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ANÁLISE DO EFEITO DOS FLUXOS TURBULENTOS NO FENÔMENO DE

MEANDRO DO VENTO HORIZONTAL NA CAMADA LIMITE PLANETÁRIA

Antonio Goulart 1 , Gervásio Degrazia1, Otávio Acevedo1, Domenico Anfossi 2 .

RESUMO
Neste trabalho é analisada a estrutura do campo de vento horizontal em condições de
estabilidade estável. Nestas condições observa-se que quando os gradientes de velocidade do vento
horizontal tornam-se expressivos tem-se um amortecimento nas oscilações de baixa freqüência que
ocorrem quando a velocidade do vento é pouco intensa e que caracterizam o fenômeno de meandro
do vento horizontal. Também se observa que a expressão de Frenkiel (1953) para descrever a
função de autocorrelação em condições de meandro do vento horizontal só é valida em casos onde
as magnitudes dos gradientes de velocidade horizontal são desprezíveis.

ABSTRACT
Employing the Navier-Stokes equations the horizontal wind field structure in stable
conditions is investigated. For these conditions the analysis shows that when the gradients of the
horizontal wind speed become expressive occurs a reduction in the low frequency horizontal wind
oscillations associated to the meandering phenomenon. The mathematical study shows that the
Frenkiel expression, describing the autocorrelation function in the meandering conditions, is only
valid in situations in which the magnitudes of the horizontal speed gradients are neglectably small.

Palavras-Chave – Equações de Navier-Stokes, fluxos de momento, meandro do vento horizontal

INTRODUÇÃO
Em condições onde a velocidade do vento é muito baixa ocorrem oscilações de baixa
freqüência na direção da velocidade do vento. Estas oscilações horizontais de baixa freqüência, que
caracterizam o fenômeno observado de meandro do vento horizontal, ocorrem com freqüência e

1
Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Física, Faixa de Camobi km 9, 97105-900, Santa Maria-RS,
Brasil – Tel.: +55 5532208616 – E-mail: degrazia@ccne.ufsm.br
2
C.N.R., Istituto di Scienze dell Atmosfera e del Clima, Torino, Itália.
são mais ou menos independentes dos fatores topográficos específicos e da estação do ano (Anfossi
et al., 2004). Recentemente, Oettl et al.(2005) Propôs um modelo em que afirma que o fenômeno
de meandro surge quando existe um equilíbrio entre a força de Coriolis e o gradiente horizontal de
pressão nas equações de Navier-Stokes. No presente trabalho é analisado a influência dos fluxos
turbulentos no fenômeno de meandro do vento horizontal. Além disso, são avaliadas as condições
em que é válida a expressão sugerida por Frenkiel (1953) para a função de autocorrelação da
velocidade.

ANÁLISE DO CAMPO DE VENTO HORIZONTAL NA PRESENÇA DE FLUXOS


TURBULENTOS
Para analisar os efeitos dos fluxos turbulentos no fenômeno de meandro do vento horizontal
consideram-se as equações de Navier-Stokes em três dimensões (Holton, 1992),

∂u ∂u ∂u ∂u 1 ∂p ⎡ ∂( u ′u′ ) ∂( u′v′ ) ∂( u′w′ ) ⎤


+u +v +w = fcv − −⎢ + + ⎥ (1)
∂t ∂x ∂y ∂z ρ ∂x ⎢⎣ ∂x ∂y ∂z ⎥⎦

∂v ∂v ∂v ∂v 1 ∂p ⎡ ∂( u′v′ ) ∂( v′v′ ) ∂( v′w′ ) ⎤


+u +v +w = − fcu − −⎢ + + ⎥ (2)
∂t ∂x ∂y ∂z ρ ∂y ⎢⎣ ∂x ∂y ∂z ⎥⎦

∂w ∂w ∂w ∂w 1 ∂p ⎡ ∂( u′w′ ) ∂( v′w′ ) ∂( w′w′ ) ⎤


+u +v +w =− +g−⎢ + + ⎥ (3)
∂t ∂x ∂y ∂z ρ ∂z ⎣⎢ ∂x ∂y ∂z ⎦⎥

onde, u , v e w são as componentes longitudinal, transversal e vertical da velocidade média do


