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A CAPA QUE

PORTUGAL ESPERAMOS
PUBLICAR EM
NOTÍCIAS BREVE
DOSSIER
02 Out./Nov./Dez. 2008
Publicação trimestral • Série V • P.V.P €1.75
O que podemos mudar em 2009

DESALOJAMENTOS FORÇADOS OS VOOS DA CIA


Em Angola, novos projectos urbanísticos têm A eurodeputada Ana Gomes fala sobre as
desalojado centenas de pessoas rendições americanas e o conluio europeu
ÍNDICE
03. 18. 27.
EDITORIAL EM ACÇÃO INTERNACIONAL APELOS MUNDIAIS
Em nome de luxuosos projectos Neste número falamos-lhe
04. urbanísticos, as autoridades de mais quatro pessoas que
ENTREVISTA angolanas têm desalojado à força precisam da sua ajuda
Ana Gomes fala ao “Notícias” centenas de pessoas
da Amnistia Internacional 30.
sobre os voos da CIA que 20. PRESTAÇÃO DE CONTAS
passaram por Portugal, sobre EM ACÇÃO NACIONAL
Guantánamo e sobre a Guerra É tempo de recordar a actividade 31.
ao Terrorismo da Amnistia Internacional nos AGENDA
últimos meses de 2008: o 10 de
07. Dezembro, o Encontro Nacional e 32.
RETRATO muito mais....
CARTOON
Irene Khan, Secretária-Geral da Os 60 Anos da Declaração
Amnistia Internacional: o seu 24. Universal dos Direitos
percurso e o trabalho à frente EM ACÇÃO JOVEM Humanos, por Pedro Ribeiro
de uma das maiores ONG do Sabe mais sobre a Rede Jovem da Ferreira
mundo Amnistia Internacional Portugal
33.
09. 26. CRÓNICA
EM FOCO BOAS NOTÍCIAS “Cimeira UE-África: Um Ano
Não perca as boas novas de Depois”, por João Gomes
10. alguns dos apelos lançados no Cravinho, Secretário de Estado
DOSSIER último “Notícias” dos Negócios Estrangeiros e da
O Que Podemos Mudar em Cooperação
2009 e os temas de capa que
acreditamos poderem ser
publicados este ano

FICHA TÉCNICA • Colaboram neste número: Ana Monteiro,


Cláudia Köver, Joana Brandão, João Gomes
• Propriedade: Amnistia Internacional Cravinho, Lucília José Justino, Pedro Ribeiro
Portugal Ferreira, Sara Coutinho, Sónia Pires Avenida Infante Santo, 42 – 2.º
• Director: Presidente da Direcção, • Revisão: Cátia Silva, Irene Rodrigues, 1350-179 Lisboa
Tel.: 213 861 652
Lucília José Justino Luísa Marques, Pedro Krupenski Fax: 213 861 782
• Equipa Editorial: Armando Borlido, • Concepção Gráfica e Paginação: Maria Email: boletim@amnistia-internacional.pt
Cátia Silva, Irene Rodrigues, Pedro João Arnaud
Krupenski • Impressão: Relgráfica Artes Gráficas Os artigos assinados são da exclusiva respon-
sabilidade dos seus signatários.
Notícias • Amnistia Internacional 03

EDITORIAL
2009 - A Urgência do Fazer
Por Lucília José Justino, Presidente da Direcção

mento Europeu, que no ano passado foi mo, boas notícias, o encontro nacional,
distinguida com o Prémio eurodeputada humor, apelos. É, sobretudo, um texto de
“Activista do Ano”. Em entrevista ao esperança activa pelas nossas causas.
“Notícias”, falou das prisões “secretas”
norte-americanas e da Guerra ao Terro-
rismo.
O desmantelamento de Guantánamo, que
esperamos rápido, só poderá ser anali-
sado no quadro da enorme campanha in-
ternacional contra as violações de direi-
tos humanos realizadas em nome da luta
antiterrorista – incluindo torturas, deten-
ções e raptos ilegais, voos de rendição, vi-
olações do direito internacional. E, claro,
a condenação dessas violações não seria
© Privado possível sem o envolvimento das ONG,
entre as quais a Amnistia Internacional.
Fomos ouvir e conhecer melhor a nossa
Acabámos de celebrar os 60 anos da De- Secretária Geral, Irene Khan.
claração Universal dos Direitos Humanos,
com as frustrações e os sucessos que lhe A actividade da AI não dispensa a inter-
estão associados. venção de pessoas como os nossos en-
trevistados, nem se limita a celebrações:
Este número do “Notícias”, o primeiro de o mundo vive situações de emergência,
2009, olha para o passado, mas centra- guerras ou crises, a que temos de re-
-se nas crises e nas esperanças com que sponder, como o Darfur, ou a RD do Congo,
nos defrontaremos num ano de grandes ou o Zimbabué. A cimeira UE-África, re-
desafios. Gaza é a primeira inquietação, alizada há um ano, e que tanta celeuma
entre outras, que ficarão para desenvolvi- provocou, é revisitada em crónica, quan-
mentos futuros no “Notícias”. do o Tribunal de Opinião Eu Acuso (a que
O tema de capa desta edição é o encer- a secção se associou) fez uma primeira
ramento de Guantánamo, que foi já pro- avaliação ao cumprimento dos compro-
metido pelo presidente norte-americano missos pelos Estados.
Barack Obama. Apesar de esta ser uma Portugal e o mundo merecem uma atenção
boa notícia, é preciso não esquecer que especial, numa discussão do que poderá
vários países europeus estiveram en- ser o ano de 2009. Ou terá, necessaria-
volvidos nos voos que transportaram ile- mente, de ser, a bem dos humanos e dos
galmente prisioneiros de Guantánamo. seus direitos.
Esta é uma das grandes batalhas de Ana
Gomes, deputada portuguesa ao Parla- Mas o “Notícias” tem mais: tem activis-
04 Notícias • Amnistia Internacional

ENTREVISTA
Ana Gomes, Deputada portuguesa ao Parlamento Europeu
A actual deputada ao Parlamento Europeu Ana Gomes foi diplomata de carreira desde 1980, tendo sido
particularmente reconhecida pelo papel que desempenhou no processo de independência de Timor-Leste.
Tem demonstrado ser uma activista pelos direitos humanos e nos últimos anos tem-se batido pelo fim
da “luta contra o terrorismo”. Em conversa com a Amnistia Internacional, falou sobre os voos da CIA que
passaram por Portugal e sobre Guantánamo. Deixou-nos também o seu principal desejo para 2009
Por Cátia Silva

Amnistia Internacional (AI): Tem trazido


a público várias violações aos direitos
humanos desde que está no Parlamen-
to Europeu. Este é, para si, o papel que
este organismo deve ter?
Ana Gomes (AG): Em termos globais, e
não apenas ao nível da União Europeia
(UE), o Parlamento Europeu (PE) é a ins-
tituição europeia que mais se bate pelos
direitos humanos e que mais interpela as
outras instituições europeias e os Esta-
dos-membros sobre as suas políticas de
promoção dos direitos humanos.

AI: Uma das situações que mais imedi-


atamente associamos à deputada Ana
Gomes é a investigação sobre os voos
da CIA que passaram por países eu-
ropeus, entre os quais Portugal, entre
2001 e 2005...
AG: Do meu ponto de vista, esta foi não
só uma actuação absolutamente incom-
patível com as obrigações internacionais
dos Estados Unidos da América (EUA) e
dos Estados europeus, no plano dos di-
reitos humanos e do respeito pela legali-
dade internacional, mas também uma
acção favorecedora do terrorismo, até
mesmo incentivadora do terrorismo. Não
se pode fazer luta ao terrorismo usando
“Portugal, que teve os métodos dos terroristas, fazendo o seu
jogo. E deixar para trás os direitos huma-
gerações a beneficiar nos é, obviamente, fazer o jogo dos ter-
de asilo político, deve roristas.

ser generoso com os AI: Quando é que teve pela primeira vez
presos de Guantánamo” conhecimento destas ocorrências?
AG: Quando ainda estava como Embai-
© European Parliament/Pietro Naj-Oleari xadora de Portugal na Indonésia [onde
Notícias • Amnistia Internacional 05

esteve entre 1999 e 2003], a imprensa AG: Eu comecei por enviar um questi- que vou apurando, mas não conheço o
internacional começou a falar dos pri- onário ao Governo português sobre os conteúdo do processo. Além disso, não
meiros casos. Lembro-me de Omar Voos da CIA e fiquei a aguardar. Não descarto que eles estejam a encontrar o
Farouk, que foi apanhado na Indonésia obtive resposta de imediato. Entretanto mesmo tipo de dificuldades e obstruções
[em Junho de 2002] por suspeita de estar na Comissão de Inquérito do PE tivemos que eu encontrei.
envolvido numa rede filiada na Al Qaeda. acesso à lista dos voos da Eurocontrol
Foi preso pelas autoridades indonésias, [organização europeia que controla o “Eu gostava de poder dizer,
mas estas foram “convencidas” pelos tráfego aéreo] e verifiquei que Portugal
EUA a entregá-lo para interrogações. Aí figurava várias vezes. Dei conhecimento e de ter a certeza, de que
ele desapareceu, segundo a própria im- ao Governo português e a partir desse em Portugal não houve
prensa indonésia denunciou. Foi a primei- momento o Prof. Freitas do Amaral, então prisões secretas”
ra vez que o assunto me despertou inte- Ministro dos Negócios Estrangeiros, re-
resse. Depois houve vários outros alertas conheceu que era preciso investigar. Sei
de Organizações Não Governamentais, que procurou respostas dos vários de- AI: Mas acredita que as investigações
mas falava-se pouco e ninguém falava partamentos do Estado envolvidos e, an- podem vir a ser bem sucedidas?
de cooperação europeia. tes de sair do cargo no MNE, enviou-me AG: Não sei... Vamos ver. Depende do
tudo o que conseguiu recolher. A partir do sucesso que os procuradores tiverem na
AI: Isso surge quando? momento em que o Dr. Luís Amado assu- obtenção de elementos que a mim, e ao
AG: Isso só aconteceu quando a jorna- miu funções no Ministério dos Negócios Parlamento Europeu, não foram faculta-
lista norte-americana do Washington Estrangeiros [em Junho de 2006], pedi dos.
Post Dana Priest publicou um artigo, em mais esclarecimentos de questões susci-
Novembro de 2005, onde confirmou que tadas pelos documentos que me tinham AI: Apesar de não lhe terem facultado
o programa designado “extraordinary sido fornecidos e o novo MNE impediu que esses dados, concorda com o jornalista
renditions” – para fazer desaparecer, em listas de passageiros e de tripulações de Rui Costa Pinto que no seu livro Voos
Guantánamo e nas prisões secretas, as (e para) Guantánamo fossem facultadas Secretos CIA–Nos Bastidores da Ver-
pessoas suspeitas de terrorismo, a fim ao PE, respondendo sempre que não exis- gonha diz ser impossível o Governo e
de as submeter a interrogatórios e “des- tiam registos desses voos. Na verdade, os Serviços de Informações portugue-
localizando” assim a tortura para fora do esses registos existiam e acabaram por ses não saberem de nada?
território americano – tinha implicado me chegar às mãos. AG: Absolutamente. Se o Governo e os
colaboração europeia. E não se tratava Serviços Secretos não sabiam de nada,
apenas de autorizar o sobrevoo desses AI: Entretanto, em 2007 tornam-se então são totalmente incompetentes e
prisioneiros através do espaço e de ae- públicas as conclusões da Comissão o nosso país está a saque. Isso não é
roportos europeus, mas havia prisões de Inquérito do PE, tendo sido identi- possível. Talvez num primeiro momento
secretas que a jornalista dizia estarem ficadas pelo menos 94 aeronaves da não houvesse conhecimento da situação,
localizadas na Europa. CIA que fizeram escala em Portugal. mas a partir do momento em que as in-
Perante estas evidências, o que acon- formações se começaram a tornar públi-
AI: É aí que a deputada Ana Gomes se teceu? cas e sobretudo a partir de 2005, quando
envolve nesta questão? AG: Aeronaves da CIA e não só. A maior o escândalo rebenta graças ao artigo do
AG: Não apenas eu. A partir desse mo- parte dos voos que passaram por Portu- Washington Post, não é possível negar
mento houve um grupo de deputados gal, e que levaram presos para Guantá- que o Governo e os serviços competentes
no Parlamento Europeu, no qual me in- namo e outras prisões, eram feitos por estavam alertados para a situação. E, no
cluo, que defendeu que os europeus não aviões militares, logo, politicamente au- entanto, voos para Guantánamo, civis e
podiam ficar descansados enquanto a torizados pelos governos portugueses a militares, continuaram a ser autorizados
situação não fosse esclarecida. E foi sobrevoar, ou aterrar, no nosso território. por Portugal pelo menos até ao final de
na sequência disso que, em Janeiro de Isso era o que indicava a tal lista que me 2007...
2006, se formou a Comissão Temporária chegou às mãos e era também o que con-
de Inquérito do PE, o que não foi nada firmavam os dados entretanto libertados AI: Toda esta negação poderá então
fácil, porque logo na altura houve muita pelas próprias autoridades americanas. estar ligada ao facto de o Governo do
gente que resistiu a esta iniciativa. A partir daqui era precisa mais investi- Dr. Durão Barroso ter estado envolvido
gação, mas não houve colaboração por e de esta não ser a melhor altura para
AI: Mas houve pressões ou ameaças? parte do Governo português, o que me reconhecer esta situação, uma vez
AG: Houve todas as tentativas para nos levou a ter de en-tregar o caso à Procu- que ocupa o cargo de Presidente da
persuadir a deixar cair o caso. radoria-Geral da República. Comissão Europeia...
AG: O próprio Ministro dos Negócios Es-
AI: Para além disso, quando começou AI: E sabe se tem havido desenvolvi- trangeiros confirmou isso há pouco tempo
as suas investigações encontrou tam- mentos? na Assembleia da República e essa é a
bém resistência por parte do Governo AG: A investigação está em curso. Tenho minha convicção. Não tenho dificuldades
português, correcto? fornecido aos Procuradores os elementos em afirmar que houve conhecimento e
06 Notícias • Amnistia Internacional

