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A MISÉRIA HUMANA.
Ó miséria humana
Ó miséria humana
Ó miséria humana
És dor profunda
Os meandros da ilusão
miséria humana
Só o uno consiste
Para lá do ter.
Ó miséria humana
Espero um dia
(Jorge Moreira)
RESUMO.
É essa vida miserável que o romance de Victor Hugo Os Miseráveis virá relatar
como foco central, mostrando o panorama socioeconômico da população
francesa do período (séc. XIX).
A miséria aqui será nossa principal tema de pesquisa, mas primeiro para
entendê-la passaremos pelos processos que levou a formação desta
sociedade: revolução francesa e as de 1830 e 1848 e a vida de V. Hugo (que
conviveu e presenciou este aspecto dentro da França que mais tarde seria
transcrito no seu livro), assim teremos uma noção mais ampla da situação
miserável destes habitantes da França, e por fim um analise da mesma dentro
do território nacional.
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO.
07
2.
13
2.1
13
2.2
A REPUBLICA FRANCESA.
21
2.3
23
2.3.1
A REVOLUÇÃO DE 1830.
23
2.3.2
A REVOLUÇÃO DE 1848.
25
2.4
27
3.
28
3.1
A VIDA DE V. HUGO.
28
3.2
31
3.3
32
3.4
OBRAS DE VICTOR.
33
4.
37
4.1
38
4.2
PARIS MISERAVEL.
41
5.
CONCLUSÃO.
45
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS. 47
INTRODUÇÃO.
Um país e seus heróis nacionais, que até os dias atuais navegam pelo
imaginário das civilizações independente de sua origem étnica (Clovis; Carlos
Magno, Felipe o belo , Luís XIV, Napoleão, etc.), e seus poetas e romancistas
que se destacaram e repercutiram por toda sociedade (Chateaubriand; Balzac;
Victor Hugo, etc.), isso só citando alguns.
Mas apesar desta gloriosa História, a sociedade francesa passou pôr diversas
calamidades e catástrofes econômicas e sociais no decorrer de sua trajetória
histórica, mas são no final do século XIX que sua população irá ecoar
fortemente o seu sofrimento pelas diversas penúrias, ocasionadas pela
instabilidade política e uma má industrialização da economia, tais como:
miséria, fome, alto índice de criminalidade, desemprego, prostituição, crise
econômica e social, entre outras.
Isso acabava por tornar a vida da sua população injusta e deprimente, e desta
forma ocasionando diversas revoltas 1 (revoluções) civis, um exemplos são ás
de que derrubaram Luís XVI, Carlos X e Felipe Augusto o rei burguês na capital
francesa, e que suas influências se estenderam por grande parte da Europa e
América. Essas revoltas mobilizaram uma enorme quantidade populacional
independente de sua classe social.
(.) um grupo social sem ideologias (.) seria em projeto, sem distância em
relação a si mesmo, sem representação de si. Seria uma sociedade sem
projeto global entregue a uma história fragmentada em acontecimentos
inteiramente iguais, e, pôr conseguintes insignificantes. (RICOEUR, 1977, p.
89).
O mesmo ocorre com uma obra literária, no qual sem as ideologias da sua
época em que ela esta contextualizada, a mesma não tem valor cultural,
intelectual, social e histórico, pois a mesma não representa sua sociedade e
seus anseios, nunca passara de uma ilusão óptica e mental daquela realidade.
Ou seja, ela perde todo o seu sentido cultural, social e de história.
Ou melhor, se expressando todas as vezes que uma classe social esta subindo
ao poder ou detém o mesmo, suas idéias e valores influenciam em uma escrita
literária e demais produções culturais para assim justificar esta dominação,
podemos observar isto desde o surgimento da sociedade e principalmente na
Idade Média (aristocracia e seus valores) e nas sociedades modernas e
contemporâneas (burguesia e seu dogmas), (.) no tempo que a aristocracia
dominava era o conceito de honra, felicidade, etc. (.) e que, no tempo em que a
burguesia detinha o poder, era o reino dos conceitos de liberdade, igualdade,
etc. (MARX, ENGELS, 1979, p.11).
