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Revista Psicolog

Ano 2, Volume 2, Número 1


ISSN 1983-6872

Editor
Carlos Henrique da Costa Tucci

Ribeirão Preto - SP - Brasil 2009


Revista Psicolog 65

Modelagem do comportamento de falar a verdade em sessões


de terapia.
Ana Beatriz Dornellas Tabbal Chamati 1 , Nicolau Kuckartz Pergher 2
1
Paradigma – Núcleo de Análise do Comportamento

2
Paradigma – Núcleo de Análise do Comportamento /
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
biachamati@gmail.com

Abstract. Saying the truth and lying are behaviors that may be reinforced, pu-
nished, extinguished and can be put under discriminative control like many
other behaviors. This paper will report a case study about an 8 years old boy
who often emitted reports incompatible with reality. His parents were oriented
to reduce social attention to lying reports and to reinforce truthful reports. In
therapy sessions, the intervention goals were: 1) Help to discriminate varia-
bles related to greater lying probability; 2) Reduce social attention contingent
on lying reports; 3) Reinforce truthful reports; 4) Discriminate feelings people
have when lies are revealed to them; 5) Help to discriminate fantasy from rea-
lity; 6) Admit to have lied and 7) Substitute lying reports for truthful ones. It was
observed that truthful reports increased and lying reports diminished. The cli-
ent started to verbally describe that his lies were controlled by social attention.
Instead of lying, the client started to report "wishing to"have or to know how to
do something else. Therapist interventions may also help the client’s expression
of emotions and worries (considering that lying works as an escape behavior)
and may facilitate the intimacy and durability of the client’s social relations.
Key-words: Shaping, verbal – non verbal correspondence, saying the truth,
lying, case study
Resumo. Falar a verdade e mentir são comportamentos passíveis de serem re-
forçados, punidos, extintos e de passar por processos de discriminação, assim
como muitos outros comportamentos. O presente artigo relatará o caso clínico
de um menino de 8 anos, que frequentemente emitia relatos incompatíveis com a
realidade. Os pais do cliente foram orientados a diminuir a atenção contingente
a relatos mentirosos e a valorizar relatos verdadeiros. Nas sessões de terapia,
as intervenções tiveram como objetivos: 1) Auxiliar na discriminação das va-
riáveis ambientais que aumentavam a probabilidade de mentir; 2) Reduzir a
atenção social contingente a relatos fantasiosos; 3) Valorizar relatos verdadei-
ros; 4) Discriminar sentimentos gerados pela deflagração de uma mentira; 5)
Auxiliar na discriminação entre fantasia e realidade; 6) Admitir que contou
mentiras e 7) Substituir relatos fantasiosos por relatos precisos. Observou-se
que a frequência de relatos verdadeiros aumentou, diminuindo a ocorrência de
mentiras. O cliente passou a descrever verbalmente que suas mentiras eram
controladas por reconhecimento social e passou a falar que “gostaria de” ter
ou saber fazer algo, ao invés de mentir. Acredita-se também que as interven-
ções realizadas possam facilitar a expressão de sentimentos e preocupações
(considerando que a emissão de mentiras funcione como esquiva) e que possam
favorecer a ocorrência de relações sociais mais íntimas e duradouras.
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Palavras-chave: Modelagem, correspondência verbal – não verbal, verdade,


mentira, estudo de caso.

