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Armystrong Costa de Carvalho

Aula 01
Objeto de estudo da disciplina  Lei 11.101/05

Falência do Empresário e da Sociedade Empresária e Recuperação de Empresas (Judicial e Extrajudicial)

Sugestões Bibliográficas

a) Fábio Ulhoa – Curso de Direito Comercial Vol. III;


b) Sérgio Campino – Falências e Recuperações de Empresas.

Papel da empresa na atividade econômica:

1- A empresa é um elemento de vital importância para a sobrevivência do Estado e, por conseguinte, da


sociedade, visto ter características como:
a. Fonte geradora de empregos;
b. Fonte de geração de renda;
c. Consumo;
d. Geração de receita para o fisco.
2- A empresa fabrica e produz bens e serviços necessários à vida em sociedade;
3- A sobrevivência das empresas é aquilo que deve ser buscado pelo Estado, sempre que haja
viabilidade em mantê-la funcionando. Não é um bom negócio para a sociedade extinguir um ente de
tamanha importância para a conjuntura sócio-econômica do país.

Na esteira da importância da atividade empresarial é que o Estado fundamenta a instituição de


normas que disciplinem a recuperação, judicial e extrajudicial, das empresas. Além de regular o
procedimento falimentar, editando normas que garantam a mais justa divisão possível do capital
arrecadado no procedimento falimentar, ordenando e classificando os credores de forma a privilegiar
aqueles que tenham maior necessidade, ou seja, beneficiar aqueles para cujo crédito tenha maior
valor social.

Do risco da atividade empresarial:

1- A atividade empresarial é marcada pelo risco, ou seja, toda atividade voltada para o comércio é uma
atividade de risco, os investimentos são feitos sem que se possa dizer com certeza se aquilo será ou
não lucrativo, se aquilo alcançará a finalidade para a qual a empresa se constituiu.
2- Dado este risco, o Direito tem de criar mecanismos de proteção para que as empresas, quando da
ocorrência de uma crise decorrente do risco, possam ter oportunidade de se reorganizar, sempre que
exista viabilidade na manutenção de seu funcionamento. Daí o instituto da recuperação de empresas,
que pode ser Judicial e Extrajudicial.
3- O Direito também cuida da extinção das empresas que não se enquadrem nos requisitos de
viabilidade que possibilitem uma reorganização, daí o instituto da falência.

Lei 11.101/05

1- Âmbito de incidência da lei: esta lei tem natureza mercantil.

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a. Sujeito passivo:
i. Empresa  empresário individual;
ii. Empresa  sociedade coletiva, como as S/A, Sociedade em Comantida etc;
iii. Indivíduo pessoa natural  este é passível de insolvência civil, este instituto é
regulado pela legislação civil, não se submetendo ao regulamento da recuperação ou
falência da Lei 11.101/05.
b. Das crises: existem várias formas de crises que podem afetar uma empresa. As crises podem
vir isolada ou simultaneamente. Quando um ente empresarial se encontra em crise, nasce a
necessidade de que seja tratado. Então, deve-se procurar a melhor forma de resolver o
problema enfrentado pelo ente, através de uma Recuperação Extrajudicial ou Judicial.
Somente quando não houver uma forma de revitalizar a empresa é que será iniciado o
procedimento de falência.
i. Crise Econômica  retração dos negócios da empresa. A empresa não tem
conseguido vender, apresenta perda de competitividade no mercado, demonstra atraso
tecnológico, essa crise pode ser causada pelo elemento conjuntural do meio em que
está inserida.
ii. Crise Patrimonial  quando uma empresa se encontra com um passivo superior ao
seu patrimônio ativo. Quando se verifica que as obrigações a serem adimplidas têm
maior valor econômico do que o patrimônio da empresa. Não é um fator absoluto de
insolvência.
iii. Crise Financeira  se traduz na falta de liquidez. A empresa tem patrimônio, mas
não consegue convertê-lo em dinheiro. Embora disponha de grandes valores em
propriedades e bens, depara-se com uma dificuldade de converter seus bens em
dinheiro, o que dificulta no cumprimento de suas obrigações diante de seus credores.
2- Âmbito de incidência:
a. Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do
empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.
i. Empresário individual;
ii. Sociedade empresária:
1. Exemplos: Sociedade em Nome Coletivo; Sociedade em Comandita Simples;
Sociedade Limitada; Sociedade Anônima; Sociedade em Comandita por
Ações etc.
3- Exclusão da incidência: a lei nº 11.101 não se aplica a determinadas instituições, e em alguns casos,
pode ser aplicada de forma subsidiária.
a. Art. 2o Esta Lei não se aplica a:
i. Exclusão Absoluta: I – empresa pública e sociedade de economia mista;
1. São entes regulados pelas normas de Direito Privado;
2. Não podem ser beneficiadas com favorecimentos que não se estendam aos
outros entes privados da mesma categoria;
3. Dada a afetação de interesse público que carregam estes entes, justifica-se a
não incidência das regras da Lei 11.101/05. Uma vez que a atuação do Estado
no campo econômico e empresarial é um imperativo de interesse coletivo.
Estas entidades são apenas uma “longa manus” do ente público que as
constitui, são entes de natureza híbrida, embora sejam pessoas jurídicas de
direito privado.

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4. Responsabilidade do ente público que as criou.
ii. Exclusão Parcial ou Relativa: II – instituição financeira pública ou privada,
cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade
operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores;
1. Esses entes exercem atividades que, de certa forma, têm grande relevância
para a coletividade, por conta disso devem ser revestidas de algumas garantias,
como a intervenção de algum órgão estatal na tentativa de recuperação em
caso de crise. Só após a intervenção e, se esta não se mostrar suficiente, é que
deverá ser aplicada a Lei 11.101/05. Ressalte-se que cada ente mencionado
neste inciso tem lei própria regulando esse procedimento preliminar à
aplicação da Lei Falimentar.
4- Juízo Competente para a recuperação e falência:
a. Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a
recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do
devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil
i. Em se tratando de uma empresa pequena e que tenha sede numa única comarca, o
juízo é aquele da comarca em que reside e atua a empresa.
ii. Em se tratando de uma organização empresarial de grande atuação, a qual esteja
presente em vários pontos de um estado, de um país ou mesmo do mundo, devem-se
observar determinados requisitos.
1. Principal estabelecimento do devedor: É aquele onde é exercido o controle
dos negócios da organização, é o lugar de onde partem as ordens, ou seja, de
onde emanam os comandos a serem obedecidos por toda a organização nos
diversos pontos em que estiver atuando.
a. Exemplo: uma empresa Z tem filiais em todas as capitais dos Estados-
membros brasileiros. Esta mesma empresa tem, na cidade de São
Paulo-SP, um escritório de onde os profissionais da alta cúpula
administrativa comandam a atuação de todas as filiais espalhadas pelo
Brasil. Havendo necessidade de se realizar um plano de recuperação
judicial, o foro da cidade de São Paulo é que será competente para
deferir. Assim como para homologar o plano extrajudicial e decretar a
falência.
2. Filial: quando a sede for fora do país.
a. Exemplo: uma empresa A, que é sediada na Alemanha, constitui uma
filial B, no Brasil, mais precisamente na cidade de Manaus, no Estado
do Amazonas, sendo controlada pela sede que fica na Alemanha.
Embora seja controlada pelo ente que fica na Alemanha, será
competente o foro de Manaus para todas as questões pertinentes à
recuperação e falência, quanto a sua atuação em território brasileiro.
5- Atributos ou características do juízo falimentar:
a. Unidade e Indivisibilidade: Princípio da unidade e da indivisibilidade  só existe um juízo
competente para aplicação da lei 11.101, mesmo havendo diversos estabelecimentos em
diferentes lugares; o princípio da unidade e indivisibilidade impede que possam ocorrer

