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PROPOGAÇÃO DE ONDAS

UNIDADE I : CARACTERÍSTICAS DAS RADIOCOMUNICAÇÕES

1.1 INTRODUÇÃO

É importante tomarmos consciência de como estamos imersos em ondas


eletromagnéticas. Iniciando pelos Sol, a maior e mais importante fonte para os seres
terrestres, cuja vida depende do calor e da luz recebidos através de ondas
eletromagnéticas.

Além de outras, recebemos também: a radiação eletromagnética emitida, por átomos


de hidrogênio neutro que povoam o espaço interestelar da nossa galáxia; as emissões
na faixa de radiofreqüências dos "quasares" (objetos ópticos que se encontram a
enormes distâncias de nós, muito além de nossa galáxia, e que produzem enorme
quantidade de energia); pulsos intensos de radiação dos "pulsares" (estrelas
pequenas cuja densidade média é em torno de 10 trilhões de vezes a densidade
média do Sol).

Essas radiações são tão importantes que deram origem a uma nova ciência, a
Radioastronomia, que se preocupa em captar e analisar essas informações obtidas do
espaço através de ondas.

Há ainda as fontes terrestres de radiação eletromagnética: as estações de rádio e de


TV, o sistema de telecomunicações à base de microondas, lâmpadas artificiais, corpos
aquecidos e muitas outras.
A primeira previsão da existência de ondas eletromagnéticas foi feita, em 1864, pelo
físico escocês, James Clerk Maxwell . Ele conseguiu provar teoricamente que uma
perturbação eletromagnética devia se propagar no vácuo com uma velocidade igual à
da luz.

E a primeira verificação experimental foi feita por Henrich Hertz, em 1887. Hertz
produziu ondas eletromagnéticas por meio de circuitos oscilantes e, depois, detectou-
se por meio de outros circuitos sintonizados na mesma freqüência. Seu trabalho foi
homenageado posteriormente colocando-se o nome "Hertz" para unidade de
freqüência.

1.2 LEIS DE MAXWELL

Maxwell estabeleceu algumas leis básicas de eletromagnetismo, baseado nas já


conhecidas anteriormente, como a Lei de Coulomb, a Lei de Ampère, a Lei de
Faraday, etc.

Na realidade , Maxwell reuniu os conhecimentos existentes e descobriu as correlações


que havia em alguns fenômenos, dando origem à teoria de que eletricidade,
magnetismo e óptica são de fato manifestações diferentes do mesmo fenômeno físico.

O físico inglês Michael Faraday já havia afirmado que era possível produzir um campo
a partir de um campo magnético variável.
Imagine um imã e um anel:

Considere o imã perpendicular ao plano do anel. Movendo-se ou o imã ou o anel,


aparecerá uma corrente no anel, causado por um campo elétrico criado devido à
variação do fluxo magnético no anel.

Maxwell verificou que o contrário também era possível. Um campo elétrico variável
podia gerar um campo magnético.

Imagine duas placas paralelas sendo carregadas progressivamente:

Ao crescerem as cargas das placas, o campo elétrico aumenta, produzindo uma


campo magnético (devido a variação do campo elétrico).

Embora Maxwell tenha estabelecido quatro equações para descrever os fenômenos


eletromagnéticos analisados, podemos ter uma noção de sua teoria baseados em
duas conclusões:

• Um campo elétrico variável no tempo produz um campo magnético.


• Um campo magnético variável no tempo produz um campo elétrico.
1.3 A GERAÇÃO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

Imagine uma antena de uma estação de rádio:

Na extremidade da antena existe um fio ligado pelo seu centro a uma fonte alternada
(que inverte o sentido a intervalos de tempo determinados). Num certo instante,
teremos a corrente num sentido e, depois de alguns instantes, a corrente no outro
sentido.

A velocidade de propagação de uma onda eletromagnética depende do meio em que


ela se propaga. Maxwell mostrou que a velocidade de propagação de uma onda
eletromagnética, no vácuo, é dada pela expressão:

Onde é a permissividade elétrica do vácuo e é a permeabilidade magnética


do vácuo.
Aplicando os valores de e de na expressão acima, encontra-se a velocidade:

ou

(valor exato)

Que é igual a velocidade da luz. Nisso Maxwell se baseou para afirmar que a luz
também é uma onda eletromagnética.

Podemos resumir as características das ondas eletromagnéticas no seguinte:

• São formadas por campos elétricos e campos magnéticos variáveis.


• O campo elétrico é perpendicular ao campo magnético.
• São ondas transversais (os campos são perpendiculares à direção de
propagação).
• Propagam-se no vácuo com a velocidade "c" .
• Podem propagar-se num meio material com velocidade menor que a obtida no vácuo.

Com isto, o campo elétrico ao redor do fio em um certo instante estará apontando num
sentido e, depois, no sentido contrário.

Esse campo elétrico variável (E) irá gerar um campo magnético (B) , que será também
variável. Por sua vez, esse campo magnético irá gerar um campo elétrico. E assim por
diante. Cada campo varia e gera outro campo que, por ser variável, gera outro campo:
e está criada a perturbação eletromagnética que se propaga através do espaço,
constituída pelos dois campos em recíprocas induções.
Note que o campo elétrico é perpendicular à direção de propagação e o campo
magnético também, o que comprova que a onda eletromagnética é uma onda
transversal.

Além disso, o campo elétrico é perpendicular ao campo magnético, o que podemos


verificar facilmente: quando um fio é percorrido por cargas em movimento, o campo
elétrico num ponto próximo ao fio pertence ao plano do fio, enquanto o campo
magnético está saindo ou entrando neste plano.

1.4 ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

A palavra espectro (do latim "spectrum", que significa fantasma ou aparição) foi usada
por Isaac Newton, no século XVII, para descrever a faixa de cores que apareceu
quando numa experiência a luz do Sol atravessou um prisma de vidro em sua
trajetória.

Atualmente chama-se espectro eletromagnético à faixa de freqüências e respectivos


comprimentos de ondas que caracterizam os diversos tipos de ondas
eletromagnéticas.

