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Movimentos: conceitos
fundamentais e descrição
Autores
aula
03
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Física e meio ambiente / Ciclamio Leite Barreto, Gilvan Luiz Borba, Rui Tertuliano de Medeiros.
– Natal, RN : EDUFRN, 2006.
316p. : il
1. Física. 2. Meio ambiente. 3. Sociedade. I. Borba, Gilvan Luiz. II. Medeiros, Rui Tertuliano de.
III. Título.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação
N
esta aula, você entrará em contato com o modo formal de descrever os movimentos.
Para tanto, introduziremos os conceitos fundamentais da Mecânica clássica, tais como
referenciais, sistemas de coordenadas, posição, deslocamento, distância, velocidade e
aceleração. Você também tomará contato com uma breve introdução à linguagem vetorial.
Objetivos
N
o seu cotidiano, sem dúvida, você faz uso implícito ou explícito de sistemas de referência.
Por exemplo, ao informar a alguém um determinado endereço, você geralmente indica
o caminho a seguir recorrendo a determinados pontos referenciais, tais como uma
estátua, uma residência estilizada, uma repartição pública, ou mesmo uma árvore frondosa
que faça diferença na paisagem. Assim, você poderia dar a seguinte explicação: “Vire à direita
na segunda rua após o terceiro semáforo adiante e encontrará seu endereço logo na primeira
quadra a sua esquerda’’. Ou ainda: “Siga por esta estrada até cruzar uma ponte; em seguida,
vai aparecer o cruzamento com a BR- 116; para atravessá-la, basta seguir em frente e usar o
viaduto sobre ela; prossiga; por umas duas léguas e meia adiante, você avistará, então, a sua
direita a estátua de um touro, que fica na entrada do Parque Agro-pecuário’’.
Em qualquer uma dessas situações, você estaria usando uma terminologia comum
que pode ser adaptada a uma linguagem científica, a qual é capaz de descrever completa e
corretamente os movimentos. Nela, o conceito de referencial acha-se implícito.
A Física das mudanças de posição, chamada Mecânica, descreve o movimento
através da utilização de conceitos formalmente definidos, precisos, os quais representam
quantidades físicas observáveis, cujos valores podem ser objeto de obtenção por processos
de mensuração cuidadosamente realizados. A medida da maioria dessas quantidades físicas
carece de reconhecer um marco de referência, o qual deve ser precisamente especificado.
Achei meu
ponto de
referência!
Nesta aula, iremos centrar nossa discussão em dois tipos de referenciais: os inerciais
e os não inerciais. Um referencial é dito inercial se ele obedece às leis de Newton, ou seja,
encontra-se em repouso ou em movimento retilíneo uniforme (ao longo de uma certa
direção), em relação a um outro referencial que está em repouso em relação às “estrelas
fixas’’. Caso contrário, ele será dito referencial não inercial.
Para um grande conjunto de situações, podemos considerar uma pedra em repouso
no chão como referencial inercial, mesmo sabendo que por estar fixa ao solo ela se move
junto com a Terra.
Figura 2 – Um ponto fixo da estrada pode servir como referencial para descrever nossa posição em um dado instante
Seguir a partir da posição inicial numa direção da estrada significa vir a ocupar sucessivas
posições que corresponderão a valores positivos (x > 0), realizando deslocamentos
positivos, enquanto seguir na direção oposta significará ocupar sucessivas posições que
corresponderão a valores negativos (x < 0), realizando deslocamentos negativos. Tais
deslocamentos possuem magnitude (ou módulo), que é a distância medida em relação à
origem (marco zero), bem como direção indicada, nesse caso, pelo sinal. Isso caracteriza
um deslocamento como uma quantidade física vetorial.
Figura 4 – Sistema cartesiano de eixos xy. Os pontos P e Q têm coordenadas (2, 4) e (–4, –3),
respectivamente. d1 e d2 são os correspondentes deslocamentos.
Atividade 1
Represente em um plano cartesiano os seguintes pontos: P1(0, 0); P2(–3, –5);
P3(3, 3). Escolha um cunjunto de quatro pontos, de tal modo que ao uni-los,
no plano cartesiano, se obtenha um quadrado de lado 4.
No espaço tridimensional, um ponto tem sua posição definida especificada por três
números (comprimento, largura e altura).
No sistema de coordenadas polares, essa localização é feita através de uma distância
em relação à origem e uma direção medida em relação a uma direção de referência.
Precisamos agora de uma ferramenta que nos permita escrever analiticamente o
vetor em termos das suas componentes. Para tanto, é necessário definir o que vem a ser
escalares e vetores.