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vários procedimentos de falência ou recuperação em relação à mesma empresa em diversas
comarcas concomitantemente.
i. Exemplo: decretada a falência em Manaus, não poderá ser decretado um novo
processo de falência da mesma empresa em Salvador, embora haja uma filial lá. O
juízo que decretar a falência primeiro estará prevento, devendo todas as demais ações
serem julgadas por ele.
b. Universalidade: Princípio da universalidade do juízo falimentar  o juízo falimentar
abrangerá todos os credores, de todas as partes de onde puderem se encontrar. Todas as ações
e execuções serão unidas quando da decretação da falência. Tenta-se aqui evitar disparidade
de decisões. No juízo da falência é que serão organizadas as classes de credores, a fim de que
se tenha uma justa distribuição do que for arrecadado na apuração de dinheiros dos bens do
ente falido.
i. Art. 6º. § 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a
jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo
ao mesmo devedor.
ii. Exemplo: mesmo quando o mérito seja submetido a outro juízo, como a justiça do
trabalho, o crédito deverá ser executado no juízo da falência.
c. Igualdade entre os credores: Princípio da Par conditio creditorum  no concurso de
credores se aplica tratamento igual aos credores de mesma classe.
i. Exemplo: uma empresa X teve falência decretada, na habilitação dos credores
verificou-se existirem credores de três classes: Credores de Créditos Trabalhistas;
Credores com Garantias Reais e Credores Quirografários. No concurso entre os
credores, o princípio da par conditio creditorum tem o escopo de garantir tratamento
igual para os credores de mesma classe, logo, pode-se verificar que não há tratamento
igual entre um credor de crédito trabalhista e um credor com garantia real, visto que
pertencem a classes diferentes. A igualdade será garantida entre os diversos credores
que figurarem na mesma classe, ou seja, se há 100 credores trabalhistas, estes serão
tratados de forma isonômica; havendo 10 credores com garantia real, estes serão
tratados de forma isonômica pelo juízo falimentar, e assim com todas as outras classes
que puderem figurar num procedimento desta natureza.

Aula 02
Execuções

a) Execuções Singulares  conforme os procedimentos do CPC;


a. Neste tipo de execução o patrimônio do devedor é constrangido por meio de penhora, esta
pode incidir sobre parte ou sobre todos os bens do devedor.
b. A penhora só atinge os bens necessários ou suficientes para liquidar a dívida exigida.
b) Execuções Concursais  conforme procedimento da Lei 11.101; protegendo-se assim os interesses
das classes de credores.
a. Não se pode usar a execução concursal como meio de coação quando o credor possa cobrar
sua dívida pela execução comum, pois a falência é o último instrumento a ser utilizado;
b. Quando existe patrimônio suficiente, deve-se utilizar a execução singular;

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c. Quando o patrimônio se mostrar insuficiente, aí sim é recomendado exigir-se a execução
concursal, através da decretação de falência. Por princípios humanitários e de ordem pública,
aqueles cuja situação demonstre estado de maior necessidade, definidos em lei, é que deverão
receber primeiro, uma vez que o ativo não é suficiente para o adimplemento de todas as
obrigações, logo, há uma necessidade em que se faça uma linha de preferência em razão do
interesse social.
d. Decretada a falência não haverá mais falar-se em penhora, mas somente em arrecadação. Os
bens disponíveis do devedor serão arrecadados. Aquilo que não puder ser penhorado em
execução comum, também não poderá ser arrecadado na execução concursal.

Pressupostos da falência:

a) Qualidade de empresário comercial do devedor: só há falência ou recuperação sobre quem tenha a


qualidade de empresário comercial.
b) Insolvência do devedor: estado em que a condição patrimonial do devedor se mostra inferior aos
seus débitos e obrigações. É a perda da solvabilidade. É quando as dívidas se sobrepõem ao
patrimônio, mas esse conceito comum não é absoluto no Direito Cambiário, pois aqui a insolvência é
presumida.
a. Para fins de falência, a insolvência é presumida pela ocorrência das situações objetivamente
definas em lei.
b. Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
i. I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;
1. Princípio da impontualidade: a pontualidade é considerada pela lei como um
fator primordial para a ordem econômica, para o bom desenvolvimento das
atividades econômicas.
2. Relevante razão de direito: prescrição, decadência, falsidade do título,
compensação, dívida não é líquida, o título não está protestado etc.
3. Obrigação líquida: certa quanto a sua existência e determinada quanto ao
seu objeto. Certa porque está no título, líquida porque seu valor já está
previsto expressamente sem necessidade de qualquer cálculo.
4. Obrigação exigível: já está vencida.
ii. II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à
penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
1. Execução frustrada por tríplice omissão: comerciante executado que,
simplesmente, ignora a execução. A este comportamento a lei estabelece a
presunção de insolvência jurídica. As três omissões são: a) não pagar; b) não
depositar e c) não oferecer bens à penhora.
iii. III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação
judicial: (atos de falência: condutas que, uma vez praticadas presumem seu estado de
falência)
1. a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;

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2. b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
3. c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
4. d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
5. e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar
com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
6. f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;
7. g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de
recuperação judicial.
c) Declaração ou decretação judicial da falência  deve haver pronunciamento judicial decretando a
falência, não pode ser decretada por instrumento particular. Somente o juízo competente é que tem
legitimidade para decretar a falência do devedor empresário.
d) Pluralidade de credores (pressuposto controvertido)  em razão de a lei brasileira criar hipóteses
de presunção da insolvência de empresas, não é razoável acreditar que este pressuposto seja eficaz,
embora haja coerência.

