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Instituto de Psicologia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Aula 06 ? História de Psicologia - Prof. William B. Gomes, PhD - 2005

John Locke (1632 - 1704)


(excertos)

Hearnshaw, L. S. (1987). The shaping of modern psychology


(Capítulo 6, pp. 63-88). London: Routledge.
(Colaboram na tradução deste texto:
Luis Rafael Ribeiro e Elisângela Zaniol
Revisão e edição de W. B. Gomes.)
Traduzindo para fins de ensino.

Muito mais imediatamente influente que o sistema metafísico obscuro de Spinoza foi a
despretensiosa filosofia de senso comum de seu contemporâneo, o filosófico inglês John Locke
(1632-1704). Seus principais trabalhos receberam várias edições durante sua vida. Seu Essay on
Human Understanding (1690) foi republicado mais vezes que qua lquer outro clássico moderno,
e traduzido para muitas outras línguas. Bertrand Russel descreveu Locke como ‘o mais
influente, embora de modo algum o mais profundo dos filósofos modernos’. Foi acima de tudo
seu modo de ser que o recomendou tão amplamente. Calmo, despretensioso, tolerante e
razoável, ele fugiu de divagações especulativas se em filosofia, ciência ou tecnologia, e
concentrou sua atenção no processo do conhecimento propriamente dito, nas questões de como
o conhecimento era obtido, e quais as suas necessárias limitações. Suas principais qualidades
foram sua visão para questões-chave, e sua honestidade ao enfrentar dificuldades. Suas
respostas eram geralmente confusas e prolixas, mas eram pelo menos expressas em linguagem
atrativa e simples, que os simples mortais podiam entender. Embora não primordialmente um
psicólogo, ele teve mais relação com a formação dos rumos que tomaria a psicologia moderna
que qualquer outro pensador. Muito mais que Bacon ou Hobbes, foi ele quem deu origem à
tradição empírica na psicologia que não apenas dominou as escolas anglo-saxônicas, mas
também influenciou profundamente muitos pensadores do continente e levou à fundação de
laboratórios experimentais e à separação da psicologia do grande campo da filosofia.
Não havia , para Locke, atalhos ao conhecimento, ou fontes interiores de iluminação. O
conhecimento era derivado da experiência, da observação e da reflexão, e era ‘um trabalho de
tempo, precisão, atenção e julgamento’. Muito do assim chamado conhecimento era
simplesmente ‘ignorância aprendida’. ‘Nós não devemos tomar sistemas duvidosos por ciências
completas, nem noções ininteligíveis por demonstrações científicas. Para o conhecimento dos
corpos nós devemos nos contentar em recolher o que pudermos de experimentos particulares’.
Instruído em medicina, Locke foi sobre tudo impressionado pela nova ‘filosofia experimental’.
Em 1668 ele foi eleito membro do Royal Society, apenas cinco anos após sua fundação, e deste
modo entrou em contato com os mais eminentes cientistas de sua época. Em particular, com seu
velho amigo de Oxford, Robert Boyle, um dos experimentalistas dominantes, e com Thomas
Sydenham, um médico muito conceituado. Seu próprio ponto de vista filosófico foi
grandemente moldado pelo ponto de vista fortemente empírico desses seus amigos. O próprio
Locke, entretanto, foi considerado por seus colegas cientistas na Royal Society como um
experimentalista suficientemente seguro e foi apontado para um comitê de onze ‘avaliadores e
diretores de experimentos’, e ele expressou a convicção de que o progresso real em
conhecimento era o resultado do progresso em tecnologia. Daí veio a famosa afirmação de
Locke, de que no princípio, a mente estaria vazia de conteúdo, como ‘papel em branco,
destituído de todos os caracteres, sem quaisquer idéias’. Se nós quisermos conhecer, temos de
descobrir. O vasto arquivo de conhecimento adquirido pelo homem tinha uma fonte apenas:
experiência. Em outras palavras o homem tinha de aprender. Assim, muito naturalmente Locke
julgou a infância e educação de suprema importância na formação da mente, e logo depois de
seu ‘Essay ...’ escreveu ‘Some Thoughts concerning Education’ (1695), uma obra pioneira sobre
a teoria educacional. Nela, ele anotou que ‘as pequenas ou quase insensíveis impressões em
nossas tenras infâncias têm muita importância e conseqüências permanentes’, e ‘de todos os

