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Criação & Design Classroom

Por Denise Ouriques*

Dados apresentados graficamente facilitam a compreensão do todo

Infográficos
O visual da informação – parte 2
Apostar em linguagens híbridas pode ser opção de especialização para o designer gráfico

N
ós somos uma sociedade predomi- ção e investigação dedicada a explorar a pédia escreveram em cinco anos 1 milhão
nantemente visual. Todos os dias, cultura de dados e seu impacto atual sobre e 400 mil artigos – multiplicando por 15 a
a todo momento, olhamos e ab- a ciência, sociedade e cultura, José Luis de extensão da Enciclopédia Britânica.
sorvemos informação. Também nos comu- Vicente, que participou da última edição Com tanta informação disponível, a
nicamos, enviando informação. Tornou-se do Festival Internacional de Linguagem competição dos meios de comunicação,
habitual a sarcástica frase: entendeu ou Eletrônica (File), nos apresenta os seguin- não importando a interface, é pela eficiên-
quer que eu desenhe? E assim são gerados tes dados, que se tornam mais defasados a cia na apresentação de dados, tornando, de
cada vez mais diagramas, quadros, mapas, cada dia: forma clara, a informação compreensível.
guias, tabelas, gráficos... O professor Joan - Os jornais de todo o mundo lançam diaria- Mas será que os dados mostrados gra-
Costa diferencia ver de visualizar: o ato de mente mais de seis mil terabytes de dados; ficamente teriam o mesmo efeito se apre-
ver está ligado ao mundo visível, compos- - Só o serviço de hospedagem de imagens, sentados de forma discursiva? Essa é uma
to da realidade diretamente percebida; já a Flickr, acumulou em dois anos mais de 200 questão levantada pelo professor e pesqui-
ação de visualizar faz “visíveis e compreen- milhões de fotos, etiquetadas e classificadas; sador da área de design da informação e
síveis ao ser humano aspectos e fenômenos - Todos os dias, são postados 70 mil víde- comunicação visual de Yale, Edward Tufte.
da realidade que não são acessíveis ao olho”. os no Youtube. O Google acessa 9 milhões Parece que já estamos irremediavelmente
O professor espanhol e dirigente do (isso mesmo) de documentos e sites; comprometidos e apaixonados pela info-
evento Visualizar, plataforma de divulga- - Os enciclopedistas voluntários do Wiki- grafia para voltar atrás.

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Gráficos revelam dados e padrões, or-
ganizam informação complexa, densa ou a
simplificam. Às vezes a imagem é o dado.
Gráficos também podem parametrizar
dados multivariados e podem ser apresen-
tados à relação de tinta, ou seja, pela pro-
porção de tinta gráfica dedicada à exibição
não-redundante de dados.
Segundo Tufte, o essencial em visuali-
zação gráfica é: mostrar os dados, induzir
o leitor/espectador a pensar sobre o con-
teúdo ao invés da metodologia, incentivar
olho para comparar diferentes amostras de
dados, evitar a distorção que os dados re-
presentam, apresentar muitos números em
um espaço pequeno, fazer grandes conjun-
tos de dados coerentes e revelar os dados
em vários níveis de detalhe – visão ampla e
fina estrutura. Em teoria, há diversos méto-
dos para a organização da informação. Este Arte mostra detalhes da escuderia da Ferrari
é um dos fatores que mais influenciam o
modo como as pessoas percebem o design
e sua forma de interatividade. Para Richard
Saul Wurman, e outros autores citados no
livro Information Anxiety, há cinco modos
de fazê-lo. A escolha desta organização
tem a ver com a busca das pessoas, ou seja,
a informação que o usuário necessita:
- categoria: similaridade ou relação;
- tempo: organização cronológica;
- localização: organização geográfica ou
espacial;
- ordem alfabética: referencial, de acesso
eficaz a temas específicos, e
- continuidade: por magnitude (do baixo ao
alto, do pior ao melhor etc).
A organização hierárquica e a sensi-
bilidade pelo contexto são boas soluções
na hora de controlar a complexidade na
visualização de dados, ao mesmo tempo
em que se conserva a visibilidade. É impor-
tante reparar na comparação de dados. Ela
é o método para ilustrar as relações e os
padrões nos sistemas de comportamento
mediante a representação de duas ou mais
variáveis de um modo controlado. É assim
que entendemos o mundo. Diz-se “maçãs
com maçãs” para referir-se à ideia de que
os dados devem apresentar-se com o uso
de medidas e unidades comuns e também
em um único contexto. Também é interes- Da floresta para a porta de casa: infográfico mostra a produção do jornal

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sante ter parâmetros para essa comparação a criatividade extrapolou esses métodos, autores e muitos sites na internet com di-
– não adianta saber que determinado edi- e, atualmente, há diferentes formatos. Os cas, exemplos, opiniões e um pouco da his-
f ício é o mais alto do mundo, por exemplo, jornais espanhóis El Mundo e El País tor- tória. Um videoclipe que ficou famoso é o
se não pudermos compará-lo com outros naram-se referências mundiais da matu- da música Remind Me, da dupla de música
edif ícios ou objetos em escala. ridade da infografia. Se anteriormente, na eletrônica norueguesa Röyksopp e foi pro-
década de 80, ela desenvolveu-se por con- duzido em perspectiva isométrica pelo es-
Acesso à infinitude visual ta da difusão do acesso aos computadores túdio francês H5 – disponível no site deles,
O grande boom da infografia na mídia im- como o Macintosh, agora ela transforma- dentre outros trabalhos interessantíssimos.
pressa aconteceu em 1991, com a Guerra se pelos aplicativos animados e 3D, além Nas redes sociais, há aplicativos que geram
do Golfo. Já na internet, em 2001, com os do acesso às redes de alta velocidade. Sen- automaticamente infográficos variados.
atentados de 11 de setembro. A partir daí, do então multimídia, pode agregar outros No Flickr há o Graph, e no Facebook, por
difundiu-se cada vez mais. valores, como a interatividade, hipertextu- exemplo, há o TouchGraph, que gera uma
Numa projeção inicial, sua tipologia alidade, customização, atualização e mul- imagem de círculos sociais.
poderia ser: barras, torta ou pizza, febre timidialidade, como é o exemplo da com- Para ter um infográfico da sua vida,
ou linha, tabela ou mapa. A partir daí po- plementação com a realidade aumentada. com informações como: quantos passos
deriam ser mistos e bem complexos. Mas Na visualização de dados, há diversos você já deu, quantas escovas de dente
usou ou quantos orgasmos já teve, basta
entrar com seus dados no site da cerveja
Estrella Galicia.
Para celebrar os 120 anos da Torre Ei-
ffel, em março de 2009, o jornal O Estado
de São Paulo publicou a primeira infografia
do mundo feita com a tecnologia de reali-
dade aumentada. Quem perdeu a edição,
pode conferir o trabalho na rede, ela mos-
tra o Dirigível nº 6 circundando a Torre.
Organizada pela Society for News De-
sign e pela Universidade de Navarra, acon-
tece todos os anos, desde 1993, na cidade
espanhola de Pamplona (a mesma da Guer-
ra de tomates e dos touros soltos nas ruas),
uma grande reunião de infográficos e info-
grafistas do mundo. Denominada Malofiej,
em homenagem ao cartógrafo argentino
pioneiro da infografia, é considerada o Pu-
litzer da infografia. No evento, acontecem
a oficina para profissionais, chamada Show,
Don’t Tell!, e a oficina de infografia multi-
mídia, chamada Interact, Don’t Show!

O novo profissional gráfico


Se a infografia é uma convergência de lin-
guagens (textos, vídeos, fotos, imagens em
movimento, 3D etc), é natural agora pensar
como a convergência de mídias pode ser
orquestrada. Isso significa que o produtor
gráfico deve pensar na combinação de di-
versas mídias para melhor incrementar a
narrativa visual, ou seja, deve extrapolar
as interfaces tradicionais. Exemplos não
faltam, embora ainda incipientes: a inser-
ção da realidade aumentada, a exemplo do
pioneiro Estadão; o uso de tintas especiais
e com nanotecnologia, ou da eletrônica,
como fez a revista norte-americana Esqui-
Publicado no New York Time, infográfico mostra atentado à bomba re quando lançou, em 2008, a primeira capa

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com animação; ou a interatividade com design gráfico do Brasil os alunos ainda que estar preparado para dar saída a mí-
teclas de toque e sensibilidade ao movi- estão dando os primeiros passos na edi- dias diversificadas, como os diversos dis-
mento, como no iPad. toração eletrônica para o papel (e mais positivos móveis, além da internet – mas
Está ainda gritante a falta de visão especificamente apenas para offset), ca- a maioria ainda não chegou a esta etapa.
dos dirigentes educacionais para a pre- ducando nos velhos e ultrapassados con- A maioria dos profissionais forma-
paração deste novo profissional. Os luga- ceitos de regras áureas. As referências se dentro das próprias empresas ou
res de ensino deveriam ser os inovadores teóricas são sempre importantes, mas há por conta própria, nos raros cursos
e incentivadores de pesquisa nessa área. que se estar “antenado” às inovações que oferecidos na área. Alguns, como Ma-
Na maioria das escolas de artes gráficas e correm à grande velocidade. O aluno tem rio Kanno e Alberto Cairo, disponibi-
lizam parcialmente ou integralmente
seu material na rede.
Os infográficos que operam na logís-
tica do impresso são passíveis de criação
com os programas tradicionais de ilus-
tração e tratamento de imagens, mas o
cenário 3D permite uma visualização
bem mais eficaz, em muitos casos.
Já o aplicativo Flash permite a criação
de imagens em movimento e adição de
som, o que permite simular um cenário
de hiper-realidade. Aqui a interatividade
já é uma possibilidade.
Por último, no meio digital, a fer-
ramenta Mashup é uma aplicação web
que usa conteúdo de mais de uma fonte
para criar um novo serviço completo.
Em se tratando de infografia em bases
de dados e visibilidade no ambiente
web, destaca-se a brasileira Fernanda
Viegas, que desenvolveu a plataforma
Many Eyes para a criação de apresen-
tações gráficas com dados de diversas
origens. Nessa área, projetos como
Visualization Lab, Datavisualization e
Information Aesthetics também são o
que há. Muitas outras ferramentas de
visualização de dados para designers
e desenvolvedores web estão disponí-
veis na rede, especialmente para ma-
pas colaborativos.
De qualquer forma, para quem tem
visão e quer apostar na área, vale estudar
a linguagem híbrida, como já foi ressalta-
do, e sair da produção gráfica convencio-
nal. É um grande salto e esse profissio-
nal terá um grande espaço nesse mundo
cada vez mais digital – sem abandonar o
conhecimento já fundamentado – de re-
tículas e lineaturas.
Até a próxima!

*Denise Ouriques Medeiros é jornalista,


arquiteta e docente da área de design.
Para falar com a autora, escreva para:
deniseouriques@yahoo.com.br
Shakira: detalhes do show em arte no jornal espanhol La Vanguardia

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