Nesta  está  representado  o  comportamento  da  velocidade  do 
escoamento,  que  se  reduz  a  zero  na  superfície  da  placa  como 
resultado da ação viscosa. 

Como a velocidade da camada de fl uido junto à parede é 
zero, o calor  deve ser transferido somente por condução 
neste ponto. 

Assim, devemos calcular o calor transferido, usando a condutividade 
térmica do fl uido e o gradiente de temperatura junto à parede. 

Por  que,  então,  se  o  calor  é  transferido  por  condução 


nesta  camada,  falamos  em  transferência  de  calor  por 
convecção  e  precisamos  considerar  a  velocidade  do 
fl uido?

Etapa VI ­ Volume 1  113 
A resposta é que o gradiente de temperatura depende da razão na 
qual o calor é removido; uma velocidade alta produz um gradiente 
elevado de temperatura, e assim por diante. Portanto, o gradiente 
de temperatura junto à parede depende do campo de velocidade; 
consequentemente,  em  análises  posteriores,  desenvolveremos 
uma  expressão  que  relacione  essas  duas  quantidades.  Deve 
ser  lembrado,  entretanto,  que  o  mecanismo  de  transferência  de 
calor  na  parede  é  um  processo  de  condução.  O  efeito  global  da 
convecção  é  expresso  através  da  lei  de  Newton  do  resfriamento 
apresentada na Equação 1.

(a) 

(b) 

Figura  5  –  Transferência  de  calor  por  convecção  em  placa  plana  (a)  e 
apresentação das camadas limites hidrodinâmica e térmica 

Aqui  a  taxa  de  transferência  de  calor  é  relacionada  à  diferença 


de  temperatura  entre  a  parede  e  o  fl uido  e  à  área  superfi cial  A. 
A  quantidade  h  é  chamada  de  coefi ciente  de  transferência  de 
calor por convecção, e a Eq. 1.8 é a equação de defi nição deste 
parâmetro. 

Para  alguns  sistemas,  é  possível  o  cálculo  analítico  de  h.  Para 


situações complexas e determinação é experimental o coefi ciente 
de  transferência  é  algumas  vezes  chamado  de  condutância  de 
película  devido  à  sua  relação  com  o  processo  da  condução  na 
fi na  camada  de  fl uido  estacionário  junto  à  superfície  da  parede. 
Pela  Eq.1  a  unidade  de  h  é  watt  por  metro  quadrado  por  grau 
Celsius [W/(m 2 .ºC)] no SI (Sistema Internacional. 

A transferência de calor por convecção irá exibir uma dependência 
da viscosidade do fl uido além da sua dependência das propriedades 
térmicas  do  fl uido  (condutividade  térmica,  calor  específi co, 
densidade).  Isto  é  esperado,  porque  a  viscosidade  infl uencia  o 
perfi l de velocidade e, portanto, a taxa de transferência de energia 
na região junto à parede. Se uma placa aquecida estiver exposta 
ao ar ambiente sem uma fonte externa de movimentação de fl uido, 
o movimento do ar será devido aos gradientes de densidade nas 

114  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
proximidades da placa. Esta convecção é chamada natural ou livre 
em oposição à convecção forçada, que ocorre no caso de se ter 
um  ventilador  movimentando  o  ar  sobre  a  placa.  Os  fenômenos 
de ebulição e condensação são também agrupados dentro desse 
assunto de transferência de calor por convecção.

Para melhor funcionamento do equipamento, é necessário que se 
faça a limpeza periódica dos tubos, Na limpeza dos aquecedores 
existem  dois  tipos  de  processos  distintos  que  são  os  processos 
mecânico e químico. 

No processo mecânico, é efetuada a limpeza com auxílio 
de  escovas  de  aço  com  acionamento  de  um  sistema 
vibratório ou giratório para remoção das sujidades aderidas 
às paredes da tubulação. 

No  processo  químico,  é  circulada  em  alta  velocidade 


uma  solução  de  hidróxido  de  sódio  (soda  cáustica)  na 
concentração de aproximadamente 36% a uma temperatura 
de  80ºC.  Esta  operação  ocasiona  a  desencrustração  das 
sujidades das paredes da tubulação. 

Leituras Obrigatórias
Texto 1 
FOUST, A.S., WENZEL, L.A., CLUMP, C.W., MAUS, L., 
ANDERSEN, L.B.. Princípios das operações unitárias. 2. ed., 
Rio de Janeiro: LTC, 1982. 

