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Carta da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social

aos Assistentes Sociais.

O mês de comemoração do dia do Assistente Social tem se tornado em todo

o Brasil, muito mais do que uma simples celebração. Ainda que durante os eventos

promovidos em todo o país façamos disso um reencontro com antigos e novos

companheiros de luta, amigos de caminhada, também é neste mês que nos

fortalecemos e demarcamos nossas bandeiras de luta em prol de um exercício e

uma formação profissional com qualidade.

Nós da ABEPSS também temos muito a comemorar com todos (as)

Assistentes Sociais Brasileiros:

• Temos construído de maneira coletiva e descentralizada com todas

as unidades de formação acadêmica um curso de Serviço Social

crítico e de qualidade, cuja maior expressão são as Diretrizes

Curriculares de 1996.

• Temos nos consolidado como uma entidade acadêmica que não abre

mão do seu papel político-articulativo, que amplia o entendimento de

formação e acredita que não é possível falar em formação

profissional de qualidade sem uma universidade pública, gratuita,

democrática, presencial, laica e socialmente referenciada,

articulando ensino, pesquisa e extensão.

• Temos construído, junto a unidades de formação acadêmica privadas,

um diálogo constante para barrar a precarização e o aligeiramento do

ensino, como defesa da qualidade da formação profissional na esfera

pública e privada.
A ABEPSS pode comemorar junto com os Assistentes Sociais estes

princípios que se desdobram em ações e estratégias, pois entendemos que a

defesa do projeto político-profissional compreendendo a unidade entre

formação e exercício profissional.

O quadro recessivo que marca o mundo do trabalho hoje e que atinge a todos

(as) Assistentes Sociais está presente também na formação por meio de um

processo de mercantilização da educação no Brasil que nega a educação como

direito passando a ser um serviço, mais uma mercadoria como tantas outras. Neste

sentido, as ações que desenvolvemos em defesa da formação não podem ser

desenvolvidas desarticuladas, pois vivemos as facetas de um mesmo processo. Por

isso, nos articulamos com o ANDES-SN e associações de ensino e pesquisa de

outras categorias profissionais; com os movimentos sociais que resistem a

barbarização da vida social e são contrários à socialização dos custos da crise do

capital para os trabalhadores, e, principalmente com as entidades da nossa

categoria: Conjunto CFESS/CRESS e ENESSO.

É essa articulação que nos fortalece e permite que façamos uma luta em várias

frentes.

O que mostram os dados sobre a Educação no país?

Segundo dados do Censo da Educação Superior DEED-MEC – INEP – período

2004 a 2009:

• Possuimos 2314 Instituições de Ensino Superior, destas, 186 são

Universidades (8,0%), 127 são Centros Universitários (5,5%), 1.966

são Faculdades (85%) e 35 Institutos Federais e CEFETs. Das 2314

IES, 245 são Públicas (94 Federais, 84 Estaduais e 67 municipais) e

2 069 são privadas.

Nosso Ensino Superior é majoritariamente, em instituições isoladas que não

garantem o tripé ensino, pesquisa e extensão.


• No que se refere ao perfil dos docentes, nas IES públicas 27% são

mestres e 48% doutores e o regime de trabalho de dedicação

exclusiva é de 78,9%. As instituições privadas possuem 41% de seu

corpo docente com mestrado e, apenas, 14% de doutores.

• “o número de instituições públicas cresceu 3,8% de 2008 para 2009,

enquanto o número de instituições privadas cresceu 2,6%”

(INEP/MEC, 2010, p.12).

Apesar do crescimento, ainda que reduzido, das instituições de ensino público

em relação às de ensino privado, 1,2% a mais (das 54 UF existentes em 2007, 53

aderiram ao REUNI), as IES privadas ainda respondem por um total de 89,4%.

• Temos assistido a um crescimento brutal da modalidade de Ensino à

Distância (EaD). Em relação ao ano de 2008 os cursos na modalidade

EAD aumentaram 30,4% enquanto os presenciais 12,5% (Idem). O

MEC permitiu 1.561.715 vagas, destas 665.839 candidatos fizeram

inscrição, 308.340 ingressaram nos cursos (preenchimento de vagas

não chega a 20% do total ofertado) e 132.269 concluíram o curso.

(INEP/MEC, 2010)

Entre os 10 maiores cursos de graduação na oferta de modalidade à

distância (EAD), o curso de Serviço Social ocupa o terceiro lugar em numero de

vagas ofertadas, perdendo apenas para a Pedagogia e a Administração (INEP/MEC,

2010b). Em 2009, foram 68.055 matrículas nesta modalidade.

Essa ampliação pode parecer, em um primeiro momento e na visão do MEC,

extremamente positiva. O que está oculto é que “A maior ameaça é que o referido

movimento avance na política de que o Estado deve abandonar suas escolas

públicas, ofertando-as à gestão privada” (Leher, 2010)

No caso do Serviço Social, esta expansão, desordenada e sem critérios,

traz grandes desafios para o projeto de formação profissional e implementação

das Diretrizes Curriculares, pois este quadro tende a refletir:

• na precarização do trabalho do assistente social;


• no crescimento do número de alunos - sem controle;

• no excesso de estagiários por campo e/ou na substituição de

contratação de mais profissionais por contratação de mais

estagiários e tutores (no caso da substituição de docentes nas pós-

graduações).

Estes fatores trazem sérias conseqüências para o exercício profissional e

para as relações de trabalho e condições salariais. A perda de qualidade na

formação, denunciada acima, aumenta o número de profissionais sem condições de

desenvolver com qualidade o seu trabalho ou mesmo se inserir no mercado de

trabalho. A tendência é fortalecer um perfil profissional preocupado apenas em

atender às demandas do mercado, abrindo mão do compromisso social com os

trabalhadores, aspecto essencial do projeto ético-político do serviço social.

A luta pela educação pública com qualidade vem ao encontro das

necessidades de efetivação desse projeto ético-político. Nesta direção, a ABEPSS,

já em algumas gestões, vem privilegiando ações em prol de uma formação

profissional com qualidade em articulação com entidades de organização da

categoria dos Assistentes Sociais tais como o conjunto CFESS/CRESS e a

ENESSO e demais, que coadunam com nosso projeto. Essa articulação vem se

concretizando, respeitando-se as especificidades, a autonomia e a natureza das

diferentes entidades envolvidas:

Assim, saudamos a todos os assistentes sociais pelo seu dia, desejando que

comemorem as conquistas históricas da categoria, mas também os convocamos para

a construção do muito o que ainda há por fazer nesta luta em defesa do projeto

ético-político profissional, seja no âmbito da formação ou no do exercício

profissional. Entendemos que a possibilidade de garantia deste projeto só se fará a

partir das lutas coletivas e da organização da categoria.

Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS)

Maio de 2011

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