Muitas das respostas verbais são mo-


deladas por meio de reforçamento provido Quanto ao desenvolvimento do filho, os
por outros indivíduos. A comunidade ver- pais descreveram que G. nasceu prematuro,
com septicemia, hipertensão pulmonar e
bal tem interesse na formação de pessoas
broncopneumonia. Permaneceu na UTI ne-
que possam contar sobre acontecimentos,
onatal por 15 dias. G. teve convulsão aos
sobre seus estados internos e que possam
analisar contingências. A partir de um re- 3 anos, mas não foram encontradas causas
pertório inicial de respostas que descrevem orgânicas nos exames realizados. Tomou
anticonvulsivo (Trileptal) por dois anos.
contingências, o indivíduo pode, inclusive,
Quando G. tinha quatro anos, seu pai teve
descrever eventos inéditos, emitindo res-
câncer e permaneceu hospitalizado durante
postas verbais novas (SÉRIO, et al., 2004).
14 meses, período em que G. foi criado pela
Alguns relatos verbais guardam coerên- avó materna, que se mudou para a casa da
cia com os eventos que estão sendo descri- filha para cuidar do neto. G. já teve seis
tos. Entretanto, a depender da audiência pneumonias, sendo que a última ocorreu no
e de histórias de reforçamento particula- final de 2007, quando precisou ser inter-
res, os relatos verbais podem ser distorci- nado. Os pais relataram que o filho apre-
dos, exagerados ou podem ser classificados senta sobrepeso, miopia (que requer o uso
como mentiras, quando não correspondem de lentes corretivas) e dificuldades psico-
aos eventos. motoras.
O presente trabalho tem como objetivo Como queixas, os pais relataram que
relatar um caso clínico onde foi verificada o filho estava muito agressivo com o pai
a ocorrência de respostas verbais que não (quando contrariado, o agredia verbal-
correspondiam aos acontecimentos viven- mente, elevando o tom da voz e desobede-
ciados. Além disso, pretende-se apresentar cendo), desde que este voltou a fazer quimi-
as análises funcionais realizadas para ex- oterapia, em janeiro de 2008. Descreveram
plicar a emissão dos relatos fantasiosos e que G. tem apresentado ciúme excessivo
enumerar algumas intervenções implemen- de R., mãe do cliente. R. relata não poder
tadas com o objetivo de tornar as verbaliza- dar atenção a outras pessoas quando o fi-
ções do cliente coerentes com eventos aos lho está por perto, descrevendo que o filho
quais elas se referiam. a “sufoca” (SIC). Os pais ainda relataram
que G. sente medo do escuro, fica doente
O caso clínico descrito a seguir é de um com facilidade e que dorme no quarto dos
menino de 8 anos atendido em um Insti- pais há mais de quatro anos, desde que o
tuto particular que oferece serviço de tera-
pai retornou do hospital (G. dorme em um
pia analítico-comportamental à população.
colchão ao lado da cama do casal e de mão
A criança será chamada, daqui em diante,
dada com a mãe). Ao final dessa primeira
de “G.”. G. é filho único de R. (mãe, 41 sessão, foi explicado que a terapia seria
anos, professora de inglês) e de M. (pai, realizada semanalmente com a criança e,
43 anos, representante de vendas). A pri- oportunamente, com os pais. A terapeuta
meira sessão foi realizada com os pais, na
entregou–lhes duas vias de um termo de
qual a terapeuta realizou uma anamnese e
consentimento livre e esclarecido para ser
solicitou que os pais descrevessem por que assinado. Nesse termo, constava uma auto-
avaliavam que o filho precisaria de terapia. rização para publicações cientificas referen-
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tes ao caso atendido, mediante garantia do interior do Estado] também.”


