Rocha, Délcio. C. C.

Pecuária Alternativa – Os Principais Canais Distribuição de Filhotes de

Animais Silvestres. V Semana Acadêmica de Zootecnia UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido
Rondon/PR, de 08 a 12 de maio, 2006.

PECUÁRIA ALTERNATIVA – OS PRINCIPAIS CANAIS DE

DISTRIBUIÇÃO DE FILHOTES DE ANIMAIS SILVESTRES
Délcio César Cordeiro Rocha 1

Resumo:
Visando demonstrar novas alternativas de mercado e comercialização de
espécies da fauna silvestre brasileira, verificou-se a presença dos atores e agentes
envolvidos na organização da cadeia produtiva de animais silvestres – CPAS e seus
principais seguimentos. Neste sentido o artigo retrata um estudo de caso na região sul
do Brasil onde retratou-se os principais canais de distribuição de filhotes de animais
silvestres (catetos, queixadas e capivaras) nascidos em regime de cativeiro. Verificou-
se, ainda que, os filhotes seguem praticamente os mesmos canais que as matrizes e
reprodutores, quando não selecionados para reprodução são descartados ou enviados
para sistemas de engorda e posteriormente seguem para os demais canais dos produtos e
de subprodutos (carne, troféus, pêlos, couro, etc).

Palavras-chaves: canais de distribuição, filhotes, fauna silvestre, cadeia

produtiva, pecuária alternativa.

ALTERNATIVE LIVESTOCK-THE MAIN DISTRIBUTION

CHANNELS OF NESTLINGS OF WILD ANIMALS

Seeking to demonstrate new market alternatives and commercialization of

species of the Brazilian wild fauna, it was verified the actors' presence and agents
involved in the organization of the productive chain of wild animals-CPAS and their
main continuations. In this sense the article portrays a case study in the south area of
Brazil where was portrayed the main distribution channels of nestlings of wild animals
(cathetus, jaws and capybaras) been born in captivity regime. It was verified, although,
the nestlings follow the same channels practically that the head offices and
reproductive, when no selected for reproduction are discarded or correspondents for
fattening systems and later they proceed for the other channels of the products and of
by-products (meat, trophies, hair, leather, etc).

Word-keys: distribution channels, nestlings, wild fauna, productive chain,

alternative livestock.

Introdução:
Para se iniciar uma criação de animais silvestres faz-se necessário a
autorização do IBAMA [(Nogueira (1997), Lavorenti (1997) Rocha (1997, 1998, 1999a,
1999b, 2003) Giannoni (2001) Rocha & Pedrozo (2001) Rocha & Cardozo (2001)].
1
Zootecnista – ESUCARV/GO. Especialista em Ciências Biológicas – UNICENTRO/PR.
Mestre em Agronegócios – UFRGS/RS. Doutorando em Zootecnia UFV/MG na área de produção e
comportamento animais silvestres.
Consultor em Agroeconegócios - Pecuária Alternativa Silvestre ou Exótica e Ecoturismo Cinegético.
Diretor-presidente da Associação Paranaense de Criadores de Animais Silvestres e Exóticos/ACRIASE.
E-mail: delciorocha@yahoo.com.br sites: www.animaissilvestres.com e www.ambienteemfoco.com.br

1
Atualmente, existe uma grande procura de filhotes de animais silvestres para início de
novos criadouros, fato que pode ser constatado junto aos centros de pesquisa,
zoológicos e órgãos federais. Animais nascidos em criadouros apresentam a vantagem
de se adaptarem mais facilmente aos novos sistemas de criação ou criadouros. A foto 01
retrata uma matriz de cateto (Tayassu tajacu) e suas crias nascidas em cativeiro.
Este comércio evita também uma pressão de caça sobre os indivíduos que
vivem em ambiente natural que pela legislação em vigor, potencialmente poderiam ser
utilizados na implantação de criadouros (ROCHA, 2003).

