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Introdução
O tema tratado pelo grupo é recente, para se ter uma idéia o código civil
anterior (CC 1916) nada previa sobre a matéria, e foi a partir da vigência do novo
código civil (CC 2002) que passou a ter uma disposição legal expressa.
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Negócio Jurídico – Validade e nulidade.
Nesse sentido, Emilio Betti define o negócio jurídico como sendo ´´o ato
pelo qual o indivíduo regula, por si, os seus interesses, nas relações com outros
(acto de autonomia privada): acto ao qual o direito liga os efeitos mais conforme à
função econômico-social que lhe caracteriza o tipo (típica neste sentido)”. (BETTI,
[197-], pág 107).
Para que o negócio jurídico possa ser válido, é necessário que preencha os
requisitos previstos em lei no artigo 104 do C.C, que dispõe:
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O artigo 166 do mesmo diploma legal considera nulo o negócio jurídico
quando:
I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV – não revestir a forma prescrita em lei;
V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;
VI – tiver por objeto fraudar lei imperativa;
VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar
sanção.
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este
quando o fim a que visavam às partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem
previsto a nulidade.
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onde a primeira nação a disciplinar sobre o mesmo foi código civil alemão, sob o
título Umdeutung, a partir de 1900. O mesmo trata de sua matéria em seu § 140
onde diz:
“Art. 293 (conversão). O negócio nulo ou anulado pode converter-se num negócio
de tipo ou conteúdo diferente, do qual contenha os requisitos essenciais de
substância e de forma, quando o fim prosseguido pelas partes permita supor que
elas o teriam querido. Se tivesse previsto a invalidade”.
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Verifica-se que tanto no código civil alemão como no código português
estes fazem referência à “conversão do negócio jurídico”, já no código italiano
somente existe a mensuração no que se trata à conversão de “contrato” porém,
essa diferença acaba neste ponto, pois se analisarmos os códigos verificaremos
que o alemão e o português (assim como nosso novo código civil de 2002) tratam
da matéria “negócio jurídico”, já no código italiano não existe esta disposição e o
mesmo, apenas alude sobre regras aplicáveis aos contratos que são igualmente
(enquanto compatíveis) aos atos unilaterais entre vivos que tenham conteúdo
patrimonial” (código civile, art. 1.324). Com isso podemos entender que ocorre
também a conversão de negócios que encerram manifestações unilaterais de
vontade.
Nosso código civil possui diversas influências dos códigos expostos acima e
vislumbra sobre a matéria de conversão do negócio jurídico no art. 170 onde o
mesmo prevê:
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(3.1) que o negócio “nulo” contenha os requisitos “de substância e de forma”,
como se lê nos modelos italiano e português daquele “outro negócio, no qual o
primeiro “se converte”.
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visado pelas partes através de um meio ainda que distinto do inicial, porém
conserva-se o negócio jurídico, reconhecendo-lhe alguma eficácia e realização
daquele fim.
Fundamentos
Por sua vez, Azevedo, citado por Del Nero (2001, p. 255), concebe a
conversão como um “fenômeno de alteração categorial”. E, segundo a própria
acepção da expressão conversão, “implica mudança de tipo de negócio”
Por outro lado, conversão para o doutrinador italiano Betti (2003, p. 57) “é
correção da qualificação jurídica do negócio ou de algum de seus elementos”.
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entre tudo que se quis e a regra jurídica em que se pensou, querendo-se
determinada categoria jurídica. Mais à vida que à rigidez das normas em que se
atentará explícita, ou apenas implicitamente, pela pré-escolha do negócio jurídico”.
(Miranda, 2001, p. 104).
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que
ao sentido literal da linguagem.
Essa disposição legal coloca como primordial nas relações sociais onde há
declarações de vontade, o princípio da boa fé em face à forma positiva de
interpretação das leis que regulam tais relações.
Para Del Nero (2001), a conversão, quando não houver previsão legal,
pode se estabelecer na doutrina que buscará alicerce nos princípios gerais de
direito. Por outro lado, quando o sistema jurídico gozar de regulamentação, afirma
o autor que o instituto é fundado em um poder jurídico-legislativo.
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O que foi citado acima apenas aplica-se no caso da lei brasileira, pois para
Carlos Roberto Barbosa Moreira nas outras legislações listadas e compostas
acima: (Alemã, Italiana e Portuguesa) não existe previsão expressa da
subsistência de outro negócio jurídico no negócio primitivo.
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“Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro,
subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o
teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.”
Podemos entender:
Pressupostos de admissibilidade
Sobre a questão, preceitua Del Nero (2001, p.375) que o ato decisório em
questão implica na “qualificação jurídica em que o grau de correspondência
isomórfica ou homóloga entre o negócio jurídico e um outro modelo jurídico é
menor que aquele prima facie identificado”.
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1 – Conversão Substancial
2 – Conversão Formal
Há doutrinas que não aceitam bem esse tipo de conversão, já que não há
nova qualificação de ato jurídico (que é uma característica da conversão). Seria
então incabível considerar como conversão o aproveitamento de ato dentro da
mesma categoria.
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3 – Conversão Legal
Como o próprio nome diz, esse tipo de conversão decorre da lei. A lei
determina, algumas vezes, que certos atos praticados com certo sentido sejam
aproveitados em outros, se lhes faltarem algum elemento essencial.
É o caso do art. 946 do Código Civil português, que diz que uma doação
que tenha seus efeitos por morte do doador (causa mortis) será convertida em
disposição testamentária, se tiverem sido observadas as formalidades dos
testamentos.
