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C. S.

Lewis

CARTAS PARA SHELDON VANAUKEN


C. S. Lewis

CARTAS PARA SHELDON VANAUKEN

TRADUÇÃO
J. A. dos Santos

Sociedade C. S. Lewis
2011
INTRODUÇÃO
Embora não existam datas precisas, C. S. Lewis e Sheldon
Vanauken tornaram-se amigos. E este, através do trabalho do
primeiro, converteu-se ao cristianismo.
Sheldon publicou sete livros, entretanto apenas um deles o
consagrou: A Severe Mercy (Uma misericórdia severa, em tradução
livre). É uma autobiografia que conta o relacionamento dele com
sua esposa, sua amizade com C. S. Lewis, sua conversão ao
cristianismo e outros fatos de sua vida.
Em A Severe Mercy, Sheldon publica algumas cartas de
Lewis, e algumas delas estão em domínio público, e estão
publicadas aqui neste projeto. Infelizmente, não há nenhuma
publicação do livro no Brasil - ou de qualquer trabalho de Sheldon.
MacDonald, autor que Lewis admirava muito, só tem uma obra
publicada no Brasil – e, ainda assim, é muito difícil encontrá-la.
Apresentamos esta tradução de cartas de Lewis, que sempre
apresenta aos leitores mais um lado de Lewis que, às vezes, não
conseguimos ver pelos seus livros. Em suas cartas vemos um
homem sábio, verdadeiro – e além de tudo – humano. Infelizmente
não saberemos exatamente o que Sheldon disse para Lewis em
cartas, pois Lewis tinha o hábito de queimar as cartas que recebia.
Nós, da Sociedade C. S. Lewis, fazemos de tudo para
conseguir que os materiais – não apenas os de C. S. Lewis, mas
também os relacionados a ele – cheguem aos leitores. Porém isso é
uma tarefa que, infelizmente, não depende apenas de nós, porém
faremos o possível para trazer textos que estão em domínio
público. Ao trazer estas cartas, a primeira obra desta série de obras,
mostramos que estamos comprometidos com toda a obra e todo o
legado do grande C. S. Lewis e que vocês podem contar conosco
para isso.
Acima de tudo, gostaria de agradecer por você ler este texto.
Ele está sendo disponibilizado de graça em nosso site e a única
coisa que pedimos é que você divulgue o nosso trabalho.

Rodolpho Carvalho
Sociedade C. S. Lewis
CARTAS PARA SHELDON VANAUKEN
14 de dezembro de 1950
Caro Sr. Vanauken,

Minha posição quanto ao princípio do Cristianismo era


exatamente o oposto da sua. Você gostaria que fosse verdade; eu
esperava fortemente que não fosse 1. Pelo menos, isto foi meu
desejo consciente: talvez você suspeite de que eu tive desejos
inconscientes de uma maneira diferente e foram estes que,
finalmente, me impulsionaram. Verdade: mas então sou igualmente
suspeito que, por trás do seu desejo consciente que isto fosse
verdade, esconde-se um forte desejo inconsciente de que não
fosse. O que acontece é que todo o pensamento moderno, embora
útil, talvez seja para explicar a origem de um erro que você já sabe
que é um erro, é perfeitamente desnecessário em qual das duas
crenças é um erro e qual é a verdade. Para (a) Uma pessoa nunca
sabe dos desejos de outra, e (b) Em todas as grandes questões,
como esta, até mesmo o desejo consciente de uma pessoa está
quase sempre envolvida nos dois lados. O que eu acho que alguém
pode dizer com certeza é: o conceito que todos gostariam que o
Cristianismo fosse verdade, e que, por sua vez, todos os ateus são
bravos homens que aceitaram a derrota de todos os seus desejos
mais profundos, é simplesmente bobagem descarada. Você acha
que pessoas como Stalin, Hitler, Haldane, Stapledon (um bom
escritor, por sinal) estariam satisfeitas ao acordar um dia e
descobrir que não são mestres de si mesmos, que eles têm um
Mestre e um Juiz, que não havia nada, nem mesmo no fundo de
seus pensamentos, sobre o que eles poderiam dizer para Ele
“Mantenha distância! Privado. Isto é particular”? Você acha? Nossa!
A primeira reação deles (assim como foi a minha) seria raiva e
terror. E eu duvido muito que você até você acharia isto
simplesmente agradável. Não é verdade: quem iria satisfazer alguns
de nossos desejos (aqueles que sentimos, de fato, raramente) e
revoltar uma boa quantidade de outras pessoas? Então vamos
remover todos os desejos pessoais. Isto nunca ajudou a resolver
nenhum problema até agora.