As ondas eletromagnéticas no vácuo têm a mesma velocidade , modificando a


freqüência de acordo com espécie e, conseqüentemente, o comprimento de onda.
** As escalas de freqüência e comprimento de onda são logarítmicas.

Fisicamente, não há intervalos no espectro. Podemos ter ondas de qualquer


freqüências que são idênticas na sua natureza, diferenciando no modo como podemos
captá-las.

Observe que algumas freqüências de TV podem coincidir com a freqüência de FM.


Isso permite algumas vezes captar uma rádio FM na televisão ou captar um canal de
TV num aparelho de rádio FM.

1.5 CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS RADIAÇÕES

1.5.1 Ondas de Rádio

"Ondas de rádio" é a denominação dada às ondas desde freqüências muito pequenas,


até 1012 Hz , acima da qual estão os raios infravermelhos.

As ondas de rádio são geradas por osciladores eletrônicos instalados geralmente em


um lugar alto, para atingir uma maior região. Logo o nome "ondas de rádio" inclui as
microondas, as ondas de TV, as ondas curtas, as ondas longas e as próprias bandas
de AM e FM.
As ondas de rádio propriamente ditas, que vão de 104 Hz a 107 Hz , têm comprimento
de onda grande, o que permite que elas sejam refletidas pelas camadas ionizadas da
atmosfera superior (ionosfera).

Estas ondas, além disso, têm a capacidade de contornar obstáculos como árvores, edifícios, de
modo que é relativamente fácil captá-las num aparelho rádio-receptor.

1.5.2 Ondas de TV

As emissões de TV são feitas a partir de 5x107 Hz (50 MHz) . É costume classificar as


ondas de TV em bandas de freqüência (faixa de freqüência), que são:

• VHF : very high frequency (54 MHz à 216 MHZ è canal 2 à 13)
• UHF : ultra-high frequency (470 MHz à 890 MHz è canal 14 à 83)
• SHF : super-high frequency
• EHF : extremely high frequency
• VHFI : veri high frequency indeed

As ondas de TV não são refletidas pela ionosfera, de modo que para estas ondas
serem captadas a distâncias superiores a 75 Km é necessário o uso de estações
repetidoras.
1.5.3 Microondas

Microondas correspondem à faixa de mais alta freqüência produzida por osciladores


eletrônicos. Freqüências mais altas que as microondas só as produzidas por
oscilações moleculares e atômicas.

As microondas são muito utilizadas em telecomunicações. As ligações de telefone e


programas de TV recebidos "via satélite" de outros países são feitas com o emprego
de microondas.

As microondas também podem ser utilizadas para funcionamento de um radar. Uma


fonte emite uma radiação que atinge um objeto e volta para o ponto onde a onda foi
emitida. De acordo com a direção em que a radiação volta pode ser descoberta a
localização do objeto que refletiu a onda.
1.5.4 Luz visível

Note que nosso olho só tem condições de perceber freqüências que vão de 4,3x1014
Hz a 7x1014 , faixa indicada pelo espectro como luz visível.

O olho percebe a freqüência de 4,3x1014 como a cor vermelha. Freqüências abaixo


desta não são visíveis e são chamados de raios infravermelhos , que têm algumas
aplicações práticas.

A freqüência de 7x1014 é vista pelo olho como cor violeta. Freqüências acima desta
também não são visíveis e recebem o nome de raios ultravioleta. Têm também
algumas aplicações.

A faixa correspondente à luz visível pode ser subdividida de acordo com o espectro a
seguir.

1.5.5 Raios X

Os raios X foram descobertos, em 1895, pelo físico alemão Wilhelm Röntgen. Os raios
X têm freqüência alta e possuem muita energia. São capazes de atravessar muitas
substâncias embora sejam detidos por outras, principalmente pelo chumbo.
Esses raios são produzidos sempre que um feixe de elétrons dotados de energia
incidem sobre um obstáculo material. A energia cinética do feixe incidente é
parcialmente transformada em energia eletromagnética, dando origem aos raios X.

Os raios X são capazes de impressionar uma chapa fotográfica e são muito utilizados
em radiografias, já que conseguem atravessar a pele e os músculos da pessoa, mas
são retidos pelos ossos.

Os raios X são também bastante utilizados no tratamento de doenças como o câncer.


Têm ainda outras aplicações: na pesquisa da estrutura da matéria, em Química, em
Mineralogia e outros ramos.

1.5.6 Raios Gama

As ondas eletromagnéticas com freqüência acima da dos raios X recebe o nome de


raios gama (g ).

Os raios g são produzidos por desintegração natural ou artificial de elementos


radioativos.
Um material radioativo pode emitir raios g durante muito tempo, até atingir uma forma
mais estável.

Raios G de alta energia podem ser observados também nos raios cósmicos que
atingem a alta atmosfera terrestre em grande quantidade por segundo.

Os raios G podem causar graves danos às células, de modo que os cientistas que
trabalham em laboratório de radiação devem desenvolver métodos especiais de
detecção e proteção contra doses excessivas desses raios.
UNIDADE 2: ESTRUTURA DA ATMOSFERA TERRESTRE

2.1 INTRODUÇÃO

As características da atmosfera são muito dinâmicas e variam com a


temperatura, umidade e a pressão atmosférica em uma determinada região. E a
altitude é o outro fato que contribui para modificações sensíveis nas ondas
eletromagnéticas

As ondas de rádio são uma forma de radiação eletromagnética similar às ondas


sonoras e à luz visível, mas diferindo destas quanto ao modo como são geradas e
detectadas (i.e. transmitidas e recebidas), assim como a forma como se propagam no
espaço, a uma velocidade aproximada de 300.000 km/s (a velocidade da luz). As
ondas de rádio podem ser refletidas, refratadas e difratadas, e apresentam perda de
energia devido fatores como a freqüência usada e a distância percorrida, assim como
a atenuação no espaço livre e outros tipos de perda.