conivência do Governo do Dr. Durão Bar- há fortes suspeitas de culpabilidade, de- humanos, accionassem efectivamente
roso. E não foi só o dele, mas também vem ser levados a julgamento, em tribu- todos os mecanismos para os fazerem
dos Governos daí em diante. nais credíveis nos EUA e não nas Co- cumprir, no seu interior e nos países com
missões Militares. E aqueles presos em os quais se relacionam.
AI: Para se tornar mais claro, estes relação aos quais não há provas, ou que
voos que passaram por Portugal terão já foram ilibados de suspeitas, devem ser Entrevista completa em:
estado apenas na Base das Lajes, repatriados ou, se isso não for possível, www.amnistia-internacional.pt
nos Açores, onde há uma base militar devem ser acolhidos por vários países (Aprender/Boletim)
norte-americana? europeus, como exilados políticos. São
AG: Não, todos os aeroportos portugueses pessoas que não podem ser devolvidas
foram utilizados, mas sobretudo os do aos seus países de origem e que também
Porto, Ponta Delgada e Base das Lajes. não devem querer ir para os EUA, país
que os torturou e deteve ilegalmente.
“Não se pode fazer luta ao AI: Considera que a sociedade portu-
terrorismo usando os méto- guesa está preparada para acolher
dos dos terroristas” estas pessoas, porque têm-se ouvido
algumas críticas...
AG: Penso que os portugueses têm de ter
AI: E terão ido só em direcção a Guan- a noção, primeiro, de que não estamos a
tánamo? Porque se sabe que há outras falar de suspeitos de terrorismo, mas de
prisões... pessoas que foram ilibadas dessas sus-
AG: Claro que houve muitas outras peitas. E são pessoas que foram vítimas
prisões, secretas, e o próprio Presidente de horríveis crimes por parte da Admi-
Bush admitiu finalmente que existiam. nistração Bush – designadamente se-
Há prisões, pelo menos, em Marrocos, questros e tortura –, só por serem árabes
na Líbia, no Egipto, na Síria e houve, ou por terem sido erradamente identifi-
temporariamente, prisões na Europa, cadas. Portugal, que teve gerações de
na Roménia e na Polónia. E eu gostava portugueses a beneficiar de asilo político
de poder ter a certeza de que em Portu- noutros países no tempo da ditadura, A deputada Ana Gomes compilou em livro
gal não houve prisões, por exemplo, nas deve ser generoso. algumas das crónicas que publicou desde
que está no Parlamento Europeu, onde
Lajes. Tenho a certeza que houve prisio- entrou em 2004. No seu livro Todo-o-Ter-
neiros que passaram nas Lajes e não sei AI: Será algum dia possível punir os reno – 4 Anos de Reflexões, editado no
se ficaram por lá 20 minutos ou 20 dias. responsáveis pelas violações de di- final do ano passado pela RCP Edições,
É isso que é preciso apurar. reitos humanos cometidas em nome da há mesmo um capítulo exclusivamente
luta contra o terrorismo? dedicado a “Guantánamo e Luta Contra o
Terrorismo”. No entanto, este é apenas um
AI: É interessante notar que o mesmo AG: Eu espero que os principais respon-
dos temas abordados nas 88 crónicas que
Ministro dos Negócios Estrangeiros, sáveis venham a ser julgados, tanto os compõem o livro.
que não ajudou na investigação, vem da Administração Bush, como os que nos
agora tomar a dianteira e anunciar que diversos países europeus colaboraram
Portugal está disponível para receber conscientemente com ela. Já há mesmo
Pode ficar a conhecer os resultados da in-
prisioneiros de Guantánamo. Será uma julgamentos a ter lugar, como, por exem- vestigação realizada pela Comissão de In-
forma de compensar o sucedido? plo, em Itália, onde vários elementos dos quérito do Parlamento Europeu no relatório
AG: Acho que foi uma boa iniciativa e que Serviços Secretos italianos, incluindo o “Transporte e detenção ilegal de prisio-
é indispensável os europeus, e não ape- Director-Geral, foram detidos e estão a neiros”, aprovado a 14 de Fevereiro de
nas Portugal, ajudarem a Administração ser julgados por colaboração com a CIA 2007, em Estrasburgo. Está disponível no
site oficial, em www.europarl.europa.eu,
Obama a fechar Guantánamo. Mas, do no rapto do Imã da Mesquita de Milão,
ou pode pesquisar em www.google.com
meu ponto de vista, não podemos deixar que foi levado para uma das prisões pelo código “P6_TA(2007)0032”
que isto seja uma fuga para a frente. secretas, no Egipto, e aí foi torturado e
Continua a ser essencial que se apure o preso durante mais de um ano, até o li-
que se passou e quais foram os níveis bertarem sem qualquer acusação.
Para mais informações sobre as Detenções
de conivência das autoridades portugue-
Secretas norte-americanas e o papel da
sas. AI: Para terminar, e no seguimento Europa, conheça o relatório da Amnistia
daquele que é o tema de capa da nossa Internacional “State of Denial: Europe’s
AI: Caso Portugal receba prisioneiros revista, qual é o seu maior desejo para Role in Rendition and Secret Detention”,
de Guantánamo, como defende que 2009 em termos de direitos humanos? de Junho de 2008, acessível em:
isso se deveria processar? AG: O que eu gostaria é que as democra- www.amnesty.org/en/library/info/
EUR01/003/2008/en
AG: Os prisioneiros em relação aos quais cias, que se dizem baseadas nos direitos
Notícias • Amnistia Internacional 07

RETRATO
Irene Khan, Secretária-Geral da Amnistia Internacional
Uma vida a zelar pelos direitos humanos
A sua dedicação aos direitos humanos tem provado ser persistente. Irene Khan é, enquanto sétima Secre-
tária-Geral da Amnistia Internacional, a primeira mulher, a primeira asiática e a primeira muçulmana ao
leme de uma ONG com estas dimensões
Por Sara Coutinho*

seu género de organização, uma vez que ano mais tarde, integrou o Alto Comis-
achou que se limitavam a escrever car- sariado para os Refugiados das Nações
tas apelando à libertação de prisionei- Unidas, ao qual dedicou 20 anos. Aí
ros¹. Em todo o caso, nunca desistiu de desempenhou várias funções, desde a
lutar pelos direitos humanos e a eles tem ocupação de diferentes cargos na Sede,
dedicado toda a sua vida, desta feita, à liderança de missões no terreno para a
numa Amnistia Internacional que agora promoção da protecção internacional aos
compreende melhor que ninguém. refugiados em países como o Paquistão,
Aos 16 anos, os pais de Irene Khan colo- a Colômbia ou a Índia. O seu percurso
caram-na num colégio interno na Irlanda foi pleno de responsabilidade e posições
do Norte. A sugestão havia partido de um de destaque, pouco usuais para alguém
amigo irlandês, director da ONG Concern com a sua idade. Em 1995, foi nomeada
que, em 1972, trabalhava no Bangla- Chefe de Missão para a Índia, o que fez
desh. “A visão que os meus pais tinham dela a mais jovem representante de um
do mundo não era, talvez, muito exacta país no Alto Comissariado. Em 1998,
© Amnistia Internacional e nós tínhamos amigos irlandeses. (...) liderou uma equipa na Ex-República Ju-
Eu não me apercebi da diferença entre goslava da Macedónia durante a crise
Irene Zubaida Khan nasceu no Bangla- a Irlanda do Norte e a República da Ir- do Kosovo e foi nomeada Vice-Directora
desh como a filha do meio de uma famí- landa até chegar lá”. Prosseguiu os seus da Protecção Internacional nesse mesmo
lia muçulmana de classe média, numa estudos na Universidade de Manchester, ano. “Tínhamos de lidar constante-
época em que “a trajectória normal onde estudou Direito e se envolveu nas mente com os refugiados que fugiam
seria frequentar a universidade, casar, primeiras campanhas pelos direitos hu- dos desastres dos direitos humanos”.
ter filhos e talvez um emprego, mas manos. Na altura, a que lhe parecia ter
muito como uma actividade paralela”. uma acção mais envolvente era a contra
A ENTRADA NA AMNISTIA
Actualmente vive entre constantes via- o apartheid. No entanto, queria estudar
INTERNACIONAL
gens, é casada e mãe de uma filha, e tem Direito Internacional e Direitos Humanos
um emprego que nada tem de actividade e avançou para um mestrado em Harvard, Irene começava, entretanto, a pensar se
paralela: é a sétima Secretária-Geral onde se lembra de “ter tido discussões não deveria estar a abordar as causas,
da Amnistia Internacional. muito acesas”. e não as consequências, dos desastres.
Na altura, alguém lhe sugeriu que con-
Passou os seus primeiros anos a viver os
corresse à liderança da Amnistia Inter-
conflitos do Bangladesh e quando saiu
O TRABALHO COM OS DIREITOS nacional. Avançou o seu nome e, como
para estudar encontrou os conflitos da
HUMANOS parte do processo rigoroso de selecção,
Irlanda. O confronto com essas situações
A sua formação em Harvard levou-a até teve que planear uma resposta a um país
e a influência do seu avô, advogado,
onde pretendia estar e Irene começa o hipotético numa situação ficcional de
conduziram-na até ao Direito e, desde
seu trabalho como activista dos direi- bombardeamento. “Ninguém, na altura,
muito cedo, aos meandros da política.
tos humanos em 1979, com 23 anos, na podia adivinhar que uma das minhas
Num primeiro contacto com a Amnis-
Comissão Internacional de Juristas. Um primeiras tarefas seria lidar com o
tia Internacional, decidiu que não era o
08 Notícias • Amnistia Internacional

© MaanImages / Magnus Johansson


Irene Khan, em 2006, durante uma visita à única escola bilingue em Jerusalém, onde as aulas são dadas tanto em árabe, como em hebraico.

11 de Setembro e o bombardeamento os destinos da Amnistia Internacional, 1. O trabalho da Amnistia Internacional, no iní-


do Afeganistão”, afirma. Hoje, Irene Irene Khan acredita que “em muitos as- cio, consistia unicamente em escrever cartas às
entidades responsáveis, apelando à libertação
Khan defende que, quando assumiu o pectos, a situação dos direitos huma-
e melhoramento das condições de vida de indi-
comando² da Amnistia Internacional, a nos hoje melhorou consideravelmente víduos ou grupos em risco. Hoje, esta continua a
organização já tinha evoluído do seu (...) mas a injustiça, a impunidade e a ser uma das imagens de marca da organização,
período de envio de cartas e contava já desigualdade continuam a ser as ima- mas é apenas uma entre as muitas actividades
com uma profusão de causas, entre elas gens de marca do nosso tempo”. Rela- de lobby que desenvolve. Além disso, os apelos
o apoio aos refugiados, pedidos de asilo, tivamente à acepção do público acerca escritos continuam a ser uma forma muito eficaz
de defesa dos direitos humanos.
oposição à violência sobre as mulheres da organização, entende que as pessoas
e apoio aos direitos sociais e económi- ainda se viram muito para a Amnistia In- 2. Entre as funções da Secretária-Geral da Amnis-
tia Internacional estão o desenvolvimento e coor-
cos. Entende que as pessoas aprendem ternacional quando se trata de protecção
denação de estratégias de promoção dos direitos
os seus direitos através das suas lutas contra a dor e o sofrimento físico – como humanos, a representação do movimento nas
pessoais e que não querem alguém que violações, torturas e execuções –, muitas suas relações externas, a liderança de processos
lhes diga o que fazer: “Eles sabem fazer vezes sem compreenderam que é a falta de decisão em situações de crise e a implemen-
as coisas. Nós temos que chegar e tra- de liberdade que está no cerne de todas tação das estratégias do Comité Executivo Inter-
balhar com eles”. essas questões – “quando perdemos nacional, de que falámos no Retrato do último
“Notícias” da Amnistia internacional, a propósito
a liberdade, as primeiras pessoas a
Com a campanha contra a violência do seu Presidente, Peter Pack.
serem silenciadas são aquelas que
sobre as mulheres³ a ganhar força de 3. Em Março de 2004, a Amnistia Internacional
mais defendem os direitos dos outros
dia para dia, Irene Khan defende que o lançou uma campanha contra a violência sobre
e, quando perdemos as pessoas, per-
valor nuclear da Amnistia Internacional as mulheres, que partiu de um intenso trabalho
demos tudo”. Por toda a sua dedicação, de Irene Khan, que consultou inúmeras activistas
é o de prestar esclarecimento sobre os
Irene é recipiente de vários prémios e dos direitos das mulheres com vista a traçar os
escândalos desconhecidos dos direitos
doutoramentos honorários e está cotada contornos desta campanha global. Acabar com
humanos. “Sempre fizemos isso. O pri- todas as formas de violência sobre as mulheres é
entre os 100 Asiáticos e os 100 Muçul-
sioneiro esquecido era um símbolo que uma das grandes batalhas da Secretária-Geral da
manos Mais Influentes do Mundo.
usávamos no passado. Hoje há muitos Amnistia Internacional.
esquecidos, muitos escândalos de di-
reitos humanos ignorados e um deles é * Este retrato sobre a Secretária-Geral da Amnis-
a violência contra as mulheres”. tia Internacional foi feito com base em textos que
nos foram enviados pela própria, uma vez que,
devido a problemas de ordem familiar, Irene Khan
não conseguiu responder directamente às nossas
EM RETROSPECTIVA
questões a tempo desta edição do “Notícias da
Passados oito anos desde que assumiu Amnistia Internacional”.
Notícias • Amnistia Internacional 09

EM FOCO
FAIXA DE GAZA - CONTABILIZAR OS ESTRAGOS
população à normalidade. Além disso, as
equipas da AI no terreno têm testemu-
nhado que foram cometidos vários crimes
de guerra durante as hostilidades. Um
dos mais flagrantes foi denunciado por
médicos e enfermeiros, que encontram
nos pacientes evidências do uso indis-
criminado de fósforo branco durante os
bombardeamentos. Refira-se que esta é
uma arma química que provoca asfixias
e queimaduras profundas.
No seguimento de tudo isto, a Amnis-
tia Internacional tem lançado diversos
apelos, que têm sido enviados às auto-
ridades por activistas de todo o mundo.
© AP_PA PHOTO_Hatem Moussa Os primeiros apelos pretendiam pôr fim
às hostilidades. Hoje é importante res-
Nos últimos meses, a Amnistia Interna- Nos últimos dias, com os cessar-fogo que ponsabilizar as partes em conflito pelas
cional tem dedicado particular atenção têm sido alcançados entre as partes em transgressões à lei humanitária interna-
à situação humanitária que se viveu, conflito, organizações não governamen- cional, para que situações como esta não
e continua a viver, nos Territórios Ocu- tais como a Amnistia Internacional (AI) se tornem a repetir.
pados da Faixa de Gaza, desde 4 de conseguiram entrar no território e perce-
Novembro de 2008, quando terminou o ber a dimensão da catástrofe humani- O apelo é dirigido ao Conselho de Segu-
cessar-fogo que tinha sido celebrado tária. Os números oficiais apontam para rança das Nações Unidas e está aces-
entre Israel e as forças Palestinianas do 1330 Palestinianos mortos, metade deles sível para participação em http://www.
Hamas. Apesar de esta ser apenas uma civis, e mais de 5000 feridos, enquanto amnesty.org/en/gaza-crisis. Há ainda
das muitas hostilidades que nas últimas entre os Israelitas se contam menos de um apelo da AI Portugal dirigido ao Mi-
quatro décadas têm marcado o território, duas dezenas de baixas. As infra-estru- nistro dos Negócios Estrangeiros portu-
é unânime entre os especialistas que foi turas na Faixa de Gaza ficaram seria- guês, Luís Amado, que está acessível em
um dos conflitos com um maior número mente danificadas, o que tem dificultado www.amnistia-internacional.pt (Agir Já
de baixas. a assistência aos feridos e o regresso da / WebActions)

SRI LANKA ajuda humanitária, os civis que procu- RÚSSIA


250 MIL PESSOAS SEM ACESSO A AJUDA raram refúgio em centros transitórios de ADVOGADO DOS DIREITOS HUMANOS
HUMANITÁRIA localidades controladas pelo governo não ASSASSINADO EM MOSCOVO
têm liberdade, nem segurança, para se
À medida que os confrontos entre o movimentarem, encontrando-se detidas. Stanislav Markelov, um proeminente ad-
Governo do Sri Lanka e os Tigres de Li- Todas as pessoas que conseguiram fu- vogado dos direitos humanos, foi assas-
bertação Tamil (LTTE) se prolongam, a gir das zonas de conflito continuam sem sinado no centro de Moscovo no princípio
situação humanitária no país agrava- receber qualquer forma de tratamento do mês de Janeiro de 2009. Stanislav
-se diariamente, estando actualmente hospitalar adequado. preparava um apelo contra a libertação
cerca de 250 mil pessoas sem acesso antecipada de um coronel que cumpria
a qualquer forma de ajuda humanitá- pena pelo assassinato de uma rapariga
ria, como alimentação, água ou apoio chechena. Faleceu também um jorna-
médico, enquanto a chuva de balas se lista por complicações dos ferimentos
mantém. sofridos no mesmo ataque. A Amnistia
Para além de lhes ser vedado o acesso à Internacional condena este assassinato.
10 Notícias • Amnistia Internacional

DOSSIER
O que Podemos Mudar em 2009
Neste ano que há pouco começou, a Amnistia Internacional Portugal espera que as capas dos próximos
“Notícias” possam só trazer boas novas. Isto porque detectámos nove violações graves aos direitos hu-
manos que são, efectivamente, passíveis de fortes mudanças neste ano de 2009. Um optimismo que a
nova Admnistração Obama também nos transmitiu e em que acreditamos

© AP/PA Photo / Nati Harnik


Apoiantes de Barack Obama durante um dos seus discursos, no Nebraska, em Fevereiro de 2008.

