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“E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos
com alegria e singeleza de coração, 47 Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E
todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.”
Atos 2:46-47
A sentença acima, escrita por Lucas no livro de Atos dos Apóstolos, bem que poderia
remeter-se aos acontecimentos no vilarejo de terras férteis ao redor de uma lagoa, a
aproximadamente 36km do centro de Barra do Corda – Maranhão, chamado Centro dos
Protestantes (anteriormente Lagoa da União), no final da segunda metade do século XIX.
Naquele tempo, o Espírito de Deus achou morada no coração de um homem insignificante
para a sua comunidade e época, este homem, João Batista Pinheiro, um deficiente físico (teve
suas duas pernas amputadas, uma ainda na juventude, por ter contraído a doença
infectocontagiosa Peste Bubônica, transmitida pela pulga através de ratos) debilitado por
enfermidades e que tirava seu sustento da mendicância, arrastando-se pelas ruas da cidade.
Incansável em seus esforços e zelo na pregação do evangelho de Jesus Cristo, mesmo em
meio a imensas dificuldades e os recorrentes embates com adeptos da Igreja Católica. Sua
obra veio a romper tais barreiras e o tempo, alcançando um incontável número de pessoas,
formando igrejas por todo o estado do Maranhão, numa expansão constante que culminara na
formação da atual AICEB - Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil. Denominação
de credo reformado, presente em 10 estados do Brasil e com campos missionários abertos em
outros, nutrindo visão e esforços para alcançar também países vizinhos, como Paraguai,
Argentina e também distantes como os de língua português além mar, como Angola na
África.
Inicio do Século XX
João Batista não trouxe consigo recursos de nenhuma natureza, em seus pertences nada além
de coisas sem valor material (sua vestimenta de couro, que logo os católicos rivalizantes
locais usariam para lhe por a alcunha de “o bunda de couro”), e uma meia dúzia de
exemplares da Bíblia (cedidas pelo missionário presbiteriano George W. Butler), que
testificam seu objetivo missionário no retorno a terra de seus familiares. Não possuía saúde
física e não consta que tenha alcançado conhecimento intelectual além do suficiente para
efetuar com dificuldade a leitura do texto bíblico e elucidá-lo com simplicidade aos seus
ouvintes, em suas pregações diárias ao ar livre pelas ruas da cidade de Barra do Corda.
“5 Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu
ministério.” 2 Timóteo 4:5
As primeiras famílias alcançadas
As primeiras famílias alcançadas foram: Pinheiro, Barros, Felipe, Oliveira, Gomes, Caetano*,
Dodô*, Silva e Leite. Estes formaram a primeira comunidade de crentes (então denominados
protestantes; cristãos de fé reformada e separados da Igreja Católica predominante no Brasil
desde o período colonial).
Mesmo tendo sofrido perseguições por parte da Igreja e seus partidários poderosos, onde nos
consta inclusive dois atentados contra a vida de João Batista, dos quais obteve livramento
divino. Furto e queima de suas bíblicas em praça publica e atentados com pedras e insultos
pela turba dos devotos católicos (com orientação do padre) às aglomerações evangelísticas.
Logo estes fatos o motivaram a estabelecer-se, com aquelas famílias em um local mais
afastado do centro da cidade. Lá, na propriedade denominada Lagoa da União a nova
comunidade experimentou crescimento material, fartura na agricultura e pecuária e
principalmente crescimento espiritual com o amadurecimento da fé, surgimento de obreiros,
aumento quantitativo e principalmente pela união das famílias em amor. Testemunhas que
ainda vivem, puderam na sua infância participar dos cultos de adoração e das grandes festas
que se celebravam ali anualmente, congregando irmãos de localidades próximas e distantes
que aos poucos foram tomando conhecimento do modo especial como aquela comunidade
vivia a plenitude do evangelho do Senhor.
Completando a Carreira
João Batista foi por muitos anos o pastor daquele rebanho e já no fim de sua vida,
praticamente sem visão, audição e severamente acometido com o agravamento de suas
enfermidades, trabalhava em orações e suplicas para que o Senhor lhe provesse um substituto
que desse continuidade àquele trabalho. Isto aconteceu em 1911, com a visita do missionário
independente, oriundo do Canadá, Perrin Smith ao Centro dos Protestantes. Perrin que já
desenvolvia um trabalho missionário na região e tinha residência na cidade de Grajaú
(microregião Alto-Mearim) desde 1905 e tomara conhecimento da existência da comunidade
e também do trabalho desenvolvido por João Batista. Neste encontro ímpar, João Batista
revelou o conteúdo de suas súplicas ao Senhor e a certeza de que era ele, Perrin, o homem que
daria prosseguimento a aquele trabalho. João lhe disse: “Tu és a respostas às minhas
orações!”. João Batista faleceu três meses depois e Perrin Smith precisou retornar ao Canadá
para tratar de assuntos pessoais e ao retornar ao Brasil em 1914, assumiu os trabalhos em
Barra do Corda, semente originária da AICEB – Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do
Brasil.
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Fonte B (Internet)