Leia os capítulos: 

Capítulo  10  –  Balanços  diferenciais  de  massa,  de  calor  e  de 


momento 

Capitulo 15 – Transferência de calor 

Capítulo 16 – Transferência de massa 

A matéria está disposta, como na primeira edição, para acentuar 
as  semelhanças  e  oferecer  uma  possível  divisão  do  conteúdo. 
Esta  divisão  pode  constituir­se  na  mecânica  dos  fl uidos,  na 
transferência  de  calor  e  na  transferência  de  massa.  O  livro  tem 
sido adotado, com êxito, em cursos de Engenharia e Tecnologias. 

Texto 2
HUGOT, E. Manual da engenharia açucareira. 1. ed. em 
português, São Paulo: Ed. Mestre Jou, 1969. 

Etapa VI ­ Volume 1  115 
Leituras Complementares
Texto 1 
BIRD, R.B., STEWART,W.E, E LIGHTFOOT, E.N. Fenômenos de 
transporte, 2. ed. Editora LTC 2004.

Texto 2 
INCROPERA F.P. E DE WITT, D.P.  Transferência de calor e de 
massa. 5. ed. Editora LTC 2003. 

Atividades
Atividade 1 
Em um trocador casco­tubos ( TC­ 1.2 ), 3000 lb/h de água ( c p =1 
Btu/lb. o F ) é aquecida de 55  o F para 95 o F, em dois passes pelo 
casco,  por  4415  lb/h  de  óleo  (  c p =0,453  Btu/lb. o F  )  que  deixa 
o  trocador  à  140 o F,  após  um  passe  pelos  tubos.  Ao  óleo  está 
associado  um  coef.  de  película  de  287,7  Btu/h.ft 2 . o F  e  um  fator 
fuligem  de  0,005  e  à  água  está  associado  um  coef.  de  película 
de  75  Btu/h.ft 2 . o F  e  um  fator  fuligem  de  0,002.  Considerando 
que,  para  o  trocador o fator de  correção  é F T =0,95, determine o 
número de tubos de 0,5” de diâmetro externo e 6 ft de comprimento 
necessários para o trocador. 

Atividade 2
Duas  misturas  metanol­água  de  composições  diferentes  estão 
contidas em recipientes separados. A primeira mistura contém 40% 
de metanol e a segunda 70% de metanol em massa. Se 200g da 
primeira mistura são combinados com 150g da segunda mistura, 
qual a massa e a composição do produto? Considerar que não há 
interação entre o metanol e a água. 

Como  podemos  constatar,  o  processo  não  é  contínuo,  e  sim  em 


batelada, sem reação química. Embora o processo não seja contínuo, 
podemos fazer um fl uxograma para facilitar a compreensão. 

116  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Atividade 3 
Uma  experiência  de  velocidade  de  crescimento  de 
microorganismos requer o estabelecimento de um ambiente de ar 
úmido enriquecido em oxigênio. Três correntes são alimentadas à 
câmara de evaporação para produzir uma corrente de saída com 
a composição desejada. 

A) água líquida, alimentada à vazão de 20 cm 3  / min; 
B) ar (21% O 2 , 79% N 2  molar); 
C) oxigênio  puro,  com  vazão  molar  igual  a  um  quinto  da  vazão 
molar da corrente B. 

O  gás  de  saída  é  analisado  em  um  cromatógrafo  e  observa­ 


se  que  ele  contém  1,5%  molar  de  água.  Calcule  as  variáveis 
desconhecidas. 

Processo contínuo, em regime permanente, sem reação química. 
Seja N a indicação do nitrogênio; O de oxigênio e A de água. 

Atividade 4
Uma  garrafa  térmica  contém  4  litros  de  café  a  uma  temperatura 
de  90  ºC.  O  café  frio  de  um  copo  com  volume  2  litros,  a  30  ºC, 
é  despejado  de  volta  na  garrafa.  Se  a  capacidade  calorífi ca  da 
garrafa  for  desprezível,  calcule  a  temperatura  do  café  depois  da 
mistura. 

Atividade 5 
Identifi que e descreva são as etapas do processo de evaporação. 

Referências 
BIRD, R.B., STEWART,W.E, E LIGHTFOOT, E.N. Fenômenos de 
transporte. 2. ed., Editora LTC 2004. 