Começámos o ano de 2009 com sinais crise financeira provocada pela ganância mandato –, são de grande relevância
contraditórios: por um lado, de preocu- de alguns e, em menos de dois meses, para os Direitos Humanos: encerrará
pação, por outro, de esperança. A preo- é injectado nos mercados financeiros 10 Guantánamo, acabará com a tortura e
cupar-nos temos a crise financeira glo- vezes mais do que o montante necessário terminará a guerra no Iraque. Tal como
bal, que começa a acentuar a pobreza e a para erradicar a pobreza do mundo. Isto Obama, também acreditamos que há vi-
desigualdade mundiais. Realidades que leva-nos a pensar que, afinal, as priori- olações aos direitos humanos que podem
tinham já sido uma preocupação no início dades ainda estão invertidas... ser solucionadas, ou minimizadas, neste
do novo milénio, quando 150 Nações as- ano de 2009. Neste dossier do “Notícias”
A dar-nos esperança esteve a eleição
sinaram uma Declaração onde foram es- da Amnistia Internacional apresentamos
de um afro-americano para Presidente
tabelecidos os oito Objectivos de Desen- nove exemplos de situações passíveis de
dos Estados Unidos da América, pois
volvimento do Milénio, entre os quais, mudança, que ordenámos sem qualquer
há sessenta anos, quando foi assinada
erradicar a pobreza. Na altura, os líderes critério preferencial. Esperamos, no final
a Declaração Universal dos Direitos Hu-
mundiais constataram que a implemen- do ano, que todos também possamos
manos, os negros nem sequer tinham
tação destes objectivos custaria vários dizer: SIM, NÓS PODEMOS !
direito a voto no país. As promessas que
milhões de dólares, difíceis de angariar.
fez – e que já começou a cumprir des-
Oito anos depois o mundo emerge numa
de 20 de Janeiro, quando assumiu o seu
Notícias • Amnistia Internacional 11

1 O ENCERRAMENTO DE GUANTÁNAMO E
O FIM DA GUERRA AO TERRORISMO
A PRISÃO DE ALTA SEGURANÇA
Nos últimos sete anos, passaram por
Guantánamo 778 prisioneiros, pelo me-
nos 25 menores de idade. O que depois
lhes aconteceu é hoje do conhecimento
público: interrogatórios com recurso às
mais sádicas práticas de tortura. No
seu livro, Clive Stafford Smith descreve
detalhadamente os maus tratos por que
passou Binyam Mohamed, um jovem de
que falámos na última edição do “Notí-
cias” da AI. Poupando nos detalhes,
refira-se apenas que o advogado pede,
desde o início, que os seus clientes te-
nham “direitos iguais aos das iguanas,
pois se um soldado atropela acidental-
mente uma paga uma multa de 10 mil
dólares”. Uma regra ambiental que é a
única a imperar num território onde quem
dita as normas são os militares.
© US Department Of Defense
Um dos soldados que está de guarda às celas do Campo Cinco, no centro de detenção de Guantánamo. Regulamentos internacionais, como as
Convenções de Genebra, foram declara-
Às 08 horas e 46 minutos do dia 11 de meses depois, a 11 de Janeiro de 2002, das como não aplicáveis a Guantánamo,
Setembro de 2001, um avião de passagei- várias dezenas de homens, que tinham e o uso da tortura foi, em 2002, auto-
ros embate numa das Torres Gémeas de sido detidos no Afeganistão, davam en- rizado pelo Governo norte-americano
Nova Iorque. Era o início de um pesadelo trada na prisão de alta segurança de para forçar os “terroristas” a confes-
que continua hoje a assombrar o mundo Guantánamo, em Cuba. Tinham viajado sarem os seus crimes. Acrescente-se
e que o ex-presidente norte-americano, algemados e com a cabeça tapada, em que, mesmo depois de torturadas, 538
George W. Bush, apelidou de “Guerra ao voos de rendição que passaram por solo pessoas foram declaradas inocentes e
Terrorismo”. Esta começou, mais concre- europeu. libertadas. Além destas, mais de 200
tamente, a 20 de Setembro, com um dis- continuam na prisão sem qualquer
Para que se perceba o critério de selecção
curso presidencial onde foi anunciado: acusação formal. Fazendo contas, dos
dos detidos, Clive Stafford Smith, advo-
“Quer levemos os nossos inimigos à quase 800 presos que já passaram por
gado e director da organização Reprieve,
justiça, ou a justiça até aos nossos ini- Guantánamo, apenas 20 (cerca de 2%)
que defende vários dos presos de Guan-
migos, Será Feita Justiça”. A promessa foram efectivamente acusados de algum
tánamo, explicou ao “Notícias” da AI:
estava ditada e os alvos apontados: a crime e vão ser presentes a julgamento
“as pessoas podiam ser apanhadas nas
Al Qaeda, Osama Bin Laden e os seus nas chamadas Comissões Militares,
ruas por qualquer pessoa e «vendidas»
seguidores, ou seja, milhares de pessoas tornadas legais em 2006. Estas, como
aos Estados Unidos. O próprio Presi-
espalhadas por mais de 60 países. o nome indica, são feitas e conduzidas
dente Musharraf [líder do Paquistão
por militares, pelo que não se deveriam
No mesmo discurso, George W. Bush entre 1999 e 2008] diz no seu livro que
sequer aplicar a civis.
anunciou que a Guerra ao Terrorismo ia metade dos prisioneiros que passaram
começar pelo Afeganistão. “Os Estados por Guantánamo foram vendidos pelo Além disso, diz Clive Stafford Smith,
Unidos respeitam o povo afegão, mas seu Governo aos norte-americanos”. “elas são aquilo a que em inglês se
condenam o regime Taliban. Ele não Acrescente-se que cada alegado “terro- chama «Tribunais Canguru», em que
está apenas a reprimir o seu próprio rista” valia cinco mil dólares, “o equiva- os casos saltam do seu início para a
povo, mas está a ameaçar pessoas em lente a vinte anos de salário” nestes condenação”. O juiz é um militar no-
todo o mundo ao patrocinar, dar abrigo países, revela o advogado no seu livro meado, os julgamentos são, em grande
e abastecer terroristas”. A 7 de Outu- Guantánamo, recentemente publicado parte, secretos e há censura sobre o que
bro de 2001 começava a ofensiva militar em Portugal. os advogados e os réus podem dizer.
norte-americana no país. Menos de três Tudo isto quando o acusado consegue
12 Notícias • Amnistia Internacional

um representante escolhido por si, pois NOVOS PASSOS NA GUERRA AO questiona: “ao menos antes os iraquia-
“os advogados civis não podem rece- TERROR nos sabiam o que podiam ou não dizer
ber dinheiro, têm de trabalhar por cari- e o que podiam ou não fazer. Se fosse
dade”, diz o director da Reprieve. Mesmo consigo, preferia ditadura e segurança
no seu caso, teve de viajar para vários ou liberdade mas anarquia?”. Refira-se
países em busca dos familiares dos de- que, actualmente, os iraquianos cor-
tidos, pois a representação legal tem de rem um risco de vida diário, tanto pelos
ser solicitada pelo prisioneiro. E como ataques, como pelos muitos raptos que
este não tem acesso ao exterior, nem o ocorrem em busca do dinheiro do res-
exterior tem acesso a ele, a procuração gate.
tem de vir de familiares. Talvez por isso,
Tudo isto torna imperativo questionar:
“mesmo hoje, apenas dois terços dos
valerá a Al Qaeda todas as violações aos
detidos têm advogados”.
direitos humanos que têm sido cometi-
Apesar de tudo isto, neste início de 2009 das? Para Robert Fisk a célula terrorista
há uma réstia de esperança para os 240 não está sequer na origem do problema,
prisioneiros que continuam em Guantá- pois “sempre que há injustiças em
namo. Barack Obama disse já que irá massa, aparece um monstro” e este foi
encerrar a prisão e, para começar, sus- © Steve Dupont (e está a ser) criado e alimentado pelos
pendeu as Comissões Militares e emitiu Tal como no Iraque, em Cabul, capital do Afeganistão, os tan- Ocidentais. “Nós estamos [com solda-
ques norte-americanos e os ataques aéreos fazem parte do dia-
uma ordem que põe fim às detenções -a-dia da população. dos] em países como o Cazaquistão, o
secretas e a algumas técnicas de inter- Tajiquistão, o Paquistão, o Afeganistão,
rogatório. Clive Stafford Smith arrisca Pouco tempo depois de invadir o Afega- o Iraque, a Jordânia, a Turquia, o Egip-
mesmo adivinhar o destino dos detidos: nistão e de abrir a prisão de Guantánamo, to, a Argélia, o Kuweit, a Arábia Saudita,
“cerca de 40 prisioneiros serão trans- George W. Bush deu mais um passo na o Iémen, o Catar, entre outros”. Todos
feridos para os Estados Unidos para sua Guerra ao Terrorismo. A 19 de Março países muçulmanos. “O que queremos
julgamento [em tribunais federais]. A de 2003, o então Presidente norte-ameri- que estas pessoas pensem de nós?”,
maioria, 140, irá regressar a casa. E cano anuncia que será lançada uma se- questiona. “Eles pensam que estamos a
cerca de 60 prisioneiros terão de en- gunda ofensiva militar, desta vez contra ameaçar a sua civilização e têm toda
contrar países de asilo”, pois em esta- o Iraque e o seu líder Saddam Hussein. a razão”, conclui, ao fim de mais de 30
dos como a Argélia, a China, o Egipto, a “A América e as forças da coligação es- anos a viver no Líbano.
Jordânia, a Líbia, a Tunísia e o Uzbequi- tão nas primeiras fases das operações
militares que visam desarmar o Iraque, Para o especialista em questões do Mé-
stão, correm sérios riscos de vida.
libertar o seu povo e defender o mundo dio Oriente, a Guerra ao Terrorismo tem
Neste ano de 2009 é então preciso en- de um grande perigo”, disse, referindo- raízes ancestrais. “Uma investigadora
contrar asilo para estes prisioneiros em -se às armas de destruição maciça que em Dublin mostrou-me um dia peças de
países como Portugal, que anunciou já se supunha existirem no país. A guerra 1490 onde se via Maomé representado
ter disponibilidade. No entanto, alerta o justifica-se, uma vez mais, pela ameaça como uma figura obscena, que tinha
director da Reprieve, “seria insensato de terrorismo. relações sexuais com os animais”,
dizermos «Missão Cumprida», uma vez conta. Hoje, continuamos a desenhar
que muitas pessoas continuam sem Robert Fisk, jornalista especializado nas caricaturas ofensivas sobre o profeta
verem respeitados os seus direitos questões do Médio Oriente, tem outra dos muçulmanos e a recear os seus
em prisões «secretas»” que, à data de visão sobre os acontecimentos, que ex- costumes, como ficou bem claro pelas
fecho desta edição, continuavam ope- plicou ao “Notícias” da AI durante a sua declarações do Cardeal-Patriarca José
racionais no Iraque, no Afeganistão, no passagem por Portugal. “O Iraque teve Policarpo a 13 de Janeiro, quando alertou
Djibouti, no Kosovo e na Bósnia. armas de destruição maciça”, reconhe- as portuguesas: “pensem duas vezes
ce, “mas as Nações Unidas já as tinham antes de casar com um muçulmano”.
Além destas, “há ainda as chamadas destruído. A Guerra contra o Terror é Robert Fisk explica: “Faz parte dos nos-
«prisões por procuração», que são ge- uma guerra contra os inimigos ameri- sos primeiros pensamentos sobre os
ridas por pessoas locais mas usadas canos, mas não invadimos a Coreia do Muçulmanos. Não os podemos apagar”.
pelos Estados Unidos”. Não podemos, Norte ou o Paquistão, porque eles têm Sendo assim, em 2009 cabe a cada um
pois, cruzar os braços enquanto não es- efectivamente bombas”. Sendo assim, de nós contestarmos as nossas funda-
tiverem encerrados todos os “Guantána- o que poderá estar na origem de uma ções e acabarmos de uma vez por todas
mos” do mundo e os responsáveis pela Guerra que matou já cerca de 100.000 com esta “Guerra ao Terrorismo”.
tortura entregues à justiça. Para encora- iraquianos e 5.000 soldados norte-ame-
jar Barack Obama nesta sua missão, ricanos e das forças da coligação?
a Amnistia Internacional tem uma pe-
tição online que lhe vai ser entregue. Arriscando a hipótese apresentada por
Participe em http://obama100days.am- George W. Bush, de que Saddam Hussein
nesty.org/ era um tirano, Robert Fisk concorda, mas
Notícias • Amnistia Internacional 13

A Amnistia Internacional tem sido uma das Clive Stafford Smith, director da organiza- A Guerra ao Terrorismo iniciada por George
organizações que mais tem denunciado as ção não governamental Reprive, é um dos W. Bush tem, na verdade, raízes bem mais
violações aos direitos humanos cometi- advogados que trabalha gratuitamente profundas que o 11 de Setembro de 2001.
das pela Administração Bush em nome para muitos dos prisioneiros de Guantána- É isso que explica o jornalista britânico
da Guerra ao Terrorismo. Com a mudança mo. Conhece, como poucos, os meandros Robert Fisk, no seu livro A GRANDE GUER-
administrativa, a Amnistia Internacional da prisão de alta segurança norte-ameri- RA PELA CIVILIZAÇÃO – A CONQUISTA DO
desafiou Barack Obama a combater o ter- cana e os seus detidos. Uma realidade para MÉDIO ORIENTE, recentemente editado pe-
rorismo com justiça e enviou-lhe 100 reco- conhecer no seu livro GUANTÁNAMO, cuja las Edições 70. Para além da importância
mendações para os primeiros dias de man- versão portuguesa é da Caleidoscópio. documental do livro, é uma obra repleta de
dato. Muitas foram já adoptadas, no papel, pequenas histórias, como as que relatam o
sendo agora preciso a sua implementação encontro do autor com Osama Bin Laden.
efectiva.

Ajude-nos a encorajar o novo Presidente


dos Estados Unidos a cumprir as promes-
sas feitas. Basta enviar o postal que segue ROBERT FISK
no interior desta revista. O envio de car- A Grande Guerra
tas massivo pode fazer toda a diferença! CLIVE STAFFORD pela Civilização – A
SMITH Conquista do Médio
Contamos consigo! Guantánamo Oriente
Caleidoscópio Edições 70

2 ACABAR COM OS CONFLITOS QUE TÊM


MINADO ÁFRICA

© Amnistia Internacional
As crianças são dos grupos mais vulneráveis entre os milhares de refugiados congoleses. Estas encontram-se, desde o final do ano passado, no campo Nakivale, em Ouganda, República Democrática do Congo.

O Sudão, antiga colónia britânica, tem tado em milhares de mortos e de desloca-


vivido uma guerra quase constante desde dos, naquela que é já considerada a pior Até 31 de Março pedimos-lhe que dedique
alguns minutos ao conflito no Sudão e parti-
a sua independência, em 1956. Os con- crise humanitária do mundo. No entanto, cipe no evento “24 Horas por Darfur”.
flitos opõem os muçulmanos árabes, no é preciso não esquecer os conflitos na Veja como fazer parte desta acção na Agen-
Norte, aos não árabes, maioritariamente Somália, na República Democrática do da desta revista.
cristãos, no Sul. A escalada de violência Congo e no Zimbabué, entre outras guer-
tem sido apoiada pelo Governo sudanês, ras que se perpetuam num continente
que juntamente com as milícias Janja- que tem sangrado muito para que alguns
weed estão a praticar aquilo a que muito países, como a China, enriqueçam com o
chamam de genocídio, para acabar com negócio das armas.
a comunidade não árabe. Isto tem resul-
14 Notícias • Amnistia Internacional

3 PÔR UM FIM À PENA DE MORTE E À


TORTURA
No ano passado, a Argentina, o Chile e ao Terrorismo lançada por George W. esta violação aos direitos humanos, pelo
o Uzbequistão juntaram-se aos mais de Bush. Temos, porém, novamente razões menos nas prisões para alegados “ter-
90 Estados que já aboliram definitiva- para nos alegrarmos, pois no segundo roristas”. Há, porém, outros locais onde
mente a pena de morte. Uma tendên- dia de mandato da nova Administra- a tortura é prática comum e nestes casos
cia para acabar com esta forma cruel ção norte-americana, Barack Obama a Amnistia Internacional promete: vamos
de punição que tem sido constante nos afirmou: “posso dizer que os Estados continuar a denunciar. A si pedimos
últimos anos. Por outro lado, a tortura Unidos não vão torturar”. Acreditamos que continue a participar nas nossas
tornou-se mais frequente com a Guerra que em 2009 será possível acabar com petições e apelos mundiais.

