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Hérnias inguinais:
Correspondem a 75% das hérnias da parede abdominal. São bilaterais em até 22% dos casos. São muito
mais freqüentes no homem, e à direita.
Hérnias indiretas: Mais comuns (50%), são secundárias a alterações congênitas, decorrentes do não
fechamento do conduto peritônio-vaginal (trajeto feito pelo testículo na sua descida da cavidade abdominal
para a bolsa escrotal). Essa alteração, além da hérnia, pode causar outras anomalias, como hidrocele do
cordão e hidrocele comunicante. Anatomicamente, passa lateralmente aos vasos epigástricos profundos,
sendo palpada com a ponta do dedo no canal inguinal (vem em direção ao dedo).
Hérnias diretas: Correspondem a 25% das hérnias abdominais. Não são resultado de alterações
congênitas, e sim adquiridas. São causadas por enfraquecimento da musculatura da parede posterior do
canal inguinal. Ocorre no triângulo de Hasselbach, que é a área mais frágil da fascia transversalis.
Anatomicamente, passa medialmente aos vasos epigástricos profundos, sendo palpada com a polpa digital
no canal inguinal.
AVALIAÇÃO
Exame físico: examinando o paciente em pé, nota-se presença de abaulamento na região inguinal,
acompanhado ou não de dor, que aparece ou aumenta com o aumento da pressão intra-abdominal (manobra
de Valsalva). O abaulamento pode retornar espontaneamente para a cavidade abdominal ou não, a definir:
O encarceramento e estrangulamento podem levar à obstrução intestinal quando uma parte do intestino faz
parte do saco herniário.
TRATAMENTO
Técnicas cirúrgicas: a mais utilizada hoje em dia é a técnica de Lichtenstein, que utiliza tela de prolipropileno
(Márlex) suturada para corrigir o defeito. Outras técnicas, sem telas e com piores resultados, incluem a de
Bassini, a de Shouldice, a de Zimmermann e a de Stoppa.
Complicações: durante a cirurgia, podem ocorrer lesões de nervos (ramo genital do genitofemoral, ilioinguinal
e ílio-hipogastro), causando hiperestesia ou parestesia. No reparo aberto, lesão do ramo genital do
genitofemoral causa hiperestesia na face interna da coxa e bolsa escrotal/grandes lábios. Complicações
isquêmicas do plexo venoso do testículo (pampiniforme) podem causar orquite isquêmica. Também são
descritas como complicações infecção da FO e recidivas.
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Hérnias inguinais em crianças:
São indiretas em mais de 95% dos casos, não havendo defeito na parede posterior. Apresentam alto índice
de comprometimento bilateral e alto índice de encarceramento, principalmente no primeiro ano de vida.
Como não há fechamento espontâneo, a correção deve ser feita à época do diagnóstico, principalmente em
menores de um ano, pelos riscos já mencionados.
A técnica consiste apenas na identificação do saco herniário e em sua ligadura alta, já que o defeito é
eminentemente a patencia do conduto peritôniovaginal. É controverso, mas indicado por muitos a exploração
cirúrgica da região inguinal contralateral. Recomenda-se a exploração em crianças menores de um ano e em
todas as meninas independentemente da idade.
Hérnias femorais:
Correspondem a apenas 3% da hérnias da região da virilha, sendo mais encontradas em mulheres obesas
com mais de 45 anos. Mais comuns à direita e bilaterais em 20% dos casos. Tem maior risco de
encarceramento e estrangulamento.
Clinicamente, a sintomatologia é a mesma das hérnias inguinais, podendo ocorrer dor na coxa, porém o saco
herniário passa pelo forame obturador do canal femoral, localizado inferiormente ao ligamento inguinal. O
reparo é feito através da técnica de Mc Vay, que atualmente foi modificada, passando a utilizar também a tela
de Márlex.
Hérnias umbilicais:
Ocorrem por persistência do anel umbilical sem o fechamento de sua camada aponeurótica após o
nascimento. Raramente são encontradas alças intestinais no saco herniário.
Na infância, é um defeito congênito verdadeiro, mais encontrado em negros. Em cerca de 80% dos
pacientes, a tendência é de fechamento espontâneo por volta dos 4 – 6 anos. Complicações são
infreqüentes. Defeitos > 2 cm dificilmente fecharão sozinhos. Crianças devem ser operadas caso não ocorra
o fechamento espontâneo por volta dos 5 anos, e na presença de defeitos grandes. Caso haja hérnia inguinal
associada, ambas devem ser corrigidas na mesma cirurgia.
Em adultos, a hérnia umbilical é geralmente associada a um defeito adquirido, decorrente de gravidez, ascite
ou traumatismo. Hérnias por ascite tem grande risco de encarceramento, com peritonite secundaria e morte
em 50% dos casos. As indicações do reparo cirúrgico incluem hérnias sintomáticas, grande anel herniário,
ascite em cirróticos e encarceramento. A técnica cirúrgica msi utilizada é a redução da hérnia com
fechamento simples do anel herniário em sentido transverso, podendo ou não, utilizar a tela de Márlex como
reforço (mais em recidivas).
Hérnias epigástricas:
Decorrentes de defeito na linha Alba, entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical. Geralmente são
assintomáticas. O tratamento consiste em fechamento simples do defeito, atentando sempre para a presença
de outros defeitos aponeuróticos associados, o que ocorre em 20% dos casos.
Hérnias incisionais:
Causadas por deiscência aponeurótica. Os principais fatores de risco incluem infecção da ferida operatória e
obesidade. Outros fatores incluem idade avançada, ascite, gravidez, DM, quimioterapia e uso de
glicocorticóides. O reparo primário é recomendado em defeitos pequenos (< 2 cm). Defeitos maiores exigem
o uso de tela. O índice de recidiva é razoável.