2.1.1 Modos de Propagação

As ondas de rádio, dependendo da freqüência utilizada, se propagam de


diferentes modos, brevemente referidos a seguir:
• Propagação por onda terrestre: as ondas de rádio se propagam
acompanhando a superfície da Terra, possibilitando comunicações além do
horizonte. Este modo ocorre mais comumente nas transmissões em LF e MF
(i.e. ondas longas e ondas médias).
• Propagação por onda celeste: as ondas de rádio são refratadas pela
ionosfera de volta à Terra, possibilitando comunicações a longa distância. As
transmissões em HF (i.e. ondas curtas) propagam-se desse modo. Também
referida como propagação ionosférica.
• propagação por visibilidade: as ondas de rádio propagam-se ao longo de
linhas quase retas do transmissor ao receptor; as antenas transmissora e
receptora estão visíveis entre si. Transmissões em VHF e UHF (e.g. FM, TV-
VHF e TV-UHF) propagam-se por visibilidade (ou linha de visada).
2.2 Atmosfera Terrestre

Para compreender como as ondas se propagam no espaço, convém conhecer


a composição da atmosfera terrestre e os fatores que a afetam. A atmosfera é dividida
em três camadas. A camada inferior é a troposfera, com uma altura de até 11 km. Sua
influência na propagação se dá por meio de atenuações devido a chuva, neve, vapor
d'água, etc. A camada intermediária é a estratosfera, que alcança uma altura de 50
km, tendo efeito desprezível na propagação. A camada superior é a ionosfera,
estendendo-se até aproximadamente 400 km de altura em relação à superfície
terrestre. Esta última camada, no que diz respeito às ondas curtas, é a mais
importante a ser analisada.

2.3 Troposfera

A troposfera é a camada mais baixa da atmosfera, sendo nela onde ocorrem


todos os fenômenos climáticos. Não existe praticamente ionização na troposfera.
Geralmente a troposfera é caracterizada pelo decréscimo constante de temperatura e
de pressão, bem como a diminuição da densidade, à medida que a altitude aumenta.

A refração das ondas de rádio na troposfera é função de diversas variáveis


meteorológicas. Devido ao aquecimento desigual da superfície o ar está em constante
movimento, provocando pequenas turbulências, que com o aumento da altitude
tornam-se menos intensas. Essas turbulências têm pouco efeito nas ondas
transmitidas usando freqüências inferiores a 30 MHz (ou seja, abaixo da faixa de alta
freqüência), devido ao fato do comprimento de onda ser grande em relação ao
tamanho da turbulência. Quando uma frente de onda passando através da troposfera
encontra uma turbulência, uma pequena quantidade de energia é espalhada a partir
da onda incidente. É como se a turbulência recebesse o sinal e o irradiasse. Como
apenas uma parte da energia irradiada é reirradiada pela turbulência, o nível de
potência do sinal do espalhamento troposférico é extremamente baixo, resultando em
uma baixa eficiência.
As características de propagação na troposfera variam sob certas condições de
tempo, e podem permanecer invariáveis por um longo período. Em elevadas altitudes,
ocorrem constantemente inversões de temperatura, por causas variadas (e.g. uma
massa de ar quente passando sobre uma massa fria, o rápido resfriamento da
superfície depois do crepúsculo, o aquecimento do ar acima das nuvens por reflexão
dos raios solares na superfície superior destas). Estas inversões de temperatura
provocam refrações radicais, com a onda transmitida refratando-se continuamente nos
limites inferior e superior da inversão. Dessa forma, é criado um "duto troposférico"
onde as ondas ficam retidas por distâncias consideráveis, até a inversão de
temperatura ser normalizada. Embora a transmissão por dutos troposféricos seja
altamente desejável, não é usada freqüentemente devido à imprevisibilidade da
formação dos dutos.

2.4 Estratosfera

A estratosfera, localizada entre a troposfera e a ionosfera, apresenta


temperatura praticamente constante (por isso sendo também chamada de região
isotérmica). Além disso, não é sujeita a inversões de temperatura, tampouco pode
causar refrações significativas. Para efeitos de propagação das ondas de rádio, a
estratosfera pode ser considerada como uma camada inerte.

2.5 Ionosfera

A ionosfera não se constitui em uma camada homogênea, sendo dividida em


subcamadas, ou regiões, que variam no decorrer do dia. A razão é que a ionosfera,
devido à baixa densidade de gases existente, apresenta uma grande quantidade de
íons (átomos ou moléculas que sofreram perdas ou acréscimo de elétrons, portando
passando a apresentar carga positiva ou negativa), criados em função basicamente da
radiação solar. Os elétrons livres, e não os íons, é que realmente influem na
propagação. Como a ionização é provocada pela radiação solar, a ionosfera varia no
decorrer do dia, sendo a ionização menor à noite devido à ausência de radiação solar,
permitindo a recombinação das partículas ionizadas. A ionosfera é dividida nas
seguintes camadas, variando conforme a altitude em relação à superfície terrestre: D,
E, F.
A camada D estende-se de 50 km a 70 km, possuindo ionização reduzida, e
somente existindo durante o período diurno; após o pôr do sol essa camada
desaparece devido à rápida recombinação iônica. A camada D consegue refratar
apenas as ondas de baixa freqüência; todavia, também influi nas ondas, atenuando-as
ou mesmo absorvendo-as.
A camada E estende-se de 70 km a 100 km, possuindo um maior grau de
ionização, mas também existindo apenas durante o período diurno. As freqüências
refratadas por essa camada são mais altas do que as freqüências refratadas pela
camada D. Eventualmente, pode ser observada nessa camada a Esporádica E, que
como o próprio nome diz pode se formar a qualquer instante, tendo duração e
dimensões imprevisíveis. Também pode se formar durante a noite, alterando o
percurso das ondas transmitidas, que seriam refratadas a uma altura inferior.
A camada F é composta por duas camadas distintas, F1 (de 100 km a 200 km)
e F2 (de 200 km a 400 km). À noite, ou mesmo durante o dia dependendo do ciclo
solar, F1 e F2 são indistintas, resultando na formação de uma única camada, F. O
nível de ionização nessas camadas é muito alto, pois a recombinação dos íons é mais
lenta devido à atmosfera ser mais rarefeita nessas altitudes. Por isso, sempre pode ser
observada uma camada ionizada. Por causa disso, e também devido à altitude em que
se encontram, essas camadas são responsáveis pelas transmissões a longa distância
em alta freqüência.
2.5.1 Variações na Ionosfera