sigilo dos participantes. Uma via assinada
Esse tipo de relato do cliente fez com
ficou sob a guarda da instituição, e outra,
que a terapeuta levantasse a hipótese de que
com os pais do cliente.
objetos materiais e obtenção de dinheiro de-
Avaliação dos Comportamentos do Cli- vem ser valorizados por seus pais, por sua
ente. avó ou pelos pares da escola em que estuda.
Além disso, os próprios pais, ao ostenta-
Foram realizadas trinta e uma sessões, rem os bens que possuem, poderiam estar
no período de onze meses, sendo oito ses- funcionando como modelos para o cliente,
sões de orientação aos pais. As sessões ti-
que teria aprendido a emitir esses compor-
nham duração média de cinquenta minutos,
tamentos por modelação.
sendo realizado o registro manuscrito das
sessões pela terapeuta, após cada atendi- O cliente apresentou frequentemente o
mento. As estratégias de intervenção foram uso de fantasias e mentiras. Entende-se por
discutidas e orientadas por um supervisor. fantasia, as ações ou verbalizações que ex-
O cliente continua em atendimento. trapolam os limites físicos do brinquedo,
brincadeira ou jogo, por meio de repre-
Durante todo o processo terapêutico, G.
sentação de papéis, imaginação, simulação,
não apresentou comportamentos agressivos
faz-de-conta, etc. As fantasias podem en-
nas sessões. G. mostrou-se solícito e obedi- volver: animismo, objetos, elaboração de
ente (aceitava participar das atividades pro- estórias, incorporação de personagens, de-
postas, contava muito sobre si e respondia sempenho de papéis (DEL PRETTE, 2006).
as perguntas da terapeuta). Por este motivo,
As mentiras poderiam ser definidas como
levantou-se a hipótese de que a terapeuta
relatos verbais não coerentes com a ver-
funcionava como estímulo discriminativo dade, frequentemente emitidos proposita-
para respostas diferentes daquelas emiti- damente. No presente trabalho, ambos os
das na presença dos pais. Segundo os pais, termos (“fantasias” e “mentiras”) serão uti-
fora do ambiente escolar, G. não convive
lizados indiscriminadamente, dada a difi-
com outras crianças de sua idade. Possivel-
culdade prática de identificar a intenciona-
mente, a atenção provida pela terapeuta e
lidade nos relatos imprecisos emitidos pelo
os jogos propostos funcionaram como re- cliente. Por exemplo, na primeira sessão, o
forçadores do comportamento de brincar cliente relatou:
amigavelmente. A partir das verbalizações
do cliente, foi possível observar a valoriza- “Eu tenho uma arara, dois gatos, eu tinha
ção de coisas materiais. O cliente relatou: peixes que morreram. Eu tinha um hamster
e uma tartaruga que caiu da minha casa. Eu
“Minha casa tem um lustre enorme, uma
moro no último andar, e ela foi andando e
pia enorme, tem um sofá retrátil. Meu
caiu da sacada. Eu tinha uma cobra tam-
quarto é muito grande. Eu tenho o Nin- bém, só que ela fugiu da jaula que era de
tendo, Playstation... Comprei um robô na vidro e matou meu tio. A cobra enforcou
‘A’ [nome da loja]. Eu que comprei, minha meu tio, ele foi picado e, então, tive que dar
mãe me emprestou o cartão de crédito dela
minha cobra”.
e eu comprei. Outro dia eu estava na minha
casa e ele fez o que eu mandei. Ele é do ta- “(...) Eu vi o Cristo Redentor. Joguei
manho de um gato, ele obedece a comando uma pedra nele e até ficou um racho... Já
de voz. Tem um espaço enorme na minha viajei para seis países: França, Alemanha,
casa. Eu tenho uma casa em I. [cidade do Estados Unidos, Paris... No final do ano,
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vou viajar para outro país. Sabia que eu o uso frequente e prolongado de mentiras
ganhei na loteria? 876 milhões. Comprei poderia levar o cliente a rupturas sociais,
um ‘Corsinha’, comprei vários carros. Vou especialmente gerando descrédito em rela-
comprar uma Ferrari. Eu posso comprar o ção a si, o que faria com que as pessoas se
que eu quiser. Sabia? Sabia que eu posso afastassem do cliente.
comprar o que eu quiser? Vou comprar uma
Segundo Oaklander (1980), mentir seria
limosine, cabem umas 22 pessoas. Tem até
um sintoma de algo que está confuso para a
geladeira dentro. No meu quarto tem uma
criança. O emprego de mentiras pode indi-
TV de plasma, cor viva, sabe? E um home
car que as crianças estão com medo e com
theater, eu ganhei. Na sala também tem
uma TV de plasma e um home theater”. dúvidas em relação a si mesmas e/ou em re-
lação ao mundo que as cerca. Pode indicar
“(...) Minha vovozinha, ela mora em também que estão com uma auto-imagem
uma mansão, ela mora na minha rua. A mi- pobre ou sentindo-se culpadas. Nesses ca-
nha casa também é uma mansão. Na casa sos, mentir seria um comportamento defen-
dela também tem um sofá retrátil, é do ta- sivo: a criança cria uma fantasia que lhe
manho dessa casa aqui, cabe quase nessa seja aceitável. A fantasia tornar-se-ia um
casa inteira, é muito grande”. meio de expressar aquilo que ela possui
Ao mentir ou fantasiar, o cliente contava dificuldade em admitir como realidade. Se-
situações nas quais se destacava, por fa- gundo Oaklander (1980), as crianças cons-
zer ou possuir algo fora do convencional. tróem um mundo de fantasia porque julgam
Alguns outros relatos imprecisos foram de seu mundo real difícil de viver.
que comeu uma barata, matou um rato e o
comeu, fez uma cirurgia para colocar um Considerando o que fora proposto por
aparelho na cabeça para ficar mais inteli- Oaklander (1980) e considerando que a do-
ença do pai de G. tenha sido um evento
gente, que seu avô foi o primeiro homem
aversivo, levantou-se a hipótese de que G.
a pisar na Lua - o astronauta americano
não expressou os sentimentos em relação à
Neil Armstrong, que o sítio da tia era seu,
relatou que chocou ovos de avestruz, que doença do pai e suas decorrências. Assim,
possui uma fazenda de formigas e que viu mentir seria uma forma de esquivar-se de
entrar em contato com eventos aversivos re-
uma formiga nascer, etc. A partir desses
lacionados à doença do pai ou com algum
relatos, levantou-se a hipótese de que G. re-
tipo de recriminação social. Segundo Re-
cebia atenção quando contava fantasias ou
mentiras e, dessa forma, os relatos impre- gra (2000), algumas crianças têm medo de
cisos eram mantidos, conforme sugeriram verbalizar sobre sentimentos e receber de-
saprovação do terapeuta, supondo que esses
Pergher (2002) e Pergher e Sadi (2003).
sentimentos possam não ser aceitos social-
Além disso, adotar uma posição de des- mente. Em alguns casos, as crianças ficam
taque parecia ser algo relevante para o preocupadas que esses sentimentos possam
cliente. Na escola, G. destaca-se por al- ser relatados aos pais, com quem, muitas
guns comportamentos (como iniciar uma vezes, já existe uma história de punição.
“guerra” de purê no refeitório) e por con- Seguindo a proposta de Oaklander (1980),
tar aos amigos e professora sobre ter coisas o cliente precisaria passar a descrever seus
materiais. Dessa forma, pôde-se hipotetizar reais sentimentos, sem a utilização de men-
que G. recebia atenção na escola, dos co- tiras. Abaixo, serão descritas as principais
legas e professores, ao emitir o comporta- orientações fornecidas nas sessões com os
mento de contar algumas mentiras. Porém, pais e serão apresentadas algumas ativida-
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des realizadas com o cliente, bem como os pais também foram orientados a dar atenção
resultados obtidos com as intervenções. As quando G. dissesse que “não se lembrava”
atividades tiveram como objetivo geral au- de algo ou que “não sabia” responder uma
mentar a frequência de relatos fidedignos e determinada pergunta, pois esses são com-
diminuir a frequência de relatos fantasiosos portamentos incompatíveis com mentir. As
e mentirosos. orientações aos pais foram fornecidas para
que outras pessoas, no ambiente natural, re-
Orientação aos Pais.
forçassem a mesma classe de respostas que
Compreender como a história de vida eram reforçadas pela terapeuta. Assim, as
da criança favoreceu o desenvolvimento mudanças que ocorrem dentro do contexto
de determinados conceitos, como o com- da relação terapêutica poderiam ser genera-
portamento da criança está sob controle de lizadas para o ambiente natural, conforme
determinados contextos e como alguns de descreve Regra (2004).
seus comportamentos são governados ver- Intervenções Realizadas no Atendimento
balmente pode ajudar na identificação de
com o Cliente e Resultados Obtidos.
muitas variáveis que controlam determina-
dos comportamentos-problema (REGRA, 1) Auxiliar na discriminação das variáveis
2000). ambientais que aumentam a probabilidade
de mentir.
Analisou-se que as doenças que G. já
teve, somadas ao câncer do pai, fizeram 2a sessão:
com que os pais o vissem como “coitadi-
Foi desenvolvida uma brincadeira ao es-
nho” e fossem mais permissivos com o fi-
lho, inclusive permitindo e até valorizando tilo do jogo “super trunfo”. A terapeuta
levou figuras de pessoas recortadas de re-
relatos falsos. Os pais foram orientados a
vistas. O cliente deveria escolher uma das
não dar atenção ao filho quando percebes-
figuras e a terapeuta outra. Ambos deve-
sem que ele estivesse fantasiando dema-
riam colar a figura em uma folha sulfite e
siadamente, com o objetivo de diminuir a
densidade de reforço social contingente às escrever uma profissão, idade, três descri-
ções sobre o “jeito de ser” da pessoa e três
mentiras. Eles deveriam tentar entender o
descrições do que a pessoa gostava.
motivo de G. estar contando uma determi-
nada mentira, perguntando por que estava Cada jogador que acertasse a descrição
falando daquela forma e sugerindo análises feita pelo outro, ganharia um ponto. Du-
e dando modelo de verbalizações alternati- rante o jogo, G. verbalizou frequentemente
vas. que a terapeuta não havia acertado as des-
A terapeuta descreveu que as mentiras crições do personagem feitas por ele. Ao
poderiam ocorrer porque G. não sabe di- final do jogo, a terapeuta pediu para ver as
descrições de G., e ele recusou. O cliente
zer que “gostaria que fosse verdade” aquilo
mudou de assunto e a terapeuta pediu no-
que contava, de modo que o filho acabava
vamente para ver a folha do cliente. Então,
relatando os eventos como se, de fato, eles
tivessem ocorrido. Os pais foram orienta- ele verbalizou:
dos a supervalorizar quando percebessem G. – Se você olhar a minha folha você vai
que G. estava contando a verdade, o que fazer muitos pontos (silêncio). Vamos fazer
poderia fazer com que o comportamento de outro? Quero fazer outro.
“contar a verdade” aumentasse em frequên- T. – Posso ver a sua folha antes, G.?
cia, conforme sugere Ribeiro (1989). Os
O cliente entregou a folha à terapeuta.
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A terapeuta pôde verificar que havia feito A terapeuta permaneceu em silêncio,