Interpretação e Conversão
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Limites da conversão
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“passada em julgado a sentença do mérito, reputar-se-ão deduzidas e
repelidas todas as alegações e defesas que a parte poderia opor assim ao
acolhimento como à rejeição do pedido.”
Simulação
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Atos como ocultação do verdadeiro preço da coisa no contrato de compra e venda
ante dota de documento, realização de ato jurídico mediante interposição de
pessoa, sonegação.
A causa simulandi tem as mais diversas procedências. Ora visa burlar a lei,
ora fraudar o risco, ora prejudicar a credores, ora guardar em reserva determinado
negócio.
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“No dolo uma das partes é enganada pela outra, na simulação, nenhuma
das partes é iludida, uma e outra têm conhecimento da burla levada a efeito para
ludibriar terceiro”.
Como já era previsto no Código Civil de 1916 art. 1.177 temos como
exemplo a doação de homem casado à concubina, mais realizada por intermédio
de compra e venda simulada, para contornar a proibição do art. 1.177.
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É relativa, quando efetivamente há intenção de realizar algum ato jurídico,mais
este:
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Vislumbrando-se nesse caso, terceiros aspectos distintos, o do ato que se
aparentou fazer e o do ato que na realidade foi feito, o fingido e o real, o invólucro
e o conteúdo.
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Outros Exemplos de Conversão do Negócio Jurídico
Citaremos o exemplo que irá clarear a idéia sobre o tema tratado, usando um caso de
direito das sucessões no primeiro exemplo:
O testamento cerrado nulo por conter defeito de forma, poderá ser dado como válido
se for considerado um Testamento Particular (art. 1876), desde que haja a vontade clara
do testador, desta forma protegendo o Negócio Jurídico, que é um dos principais
princípios da Conversão, em vez do testamento ser feito diante do tabelião com duas
testemunhas como prevê a lei, pode ser feito somente pelo testador por próprio punho
ou mesmo por ajuda mecânica (não podendo ter rasuras ou espaços em branco) ambas
as formas com a assinatura no mesmo para que possa ser provada a veracidade do
documento. Obviamente será analisado por autoridade (juiz) competente antes de ser
considerado válido, pelo fato do mesmo conter defeito na forma.
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem;
ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao
estado civil: (Redação dada pela Lei 6898, de 1981)
Pena - reclusão, de dois a seis anos. (Redação dada pela Lei 6898, de 1981)
A lei diz que se deve aplicar a sanção a quem cometer esse tipo de violação da
legislação em regra, mas também há a possibilidade de legitimar a adoção (desde
de que o individuo que cometeu o crime por iniciativa própria confesse). Supomos
nesse caso em que a criança conte 12 anos de idade de modo que no decorrer de
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sua vida ela foi amada, educada e protegida, seria um terrível erro condenar o
individuo que burlou a lei. Por isso, seria completamente aceitável tal conversão,
como a própria lei prescreve se o crime foi praticado por motivo nobre.
Um novo exemplo que também citaremos será sobre um negócio jurídico de compra
e venda, tratando-se de um bem imóvel.
Esse tipo de negócio só terá tal validade desde que tenha sido preenchido todos os
requisitos previstos por lei. Supondo a hipótese de que ocorra esse tipo de negócio de
forma que as partes (sendo uma das partes legitima proprietária do imóvel) concretizem
o contrato, façam a entrega do imóvel e a quantia em dinheiro, mas por ambas as partes
desconhecimento sobre a obrigatoriedade do registro desse contrato, e que elas tenham
plena boa-fé sobre o negócio. Sendo assim feito esse tipo de negócio jurídico, não terá
ele qualquer validade, pois não preenche todos os requisitos previstos em lei, somente
para casos de negócios de bens móveis. Assim em vez do negócio ser nulo por conter
defeitos na forma, será ele convertido de forma que obrigue as partes a registrarem,
cumprindo com todas as formalidades que a lei exige.
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Considerações finais
Dentro da parte que cabe aos aspectos históricos inerentes ao negócio jurídico,
verificamos que tanto os códigos alemão, italiano, português e brasileiro buscam pela
mesma finalidade, a concretização dos negócios jurídicos, mas o código civil italiano
têm sua previsão de conversão jurídica nos contratos.
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Sem mais, concluímos aqui nosso trabalho e deixamos expresso a vontade de
auxiliar outros colegas e amigos na aquisição dos conhecimentos advindos de uma
matéria tão complexa.
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Referências bibliográficas
DEL NERO, João Alberto Schützer. Conversão substancial do Negócio Jurídico. Rio
de Janeiro: Renovar, 2001.
MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Tratado de Direito Privado – Parte Geral:
Negócios Jurídicos, Representação, Conteúdo, Forma, Prova. 2. ed. Campinas:
Bookseller, 2001.
MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Tratado de Direito Privado – Parte Geral:
Validade, Nulidade, Anulabilidade. 2. ed. Campinas: Bookseller, 2001.
MELLO, Marcos Bernardes. Teoria do fato jurídico – Plano de Validade. São Paulo.
Editora Saraiva.
VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil – Parte Geral, Vol 1. São Paulo. Atlas
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. Parte Geral. São Paulo.
Saraiva
PEREIRA, Caio Mario. Instituições do Direito Civil, vol 1. Teoria do Direito Civil.
Forense. São Paulo
VIEIRA, Fabio Figueiredo. Coleção OAB Nacional, Primeira fase. Direito Civil. São
Paulo. Saraiva
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