FOUST, A.S., WENZEL, L.A., CLUMP, C.W., MAUS, L., 
ANDERSEN, L.B. Princípios das operações unitárias. 2. ed. 
Rio de Janeiro: LTC, 1982; 

HUGOT, E. Manual da engenharia açucareira. 1ª ed. em 
português, São Paulo: Ed. Mestre Jou, 1969. 

INCROPERA F.P. E DE WITT, D.P. Transferência de calor e de 
massa. 5. ed. Editora LTC, 2003.
Etapa VI ­ Volume 1  117 
118  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira
REFERENCIAL DE RESPOSTAS 

UNIDADE TEMÁTICA ou COMPONENTE CURRICULAR 
Integração de Sistemas de Produção 

Roteiro de Estudo 1 
A automação industrial e os novos conceitos em integração de sistemas 

Atividade 1 ­ p. 58 
Cada vez mais empresas estão utilizando sistemas de informação para uma melhor gerência 
e controle da organização, pois além de apoiar, coordenar e controlar a tomada de decisão, 
os sistemas de informação também podem ajudar os gerentes e trabalhadores a analisarem 
problemas, visualizar informações complexas e criar novos produtos. 

Em  um  ambiente produtivo, a  falta  de  informações confi áveis  de  chão  de  fábrica  cria  uma 
perspectiva  que  não  retrata  a  realidade.  Dessa  forma,  o  MES  pode  ser  visto  como  um 
sistema de execução e controle do chão de fábrica que surgiu para satisfazer a necessidade 
de  um  sistema  para  identifi cação  e  planejamento  dos  recursos  necessários  para  que  as 
empresas possam atender seus clientes em termos de manufatura, distribuição e serviços. 
Os  sistemas  ERP,  apesar  de  integrarem  toda  a  empresa,  não  são  capazes  de  suportar 
as  atividades  ocorridas  no  ambiente  operacional.  Com  isso,  o  MES  é  o  responsável  por 
alimentar o sistema de planejamento com informações sobre o que é realizado no chão de 
fábrica da empres 

Atividade 2 ­ p. 58 
A instrumentação de campo é uma área de interface crítica entre o processo e o sistema de 
automação onde um trabalho integrado de projeto, manutenção e operação buscam garantir 
a fi delidade dos sinais para as funções de regulação e controle avançado. 

Atividade 3 ­ p. 58 
Nas  indústrias,  o  termo  processo  tem  um  signifi cado  amplo.  Uma  operação  unitária, 
como  por  exemplo,  destilação,  fi ltração  ou  aquecimento,  é  considerado  um  processo. 
Quando  se  trata  de  controle,  uma  tubulação  por  onde  escoa  um  fl uído,  um  reservatório 
contendo  água,  um  aquecedor  ou  um  equipamento  qualquer  é  denominado  de  processo. 

Processo  é  uma  operação  ou  uma  série  de  operações  realizada  em  um  determinado 
equipamento,  onde  varia  pelo  menos  uma  característica  física  ou  química  de  um  material. 
Os processos industriais exigem controle na fabricação de seus produtos. Os processos são 
muito variados e abrangem muitos tipos de produtos como, por exemplo,  a fabricação dos 
derivados do petróleo, produtos alimentícios, indústria de papel e celulose, açúcar e álcool, etc. 

Um processo pode ser controlado através de medição de variáveis que representam o estado 
desejado e ajustando automaticamente as outras variáveis, de maneira a se conseguir um 
valor  desejado  para  a  variável  controlada. As  condições  ambientais  devem  sempre  serem 
incluídas na relação de variáveis de processo. 

Transmissor de temperatura: Instrumento que mede temperatura, através de um elemento 
primário,  e  transmite  para  outro  instrumento  a  distância  através  de  um  sinal  padronizado 
proporcional à temperatura medida e a transmite para outro instrumento a distância através 
de um sinal padronizado proporcional a temperatura medida.

Etapa VI ­ Volume 1  119 
Transdutor (Sensor): Termo aplicado ao instrumento que não trabalha com sinal na entrada 
sendo sua saída padrão. Transmissores entre outros, podem ser considerados um transdutor, 
porém estes elementos possuem funções específi cas com nomes específi cos. 

Elemento  Final  de  Controle:  Instrumento  que  modifi ca  diretamente  o  valor  da  variável 
manipulada de uma malha de controle. 