Foto 01 - Matriz de Cateto e seus filhotes

O esquema 01 apresenta a disposição os principais canais de comercialização
de filhotes silvestres (catetos, queixadas e capivaras) – desde o criadouro até o mercado
consumidor – e suas interações:
ZOOLÓGICOS

R
F EMPÓRIOS E
P
I NOVOS R
L CRIADOU-
O
MATRIZES E ROS
H REPRODUTORES D
O U
T Ç
E Ã
ATRAVESSA- O
S
DORES

CADEIA DA CARNE
DESCARTE
E DOS SUBPRODUTOS

Esquema 01 – Principais Canais de Distribuição de Mercado para Filhotes

Fonte: ROCHA (2003)

2
 Conforme os criadores, as vendas destes produtos podem ser:
1º canal direto: Os filhotes nascidos em cativeiro são destinados aos -
zoológicos visando reprodução.
2º canal Os filhotes são destinados para serem matrizes e reprodutores no
criadouro onde nasceram ou em novos criadouros visando à reprodução.
3° canal: Os filhotes são comercializados para os empórios 2 .

Resultados e discussão
Verificou-se que são utilizados animais desmamados e independentes da mãe
para a comercialização e/ou implantação de novos criadouros, com aproximadamente
60 dias ou 5.0 a 10.0 Kg. Durante o decorrer da pesquisa, observou-se que, a maioria
dos criadouros efetua a venda de filhotes oriundos da criação comercial de animais
silvestres, representa a venda de filhotes vivos como produto final com o peso adequado
à comercialização local, variando em média 20 kg para a capivara (Hydrochaeris
hydrochaeris) , 18 para o queixada (Tayassu pecari) e 12 kg de peso vivo para o cateto
(Tayassu tajacu).
Os filhotes seguem praticamente os mesmos canais que as matrizes e
reprodutores, quando não selecionados para reprodução são descartados ou enviados
para sistemas de engorda e posteriormente seguem para os demais canais dos produtos e
de subprodutos (carne, couro, taxidermia, troféus, caça, dentes, etc.).
Um mercado que pode crescer é a criação de animais3 para solturas em parques
de caça nos estados brasileiros onde esta atividade é permitida. Infelizmente, a
legislação vigente na maioria dos Estados impede esta atividade.

2
Empórios – são lojas especializadas na comercialização e distribuição dos produtos e sub-
produtos oriundos da pecuária silvestre, especialmente da carne e couro manufaturado.
3
- A exemplo da paca, Agoüti paca, passou a ser muito procurada como alternativa, a partir de
1997, da mesma forma que a ema, porém a avaliação econômica ainda aponta para a inviabilidade da
criação em sistemas intensivos devido aos altos custos de implantação, não compensados pela baixa taxa
de natalidade e infanticídio observados. Um roedor que poderia ser manejado de maneira similar ao
sistema que se aplica na criação da paca e que tem se destacado em termos de facilidades de manutenção,
assim como demonstrado bons índices de natalidade e baixos índices de mortalidade, é a cutia,
Dasyprocta spp (NEO,2003). Já os Ratões-do-banhado - a criação do ratão-do-banhado ou nútria,
Myocastor coypus, teve uma demanda mais acentuada em meados dos anos 90 no Rio Grande do Sul,
porém a manutenção dos projetos ficou prejudicada pela falta de incentivo oficial, a baixa produção e
insipiência do mercado nacional para o aproveitamento da carne e das peles pela concorrência da caça
predatória e o contrabando para o Uruguai (ROCHA. 2003).

3
 Referências Bibliográficas:
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Anais Zootec 2001 – XI Congresso Brasileiro de Zootecnia. III Congresso Internacional de Zootecnia.
Goiânia, mai/ 2001
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2001, Goiânia,GO.
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necessidades futuras. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia XXXIII, Anais, Nobel,
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NEO, Francisco de Assis – Diagnóstico do Manejo de Fauna Silvestre em Criadouros Comerciais no
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NOGUEIRA, S. S. da C. Exploração racional de animais silvestres. Análise econômica. In: I Semana
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________________. Manual Técnico de Criação e Manejo de Catetos (Tayassu tajacu) –
SemaFloTur, destinado ao Programa de Criação e Manejo de Animais Silvestres, do Parque das
Araucárias - Guarapuava- PR. 1998.
________________. Criação Comercial de Animais Silvestres – In: CANAL RURAL 1999. Filmado
em Guarapuava –PR, 1999a.
________________. Capibara (Chiguiro) (Hydrochaeris hydrochaeris) cría en cautiverio- In: Fitas de
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ROCHA D. C.C. & CARDOZO, R. M. Desenvolvimento Estratégico na Criação e Manejo de
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ROCHA, D.C.C. & PEDROZO. E. A Characterization of the Productive Chain of Wild Animals In
The South Area of Brazil. Anais The 7º European Roundtable on Cleaner Production- Lund,- Suécia
maio de 2001