E
xistem muitas grandezas físicas que se comportam matematicamente como
vetores, as quais são chamadas de grandezas vetoriais. Tais grandezas não ficam
bem caracterizadas se utilizamos apenas um número e sua unidade de medida para
representá-las. Além disso, é indispensável especificar uma direção. Assim, velocidade,
deslocamento, força, campo elétrico são exemplos de grandezas vetoriais.
Um vetor é um ente matemático, geometricamente representado por um segmento de
reta orientado que possui módulo, direção e sentido, como mostrado a seguir.
Figura 5 – Vetor como um segmento de reta orientado. Sua magnitude é v = |v| e sua direção é θ .
Por outro lado, há quantidades físicas, tais como distância, tempo e densidade, que,
para sua completa especificação, requerem tão-somente um número e a correspondente
unidade. As quantidades que não requerem a explicitação de uma direção para sua completa
especificação são chamadas escalares e aquelas que requerem são chamadas vetores.
Exemplo 1
Em uma cesta, existem três pacotes com feijão: o primeiro tem 5,0 kg; o segundo, 8,0 kg;
e o terceiro, 11,0 kg. Quantos quilos de feijão existem dentro da cesta?
É fácil, não? No pacote, existem 5,0 kg + 8,0 kg + 11,0 kg = 24,0 kg de feijão.
Assim, esta é uma grandeza escalar.
Você deve ter percebido que nesse caso não podemos garantir que a resposta seja
simplesmente a soma ou a subtração das distâncias e que para obter a resposta teríamos de
saber a posição relativa dessas cidades.
Como você percebeu olhando o mapa, a distância de Natal para Caicó não é a soma
nem a diferença entre as distâncias de Natal a Mossoró e de Mossoró a Caicó. Para obter
o valor procurado, devemos aprender como somar deslocamentos levando em conta seu
caráter vetorial, ou seja, precisamos aprender a somar vetores.
O
s vetores podem ser submetidos a operações de adição, subtração e multiplicação,
no entanto, não existe operação de divisão entre vetores. Além disso, eles estão
sujeitos a multiplicação por escalares (uma grandeza física é escalar quando sua
medida fica bem caracterizada apenas por um número e sua unidade, por exemplo, 1 kg).
Nesta aula, entretanto, trataremos especificamente da adição de vetores.
A soma de dois vetores A e B será um vetor. Para tanto, podemos proceder
geometricamente ou analiticamente.
Como regra geral, se temos um número qualquer de vetores, o procedimento para obter
o vetor que representa a soma desses vetores é similar: escolha uma origem e a partir dela
vá transladando cada um dos vetores, de modo que a extremidade de um seja adicionada
à origem do próximo e que o ponto inicial de cada vetor coincida com o ponto terminal do
anterior. O vetor soma (a partir de agora o chamaremos de resultante) será aquele que irá
ligar o ponto inicial do primeiro (na origem) ao ponto terminal, extremidade do último.
Com referência à Figura 8 e usando uma unidade de medida, digamos uma régua
milimetrada, você pode medir e perceber que o módulo do vetor A é ....., o do vetor
A é .... e do vetor C é ...... . Verifique que a soma vetorial não obrigatoriamente
coincide com a soma escalar. Mostre que a adição vetorial é comutativa, isto é,
A+B=B+A
Trajetória e deslocamento
P
odemos agora dizer que deslocamento e trajetória são conceitos fisicamente
muito diferentes: o deslocamento é o vetor que liga o ponto de partida ao ponto de
chegada, enquanto a trajetória é o caminho percorrido, não necessariamente reto.
Por exemplo, quando você sai de casa e vai ao seu pólo estudar, segue uma trajetória que
pode ser representada pelas ruas por onde você vai passando; enquanto seu deslocamento é
simplesmente o segmento de reta orientado (o vetor) que irá unir sua casa ao pólo.
A descrição matemática dos movimentos lida diretamente com localizações no espaço,
que são as posições ocupadas por um objeto móvel. Em uma dimensão linear, como vimos,
especificamos em um eixo o valor de x em relação a uma origem O, arbitrariamente
escolhida. As mudanças de posição são representadas pelos deslocamentos ∆x. Esse eixo
é na verdade um sistema de referência. Mas, se o objeto é livre para se mover no espaço,
em mais de uma dimensão, precisamos adequar esse conceito a essa nova situação. Se um
ponto numa reta pode ser descrito por uma só coordenada, um ponto em um plano (que é
um espaço bidimensional) é localizado por duas coordenadas. E já deve ser óbvio para você
que um ponto no espaço tridimensional em que vivemos é localizado por três coordenadas.