A ionosfera, como foi observado, não é um meio homogêneo tampouco


estável, apresentando variações a intervalos de tempo determinados, ou por outras
razões, algumas enumeradas abaixo:

• Variações ao longo do dia: A radiação solar, conforme comentado


anteriormente, modifica a densidade de elétrons da ionosfera. Ou seja, a
ionização varia em função da posição do Sol, aumentando progressivamente
pela manhã até alcançar um máximo no início da tarde, depois decrescendo,
sendo substancialmente reduzida à noite (quando há ausência de atividade
solar).
• Variações sazonais: As freqüências máximas de operação variam
sazonalmente, i.e. em função da estação do ano. Esta é uma das principais
razões pelas quais ocorre o câmbio de freqüências por parte das emissoras de
ondas curtas pelo menos duas vezes ao ano, próximo aos equinócios da
primavera e outono.
• Variações causadas pelo ciclo solar: A atividade solar não é constante. Pelo
contrário, obedece a um ciclo que se renova a cada 11 anos,
aproximadamente, chamado ciclo solar. Este ciclo pode ser observado pela
atividade solar, ou mais precisamente pela atividade das manchas solares
(regiões de temperaturas relativamente baixas localizadas na superfície do
Sol). Quando o número de manchas solares é elevado, a ionosfera apresenta
uma densidade maior de elétrons; conseqüentemente, a propagação melhora
para as freqüências mais altas. Valores mensais da atividade das manchas
solares, e valores futuros preditos, são computados por vádios centros de
pesquisa, o que auxilia na determinação da faixa de freqüências a utilizar.
• Variações em função da latitude: Devido à incidência menor da radiação solar
nas áreas próximas aos pólos, a densidade de elétrons é menor na ionosfera
nessas áreas, comparando com as áreas próximas ao equador.

Além dos fatores acima enumerados, existem alguns outros que podem causar
modificações na consistência da ionosfera, como por exemplo o "Espalhamento F",
que acontece quando a camada F se torna difusa devido à ocorrência de
irregularidades, fazendo com que a onda recebida seja na verdade a superposição de
diferentes ondas refratadas de diferentes alturas e posições na ionosfera em curtos
momentos.
2.6 Tipos de Onda Transmitida

Basicamente, há dois tipos de ondas eletromagnéticas transmitidas: a onda


terrestre e a onda celeste. A onda terrestre é grandemente afetada pela condutividade
da Terra e quaisquer obstáculos tais como colinas ou edifícios. A onda terrestre é
composta de três ondas distintas: onda direta, onda refletida, e onda superficial,
como visto adiante. Já a onda celeste, se propaga através da atmosfera, refratando-se
na ionosfera, e retornando de volta à superfície terrestre, podendo alcançar longas
distâncias.

2.6.1 Onda Terrestre

A onda superficial se propaga em contato com a superfície da Terra. Devido à


condutividade terrestre uma porção da energia da onda superficial é absorvida pela
superfície terrestre. O grau de absorção varia de modo inversamente proporcional à
condutividade da superfície: quanto maior a condutividade menor é a absorção, e
maior é o ângulo de inclinação (o ângulo entre a superfície e o plano de transmissão),
resultando em um maior alcance da onda superficial. Por exemplo, transmissões sobre
água salgada têm alcance consideravelmente maior se comparado com transmissões
sobre terra.

A onda direta se propaga quase numa linha reta entre o transmissor e o


receptor. A onda direta é ligeiramente inclinada pela refração troposférica, fazendo
com que a onda se incline em direção à superfície terrestre, com a transmissão se
estendendo além do horizonte visual. É também chamada de
A onda refletida é a porção da onda terrestre que é refletida na superfície. A
intensidade com que a onda é refletida depende do coeficiente de reflexão da
superfície contra a qual ela se choca e do ângulo de incidência. Embora este ângulo e
o ângulo de reflexão sejam iguais, há uma variação na fase das ondas incidente e
refletida, com uma defasagem de 180o. Este tipo de onda é considerada indesejável
em certos casos, podendo provocar o cancelamento completo da onda na antena
receptora caso esta receba simultaneamente a onda direta e a onda refletida com a
mesma amplitude.
Contudo, em geral o cancelamento é parcial, pois além da defasagem não ser
exatamente de 180o devido ao fato da onda refletida demorar mais tempo para chegar
à antena receptora, a onda refletida pode apresentar uma menor intensidade causada
pela absorção parcial da onda irradiada.
2.6.2 Onda Celeste

A onda celeste é a onda irradiada em uma direção tal que o ângulo em relação
à superfície terrestre é suficientemente grande para direcioná-la à ionosfera, onde a
onda é refratada de volta à superfície. Esta onda pode ser refletida de volta à
ionosfera, repetindo o processo. É dessa forma que as ondas curtas comumente se
propagam, possibilitando transmissões a longa distância.
A ionosfera influi decisivamente na propagação por onda celeste. Geralmente
age como um condutor absorvendo parte da energia da onda transmitida, mas
também age como um espelho rádio, refratando a onda celeste de volta à superfície. A
capacidade da ionosfera em retornar uma onda de rádio depende de fatores como a
densidade de íons, ângulo de irradiação e freqüência de transmissão. A onda pode
mesmo nem ser refratada, passando através da ionosfera.