descrições coerentes com o que o cliente sem olhar para o cliente.
havia escrito, o que evidenciou que o cli-
3) Valorizar relatos verdadeiros.
ente havia mentido sobre a incorreção das
adivinhações da terapeuta. O cliente foi até 8a sessão:
a caixa onde estavam os outros brinquedos
e, mexendo neles, sem olhar para a tera- G. – Hoje não trouxe os cards (do Narutos)
peuta, disse: porque minha mãe não deixou.
T. – Que estranho, G., ela sempre deixa.
G. – Eu menti. Eu pensei que você tivesse escolhido trazer
T. – Porque você mentiu, G.? outros brinquedos e quis deixar os cards em
G. – Porque eu não queria perder. casa. (Silêncio).
T. – Ah, então quando você está perdendo, G. – É, eu não quis trazer os cards hoje
você não gosta e por isso acaba mentindo. porque tinha muitos e escolhi trazer outros
É isso? brinquedos.
2) Reduzir a atenção social contingente a T. – Que bom que você voltou atrás no que
você me falou, G.. Você pode pensar no que
relatos fantasiosos.
falou e falar diferente quando percebe que
Ao observar a ocorrência de relatos fan- se enganou! Parabéns!
tasiosos, a terapeuta procurava parar de
4) Auxiliar na discriminação de sentimen-
olhar na direção do cliente e evitava rir ou
tos gerados pela deflagração de uma men-
sorrir. Essa intervenção tinha como objetivo
colocar em extinção os relatos fantasiosos. tira.
10a sessão:
7a sessão:
Nessa sessão, a terapeuta utilizou o li-
Enquanto fazia um desenho, o cliente fa-
vro: “Não fui eu! Aprendendo sobre ho-
lou para a terapeuta:
nestidade” de Brian Moses e Like Gordon
G. – Entraram duas baratas na minha casa. (1999). Primeiramente, algumas perguntas
Minha mãe ficou com medo e subiu na ca- que constam no livro foram feitas ao cli-
deira. Eu peguei meu sapato e matei uma ente. Em seguida o livro foi lido. Algumas
barata e dei pro vira-lata comer. questões sobre a história do livro foram fei-
T. – Vira-lata? tas ao cliente, e ele deveria responder se es-
G. – É. Tem lá na frente da minha casa. De- tavam corretas. Quando acertava, o cliente
pois a outra, eu matei e comi. ganhava um card do Narutos. Essa inter-
venção tinha como objetivo reforçar relatos
O cliente ficou olhando fixamente para a coerentes com a história original. Durante
terapeuta, que havia desviado olhar e após essa sessão, houve o seguinte diálogo:
um momento de silêncio ele falou:
T. – Dizem que a mentira é como uma
G. – Você já comeu barata? Você está bola de neve que cresce rolando montanha
vendo agora alguém que comeu uma ba-
abaixo. Você pode imaginar por que?
rata. Nas férias do ano passado, que eu
G. – Existe um ditado que se chama “a
estava em Nova Iorque, apareceu um rato. mentira tem perna curta”. Isso significa
Daí ele me mordeu aqui, olha essa marqui- que você não consegue “segurar” por muito
nha! Daí apareceu um gato e eu peguei uma tempo.
faca e matei ele assim, olha! E comi.
T. – E quando um amigo mente pra você,
como você se sente?
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G. – Eu me sinto chateado porque aquele