4 FIM DA IMPUNIDADE E MAIS FORÇA


PARA O TPI
A Declaração Universal dos Direitos tenham ratificado a possibilidade de re cumprimento dos mandatos de captura
Humanos não tem força de lei. A sua clamar nos tribunais nacionais o respei- que o TPI emite é necessária a coopera-
aplicação só pode resultar da coerência to pelos direitos consagrados na Decla- ção dos Estados onde se encontra o “pro-
entre o compromisso assumido pelos ração. curado” e esta depende, muitas vezes,
Estados e a prática. Contudo, ao longo da vontade política. Veja-se o exemplo de
Há ainda a destacar nos 60 anos de
dos seus 60 anos de existência vários Karadzic, detido apenas 10 anos após a
vigência da DUDH a criação do Estatuto
instrumentos de Direito Internacional emissão do mandato de captura porque
de Roma, que deu origem ao Tribunal Pe-
Público têm-lhe conferido maior carácter o novo governo Sérvio o permitiu. É, as-
nal Internacional (TPI) para julgar indi-
vinculativo. Destes, destacamos o re- sim, fundamental, que o maior número
víduos por crimes contra a Humanidade.
centemente assinado Protocolo Opcio- de Países do mundo ratifique o Estatuto
No entanto, o Estatuto só vigora se for
nal ao Pacto Internacional dos Direitos de Roma e que com este cooperem.
ratificado e países como os EUA não o fi-
Económicos, Sociais e Culturais, que
zeram, ficando assim impunes na práti-
conferiu aos cidadãos dos países que o
ca de alguns crimes. Além disso, para o

5 FORTE CONTROLE DAS ARMAS E DAS


TASERS
Com o empenho e a capacidade de in- selho de Segurança das Nações Unidas já morreram 334 pessoas em consequên-
fluência da Amnistia Internacional, a (EUA, França, Reino Unido, Rússia e Chi- cia da utilização destas armas, cujos
regulação da produção e venda de armas na), cujo mandato é assegurar a paz no estudos de segurança foram apenas re-
de fogo tem verificado avanços signifi- mundo, serem os principais produtores e alizados pelos próprios fabricantes, não
cativos, desde o consenso dos Estados vendedores de armamento. sendo, por isso, independentes. Defende-
em torno da criação do Tratado Inter- mos que, antes de generalizar a sua uti-
Face à fraca regulação, o mercado das
nacional para o Comércio de Armas, lização, estas armas sejam submetidas
armas tem evoluído. Surgiram as chama-
à Convenção que elimina as bombas a testes imparciais e os seus potenciais
das “armas não letais”, entre as quais
de fragmentação. Contudo, grandes e utilizadores recebam formação rigorosa.
as tasers, utilizadas pelas forças polici-
significativas incoerências continuam a
ais como um meio de manutenção da paz
obstar a erradicação da utilização facili-
e cujo efeito, alegadamente, é apenas o
tada de armas. A mais gritante é o facto
de dominar o indivíduo potencialmente
dos cinco países permanentes do Con-
violento. Contudo, nos EUA, desde 2001,
Notícias • Amnistia Internacional 15

6 ACABAR COM O TRÁFICO DE SERES


HUMANOS

© Independent Productions 2008


Imagens da série Matrioshki, da Fox Crime, sobre o tráfico de seres humanos.

Sónia é uma jovem a quem foi oferecido seres humanos, a forma mais moderna das vítimas são mulheres e 70% delas
um emprego, por uma agência, para de escravatura, que se tornou já no ter- são usadas para exploração sexual. Há,
trabalhar como aupair (a cuidar de cri- ceiro negócio mais lucrativo do mundo, a no entanto, pessoas que são traficadas
anças) para uma família na Alemanha. seguir ao tráfico de armas e de estupe- para exploração laboral, para transplan-
“Ia ganhar 700 euros por mês. Era mais facientes. Apesar de esta ser uma reali- tes de órgãos ou para adopções ilegais,
do que podia sonhar”, conta, num vídeo dade inerentemente obscura, as Nações neste caso, de crianças. A OSCE (Orga-
disponível em www.mtvexit.org (Parallel Unidas estimam que, todos os anos, se- nização para a Segurança e Cooperação
Lives). Quando chegou a solo germânico, jam traficadas pelo menos 2,5 milhões na Europa) estima que todos os anos se-
forçaram-na a prostituir-se. A princípio, de pessoas. O Conselho da Europa acres- jam traficados 1,2 milhões de menores.
resistiu: “deve ser um erro, não vim centa que dentro do território europeu
Portugal não escapa a esta realidade e,
para a Alemanha para isto”, referiu. o tráfico envolve, anualmente, cerca de
de acordo com o relatório norte-america-
Porém, “eles bateram-me e violaram- 600 mil pessoas.
no “Trafficking in Persons Report 2008”,
-me durante cinco dias consecutivos,
A grande maioria das vítimas é iludida é um país de destino e trânsito para o
até que eu disse: Faço o que quiserem,
com propostas de emprego ou outras tráfico de seres humanos. O mesmo estu-
mas deixem de me torturar”.
falsas promessas, podendo depois ser do indica que a maioria das vítimas são
Esta é uma das histórias que é comum usada para diferentes finalidades. O mulheres provenientes do Brasil, porém,
ouvir-se entre as vítimas do tráfico de Conselho da Europa acredita que 80% é também comum serem traficados ho-
16 Notícias • Amnistia Internacional

mens de países de Leste, que são usados Mundivisão), que entre 2005 e 2007 se zes: primeiro, a informação (dando a
para exploração laboral. Manuel Albano, dedicou a estudar o tráfico de mulheres conhecer esta realidade); em segundo, a
Coordenador do I Plano Nacional Contra o para exploração sexual. A partir daqui prevenção (sensibilizando e formando);
Tráfico de Seres Humanos, diz não poder “percebeu-se que Portugal devia ter em terceiro, a capacitação (protegendo,
confirmar estes dados, uma vez que não um espaço e um plano que se estru- apoiando e integrando); e, por último, a
há ainda estudos feitos em Portugal so- turasse em torno do tráfico de seres criminalização (investigando e reprimin-
bre esta realidade. humanos”, como um todo, “e de forma do). Linhas mestras que começaram logo
mais conjugada do ponto de vista de a dar resultados em 2008.
estratégia nacional”.
Em Junho, é assinado o Protocolo de Co-
O COMBATE AO CRIME
Posto isto, logo em 2007 foram visíveis laboração e Cooperação para a Instalação
O tráfico de seres humanos é, na verdade, melhorias de cariz jurídico. Primeiro, com do Centro de Acolhimento e Protecção a
um crime praticado desde a Antigui- a reforma penal, que veio colmatar fortes Vítimas de Tráfico e seus filhos menores.
dade, mas só recentemente os Estados lacunas, prevendo finalmente as dife- Mais para o final do ano, em Novembro,
começaram a adoptar medidas específi- rentes finalidades do tráfico humano, de é criado o tão esperado Observatório do
cas para o combate a este flagelo. E es- acordo com o Protocolo de Palermo (das Tráfico de Seres Humanos, para recolher
tas, referiu Manuel Albano, começaram Nações Unidas), e passando a criminali- informação sobre esta realidade em Por-
a ser pensadas “de uma óptica mera- zar não apenas o traficante, mas quem tugal. E, ainda antes do ano terminar, foi
mente criminalista”, que visava punir utiliza os serviços da vítima com conhe- lançada a Campanha Nacional contra o
os traficantes. Só nos últimos anos se cimento da prática de tráfico e quem Tráfico de Seres Humanos, centrada no
“tem passado a uma perspectiva mais ocultar, destruir ou danificar os docu- lema “Não se limite a assistir. Denun-
centrada nos direitos humanos, ou seja, mentos de identificação ou de viagem da cie”, uma vez que, refere Manuel Albano,
na vítima”. Até porque, acrescente-se, o vítima. É ainda de destacar que a 4 de “todos somos importantes no com-
tráfico de pessoas está ligado a vários Julho de 2007 foi aprovada a nova Lei da bate a este flagelo”. Assim, neste ano
outros problemas, como, por exemplo, a Imigração (Lei 23/2007), onde ficou pre- de 2009, cabe a cada um de nós estar
pobreza e a imigração. vista a autorização de residência para as atento e denunciar situações anómalas,
Em tudo isto, Portugal não tem sido ex- vítimas de tráfico humano. para o 808 257 257. É possível mudar
cepção e só nos últimos dois anos é que esta realidade!
No mesmo ano de 2007 é também de-
se têm registado progressos significati- lineada uma estratégia de acção, com
vos no combate ao tráfico de seres hu- a criação do I Plano Nacional contra
manos. O grande despoletador de tudo o Tráfico de Seres Humanos. O seu ob-
isto, conta Manuel Albano, foi o Projecto jectivo é o de adoptar uma panóplia de
CAIM (Cooperação, Acção, Investigação, medidas centradas em quatro directri-

7 FIM DA VIOLÊNCIA SOBRE


AS MULHERES
Nos últimos oito anos, 132 mil pessoas
foram vítimas de violência doméstica
em Portugal, referiu Idália Moniz, Secre-
tária de Estado Adjunta e da Reabilita-
ção, no início deste ano de 2009. Destas,
a grande maioria são mulheres, agredi-
das pelos seus cônjuges ou companhei-
ros.
No entanto, a violência doméstica é ape-
nas uma parte de uma realidade maior
que é a da violência de género, que con-
tinua a afectar uma em cada três mulhe-
res portuguesas.
Este é um flagelo que pode ser travado se
deixar de haver silêncio.
© Reuters Não seja cúmplice...
Uma mulher ferida num hospital na Costa do Marfim.
Notícias • Amnistia Internacional 17

8 ERRADICAR A POBREZA
NO MUNDO

© Genna Naccache
Uma parte da Rocinha, uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, que os dados oficiais indicam albergar mais de 50 mil habitantes.

Muitos têm muito pouco e poucos têm acesso a um pouco daquilo que está nas passa, pois, por erradicar as decisões
muito. Muitos dos que têm muito pouco mãos de muito poucos. que causem ou aprofundem as situações
têm muito pouco porque não têm acesso de pobreza e que constituem – como tal
A pobreza não é uma fatalidade. Não é
às decisões dos poucos que têm muito e – um atentado à dignidade humana e
condição inalienável. É, tem vindo a ser,
cujas decisões são determinantes para aos Direitos Humanos.
produto de decisões. Erradicar a pobreza
que os muitos que têm pouco, tenham

9 MAIOR TRANSPARÊNCIA NA RESPON-


SABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS
Há já alguns anos que as empresas as- causas sociais, algumas empresas não global, os focos de pobreza vão ser cada
sumiram a sua responsabilidade para defendem, nem praticam, políticas labo- vez mais, vão estar mais enraizados e
com a sociedade em que estão integra- rais justas; não exigem dos seus fornece- em cada vez mais locais, é fundamen-
das. De forma mais ou menos altruísta, dores a mesma responsabilidade que a tal que as empresas assumam coerente
de forma mais ou menos potenciadora si próprias se impõem; vendem produtos e consistentemente o seu papel social.
do negócio, de forma mais esporádica produzidos em contextos geográficos Não faz sentido, por exemplo, um banco
ou mais contínua, a verdade é que cada onde são prática corrente (e impune) a que ostenta relatórios e certificados de
vez mais empresas integram nas suas exploração de mão-de-obra, a utilização responsabilidade social, ceder créditos
políticas a responsabilidade social e re- de mão-de-obra infantil, a saturação e a quem não os pediu e que já se encon-
conhecem a importância de ostentarem esgotamento dos recursos naturais, o trava numa situação de endividamento
– à semelhança de outros certificados desalojamento forçado de populações grave e profundo.
emitidos ao abrigo das ISO – o certifi- para a exploração da terra, entre outros.
cado de responsabilidade social.
Não há responsabilidade social onde não
Contudo, aqui também reinam algumas é respeitada a dignidade humana. Onde
incoerências. Enquanto se apresentam são atentados os Direitos Humanos. Num
como apoiantes ou impulsionadoras de contexto em que, devido à crise financeira
18 Notícias • Amnistia Internacional

Desalojamentos Forçados em Angola continuam sem solução


Em nome de novos projectos de urbanização, diversos bairros da capital angolana, Luanda, foram nos
últimos anos demolidos, deixando centenas de famílias desalojadas
Por Cláudia Köver

em 2004, e outra a 24 de Novembro de


2005 – os terrenos de Cambamba I são
hoje um campo de casas improvisadas
pelos mesmos moradores. Continuam as
incertezas quanto a novas demolições.
Alguns dos antigos habitantes do bairro
partiram para outros lugares, mas ou-
tros, como José Chipasse, de 40 anos,
permaneceram no local para proteger
o que lhes resta. O angolano vive num
abrigo improvisado, com a sua mulher,
os três filhos menores, uma sobrinha
e uma cunhada (também menores), e
mantém-se no mesmo sítio onde outrora
esteve a sua casa.

FAMÍLIAS DESALOJADAS
Na já referida tarde de Setembro de 2004,
Chipasse e outros homens ainda tenta-
ram impedir a demolição do seu bairro,
mas os indivíduos que levaram a cabo
os desalojamentos recorreram à força,
empurrando, ameaçando e batendo. Por
tentar resistir, José Chipasse foi preso e
levado a tribunal no dia seguinte. Como
não havia qualquer acusação possível,
© Privado
foi libertado de imediato. No entanto, não
Mapa de Luanda, em Angola, e a sua divisão em municípios. No texto falamos de Kilamba Kiaxi.
teve direito a realojamento e o mesmo
aconteceu às restantes famílias de Cam-
bamba I. Também não houve penaliza-
Às 18 horas do dia 28 de Setembro de formal, o bairro no qual viviam cerca
ções para os indivíduos que ordenaram e
2004, a polícia nacional de Angola, de quatrocentas famílias foi arrasado
levaram a cabo os desalojamentos e que
acompanhada por guardas da empresa em nome do projecto de reconstrução
cometeram maus tratos.
de segurança privada Visgo, chegou ao urbanística “Nova Vida”, que pretendia
bairro de Cambamba I, no Município construir no local condomínios de luxo. Estes acontecimentos na região Kilamba
do Kilamba Kiaxi, em Luanda (Angola), Até ao fecho desta edição, nada chegou Kiaxi são apenas um exemplo das mui-
para iniciar a sua demolição, conta José a ser construído e ninguém foi realojado. tas histórias de despejos forçados que
Chipasse, um dos moradores. Sem aviso Após duas demolições – a já referida, têm chegado de Angola. A situação re-
Notícias • Amnistia Internacional 19

monta a 2002, quando o Governo Ango- Bilhete de Identidade. Chipasse nunca política, militar e cultural, que outrora
lano deu início a grandes planos de re- teve dinheiro para comprar a licença, combateu esse mesmo colonialismo”. O
construção urbanística para Luanda. As mas muitos dos desalojados tinham até dirigente critica também a falta acção da
“construções anárquicas” e “ilegais”, conseguido regularizar a sua situação. União Europeia perante esta realidade.
como os bairros periféricos da cidade Apesar disso, não foram realojados e,
Por tudo isto, apesar dos esforços desen-
foram descritos, deveriam dar lugar a tal como Chipasse, não obtiveram com-
volvidos pelos moradores do Cambamba
condomínios de luxo. A história de José pensações. Houve, porém, alguns casos
I hoje resta-lhes apenas as promessas
Chipasse e da sua família retrata então o raros de realojamento, mas as pessoas
de ajuda feitas por parte do projecto
destino de cerca de 10.000 famílias que foram colocadas em locais ainda mais
“Nova Vida” e pelo Ministério das Obras
foram desalojadas em Angola nos últi- periféricos e isolados. E assim se perpe-
Públicas. No entretanto, as 170 famílias
mos sete anos. Algumas chegaram a ser tua a situação de pobreza em que muitos
que permanecem no bairro,
realojadas em zonas periféricas, longe já viviam.
dos seus locais de trabalho e escolas,
outras permanecem nos terrenos onde
antigamente viviam, ficando vulneráveis
a novos desalojamentos.

A VINDA PARA LUANDA


Após ter cumprido longos anos como
militar nas Forças Armadas Populares
de Libertação de Angola (FAPLA), José
Chipasse regressou, em 1992, à sua
casa numa zona rural devastada pela
Guerra Civil (que tinha começado em
© Amnistia Internacional
1975). Enquanto as FAPLA eram original-
Depois de desalojados, os moradores permanecem no mesmo local de onde foram expulsos, em abrigos improvisados e sem acesso a
mente partidárias do MPLA, partido que água potável ou luz.
tinha garantido a sua supremacia em das quatrocentas que outrora o habi-
Luanda, o seu opositor, a UNITA, recru- AS DIFICULDADES INTERNAS
tavam, continuam sem acesso a água
tava as suas milícias precisamente nas Diversas organizações, como a SOS potável ou a luz. Quando confrontado
zonas rurais. Isto provocou um aumento Habitat e a Amnistia Internacional, têm com as perspectivas para o futuro e com
da criminalidade e da violência nessas vindo a divulgar a situação que se tem a iminente possibilidade de novos de-
áreas, o que levou a que, nos anos 90, vivido em Luanda e isto, aparentemente, salojamentos, José Chipasse afirma: “o
centenas de pessoas tivessem de fugir terá abrandado os desalojamentos. Em Governo manda, mas não deve utilizar
para as grandes cidades. 2006, o Governo angolano reconheceu esse poder para fazer sofrer o povo”.
Chipasse resistiu a este êxodo inicial, mesmo que os desalojados deviam ser Pede respeito e declara que o pouco que
mas a contínua criminalidade no meio compensados. Porém, nada indica que tem não lhe podem tirar.
rural levou a que, em 2002, tivesse tam- os despejos forçados tenham efectiva-
bém de partir para Luanda. Viveu em mente terminado e a grande maioria
casa do seu irmão até conseguir dinhei- destas pessoas não consegue fazer valer
ro para construir uma casa própria, que o seu direito a compensações, uma vez
foi erguida numa parte de um terreno que que o acesso à justiça é muito compli-
pertencia a uma camponesa e que lhe foi cado, tanto pelos entraves económicos,
cedida por esta. O angolano explica que como pelas “barreiras burocráticas”
a cedência de terras era, na altura, uma existentes.
situação comum. As pessoas ajudavam- O Vice-Ministro das Relações Externas
-se como podiam, alguns cediam parte angolano defendeu-se, perante o Alto
do seu espaço aos recém-chegados a Comissariado das Nações Unidas para
Luanda, outros vendiam-no. E foi assim os Direitos Humanos, afirmando que era
que bairros como o Cambamba I foram preciso ter em conta que Angola é “um
crescendo na periferia da capital. AJUDE OS DESALOJADOS ANGOLANOS:
país que está a erguer-se de um con-
Para ajudar os desalojados angolanos
As dificuldades burocráticas para a ob- texto político e social difícil”, uma vez
escreva ao Presidente de Angola, José
tenção de licenças de habitação, a que que viveu 27 anos em guerra civil. Con- Eduardo dos Santos, e remeta cópia para
acrescem problemas financeiros, fizeram trariamente, Luíz Araújo, director da SOS a Embaixada de Angola em Portugal. Mo-
com que muitas destas famílias nunca Habitat, afirma que se vive o endocolo- radas e carta-tipo disponíveis em: www.
as tenham conseguido obter. Acrescente- nialismo, isto é, “uma reprodução do amnistia-internacional.pt (Campanhas/
domínio colonial por parte de uma elite Países em Foco)
-se que muitos angolanos não têm sequer
20 Notícias • Amnistia Internacional

NACIONAL
A Amnistia Internacional de Norte a Sul
Nos meses que se passaram desde o último “Notícias” da Amnistia Internacional Portugal, os vários
Grupos e Núcleos da Amnistia Internacional (AI), que se encontram de Norte a Sul do país, realizaram
muitas actividades de promoção dos direitos humanos. Por falta de espaço, deixamos-lhe aqui apenas
uma pequena amostra do trabalho desenvolvido por estes activistas voluntários

Mais para o centro do país, nas Caldas


da Rainha, os 60 anos da Declaração
Universal foram celebrados durante toda
uma semana organizada pelo Núcleo do
Oeste. De 7 a 14 de Dezembro, houve
tempo para passeios pedestres, ex-
posições, debates, um jantar com poesia
e a promoção da Maratona de Cartas (ver
notícia seguinte). O Núcleo de Estremoz
da Amnistia Internacional celebrou o dia
10 com os jovens da Escola Secundária
de Vila Viçosa, num debate sobre os di-
reitos humanos. Em Lisboa, as activi-
dades partiram da sede, que preparou
© AI Portugal um dia cheio. A manhã começou com a
O grupo de cantares tradicionais CRAMOL ajudou a fechar com chave de ouro as celebrações do dia 10 de Dezembro em Lisboa. presença na Assembleia da República,
para assistir à atribuição do Prémio de
Os 60 Anos da Declaração Uni- versas performances. A noite convidou à Direitos Humanos 2008. A tarde foi dedi-
versal dos Direitos Humanos reflexão, numa conferência sobre os 60 cada aos mais novos, num evento que
anos da Declaração, também promovida decorreu no Fórum Lisboa e contou com
Todos os grupos e núcleos da Amnistia pelo grupo da AI. No final, foram acesas 30 a presença de 300 crianças dos 1.º e 2.º
Internacional Portugal, bem como a sede, velas, uma por cada artigo do documento ciclos de sete escolas. A apresentação
contribuíram para que o 10 de Dezem- de direitos humanos. No Porto, foram esteve a cargo da Sílvia Alberto e par-
bro de 2008 – Dia Internacional dos também os jovens, da Escola Secundária ticiparam no evento a cantora e apresen-
Direitos Humanos e Dia dos 60 Anos da Filipa de Vilhena, que dinamizaram o 10 tadora Luciana Abreu, a banda Ponkies
Declaração Universal dos Direitos Hu- de Dezembro, com acções bem originais, e as Marionetas do Mundo. Ao final da
manos – fosse celebrado em todo o país que passaram pela construção da árvore tarde, a AI participou numa sessão co-
com a devida pompa e circunstância. dos Direitos Humanos, pela criação de memorativa deste dia organizada pela
A Norte, as festividades começaram em um mural alusivo ao tema e ainda pela Ordem dos Advogados. E mais à noite,
Vila Nova de Famalicão, com o Núcleo de elaboração do logótipo da AI humano. A o 10 de Dezembro terminou no teatro “A
Crianças da AI a sair às ruas e espaços criatividade esteve também presente em Barraca”, com um presente oferecido
comerciais para dar vida aos artigos do Fátima, onde o Grupo de Estudantes do pelo grupo CRAMOL aos activistas da
documento internacional. Houve ainda Colégio de S. Miguel realizou uma “Corri- AI: canções tradicionais, para recordar
tempo para construir um logótipo hu- da dos Direitos Humanos”. Entre os dias as raízes portuguesas. Às cantoras, o
mano, representando a vela da Amnistia 10 e 16 de Dezembro, todos os alunos da nosso sincero agradecimento. Mais a
Internacional. Em Ermesinde, o Grupo de escola foram ainda convidados a deixar sul, em Albufeira, o recém-criado Grupo
Estudantes da Escola Secundária local uma mensagem num pedaço de tecido, de Estudantes da Escola Secundária lo-
desdobrou-se em actividades durante que está agora a ser cosido e dará origem cal participou na Maratona de Cartas e
todo o dia 10, com debates, bancas e di- a uma “manta dos direitos humanos”. construiu um logótipo humano, recriando
Notícias • Amnistia Internacional 21

a vela que é o símbolo da Amnistia In- tal, foi realizada uma sessão com alunos debate, centrada no tema “O Tráfico de
ternacional. Tudo isto, para que a chama do secundário. O Grupo Local de Oeiras Mulheres para Redes de Prostituição”. O
que ilumina a AI nunca se extinga! realizou, no Jardim de Paço de Arcos, evento contou com vários especialistas
uma performance alusiva ao tema com na temática e foi uma parceria com o
o grupo teatral Comummente. canal Fox Crime, onde passou uma série
alusiva ao tema. Ainda neste dia, e con-
MARATONA DE CARTAS forme foi proposto pela AI, o programa
Todos os anos, a 10 de Dezembro, a Am- CIDADES PARA A VIDA, CONTRA da RTP 2 Sociedade Civil centrou-se na
nistia Internacional promove a Maratona A PENA DE MORTE temática da violência sobre as mulheres.
de Cartas, pedindo às pessoas de todo o A Norte, o Núcleo de Matosinhos organi-
mundo que escrevam apelos em nome de zou também um debate, sobre o mesmo
vítimas de violações dos direitos huma- tema, tendo contado com a presença de
nos. Os portugueses tornaram a aderir a várias ONG especializadas. O mesmo as-
esta iniciativa, tendo sido enviadas, do sunto foi ainda debatido em Estremoz,
nosso país, 3.036 cartas. Houve ainda numa sessão pública convocada pelo
mais 20 países a juntarem-se a esta Núcleo local.
causa, o que tornou possível que 250.000
cartas fossem escritas em nome dos di-
reitos humanos. Um número que superou LISBOA VOLTA A TER UM GRUPO
em larga escala os valores alcançados LOCAL
no ano passado, quando foram enviados A começar o ano de 2009, a Amnistia
160.000 apelos. A todos, o nosso agra- Internacional teve uma boa notícia: o
decimento, pois só juntos podemos mu- renascer do Grupo Local 01 de Lisboa.
dar a vida destas pessoas. © AI Portugal Recorde-se que este foi um dos grupos
fundadores da secção portuguesa da
Outro dos eventos da Amnistia Interna- Amnistia Internacional, em 1981. Sejam
DIA INTERNACIONAL CONTRA A cional que foi dinamizado em vários pon- bem-vindos de volta ao activismo!
PENA DE MORTE tos do país foi o “Cidades para a Vida
Outra das efemérides que a Amnistia – Cidades Contra a Pena de Morte”. To-
Internacional nunca deixa passar em dos os anos Portugal junta-se a centenas A AI PORTUGAL AGRADECE
claro é o 10 de Outubro, Dia Internacio- de cidades de todo o mundo para apelar
ao fim da pena de morte, ainda aplicada O 10 de Dezembro de 2008 em Lis-
nal contra a Pena de Morte, que esteve
em cerca de 60 Estados. O objectivo é boa só foi possível graças à genero-
em relevo em algumas localidades do
que sejam iluminados edifícios públicos sidade da incansável Sílvia Alberto,
país. Nas Caldas da Rainha, o Núcleo
ou outros de igual valor simbólico, como da divertida Luciana Abreu, das
do Oeste da Amnistia Internacional de-
forma de apelar a que seja feita uma educativas Marionetas do Mundo
bateu o tema com cerca de 200 alunos
moratória global à pena capital. A 30 de (Ecos do Sul), da disponível empresa
do ensino secundário de três escolas
Novembro de 2008 foram 32 as autar- de transportes Carrinhos de Esferas
locais. O mote para a discussão foi lan-
quias portuguesas que iluminaram esta e das dedicadas professoras.
çado com a simulação de uma sessão
da Assembleia Geral das Nações Unidas ideia, ajudando a que, no total, o evento
onde está (supostamente) a ser deba- fosse assinalado em 979 cidades, em CONVOCATÓRIA
tida uma moratória à pena de morte. todo o mundo. ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
Foi também esta a acção desenvolvida
em Lisboa pela sede da AI, que juntou Nos termos da alínea a) do Art.º 18º
na Fundação Calouste Gulbenkian mais ACABAR COM A VIOLÊNCIA SO- dos Estatutos da Amnistia Interna-
de uma centena de jovens, de dez esco- BRE AS MULHERES cional – Portugal, a Presidente da
las secundárias da Grande Lisboa, para Em Novembro foi tempo de lembrar que Mesa da Assembleia Geral, Maria
discutirem e votarem a moção fictícia à a violência sobre as mulheres continua a Ângela Pires, convoca a Assembleia
abolição da pena de morte no mundo. ser uma realidade. Com este intuito, e à Geral Ordinária para reunir no dia
O Núcleo de Estremoz dedicou-se à co- semelhança dos anos anteriores, a Am- 28 de Março de 2009, em Lisboa, a
munidade, de uma forma mais geral, e nistia Internacional promoveu 16 Dias partir das 14 horas.
promoveu uma sessão pública para falar de Activismo, a começarem a 25 de No- A reunião terá lugar na Escola Su-
sobre a pena capital. O debate inseriu-se vembro, Dia da Eliminação de Todas as perior de Comunicação Social, sita
nos “Encontros com a AI”, uma iniciativa Formas de Violência sobre as Mulheres, no Campus de Benfica do IPL em
que o núcleo promoveu todas as tercei- e a terminarem no Dia Internacional dos Lisboa. Mais informações e Ordem
ras terças-feiras de 2008, para debater Direitos Humanos. Neste sentido, a sede de Trabalhos disponíveis em: www.
temas relacionados com os direitos hu- da secção portuguesa da AI promoveu, amnistia-internacional.pt (Notícias
manos. Ainda a propósito da pena capi- em Lisboa, uma conferência, seguida de / AI Portugal)
22 Notícias • Amnistia Internacional

ENCONTRO NACIONAL DE ACTIVISTAS DA AI


60 anos da DUDH
No ano em que se comemoraram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Amnistia
Internacional Portugal propôs aos seus membros e apoiantes que parassem para pensar alguns dos
problemas do mundo e perspectivassem oportunidades para o futuro