vento, u ′ , v ′ e w′ são as flutuações de velocidade, ρ é a densidade media do ar, p é a pressão
média e f c é o parâmetro de Coriolis g é a aceleração da gravidade.
Como o sistema de equações (1), (2) e (3) não possui uma solução analítica geral, algumas
simplificações devem ser feitas a fim de se obter uma solução analítica particular. Assume-se que
todos os gradientes horizontais das componentes da velocidade do vento e da pressão são
constantes. Definindo-se,
∂u ∂v ∂w ∂u ⎛ ∂v ⎞
a1 = a2 = a3 = b1 = f c − b2 = − ⎜ f c + ⎟
∂x ∂y ∂z ∂y ⎝ ∂x ⎠
∂w ∂u ∂v ∂w
b3 = − d1 = − d2 = − d3 = −
∂x ∂z ∂z ∂y

1 ∂p ⎡ ∂( u′u′ ) ∂( u ′v′ ) ∂( u′w′ ) ⎤ 1 ∂p ⎡ ∂( u ′v′ ) ∂( v′v′ ) ∂( v′w′ ) ⎤


c1 = − −⎢ + + ⎥ c2 = − −⎢ + + ⎥
ρ ∂x ⎢⎣ ∂x ∂y ∂z ⎥⎦ ρ ∂y ⎢⎣ ∂x ∂y ∂z ⎥⎦
1 ∂p ⎡ ∂( u′w′ ) ∂( v′w′ ) ∂( w′w′ ) ⎤
c3 = − +g−⎢ + + ⎥ (4)
ρ ∂z ⎢⎣ ∂x ∂y ∂z ⎥⎦

as equações (1), (2) e (3) podem ser escritas na forma


∂u
= − a1u + b1v + d1w + c1 (5)
∂t
∂v
= − a2 v + b2u + d 2 w + c2 (6)
∂t
∂w
= − a3 w + b3u + d 3v + c3 (7)
∂t
Considerando um regime de estabilidade estável e fazendo-se uma análise de escala no sistema de
equações (5), (6) e (7) vê-se que os termos d1w , a3 w , b3u , d3v e d2 w são muito menores do que

os termos a1u , b1v , c1 , a2v , b2u e c2 nas equações (5), (6) e (7). Além disso, negligenciando os
fluxos de momento verticais e assumindo um balanço hidrostático tem-se c3 = 0 na equação (7).

Portanto o sistema de equações (5), (6) e (7) pode ser escrito como,
∂u
= − a1u + b1v + c1 (8)
∂t
∂v
= − a2 v + b2u + c2 (9)
∂t
∂w
=0 (10)
∂t
Resolvendo o sistema de equações acima (considerando somente a solução oscilatória) obtemos,

u (t ) = e − pt (α1 cos ( qt ) + α 2 cos ( qt ) ) +


D
(11)
C
⎡ − pα1 + qα 2 + a1α1 − pα 2 − qα1 + a1α 2 D a1 c1 ⎤
v (t ) = e− pt ⎢ cos ( qt ) + sin ( qt ) + + ⎥ (12)
⎣ b1 b1 C b1 b1 ⎦

onde
D 1⎡ D ⎤
α1 = u 0 − , α2 = ⎢ v0b1 − ( a1 − p ) u0 − p + c1 ⎥ (14)
C q⎣ C ⎦

1 1
p= ( a1 + a2 ) , q= − ( a1 − a2 ) − 4b1b2
2
(15)
2 2
Para considerarmos os efeitos dos fluxos de momentum no campo de vento descrito pelas
equações (11) e (12) será considerado a seguinte parametrização,
∂ui
ui′u′j = − K m i, j = 1, 2, 3 (16)
∂x j

onde K m é o coeficiente de viscosidade associado ao momentum e u1′ = u′ , u2′ = v′ , u3′ = w′ ,

x1 = x , x2 = y , x3 = z .

Em condições de estabilidade estável e vento fraco podemos desprezar os fluxos que envolvem a
componente vertical e, por simplicidade, vamos considerar que os fluxos horizontais são da mesma
magnitude.