A distância entre a antena transmissora e o ponto de retorno à superfície


depende do ângulo de irradiação, que por sua vez é limitado pela freqüência, pois
quanto maior a freqüência utilizada mais difícil é a refração, apesar de resultar em um
alcance maior. Cada camada na ionosfera pode refratar ondas de rádio até uma
freqüência máxima, a MUF (Maximum Usable Frequency - Máxima FreqÜência Útil).
Dessa discussão conclui-se que existe uma "freqüência ótima", a OWF (Optimum
Work Frequency - Freqüência Ótima de Trabalho), que representa um determinado
percentual da MUF.
Além do estado da ionosfera, fatores como comprimento do circuito e outros
descritos anteriormente (ciclo solar, sazonalidade, etc) são usados para determinar a
MUF para determinada hora e camada da ionosfera, ou então uma predição de seu
valor baseada em observações efetuadas ao longo do tempo.
O ângulo de irradiação também é importante. Sabe-se que acima de uma
determinada freqüência as ondas transmitidas não são refratadas, continuando pelo
espaço. Contudo, se o ângulo de irradiação for reduzido, partes das ondas de alta
freqüência retornam à superfície. O maior ângulo no qual uma onda é propagada e
retornada à terra após ser refratada na ionosfera é chamado de ângulo crítico para
aquela freqüência em particular.
O ângulo de irradiação pode ser aproximadamente determinado em função da
freqüência utilizada e a distância entre transmissor e receptor:
• 1,5-3,0 MHz: Baixo ângulo de irradiação para longas distâncias. Um alto ângulo
de irradiação pode causar desvanecimento da recepção da onda terrestre.
• 3,0-7,0 MHz: Bom retorno da onda celeste para qualquer ângulo. Ângulo de
irradiação alto pode ser utilizado para alcances entre curtos e moderados,
enquanto ângulo de irradiação baixo deve ser usado para transmissões a
longas distâncias.
• 7,0-12,0 MHz: Ângulo de irradiação de 45o a 30o para distâncias curtas ou
moderadas. Baixos ângulos de irradiação devem ser usados para longas
distâncias.
• 12,0-30,0 MHz: Não é útil para distâncias curtas. O máximo ângulo útil para
freqüências entre 12 e 16 MHz é cerca de 30o. À proporção que a freqüência é
aumentada, o ângulo deve ser reduzido; acima de 28 MHz o ângulo deve ser
menor que 30o.
O caminho desde o transmissor até o retorno à superfície é denominado
"salto". Dependendo da distância até o receptor, uma onda pode efetuar mais de um
salto (a onda reflete na terra e volta à ionosfera onde é refratada, e assim por diante).
Denomina-se "distância de salto" à distância entre o transmissor e o retorno à
superfície, ou a distância entre cada salto efetuado. Uma parte da onda irradiada pode
propagar-se por onda superficial, contudo com um alcance limitado a curtas distâncias
com respeito ao transmissor.
A região na superfície terrestre que se estende desde o limite do alcance da
onda superficial até o ponto de retorno após o primeiro salto não recebe nenhuma
onda transmitida, sendo chamada "zona de silêncio".

As camadas que formam a ionosfera sofrem consideráveis variações em


altitude, densidade e espessura, devido principalmente à variação na atividade das
manchas solares, conforme discutido anteriormente. Durante os períodos de máxima
atividade solar a camada F é mais densa e ocorre a altitudes maiores, influindo
decisivamente na distância de salto e no alcance das ondas de rádio transmitidas. À
noite, com a ausência de atividade solar, os sinais que seriam normalmente refratados
pelas camadas D e E são refratados pela camada F, resultando em uma distância de
salto maior.

2.3 Fatores de Degradação do Sinal

O sinal transmitido não chega ao receptor com a mesma potência. A


propagação das ondas de rádio impõe perdas ao sinal, existindo diversas causas para
a degradação do sinal. Dentre as principais causas pode-se citar o desvanecimento
(fading), a absorção, e o ruído.
2.3.1 Desvanecimento

O termo "desvanecimento" é utilizado para referir-se a qualquer flutuação ou


variação na intensidade de um sinal que ocorra no receptor durante o período em que
esse sinal é recebido. O desvanecimento pode ocorrer em qualquer ponto onde tanto
a onda terrestre quanto a onda celeste sejam recebidas. Nesse caso as duas frentes
de onda podem chegar fora de fase, causando o cancelamento do sinal útil. Em áreas
onde prevalece a propagação da onda celeste, o desvanecimento pode ser causado
por duas frentes de onda celeste que percorram percursos diferentes, chegando
defasadas ao receptor.

Variações na absorção e no comprimento do caminho da onda na ionosfera


provocam também desvanecimento. Ocasionalmente, um distúrbio repentino na
ionosfera causa a completa absorção de toda irradiação da onda celeste. O
desvanecimento também se manifesta quando o receptor se localiza perto da fronteira
da zona de silêncio ou quando a freqüência de trabalho tiver um valor próxima ao valor
da MUF. Nesses casos, pode ocorrer a queda da intensidade do sinal recebido a
níveis praticamente nulos.
A principal causa de desvanecimento nos circuitos ionosféricos é a propagação
em percursos múltiplos, quando um sinal percorre diferentes caminhos até chegar ao
receptor. Se as ondas recebidas estiverem defasadas, será produzido um sinal fraco
ou desvanecido. Por outro lado, se as ondas forem recebidas em fase, um sinal mais
forte será recebido. Pequenas alterações no percurso de transmissão podem causar
variações na diferença de fase entre as ondas recebidas.
2.3.2 Ruído

Existem diversas fontes de ruído que afetam a recepção da onda de rádio. O


ruído pode ser originado na Natureza (fontes naturais) ou gerado pelo Homem (fontes
artificiais). No primeiro caso enquadra-se o ruído atmosférico, que é geralmente a
maior causa de ruído na faixa de alta freqüência, sendo maior nas regiões equatoriais,
diminuindo com a latitude crescente.

Também nesse caso enquadra-se o ruído cósmico, oriundo do espaç sideral, e


que afeta mais as altas freqüências. No segundo caso, podem ser incluídos os ruídos
causados por ignição de motores de combustão, linhas de transmissão, lâmpadas
fluorescentes, máquinas em geral, cabos elétricos, dentre outros. Este tipo de ruído
está diretamente relacionado ao avanço tecnológico e/ou à densidade populacional
nas áreas onde é recebido o sinal. Como os ruídos artificiais tendem a ser
verticalmente polarizados, a seleção de uma antena polarizada horizontalmente irá
auxiliar na redução dos efeitos do ruído.

