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NO DIREITO BRASILEIRO
1. Introdução
O Poder Executivo utiliza-se das suas estatais para acobertar despesas que não
tem como efetuar na Administração direta.
A Constituição Federal, no seu artigo 37, XIX, dispõe sobre a criação das empresas
estatais: “ A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de atuação.”
Neste artigo, em seu § 1º, é disposto que a lei estabelecerá o estatuto jurídico das
empresas estatais e suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre diversos
itens, como sua função social; licitação e contratação de obras, serviços;
responsabilidade dos administradores entre outros. Em seu § 2º, o legislador afirma que
estas empresas não terão privilégios fiscais não extensivos às empresas do setor
privado. Ainda neste artigo, no § 3º é afirmado que a lei regulamentará as relações de
empresa pública com o Estado e a sociedade.
2. Empresas Públicas
Empresa pública federal é a pessoa jurídica criada por força de autorização legal
como instrumento de ação do Estado, dotada de personalidade de Direito Privado, mas
submetida a certas regras especiais decorrentes de ser coadjuvante da ação
governamental, constituída sob quaisquer das formas admitidas em Direito e cujo
capital seja formado unicamente por recursos de pessoas de Direito Público interno ou
de pessoas de suas Administrações indiretas, com predominância acionária residente
na esfera federal. Esta, não é a definição do Decreto-lei 900, porém, é a necessária, em
decorrência do próprio Direito Positivo brasileiro.
Não se pode admitir que o designativo empresa pública fique reservado unicamente
às empresas formadas por capitais de origem governamental nas quais a integralidade
ou a maioria acionária votante pertença à União. É possível que dita maioria não seja
da União, mas sim de uma autarquia sua ou de uma outra sua empresa pública ou
sociedade de economia mista, sobre remanescente de capital da própria União, ou de
algum Estado federado, de algum Município ou de entidade da Administração indireta
destes.
Quanto à semelhança entre elas, além do regime jurídico que será descrito no item
posterior, será dado destaque para a natureza essencial das empresas estatais.
Empresas públicas e sociedades de economia mista são, fundamentalmente e acima
de tudo, instrumentos de ação do Estado. O traço essencial caracterizador destas
pessoas é o de constituírem em auxiliares do Poder Público; logo, são entidades
voltadas para busca de interesses transcendentes aos meramente privados. E é por
esse motivo que a lei estabelece que a supremacia acionária tem de ser
governamental. Com isso, o que se deseja atingir é o controle absoluto, que a
condução do destino dessas empresas, seja estritamente da alçada do Estado e de
seus auxiliares, sem que possa repartir decisões, sobre qualquer assunto social com
particulares.
5.1. Criação
Para efetuar esse poder de controle além das medidas previstas em regulamento,
são expressamente estabelecidas as seguintes: indicação, nomeação ou promoção,
pelo Ministro, da eleição dos dirigentes das empresas estatais; designação dos
representantes do Governo nas assembléias gerais e órgãos de administração ou
controle da entidade; recebimento de relatórios, boletins, balanços e balancetes que
permitam acompanhar a atividade da pessoa e execução tanto do orçamento-programa
quanto da programação financeira aprovados pelo Governo; aprovação de contas,
relatórios e balanços; fixação das despesas de pessoal, de administração, de gastos
com publicidade, divulgação e relações públicas; realização de auditoria e periódica
avaliação de rendimento e produtividade, bem como intervenção na pessoa, por motivo
de interesse público.
As estatais ainda poderão ser alvo da ação popular, como ocorre com as autarquias.
Assim, Celso Antônio Bandeira de Mello argumenta que “as empresas estatais
prestadoras de serviço público também se sujeitam às normas gerais de licitação e
contratos expedidas pela União e, pois, que continuam e continuarão a ser regidas pela
Lei nº 8666, de 21.6.93, com suas alterações posteriores. Já as empresas estatais
exploradoras de atividade econômica futuramente terão suas licitações e contratos
regidos pela lei a que se refere o art. 22, XXVII, da Constituição Federal, com a redação
que lhe deu o “Emendão”, isto é, na conformidade do estatuto para elas previsto no art.
173 da Lei Magna. Enquanto isto não ocorrer persistirão regidas pela Lei 8666, com as
ressalvas inicialmente feitas.
5.4. Responsabilidade
De acordo com o artigo 37, II, da Constituição, o ingresso nas empresas estatais
depende de “aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos”.
Para dispensa de empregados é preciso que haja uma razão prestante para
faze-lo, não se admitindo caprichos pessoais, vinganças ou quaisquer decisões
movidas por mero subjetivismo e, muito menos, por sectarismo político ou partidário. É
preciso que tenha havido um processo regular, com direito à defesa, para apuração da
falta cometida ou de sua inadequação às atividades que lhe concernem.
6. Conclusões
O primeiro ponto a ser lembrado é que as empresas estatais tem por finalidade
atingir objetivos de interesse de toda coletividade, e é neste ponto que mora a principal
diferença entre as empresas privadas. No entanto, as empresas públicas e sociedades
de economia mista tem personalidade de Direito Privado.
No que concerne à falência, é preciso ressaltar que de acordo com a nova lei, estas
não estão sujeitas a aplicação da lei.
7. Bibliografia
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 17a ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2004
HENTZ, Luiz Antonio Soares (coord.). Obrigações no novo direito de empresa. São
Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2003