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homens que nós conhecemos, nove em cada dez são o que são, bons ou maus, úteis ou não,
devido à educação deles’. Nestas observações, Locke já estava traçando algumas das conclusões
características da psicologia empírica.
Locke estava motivado a prosseguir em sua investigação sobre o conhecimento humano
por causa de sua convicção de que os problemas dos anos agitados de guerra civil e disputa
ideológica através dos quais ele viveu eram resultados de fanatismo, ou ‘entusiasmo’ como ele
denominou, e que este mal estava grandemente enraizado em falsas filosofias e infundadas
pretensões de conhecimento. Ele era contrário não somente à verborragia vazia dos escolásticos,
mas também a nova filosofia de Descartes. Foi, de fato, sua familiaridade com os escritos de
Descartes que o provocou para a reflexão filosófica. ‘Ele regozijou-se com sua leitura, porque
embora geralmente divergisse em opinião com o escritor, ele achava que o que era dito era
bastante inteligível’. Em particular, Locke era completamente contrário a teoria das ‘idéias
inatas’ de Descartes, e quando ele veio, a escrever seu ‘Essay on Human Understanding’, ele
dedicou o primeiro livro inteiramente a contrariar esta doutrina. Sua intenção era mostrar ‘como
os homens, simplesmente pelo uso de suas faculdades naturais, podem atingir todos os
conhecimentos que eles possuem, sem qualquer ajuda de impressões inatas; e podem alcançar a
certeza, sem quaisquer noções e princípios originais’. Locke não vai tão longe a ponto de negar
que os seres humanos eram dotados de inclinações e poderes naturais, mas ele assegurou que
estes poderiam somente ser realizados e supridos pela experiência. Ele também não negou as
diferenças individuais de capacidade, e admitiu que ‘cada mente humana possui alguma
peculiaridade, assim como sua face, que o distingue de todos os outros; e há, possivelmente,
raros pares de crianças que possam ser criadas exatamente pelo mesmo método’. Estas
diferenças, entretanto, não invalidam a tese de Locke de que todo o conhecimento era derivado
da experiência, e de que os seres humanos, apesar de suas diversidades, eram fundamentalmente
iguais. Como ele disse em seu ‘Treatise of Civil Government’ (1690), não há ‘nada mais
evidente do que criaturas da mesma espécie e classe social, promiscuamente nascidas para todas
as mesmas vantagens da natureza e uso das mesmas faculdades, deveriam também serem iguais
umas entre as outras, sem subordinação ou submissão’. Em sua ênfase na aprendizagem e
experiência, em vez da hereditariedade, e na igualdade em vez da desigualdade, Locke estava
estabelecendo o padrão de muitos pensamentos empíricos subseqüentes.
Uma característica da filosofia de Descartes, entretanto, Locke aceitou, e este foi seu
dualismo. Para todas as propostas práticas ele admitiu uma nítida distinção entre o corporal e o
espiritual, entre o corpo e a mente. Ele não adotou a estranha teoria de Descartes de como a
mente e o corpo interagiam, ele não exclui por antecipação a possibilidade da matéria pensante,
ele aderiu à doutrina tradicional da ‘grande corrente de existência’, e do universo
hierarquicamente ordenado com suas implicações e graduações insensíveis entre animado e
inanimado. Mas como um pensador essencialmente prático, seu ponto de vista era dualista.
‘Filosofia natural’, ele afirmou, ‘sendo o conhecimento dos princípios, propriedades e operações
das coisas do modo que são em si próprias eu imagino que ajam duas partes disto, uma
compreendendo espíritos e sua natureza e qualidades, e outra corpos’. Havia duas esferas da
realidade, corpo e mente, e correspondentemente dois caminhos ao conhecimento - sensação,
que providencia conhecimento do mundo externo, e reflexão (ou introspecção, como veio a ser
chamada mais tarde), que providencia conhecimento do mundo interno da mente ou
consciência, pois ‘consciência sempre acompanha pensamento.’ Isto implicava que a análise da
mente poderia ser realizada por métodos introspectivos, e que era desnecessário, tanto quanto a
psicologia cognitiva estava preocupa, ‘intrometer-se com a consideração física da mente’. Isto
estabeleceu novamente uma tradição na psicologia que foi apenas lentamente quebrada.
Como então Locke procedeu em sua análise introspectiva da mente? Influenciado em
grande parte pela filosofia corpuscular de seu amigo Boyle, e pelo pensador continental
Gassendi, Locke procurou inicialmente pelas unidades básica da mente, correspondente aos
corpúsculos atômicos dos físicos. Ele os encontrou no que Descartes denominou ‘idéias’. Idéias
eram os blocos de construção do sistema psicológico de Locke, e ele os definiu como ‘tudo
quanto seja o objeto de entendimento quando um homem pensa’. O termo ‘idéia’ era um termo
amplo, cobrindo todas as formas de conteúdo mental, sensações, percepções, pensamentos,
sentimentos, volições, etc. Idéias inicialmente eram, de acordo com Locke, simples e puramente

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passivas; algumas eram fornecidas pela sensação, outras pela sensação interna, que ele
denominou reflexão. Locke catalogou as principais idéias simples, e então procurou descobrir
como a mente as elaborava, comparando, distinguindo, abstraindo, unindo e assim por diante,
para formar idéias complexas ‘para uma variedade quase infinita’. Ao se engajar nesses
processos a mente era não mais passiva, mas ativa, e não mais confinada a representar o real.
Idéias simples, entretanto, eram ambos o fundamento essencial de todo o conhecimento e ao
mesmo tempo ‘as fronteiras de nossos pensamentos, além das quais a mente, quaisquer que
fossem os efeitos que poderia causar, não é capaz de avançar um mínimo’. Podemos deixar de
lado as dificuldades filosóficas apresentadas pelas teorias de Locke pois elas tem sido
incessantemente discutidas por filósofos, de seus dias até hoje. É a importância delas para a
psicologia que precisa ser acentuada. Locke iniciou a análise introspectiva da mente, que por
mais de duzentos anos permaneceu como principal método de psicologia . Ele cunhou o termo
‘associação de idéias’, e embora ele considerasse as associações casuais uma potente fonte de
erro, ele considerou encadeamentos naturais e conexões como o conteúdo do conhecimento
racional. Ao dissecar o modo pelo qual idéias de número, espaço, tempo, substância, relações e
poder, assim como conceitos psicológicos eram derivados, ele estabeleceu o que teve desde
então sido denominado ‘epistemologia genética’. Ao agir assim, e ele assentou as principais
linhas que a psicologia estava para seguir. Mesmo aqueles que discordavam de suas soluções
aceitaram sua definição das questões; e sua ênfase nos problemas cognitivos deixaram sua
marca na psicologia acadêmica afirmada no século XX.
Em duas áreas especiais Locke foi também um pioneiro. Ele providenciou ‘o mais
antigo tratamento sistemático do problema da identidade pessoal’, e no Livro III do Essay, ‘o
primeiro tratado moderno dedicado especificamente à filosofia da linguagem’. Em ambas estas
questões as propostas de Locke apresentaram, sem dúvida, muitos problemas. Com respeito à
identidade pessoal ele reconheceu que o conceito de ‘substância espiritual’ era destituído de
conteúdo preciso, e assim não poderia formar a base de nosso conhecimento a respeito de nossas
próprias identidades pessoais. Sua sugestão, entretanto, de que a identidade pessoal dependia
inteiramente da continuidade da consciência está aberta a uma boa quantidade de objeções, e na
realidade choca-se com suas próprias declarações como com o conhecimento intuitivo imediato
que nós temos de nós mesmos, A importância de Locke, mais uma vez reside, entretanto, no
levantamento das questões, em vez da resposta que ele forneceu. Similarmente com respeito a
linguagem, Locke reconheceu o papel vital que a linguagem exercia na comunicação entre seres
sociais e como uma auxílio ao pensamento. As palavras, entretanto, eram propensas ao abuso, e
estavam repletas de imperfeições. Para serem úteis elas deveriam possuir significado, isto é, elas
deveriam defender idéias. Mas é impossível que ‘cada coisa particular tenha um nome distinto
particular’. Assim, ‘palavras se tornam gerais ao constituírem os sinais de idéias gerais’,? ? ? e aí
onde os problemas começam, pois ‘essências nominais’ não necessariamente precisam
corresponder a ‘essenciais reais’; elas podem ser ‘feitas muito arbitrariamente, sem padrões ou
referências a existência social’ . Em suas observações sobre a linguagem e a relação entre
palavras e idéias, Locke estava em conseqüência abrindo um campo de investigação a se tornar
conhecido mais tarde como psicolingüística.
A importância real de Locke para a psicologia não estava tanto no que ele concluiu, mas
sim no que ele iniciou. Suas conclusões reais na psicologia eram frágeis. Sua análise detalhada
da vida intelectual não foi nem muito original nem muito profunda. Embora ele depreciasse as
antigas faculdades, ele ainda usava a terminologia da faculdade psicológica, e distinguiu as duas
principais faculdades do pensamento e vontade. Ele quase ignorou a vida emocional do homem,
dedicando apenas, três páginas de seu Essay de seiscentas páginas aos ‘modos de prazer e dor’.
Mas sua definição de matéria subjetiva e suas prescrições para a metodologia da psicologia
foram altamente influentes, e ele é, não sem justificativa, considerado um fundador da escola
empírica na psicologia, pois embora Hobbes o precedesse, foi Locke e não Hobbes quem proveu
o ponto de partida para desenvolvimentos ulteriores.

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Locke (1588-1679)

Médico entusiasmado com a experimentação. Acreditava que o futuro está na tecnologia. Traz uma
filosofia de senso comum. Entende que poderes e inclinações realizam-se unicamente na experiência.
Notar a relação que aparece entre: experiência - igualdade - educação - aprendizagem.

Ontologia
Critica princípios inatos ou noções comuns. Entendimento é uma tábula rasa na qual a experiência vai se
escrevendo. Mantém o dualismo:

Corpo - sensações
Dualismo dois caminhos para o conhecimento
Mente - reflexão

- Dispensa necessidade de estudar a parte física da mente.

Epistemologia

- As idéias vêm da experiência e dela deriva a mente. O conhecimento e os materiais do pensamento


percebidos e refletidos pelo nosso EU são provenientes da observação dirigida para os objetos externos e
sensíveis ou para as operações internas da nossa mente.
- O conhecimento da mente seria através da reflexão e o método deveria ser introspectivo.
- Explica como idéias simples se transformam em idéias complexas.
- Preocupa-se com a linguagem (relação entre idéias e palavras) e com a identidade pessoal (inteiramente
dependente da continuidade da consciência). A importância destas questões não está na resposta
apresentada mas no reconhecimento da questão.
- As percepções e reflexões do eu são: duvidar, acreditar, raciocinar, conhecer.

Lógica
- Leis associativas

Ética
- A dignidade do homem está no seu poder de resistir as inclinações inferiores, opor-se à seus desejos e
tendências para seguir unicamente as prescrições da razão - evitar associações irregulares.

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