Coordenadas polares
Mostra-se igualmente útil em um plano outro tipo de sistema de referência, o de
coordenadas polares planas (r, θ), como mostrado na Figura 9.
ou seja,
e, contrariamente:
magnitude:
direção: .
Exemplo 2
Represente o vetor para o deslocamento da origem ao ponto P(–5cm, 2cm). Nesse
caso, teremos:
magnitude: ;
direção:
O
estudo do movimento de um objeto e a relação desse movimento com conceitos
físicos como força e massa é a essência da dinâmica, o campo da Mecânica que
trata de correlacionar o movimento e as suas causas. Para facilitar nosso estudo,
entretanto, torna-se conveniente descrever o movimento usando os conceitos de espaço
e tempo, sem se preocupar com as suas causas. A construção dessa descrição constitui o
ramo da Mecânica chamado de Cinemática.
Começaremos discutindo o movimento de um objeto qualquer, ao longo de uma linha
reta, isto é, o movimento unidimensional. Utilizando o conceito de deslocamento como
uma quantidade física vetorial, definiremos velocidade e aceleração, privilegiando alguns
movimentos caracterizados pela constância dessas quantidades. O que realmene importa é
que você associe nossa discussão com fatos do cotidiano ou de fenômenos naturais ou ainda
de aplicações tecnológicas, ou seja, que você se habilite a identificar os movimentos reais do
meio ambiente, natural ou artificial, em termos dos modelos teóricos aqui descritos.
“[...] As aparências não enganam. O novo motor V6 tem 284 cavalos, 98 a mais que o
motor da geração anterior. É potência superior à que existe no mais bravo dos Porsche
Boxter, o S, com 280 cavalos. Na pista de testes, o Camry acelerou feito esportivo. Fez
de 0 a 100 km/h, em apenas 7,3 segundos. É desempenho de sobra para a circunspecta
categoria dos sedãs familiares e de vocação executiva. Basta dizer que a 100 km/h em
velocidade constante, o motor sussurra a 1700 rotações por minuto.’’
[...] Em nossas medições, o Camry conseguiu boas médias, de 7,7 km/l, na cidade,
e 10,8 km/l, na estrada. As acelerações e desacelerações do Camry agora são mais
graduais e o motor trabalha de modo suave, com menor ruído e vibração.
Fonte: <http://quatrorodas.abril.com.br/carros/testes/conteudo_169739.shtml>.
Ou:
“[...] O Falcão-Tagarote ou Ógea, como também é designada a espécie, um dos mais
exímios voadores do mundo, capaz de vertiginosos vôos, alcançando a velocidade de
240 km/h em vôo picado e 150 km/h em vôo batido.
Exemplo 3
Um motorista segue em direção ao norte por 35 minutos a 85 km/h, após isso, pára por
15 minutos. Depois, continua na mesma direção, viajando 130 km em 2 horas.
Solução
Figura 11 – Gráco da posição versus tempo mostrando a tangente à curva em um dado instante.
Aceleração
Quando a velocidade de uma partícula muda com o tempo, dizemos que a partícula
está sendo acelerada. O anúncio publicitário do Camry diz que sua velocidade varia de 0
Por outro lado, pisar no freio sempre remete à necessidade de reduzir a velocidade,
eventualmente até parar. Cientificamente, existe uma definição mais precisa de aceleração:
aceleração média =
É claro que a situação mais geral para um movimento é aquela em que há uma aceleração
que varia com o tempo. Certamente, trata-se de um movimento complexo, exigindo uma análise
difícil, freqüentemente via um tarefa formidável, que pode requerer o uso de cálculos numéricos
realizados em computador. Felizmente, esse não é o tipo de movimento mais comumente
encontrado na natureza nem na tecnologia. Um tipo simples e muito comum de movimento
em uma dimensão ocorre quando a aceleração é constante (ou aceleração uniforme). Nesse
(para a = constante)
Essa expressão indica como obter a velocidade v em qualquer instante, se são conhecidos
a velocidade inicial v0, a aceleração a e o tempo decorrido t. A parcela at corresponde à variação
de velocidade durante o intervalo de tempo t.
Um gráfico da velocidade em função do tempo resulta numa linha reta que cruza o
eixo v no valor v0 (ordenada na origem) e forma um certo ângulo θ com a direção positiva
do eixo t. A tangente trigonométrica desse ângulo representa a inclinação
(declividade) constante dessa reta, a qual coincide com a aceleração constante a, em
concordância com o fato de que .