14a sessão:
amigo em quem eu confiei está mentindo.
5) Auxiliar na discriminação entre fantasia Na atividade dessa sessão, o cliente de-
veria escolher seis figuras, levadas pela te-
e realidade.
rapeuta, para contar duas histórias. Uma
12a sessão: das histórias deveria conter fantasia e a ou-
tra deveria ser real, possível de acontecer.
Nesta sessão, o cliente deveria escolher
Após contar a história com fantasia o cli-
um tema para fazer um desenho. Poste- ente deveria identificar as fantasias. O cli-
riormente, deveria contar uma história a ente inventou a seguinte história:
respeito do desenho e caracterizar os perso-
nagens. Ao longo da atividade, terapeuta e “A mãe perguntou para o pai: ‘porque
cliente iriam discriminar o que é possível e a gente só teve dois filhos? Eu queria ter
o que não é possível de acontecer na vida três’. Era um dia, o pai e a mãe estavam
real. passeando com os dois filhos e um pergun-
tou para o outro. E um dos bebês disse para
Relatando do sítio no interior, o cliente
o irmão: ‘Já sei que isso vai dar briga’. Aí
disse: o outro bebê disse para o outro irmão: ‘Eu
G. – Eu encontrei na chácara da minha tia que o diga, olha que eu detesto briga’. O
um ovo de avestruz. Eu que choquei o ovo, outro bebê falou: ‘Concordo com você’.
ovo de avestruz é valioso. FIM.”
T. – Sabe, G., às vezes contamos algumas
T. – G., me conta agora qual a fantasia dessa
fantasias e precisamos perceber o que é fan-
história?
tasia e o que é realidade. Na fantasia, tudo
G. – Os pais desejarem ter outros filhos. A
pode, G., mas em situações reais nós não minha mãe tem só eu de filho e ela é feliz
fazemos tudo o que conseguimos imagi- (silêncio). Além dos bebês falarem, porque
nar. Quando você me contar alguma coisa
bebê não fala, né?
possível de acontecer, quero que você me
T. – É verdade G., eu concordo com você
avise se realmente aconteceu. Vou ficar
que é fantasia os bebês falarem, porque na
muito contente com sua coragem de me di- realidade bebês não falam. Mas, pensa co-
zer quando você inventou uma história que migo, G., na realidade pode haver casais
não é possível e vou ver que a sua imagina- que queiram ter outros filhos, não pode?
ção foi interessante. Algumas vezes, usar
Pode ter casais, como os seus pais, que
a imaginação é necessário, como na brin-
não desejem ter outros filhos, mas também
cadeira que fizemos hoje, desenhando seus pode haver casais que desejem ter mais fi-
amigos e usando a imaginação para pensar lhos, que tenham um e queiram ter mais
com o que eles se parecem. Nós vamos jun- um, mais dois. Isso pode acontecer de ver-
tos perceber o que é possível de acontecer
dade. O que você acha?
na vida real. Pode ser, G.? Vamos combinar
assim? O cliente ficou pensativo e, após um mo-
mento, disse que “sim”. Ele verbalizou que
O cliente prestou atenção e ficou um
entendeu que pode ser real os casais dese-
tempo em silêncio. Em seguida falou: jarem ter mais filhos.
G. – Isso que eu contei do avestruz é uma
Antes de iniciar a segunda história, pe-
fantasia. gou na mão uma figura de uma criança toda
A terapeuta elogiou o cliente. pintada de tinta e falou:
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a atividade. Ele pegou o primeiro papel, no


G. – O menino jogar vídeogame e depois se
qual estava escrito “ANGUSTIADO”. Ele
pintar todo de tinta é fantasia?
fez uma expressão facial coerente com este
T. – Vamos pensar juntos: isso pode acon-
sentimento e, antes de desenhar, falou:
tecer de verdade?
G. – Eu acho que pode. G. – Eu sei fazer cara de cachorrinho sem
T. – Isso, G., então você acha que é uma dono, olha!
história com fantasia ou que pode ser real?
G. – Que pode ser real. O cliente fez a cara de cachorrinho sem
dono e colocou as mãozinhas na frente,
T. – Muito bem, G.! Pode ser real, é possí-
como se fossem as patas do cachorro. A
vel de acontecer. Pode contar a sua história.
terapeuta o elogiou.
6) Incentivar e reforçar o comportamento
Ao pegar o segundo papel, antes de abrí-
de admitir que contou mentiras.
lo, G. disse em voz baixa:
19a sessão:
G. – Eu preciso te dizer uma coisa.
A atividade realizada na sessão tinha
A terapeuta não entendeu o que o cliente
como objetivo treinar habilidades sociais,
havia falado e pediu que ele repetisse:
atendendo às queixas dos pais de G. de que
ele mostrava-se muito tímido, não olhava G. – Eu preciso te falar uma coisa.
para as pessoas e não respondia perguntas T. – Pode dizer, estou ouvindo.
feitas a ele. Havia 16 sentimentos escritos G. – É que eu nunca fui pra Las Vegas –
em tiras de papel. O cliente deveria sorteá- falou com a cabeça baixa, sem olhar para a
los e expressá-los através de uma careta. terapeuta.
Posteriormente, deveria fazer um desenho T. – G.! Que legal o que você está me di-
do sentimento sorteado. Ao longo da ativi- zendo! Parabéns, cara! Nossa, eu vou até
dade, o cliente foi orientado a identificar re- te dar um abraço, posso te dar um abraço?
latos que não fossem verdade. A terapeuta, – A terapeuta levantou e abraçou o cliente.
por sua vez, valorizava relatos que assumis- – Eu estou muito feliz com o seu compor-
sem alguma mentira contada anteriormente. tamento! Você mais uma vez teve muita
coragem e voltou atrás, G., você é muito
Após a terapeuta explicar a atividade, G.
corajoso! – o cliente sorria e foi recíproco
falou:
ao abraço da terapeuta.
G. - É igual na semana passada? Assim: G. – É que, na verdade, meu pai que me
“eu tenho um gato” e aí eu desenho um ga- trouxe algumas coisas de Las Vegas, e ele
tinho? que começou a me ensinar inglês, eu pedi a
T. – Isso, G., mas hoje não são frases, é ele.
apenas uma palavra. T. – Entendi, G., entendi! Muito bem! Você
G. – Sabia que nesse fim de semana eu vou foi 10 hoje com o nosso combinado!
buscar outro gatinho? Eu vou com a minha
21a sessão:
mãe lá na casa da cunhada dela e vamos
pegar outro gatinho. O cliente deveria fazer perguntas sobre a
história que a terapeuta levou para a sessão
O cliente continuou a falar sobre ou-
tros assuntos e contou que viajou para Las escrita em um papel, com o intuito de des-
cobrir toda história escrita pela terapeuta.
Vegas nas férias de julho. A terapeuta (sa-
Quando o cliente fizesse alguma pergunta
bendo que essa viagem não ocorrera) não
que a terapeuta não teria a resposta escrita,
deu atenção ao relato do cliente e continuou
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a terapeuta deveria dizer que não havia essa T. – Parabéns por tudo que você está me
resposta. Posteriormente, os papéis na brin- contando! Fico muito contente! Aconteceu
cadeira se inverteriam. Ao criar a história, alguma coisa esses dias que você quis me
o cliente tomaria como modelo a história da falar tudo isso hoje?
terapeuta, respondendo perguntas às quais G. – É que nós estamos trabalhando tudo
não escreveu a resposta, dizendo “não ter a isso faz tempo, né? Eu tinha que aprender
resposta”, o que evitaria o cliente fantasiar o que é fantasia e realidade.
e inventar.
Ao iniciar a sessão, mesmo antes de ini- A terapeuta voltou a elogiar o cliente.
ciar a atividade programada, G. assumiu Ao longo da sessão e durante a atividade
as fantasias e mentiras que contou durante G. lembrou outras mentiras que falou para
as sessões anteriores. Ao entrar na sala de terapeuta em sessões anteriores.
atendimento, o cliente falou:
7) Orientação e modelação para substituir
G. – É que eu preciso te contar uma coi- relatos fantasiosos por relatos precisos
sinha – o cliente falou sem olhar para a
terapeuta. 22a sessão:
T. – Pode falar, estou ouvindo, G. Nesta sessão, o cliente foi solicitado a
G. – Você lembra... Quando eu te falei... relembrar oralmente algumas mentiras con-
Que eu era milionário? – o cliente conti- tadas à terapeuta. A partir disso, deveria
nuou sem olhar nos olhos da terapeuta. verbalizar e escrever maneiras precisas de
T. – Lembro sim, G. relatar os eventos. A terapeuta dava mode-
G. – Então... É mentira. Eu não sou mi- los de verbalizações alternativas às menti-
lionário... Eu também te falei que ganhei ras. Os relatos precisos emitidos pelo cli-
na loteria. É mentira (o cliente contou pa- ente foram consequenciados com elogios.
recendo envergonhado, sem olhar para a
terapeuta, com a cabeça baixa e com risos T. – O que você acha, G., de tentarmos pen-
“sem graça” durante a fala). sar juntos em algumas dessas coisas que
T. – Que legal o que você está me contando, você me contou e tentarmos ver o porquê
G.! de você ter falado, pensando de que outra
G. – Eu também falei que tenho um apar- forma você poderia falar?
tamento em Nova Iorque, e é mentira. Mi- G. – Tudo bem.
nha mãe não comprou um apartamento em T. – Legal! É assim, então, G., na semana
Nova Iorque, é que ela disse que, se um passada você lembrou que havia me dito
dia ela tiver dinheiro, ela vai comprar, mas que possuía um apartamento em Nova Ior-
não comprou. Eu também não comprei um que, mas isso era uma fantasia. E então
terreno em I.. Minha tia é que é rica. Eu você me disse que, na verdade, sua mãe
não sou rico. Eu também nunca fui pra Las falou que gostaria de ter dinheiro para com-
Vegas, pra China nem pra nenhum desses prar um apartamento lá.
lugares. G. – É verdade. E na verdade, eu nunca vi
neve, eu queria ver neve. Você já viu neve?
A terapeuta levantou e abraçou o cliente, T. – Isso, G.! Muito bem! É assim mesmo
falando estar muito feliz com a atitude dele, que vamos fazer!
pois ele havia aprendido a dizer a verdade. G. - Você já viu neve?
Elogiou o cliente como das outras vezes T. - Já vi sim, G. Então vamos escrever
pela coragem e disse ficar feliz com a con- assim (a terapeuta escreveu em uma folha
fiança do cliente. sulfite):
Revista Psicolog 74

