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Março de 2011 AUTORA: CRISTINA BRUNO BARROS

Conteúdo As Relações Comerciais Brasileiras


 Página 1 como uma Estratégia Internacional e
A Política Externa Brasileira na
Era Lula
de Desenvolvimento
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Atores internacionais
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As empresas e a projeção bra-
sileira
A Política Externa Brasileira na Era Lula receber, atenção especial. As relações com
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países desenvolvidos deveriam tomar as
- Transição e panorama em
2011 Desde a virada do milênio e, mais especifi- devidas proporções, semelhantes às atribuí-
- Multilateralismo brasileiro e camente, após a posse do então presidente das à relação sul-sul, assim como as rela-
parcerias estratégicas Lula, em 2003, a política externa brasileira ções econômicas, comerciais e políticas com
 Página 6 tem passado por grandes transformações China e EUA deveriam ser repensadas.
Cenário atual e balança co- na busca de uma liderança regional e de
mercial
projeção global, promovendo uma maior É notório que as relações comerciais estão
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aproximação em relação aos países desen- interligadas com outros assuntos de ordem
Agenda brasileira
volvidos. Não se pode negar que o Brasil interna e externa, seja direta ou indireta-
tem feito avanços importantes e, com isso, mente, pois estas são estratégicas não só
tem conquistado um espaço cada vez maior para a projeção internacional do Brasil, mas
no cenário internacional, desempenhando também para a promoção do desenvolvi-
um papel relevante em temas globais como mento do país. Segundo o ex- presidente,
mudança climática, democracia, direitos alguns dos principais fatores para o desen-
humanos e comércio exterior. volvimento nacional seriam a promoção do
comércio exterior, a integração regional e
As prioridades do governo Lula foram cla- as negociações comerciais com outros blo-
ramente delimitadas: a busca pela conquis- cos e países.
ta de um assento permanente no Conselho
de Segurança das Nações Unidas, a formu- Durante o governo Lula, a institucionaliza-
lação de um acordo comercial na Rodada ção de blocos e grupos de coalizão com paí-
Doha e o aprofundamento da integração ses em desenvolvimento na busca pela di-
regional, permitindo o exercício da liderança versificação de parcerias foi um marco na
na América do sul e no MERCOSUL, além de política externa. Já em 2003, o Brasil se
retomar o multilateralismo por meio de par- tornou membro do IBAS (Brasil, Índia e Á-
cerias estratégicas. Nesse contexto, a políti- frica do Sul) e do G-20 e em 2009, foi a vez
ca externa tem exercido grande influência dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China),
na escolha dos nossos parceiros, em que potencializando as relações bilaterais com
algumas relações recebem, ou deveriam países estratégicos e, consequentemente,
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gerando uma maior autonomia em relação Contudo, o Brasil vai muito além, desenvol-
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às grandes potências, além de uma maior veu uma política externa abrangente e pró-
visibilidade na esfera internacional e maior ativa, segundo Amorim, buscando uma am-
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poder de barganha em foros multilaterais, pla agenda multilateral, na qual os EUA são
como OMC, FMI e ONU. No G-20, por e- parceiros fundamentais e estratégicos, ape-
xemplo, o Brasil tem atuado de maneira ati- sar de não serem os únicos. Ele defende
va defendendo a reforma do FMI. Blocos que o acordo de comércio e investimentos
como o G-20 são fundamentais para pro- entre Brasil e EUA também deva ser priori-
mover a cooperação entre os mais diversos dade na agenda do país. Este acordo facili-
países, com níveis de desenvolvimento dis- taria a discussão acerca da redução de bar-
tintos, estimulando uma economia global reiras não tarifárias no comércio bilateral e
mais equilibrada e mais propícia ao cresci- projetos de investimentos.
mento e desenvolvimento.
A diplomacia brasileira também estreitou os
Atores internacionais laços com o Oriente Médio, países árabes e
África, buscando incrementar parcerias es-
As transformações das realidades econômi- tratégicas comerciais e políticas. Entre o
ca, social e política do Brasil também foram Brasil e os países árabes, o comércio qua-
fatores preponderantes para alçar o país druplicou em sete anos. Com a África foi
nos principais debates da agenda interna- cinco vezes maior, ultrapassando até mes-
cional. No que tange ao MERCOSUL e a in- mo parceiros tradicionais como Alemanha e
tegração regional, o Brasil tem procurado Japão.
integrar o continente sul-americano por
meio do comércio, infraestrutura e do diálo- A União Europeia (UE) permanece como
go político. A reconstrução do bloco não só parceiro fundamental do Brasil nos campos
gerou um espaço para a liderança brasileira político e econômico, mas no campo comer-
e para a retomada do crescimento da eco- cial, as questões relativas à liberalização
nomia dos países vizinhos como abriu as comercial ainda não tem demonstrado mo-
portas para a cooperação com países de ou- vimentos relevantes. Entretanto, a União
tras regiões. Entretanto, as prioridades es- Europeia estuda eliminar a tarifa de impor-
tabelecidas pelo Brasil tem tido um custo tação para o etanol brasileiro, por exemplo.
mais alto do que de fato resultados concre- Segundo entrevista do embaixador João Pa-
tos e quando o assunto é o processo de in- checo, a UE terá que comprar o etanol bra-
tegração regional – em especial o MERCO- sileiro, pois os europeus não conseguem
SUL - e as relações bilaterais com países competir com o mesmo. A relação bilateral
sul-americanos, isso fica ainda mais eviden- Brasil-UE está refletida na Parceria Estraté-
te. Para o Embaixador Rubens Barbosa, o gica, que engloba temas variados e vai des-
MERCOSUL deveria ser flexibilizado para de a cooperação em política e em foros e-
facilitar as negociações comerciais e, do conômicos mundiais até mudança climática
ponto de vista interno, o comando efetivo e desenvolvimento sustentável, passando
da política de comércio exterior e das nego- pelas relações comerciais e de investimen-
ciações externas, deveria passar a ser exer- tos. Segundo dados divulgados pela Confe-
cido pela Camex (Câmara de Comércio Ex- deração Nacional da Indústria (CNI), o co-
terior). mércio bilateral entre Brasil e UE decaiu em
24%, assim como os investimentos euro-
peus no Brasil, que sofreram uma queda de
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90% em 2009, em relação a 2008, - parte sentaram um aumento no primeiro semes-
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por causa da entrada de novos atores na tre de 2010, estimulando uma recuperação
agenda brasileira, parte por causa da crise do MERCOSUL na pauta brasileira. As ex-
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econômica -, mas a UE continua sendo um portações para Europa Oriental e América
grande parceiro estratégico e uma das prin- Latina também aumentaram, em contrapar-
cipais fontes de investimento direto no Bra- tida com a desaceleração de vendas para a
sil. E mais, cinco dos dez principais destinos China , apesar de manter o superávit bilate-
de investimentos brasileiros são europeus: ral.
França, Holanda, Portugal, Dinamarca e Es-
panha. Vale ressaltar também que a reto- As empresas e a projeção brasileira
mada das negociações comerciais entre
MERCOSUL e União Europeia – como blocos Um fato bastante relevante para o comércio
– também tem tido destaque, apesar da brasileiro e que tem ganhado destaque em
cautela brasileira e da dificuldade em con- 2010 é o processo de internacionalização de
cluir um acordo comercial. empresas, que geraram investimentos de
quase US$ 12 bilhões – segundo dados do
Segundo Celso Amorim, o Brasil tem adota- