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RESENHAS

GHIRALDELLI Jr., Paulo. Filosofia da educação. São Paulo: Ática, 2006.


222 p.

Ao longo dos anos tenho observado que os alunos universitários das


licenciaturas em Pedagogia, e inclusive os de pós-graduação até o nível de
Mestrado, têm sérias deficiências de formação no que se refere aos fundamen-
tos filosóficos das diversas propostas educacionais. Não raramente, quando se
atrevem a incursionar em tais domínios, suas explanações não passam de po-
bres resumos de determinadas idéias soltas acerca dos filósofos citados (nem
sempre com base na leitura dos originais). Para começar a paliar tais carências
com informação atualizada, a presente obra de Paulo Ghiraldelli Jr é uma con-
tribuição mais do que bem-vinda. (O Dr. Ghiraldelli Jr., autor de vários livros
sobre filosofia e educação, é um dos principais animadores do Portal da Filoso-
fia <www.filosofia.pro.br>, e <www.ghiraldelli.pro.br> , é o atual Diretor do
Centro de Estudos em Filosofia Americana, com sede em S. Paulo, e é o atual
coordenador do GT da ANPOF ―Filosofia Americana e Pragmatismo‖).
O livro, dividido em seis capítulos, apresenta sucessivamente, ao mes-
mo tempo com a simplicidade didática necessária aos não iniciados, mas com
o rigor exigido pelos conhecedores: 1. os conceitos básicos relativos aos termos
‗filosofia‘, ‗filosofia da educação‘ e ‗pedagogia‘, 2. o paradigma clássico em filo-
sofia da educação (onde discutem-se principalmente as perspectivas socrática
e platônica, contrapostas ao ponto de vista sofístico de Protágoras), 3. o Ilumi-
nismo e o Romantismo na filosofia da educação (com atenção especial para
Descartes e Rousseau e para a questão da caracterização da infância e da pe-
dagogia infantil), 4. a crise do Humanismo e a filosofia continental da educa-
ção (com destaque para Nietzsche, Heidegger, a Escola de Frankfurt, o pós-
estruturalismo, a hermenêutica de Gadamer e o existencialismo sartreano), 5.
a virada lingüística e a filosofia analítica da educação (explorando os alicerces
postos por Frege e Wittgenstein, e os desdobramentos ulteriores no positivis-
mo lógico, Quine e Davidson) e, 6. a filosofia da educação do pragmatismo
(com atenção especial para Davidson e Rorty, detalhando a evolução da polê-
mica desse último com Habermas e os avatares das objeções de Sartre a
Freud).
O autor, que evoca lá e cá algumas teses centrais da filosofia da educa-
ção proposta por Paulo Freire, não esconde suas preferências pela perspectiva

Filosofazer. Passo Fundo, n. 30, jan./jun. 2007, p. 249


pragmático-lingüística aberta por Davidson e Rorty. E indo até o fim do seu
desafio fecha a obra propondo-nos uma nova ‗metodologia‘ (embora o termo
não seja mais o mais apropriado) pedagógica coerente com tal horizonte filo-
sófico. Parafraseando a Herbart os novos cinco passos propostos para a dinâ-
mica do ensino-aprendizagem são os seguintes: 1. explicitação da convivência
com determinadas narrativas (que já ‗ai estão‘, incluindo determinados pro-
blemas), 2. a comparação das narrativas ‗concorrentes‘ em relação a esses pro-
blemas, 3. o esboço, pelo educando em diálogo com o educador, de uma nova
narrativa, 4. a construção efetiva individual-coletiva por parte do(s) educando
(s) de uma nova narrativa, e, 5. a ―intervenção‖, ou seja a divulgação da nova
narrativa que causará mudanças nos ―seus pares e modificações de suas con-
versas e modos de pensamento no campo da cultura, da política e da vida so-
cial‖. Deve-se registrar que cada capítulo do livro se encerra com uma secção
que inclui um resumo, sugestões de atividades, questões, e sugestões de leitura
(de obras complementares e outras de aprofundamento); e o livro termina
com uma breve mas muito útil bibliografia comentada, um Apêndice onde o
autor propõe suas idéias sobre como os não iniciados devem abordar o estudo
da filosofia, e ainda um prático e proveitoso Índice remissivo.
Aproveitando as pistas que o próprio autor nos coloca, ficam em aberto
discussões relevantes (que inclusive poderiam obrigá-lo a mudar algumas idéi-
as herdadas de Davidson e Rorty), pelo menos, sobre a questão da verdade
(das sentenças e das narrativas), sobre a re-contextualização da linguagem no
‗modo de vida‘ da qual ela faz parte (em especial, hoje, o do capitalismo globa-
lizado), sobre a recuperação de Saussure e sua concepção da ‗langue‘ e da
‗parole‘, em contraposição à tese comunicacionista davidsoniana, sobre a pos-
sibilidade de se deduzir na e pela linguagem uma ética com pretensão de vali-
dade intersubjetiva universal e capaz de nos orientar rumo a uma ordem sócio
-ambiental pós-capitalista sustentável, sobre o aprofundamento na atualidade-
validade da pedagogia freireana, e, obviamente, sobre a tese mais pessoal apre-
sentada por Ghiraldelli Jr., a saber, a da nova pedagogia articulada nos novos
cinco passos alicerçados no linguistic turn da filosofia contemporânea (tanto no
que diz respeito à sua consistência teórica quanto á sua aplicabilidade nas di-
versas instâncias e espaços da educação formal).
Por todas as informações relevantes e por todas as discussões que elas
deixam em aberto, a obra de Ghiraldelli Jr. é de consulta obrigatória para
quem quiser estar em dia com os temas atuais da filosofia da educação.

Sirio Lopez Velasco (FURG)

250 Filosofazer. Passo Fundo, n. 30, jan./jun. 2007, p.


MÖLLER, Josué Emilio. A justiça como eqüidade em John Rawls. Porto
Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2006.

Cada pessoa tem uma inviolabilidade fundada na justiça que nem


mesmo o bem-estar da sociedade como um todo pode anular. Por isso,
numa sociedade justa, os direitos assegurados pela justiça não
estão sujeitos à barganha política ou ao cálculo de interesses sociais.
John Rawls

A obra é fruto de uma pesquisa monográfica de conclusão de curso. O


autor, Josué E. Möller é advogado, mestre e bacharel em Direito pela Univer-
sidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), pesquisador-bolsista com apoi-
o do Programa de Bolsas de Alto Nível da União Européia para a América
Latina (ALBAAN) e é também doutorando em Sistemas Jurídicos e Político-
Sociais Comparados pela Università degli Studi di Lecce (UNILE), Itália.
A obra A Justiça como Eqüidade em John Rawls tem sua estrutura reda-
cional composta por quatro capítulos que abordam, respectivamente: I) Ques-
tões preliminares: uma alternativa ao utilitarismo, e uma proposta liberal-
igualitária; II) O contrato hipotético e a sua função; III) Exposição dos princí-
pios da justiça; e IV) A justificação da concepção política de justiça.
A obra faz uma abordagem da teoria da justiça eqüitativa rawlsiana de
forma a proporcionar o entendimento de seus conceitos basilares e suas fun-
ções, assim como ajuda na compreensão do problema da identificação e da
realização da justiça nos modelos sociais contemporâneos que reconhecem o
valor da tolerância e abrangem uma pluralidade de indivíduos e de doutrinas
(filosóficas, morais e religiosas) que possuem concepções particulares acerca
do bem. Muitas doutrinas não convencem ou não conseguem explicar os di-
reitos e as liberdades que cabem às pessoas livres e iguais, pilares fundamentais
no pacto contratual e nas instituições democráticas. Nesta direção defende
que:

A teoria da justiça como eqüidade, baseada em noções liberal-


igualitárias implicitamente reconhecidas na cultura democrática, dese-
jando unir interesses individuais e coletivos em torno de um ideal co-
munitário, parte de idéias intuitivas para chegar a expor os princípios
de justiça que possam ser chancelados por membros de uma sociedade
real. A sociedade bem ordenada vem a ser percebida como um sistema
eqüitativo de cooperação social composto por três elementos básicos: a
idéia de razão pública, a idéia de reciprocidade e a idéia de vantagem
racional (p. 88).

Filosofazer. Passo Fundo, n. 30, jan./jun. 2007, p. 251


A teoria da justiça de Rawls provocou relevantes mudanças na filosofia
política anglo-saxônica devido a seu surgimento a partir de bases contratuais e
por levantar uma alternativa às doutrinas que há tempo dominavam a tradi-
ção: o intuicionismo e o utilitarismo.
Rawls busca fundamentar a implementação de princípios da justiça que
orientam a maneira pela qual o objeto primário da justiça, que é a estrutura
básica da sociedade, ou seja, as instituições, distribui direitos e deveres e deter-
mina a divisão de vantagens da cooperação social, de modo a favorecer a con-
vivência pacifica dos cidadãos, o respeito às liberdades fundamentais e a ga-
rantia dos direitos individuais, além de condições para a estabilidade democrá-
tica. Segundo Möller:

[...] a teoria da justiça com eqüidade revela-se como uma proposta basea-
da em valores político-liberais para a instituição de uma sociedade de-
mocrática constitucional bem ordenada que, através da valoração da
liberdade, redescobre a igualdade como condição de justiça (p. 20).

O livro de Möller aponta a qualidade da teoria da justiça como referên-


cia para guiar reflexões e beneficiar o pensamento crítico sobre a forma pela
qual o ordenamento jurídico e o direito são concebidos na realidade sócio-
política, na medida em que faz o jurista pensar o direito em termos fenomeno-
lógicos, epistemológicos, sociológicos e filosóficos, deixando de vê-lo apenas como
uma ciência de normas postas.
A obra demonstra os méritos do autor e ajuda o leitor a fazer uma aná-
lise reflexiva. A composição do texto permite apreender as principais caracte-
rísticas da justiça como eqüidade em Rawls. A apresentação gráfica é prazero-
sa e a leitura é fluente. A leitura desta obra é recomendada para acadêmicos
de Direito e Filosofia que já tenham alguns conhecimentos filosóficos.

Rodrigo Luiz de Deus e Silva (Acadêmico do IFIBE)

252 Filosofazer. Passo Fundo, n. 30, jan./jun. 2007, p.

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