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empresas brasileiras
Soraia Alves Rocha, Marina Rodrigues Brochado
Abstract. This article intended to investigate the insertion of the ERP systems
in the brazilian organizations. The investigation was carried out with the
executives of the organizations that had a important participation in the
implementation. The fist thing that this work pretended to know, was if in the
implementation exist a natural sequence in the way, if they considered
strategic factors like, low cost reduction, productivity or others reasons. The
second investigated was if in the organizations existed a prefixed implantation
depending in the kind of objectives that they were trying to reach, and how the
implantation was having relations with the value chain. The result
demonstrated that the organizations, they are utilizing the ERP systems to
reach a internal cost reduction and to have a better departments integration.
1. Introdução
As diversas mudanças de caráter organizacional, tecnológico e empresarial que estão
ocorrendo no mundo dos negócios podem ser facilmente observadas.
Uma das aplicações originárias do avanço destas tecnologias é o desenvolvimento
dos Sistemas Integrados de Gestão que permitem a automação integrada das
informações resultantes das operações realizadas através dos vários processos de gestão
e operação, realizados dentro da empresa.
As empresas necessitam de ter acesso seguro e atualizado às suas informações
internas, além de seus fornecedores e rede de distribuidores, em tempo real. Por esta
razão, se tem observado, especialmente desde a década de 90, uma crescente aquisição e
implementação por parte das empresas dos sistemas integrados de gestão. Uma das
vantagens dos Sistemas Integrados de Gestão é que proporcionam, aos executivos,
informações disponíveis em tempo real e de forma integrada, ou seja, revelam o
resultado do que está ocorrendo simultaneamente nas várias áreas da empresa.
O surgimento e a aplicação da tecnologia do ERP1 representa uma inovação que
exerceu forte mudança nos softwares de processamento da informação. Com sua
capacidade de propiciar a troca rápida de informações entre os setores da empresa, os
sistemas integrados baseados em ERP integram as informações decorrentes das
operações que agregam valor na cadeia produtiva, facilitando sua análise para efeito de
tomada de decisões empresariais. É um “software” destinado a modelar e automatizar os
processos básicos de negócios, integrando as informações resultantes das operações
realizadas e tornando-as disponíveis, em tempo real, para os executivos da empresa.
Este acesso às informações integradas, propiciadas pelos sistemas integrados de
gestão, dá subsídios para os executivos tomarem decisões com maior agilidade e, como
isto, asseguram uma vantagem competitiva às empresas que dirigem.
No início da década de 90, os sistemas integrados de gestão ou ERP passaram a ser
largamente utilizados pelas empresas. Nessa época, eram extremamente caros, viáveis
somente para empresas de grande porte. No transcorrer dessa década, as grandes
corporações fizeram suas escolhas sobre os sistemas a serem adquiridos e implantados,
saturando assim o mercado das grandes empresas e reduzindo as possibilidades de
negócio para os fornecedores de ERP nesse segmento empresarial (Corrêa, 1998).
1
ERP (Enterprise Resource Planning) ou Planejamento de Recursos Empresariais também denominado
como Sistemas de Gestão Empresarial
Apesar de ter uma estrutura básica, o ERP será customizado para fornecer as
informações desejadas pela empresa e ajudá-la a atingir objetivos futuros. Por isso o
ERP deve visto como uma ferramenta não só para as grandes, como para médias
empresas e encarado como investimento e não como custo. É a tecnologia
possibilitando a redução de custos pela automação do processo e pela agilidade.
Esse mercado vem se desenvolvendo há cerca de 9 anos no Brasil e é disputado por
dezenas de empresas de software, das multinacionais às locais, com pacotes inclusive já
acrescidos de novas funcionalidades demandadas, como troca de informação entre
parceiros da cadeia de abastecimento, Internet e gerenciamento de clientes.
No projeto, três fases devem estar bem definidas: seleção, contratação e
implantação do ERP. A escolha do fornecedor é uma etapa importante. O mais
importante, porém, é a preparação da empresa para a implantação, através de um
planejamento estratégico onde se analisa sua situação tecnológica e prepara seus
profissionais adequadamente.
Novas necessidades
Conhecimento novo acumulado
Novos Parâmetros
DECISÃO
E IMPLEMENTAÇAO UTILIZAÇÃO
SELEÇÃO
Pacote selecionado
Plano de implementação
Módulos parametrizados
Dados migrados
Usuários Treinados
Módulo Logística
Sigla Descrição
SD Vendas e Distribuição
PP Produção
PS Projetos
MM Materiais
PM Manutenção
QM Qualidade
5. A Implantação do R3
A inovação tecnológica já não está só confinada aos processos de manufatura. A
tecnologia já se encontra inserida em quase todos os tipos de processos e serviços,
como, por exemplo: na área de finanças de uma empresa, na educação, na área de saúde
e em outras.
O conteúdo dessas atividades inovadoras se caracteriza por um aumento no uso da
tecnologia. Porém, para que as organizações possam assegurar vantagem competitiva
através da tecnologia, se faz preciso que a introdução desses novos processos, produtos
e serviços seja realizada de forma planejada. Para tanto, as organizações precisam
definir estratégias nos níveis corporativo e de negócios, como também promover
políticas de desenvolvimento tecnológico e de mudança dentro da organização.
