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Objetivo
Justificativa
Esse projeto tem como propósito semear a reflexão sobre o que é a reportagem
especial e como sua produção tem sido rapidamente descartada pelas empresas jornalísticas. É
também uma análise sobre o quanto à chamada sociedade da informação se torna contraditória
ao fazer com que uma ferramenta tão importante como a reportagem especial, se torne algo
enfadonho e dispendioso aos olhos daqueles que produzem a notícia.
1
A discussão sobre o resgate da reportagem especial e sua defesa junto a futuros profissionais é
um passo para que o banal e o corriqueiro não sejam os únicos elementos a compor as
manchetes da grande imprensa.
Quadro teórico
Para traçar uma linha de pensamento que possa esclarecer os pontos mais importantes
que levaram o jornalismo especial a entrar em decadência e praticamente desaparecer das
pautas das redações devemos nos aprofundar nos estudos de pensadores como Walter
Benjamin e Georg Lukács. Outros pesquisadores como Nilson Lage, Muniz Sodré, Sylvia
Moretzsohn e Bernardo Kucinski complementarão os estudos apontando os caminhos que
tornaram a reportagem especial um tipo de produção jornalística que se perde a cada dia.
Essas palavras nos levam a crer que algo se perdeu no jornalismo. Estaria o amor pela
profissão relevado ao último plano? Ao percebermos que o próprio profissional avalia sua
função como algo que não o permite pensar, refletir, traçar considerações sobre o que escreve
como podemos considerar o jornalismo ainda como ferramenta da democracia?
1
MORETZSOHN, Sylvia. Jornalismo em “tempo real”. Rio de Janeiro: Revan, 2002. p. 163.
2
A crise da reportagem especial na sociedade da informação, tema deste projeto, parece
se consolidar quando os profissionais parecem finalmente estar depondo as armas,
entregando-se a constatação de que essa é a nova “regra do jogo”. Os novos jornalistas,
vindos das faculdades, já sabendo que não há espaço para o romantismo e, consequentemente,
que não há mais espaço para a produção das grandes reportagens, adotam a postura padrão e
se dedicam a cumprir seu expediente sem arriscar grandes experimentações. É sobre a rotina
desse novo jornalista que Kucinski comenta:
“Mas nas empresas jornalísticas, o fazer tornou-se mais importante que o saber fazer. A
quantidade tornou-se o critério da aprovação do trabalho, e as pautas deixaram de ser
um exercício de criatividade para se tornar uma ordem de trabalho. O jornalista comum,
hoje, é um trabalhador de uma linha de montagem, cuja esteira corre com velocidade
cada vez maior, não deixando tempo nenhum para a individuação. Logo que pode, ele
larga a profissão”.2
Metodologia
Resultados
2
KUCINSKI, Bernardo. Jornalismo na era virtual. : ensaios sobre o colapso da razão ética. São Paulo:
Editora Fundação Perseu Abramo: Editora UNESP, 2005. p. 104.
3
Em maior ou menor grau, os elementos identificados, quando aplicados na construção
de uma reportagem, permitem ao jornalista tecer uma linha de texto no qual surge a
aproximação do leitor com a realidade do tema abordado. De acordo com a construção deste
texto o leitor poderá se emocionar, se indignar, torcer, ou ainda se posicionar contra ou a
favor de algo. Difícil será ficar totalmente impassível diante do que lê. Ainda assim as
chamadas “grandes reportagens” perdem espaço no jornalismo diário para uma estrutura de
produção onde o elemento chave são as notícias.
Para atender a esta cultura do sempre novo e o de relatar o maior número de fatos
possível a imprensa fez da notícia o seu produto principal. Para sustentá-la criaram-se normas
editoriais, manuais de redação e normas de conduta para os jornalistas, visando o
cumprimento de prazos e garantindo a competição entre os veículos.
4
Realidade deixou o repórter “ser” repórter. Ele saia das redações e desaparecia,
voltando depois com um trabalho que atingia os leitores da revista em cheio, resultando em
vendagens expressivas e incentivando a linha editorial a se aprofundar no modelo escolhido.