© AI Portugal

Antes de terminar o ano de 2008, a Am- capacidade para assegurar o respeito uso dos meios errados”.
nistia Internacional (AI) Portugal orga- efectivo pelos direitos humanos. Uma
Uma segunda ameaça ao cumprimento
nizou um Encontro Nacional (ENAI) para realidade que vem atribuir especial im-
dos direitos consagrados na DUDH pren
promover o convívio entre os activistas portância às Organizações Não Governa-
de-se com a imigração e com a discri-
de direitos humanos. O evento decorreu mentais, como a Amnistia Internacional,
minação a que muitos imigrantes estão
nos dias 4 e 5 de Outubro, no Hotel Ipa- pois são elas que monitorizam violações
sujeitos. Apesar dos fluxos migratórios
nema Park, no Porto, e reuniu cerca de 80 aos direitos humanos consagrados na
serem uma prática milenar e de estarem
membros e apoiantes da AI. No ano em Declaração Universal e os denunciam.
consagrados na lei, há actualmente uma
que se celebraram os 60 anos da adop-
Depois de uma pausa para almoço, a tar- forte tendência para associar a imigração
ção da Declaração Universal dos Direitos
de começou com uma encenação sobre os à criminalidade, referiu Duarte Miranda
Humanos (DUDH), o Encontro Nacional
voos de rendição norte-americanos com Mendes, Chefe de Gabinete do ACIDI
serviu para fazer um balanço da situa-
destino a Guantánamo, pelo Grupo de (Alto Comissariado para a Imigração e
ção dos direitos humanos no mundo e
Estudantes da AI da Escola Secundária o Diálogo Intercultural). Uma imagem
para pensar sobre o seu futuro.
de Ermesinde. A representação serviu errónea que “resulta, muitas vezes, do
de estímulo ao debate que prosseguiu desconhecimento e do medo daquele
DIREITOS HUMANOS EM sobre as actuais ameaças ao respeito que é diferente”. Uma forma de racismo
pelos direitos humanos. Uma das mais que é muito alimentada pela comunica-
RETROSPECTIVA imediatas é desde logo a Guerra ao Terro- ção social.
O ENAI abriu, como não poderia deixar de rismo, que foi referida pelo Eurodeputado
Os debates do primeiro dia de ENAI ter-
ser, com um painel centrado na DUDH. Carlos Coelho, Presidente da Comissão
minaram com uma reflexão em torno de
Pedro Bacelar de Vasconcelos, constitu- CIA, que investigou os voos de rendição
uma das mais antigas formas de viola-
cionalista e doutorado em Direito, abor- que passaram pela Europa. Com conhe-
ção dos direitos humanos, que continua
dou a temática da perspectiva institucio- cimento de causa, abordou as violações
bem vigente na sociedade portuguesa: a
nal, enquanto Victor Nogueira, membro ao Direito Internacional que têm sido
violência sobre as mulheres e as crian-
da AI, referiu a sua importância para o cometidas pelo receio de terrorismo. Em
ças. Joana Marques Vidal, Presidente da
activismo. Dos dois discursos ficou claro jeito de conclusão, o deputado afirmou:
APAV (Associação Portuguesa de Apoio à
que continuam a faltar instituições com “o mais nobre dos fins não justifica o
Vítima), defende que estas duas reali-
Notícias • Amnistia Internacional 23

dades só podem ser combatidas se hou- diz respeito aos princípios de cidadania Pode contactar os Grupos e Núcleos da
ver uma união de respostas individuais, e civismo. E acrescenta, os próprios pro- Amnistia Internacional através de:
comunitárias e estatais. Para fechar o fessores têm cada vez menos formação
dia com chave de ouro seguiu-se a lei- ao nível dos direitos humanos. Para ter- GRUPO LOCAL 01 - Lisboa • (coordenador/a
tura de “Poemas Cruzados”, de poetas minar, deixou o alerta: “não basta aos a designar) lenabreu@yahoo.com
israelitas e palestinianos, num trabalho adultos ensinar, é também preciso GRUPO LOCAL 03 - Oeiras • Lucília José
organizado por Margarida Mendes Silva exemplificar”. Justino, zjustino@gmail.com
GRUPO LOCAL 06 - Porto • Virgínia Silva,
e protagonizado por André Gago e Helena
O quarto e último painel do ENAI esteve amnistia.porto@gmail.com / aiporto.
Faria. Um momento inesquecível. À noite
aberto à participação de qualquer pes- blogspot.com
houve ainda tempo para assistir ao con- GRUPO LOCAL 14 - Lourosa • Valdemar
soa que quisesse trazer mais temas ao
certo do grupo ZARE. Mota , aigrupo14@gmail.com
debate. Foi o que fez Alenuska Nunes,
que destacou a problemática dos imi- GRUPO LOCAL 16 - Ribatejo Norte • Yvonne
grantes ilegais, e Ana Monteiro, que falou Wolf, yvonne_wolff@adsl.xl.pt
PERSPECTIVAS PARA O FUTURO GRUPO LOCAL 18 - Braga • José Luís
sobre algumas das experiências clínicas
O segundo dia de ENAI pretendeu lançar Gomes, ai18braga@gmail.com
que são feitas em seres humanos e que
GRUPO LOCAL 19 - Sintra • Fernando Sousa,
um olhar sobre o futuro e abrir caminho ultrapassam todos os limites do que é ai.grupo19@gmail.com / grupo19aisp.
ao optimismo. O painel inicial reflectiu eticamente aceitável. Por último, André no.sapo.pt
sobre as oportunidades que continuam Rubim Rangel deixou mais algumas su- GRUPO LOCAL 24 - Viana do Castelo • Luís
em aberto para os direitos humanos. A gestões para que os Direitos Humanos Braga, luismbraga@sapo.pt
primeira a ser referida foram os oito Ob- sejam efectivamente cumpridos em GRUPO LOCAL 32 - Leiria • Maria Fernanda
jectivos de Desenvolvimento do Milénio, todo o mundo. É também esse o nosso Ruivo, fernanda.ruivo@sapo.pt
traçados no ano 2000 pelos Estados desejo! GRUPO LOCAL 33 - Aveiro • Joana Valente,
das Nações Unidas e que deveriam ser amnistiaveiro@gmail.com / amnistiaveiro.
cumpridos até 2015. Uma oportunidade blogspot.com
única para mudar o mundo, que pouco NÚCLEO DE ALMADA • Marlene Oliveira da
tem avançado, arriscando-se a torna-se, Conceição, ai.nucleoalmada@gmail.com /
na verdade, apenas uma forma de “ma- ai-nucleoalmada.blogspot.com
NÚCLEO DO OESTE - Caldas da Rainha •
nutenção do sistema vigente”, lamentou
Teresa Mendes, ai.nucleooeste@gmail.com /
José Manuel Pureza, coordenador do Nú-
aioeste.blogspot.com
cleo de Estudos para a Paz e professor NÚCLEO DE CASTELO BRANCO (a designar)
universitário. • ai_nucleo_castelobranco@yahoo.com /
Outra forte oportunidade para os direitos amnistiacastelobranco.blogspot.com
humanos em pleno século XXI é o facto NÚCLEO DE CRIANÇAS - Vila Nova de
Famalicão • Vitória Triães, vitoriatriaes@
de as empresas privadas serem também
msn.com
hoje um importante actor nas relações
NÚCLEO DE ESTREMOZ • Maria do Céu
internacionais, defendeu Ana Roque, da Pires, amnistiaetz@gmail.com
Comissão Técnica 164 (que desenvolveu NÚCLEO DE TORRES VEDRAS • Ana Lopes,
a norma de responsabilidade social das aitorresvedras@gmail.com / blog.comuni-
empresas). É, por isso, fundamental atri- dades.net/aitorresvedras
buir certificações e prémios a empresas NÚCLEO DE MATOSINHOS • Otília Gradim
que respeitem os direitos humanos, Reisinho, amnistia.matosinhos@gmail.com
como, por exemplo, as que protegem os / nucleodematosinhos.blogspot.com
seus trabalhadores. Uma vez que estas NÚCLEO DE GUIMARÃES • Cristina Lima,
empresas vivem da imagem pública, dar amnistia.guimaraes@gmail.com
maior visibilidade às boas acções é uma GRUPO SECTORIAL EDUCAÇÃO PARA OS
DIREITOS HUMANOS • Fernanda Sousa,
forma de incentivar os direitos huma-
mfpsousa@sapo.pt
nos.
CO-GRUPO DA CHINA • Maria Teresa
A última oportunidade para os direitos Nogueira, nogueiramariateresa@gmail.com
humanos a ser referida no ENAI é há vári- CO-GRUPO DA PENA DE MORTE • Raul
os anos uma prioridade para a Amnistia Gaião, raullealg@gmail.com
Internacional. Referimo-nos à Educação GRUPO DE JURISTAS • Sónia Pires,
para os Direitos Humanos, porque as cri- sonia.c.pires@gmail.com
anças são, efectivamente, o futuro. Isa-
Se ainda não existe um grupo da Amnistia
bel Menezes, doutorada em Psicologia, Internacional Portugal perto de sua casa,
não se mostrou optimista, uma vez que, pode sempre ser pioneiro e começar o acti-
refere, o grau de exigência nas escolas vismo na sua localidade. Fale connosco pelo
© AI Portugal
tem diminuído, principalmente no que mail l.marques@amnistia-internacional.pt
ou ligando 213 861 652.
24 Notícias • Amnistia Internacional

Recordar o 9º Campo de Trabalho da Amnistia Internacional Portugal

“As minhas ideias


foram postas
“Foram uns dias à prova.
O Campo fez-nos
inesquecíveis e pensar e questionar
“Quando me fa
os resultados os nossos ideais” laram do
Campo de Trab
foram muito Anónimo alho nunca
pensei que pude
positivos” sse ser
tão interessante
Rosária Rego, Albufeira . Pensava
que ia debater
alguns
temas mais falad
os, mas
a verdade é qu
e todas as
actividades foram
bastante
interessantes e
explorámos
temas que não
fazia ideia
estarem ligados
à Amnistia
Internacional”.
Diogo Paixão, Tor
res Novas

“Iremos continuar
a lutar pela
defesa dos
Direitos
Humanos”.

Rosária Rego
Albufeira

Todos os anos, a Amnistia Internacional Desenvolvimento do Milénio. O Domingo


Oficialmente criado a 13 de Dezembro,
Portugal organiza um Campo de Traba- esteve dividido em duas temáticas prin-
o Grupo de Estudantes da AI da Escola
lho, sob o lema “Vamos Defender os cipais. De manhã, decorreu um debate Secundária de Albufeira foi um dos fru-
Direitos Humanos”. O objectivo é reunir aceso sobre a Pena de Morte, da parte tos do Campo de Trabalho 2008. Bastante
jovens de todo o país para dedicar algum da tarde, foi tempo de reflectir sobre as activo, organizou a 10 de Dezembro acções
tempo aos direitos e deveres comuns a mais variadas formas de discriminação. de comemoração do Dia Internacional dos
todos os seres humanos. Em 2008, rea- Direitos Humanos e nos últimos tempos
Para muitos dos participantes, o Campo tem-se dedicado à prisão de Guantánamo.
lizou-se o 9.º Campo de Trabalho, entre
de Trabalho foi um primeiro contacto com Para além deste grupo, no ano de 2008
31 de Outubro e 3 de Novembro, numa
algumas violações aos direitos humanos nasceram ainda os Grupos de Estudantes
parceria com a Câmara Municipal de
que continuam a ser cometidas um pou- da Amnistia Internacional da Escola 2,3
Albufeira. Participaram 90 jovens, com
co por todo o mundo. Nuno Gonçalves (Lisboa) e o da Escola
idades entre os 15 e os 18 anos, prove- Secundária Santa Maria Maior (Viana do
nientes de 16 escolas de Norte a Sul do Muitos sentiram que é urgente passar Castelo). Este último grupo vai divulgar,
país. O ponto de encontro foi Albufeira. da teoria à prática e formaram grupos na sua escola, os direitos humanos e a AI
locais para divulgar as preocupações da entre os dias 23 a 27 de Março, naquela
O primeiro e o último dias foram de que é anualmente chamada a “Semana na
Amnistia Internacional. A quem perdeu
apresentação e conclusão do Campo de Maior”.
esta oportunidade, é caso para dizer:
Trabalho. O Sábado, dia 1 de Novembro, Este grupo, também muito activo, tem rea-
para o ano há mais, ou melhor, entre 28
foi unicamente dedicado ao futuro dos lizado acções em nome dos prisioneiros
de Novembro e 1 de Dezembro de 2009
direitos humanos, com reflexões sobre os de Guantánamo. A todos estes activistas,
decorrerá o 10.º Campo de Trabalho. sejam bem-vindos à defesa dos direitos
60 anos da Declaração Universal dos Di-
humanos!
reitos Humanos e sobre os Objectivos de
Notícias • Amnistia Internacional 25

Nelson Évora, Medalha de Ouro de Triplo GRUPOS DE ESTUDANTES DA AMNISTIA INTERNACIONAL PORTUGAL
Salto dos Jogos Olímpicos de Pequim, era (Coordenadores e emails/blogs)
uma das surpresas que a Amnistia Inter-
nacional Portugal tinha reservada para o • GE DO COLÉGIO DE SÃO MIGUEL (Fátima)
Campo de Trabalho de 2008. Por motivos Sandra Maurício - ai_csm@live.com.pt
pessoais, não pôde estar presente, mas • GE DA ESCOLA BÁSICA 2,3 NUNO GONÇALVES, (Lisboa)
não quis deixar de enviar um incentivo a Iolanda Machado - iolandamachado@gmail.com
• GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBUFEIRA
Rosaria Rego - grupoestudantes_esa_amnistiainternacional@hotmail.com /
grupodaesaai.blogspot.com
• GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA ANTERO DE QUENTAL (S.Miguel, Açores)
Fernanda Vicente - antero.quental@mail.telepac.pt
• GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE ERMESINDE
Mª Arminda Sousa - ai-ese@sapo.pt / ai_ese.blogs.sapo.pt
• GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA FILIPA DE VILHENA
Carla Ferreira - carlafariaferreira@hotmail.com
• GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA SANTA MARIA MAIOR
Cristina Soares - crisoares@hotmail.com / amnistisiados.blogspot.com
• GE DA FACULDADE DE DIREITO DE LISBOA
Ana Matos Ferreira - nucleoai.fdul@gmail.com
• GE DO ISCTE
Ana Monteiro - amnistiaiscte@yahoo.com

Se ainda não existe um Grupo da Amnistia Internacional na tua escola, podes ser tu a
criá-lo. Nós dizemos como. Escreve-nos para l.marques@amnistia.internacional.pt
ou telefona para o 213 861 652 e fala com Luísa Marques.

REDE JOVEM Assim, convidamos-te desde já a partici-


pares na mobilização mundial que está a
ou quando deitaram água gelada sobre
o seu corpo. Nos dias que se seguiram,
decorrer para ENCERRAR GUANTÁNAMO! as torturas tornaram-se ainda mais vio-
lentas. O jovem continua sem ser julgado
Olá a todos, Recordamos que passaram pela prisão
e, recorde-se, está há seis anos detido,
norte-americana de Guantánamo vários
Aqui estamos novamente para renovar o que representa quase um terço da sua
jovens como tu, alguns com apenas
o convite para te juntares à Rede Jovem vida. Várias personalidades, como o Se-
13 anos de idade. Um dos casos mais
da Amnistia Internacional, um espaço nador Dallaire, general que comandou
mediáticos, e que continua por resolver,
de troca de ideias e de experiências na a missão de manutenção de paz das
é o de Omar Khadr, hoje com 22 anos,
defesa dos direitos humanos. Junta-te a Nações Unidas no Ruanda, em 1994, e
que tinha apenas quinze anos quando foi
nós. Escreve-nos para: Ishmael Beah, criança-soldado na Serra
enviado para a prisão norte-americana
redejovem@sapo.pt Leoa, lutam também pela libertação do
da baía de Guantánamo. Foi detido a 27
jovem. O argumento dos dois defensores
de Julho de 2002, durante uma ofensiva
dos direitos humanos é que mesmo que
militar no Afeganistão, acusado de ter
Omar Khadr seja culpado pelo crime co-
assassinado, com uma granada, o Sar-
metido, deveria ser considerado criança-
gento Christopher J. Speer. Durante a
-soldado e ser tratado humanamente,
captura, Omar Khadr foi baleado, o que
como indica a lei internacional.
resultou em ferimentos graves, particu-
larmente num dos seus olhos, do qual É altura de libertar prisioneiros como o
hoje está praticamente cego. Mal recu- jovem Omar Khadr. Sabe mais e assina o
perou a consciência, o menor começou a apelo mundial em http://obama100days.
ser interrogado pelas forças norte-ameri- amnesty.org. Neste site encontras ainda
© Privado canas. outras formas de participação, como
Omar Khadr
a colocação do widget dos 100 dias no
Os maus tratos que Omar Khadr denun-
AJUDA-NOS A FECHAR GUANTÁNAMO ! teu blog ou no teu perfil na Internet. Aju-
ciou, e que vieram a público pelo seu
da-nos a passar a palavra. Como diria
Um dos modos de acção da Rede Jovem advogado, começaram nos primeiros in-
Barack Obama, tu também podes!
é a participação em apelos mundiais terrogatórios, quando foram usados cães
em nome de prisioneiros ou em nome de para o assustarem, quando ficou horas
violações graves dos direitos humanos. pendurado na ombreira de uma porta,
26 Notícias • Amnistia Internacional