Perceba a associação da notação matemática de uma reta , com a
notação significativa aqui usada: O tempo t corresponde a x, y corresponde
à velocidade, o coeficiente angular a é a aceleração a (mesmo símbolo), e b (ordenada na
origem) é a velocidade inicial v0.
O gráfico da aceleração versus tempo é uma linha reta horizontal com inclinação nula,
uma vez que a = constante. Se a aceleração fosse negativa, a inclinação seria negativa.
Há um resultado único, em particular, que a velocidade média equivale à média aritmética
das velocidades no início e no final do intervalo de tempo:
Mas, esse resultado vale exclusivamente quando a aceleração é uma constante, isto é, quando
a velocidade varia linearmente com o tempo. Em qualquer outro tipo de movimento, essa
equação não se aplica. Você deve usar seus conhecimentos de geometria plana e o gráfico
velocidade versus tempo, no caso de aceleração constante, para demonstrar o resultado.
Agora, podemos obter, para o tipo de movimento que estamos estudando, uma expressão
para a posição x em função do tempo t
(para a = constante)
ou ainda:
(para a = constante)
que prevê uma dependência parabólica da posição em função do tempo. Muitas vezes convém
escolher a posição inicial da partícula como a origem do movimento, tal que x0= 0 em t =
0. Nesse caso, o deslocamento é simplesmente A derivada do
deslocamento em relação ao tempo deve fornecer a velocidade num instante genérico t:
b) a velocidade média como a média aritmética das velocidades nos instantes inicial e final;
a) (Eq. 2)
b) (Eq. 3)
c) (Eq. 4)
d) (Eq. 5)
e) (Eq. 6)
Tais equações podem ser usadas para resolver qualquer problema desse tipo de
movimento (com a = constante). Em qualquer caso, entretanto, deve-se reconhecer que
as quantidades que variam durante o movimento são velocidade, deslocamento e tempo.
Recomendamos a resolução de exercícios propostos ao final dos capítulos dos livros de
Física básica, tais como Young e Freedman (2003), disponíveis na biblioteca do seu pólo.
Exemplo 4
Suponha a queda livre de um corpo a partir do repouso de uma altura h em relação ao solo.
2) Qual a expressão matemática para a velocidade com que atinge o solo?
Solução
2) A velocidade com que o corpo atinge o solo é obtida para o tempo de queda (observe que
esta é uma velocidade instantânea):
Auto-avaliação
Uma manga rosa e uma pena de pavão são simultaneamente liberadas a partir
1 do repouso, do topo interno de uma câmara de vácuo assentada sobre uma base
apoiada no solo. A câmara tem uma altura razoável para propiciar uma observação
da queda livre desses corpos, digamos 4 m. Exclua a possibilidade de não
haver gravidade neste ambiente de vácuo. Verifica-se que eles caem à mesma
velocidade, independente de sua massa. (a) O que significa essa afirmação? (b) O
que você pode afirmar em relação à velocidade desses corpos? (c) Daria resultado
diferente se realizada fora da câmara de vácuo? (d) Por que essa experiência se
manifesta diferente, e quais são as diferenças, fora da câmara de vácuo? (e) Por
que um pára-quedas em operação desenvolve uma velocidade bastante diferente,
ao ponto de servir aos fins a que se destina?
É possível ter uma situação em que velocidade e aceleração têm sinais opostos? Se for
3 o caso, esboce um gráfico velocidade versus tempo para provar seu ponto de vista.
Se a velocidade de uma partícula é (a) diferente de zero, (b) igual a zero, pode
4 sua aceleração ser, respectivamente, (a) igual a zero? (b) diferente de zero?
Explique, exemplificando.
Um carro viajando numa estrada reta alcança uma velocidade de 30 m/s em algum
8 instante. Dois segundos depois, sua velocidade é de 25 m/s. Qual é sua aceleração
média nesse intervalo de tempo?
Referência
YOUNG, H.; FREEDMAN, R. A. Física I: mecânica: Sears e Zemansky. 10. ed. São Paulo:
Addison-Wesley, 2003. v. 1.
Física e meio ambiente / Ciclamio Leite Barreto, Gilvan Luiz Borba, Rui Tertuliano de Medeiros.
– Natal, RN : EDUFRN, 2006.
316p. : il
1. Física. 2. Meio ambiente. 3. Sociedade. I. Borba, Gilvan Luiz. II. Medeiros, Rui Tertuliano de.
III. Título.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
D I S C I P L I N A Física e Meio Ambiente
Força e movimento
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