GOSTARIA DE TER UM APARTA-


G. – Te falei dos gatinhos. Eu disse que
MENTO EM NOVA IORQUE PARA PAS-
meus gatos tinham dado cria. Eu gostaria
SAR O INVERNO COM A FAMÍLIA.
que os gatos tivessem dado cria.
GOSTARIA DE VER NEVE.
DISSE QUE OS GATOS TINHAM DADO
G. – Lembrei de outra.
CRIA PORQUE GOSTARIA DE TER
T. – Pode falar, G.
G. – Eu te falei que já comi uma barata. OITO GATOS.
T. – Vou escrever aqui. T. – Eu lembro, G., que você falou pra mim
G. – Mas não é que eu gostaria de ter co- do parque aquático.
mido uma barata – risos. G. – Eu nunca fui a um parque aquático.
T. – Ah! É, né? Imagina! [risos] - Vamos Eu tenho medo. Gostaria de saber nadar, eu
pensar juntos porque será que você falou não sei. Falam que eu sou “frutinha” por-
que comeu barata G.? que não sei nadar.
G. – Para impressionar as pessoas. Nin- T. – Ah, G., você pode aprender. Tem vá-
guém come baratas. rias crianças que na sua idade não sabem
T. – Legal, G.! Legal você me falar isso. nadar.
Vamos escrever: G. – Eu tenho medo dos tobogãs. Mas eu
não vou desistir de aprender. Agora estou
DISSE QUE COMEU UMA BARATA
atarefado com a escola, mas nas férias eu
PARA IMPRESSIONAR AS PESSOAS.
vou ter tempo pra aprender.
G. – Eu também te disse que comi um rato. T. – Isso, G.! Não pode desistir mesmo, a
T. – Ah. É mesmo. gente pode errar, mas não podemos desistir
G. – Eu disse para as pessoas ficarem es- de nada.
pantadas, quase perderem o fôlego, ficarem G. – Igual ao homem que não desistiu e
embasbacadas, porque ninguém come ra- não voltou atrás. A atitude dele foi legal e
tos: dá doença, eu morreria. saiu até no jornal. Conseguiu passar num
T. – Certo, G.! Vamos escrever: concurso do Banco Bradesco. Um baita
exemplo.
DISSE QUE COMEU UM RATO PARA
AS PESSOAS FICAREM ESPANTADAS, DISSE QUE HAVIA IDO AO PARQUE
QUASE PERDEREM O FÔLEGO, FICA- AQUÁTICO PORQUE GOSTARIA DE
REM EMBASBACADAS. SABER NADAR E DE NÃO TER MEDO
DOS TOBOGÃS.
G. – Eu te falei que eu tinha um terreno em
I., é que a mamãe tinha uma amiga que po- G. – Lembrei outra. Que já fui pra vários
deria ajudar a conseguir comprar, mas elas países, mas na verdade eu gostaria de ter
não se falaram mais. Mamãe disse que es- andado de avião. Eu nunca andei. Você já
tava tudo combinado, mas passaram dois, andou de avião?
três anos e elas não se falaram mais. T. – Já andei de avião, G.
T. – Entendi o que aconteceu, G. G. – Mas também assusta. Eu tenho medo
G. – Eu gostaria de ter um terreno em I. de acidente. Sabe aquele do ataque terro-
rista das duas torres?
DISSE QUE TINHA UM TERRENO T. – Sei sim, G. Aquele não foi um acidente,
EM I., PORQUE A MÃE TINHA UMA G.
AMIGA QUE PODERIA AJUDAR A G. – É, sei que não foi um acidente. Eu
CONSEGUIR COMPRAR, MAS ELAS
tenho medo também.
NÃO SE FALARAM MAIS.
Revista Psicolog 75