Aula 03
Competências do juízo falimentar (continuação)

 O Direito falimentar é material e adjetivo, pois cuida da matéria de fundo e cuida também da
instrumentalidade processual. As normas processuais civis só serão utilizadas para suplementar as
normas da lei falimentar quando assim o couber;
 A competência do juízo falimentar não é estudada pelo enfoque do Código de Processo Civil;
 A competência é estabelecida pela regra do Art. 3º da Lei 11.101/05;
 A decretação de falência conforme a lei brasileira só tem validade dentro do território nacional.

Da legitimação ativa: Art. 97.

1. Falência confessada ou autofalência:


A) O próprio devedor solicita a decretação  dada a notória inviabilidade da empresa
em continuar operando, o próprio devedor pode requerer a extinção do ente
empresarial.
2. O cônjuge sobrevivente, herdeiros e inventariante  só existe na falência de empresário
individual, neste caso a falência é sobre o espólio.
3. Cotista ou acionista do devedor  na forma da lei ou do ato constitutivo, os cotistas são
sócios de uma sociedade de pessoas, o acionista é o membro de uma sociedade de capital.
Fazendo parte da sociedade e verificando que não há mais viabilidade em manter a empresa,
pode requerer sua extinção na forma da lei ou do ato constitutivo.
4. Credores  é a forma comum, qualquer credor é legitimado para requerer falência, desde
que estejam presentes os requisitos legais. Se o credor também for empresário, incidirá sobre

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ele a necessidade de apresentar prova da regularidade à junta comercial. Quando o credor for
estrangeiro, deverá fazer caução sobre a indenização.
A) Pode ser requerida por dolo  intenção de causar prejuízos ao empresário. Não há
uma preocupação em receber o crédito, mas sim em prejudicar a imagem do
devedor no mercado. O juiz, em observando tal circunstância pode condenar o
requerente no ato do indeferimento a indenizar perdas e danos.
B) Pode ser requerida por culpa  por uma ação descuidada (negligência,
imprudência ou imperícia), o credor requer a falência sem perceber que não há
fundamento para tanto. Nesta hipótese o juiz denega o pedido, mas não pode
condenar o requerente a indenizar perdas e danos. Para tanto, será necessário
provocação do devedor e comprovação das perdas e danos por meio de ação
própria.

Escopos ou finalidades da falência

1- Escopo privatistico: A falência, em sua finalidade privatista, visa expropriar bens do devedor,
transformando-os em dinheiro, para efetuar o pagamento das dívidas deste devedor.
2- Escopo Social: A falência não tem somente finalidade privatista. Enquanto medida judicial, esse
instituto tem também outras finalidades de cunho social a serem alcançadas:
a. Saneamento do meio empresarial  é importante que somente empresas sérias e
compromissadas com sua função social se mantenham vivas no meio empresarial, por isso as
empresas inviáveis devem ser eliminadas. Em havendo inviabilidade, é dever do juiz,
decretar a falência.
b. Manutenção da par conditio creditorum  a processo de falência deve também dar
paridade de tratamento aos credores em conformidade com as categorias e classes de
credores. Esse escopo significa que os credores de mesma classe e mesma categoria devem
receber tratamento isonômico. Dentro do concurso, há uma ordem de preferência para o
recebimento de créditos, por razões de ordem pública e princípios humanitários e gerais de
direito. A preferência pode nascer da lei ou da vontade das partes (Garantias reais “penhor,
hipoteca, anticrese”– Garantias pessoais “aval, fiança etc”). Somente garantias reais criam
preferências na execução de falência.
i. Classes: 1ª. Credor Trabalhista; 2ª. Credor de Alimentos; 3ª. Credor com garantia
real; 4ª. Fazenda Pública; 5ª. Credor com privilégios gerais; 6ª. Credor com
privilégio especial; 7ª. Credor quirografário; 8ª. Credor sub-quirografário; 9ª.
Credor Subordinado.
ii. Massa falida objetiva: conjunto de patrimônio arrecadado.
iii. Massa falida subjetiva: reunião dos credores no quadro geral.
c. Moralização do crédito comercial  a crise da empresa pode ocorrer por conta de fatores
externos, como modificações fiscais, alterações econômicas e cambiais drásticas etc, mas na
grande maioria das vezes as crises se desencadeiam por motivos de má gestão, ou seja,
porque os dirigentes atuam fora da finalidade da empresa.
i. Nas ações de falência o Ministério Público deve atuar como custus legis, para
verificar a atuação dos dirigentes e evidenciar se existe ocorrência de crimes
falimentares. Esta apuração serve para moralizar o crédito.
ii. Teoria da desconsideração da personalidade jurídica: a atuação do MP no sentido de
evidenciar o desvio de finalidade ou confusão patrimonial da empresa pode acarretar a

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aplicação do instituto previsto no Art. 50 do Código Civil de 2002, qual seja, a
desconsideração da personalidade jurídica da empresa para atingir os bens particulares
daqueles que derem causa ao abuso.

Aula 04
Da execução concursal

A força atrativa “vis atrativa” do juízo falimentar, através do princípio da unidade e da


universalidade, faz convergir para tal juízo todos os credores do devedor. Salvo algumas exceções conforme
abaixo.

a) Dívidas ou obrigações não exigíveis (Art. 5º): credores que não podem reclamar seus créditos na
recuperação judicial ou na falência.
a. Obrigações a título gratuito;
i. Uma promessa de doação não pode ser cobrada em juízo de recuperação ou de
falência.
ii. Por que uma obrigação a título gratuito não pode ser exigida¿ porque o patrimônio
deve ser destinado prioritariamente àqueles que têm créditos a receber do devedor.
b. As despesas dos credores para tomar parte na falência e na recuperação judicial;
i. Este tipo de despesa corre por conta dos próprios credores;
ii. Salvo custas judiciais decorrentes de ações contra o devedor.
c. Direitos trabalhistas são discutidos na Justiça do Trabalho;
i. o reconhecimento de um crédito trabalhista deve ser realizado pela Justiça do
Trabalho, pois o juízo falimento não atrai a matéria trabalhista; somente quando da
existência de um título executivo judicial é que entra a força atrativa do juízo
falimentar, pois o título deve ser executado no juízo da falência conforme as regras de
classificação dos créditos ali estabelecidas e observando-se a “par conditio
creditorum”.
d. Interesse da Fazenda Pública é apurado na Justiça federal;

Suspensão da prescrição e das ações e execuções individuais: Art. 6º

a. Deferido o pedido de recuperação ou decretada a falência: suspendem-se todos os processos


contra o devedor, salvo determinadas exceções.
a. Por que o curso das ações tem de ser suspenso? Porque inviabilizaria a execução
concursal, dada a possibilidade de que o patrimônio do devedor seja consumido
totalmente, prejudicando a ordem de classificação legal de credores.
b. Ações que não são suspensas:
a. Ações que demandarem quantia ilíquida (ação de conhecimento);
b. Ações de natureza trabalhista;
c. Ações de execução com asta pública marcada ou já realizada.
i. Asta pública já realizada  O bem já foi penhorado ou arrecadado.
ii. Asta pública marcada  O ato deve ser realizado, mas o dinheiro apurado é
repassado ao juízo de falência, para que este credor da ação singular receba

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segundo a ordem. Caso o credor já tenha recebido o dinheiro, quando da
decretação da falência, não terá de restituir o que recebeu.