Eu não concordo com a sua ideia da história da religião.

1 Mais   detalhes   sobre   isso   podem   ser   lidos   na   autobiografia   de   Lewis, 


Surpreendido pela Alegria [Nota do Revisor]
Cristo, Buda, Mohammed e outros em uma simplicidade original.
Eu acredito que o Budismo seja a simplificação do Hinduísmo e que
Islamismo seja a simplificação do Cristianismo. Religião clara,
lúcida, transparente, simples (Tao 2 somado com um deus sombrio e
ético em segundo plano) é um desenvolvimento tardio, geralmente
ocorrendo entre pessoas muito bem educadas nas grandes cidades.
Você realmente começa com ritual, mito e mistério, com a morte e
retorno de Balder e Osíris, as danças, as iniciações, os sacrifícios, os
reis divinos. Mas contra isto estão os Filósofos, Aristóteles e
Confúcio, muito dificilmente religião. Os dois únicos sistemas nos
quais os mistérios e as filosofias se juntam é o Hinduísmo e
Cristianismo: neles você tem a Metafísica e o Culto (contínuos com
cultos primitivos). É por isto que o meu primeiro passo foi ter
certeza de que um destes dois tivesse a resposta. Para a realidade,
não pode ser uma que apela apenas ou aos selvagens ou apenas
aos intelectuais. Coisas reais não são assim (por exemplo, matéria é
a primeira coisa que você encontra o leite, chocolate, maçãs e
também o objeto da física quântica). Não há uma questão de
apenas uma multidão de religiões desconexas. A escolha é entre (a)
A visão do mundo material: no que eu não acredito. (b) A religião
primitiva arcaica real; que não são morais o suficiente. (c) A (dita)
satisfação destes no Hinduísmo. (d) A satisfação destes no
Cristianismo. Mas o ponto fraco do Hinduísmo é que não mescla
realmente as duas vertentes. Religião selvagem irreparável
acontece na aldeia; a filosofia Eremita na floresta: e nenhum se
encontra com o outro. É apenas o Cristianismo que instiga um
intelectual como eu a participar de uma festividade como a Santa
Ceia, e também instiga um convertido da Africa Central a tentar um
esclarecedor código de éticas.

Você já tentou “O Homem Eterno” de Chesterton? É o


melhor apologético popular que conheço.

Entretanto, a tentativa de praticar Tao é certamente o


caminho certo. Você já leu os Analectos de Confúcio? Ele termina
dizendo: “Este é o Tao. Não sei se alguém já o manteve”. Isto é
significante: uma pessoa pode realmente ir direto de lá para a
Epístola dos Romanos.

2 Significa, literalmente, O Caminho, entretanto, só pode ser alcançado por 
intuição. Vem da filosofia chinesa. [NR]
Eu não sei se algo disto é vai servir de algo. Certifique-se de
escrever novamente, ou ligar, se achar que posso ser necessário.