Um resultado deste aumento de importância da tecnologia como aspecto estratégico
é que esta se encontra em um estado muito mais avançado e centralizado; este
movimento faz com que a tecnologia possua uma importância estratégica maior.
Uma vez compreendida a importância da tecnologia de informação no processo
estratégico da organização, devem procurar-se as formas de como este processo será
realizado e implementado. Uma das formas mais claras de se chegar a este tipo de
implementação é através da utilização de aplicações que ajudem a alcançar estes
objetivos. Durante anos este tipo de aplicações ou sistemas foram conhecidos por
diferentes denominações. Seguindo a evolução, nasceram os sistemas ERP.
A implementação deste tipo de Sistemas ERP tem por objetivo alcançar as metas
definidas no plano estratégico da organização. Mas a implementação é uma
conseqüência e não um objetivo; esta conseqüência deve indicar certos parâmetros ou
considerações a serem tomados em conta para assim poder intentar e assegurar o êxito.
A preparação para a implementação pode levar ao sucesso ou ao fracasso do ERP
na organização; para tanto, existem vários pré-requisitos que devem ser considerados na
preparação da implementação. As razões mais comuns para o fracasso da
implementação de um ERP são as seguintes:
• Não entender o significado do projeto que se está começando
• Não alocar os recursos competentes ao projeto
• Não administrar a mudança de forma adequada
• Não administrar os benefícios obtidos com a implementação adequadamente
• Não utilizar a integração alcançada como é devido
• Não ter planejado a finalização do projeto antes que este comece
• Não possuir uma estratégia de implementação do projeto
A participação das distintas áreas da empresa a serem afetadas com a implantação
do projeto é condição indispensável para o sucesso. Isto pode ser obtido pela designação
de representantes, de nível executivo e/ou operacional, que possuam profundos
conhecimentos de cada uma das funções de negócio a serem integradas ao sistema.
O apoio irrestrito da alta direção da empresa em torno do projeto, além de atuar
como fator agregador, contribui, para a eliminação das resistências e para a definição da
importância dada ao projeto.
Lozinsky (1998) define quatro fases no trabalho de implementação, no qual cada
fase produz um resultado intermediário que pode ser avaliado, ajustado e então
aprovado, garantindo a continuação do projeto.
Estas fases são:
• Compreendendo o problema
O objetivo é entender o negócio e verificar a sua relação com o pacote para ajustá-
lo, se for o caso. A equipe do projeto precisa determinar as características dos sistemas
atuais, quais partes serão mantidas e como os dados serão gerados para o novo sistema;
• Definindo as soluções
Esta é a fase mais crítica, momento em que os conceitos associados à operação do
sistema serão definidos e simulações serão realizadas para identificar as diferenças entre
os processos atuais e os novos. Resumindo, cria-se um protótipo ou um modelo para as
operações no futuro;
• Executando as tarefas
Compreende a carga dos dados iniciais, o desenvolvimento, customização e testes,
tudo de acordo com o ambiente destino. Coloca-se em funcionamento tudo aquilo que
foi levantado na primeira e definido na segunda fase, ou seja, põe-se em prática o plano
de trabalho e as soluções encontradas. A customização, as interfaces, os controles, os
pré-requisitos, a infra-estrutura, a segurança, tudo deverá estar concluído antes do início
dos testes;
• Implantação
É nesta fase que o software começa a ser utilizado. Quando possível deve ser feito
um processamento em paralelo com os sistemas em produção.
Um dos métodos para a obtenção do sucesso tão esperado para o projeto é o
envolvimento dos funcionários. Afinal, são eles quem detêm o conhecimento do
negócio da corporação, na realidade, o seu capital intelectual e parte integrante de sua
cultura. Outrossim, a implantação de um pacote ERP não é apenas um projeto, mas sim
um movimento contínuo, pois sempre existirão novos módulos e versões a instalar,
assim como ajustes entre o negócio e o sistema.
6. A pesquisa efetuada
Dentro desse contexto, este artigo tem por objetivo relatar o resultado de uma pesquisa,
que ocorreu entre 2000 e 2001, sobre a adoção de sistemas ERP por empresas nacionais
e revelando o comportamento dessas empresas no processo de adoção de ERP.
Este trabalho procurou identificar se existia uma seqüência natural de crescimento
na utilização de ERP dentro das empresas; se existia algum tipo de evolução de
implementação; se eram considerados fatores estratégicos como produtividade ou
diminuição de custos, ou se esta implantação e posterior utilização se efetivavam por
outros motivos, como, por exemplo: exigência dos clientes, orientação dos consultores
ou atualização dos sistemas existentes, entre outros.
Em seguida, se procurou analisar se existia alguma padronização na implantação
de módulos de um ERP, dentro da organização. Em outras palavras, se a organização,
por exemplo, estava seguindo uma estratégia de diminuição de custos, se conhecia que
módulos do ERP deviam ser utilizados e em que tipos de atividades, fossem estas
primárias ou secundárias segundo Porter (1985) para alcançar o objetivo desejado.