Reserva do crédito: Art. 7º

Os potenciais credores devem ter seus créditos garantidos ou reservados, a fim de que não sejam
prejudicados pela demora de suas ações singulares que correm em separado, são os casos de:

a) Quantia ilíquida  enquanto o juízo cível não se pronunciar dando valor certo e determinado ao
crédito discutido, a quantia será ilíquida.
b) Dívida trabalhista  o reconhecimento do crédito trabalhista é feita na Justiça do Trabalho,
enquanto não for reconhecido não pode ser exigido.

Nestas situações, será reservada uma quantia em dinheiro do que for arrecadado, para que se
resguarde o interesse ora mencionado.

Em havendo novas ações, após o deferimento da recuperação judicial ou da decretação da


falência, deverão ser comunicadas ao juízo das mesmas.

Execuções fiscais não são suspensas pelo deferimento da recuperação ou pela decretação da
falência.

A prevenção do juízo se dá pela distribuição do pedido de recuperação ou de falência. Por conta


do princípio da unidade, indivisibilidade e universalidade do juízo falimentar.

Da verificação e da habilitação de créditos (Art. 7º a 20): verificação é igual a acertamento do passivo.

O que é uma verificação de crédito? Qual a utilidade? Qual o objetivo?

 Verificação de crédito é o acertamento do Passivo.


 A verificação de crédito serve para evidenciar a existência e a validade do mesmo. Podendo ser
verificada a existência de irregularidades na atividade empresarial. Além de permitir que não haja
habilitação de crédito baseado em título fraudulento ou mesmo uma dívida já atingida pela prescrição
ou pela decadência, ou o crédito já está quitado ou pelo menos parcialmente quitado. E
principalmente para que se possa ordenar a classificação do passivo, para afinar a ordem de
pagamento. Essa verificação é avaliada pelo devedor, pelo MP, pelo Administrador Judicial, pelos
credores etc.
 Através desta diligência é que se pode ter uma lista idônea de credores, devidamente identificados e
classificados segundo a natureza do crédito.
1) Habilitação:
a. Quem habilita: o Administrador Judicial
b. Como se habilita: através dos registros organizados pela entidade que estiver solicitando
recuperação ou falência.
c. O credor que não constar da lista de credores pode peticionar pedindo a habilitação de seu
crédito, provando-o com os meios necessários.
2) Divergência:
a. O credor que for relacionado, mas entender que há alguma informação incorreta quanto à
natureza e classificação do crédito e ao valor, poderá manifestar divergência;
b. O Administrador poderá corrigir a lista ou manter a lista e negar a divergência.

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i. Por meio deste instituto o credor conhecedor de irregularidades no crédito exigido por
outro pode, em tendo como provar, aumentar suas próprias chances de receber os seus
créditos, dada a retirada de um crédito que não deve ser pago.
3) Impugnação:
a. Negada a petição de divergência, o credor deverá manifestar impugnação perante o juízo
competente.
b. Quando a lei faculta em geral a todos os credores o direito de uns impugnarem os créditos
dos outros é a outra hipótese de ocorrência deste instituto.
i. Exemplo: credor X desconhece a existência de determinado credor Y, verifica seu
crédito e descobre que é irregular; baseado neste instituto pede a impugnação do
crédito do credor Y.

Órgãos da administração da falência

A atual Lei de Falência, Lei 11.101/05, possui órgãos que se julgam obrigatórios e órgãos
facultativos. Os obrigatórios são: o juiz, o administrador judicial e o representante do Ministério Público; os
facultativos são: O comitê de credores e a assembléia geral de credores.

Na análise do trio obrigatório e que administra a falência é o administrador judicial que executa as
medidas legais e judiciais necessárias à realização do ativo e solução do passivo do agente econômico
devedor. Essa função é exercida sob a supervisão do juiz e a fiscalização do Ministério Publico, sendo estes
três, essenciais na falência e devem atuar conforme a lei, têm o dever de bem administrar, sua atuação deve
ser transparente e finalística e os credores devem ser tratados com impessoalidade. Tudo isso previsto nos
princípios estruturantes da administração da falência, inscritos no art. 37 da CF, para administração publica
no que se refere à legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Falando agora dos órgãos facultativos, como dito anteriormente, são eles: o comitê de credores e a
assembléia geral de credores.

O comitê, na nova legislação, arts. 26 a 34, da Lei 11.101, poderá ter uma participação muito mais
ativa no processo, com prerrogativas de acompanhamento, manifestação e também de aprovação do plano de
recuperação da empresa. Conclui-se que se trata de um órgão fiscalizador, pois deverá ser composto de: um
representante da classe dos credores trabalhistas, com dois suplentes; um representante da classe dos
credores garantidos ou com privilégios especiais, com dois suplentes; e por último um representante
indicado pela classe dos credores quirografários ou com privilégios gerais, com dois suplentes.

A assembléia geral de credores, reunião de pessoas com algum interesse em comum, com finalidade
examinar, de discutir e deliberar sobre matérias de sua competência, tudo exposto no art. 35, I e II, da LF.
Ele é um colegiado de existência obrigatória nos processos de recuperação judicial e facultativa nos
processos de falência, com o fim de deliberar sobre qualquer matéria que possa afetar os interesses dos
credores.

a) Juiz: O juiz, como afirma o autor, Sebastião Jose Roque, “é o órgão máximo da recuperação judicial,
da recuperação extrajudicial e da falência, tanto que os demais órgãos giram em torno dele”. Ele é
indispensável na condução do processo do devedor em crise, é tido como supremo, pois se
encarregará de verificar a atuação dos demais órgãos, poderá escolher o administrador judicial, como
também, poderá destituí-lo, de oficio e sem consulta previa dos órgãos consultivos.
1. Atribuições do Juiz:

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A) Processar e julgar a impugnação de créditos;
B) Homologar o quadro geral de credores;
C) Determinar as provas a serem produzidas;
D) Determinar reserva de valor para créditos impugnados;
E) Verificar a atuação dos demais órgãos do procedimento falimentar.
b) Ministério Público: o órgão constitucionalmente instituído para atuar como fiscal da lei “custos
legis”, teve sua participação reduzida, pois havia um excesso de abertura de vistas permitidas ao MP.
O legislador procurou privilegiar as funções essenciais do MP, não mais abrindo qualquer situação
para verificação, mas tão somente àquelas voltadas a sua atuação de fiscal da lei e defensor da
sociedade.
1. Atuação na lei anterior:
A) A Lei de Falências revogada (Decreto-Lei 7.661/45), em seu artigo 210, dispunha
expressamente: "O representante do Ministério Público, além das atribuições
expressas na presente lei, será ouvido em toda ação proposta pela massa ou contra
esta. Caber-lhe-á o dever, em qualquer fase do processo, de requerer o que for
necessário aos interesses da justiça, tendo o direito, em qualquer tempo, de
examinar todos os livros, papéis e atos relativos à falência e à concordata".
B) Além desta atuação, por força da norma inserta no art.210 da lei revogada, a
intervenção do Ministério Público se fazia obrigatória em todas as causas em que a
massa falida ou sociedade concordatária fosse autora ou ré, sob pena de nulidade do
processo, estivesse o feito em trâmite no juízo falimentar ou em outro juízo
qualquer, devendo ser intimado pessoalmente para intervir como custos legis
2. Atuação na lei nova:
A) O MP investiga a existência de atos ilícitos;
B) Atos de improbidade;
C) Desvio de finalidade da empresa;
D) A atuação do MP é muito importante para a moralização do crédito comercial.
c) Administrador Judicial (aula 05): esta figura surgiu para substituir o síndico na falência e o
comissário das concordatas na recuperação.
d) Comitê de credores: (aula 06)
e) Assembleia Geral de Credores: (aula 07)

Aula 05
Administrador Judicial: Art. 21 a 25

a) Conceito Legal: Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada.
Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de
que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de
falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz.
1. Profissional idôneo: requisito de idoneidade moral e financeira;
2. Preferencialmente: Advogado, Economista, Administrador de Empresas ou Contador, ou
Pessoa Jurídica Especializada. Essa indicação não é obrigatória, é possível que o

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Armystrong Costa de Carvalho
Administrador seja pessoa que não se enquadre nessas especificações. Mas sempre deve ser
mantido o primeiro requisito, ou seja, a idoneidade.

O Administrador veio para substituir o síndico da falência e o comissário da concordata, instituto este
que não mais existe, visto não existir mais a concordata, pois a lei criou o instituto da recuperação judicial e
extrajudicial. O Administrador é órgão permanente e obrigatório no procedimento de Falência e
Recuperação Judicial.

A atuação do Administrador é diferente em relação aos procedimentos. Na recuperação judicial, atua


como fiscal, levando ao conhecimento do juiz se a empresa apresenta condições de cumprir o plano de
recuperação que está propondo e se após o cumprimento ela mantém o planejamento estruturado para seu
bom funcionamento, pois na recuperação não é obrigatório o afastamento de seus dirigentes, por isso o
Administrador figura como mero fiscal. Na falência ele exerce uma função mais complexa, dada a
obrigatoriedade de afastamento dos dirigentes.

b) Natureza Jurídica: é um agente auxiliar da Justiça, que exerce funções indelegáveis, exercendo de
forma pessoal com responsabilidade própria, funções que lhe são atribuídas pela lei em prol do bom
andamento, da boa condução dos processos de recuperação e falência. O Administrador não pode
transferir suas funções a outrem, nem pode ser substituído sem que haja autorização judicial. Pode
ser destituído por não estar cumprindo suas funções e também pode renunciar, desde que haja justa
causa.
1. Exerce um múnus público de colaboração com a Justiça.
2. Não é representante nem mandatário do devedor, muito menos dos credores.
c) Funções do Administrador Judicial:
1. Competências Comuns: na recuperação judicial e na falência.
A) Enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III
do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art.
105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da
decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito.
1- Dever de comunicação e informação.
B) Fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados.
C) Dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de
fundamento nas habilitações e impugnações de créditos.
D) Exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações.
E) Elaborar a relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei.
F) Consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei.
G) Requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos previstos
nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões.
H) Contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas
para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções.
I) Manifestar-se nos casos previstos nesta Lei.
2. Competência nos casos de recuperação judicial: o Administrador, enquanto fiscal da
recuperação judicial, deve fazer análise minuciosa inclusive do comportamento particular do
devedor, para evidenciar se é compatível com sua condição. Na recuperação o Administrador
não representa o devedor em juízo.

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Armystrong Costa de Carvalho
A) Fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação
judicial;
B) Requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de
recuperação;
C) Apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do
devedor;
D) Apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o
inciso iii do caput do art. 63 desta lei.
3. Competência nos casos de falência:
A) Avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à
sua disposição os livros e documentos do falido;
B) Examinar a escrituração do devedor;
C) Relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida;
D) Receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não
for assunto de interesse da massa;
E) Apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de
compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e
circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a
responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186
desta lei;
F) Arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos
termos dos Arts. 108 e 110 desta lei;
G) Avaliar os bens arrecadados;
H) Contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a
avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa;
I) Praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores;
J) Requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a
considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos
do Art. 113 desta lei;
K) Praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de
dívidas e dar a respectiva quitação;
L) Remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados,
penhorados ou legalmente retidos;
M) Representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos
honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo comitê de credores;
N) Requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento
desta lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração;
O) Apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10o (décimo) dia do mês seguinte ao
vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a
receita e a despesa;
P) Entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob
pena de responsabilidade;
Q) Prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar
ao cargo;
4. Restrição para transigir na falência:

13
Armystrong Costa de Carvalho
o
A) Art. 22. § 3 Na falência, o administrador judicial não poderá, sem autorização
judicial, após ouvidos o Comitê e o devedor no prazo comum de 2 (dois) dias,
transigir sobre obrigações e direitos da massa falida e conceder abatimento de
dívidas, ainda que sejam consideradas de difícil recebimento.
B) Uma empresa que está em falência, quando tiver créditos a receber de terceiros, não
pode dispor destes, deve cobrá-los na sua integralidade, a menos que haja
autorização judicial para tanto.
5. Responsabilidade penal dos dirigentes:
A) § 4o Se o relatório de que trata a alínea e do inciso III do caput deste artigo apontar
responsabilidade penal de qualquer dos envolvidos, o Ministério Público será
intimado para tomar conhecimento de seu teor.
6. Responsabilidade do Administrador:
A) Art. 23. O administrador judicial que não apresentar, no prazo estabelecido, suas
contas ou qualquer dos relatórios previstos nesta Lei será intimado pessoalmente a
fazê-lo no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de desobediência. Parágrafo único.
Decorrido o prazo do caput deste artigo, o juiz destituirá o administrador judicial e
nomeará substituto para elaborar relatórios ou organizar as contas, explicitando as
responsabilidades de seu antecessor.
B) Consequências: destituição pelo juiz.
7. Remuneração do Administrador: a tarefa de administrar um procedimento de recuperação
judicial ou de falência deve ser remunerada, vez que é princípio constitucionalmente previsto
que todo trabalho deve corresponder uma remuneração, sendo que a lei prevê limites e
critérios em que o juiz deve se basear para fixar tal contraprestação ao trabalho do
Administrador.
A) Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do
administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau
de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho
de atividades semelhantes.
B) § 1o Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5%
(cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou
do valor submetidos à recuperação judicial ou do valor.
C) § 2o Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador
judicial para pagamento após atendimento do previsto nos Arts. 154 e 155 desta Lei.
D) § 3o O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao
trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de suas
funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta
Lei, hipóteses em que não terá direito à remuneração.
E) § 4o Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas
desaprovadas.
8. Do pagamento:
A) Art. 25. Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à
remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas
para auxiliá-lo.
B) No caso de recuperação, o plano já deve prevê como será feito o pagamento do
Administrador.

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Aula 06
Comitê de Credores – Art. 26 a 34.

1) Conceito Legal: Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das
classes de credores na assembléia-geral.
a. Dentro de um procedimento de recuperação ou de falência, há diversas classes de credores,
sendo que entre essas há uma ordem de preferência de recebimento de créditos em
conformidade com a classificação prevista no Art. 83 da Lei 11.101/2005.
b. É um órgão de natureza não permanente, ou seja, pode existir ou não, dependendo da
deliberação dos credores conforme o caput do Art. 26. Normalmente, esta figura existe em
procedimentos de grande complexidade.
2) Função do Comitê de Credores: O Comitê é o organismo que representa os credores exercendo o
papel de consultoria e fiscalização em benefício dos credores.
a. Consultoria: quando atua ouvindo e sugerindo formas de execução dos institutos de
recuperação e falência.
b. Fiscalização:
3) Constituição do Comitê de Credores:
a. 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes;
b. 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou
privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes;
c. 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios gerais,
com 2 (dois) suplentes.
d. § 1o A falta de indicação de representante por quaisquer das classes não prejudicará a
constituição do Comitê, que poderá funcionar com número inferior ao previsto no caput
deste artigo.
e. § 2o O juiz determinará, mediante requerimento subscrito por credores que representem a
maioria dos créditos de uma classe, independentemente da realização de assembléia:
i. a nomeação do representante e dos suplentes da respectiva classe ainda não
representada no Comitê; ou
ii. a substituição do representante ou dos suplentes da respectiva classe.
4) Da presidência do Comitê: § 3o Caberá aos próprios membros do Comitê indicar, entre eles, quem
irá presidi-lo.
5) Atribuições do Comitê:
a. na recuperação judicial e na falência:
i. fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;
ii. zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei;
iii. comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos
credores;
iv. apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados;
v. requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores;
vi. manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei.
b. na recuperação judicial:
i. fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta)
dias, relatório de sua situação;

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Armystrong Costa de Carvalho
ii. fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial;
iii. submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas
hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição
de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à
continuação da atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do
plano de recuperação judicial.
6) Da deliberação:
a. § 1o As decisões do Comitê, tomadas por maioria, serão consignadas em livro de atas,
rubricado pelo juízo, que ficará à disposição do administrador judicial, dos credores e do
devedor.
b. § 2o Caso não seja possível a obtenção de maioria em deliberação do Comitê, o impasse será
resolvido pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz.
7) Da inexistência do Comitê:
a. Art. 28. Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou, na
incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições
8) Da remuneração: os membros do Comitê podem ser ou não remuneração.
a. Art. 29. Os membros do Comitê não terão sua remuneração custeada pelo devedor ou pela
massa falida, mas as despesas realizadas para a realização de ato previsto nesta Lei, se
devidamente comprovadas e com a autorização do juiz, serão ressarcidas atendendo às
disponibilidades de caixa.
b. A existência do Comitê é uma decisão dos credores, logo, só haverá remuneração se houver
deliberação dos credores nesse sentido. Mas o pagamento deve ser feito pelos próprios
credores.
9) Impedimentos: não é qualquer credor que pode compor o comitê, pois devem ser observados os
critérios de idoneidade, afinidade ou parentesco até o terceiro grau com o devedor.
a. Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador judicial quem,
nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do
Comitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas
dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada.
b. § 1o Ficará também impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de administrador
judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3o (terceiro) grau com o devedor,
seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou
dependente.
10) Substituição:
a. Art. 30. § 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a
substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em
desobediência aos preceitos desta Lei.
b. § 3o O juiz decidirá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o requerimento do § 2 o deste
artigo.
c. Art. 31. § 2o Na falência, o administrador judicial substituído prestará contas no prazo de 10
(dez) dias, nos termos dos §§ 1o a 6o do art. 154 desta Lei
11) Destituição: forma de punição pelo não cumprimento das atribuições ou por irregularidades.
a. Art. 31. O juiz, de ofício ou a requerimento fundamentado de qualquer interessado, poderá
determinar a destituição do administrador judicial ou de quaisquer dos membros do Comitê

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de Credores quando verificar desobediência aos preceitos desta Lei, descumprimento de
deveres, omissão, negligência ou prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros.
b. § 1o No ato de destituição, o juiz nomeará novo administrador judicial ou convocará os
suplentes para recompor o Comitê.
12) Responsabilidade dos membros do Comitê e do Administrador:
a. Art. 32. O administrador judicial e os membros do Comitê responderão pelos prejuízos
causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente
em deliberação do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da
responsabilidade.
13) Investidura do Administrador ou dos membros do Comitê:
a. Art. 33. O administrador judicial e os membros do Comitê de Credores, logo que nomeados,
serão intimados pessoalmente para, em 48 (quarenta e oito) horas, assinar, na sede do juízo, o
termo de compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo e assumir todas as
responsabilidades a ele inerentes.
b. Art. 34. Não assinado o termo de compromisso no prazo previsto no art. 33 desta Lei, o juiz
nomeará outro administrador judicial.