BOAS NOTÍCIAS
que terminou em 2005. As únicas pro- acusado de “incitamento à subversão
vas apresentadas foram as confissões do poder do Estado” a 28 de Janeiro de
dos prisioneiros, obtidas sob tortura. A 2008, tendo sido condenado a três anos
Amnistia Internacional acreditou sem- e meio de prisão, que está a cumprir. É
pre que tinham sido usados como bodes conhecido por ser um acérrimo defensor
expiatórios, dado o mediatismo do líder dos direitos humanos na China, tendo
sindicalista e a urgência de encontrar criticado várias vezes as forças policiais
culpados para o seu assassinato, que e governamentais. Fica a nota positiva
ocorreu quando passeava pelo centro de dada pelos Estados europeus.
Phnom Penh, a 22 de Janeiro de 2004.
© Courtesy John Vink/Magnum Photos Com a libertação dos cambojanos, as
Sok Sam Ouen (em primeiro plano) e Born Samnang (atrás),
num carro, no momento da libertação.
investigações foram retomadas, como
também tinha sido solicitado pela Am-
nistia Internacional. Vamos, por isso,
CAMBOJA continuar a seguir este caso.
Liberdade para jovens detidos injusta-
mente
Na edição anterior do “Notícias” da Am- CHINA ACTUALIZAÇÃO DE CASOS
nistia Internacional Portugal pedimos- Continua a luta pelos Direitos Humanos
-lhe que participasse nos Apelos Mun- Binyam Mohamed • No último “Notícias”
A fechar 2008 houve várias boas notí- da Amnistia Internacional foi lançado um
diais que estavam a ser feitos em nome cias que vieram dar mais força à luta
dos cambojanos Born Samnang, de 25 Apelo Mundial em nome do etíope de 29
dos defensores dos direitos humanos na anos, detido na prisão norte-americana
anos, e Sok Sam Oeun, de 38 anos. A República Popular da China. Primeiro,
fechar o ano de 2008 chegou a boa notí- de Guantánamo desde Abril de 2004.
soube-se que o activista Ye Guozhu, de- Apesar de continuar preso, e de não estar
cia: os prisioneiros foram libertados, tido desde 2004, tinha sido libertado a 15
sob fiança, às 19:30 do dia 31 de Dezem- a receber as cartas de apoio que alguns
de Outubro. O prisioneiro de consciência, activistas lhe têm enviado, aconselha-
bro. A libertação surge no seguimento alvo de vários apelos da Amnistia Inter-
de uma audiência no Supremo Tribunal, mos que sejam suspensos os apelos em
nacional, tinha sido julgado em segredo seu nome, uma vez que Barack Obama
após recurso interposto pelos detidos já e condenado a quatro anos de prisão por
na altura da sua condenação. emitiu já ordens executivas para encer-
ter solicitado uma manifestação contra rar a prisão e acabar com as Comissões
Pouco tempo depois, chegava à Amnistia os despejos forçados que estavam a Militares.
Internacional (AI) uma carta de agrade- ocorrer em Pequim na preparação para
cimento, onde se lia: “Acreditamos que os Jogos Olímpicos. A pena terminara a Nathum al-‘Ani • No seguimento do Ape-
este desfecho não teria sido possível sem 26 de Julho, mas as autoridades man- lo Mundial lançado no último “Notícias”
o apoio interminável, a esperança e o en- tinham Ye Guozhu na prisão. A liberta- em nome de al-‘Ani, a sede da Amnistia
corajamento da Amnistia e de centenas ção foi saudada por activistas de todo o Internacional, em Londres, recebeu uma
dos seus membros. Obrigado pelo tempo mundo. resposta do Ministro dos Direitos Huma-
que vos levou a escreverem as mensa- nos iraquiano dizendo que tinham sido
Um segundo acontecimento marcante feitas investigações sobre o seu desapa-
gens de esperança, obrigado pelos esfor- no final do ano foi a atribuição, pelo
ços feitos para as enviarem e obrigado recimento, mas nada tinha sido desco-
Parlamento Europeu (PE), do Prémio berto. Recorde-se que foi levado de sua
a todos pelas palavras inspiradoras de Sakharov para a Liberdade de Pensa-
esperança, que significaram muito para casa em 2005 por elementos das forças
mento 2008 ao activista chinês Hu Jia. O de segurança do país, por alegadamente
estes dois homens e para as suas famí- prémio foi anunciado em Outubro, tendo
lias”. estar envolvido com grupos armados da
Hans-Gert Pöttering, Presidente do PE, oposição. A Amnistia Internacional es-
Sok Sam Oeun e Born Samnang esti- afirmado: “Ao atribuir este prémio a Hu pera agora que lhe sejam facultados de-
veram detidos durante quase cinco anos Jia, o Parlamento Europeu manifesta o talhes sobre a investigação realizada,
pelo assassinato do sindicalista Chea seu reconhecimento firme e determinado pelo que o apelo que tínhamos publicado
Vichea, tendo sido condenados a 20 a todos os defensores dos direitos huma- no “Notícias” está já desactualizado.
anos de prisão num julgamento injusto nos na China”. Recorde-se que Hu Jia foi
Notícias • Amnistia Internacional 27

APELOS MUNDIAIS
O movimento da Amnistia Internacional começou com a indignação do advogado londrino Peter Benen-
son, perante a notícia de prisão de dois jovens portugueses, que no início dos anos 60 brindaram “Viva
à Liberdade”. Hoje Portugal está longe desta realidade, mas em muitos países do mundo há milhares
pessoas que continuam a ser injustamente presas ou condenadas.
Nas páginas seguintes apresentamos quatro situações urgentes de pessoas iguais a nós, que sofreram
violações graves aos seus direitos enquanto seres humanos.
É URGENTE QUE SEJA FEITA JUSTIÇA!
ELAS PRECISAM DA NOSSA AJUDA! E A SUA ASSINATURA PODE FAZER TODA A DIFERENÇA!
28 Notícias • Amnistia Internacional

MOÇAMBIQUE
Abranches Penicelo assassinado pela polícia

Abranches Afonso Penicelo, de 39 anos, morreu no hospital a 15 de Agosto de


2007, um dia depois de ter sido atacado por agentes da polícia de investigação
criminal de Moçambique. Nesse dia, cinco agentes serviram-se do telefone de um
seu conhecido para o atrair até ao exterior da sua casa em Belo Horizonte, Mapu-
to, de onde o levaram, sob o efeito de uma injecção tóxica, até um local isolado, a
cerca de 140 km de distância. Chegando lá, agrediram-no até ficar inconsciente.
Em seguida, alvejaram-no na nuca, atearam-lhe fogo e abandonaram-no, acredi-
tando que estava morto. No entanto, Abranches conseguiu sobreviver e rastejou
até uma estrada próxima, onde foi encontrado por habitantes locais e levado até
ao hospital.
A família reportou o caso à polícia nessa mesma noite, depois de transferir
Abranches para um hospital em Maputo, onde este veio a falecer. No entanto,
vários oficiais superiores conseguiram ainda recolher o seu testemunho e a famí-
© Privado
lia gravou-o num telemóvel. Abranches conseguiu identificar os seus atacantes.
Este assassinato surge na sequência de 10 anos de abusos policiais. Penicelo já havia sido preso noutras ocasiões, acusado de
roubo, inclusive por um dos agentes suspeito de envolvimento na sua morte. Chegou a ficar detido por um ano e cinco meses sem
ser presente a tribunal e, mesmo depois de ter sido absolvido, mantiveram-no detido. Suspeita-se que, durante as várias detenções,
tenha sido repetidamente agredido.
Não se conhecem as razões da sua morte, mas Abranches e a sua família foram várias vezes acusados de serem ladrões de estrada.
Tal nunca ficou provado. A Liga Moçambicana de Direitos Humanos tomou, entretanto, conta do caso e pediu ao Procurador-Geral a
detenção preventiva dos agentes acusados. No entanto, o pedido foi ignorado e nenhum deles foi ouvido até ao momento. É funda-
mental investigar este assassinato e trazer os responsáveis à justiça, para que Moçambique e as suas forças policiais não fiquem
conotados com desaparecimentos e mortes à margem da lei.
(Carta-apelo em anexo no interior desta revista, bastando apenas assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e a data)

VENEZUELA
Violência familiar coloca Alexandra Hidalgo em risco de vida

No dia 21 de Maio de 2004, Alexandra Hidalgo foi raptada junto ao seu carro,
sob ameaça de arma, à porta do Banco onde trabalhava, em Caracas, capital da
Venezuela. Foi arrastada para a traseira de uma carrinha e levada para um local
remoto, vendada, e foi torturada e violada durante cerca de sete horas por um
grupo de homens, de entre os quais conseguiu identificar o seu ex-marido.
Dois meses antes, Alexandra tinha obtido o divórcio do seu marido, Ivan Sosa
Rivero, na altura tenente-coronel do Exército venezuelano. O seu casamento tinha
sido marcado por abusos físicos, psicológicos e sexuais.
Em Julho de 2004, pouco tempo depois do incidente, o ex-marido foi acusado de
rapto e violação. Foi detido em Dezembro e mantido numa instituição militar. No
entanto, foi libertado condicionalmente quatro meses mais tarde, fugiu e nunca
foi presente a Tribunal. Os advogados de Ivan conseguiram 14 adiamentos de
© Amnistia Internacional
audiências.
Alexandra teme pela sua vida e pela dos três filhos e tanto ela, como a sua mãe, têm recebido chamadas anónimas a ameaçá-las
de morte e ameaçando raptar um dos filhos. Dois dos restantes cinco atacantes foram condenados a oito anos de prisão, em parte
devido a informação obtida pela própria Alexandra Hidalgo, a partir do telemóvel do ex-marido. Outros dois foram ilibados e o quinto
elemento do grupo está também fugido. Ivan Sosa Rivera só foi dispensado do exército em 2008 e apenas pelo facto de não ter com-
parecido em tribunal para responder a acusações militares.
Alexandra fala sobre o seu caso com frequência, na esperança de alertar para a violência sobre as mulheres e prevenir novos ataques.
Porém, é também urgente apelar às autoridades venezuelanas para que façam todos os esforços para seja feita justiça neste caso.
E, ao mesmo tempo, é fundamental providenciar protecção a esta família.
(Carta-apelo em anexo no interior desta revista, bastando apenas assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e a data)
Notícias • Amnistia Internacional 29

LÍBIA
Fathi el-Jahmi continua detido sem julgamento

Fathi el-Jahmi, engenheiro civil e activista político de 67 anos, encontra-se detido


desde Março de 2004 por criticar o líder líbio Muammar Gaddafi e apelar a uma
reforma política na Líbia em entrevistas concedidas a canais televisivos interna-
cionais.
El-Jahmi já havia sido detido em Outubro de 2002 por ter defendido, pacifica-
mente, que a reforma na Líbia não seria possível sem que ocorressem mudan-
ças aos níveis legal e político. Após ter sido ouvido no Tribunal de Apelos, cujos
procedimentos não estão de acordo com os padrões internacionais de um julga-
mento justo, foi libertado no início de 2004 com a sentença de um ano de pena
suspensa.
Pouco tempo depois e após as declarações prestadas na televisão, volta a ser
© Fred Abrahams / Human Rights Watch detido, desta vez, juntamente com a sua esposa e o seu filho mais velho. Ficaram
sem acesso a advogados ou médicos, apesar da preocupação existente relativa-
mente ao estado de saúde de Fathi, que sofre de problemas cardíacos, tensão arterial alta e diabetes.
Uns meses mais tarde, a sua esposa e o filho foram libertados, mas el-Jahmi permaneceu detido, em local desconhecido e com acesso
esporádico à sua família. Em Julho de 2007 é transferido para o Centro Médico de Tripoli. O seu estado de saúde tem sido pouco
acompanhado e agravou-se muito desde então. Apesar disso, um exame médico independente confirmou que Fathi pode ser tratado
como um paciente externo, uma vez que precisa apenas de ser controlado relativamente a um possível ataque cardíaco, e que a sua
condição não justifica o internamento no centro médico.
No entanto, as autoridades mantêm o activista sob custódia, recusam-se a devolver-lhe o passaporte e a sua família permanece sob
vigilância. Uma vez que não houve qualquer julgamento ou sentença, é urgente apelar para que Fathi el-Jahmi seja imediatamente
libertado.
(Carta-apelo em anexo no interior desta revista, bastando apenas assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e a data)

ANGOLA
José Fernando Lelo condenado em julgamento injusto

José Fernando Lelo, prisioneiro de consciência, foi condenado a 12 anos de prisão


no dia 16 de Setembro de 2008, num julgamento injusto, e a Amnistia Internacio-
nal acredita que tenha sido preso por expressar a sua opinião em artigos escritos
nos quais criticava o governo angolano e os processos de paz.
Fernando foi detido no seu local de trabalho, nos arredores de Cabinda, em No-
vembro de 2007, por membros das Forças Armadas de Angola, sob suspeita de
planear uma rebelião. Foi imediatamente levado para Luanda, onde ficou detido
numa ala militar, por mais de 90 dias, sem qualquer acusação formal.
As suspeitas que pendiam sobre ele indicavam que se teria reunido com seis
soldados, em Julho de 2007, a quem teria dado dinheiro e materiais para fazerem
uma rebelião. Estes militares também foram detidos e acusados de rebelião ar-
mada e crimes militares. Em Fevereiro de 2008, o caso foi transferido para um
© Privado
tribunal militar em Cabinda, apesar de Fernando Lelo nunca ter pertencido às
Forças Armadas, pelo que não deveria ser julgado numa instância militar. O seu
julgamento foi, por estes motivos e tendo em conta a motivação política das suas acusações, claramente injusto face aos padrões
internacionais.
O julgamento decorreu entre Maio e Junho de 2008, mas só em Setembro Fernando Lelo foi considerado culpado e condenado a 12 anos
de prisão, acusado de atentar contra a segurança nacional e instigar à rebelião. De entre os soldados, cinco foram condenados e um
foi absolvido. O Tribunal não conseguiu provar a ocorrência do encontro e os soldados admitiram ter “confessado” os acontecimentos
sob tortura. Por tudo isto, é urgente exigir às autoridades angolanas que libertem o prisioneiro de consciência Fernando Lelo.