Atividade 4 ­ p. 58 
Podemos  defi nir  com  SDCD  ao  conjunto  integrado  de  dispositivos  que  se  completam  no 
cumprimento das  suas funções que utiliza técnicas  de processamento digital  (discreto) em 
contraposição  ao  análogo  (contínuo)  com  vistas  a  manter  o  comportamento  de  um  dado 
processo dentro dos pontos de operação preestabelecidos de forma descentralizada (dados, 
processamento e das decisões) com uso de estações remotas. Além de oferecer uma interface 
homem máquina (IHM) de grande resolução, permite o interfaceamento com controladores 
lógicos programáveis, equipamentos inteligentes (comunicação digital) e sistemas em rede. 

Atividade 5 ­ p. 58
Defi nição:   É  um  conjunto  de  hardware  e  software  que  permite  ao  operador  ter  acesso  a 
informações de um processo, tais como: 

•  Estado operacional de equipamentos 
•  Valores de variáveis de processo 
•  Alarmes 
•  Relatórios 
•  Etc 
Funções:   Coletar  dados  dos  vários  dispositivos  de  campo  apresentando­os  de  forma 
padronizada e amigável, permitindo uma efi ciente interação com o processo. De uma forma 
geral podemos listar as seguintes funções: 

• Apresentação de valores de variáveis de processo em tempo real; 
• Geração de gráfi cos de tendência de variáveis de processo; 
• Anunciação e Reconhecimento de alarmes; 
• Sinalização de estado operacional de equipamentos; 
• Ligar e Desligar equipamentos; 
• Registro de eventos; 
• Alteração de parâmetros de operação: 
o  “By­pass” de pontos de entrada; 
o  “Override” de pontos de saída; 
o  Parametrização de instrumentos; 
•  Registro histórico de variáveis de processo; 
•  Armazenamento, recuperação de dados de  equipamentos; 
•  Emissão de relatórios. 
Hardware Básico: 
•  Estações de Supervisão 
•  Redes de Comunicação 
•  Impressoras 
•  Equipamentos de Telecomunicações 
•  CLP’s 

120  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
UNIDADE TEMÁTICA ou COMPONENTE CURRICULAR 
Tecnologia do Álcool 

Roteiro de Estudo 1 
Microbiologia das fermentações 

Atividade 1 ­ p. 78 
A  produção  comercial  dos  produtos  de  fermentação  tem  utilizado  principalmente  diversas 
espécies de bactérias, leveduras e fungos, ainda que os avanços recentes no desenvolvimento 
de técnicas de cultivos tenham permitido utilizar células mais complexas nos processos de 
fermentação.  Na  natureza,  existem  duas  classes  principais  de  células,  ambas  utilizadas 
nos processo  de fermentação  industrial:  Procariontes  ­  células  bacterianas  e Eucariontes  ­ 
leveduras, fungos, células animais e vegetais. 

Atividade 2 ­ p. 78 
Os  micro­organismos  também  se  diferenciam  em  função  de  suas  exigências  de  oxigênio, 
podendo dividir­se em estritamente aeróbias, como os Streptomyces e a maioria dos fungos 
fi lamentosos, que podem desenvolver­se unicamente em presença de O 2  e os estritamente 
anaeróbios,  como  os  Clostrídios,  que  unicamente  podem  crescer  na  ausência  de  O 2  e  os 
micro­organismos  facultativos,  entre  eles  as  leveduras  industriais,  que  podem  crescer  em 
situação de aerobiose e anaerobiose. 

Atividade 3 ­ p. 78 
As  bactérias  são  seres  unicelulares  microscópicos  que  se  reproduzem  por  divisão  binária. 
São organismos extremamente versáteis, podendo ser aplicadas para a produção industrial 
de vários produtos, tais como antibióticos, polímeros e sobretudo produtos de química fi na. 

As bactérias são seres unicelulares aclorofi lados, microscópicos, que se produzem por divisão 
binária. Elas são células esféricas ou em forma de bastonetes curtos com tamanhos variados, 
alcançando às vezes micrômetros linearmente. Na maioria das espécies, a proteção da célula 
é feita por uma camada extremamente resistente, a parede celular, havendo imediatamente 
abaixo uma membrana citoplasmática que delimita um único compartimento contendo DNA, 
RNA, proteínas e pequenas moléculas. 

