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RENAN GRANDE
2011
AYRTON JOHN MACEDO GONÇALEZ
RENAN GRANDE
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 4
CONTEXTO HISTÓRICO................................................................................................... 5
AUTOR E OBRA............................................................................................................... 7
RESUMO DO ENREDO..................................................................................................... 8
ANÁLISE DO CONTO......................................................................................................10
CONCLUSÃO................................................................................................................. 11
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................... 13
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INTRODUÇÃO
4
CONTEXTO HISTÓRICO
5
Outra ponto marcante no Romantismo é o nacionalismo, pois ele serve de base
para a formação do caráter nacional, o que desperta no romântico uma paixão por seu
país.
A ânsia de liberdade, o individualismo, a expressão plena dos sentimentos e o
nacionalismo são as características principais do Romantismo, o que torna esse
movimento um dos mais ricos no que diz respeito a estrapolação da natureza humana.
O Romantismo no Brasil
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AUTOR E OBRA
Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo em 1831. Após dois
anos, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde cursou o ensino primário e
secundário. Em 1848, regressou para São Paulo para iniciar a Faculdade de Direito na
USP.
Cultivou a poesia, a prosa e o teatro, durante o período em que cursava a
faculdade. Produziu apenas sete obras, mas representou uma grande evolução na
literatura nacional.
Juntamente com seus amigos, Bernardo Guimarães e Aureliano Lessa, integrou a
Sociedade Epicuréia, iniciada em 1845 com o intuito de reproduzir a vida boêmia de Lord
Byron. Suas principais obras foram Lira dos Vinte Anos, sua melhor criação, Pedro Ivo,
Macário (teatro) e outros, além, é claro, de Noite na Taverna.
A poesia de Álvares de Azevedo por vezes segue a linha do humor negro, caso
dos poemas da segunda parte da Lira dos Vinte Anos. Sua poesia é percorrida por
experiências mais fruto da imaginação do que efetivamente consumadas no plano
sensorial.
A mulher em determinados momentos aparece idealizada, semelhante a um anjo;
em outros surge numa atmosfera de erotismo e sensualidade. No entanto, em ambos os
casos ela permanece inacessível, distante do poeta.
Também faz uso da evasão, fugindo da realidade para um mundo de sonhos e
fantasias. Demonstra em seus poemas tristeza, amargura, tédio e melancolia. Teme a
morte, mas ao mesmo tempo ela é bem-vinda, pois significa alívio para as dores do corpo
e da alma.
Todas esses aspectos da obra de Álvares de Azevedo,traduzem uma
característica fundamental do artista: a contradição. Ela pode ser percebida em sua obra
Lira dos Vinte Anos, em que o autor apresenta um lado bom e ingênuo, que ele chama de
Ariel, e um lado sombrio e decadente, que ele intitula Caliban.
Quando cursava o quinto ano de Direito, Álvares de Azevedo sofreu um acidente,
que o causou uma série de complicações, dentre elas uma tuberculose, que o levou á
morte, com 21 anos de idade.
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RESUMO DO ENREDO
Conto III: Bertram
Bertram é um homem ruivo que conta a história de seu caso de amor por uma
espanhola de Cádiz, chamada Ângela. Quando ele estava decidido a casar-se com
Ângela, teve de partir para a Dinamarca, pois seu pai havia adoecido e lhe chamou. Ele
vai e só retorna dois anos depois.
Nesse meio tempo, Ângela casa-se com outro homem e tem um filho. Contudo, o
amor de Bertram não morreu, nem o dela. Por isso, eles continuam tendo um caso
amoroso escondido, mas um dia o marido de Ângela descobre tudo. Antes que seu
marido a mate, ela o mata e mata o filho também, fugindo com Bertram.
Depois, sem nenhuma explicação ela o abandona. Ele passa a viver desesperado
tentando esquecê-la até que um dia cai na frente de um casarão, é atropelado por uma
carruagem e é socorrido por uma família. O dono dessa casa é um velho e ele tem uma
filha de dezoito anos. Bertram e ela fogem juntos até que ele se entedia dela e a vende
num jogo de cartas ao pirata Siegfried. Ela envenena o pirata e se joga nas águas do
oceano.
Em meio a esse caso amoroso, o navio é atacado por piratas e afunda, deixando
os sobreviventes a mercê do mar, numa pequena jangada. De toda a tripulação, salvam-
se apenas o capitão, sua mulher, Bertram e dois marinheiros. Após um tempo sem comer
e beber, tendo os dois marinheiros levados pelo mar, os três tiram a sorte para ver qual
morrerá e servirá de alimento para os outros. O capitão perde, mas não aceita isso e luta
por sua vida. Acaba perdendo a luta para Bertram e serve de alimento para ele e para
Ângela durante dois dias.