Devido ao aspecto prático do trabalho, por motivos tanto de caracterização de um
sistema integrado como também a quantidade de sistemas implantados, se decidiu
focalizar o trabalho em empresas de consumo em massa e que utilizaram o pacote R/3
da SAP como sistema integrado a implantar.
Desenvolver este tipo de pesquisa significa poder conhecer mais acerca dos ERP,
de seu crescimento dentro das organizações, e de como este crescimento esta
acontecendo, para, assim, poder conhecer se este tipo de sistemas realmente é utilizado
como uma ferramenta para promover a operacionalização da estratégia da empresa ou
organização.
O presente estudo favorecerá descobrir-se padrões de utilização da tecnologia de
informação dentro das empresas e qual a percepção do executivo com respeito à
utilização da tecnologia de informação dentro de sua empresa, especificamente.
7. Metodologia
O problema nasceu sob forma de uma inquietude para estudar como era a inserção dos
sistemas ERP nas empresas brasileiras.
Foi feita uma pesquisa de campo com caráter exploratório e empírico. Exploratório
porque avança sobre um terreno pouco conhecido, procurando mapeá-lo, e empírico
porque foi realizada por meio de estudo de casos reais.
A pesquisa foi realizada com quatorze empresas de médio e grande porte que
desenvolvem suas atividades relacionadas à produção de bens de consumo. Estas
empresas implementaram o produto R/3 da SAP. Escolheu-se este segmento face à
grande quantidade de empresas que haviam implementado este produto.
Para realização da pesquisa, primeiro houve um contato telefônico e depois o envio
de um questionário com perguntas a serem respondidas. Esse questionário, mostrado no
anexo 1, foi enviado a pessoas ligadas à informática e à direção empresa.
O trabalho se propôs, através de uma investigação de campo, afirmar ou contestar
as hipóteses abaixo:
• As empresas brasileiras da área de Produtos de Consumo estão utilizando a
Tecnologia de ERP como parte fundamental de seu plano estratégico.
• O objetivo procurado para a implantação de ERP dentro da Empresa é a
satisfação de atividades primárias, segundo Porter (1985).
Com relação à primeira hipótese se pode identificar que as quatorze empresas
pesquisadas estavam utilizando a tecnologia ERP tanto para a satisfação de objetivos
estratégicos, quanto operacionais. O quadro abaixo apresenta esta distribuição.
Com respeito à segunda hipótese se pode apreciar que os objetivos a ser alcançados
por estas empresas, são objetivos de satisfação interna da mesma, com grande ênfase
nos seguintes aspectos:
• redução de custos;
• redução dos tempos;
• melhoria da qualidade;
• modernização da organização;
• possibilidade de centralizar e dinamizar as informações;
• melhor controle da organização
Mas quais são os setores que estão sendo atingidos com esta implantação do ERP
na organização? As áreas onde a utilização do R/3 apresenta maior impacto são tanto
nos módulos associados a questões financeiras, como também nos módulos associados a
questões de logística. Isto demonstra que existe, por parte das empresas pesquisadas,
uma grande preocupação com atividades associadas a satisfazer atividades tanto
primárias como secundarias da organização. Os módulos de TR, PP, QM e RH não são
muito utilizados (fornecedores, qualidade e recursos humanos).
Observa-se que não existe nenhuma utilização de módulos orientados para o
relacionamento com clientes e fornecedores, apesar da importância estratégica dos
relacionamentos com clientes e fornecedores.
Os resultados foram analisados mediante utilização das respostas da pesquisa de
forma agrupada para que, assim, fosse possível apropriar-se, de forma global, da visão
da empresa com respeito a utilização dos sistemas ERP na mesma.
8. Conclusões
O objetivo do trabalho era verificar se existia algum modelo de inserção dos ERP nas
empresas e como este modelo de inserção era utilizado. Ficou razoavelmente
estabelecido que esta inserção se realiza para a satisfação de atividades internas da
empresa, sejam elas primarias ou secundarias.
Segundo Souza (2000), o fenômeno da dos sistemas tipo ERP trouxe consigo uma
riquíssima oportunidade de estudo para a área de administração de informática, uma vez
que sua abrangência e complexidade permitem a análise simultânea de diversos
aspectos relacionados ao uso de sistemas de informação em empresas. A realização
deste trabalho permitiu a ampliação da visão a respeito dos processos de implementação
e utilização de sistemas de informação em geral.
Na grande maioria dos casos, pode-se perceber que os sistemas ERP trazem a
possibilidade de ganhos muito grandes e reais de eficiência empresarial, pelo controle
que proporcionam e pela sincronização das atividades que obrigam seu melhor
planejamento. Claramente os sistemas ERP propõem-se a melhorar a eficiência da
empresa, sendo isso obtido pela integração. As respostas dos entrevistados indicaram,
também, melhorias de eficácia e ganhos competitivos, seja pela sua integração a outros
sistemas ou extensão de suas funcionalidades. As respostas também indicaram que os
sistemas ERP permitiram a redução das despesas da informática nas empresas.
9. Referências Bibliográficas