Atividade 4 ­ p. 78 
Leveduras são defi nidas como fungos que têm a fase unicelular como predominante em seu 
ciclo de vida, nos quais a reprodução se dá por brotamento ou por fi ssão. Embora haja fungos 
que apresentem uma fase leveduriforme em seu ciclo de vida, esta tem que ser predominante 
para  que  um  fungo  possa  ser  classifi cado  como  levedura.  Porém,  o  termo  levedura  não 
tem  nenhum  signifi cado  taxonômico,  denotando  apenas  uma  forma  de  crescimento  de 
fungos.  Deste  modo, existem várias  espécies de zigomicetos, ascomicetos,  basidiomicetos 
e deuteromicetos que podem apresentar crescimento tanto micelial como leveduriforme, de 
acordo com as condições ambientais. 

As bactérias utilizadas nos processos fermentativos são principalmente quimiorganotrófi cos, 
isto é, podem obter sua energia e seu carbono por oxidação dos compostos orgânicos. As 
bactérias podem dividir­se em Gram positiva e Gram negativa, em função de suas resposta a

Etapa VI ­ Volume 1  121 
coloração de Gram. A reprodução se dá por divisão assexuada. Os esporos são produzidos 
usualmente  em  resposta  as  condições  adversas  do  meio,  porque  são  mais  resistentes  ao 
calor  e  aos  compostos  tóxicos  que  as  células  vegetativas  e  posteriormente  germinam  em 
condições apropriadas. 

Roteiro de Estudo1 
Tecnologia das fermentações 

Atividade 1 ­ p. 96 
A  produção  de  etanol  por  via  fermentativa  é  o  processo  mais  utilizado  e  aplicado  pelas 
indústrias  produtoras  dessa  matéria­prima.  No  Brasil,  a  cana­de­açúcar  se  destaca,  pela 
sua disponibilidade e custo, como o principal meio utilizado na fermentação, pois se trata de 
uma rica fonte de carbono com elevada concentração de açúcares e de sacarose, além da 
glicose e frutose. 

Em  outros  locais,  como  EUA,  e  o  continente  europeu,  o  álcool  é  produzido  a  partir  do 
milho  ou  beterraba,  porém  esse  processo  torna  sua  produção  economicamente  inviável 
para  utilização  como  combustível,  por  apresentar  um  custo  elevado  frente  às  condições 
brasileiras.  A  Saccharomyces  cerevisiae  é  o  principal  micro­organismo  utilizado  nesses 
processos devido à sua maior produtividade, adequação ao meio e robustez. 

Atividade 2 ­ p. 96 
Numa planta de etanol, os típicos fatores de estresse para as leveduras, incluem: temperatura 
da fermentação, defi ciência de nutrientes no substrato, oxigênio, concentração de etanol, pH. 

O etanol foi a primeira substância a ser reconhecida como inibidor da fermentação alcoólica. 
As  leveduras  dos  gêneros  Saccharomyces  cerevisiae  são  consideradas  as  de  melhor 
resistência ao efeito tóxico do etanol. Este efeito é considerado resultante de vários aspectos: 
os mecanismos inibidores de base, a presença ou não de outros inibidores, composição do 
meio,  pressão  parcial  em  oxigênio,  temperatura,  natureza  da  cepa  e  condições  de  cultivo 
(batelada ou contínua). Os fatores que infl uenciam a sensibilidade ao etanol, agem direta ou 
indiretamente sobre as propriedades da membrana plasmática. Entretanto, o etanol parece 
não ter um efeito único, provocando modifi cações nas propriedades da membrana lipídica e 
nos sistemas de transporte de soluto e agindo sobre algumas enzimas. 

Atividade 3 ­ p. 96 

As leveduras são capazes de crescer tanto em aerobiose como em anaerobiose, quando há 
a presença de açúcares fermentáveis no meio, como glicose, frutose, sacarose ou maltose, 
o crescimento é anaeróbico, as enzimas da cadeia respiratória e do ciclo de Krebs têm sua 
síntese  reprimida,  num  fenômeno  chamado  repressão  catabólica  por  glicose.  Quando  da 
ausência desses açúcares no meio, as enzimas do metabolismo respiratório passam a ser 
sintetizadas e o crescimento passa a ser aeróbico. Devido a isso, as leveduras são capazes 
de fazer a fermentação alcoólica.