2.3.3 Atenuação Ionosférica

A camada D provoca atenuação nas ondas que a atravessam. A capacidade de


absorção varia de acordo com o ciclo solar, sendo maior em torno ao máximo solar.
Também varia sazonalmente e ao longo do dia, sendo maior no verão e ao meio-dia.
Pode-se dizer então que a absorção varia de acordo com o grau de ionização de D.

2.3.4 Condições Climáticas

O tempo é um dos diversos fatores que afetam a propagação. Dependendo do


fenômeno climático, as ondas de rádio podem ser transmitidas a distâncias maiores,
ou atenuadas substancialmente. Infelizmente, não há regras que predigam os efeitos
do tempo nas transmissões, pois as variáveis do tempo são complexas e sujeitas a
variações freqüentes. Qualquer discussão deve ser limitada a termos gerais.

A atenuação devido às gotas de chuva é maior do que a atenuação devido


água em outras formas/estados. A atenuação pode ser causada por absorçào, com as
gotas de chuva atuando como um dielétrico pobre, absorvendo a potência da onda
eletromagnética e a dissipando por aquecimento ou espalhamento. A atenuação é
significativa para as freqüências acima da faixa de VHF.
A atenuação devido ao nevoeiro é similar à atenuação por gotas de chuva. É
mais crítica para freqüências acima de 2 GHz, acima da faixa de UHF. Já a atenuação
por granizo é determinada pelo tamanho das pedras e sua densidade. Como o gelo
possui um índice de refração mais baixo, a atenuação por granizo é
consideravelmente menor do que devido às gotas de chuva.
UNIDADE 3 : PROPAGAÇÃO DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

3.1 INTRODUÇÃO

O comportamento das ondas eletromagnéticas é afetado pelo meio que


atravessam. Os efeitos da atmosfera e da superfície da Terra que afetam a
propagação e interessam diretamente ao desempenho dos sistemas de transmissão
são:
• Dispersão;
• Absorção e Atenuação;
• Reflexão;
• Refração; e
• Difração.

A) DISPERSÃO DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

A potência ou energia que emana de uma fonte é projetada em todas as


direções. Isso, no entanto, não quer dizer que essa projeção é uniforme. Na realidade,
no caso de algumas fontes altamente direcionais, a quantidade de energia irradiada ao
longo de algumas direções é desprezível, ou mesmo nula.

Imaginemos uma fonte puntiforme que irradia uniformemente em todas as


direções. Se considerarmos uma esfera do espaço que envolva esta fonte, o princípio
da conservação da energia nos assegura que toda a energia irradiada deverá cruzar
a superfície esférica. Esta afirmativa é verdadeira, qualquer que seja o tamanho da
esfera considerada.
Em conseqüência, pode ser facilmente visualizada a forma pela qual a mesma
intensidade de energia terá que preencher espaços cada vez maiores, resultando em
densidades de potência cada vez menores. Esta densidade a uma distância R
qualquer da fonte emissora será:
p= P
4πR²
Onde p é a densidade de potência a uma distância R da fonte que irradia uma
potência P.
B) ABSORÇÃO E ATENUAÇÃO

A propagação de ondas através de qualquer meio diferente do vácuo é sempre


acompanhada de perdas causadas pela absorção de potência pelas partículas do
meio. Assim, apenas as ondas eletromagnéticas ao se propagarem no vácuo não são
atenuadas pela absorção.

As ondas eletromagnéticas, ao se propagarem na atmosfera, são afetadas pela


absorção.
O vapor-d’água e as moléculas de oxigênio existentes na atmosfera são os
principais responsáveis pela absorção de energia. Os efeitos da absorção crescem
com o aumento da freqüência. Perturbações atmosféricas, tais como chuvas e nuvens,
que aumentam muito a densidade de umidade do ar, causam atenuações substanciais
nas freqüências mais elevadas da faixa de rádio e microondas.
Como a densidade da atmosfera diminui com o aumento da altura, a absorção
das ondas de rádio e radar será, também, influenciada pela inclinação do feixe. Com
maiores inclinações para o alto, a porção da trajetória na parte inferior, mais densa, da
atmosfera é menor, resultando numa absorção total menor.
Em freqüências das faixas SHF e EHF a absorção atmosférica torna-se um
problema, além do que existe a difração devido à presença de gotas de água de
chuva, moléculas de oxigênio e vapor-d’água (obstáculos de dimensões praticamente
iguais aos comprimentos de onda).
As ondas terrestres, além de perderem energia para o ar, também perdem para
o terreno. A onda é refratada para baixo e parte de sua energia é absorvida.
Como resultado dessa primeira absorção, o bordo anterior da onda é curvado
para baixo, resultando numa nova absorção, e assim por diante, com a onda perdendo
energia gradualmente.
A absorção é maior sobre uma superfície que não seja boa condutora.
Relativamente pouca absorção ocorre quando a onda se propaga sobre a superfície
do mar, que é uma excelente condutora. Assim, as ondas terrestres de freqüência
muito baixa percorrem grandes distâncias sobre os oceanos.agnéticas e acústicas
Também as ondas refletidas que sofrem mais de uma reflexão perdem energia
por absorção quando de sua reflexão intermediária na Terra. Além disso, as ondas
refletidas sofrem absorção quando de sua reflexão na ionosfera, cujo grau depende da
densidade de ionização, da freqüência da onda eletromagnética e da altura.
A absorção ionosférica máxima ocorre aproximadamente na freqüência de
1.400 kHz. Quanto à penetração na água, as ondas eletromagnéticas são muito
absorvidas pelo oceano. Apenas as freqüências extremamente baixas (ELF), muito
baixas (VLF) e baixas (LF) podem conseguir alguma penetração no meio aquático,
assim mesmo às expensas de elevadas potências de transmissão. Estas ondas, após
percorrerem alguns milhares de milhas, penetram na água até profundidades que
permitem o recebimento de sinais por submarinos imersos até 100 pés (VLF).