DISSE QUE JÁ FOI PRA VÁRIOS PAÍ- sos de discriminação, assim como muitos
SES PORQUE GOSTARIA DE TER VIA- outros comportamentos. Ao longo da te-
JADO DE AVIÃO. rapia, o comportamento de falar a verdade
aumentou de freqüência, indicando efeito
G. – Eu te disse que eu tenho um PSP, mas das intervenções realizadas pela terapeuta
eu não tenho. e, provavelmente, dos pais do cliente, que
T. – O que é um PSP, G.? foram orientados a valorizar relatos fide-
G. – Um Playstation portátil. dignos. Além de falar a verdade, o com-
T. – Ahn. portamento de assumir as mentiras conta-
G. – Eu vou pedir de Natal, mas eu não te- das anteriormente foi valorizado pela tera-
nho. Eu disse também que tenho uma TV peuta, o que pode favorecer relações sociais
de plasma, mas é mentira. Eu não tenho, mais íntimas e duradouras. O cliente foi
talvez a mamãe troque de televisão, mas eu auxiliado na discriminação da importância
não tenho TV de plasma. da atenção social como reforçador para o
T. – Então você gostaria de ter o videogame comportamento de fantasiar e foi auxiliado
portátil e de ter a TV de plasma. É, G., ima- na aquisição de repertório alternativo para
gina como seria legal né. Acho que quase falar que “gostaria de” ter ou saber fazer
todas as pessoas gostariam de ter uma TV algo, o que é incompatível com algumas
de plasma. das mentiras que vinha emitindo. Seguindo
G. – Eu também acho. a hipótese de que as mentiras eram emitidas
Ao final da sessão o cliente contou que como esquiva de falar sobre uma eventual
tem um amigo que fantasia muito: preocupação em relação à doença de seu
pai, será importante, no prosseguimento da
T. – Como chama esse amigo? terapia, que o cliente consiga falar direta-
G. – É o L. mente sobre seus sentimentos e pensamen-
T. – E o que você pensa quando ele te conta tos em relação ao que pode acontecer com
fantasia? seu pai, algo que será programado para as
G. – Nossa! Que baita fantasia! sessões seguintes de terapia.
T. – Ah! Olha só. Sabe, G., acho que
quando você ainda não tinha aprendido tudo Referências Bibliográficas
isso, pode ser que as pessoas que ouviam DEL PRETTE, G. Terapia analítico
você contar as fantasias deviam se sentir comportamental infantil: relações entre o
assim como você se sentiu ao ouvir a fanta- brincar e comportamentos da terapeuta e da
sia do L. criança. Dissertação (Mestrado em Psico-
G. – Agora, quando eu falo fantasia, eu logia Clínica). Universidade de São Paulo,
digo que estou contando uma fantasia. USP, 2006.
T. – Parabéns! Você aprendeu! Sabe G.,
acho que o L. não sabe dizer que gostaria MOSES, B.; GORDON, M. Aprendendo
de ter algo. Igual quando você também não sobre honestidade. Rio de Janeiro: Sci-
sabia. Você pode tentar ensinar ele também, pione, 1999.
tentar conversar com ele, os amigos podem
OAKLANDER, V. Descobrindo crian-
ajudar um ao outro.
ças: a abordagem gestáltica com crianças e
Conclusão adolescentes. Tradução: George Schlessin-
ger. São Paulo: Simmus, 1980.
Falar a verdade e mentir são compor-
tamentos passíveis de serem reforçados, PERGHER, N. K. É possível saber se o
punidos, extintos e de passar por proces- cliente está falando a verdade? Em: A. M.
Revista Psicolog 76

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