(Carta-apelo em anexo no interior desta revista, bastando apenas assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e a data)
30 Notícias • Amnistia Internacional

Este espaço estará presente em todos os boletins, com o objectivo de apresentar uma breve análise sobre
a situação financeira da Amnistia Internacional Portugal

SITUAÇÃO ECONÓMICA E FINANCEIRA Os dados apresentados na tabela 1 per- Em Maio tínhamos já amortizado 30.000€
(dados reais acumulados) mitem verificar que no ano de 2008 se e a fechar o ano pagámos mais 50.000€,
obteve uma receita ligeiramente supe- de um total de 230.000€. A gestão deste
Devido ao processo de implementação rior (em cerca de 1%) ao ano anterior. empréstimo foi bastante reconhecida e
e integração dos novos softwares de Podemos ainda observar que o valor da elogiada pelo SI, uma vez que fomos a
gestão “Primavera” e “Salesforce” na despesa em 2008 apresenta uma descida primeira secção a tomar a iniciativa de
contabilidade da Amnistia Internacio- de 34% relativamente a 2007. amortizar antes do prazo previsto, opção
nal (AI) Portugal, os nossos dados cont- feita com a finalidade de reduzir os juros
Tendo em conta o saldo obtido entre
abilísticos mantêm-se com algum atraso. aplicáveis.
Janeiro e Agosto de 2008, e a previsão
Apresentamos, assim, os dados reais que
realizada para os meses seguintes, a AS PRINCIPAIS FONTES DE RECEITA E
temos disponíveis e que são relativos aos
AI amortizou, no final do ano, mais uma DE DESPESA DA AI PORTUGAL
primeiros oito meses do ano de 2008. Para
parcela do empréstimo contraído ao Se-
efeitos de análise, apresentamos os da-
cretariado Internacional (SI) da Amnistia RECEITAS
dos comparativos referentes ao mesmo
Internacional, ou seja, à sede em Londres.
período de 2007. Quotas de membros
Donativos provenientes do FACE TO FACE
Consignação dos 0.5% - IRS

RECEITAS DESPESAS BALANÇO DESPESAS

2007 418.764,29 € 443.731,90 € -24.967,61 € Acções e Campanhas

2008 422.939,70 € 330.045,20 € 92.894,50 € Projecto FACE TO FACE


Custos com pessoal
TABELA 1 - Despesas e Receitas - dados comparativos de 2007 e 2008 relativos aos primeiros oito meses de cada ano.
TABELA 2 - Fontes de Despesas e de Receitas

NOVOS MEMBROS E APOIANTES ram a registar-se novas entradas de doa- decorreu entre Março e Novembro, foram
(de Janeiro a Dezembro de 2008) dores e membros por outras vias, como o contactados 955 apoiantes inscritos em
envio por correio, a adesão pela Internet 2006, com o objectivo de se propor um au-
(em www.amnistia-internacional.pt) e a mento no valor do seu donativo. Mais uma
Terminou no dia 22 de Dezembro de 2008
inscrição através das campanhas e ac- vez, os resultados foram positivos, tendo
o terceiro ano do projecto de crescimento
ções desenvolvidas pela AI. 52% dos apoiantes optado por aumentar o
e mobilização “Face to Face. Após a rea-
lização de três projectos piloto, em 2004 Os dados da tabela 3 permitem concluir seu donativo, em pelo menos dois euros.
e 2005, que confirmaram a viabilidade que o “Face to Face” continua a ser a
deste método de angariação de fundos fonte de origem de 92% dos apoiantes
em Portugal, a AI deu início ao projecto e membros da AI, assumindo um papel
em Março de 2006, com duração prevista fundamental no crescimento da secção. NOVAS ENTRADAS
de seis anos. Realizado em 30 países, o Incluindo os três projectos piloto em Janeiro a Dezembro 2008

“Face to Face” consiste na abordagem 2004 e 2005, o “Face to Face” permitiu Apoiantes e Membros
directa de pessoas em espaços públicos, a inscrição de 12.105 novos apoiantes e via FACE TO FACE 2.764
comerciais e universitários, com o objec- membros para a AI Portugal, mantendo-se Membros outras vias 114
tivo de sensibilizar e divulgar o trabalho actualmente activos 77% dos inscritos. Doadores Pontuais 123
da Amnistia Internacional (AI) e assim Total de Registos 3.001
Em 2008, confirmou-se o interesse e con- © Amnistia Internacional Portugal
angariar novos apoiantes e membros.
fiança dos nossos apoiantes e membros,
TABELA 3 - Novas Entradas em 2008
Em 2008, para além das pessoas que através dos resultados de mais um pro-
chegaram à Amnistia Internacional atra- cesso de Upgrade, realizado no âmbito do
vés do projecto “Face to Face”, continua- “Face to Face”. Nesta terceira fase, que
Notícias • Amnistia Internacional 31

AGENDA
A RELAÇÃO ENTRE AS países do mundo digam aos Governantes, PRÉMIO AMNISTIA INTERNACIO-
MULHERES E A POBREZA nacionais e internacionais, que é altura NAL NO INDIELISBOA
de acabar com as graves violações aos
A 8 de Março, quando se comemora o direitos humanos que se perpetuam no
Dia Internacional da Mulher – e no ano Darfur. A “arma” que vamos utilizar é o
em que a Amnistia Internacional se vai vídeo. E o procedimento é muito simples:
dedicar de forma particular à Dignidade basta, até 31 de Março, pegar numa câ-
Humana e à Pobreza –, a secção portu- mara de filmar, gravar uma mensagem
guesa organiza um debate, em Lisboa, com até 1 minuto (ou até 90 megas) e
para perceber a ligação estreita entre enviar o ficheiro para o email 24hpordar-
este género humano e a pobreza. O mote fur@gmail.com. Todas as mensagens fi- Pelo quinto ano consecutivo, a AI Portu-
vai ser dado pelo filme As Mulheres de cam disponíveis em http://www.youtube. gal vai atribuir o Prémio Amnistia Inter-
Kibera, que retrata a vida numa das com/user/24hpordarfur, que já está em nacional no reconhecido Festival de Ci-
maiores favelas do Quénia, onde vive um funcionamento, e farão depois parte de nema Independente - Indie Lisboa 2009,
milhão de pessoas, abordando de forma uma mega-mensagem vídeo. Saiba mais que decorrerá na capital portuguesa
particular a experiência das mulheres em www.pordarfur.org entre os dias 23 de Abril e 03 de Maio.
enquanto grupo vulnerável da sociedade. O prémio, no valor de 1.000 euros, será
Ao filme segue-se o debate, com oradores entregue ao filme que melhor representar
que estão em confirmação. Fique atento SER VOLUNTÁRIO determinado aspecto relacionado com a
a www.amnistia-internacional.pt, onde Dignidade Humana. A escolha será feita
anunciaremos a hora e o local do evento. Nos dias 7 e 8 de Março, a Confederação
entre todos os filmes candidatos ao Indie
Portuguesa do Voluntariado vai organizar
Lisboa e a difícil tarefa de distinguir o
o I Congresso Português do Voluntariado,
vencedor estará a cargo de um júri es-
DEDICAR ALGUNS MINUTOS A no Fórum Lisboa, com o intuito de dar a
pecializado. Mais informações sobre o
DARFUR conhecer o que existe em Portugal em
Prémio Amnistia Internacional Indie Lis-
termos de trabalho voluntário. Mais in-
boa 2009, mais perto da data, em www.
formações em http://www.convoluntari-
amnistia-internacional.pt. Para saber
ado.pt
mais sobre o festival, consulte www.in-
dielisboa.com
RACISMO E XENOFOBIA EM
PORTUGAL SEGUNDA EDIÇÃO DE “OS DIAS
No conflito que continua a opor, no Sudão,
A propósito do Dia Internacional Contra DO DESENVOLVIMENTO”
a Discriminação Racial, que se assinala
as forças governamentais, e as suas ali-
a 21 de Março, a Amnistia Internacio-
adas milícias Janjaweed, aos grupos re-
nal Portugal vai lançar um estudo, em
beldes, estima-se que cerca de 300 mil
parceria com a Númena (Centro de In-
pessoas tenham já sido mortas e que
vestigação em Ciências Sociais e Huma-
pelo menos 2,7 milhões de habitantes
nas), que visa perceber até que ponto o
continuem deslocados no país. Perante
Racismo e a Xenofobia estão presentes
estes números, e face ao genocídio que
no nosso país, especialmente depois do
continua a acontecer aos olhos de todo A água e o combate à pobreza, as ener-
11 de Setembro e da Guerra ao Terro-
o mundo, a portuguesa Plataforma Por gias alternativas, o desenvolvimento
rismo. O estudo será apresentado a 17 de
Darfur, da qual a Amnistia Internacional sustentável, a gestão dos recursos, o
Março, em local a designar, e servirá de
Portugal faz parte, juntou-se ao evento respeito pelo meio ambiente, a saúde e o
mote para diversos oradores convidados
mundial “24 Horas por Darfur”. Faça desenvolvimento humano são alguns dos
trocarem experiências sobre a temática.
também parte desta acção! temas que vão estar em reflexão nos dias
Mais informações brevemente em: www.
O objectivo é que pessoas de todos os amnistia-internacional.pt 28 e 29 de Abril, no Centro de Congressos
32 Notícias • Amnistia Internacional

de Lisboa, na segunda edição de “Os Dias


do Desenvolvimento”. Este evento anual, LEITURAS TOME NOTA
promovido pelo IPAD (Instituto Português
AMBIENTE LETRA A LETRA • 8 DE MARÇO
de Apoio ao Desenvolvimento), dedica-
De António Eloy, Edições Colibri Dia Internacional da Mulher
-se este ano de 2009 ao tema: “Por um
Mundo Sustentável – Desenvolvimento e
• 21 DE MARÇO
Recursos”.
Dia Internacional Contra a Discrimina-
O objectivo é reunir associações, esco- ção Racial
las, fundações, organizações não gover-
namentais e o público em geral, para • 4 de ABRIL
trocar experiências, promover boas práti- Dia Internacional contra as minas
cas e perceber os desafios que temos de
enfrentar no futuro. Tudo isto através de • 8 de ABRIL
conferências, debates, exposições, entre Preço Dia Internacional de Luto dos
7,50 Euros
outras actividades. Uma das iniciativas Jornalistas
deste evento está directamente voltada O Vice-Presidente da Amnistia Internacional
Portugal, António Eloy, lançou um pequeno
para alunos dos 2.º e 3.º ciclos e do en-
dicionário sobre o Ambiente, onde define com
sino secundário, que são convidados a rigor e simplicidade alguns termos funda-
elaborar trabalhos escritos, cartazes ou mentais desta área. O dirigente é pós-gra-
outros projectos centrados nas temáti- duado em Economia de Energia e consultor
cas do evento. Todos estarão depois em e coordenador de projectos em matérias de
exposição no Centro de Congressos e Ordenamento e Ambiente. Os direitos de autor
do livro revertem integralmente para a Amnis-
os 30 melhores serão objecto de publi- tia Internacional Portugal. Pode adquiri-lo na
cação pelo IPAD. Mais informações em: sede da organização, na Av. Infante Santo, 42
www.ipad.mne.gov.pt/ – 2.º, em Lisboa, ou solicitar o seu envio pelo
email j.brandao@amnistia-internacional.pt

Os 60 Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos Por Pedro Ribeiro Ferreira
Notícias • Amnistia Internacional 33

CRÓNICA
Cimeira UE-África: um ano depois
Por João Gomes Cravinho*, Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação

cito olhar para as expectativas criadas, de forças de manutenção da paz africa-


e procurar comparar o que é razoável nas. As cinco brigadas permanentes que
esperar desta nova parceria com aquilo estão actualmente a ser consolidadas
que tem sido feito. nas cinco regiões do continente africano,
representam a criação de uma capaci-
Há uma crítica fácil que é feita da Par-
dade completamente nova de intervenção
ceria (e era já feita anteriormente a
da UA. Apesar de não ser espectacular,
propósito da própria Cimeira), que diz
ou sequer muito visível através da comu-
que a Europa tem sido incapaz de re-
nicação social, é um progresso histórico.
solver as crises africanas, sobretudo
É inegável que a UA está hoje muito mais
aquelas de cariz humanitário, mas igual-
presente – política, diplomática e mesmo
mente as de ordem política associadas
militarmente – nos grandes problemas
normalmente às transições de poder. É
de África. O papel da Europa é sobretudo
verdade que muitas destas crises, ape-
© Privado o de garantir que essa presença continue
sar dos esforços (sobretudo africanos)
a reforçar-se.
de encontrar soluções, continuam por re-
Há um ano atrás, reuniram-se em Lisboa
solver, com consequências catastróficas Esta preocupação com o longo prazo e
os líderes dos países da União Europeia
para as populações afectadas. Contudo, não com o curto, com a criação de ins-
e de África numa Cimeira que pôs fim a
a paz no Darfur ou a democracia no Zim- trumentos e não apenas com interven-
sete anos de ausência de debate político
babué para dar dois exemplos ampla- ções ad hoc, é aquilo que a Estratégia
ao mais alto nível entre europeus e afri-
mente conhecidos - não são, nem podem Conjunta traz de novo. E em todas as
canos. Como na altura se disse repeti-
ser, resultado de uma solução europeia áreas de trabalho conjunto verifica-se a
damente, a Cimeira de Lisboa não foi
imposta aos governos africanos. Essa mesma atitude.
um fim em si mesmo, apesar de toda a
abordagem radica numa visão pós-co-
sua carga simbólica. O que se pretendia A diversificação e elevação do diálogo
lonialista de África, e ignora o trabalho
era lançar uma nova fase do relaciona- euro-africano são também evidentes na
desenvolvido por africanos na procura de
mento continente a continente, estabe- mobilização das instituições e dos países
soluções para os seus problemas.
lecendo uma rotura com o passado, e para a Parceria. Do lado europeu, países
criando uma Parceria desenhada em O papel da Parceria Euro-Africana (e como a Roménia, a Áustria ou a Repúbli-
conjunto pelos dois lados. O que se nomeadamente da parceria para a paz ca Checa, sem um legado histórico que
fez desde então? E qual o balanço pos- e segurança, que é uma das oito áreas os ligue a África, juntam-se àqueles
sível? Parece-me redutor, senão mesmo de trabalho) é o de ajudar a criar os que desde há muito têm um relaciona-
irrelevante falarmos, neste momento, de instrumentos para responder às crises mento forte com o continente e são hoje
“fracasso” ou “sucesso”. Trata-se de um que houver. Este trabalho só pode ser parceiros activos nas equipas de imple-
processo recente, e além disso a tendên- pensado num prazo de vários anos. Ao mentação dos compromissos de Lisboa.
cia para a procura de rótulos fáceis, por longo deste ano houve intensos contac- No que respeita a África, a nova Parceria
parte de muita comunicação social, aca- tos entre Bruxelas e Adis Abeba, e assis- com a Europa tem permitido um forta-
ba por impedir em vez de facilitar a com- timos a uma importante consolidação e lecimento e uma valorização das insti-
preensão das dinâmicas que realmente harmonização dos contributos europeus tuições da União Africana, os interlocu-
existem. Por outro lado, penso que é lí- para a formação, o treino e a certificação tores por excelência da União Europeia.
34 Notícias • Amnistia Internacional

Fazer das instituições que representam um espaço público euro-africano e este cair na velha lógica assistencialista que
os dois continentes o motor da nova Par- trabalho independente e muitas vezes marcou os últimos 50 anos de relaciona-
ceria era igualmente um dos objectivos crítico do que é feito entre governos deve mento entre a Europa e África. Este ano
da Cimeira de Lisboa e que hoje é uma continuar a ser estimulado e a integrar a serviu sobretudo para mostrar que essa
realidade muito mais sólida. reflexão de quem toma as decisões. é uma lógica do passado. Não significa,
evidentemente, que a missão esteja fi-
Também para a sociedade civil, que de Existem obstáculos e desequilíbrios, que
nalizada, mas mostra claramente que o
muitos quadrantes diferentes segue as o tempo e a vontade política ajudarão
caminho está aberto.
relações entre África e a Europa, a nova a vencer. Em alguns casos há mesmo
Parceria criou novos contextos de inter- dificuldades de monta, como é por vezes * O Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros
venção e permitiu a formação de novas a questão da criação de mecanismos e da Cooperação foi uma das figuras centrais da
Cimeira União Europeia-África, que se realizou em
redes que juntam organizações europeias que permitam a representatividade su- Lisboa nos dias 8 e 9 de Dezembro de 2007. Esta
e africanas. Particularmente relevantes a pranacional num continente que não crónica foi escrita exactamente um ano após a
este respeito são os processos de diálogo tem a tradição europeia nesta matéria. Cimeira.
entre representantes de empresas, entre Mas não há qualquer dúvida, de que os
jovens, ou ainda a rede de institutos de termos da relação euro-africana muda-
investigação política (“think tanks”) que ram, e que a Parceria inaugurada em
têm uma função incubadora na explora- Lisboa tem condições para amadurecer
ção de novas possibilidades de colabo- e dar resultados. Na verdade, o maior
ração. Começa por isso a desenhar-se risco que enfrentamos é a tentação de

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