A Figura 1 mostra as componentes u (t ) e v (t ) , obtidas a partir das equações (11) e (12),


respectivamente, considerando-se um fluxo turbulento dado pela equação (16) atuando em um
campo de velocidade inicial de magnitude pouco intensa, característico em fenômenos de meandro.
Pode-se observar que os gradientes de velocidade e, conseqüentemente os fluxos turbulentos,
exercem dois efeitos no campo de velocidade horizontal. Ocorre um amortecimento na amplitude
de oscilação e um desacoplamento entre as componentes u (t ) e v (t ) , ou seja, o campo de vento
deixa de apresentar uma oscilação nas direções das componentes de velocidade que caracteriza o
fenômeno de meandro. Portanto o meandro é amortecido ou desaparece completamente quando
fluxos turbulentos começam a atuar, fazendo com que a velocidade tenha uma direção preferencial.
O tempo necessário para que o fenômeno de meandro desapareça depende da intensidade do fluxo
turbulento.

Figura 1 – Componentes longitudinal e transversal da velocidade do vento calculadas com as equações (11) e (12).

Vamos agora analisar a solução do sistema de equações de Navier-Stokes (eqs. 8, 9 e 10)


desprezando os fluxos turbulentos. Ou seja, vamos considerar que os gradientes de velocidade são
muito pequenos para gerar um campo turbulento considerável (eq. 16). Nestas condições uma
análise de escala feita nas equações (11) e (12) permite reescreve-las da seguinte forma,

u (t ) = α1e− pt cos(qt ) (17)

v (t ) = −α1e− pt sin(qt ) (18)

A partir das equações (17) e (18) é possível obter um coeficiente de autocorrelação expresso por,

R(τ ) = e− pt cos(qτ ) (19)

onde foi considerado somente a parte real do coeficiente de autocorrelação obtido das equações
(17) e (18). O coeficiente de autocorrelação dado pela equação (19) é idêntico ao proposto por
Frenkiel (1953) e obtido por Oettl (2005), considerando desprezíveis os fluxos turbulentos nas
equações de Navier-Stokes.

A Figura 2 mostra que a componente u (t ) calculada pela equação (17) não coincide com a
calculada a partir da equação (11) quando os fluxos turbulentos têm magnitudes relevantes.

Figura 2 – Componente longitudinal da velocidade calculada pelas equações (11) e (17).

Entretanto se os fluxos turbulentos são desprezíveis as equações (17) e (18) geram valores
idênticos aos obtidos com as equações (11) e (12). Portanto o fenômeno de meandro pode ser
descrito pelas equações simplificadas (17) e (18) em situações em que se tenha um campo de vento
muito pouco intenso. Ou seja, quando não exista nenhuma fonte de turbulência relevante como foi
obtido por Oettl et al. (2005).

CONCLUSÕES

Neste trabalho é analisada a estrutura do campo de vento horizontal em condições de


estabilidade estável. Nestas condições observou-se que quando os gradientes de velocidade do
vento horizontal tornam-se expressivos, e consequentemente os fluxos de momento, tem-se um
amortecimento nas oscilações de baixa freqüência que ocorrem quando a velocidade do vento é
pouco intensa. Portanto a oscilação na direção do vento horizontal que caracteriza o fenômeno de
meandro somente pode existir na ausência de fontes de turbulência. O campo turbulento amortece
ou inibe completamente o fenômeno de meandro do campo de vento horizontal. A partir da análise
feita pode-se afirmar que a expressão de Frenkiel (1953) para a função de autocorrelação em
condições de meandro do vento horizontal é um caso particular válido somente quando as
velocidades do vento são realmente muito baixas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o suporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e


Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
(FAPERGS).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANFOSSI D., D. Oettl, Degrazia, G., Goulart, A., An analysis of sonic anemometer observations
in low wind speed conditions. Boundary-Layer Meteorol., v.114, p.179-203. 2005.

FRENKIEL, F.N., Turbulent diffusion: mean concentration distribution in a flow field of


homogeneous turbulence. Adv. Appl. Mech., v.3, p.61-107. 1953

HOLTON, J. R., An Introduction to Dynamic Meteorology, Academic Press, 1992. 510 p.

OETTL, D., Goulart, A., Degrazia, G., Anfossi, D., A new hypothesis on meandering atmospheric
flows in low wind speed conditions. Atmos. Environment., v.39, p. 1739-1748. 2005.

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