122  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Atividade 4 ­ p. 97 
Para os autotrófi cos, a única fonte de carbono necessária é o CO 2 . Para os heterotrófi cos, 
há necessidade de suprir o meio com outras fontes de carbono, naturais ou sintéticas: 

•  celulose, amido, sacarose, lactose, glicose (alto custo), óleos, metanol, etanol; 
•  melaço de cana­de­açúcar – composição variável; 
•  extrato de malte – cevada malteada. 

Quanto às necessidades de nitrogênio, há três categorias principais de micro­organismos: 

•  alguns micro­organismos, especialmente bactérias, retiram o nitrogênio diretamente da 
atmosfera e o convertem em nitrogênio orgânico; 
•  muitos  fungos  e  a  quase  totalidade  das  bactérias  utilizam  compostos  inorgânicos  de 
nitrogênio, como amônio e nitratos; 
•  algumas bactérias exigem fontes orgânicas de nitrogênio. 

De um modo geral, adicionar aminoácidos ou hidrolisados de proteínas favorece o crescimento 
da maioria dos heterotrófi cos: 

•  sais de amônio, sais (nitratos), ureia; 
•  líquido da maceração do milho (± 4% N); 
•  extrato de levedura e peptonas (laboratório); 
•  ar atmosférico. 

Além  de  nitrogênio,  os  micro­organismos  exigem  uma  série  de  outros  elementos,  sob  a 
forma de compostos inorgânicos, alguns em quantidade bem maiores que outros. 

•  macronutrientes – P, S, K, Mg, Ca, Fe; 
• micronutrientes – Cu, Zn, Co, B, entre outros. 

Os  compostos  orgânicos  são  indispensáveis  a  determinado  micro­organismo,  que  não 


consegue sintetizá­los e que devem estar presentes no meio para que esse micro­organismo 
possa  crescer.  Por  exemplo,  vitaminas  (especialmente  do  complexo  B),  aminoácidos, 
nucleotídeos, ácidos graxos, entre outros. 

Um  aspecto  importante  dessa  exigência  resulta  do  fato  que,  quando  um  micro­organismo 
exige  uma  determinada  quantidade  de  nutriente,  seu  crescimento  será  limitado  por  essa 
quantidade presente no meio. 

Dentro  de  certos  limites,  o  crescimento  será  proporcional  ao  teor  do  composto  limitante. 
Isso  permite  a  elaboração  de  um  método de  dosagem  de  certos  compostos,  baseados  na 
medida do crescimento microbiano. Essa é a base da dosagem microbiana de uma série de 
substâncias, principalmente aminoácidos e vitaminas. 

A água não constitui um nutriente, mas é  absolutamente indispensável para o crescimento 
dos micro­organismos. Seu papel é múltiplo. Os micro­organismos se nutrem pela passagem 
de  substâncias  em  solução  através  da  membrana  citoplasmática.  Esse  líquido  exerce 
importante função na regulação da pressão osmótica e regulação térmica. A maior parte dos 
micro­organismos morre rapidamente pela dessecação, a não ser quando esta é precedida 
pelo congelamento brusco (liofi lização). 

Como a água, o oxigênio não é um nutriente e funciona apenas como receptor de hidrogênio 

Etapa VI ­ Volume 1  123 
nos processos de respiração aeróbica. Os micro­organismos se comportam diferentemente 
em presença de O 2  livre: 

•  aeróbios  –  exigem  oxigênio  livre;  alguns,  porém,  em  pequenas  quantidades  não 
tolerando as pressões normais de O 2  atmosférico; 
•  anaeróbios – não toleram a presença de O 2  livre; 
•  facultativos – crescem na presença ou ausência de O 2 . 

Atividade 5 ­ p. 97 
A  característica  do  mosto,  que  irá  fornecer  os  nutrientes  essenciais,  deverá  atender  aos 
seguintes requisitos básicos, para a viabilidade industrial: 

1)  proporcionar  o  máximo  rendimento  de  produto  ou  biomassa  por  grama  de  substrato 
usado; 
2) produzir a máxima concentração de biomassa ou produto; 
3) permitir o máximo rendimento na formação do produto; 
4) produzir o mínimo de subprodutos indesejáveis; 
5) ser de uma qualidade permanente e estar disponível durante o ano todo; 
6) não sofrer degradação durante a esterilização; 
7)  não  deverá  causar  problemas  em  outras  etapas  do  processo  fermentativo 
particularmente: aeração, agitação, extração, purifi cação e tratamentos dos efl uentes. 