Aula 07
Assembleia-geral de Credores:

1) Conceito: órgão deliberativo não obrigatório e de existência não permanente, que pode ser
convocado obrigatoriamente, em alguns casos, por determinação legal.
a. A atuação deste órgão é no sentido de apreciar e deliberar sobre as situações mais
importantes, logo, percebe-se uma característica de subsidiariedade, ou seja, há situações em
que é estritamente necessário convocar a assembleia, vez que algumas decisões podem
alterar, extinguir ou modificar direitos de todos.
2) Atribuições da Assembleia:
a. Na recuperação judicial:
i. Aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado
pelo devedor;
ii. A constituição do comitê de credores, a escolha de seus membros e sua substituição;
iii. O pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta lei;
iv. O nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor;
v. Qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores;
b. Na falência:
i. A constituição do comitê de credores, a escolha de seus membros e sua substituição;
ii. A adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145 desta lei;
iii. Qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.
3) Convocação da Assembleia:
a. Art. 36. A assembléia-geral de credores será convocada pelo juiz por edital publicado no
órgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede e filiais, com
antecedência mínima de 15 (quinze) dias, o qual conterá.
i. local, data e hora da assembléia em 1a (primeira) e em 2a (segunda) convocação, não
podendo esta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1a (primeira);

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Armystrong Costa de Carvalho
ii. a ordem do dia;
iii. local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano de recuperação
judicial a ser submetido à deliberação da assembléia;
o
b. § 1 Cópia do aviso de convocação da assembléia deverá ser afixada de forma ostensiva na
sede e filiais do devedor.
c. § 2o Além dos casos expressamente previstos nesta Lei, credores que representem no
mínimo 25% (vinte e cinco por cento) do valor total dos créditos de uma determinada classe
poderão requerer ao juiz a convocação de assembléia-geral.
4) Pagamento das despesas com a convocação:
a. § 3o As despesas com a convocação e a realização da assembléia-geral correm por conta do
devedor ou da massa falida, salvo se convocada em virtude de requerimento do Comitê de
Credores ou na hipótese do § 2o deste artigo.
b. Se convocada pelo comitê de credores: a conta dos credores
c. Se convocada por 25% dos credores: a conta dos credores (quórum de convocação)
5) Da presidência da assembleia:
a. Art. 37. A assembléia será presidida pelo administrador judicial, que designará 1 (um)
secretário dentre os credores presentes.
6) Dos impedimentos:
a. Art. 37. § 1o Nas deliberações sobre o afastamento do administrador judicial ou em outras em
que haja incompatibilidade deste, a assembléia será presidida pelo credor presente que seja
titular do maior crédito.
7) Do quórum de instalação:
a. Art. 37. § 2o A assembléia instalar-se-á, em 1a (primeira) convocação, com a presença de
credores titulares de mais da metade dos créditos de cada classe, computados pelo valor, e,
em 2a (segunda) convocação, com qualquer número.
8) Lista de presença:
a. Art. 37. § 3o Para participar da assembléia, cada credor deverá assinar a lista de presença, que
será encerrada no momento da instalação.
9) Representação do credor:
a. Art. 37. § 4o O credor poderá ser representado na assembléia-geral por mandatário ou
representante legal, desde que entregue ao administrador judicial, até 24 (vinte e quatro)
horas antes da data prevista no aviso de convocação, documento hábil que comprove seus
poderes ou a indicação das folhas dos autos do processo em que se encontre o documento.
10) Da representação por Sindicato:
a. Art. 37. § 5o Os sindicatos de trabalhadores poderão representar seus associados titulares de
créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho que não
comparecerem, pessoalmente ou por procurador, à assembléia.
11) Do exercício da representação sindical:
a. § 6o Para exercer a prerrogativa prevista no § 5o deste artigo, o sindicato deverá:
i. I – apresentar ao administrador judicial, até 10 (dez) dias antes da assembléia, a
relação dos associados que pretende representar, e o trabalhador que conste da relação
de mais de um sindicato deverá esclarecer, até 24 (vinte e quatro) horas antes da
assembléia, qual sindicato o representa, sob pena de não ser representado em
assembléia por nenhum deles.
12) Do registro:

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o
a. § 7 Do ocorrido na assembléia, lavrar-se-á ata que conterá o nome dos presentes e as
assinaturas do presidente, do devedor e de 2 (dois) membros de cada uma das classes
votantes, e que será entregue ao juiz, juntamente com a lista de presença, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas.
13) Do sistema de votos: proporcional ao valor do crédito, regra geral.
a. Art. 38. O voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito, ressalvado, nas
deliberações sobre o plano de recuperação judicial, o disposto no § 2o do art. 45 desta Lei.
b. Parágrafo único. Na recuperação judicial, para fins exclusivos de votação em assembléia-
geral, o crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional pelo câmbio da
véspera da data de realização da assembléia.
14) Legitimados ao voto:
a. Art. 39. Terão direito a voto na assembléia-geral as pessoas arroladas no quadro-geral de
credores ou, na sua falta, na relação de credores apresentada pelo administrador judicial na
forma do art. 7o, § 2o, desta Lei, ou, ainda, na falta desta, na relação apresentada pelo
próprio devedor nos termos dos arts. 51, incisos III e IV do caput, 99, inciso III do caput, ou
105, inciso II do caput, desta Lei, acrescidas, em qualquer caso, das que estejam habilitadas
na data da realização da assembléia ou que tenham créditos admitidos ou alterados por
decisão judicial, inclusive as que tenham obtido reserva de importâncias, observado o
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 10 desta Lei.
15) Não legitimados ao voto: credores titulares de créditos que não podem ser alterados.
a. § 1o Não terão direito a voto e não serão considerados para fins de verificação do quorum de
instalação e de deliberação os titulares de créditos excetuados na forma dos §§ 3 o e 4o do art.
49 desta Lei.
i. Art. 49. § 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de
bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente
vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de
irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de
proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se
submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de
propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação
respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o
§ 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens
de capital essenciais a sua atividade empresarial. § 4o Não se sujeitará aos efeitos da
recuperação judicial a importância a que se refere o inciso II do art. 86 desta Lei.
16) Da invalidação da deliberação por decisão judicial:
a. Art. 39. § 2o As deliberações da assembléia-geral não serão invalidadas em razão de posterior
decisão judicial acerca da existência, quantificação ou classificação de créditos.
b. § 3o No caso de posterior invalidação de deliberação da assembléia, ficam resguardados os
direitos de terceiros de boa-fé, respondendo os credores que aprovarem a deliberação pelos
prejuízos comprovados causados por dolo ou culpa.
17) Provimento liminar ou cautelar:
a. Art. 40. Não será deferido provimento liminar, de caráter cautelar ou antecipatório dos efeitos
da tutela, para a suspensão ou adiamento da assembléia-geral de credores em razão de
pendência de discussão acerca da existência, da quantificação ou da classificação de créditos.
18) Composição da Assembleia: a lei agrupou os credores conforme a ordem de interesse entre eles.