Mas se estas obras culturais refletem o grupo social que esta no poder, e este
é representada dentro da sociedade pôr um modelo político e econômico (ex:
burguesia, modelo político: democrático, econômico: capitalista), e estes
também determina as produções intelectuais da sociedade, ou melhor, se
expressando, o sistema econômico de uma época exerce uma grande
interferência em uma escrita de um livro independente do gênero. Pois o autor,
sua ideologia e sua nação no qual está inserido, sofrem grandemente a
interferência do modelo econômico dominante em tal período, refletindo assim
em suas concepções e produções culturais.
(AUTOR DESCONHECIDO)
Após, a morte de Luís XIV, sobe ao trono seu neto Luís XV, este período marca
a expansão dos nobres politicamente no reino, já que o monarca não foi forte
suficiente para dar continuidade ao programa político-social de seu avô, que
reduzia ao máximo a interferência da nobreza na política francesa. Desta forma
a situação da burguesia se complica, pois passa a sofrer grande oposição da
aristocracia dificultando sua ascensão, e a dos restantes do terceiro
estamentos fica drasticamente difícil, pois, a miséria cresce enormimente no
território francês.
Paris nesta época não tinha se modernizado, tendo traços da era feudal os
seus sistemas de esgoto e infra-estrutura eram péssimos (isto nos locais de
habitações dos assalariados e artesãos das manufaturas, já no local da
nobreza a realidade era bastante diferenciada). E o número de mendigos e
crianças abandonadas cresceu consideravelmente. No tempo de Luís XIV (.).
Encontrava-se um rapaz pelas ruas: bastava que tivesse quinze anos e não
tivesse onde dormir que mandassem para as galés. Sob Luís XVI, as crianças
desapareciam em Paris; a policia as levavam não se sabe para que misterioso
fim. 7 (HUGO, 2000, p. 23). Essa era a solução encontrada, para dar fim a esta
situação de calamidade social.
Ainda para piorar a situação, o monarca arrasta a França para uma guerra
(independência Norte-americana) sem fundamento nacionalista e de proteção
de seus territórios, no fim o saldo é um divida externa de cinco (5) bilhões de
libras8, enquanto a receita do país era de 2,5 milhões de libras. Desta forma a
infração levava a miséria a níveis elevados, graça ao desemprego e alta nos
preços de alimentos.
Como já havia dito, a burguesia esperava uma chance para colocar suas
reformas em pratica e não uma revolução, e esta aparecem quando o rei e a
aristocracia se desentendem na proposta de contornar a crise. Levando o
monarca a convocar a Assembléia dos Estados Gerais, e os burgueses com
sua destreza em um curto espaço de tempo, consegue evoluir esta Assembléia
para uma Assembléia Constituinte.
Art. IV A liberdade consiste em fazer tudo àquilo que não prejudica a outrem.
Art. V A lei não tem senão o direito de proibir as ações prejudiciais à sociedade.
Tudo aquilo que não é proibido pela lei não pode ser impedido e ninguém pode
ser obrigado a fazer aquilo que ela não ordena.
Mas isso causa a indignação do monarca, que tenta fugir do país e formar uma
contra-revolução. É capturado em Varennes (Julho de 1891) e obrigado a
voltar. Ficando sob a vigilância dos membros da Gironda. 10
Essa era a intenção da burguesia, já o monarca tinha outra bem diferente que
era perder a batalha por meio de vazamentos de informações bélicas, e
restaurar assim seu poder antigo.
A primeira solução era acabar com a guerra. Graça ao apoio popular o inimigo
é posto para fora do território nacional, e a guerra passa a ser travada longe
das fronteiras francesas.
Mas nem tudo era maravilha, foi colocado em vigor o Período do terror13, para
proteger a França das forças contra revolucionarias e perseguir inimigos
políticos do governo. Assim sendo a liberdade quase foi extinta, qualquer
pessoa suspeita de ser contra a revolução era julgada, condenada e
exterminada. E os Jacobinos usou da guilhotina para massacrarem seus rivais
políticos.
Sendo assim sem o apoio das massas populares, os Jacobinos são depostos
presos em 27 de Julho de 1794 e dois dias depois seus lideres mortos
guilhotinados.