Sinceramente seu,
C. S. Lewis.
23 de dezembro de 1950
Caro Sr. Vanauken,

A contradição "temos de ter fé para acreditar e acreditar


para ter fé" pertence à mesma classe que os filósofos eleatas
provaram que todo movimento é impossível. E há várias outras.
Você não pode nadar a menos que você possa sustentar seu corpo
na água e você não pode suportar seu corpo na água se não souber
nadar. Ou ainda, em um ato habitual (por exemplo, levantar
quando se acorda pela manhã), é o exato começo do ato em si
voluntário ou involuntário? Se é voluntário, você deveria estar com
vontade... se você já estava com a vontade... não foi realmente o
começo. Se involuntário, a continuação do ato (estar determinado
desde o primeiro movimento) também é involuntário. Mas, à parte
disto, nós nadamos e nós nos levantamos da cama.

Eu não acho que há uma prova demonstrativa (como


Euclides) do Cristianismo, ou da existência da matéria ou da boa
vontade e honestidade do meus melhores e mais velhos amigos.
Acho todas as três (exceto talvez a segunda) muito mais provável do
que as alternativas. O caso do Cristianismo em geral é bem
colocado por Chersterton; e eu tentei fazer algo no meu livro
Broadcast Talks. No que diz respeito a Deus não deixar
comprovadamente claro; temos certeza de que que Ele está
interessado no tipo de Teísmo que seria um consentimento lógico
forçado para um argumento conclusivo? Estamos interessados nisto
em questões pessoais? Exijo de meu amigo confiança em minha
boa fé, o que certamente é sem prova demonstrativa. De maneira
alguma seria confiança se ele esperasse por provas concretas.
Esperar é tudo, os próprios contos de fadas mostram a verdade.
Otelo acreditou na inocência de Desdêmona 3 quando foi provada:
mas foi tarde demais. "Seu louvor está perdido até todos
elogiarem”. A magnanimidade, a generosidade que irá confiar e,
uma probabilidade razoável, é exigida de nós. Mas supondo que
alguém acreditou e estava errado afinal de contas? Qual a razão de

3 Lewis refere­se à obra Otelo, o mouro de Veneza de Shakespeare. Na obra, 
Otelo foi enganado de que sua esposa, Desdêmona, o traía. Otelo, então, 
assassinou a esposa e, quando descobriu que fora enganado, se matou. 
[NR]
você pagar o universo com um elogio que ele não merece. Seu erro
seria mais interessante e importante do que a realidade? E então
como isto aconteceu? Como pode um universo idiota ter produzido
criaturas cujos meros sonhos são tão mais fortes, melhores mais
sutil do que si mesmo?

Perceba que a vida após a morte, que ainda parece ser para
você algo essencial, foi, em si, uma revelação tardia. Deus treinou
os Hebreus por séculos para que acreditassem nEle sem que
prometesse um vida após a morte, e, graças a Ele, ele me treinou
do mesmo modo por quase um ano. É como se um príncipe
disfarçado em um conto de fadas que ganha o amor da heroína
antes que ela saiba que ele é mais do que um lenhador. O que teria
sido uma sedução se viesse primeiro, é bem melhor quando vem
por último.

É bem claro pelo que você fala que você tem desejos
conscientes dos dois lados. E agora, outro ponto sobre desejos. Um
desejo talvez leve à falsas crenças, de fato. Mas o que sugere a
existência do desejo? Certa vez eu estava impressionado pela frase
de Arnold4 "Estar com fome não prova que temos pão". Mas
certamente, entretanto, isto não prova que um homem em
particular irá conseguir comida, isto prova que há comida! Por
exemplo, se fôssemos uma espécie que normalmente não comeria,
isto é, que não fôssemos feitos para comer, sentiríamos fome? Você
diz que o universo material é "feio". Imagino como chegou a tal
conclusão! Se você realmente é um produto de um universo
materialista, como que você não se sente em casa aqui? O peixe
reclama do mar por ser molhado? Ou se eles o fizessem, não
sugeriria fortemente este fato em si que eles nunca foram, ou não
serão criaturas puramente aquáticas? Perceba como estamos
perpetuamente surpresos pelo Tempo. ("Como o tempo voa! Fancy
John sendo um adulto e casado! Mal posso acreditar!") Céus,
porque? A menos, claro, que tenha algo sobre sobre nós que não é
temporal. Total humildade não está no Tao pois o Tao (por si) não
menciona o Objeto pelo qual seria a resposta certa: do mesmo
modo que não há lei sobre ferrovias nos atos da Rainha Elizabeth.
Mas pelo respeito que o Tao exige para ancestrais, pais, idosos, e
professores, é bem claro o que o Tao queria, através de um objeto,
se passar por Deus.