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a. Titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de
trabalho;
i. Votam com o valor total de seus créditos.
ii. Por esta regra, os credores titulares de direitos de relação trabalho podem somar ao
seu voto o valor de outro crédito pertencente a outra classificação.
b. Titulares de créditos com garantia real;
i. Votam nessa categoria até o limite do valor do bem gravado com a garantia, ou seja,
se um credor titular de garantia real também for titular de créditos de outra natureza,
terá de submeter o valor desse crédito de outra natureza ao voto conforme a categoria
do crédito, não podendo somar tudo, como na regra dos créditos trabalhistas
(quirografário, privilégio especial, geral ou subordinado)
c. Titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou
subordinados.
19) Quórum de aprovação da deliberação:
a. Art. 42. Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que
representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia-geral, exceto
nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos da alínea a do inciso I do
caput do art. 35 desta Lei, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de
realização do ativo nos termos do art. 145 desta Lei.
b. Mais 50% do valor dos créditos (regra geral).
c. Participação sem voto: Art. 43. Os sócios do devedor, bem como as sociedades coligadas,
controladoras, controladas ou as que tenham sócio ou acionista com participação superior a
10% (dez por cento) do capital social do devedor ou em que o devedor ou algum de seus
sócios detenham participação superior a 10% (dez por cento) do capital social, poderão
participar da assembléia-geral de credores, sem ter direito a voto e não serão considerados
para fins de verificação do quorum de instalação e de deliberação. Parágrafo único. O
disposto neste artigo também se aplica ao cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim,
colateral até o 2o (segundo) grau, ascendente ou descendente do devedor, de administrador,
do sócio controlador, de membro dos conselhos consultivo, fiscal ou semelhantes da
sociedade devedora e à sociedade em que quaisquer dessas pessoas exerçam essas funções.
i. A finalidade aqui é evitar conflito de interesses, por isso a lei veta o exercício do voto,
mesmo que os indivíduos sejam credores.
20) Escolha do comitê de credores:
a. Art. 44. Na escolha dos representantes de cada classe no Comitê de Credores, somente os
respectivos membros poderão votar.
b. Exemplo: para escolher um representante da classe de credores trabalhistas, somente os
titulares de créditos trabalhistas estão legitimado a votar.
21) Quórum qualificado: deliberações sobre o plano de recuperação.
a. Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores
referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.
b. § 1o Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta
deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos
presentes à assembléia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes.
c. § 2o Na classe prevista no inciso I do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada pela
maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito.

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o
d. § 3 O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de
quorum de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições
originais de pagamento de seu crédito.
22) Aprovação do plano pelo juiz:
a. Art. 58. § 1o O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não
obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha
obtido, de forma cumulativa.
23) Aprovação da forma alternativa do plano:
a. Art. 46. A aprovação de forma alternativa de realização do ativo na falência, prevista no art.
145 desta Lei, dependerá do voto favorável de credores que representem 2/3 (dois terços) dos
créditos presentes à assembléia.

Da recuperação Judicial

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social
e o estímulo à atividade econômica.

Objetivo: viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor.

Finalidade: permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses
dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade
econômica.

Legitimação para requerer a recuperação judicial:

A) Devedor; desde que preencha os requisitos legais, que podem ser de ordem econômica, formal e
moral.
a. Exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos;
i. O empresário individual ou coletivo deve estar devidamente registrado na junta
comercial.
ii. A atividade regular deve ter o mínimo de dois anos de exercício. O empresário
com menos de dois anos de exercício não demonstrou ainda a aptidão para a
atividade empresarial.
b. Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado,
as responsabilidades daí decorrentes;
i. O devedor empresário deve apresentar demonstração que comprove a situação
atual da empresa, para que o juiz possa verificar a viabilidade de sua permanência
no mercado.
ii. Não pode ter falência declarada;
iii. Caso tenha se submetido à falência anterior, deve declaração judicial da extinção
de suas responsabilidade por meio de sentença transitada em julgado.
c. Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
i. Requisito formal e temporal. Não é permitido que uma empresa que tenha
recebido o benefício de uma recuperação a menos de cinco anos tenha o mesmo
benefício antes de decorrido este interstício estipulado pela lei.

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d. Não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no
plano especial de que trata a seção v deste capítulo;
e. Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta lei.
i. Requisito moral.
ii. Não é um instituto para ser concedido a empresários desonestos.
B) Recuperação do Espólio: A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge
sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.
a. Esta hipótese só é cabível quando o empresário é individual.

Créditos sujeitos à recuperação judicial: Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os
créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos.

O que significa estar submetido: quer dizer que os credores deveram obedecer às regras
estabelecidas pelo Plano de Recuperação.

Quem está submetido ao plano: todos os titulares de créditos existentes na data do pedido.

Quem não está submetido ao plano: todos os titulares de créditos que venham a existir depois do
deferimento do pedido de recuperação.

Conservação das garantias: Art. 49. § 1o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam
seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.

Exemplo: caso o credor queira cobrar o crédito direto do garantidor fiador, este tem de
responder pela dívida, sub rogando-se nos direitos do credor, passando a integrar o plano de
recuperação.

Contrato Judicial com força novativa: Art. 49. § 2o As obrigações anteriores à recuperação judicial
observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito
aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial.

Exemplo: caso a maioria necessária à aprovação do plano o aprove com dilação dos prazos e
remissão de créditos em benefício do credor, haverá uma novação, ou seja, uma modificação na
situação original, passando a valer na forma como for aprovado dentro do plano. Ressalte-se que se o
devedor não conseguir cumprir o plano, por qualquer motivo, e tenha de ser decretada sua falência,
os créditos retornam à situação originária anterior ao plano.

Dos créditos não atingidos pelo plano de recuperação: Art. 49. § 3o Tratando-se de credor titular da
posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de
proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de
irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em
contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação
judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada
a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o §
4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital
essenciais a sua atividade empresarial.

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Exemplo: um bem comprado pelo devedor com reserva de domínio. O credor não sofre os
efeitos da recuperação.

§ 4o Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o inciso
II do art. 86 desta Lei

§ 5o Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios,
aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantias
liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e, enquanto não renovadas ou substituídas, o
valor eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante
o período de suspensão de que trata o § 4o do art. 6o desta Lei.

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