Quanto aos principais substratos utilizados na fermentação alcoólica, temos: 

a)  açucarados:  neste  grupo,  temos  as  matérias­primas  diretamente  fermentescíveis  (que 
contêm monossacarídeos, como glicose, frutose, suco de uva, maçã, pera etc.). O principal 
substrato é um monossacarídeo, a glicose, e este é metabolizado diretamente até piruvato. 
As  matérias­primas  indiretamente  fermentescíveis  são  aquelas  que  contêm  dissacarídeos, 
predominando a maltose e sacarose. Ex.: caldo de cana­de­açúcar e melaço. 

A composição do melaço de cana­de­açúcar varia em função de fatores como: 

•  qualidade da matéria­prima (variedade, idade, sanidade, maturação, queimada ou não 
etc); 
•  métodos de extração do açúcar (moagem, clarifi cação, cozimento etc.); 
•  condições técnicas das regiões açucareiras; 
• condições e tempo de armazenamento. 

b) amiláceos: contêm em sua composição polissacarídeos (amido) utilizados para produção 
de vodka, rum, whisky (tem que sofrer sacarifi cação). 

c) celulósicas: celuloses, fi bras vegetais (têm que sofrer hidrólise e sacarifi cação). 

124  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
COMPONENTE CURRICULAR: 
Tecnologia Açucar 

Roteiro de Estudo 1 
Transferência de calor e massa na evaporação 

Atividade 1 ­ p. 116 

Balanço Térmico: 

O calor recebido pela água é: 

Este calor é fornecido pelo óleo: 

Cálculo do MLDT: 

Cálculo do Coefi ciente Global: 

Cálculo da área de troca de calor e número de tubos necessários:

Etapa VI ­ Volume 1  125 
Atividade 2 ­ p. 116 

Observemos que as correntes de entrada e saída, mostradas no diagrama, denotam estados 
iniciais  do  sistema  em  batelada.  Como  não  há  reação  química,  temos  simplesmente  que: 
ENTRA = SAI 

Balanço global: 

200g + 150g = Qe (g) 

Qe = Qs = 350g 

Balanço para o metanol: 

A fração mássica de água será 1 – 0,529 = 0,471 g H2O  / g mistura 

Atividade 3 ­ p. 117 

Sabemos que: Q2 = (1/5) Q1

126  Tecnologia em Produção Sucroalcooleira 
Balanço para a água: ENTRA ÁGUA = SAI ÁGUA 

Balanço molar total: ENTRA = SAI 

Q1 + Q2 + Q3 = Q4  Q1 + 0,2 Q1 + Q3 = Q4  Q1 + 0,2 Q1 + 1,11 = 74,07 

Q1 = 60,80  mols/min 
Q2= 12,16  mols/min 
Balanço de N 2 : 0,79 Q1 = XN 4  Q4  XN4 = 0,648 mol N 2 

Balanço de O 2 : Q2 + 0,21 Q1 = XO 4  Q4 

12,16+12,77=XO 4 x74,04  XO 4  = 0,337 mol O 2 

Atividade 4 ­ p. 117 

Logo temos que: 

Aplicamos a propriedade distributiva, obtemos que: 

Atividade 5 ­ p. 117
A purifi cação do caldo fornece um caldo clarifi cado. Este caldo é açúcar dissolvido em água 
com  certas  impurezas.  Como  já  se  eliminou  a  maior  parte  das  impurezas  é  necessário 
evaporar a água para concentrar a sacarose. Essa é a fi nalidade da evaporação. À medida 
que a água é evaporada o açúcar fi ca concentrado. Evaporando mais água formam­se cristais. 
Evidentemente, uma massa concentrada com muitos cristais não pode ser manipulada como 
um caldo ou um xarope líquido. Por isso a concentração é realizada em duas fases: 

a)  evaporação propriamente dita, que vai do caldo clarifi cado ao xarope e durante a qual se 
trabalha apenas com um produto líquido; 
b)  cozimento,  que  começa  justamente  antes  do  momento  em  que  os  cristais  começam 
a  aparecer  no  xarope  e  que  vai  até  uma  concentração  máxima.  As  impurezas  fi cam 
concentradas no licor­mãe. 

Etapa VI ­ Volume 1  127 

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