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Quando os dois chegam à praia, já fracos de fome, a mulher propõe que os dois
morram juntos, consumando um último momento de amor antes de morrerem. Bertram
acaba sufocando-a por temer a morte. Logo depois, um navio inglês salva Bertram e o
conto termina.
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ANÁLISE DO CONTO
A primeira observação que se pode fazer sobre o conto diz respeito á idealização
da mulher. Uma passagem que traduz essa peculiariedade é feita logo no começo da
história, quando o narrador descreve a mulher pelo qual ele se apaixonou.
Havia em Cadiz uma donzela... linda daquele moreno das Andaluzes que não há
vê-las sob as franjas da mantilhas acetinada, com as plantas mimosas, as mãos
de alabastro, os olhos que brilham e os lábios de rosa d’ Alexandria sem delirar
sonhos por longas noites ardentes!1
Nesse trecho é possível notar a exuberância com que o narrador idealiza a mulher
amada, mantendo-a em um patamar de perfeição, em relação às feições do rosto e das
mãos.
Outro ponto que há em comum entre o conto Bertram e as características
românticas é a atração pela morte, como uma forma de se livrar da dor existencial
causada pela não correspondência de seu amor.
Além disso, a obra de Álvares de Azevedo também apresenta temas macabros,
como incesto, antropofagia, necrofilia e assassinatos. Todos eles constituem o lado
Caliban do autor, que mostra um mundo decadente, povoado de vícios, formado por
devaneios e solidão.
1
Azevedo, Álvares de. Noite na Taverna – p. 28
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Esses comportamentos são resultado da situação em que o artista se encontra,
causada pelo seu amor não correspondido. Para aplacar esse sentimento que consome o
romântico, ele busca alento na solidão e na morte. Por esse motivo, eles morriam muito
cedo, como é o caso do próprio Álvares de Azevedo.
Eu ri-me do velho. Tinha as entranhas em fogo. Morrer hoje, amanhã, ou depois...
tudo me era indiferente, mas hoje eu tinha fome, e ri-me porque tinha fome.2
Nesta passagem, o personagem mostra a sua indiferença diante da morte e
mostra-se sádico ao rir do marinheiro, que morreria para servir de alimento a ele e à filha.
Apesar do choque causado pelo desenrolar das histórias narradas nesse livro, é
importante ressaltar que a maioria delas não aconteceram realmente, o que fazem delas
um resultado da fuga no devaneio, realizada pelo artista.
Todos esses elementos citados e explicados constituem o chamado mal do
século, que contribuiu para que a poesia romântica brasileira atingisse seu auge na
segunda fase. O conto Bertram revela nitidamente as intenções e motivos dos artistas
ultrarromânticos, de modo que seu conteúdo macabro e um tanto surreal deve ser
encarado como um reflexo dos sentimentos angustiantes vividos por esses jovens
autores.
CONCLUSÃO
2
Azevedo, Álvares de. Noite na Taverna – p. 41
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Ao realizarmos este trabalho, pudemos verificar que a obra de Álvares de Azevedo
contribuiu largamente para a consolidação da poesia romântica brasileira, no sentido de
abandonar alguns aspectos da poesia que ainda estavam ligados á cultura européia,
sobretudo na linguagem e na métrica dos textos.
A liberdade dos temas abordados pelo artista fez com que a poesia nacional
evoluísse bastante, em função do novo significado que ela tomou, no que diz respeito ao
modo como os sentimentos foram tratados.
Além disso, é possível observar que o próprio Romantismo foi uma ferramenta
indispensável para a construção da cultura brasileira. Até então, antes do surgimento da
literatura romântica, não existia o desejo de realizar mudanças na sociedade do nosso
país. Somente no Romantismo foram abordados temas que realmente estavam próximos
da realidade da população, fazendo com que surgisse um interesse do povo na literatura.
Tudo isso gerou transformações nos comportamentos sociais, que passaram a
corresponder aos costumes da nossa cultura, abandonando hábitos tipicamente
europeus.
Com base nisso, é possível concluir que a literatura e a difusão do livro podem
realizar mudanças profundas na mentalidade e nas atitudes da sociedade, libertando-a da
ignorância e tornando-a mais ativa nas decisões do país. Portanto, a democratização do
conhecimento pode ser uma arma poderosa para derrubar as barreiras impostas pela
sociedade egoísta e preconceituosa em que vivemos, tornando-a menos injusta, ainda
que somente no campo intelectual.
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BIBLIOGRAFIA
MARTINS, Patrícia; LEDO, Teresinha de Oliveira. Manual de Literatura. São Paulo: DCL,
2008.
Romantismo.Disponívelem:http://www.profabeatriz.hpg.ig.com.br/literatura/romantismo.ht
m#Contexto Histórico – site acessado em 04/04/2011
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