4 Matthew Arnold, poeta e crítico cultural inglês.
Mas eu acho que você já está nas malhas da rede! O Espírito
Santo está com você. Duvido que você escapará!

Seu,
C. S. Lewis.
17 de abril de 1951
Caro Vanauken,

Minhas orações estão sendo respondidas. Não: um vislumbre não é


uma visão. Mas, para um homem na estrada montanhosa durante a
noite, um vislumbre dos próximos 90 centímetros de estrada
importa mais do que uma visão do horizonte. E talvez há sempre
falta de certeza demonstrativa o suficiente para fazer a livre escolha
possível: pelo que nós podemos fazer além de aceitar se a fé era
como a multiplicação?

Haverá um contra ataque em você, sabe, então não fique


muito assustado quando isso acontecer.

O inimigo não irá assistir você estar na companhia de Deus


sem que faça um esforço para recuperá-lo.

Ocupe-se aprendendo a orar e (se você se decidir sobre a


questão de denominação) faça a confirmação.

Que sejas abençoado e cem mil agradecimentos. Faça uso


de mim de qualquer maneira que achar necessária: e vamos
sempre orar um pelo outro.

Seu,
C. S. Lewis.
OBRAS DE C. S. LEWIS QUE PODEM SER
ENCONTRADAS NO BRASIL
Um grande catálogo das obras de C. S. Lewis está disponível em
português, e alguns outros estão em preparação. Veja os livros publicados
atualmente no Brasi, separado por editoras.

Editora WMF Martins Fontes

O Sobrinho do Mago – série As Crônicas de Nárnia


O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa – série As Crônicas de Nárnia
O Cavalo e seu Menino – série As Crônicas de Nárnia
Príncipe Caspian – série As Crônicas de Nárnia
A Viagem do Peregrino da Alvorada – série As Crônicas de Nárnia
A Cadeira de Prata – série As Crônicas de Nárnia
A Última Batalha – série As Crônicas de Nárnia
Cristianismo Puro e Simples
Os Quatro Amores
A Abolição do Homem
Cartas de um diabo a seu aprendiz
Além do Planeta Silencioso – Trilogia Cósmica

Editora Vida

O Peso de Glória
Oração: Cartas a Malcom
O Grande Abismo
O Problema do Sofrimento
A Anatomia da Dor: Um Luto em Observação
Cartas a uma Senhora Americana
Milagres – Um estudo preliminar

Editora Ultimato

Um ano com C. S. Lewis


FICHA TÉCNICA

Edição, formatação: Sociedade C. S. Lewis


Tradução: J. A. dos Santos
Revisão: Rodolpho Carvalho
Capa: Sociedade C. S. Lewis
Fonte utilizada: Droid Sans

1ª Edição

SOCIEDADE C. S. LEWIS

Site: www.sociedadecslewis.com
E-mail: cslewisbr@gmail.com

Esta obra foi realizada pela SOCIEDADE C. S. LEWIS, disponibilizada gratuitamente e


não possui nenhum fim lucrativo. Não venda esta obra. Toda a criação, edição e
formatação desta obra foi feita em Software Livre.

A obra Cartas para Sheldon Vanauken, de C. S. Lewis - tradução de J. A. dos Santos,


foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial
- Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.

O texto original foi colocado em Domínio Público pelo próprio Sheldon Vanauken.
Por este motivo, apenas a tradução está licenciada pela Licença Creative Commons.

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