A Atenuação é a diminuição da intensidade da onda com a distância. Da


Física, sabemos que a intensidade do campo varia inversamente com o quadrado da
distância. Essa diminuição da intensidade é que se denomina atenuação. Quanto
mais distante do emissor, mais fraco é o campo eletromagnético, como mostrado na
figura abaixo:

Atenuação da Onda Eletromagnética


UNIDADE 4: PROPAGAÇÃO DA ONDA DIRETA NO ESPAÇO
LIVRE

4.1 INTRODUÇÃO

C) REFLEXÃO DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS.

A IONOSFERA E AS ONDAS DE RÁDIO


A reflexão é um fator indispensável para o funcionamento de sensores ativos,
como o radar. Quando uma onda encontra a superfície limítrofe entre dois meios de
densidades diferentes, uma parte da energia é refletida, outra parte da energia é
absorvida pela superfície refletora e uma terceira porção pode penetrar, refratar-se e
se propagar no segundo meio. As quantidades de energia envolvidas nesses três
processos irão depender, basicamente, da natureza da superfície, das propriedades
do material e da freqüência da onda. bre ondas eletromagnéticas e acústicas
As ondas eletromagnéticas são afetadas pela reflexão e pelo espalhamento. O
emprego das ondas na detecção pode ser grandemente prejudicado pelos ecos
indesejáveis que obscurecem o alvo, tais como grandes massas de terra, retorno do
mar, aguaceiros e nevascas, fenômenos estes que influenciam, principalmente, as
freqüências mais elevadas.

Uma outra conseqüência da reflexão é o aparecimento de zonas de


desvanecimento nos feixes dos radares. Então, quando uma onda de rádio encontra
uma superfície, se as condições forem favoráveis ela será refletida de forma
“especular” (como em um espelho), da mesma maneira que ocorre com uma onda
luminosa, que também é uma onda eletromagnética, cumprindo-se as Leis:
1 – O raio de incidência e o raio de reflexão estão no mesmo plano; e
2 – O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão.

A figura mostra a reflexão em uma superfície plana.

A relação entre a intensidade do campo incidente e a do campo refletido


denomina-se coeficiente de reflexão.
Próxima matéria

Figura 34.14 – Reflexão da Onda Eletromagnética em uma Superfície Plana


A superfície terrestre reflete ondas de todas as freqüências. As baixas freqüências
possuem grande penetração e as ondas são muito menos refletidas. Em freqüências
muito
baixas, sinais de rádio podem ser recebidos a até alguns metros abaixo da superfície
do
mar, como vimos.
Árvores, edifícios, montanhas e outros objetos podem causar reflexões de ondas de
rádio. Para as freqüências baixas, e mesmo médias, essas reflexões podem ser
desprezadas.
Já nas altas freqüências, elas se tornam importantes, sendo o fenômeno, por vezes,
aproveitado como base de sistemas eletrônicos, como o radar. Quando o fenômeno é
indesejável,
como nas comunicações, costuma-se usar antenas direcionais, que, pelo menos,
minimizam os efeitos da reflexão.
Nas freqüências mais altas, ocorrem reflexões pela chuva e por nuvens densas.
Também, a onda de rádio de freqüência muito alta (VHF), ou superior, pode ser
refletida
pelos limites bem definidos (frentes) entre massas de ar frias e quentes, quando o ar
quente e úmido flui sobre o ar frio mais seco. Se a superfície entre as massas de ar é
paralela à superfície da Terra, as ondas de rádio podem percorrer distâncias muito
maiores
que as normais.
1239 Navegação eletrônica e em condições especiais
Noções sobre ondas eletromagnéticas e acústicas
Sempre que uma onda é refletida pela superfície terrestre, dá-se uma mudança de
fase, que varia com a condutividade do terreno e a polarização da onda, alcançando
um
máximo de 180º para uma onda polarizada horizontalmente, quando refletida pela
água
do mar (que considera-se como tendo condutividade infinita).
A atmosfera possui várias superfícies refletoras, a principal das quais é a ionosfera.
Uma onda, emitida por um transmissor, poderá propagar-se até o aparelho receptor
acompanhando a superfície da Terra. A onda que faz esse trajeto denomina-se, como
vimos, onda terrestre. Porém, conforme estudado, a onda pode alcançar o receptor
através
de uma ou mais reflexões, denominando-se, então, onda refletida.
Quando uma onda terrestre e uma onda refletida chegam ao mesmo tempo a um
receptor, o sinal total é a soma vetorial das duas ondas. Se os sinais estão em fase,
uma
onda reforça a outra, produzindo um sinal mais forte. Se há diferença de fase, os
sinais
tendem a cancelar-se mutuamente, sendo o cancelamento completo quando a
diferença
de fase é de 180º e os dois sinais têm a mesma amplitude. Essa interação tem o
nome de
interferência de ondas. A diminuição de sinal no receptor devido a essa interação de
ondas
terrestres e refletidas é denominada “fading” (desvanecimento).
Sob certas condições, uma porção da energia eletromagnética de uma onda de rádio
poderá ser refletida de volta à superfície terrestre pela ionosfera, uma camada
carregada
de partículas entre 90 e 400 km de altura. Quando isso ocorre, denominamos a onda
refletida de onda celeste.
A parte superior da atmosfera terrestre durante o dia é ininterruptamente
bombardeada
pelos raios ultravioletas solares. Essas ondas luminosas de elevada energia
fazem com que os elétrons das moléculas gasosas da parte superior da atmosfera
tornem-
se ativos e libertem-se de suas moléculas, passando a formar as camadas ionizadas.
Essas camadas alcançam sua maior intensidade quando o Sol atinge sua altura
máxima.
Existem quatro camadas ionosféricas de importância no estudo da propagação
das ondas de rádio (figura 34.15):
Figura 34.15 – Camadas Ionosféricas
Noções sobre ondas eletromagnéticas e acústicas
Navegação eletrônica e em condições especiais 1240
Camada F – É a mais alta, onde a densidade do ar é tão baixa que os gases se
apresentam, na maioria dos casos, como átomos separados, em vez de moléculas. Aí