Mas com sua derrota em 1815 em Waterloo para o duque de Wellington, esse
apogeu econômico francês se retarda, e marca uma nova fase política no país,
a época da restauração, que logo sofreria com novas revoluções (1830 e 1848)
Paris nesta data possui um caráter moderno, e seu sistema de esgoto esta
sendo reformulado, ou melhor, modernizado17. Já o número de crianças de rua
cresce alarmantemente, mas não só isso, como também: a prostituição, a
miséria, fome, desemprego, entre outros. E Victor Hugo nos mostra claramente
em Os Miseráveis , que alguns vêem como um tumor que mata a sociedade ao
poucos.
Com falecimento do Luís XVIII, o seu irmão Carlos X passa a governar. Como
não possuía nenhuma simpatia por parte do povo e da burguesia, seu governo
é marcado por diversas tensões. Ainda por cima uma crise econômica assola a
nação francesa Ora, desde 1827, uma crise econômica inquietava o comércio e
o artesanato, tornando menos suportável os impostos (.). (NÉRE, 1988, p. 87).
Com a deposição de Carlos X, sobe ao trono Luís Felipe, conhecido como o rei
Burguês, por governar de acordo com os interesses da burguesia.
Luís Felipe como novo monarca, apoiado pela burguesia financeira, ou melhor,
pelos banqueiros. Procurou um reinado calmo, agradando o povo
(assalariados, camponeses, artesão, entre outros), para assim possuir seu
apoio. Primeiro ampliou o direito de voto e deu liberdade à imprensa, etc.
Desta forma sem o apoio da guarda nacional que se aliou aos revoltosos, o rei
acaba por ser deposto.
Desta foram não só as revoluções afetaram os outros paises, mas também sua
cultura, organização social, além de princípios educacionais e éticos. As
mesmas tiveram grande influência na formação política, cultural e social, das
modernas sociedades mundiais.
(VICTOR HUGO)
É neste contexto que surge um dos maiores romancista francês, seu nome
Victor-Maire Hugo que viveu a Revolução de 1830 e 1848, sem contar o
período napoleônico. Também viu de perto o estado de Paris neste momento
histórico, tanto no aspecto de luxo, requinte e glamour, como nos problemas
sociais principalmente a miséria. Não só viu como também experimentou e
presenciou em sua vida. E este estado de calamidade social da França e em
especial de Paris foi relatada em seu livro Os Miseráveis , que levanta uma
narrativa crítica sobre a vida miserável do povo.
Graça aos conflitos ideológicos o casamento de seus pais não durou muito, e
com a separação Hugo passa a viver com sua mãe, que o incentivou nos
estudos, no qual se destacou extremamente. Dominava o latim, cálculos, e
gramática. E foi neste período que seu talento para poesia se despertou
ganhando vários concursos na sua infância e juventude, no quais grandes
poetas e literários (por sua bela escrita) chegou a suspeitar de plágio por parte
de Victor.
Desta forma até o momento que habitou do lado de sua mãe teve uma vida
difícil e ao mesmo tempo estável, experimentando alegrias e tristezas, e se
desenvolveu bastante como um grande intelectual, era monarquista de corpo e
alma. Após o falecimento de sua mãe, Victor se aproxima de seu pai,
recebendo deste uma pequena pensão para viver e terminar seus estudos. E é
neste período conhece a miserável vida da maioria do povo francês, a miséria
(o número de pessoas nesta situação era alarmante, e a industrialização
reduzia os salários, dificultando ainda mais o processo).
Nesta fase complicada de sua vida, não reduz se talento para escrita literária. A
cada dia se desenvolve nesta área. Mas apesar dos diversos prêmios ganhos
em sua infância e juventude, o mesmo só iria ganhar espaço no meio da
academia francesa de letras, com o seu romance Han de Islândia e sua peça
teatral Hernani (marco do inicio do romantismo literário na França), que foi alvo
de grande sucesso e crítica e lhe rendeu um bom lucro (fato que ajudou a
melhor sua renda e ter sua independência financeira).
Mas a imposição do romantismo não foi um fator calmo e rápido, pois, sofrera
grande oposição e discriminação dos grandes intelectuais da época, que
estavam estritamente presos nas concepções do classicismo24. Esta rixa só
iria acabar com a vitória do espírito romântico, graça ao sucesso esplendoroso
de Hernani (isso se tratando da França).
Este seu grande prestigio social e literário, o levou a carreira política, na qual
teve grande destaque, além de ter sido marcada por controvérsias ideológicas
politicamente.