uma forte ionização produzida pela radiação solar. Acima dela, há um decréscimo de
ionização devido à falta de átomos; abaixo dela, também há um decréscimo, porque o
agente ionizador (radiação solar) já foi absorvido. Durante o dia, a camada se divide
em
duas subcamadas: F1 e F2, sendo F1 a mais baixa. São dois níveis máximos de
ionização,
sendo que F1 vai de cerca de 175 a 250 km de altitude, e F2 de 250 a 400 km de
altitude.
De noite, elas se reúnem numa única camada, em altitude de cerca de 300 km, e a ela
damos o nome comum de camada F, a qual é, normalmente, a única camada
ionosférica
importante para a propagação rádio no período noturno.
Camada E – Estende-se de 100 a 150 km de altitude e julga-se ser devida à ionização
de todos os gases por raios X leves. É a região onde os raios X que não foram
absorvidos
pelas camadas anteriores encontram um grande número de moléculas de gás,
ocorrendo
novamente um máximo de ionização. A camada E tem uma altura praticamente
constante,
ao contrário das camadas F, e permanece durante a noite, se bem que com um
decréscimo
em seu grau de ionização. Existem regiões irregulares de grau de ionização,
denominadas
“camadas E esporádicas”, cujas densidades de elétrons podem ser até 10 vezes
maiores que a da camada E normal. Essas regiões esporádicas podem ocorrer a
qualquer
hora do dia e em qualquer estação do ano.
Camada D – É a mais fraca e a mais próxima da superfície da Terra, situando-se
entre 60 e 90 km de altitude. Como dito, tem uma densidade de ionização bem fraca,
muito menor que qualquer das outras, e desaparece durante a noite. Ela absorve ondas
de alta freqüência (HF) e reflete ondas de freqüência baixa (LF e VLF), obviamente durante
o dia claro.
Todas as camadas da ionosfera são variáveis de alguma forma, com seus padrões principais
parecendo ser função dos períodos diurnos, das estações do ano e do ciclo solar. As
camadas podem favorecer a propagação da onda de rádio para uma área de recepção desejada,
ou elas podem dificultar, e até mesmo impedir inteiramente, tal transmissão. A freqüência
da onda, seu ângulo de incidência e a altura e densidade das várias camadas no momento
da transmissão serão os fatores determinantes da facilidade ou não de recepção da transmissão
realizada. De uma forma geral, as freqüências nas faixas de MF e HF são mais apropriadas
para a reflexão ionosférica durante o dia, sendo que a parte superior da faixa LF e a
parte mais baixa da faixa VHF produzem ondas celestes somente utilizáveis à noite. As
freqüências
fora desses limites ou não produzem ondas celestes, ou aquelas que são produzidas
são tão fracas que não podem ser utilizáveis.
Combinando os efeitos da onda celeste, ou onda ionosférica, com os da onda
terrestre, já estudada, pode-se imaginar um padrão de propagação como mostrado na
figura 34.16.
A onda celeste que sai diretamente pela vertical da antena (na direção do Zênite)
penetra na ionosfera e perde-se no espaço. Uma onda que faça um pequeno ângulo com a
vertical ao sair da antena, também poderá atravessar a ionosfera e se perder no espaço,
como no caso do raio 1 mostrado na figura 34.16. Aumentando o ângulo que o raio emitido
faz com a vertical da antena, alcança-se um ângulo sob o qual a onda transmitida refletese
na ionosfera e retorna à Terra. Este ângulo (b, na figura) tem o nome de ângulo crítico.
Então, o raio 2 (figura 34.16), incidindo sobre a ionosfera com um ângulo igual (ou
maior) que o ângulo crítico, reflete-se na ionosfera, formando uma onda refletida que
atinge a superfície da Terra no ponto P1.
1241 Navegação eletrônica e em condições especiais
Noções sobre ondas eletromagnéticas e acústicas
Figura 34.16 – Padrão de Irradiação
A onda terrestre mostrada na figura 34.16 propaga-se acompanhando, de forma
aproximada, a curvatura da Terra, enquanto perde energia, através do efeito absorção,
tendo como alcance máximo o ponto P2. A zona entre o alcance máximo da onda terrestre
e o alcance mínimo da onda celeste é denominada zona de silêncio. A distância
entre o transmissor e o ponto P1 é denominada distância de silêncio, que significa a
distância mínima para o recebimento de uma onda celeste. Dentro da distância de
silêncio nenhuma onda refletida na ionosfera é recebida.
As reflexões aumentam o alcance da onda. A distância máxima em que um sinal
refletido na camada E pode ser recebido é de, aproximadamente, 1.400 milhas náuticas
(para isso é necessário que o sinal deixe o transmissor em direção quase horizontal). Como
a camada F é mais alta, suas reflexões são recebidas a maiores distâncias; neste caso, a
distância máxima de recepção é de cerca de 2.500 milhas.
Entretanto, as ondas terrestres de baixas freqüências também podem ter alcances
comparáveis e até maiores, como no caso das ondas VLF (freqüências muito baixas) usadas
no sistema Omega.
d. REFRAÇÃO DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS
Sempre que uma frente de onda se propaga por um meio onde ocorre uma variação
de densidade, haverá um encurvamento do feixe. As ondas eletromagnéticas são refratadas
na atmosfera devido a pequenas diferenças de velocidade de propagação, em conseqüência
da existência de gradientes de densidade. Como era de se esperar, este fenômeno
ocorre, principalmente, na baixa atmosfera. Na faixa do espectro de rádio e de microondas,
os efeitos da refração podem se tornar extremamente importantes, nas regiões
mais baixas da atmosfera, dependendo das variações de temperatura, umidade e pressão.
Alcances extraordinários nos radares, recepção de sinais de TV oriundos de emissoras de
outros Estados, ou, algumas vezes, de outros países, são testemunhos do fenômeno da
refração.
A atmosfera pode refratar as ondas de rádio e radar. O coeficiente que

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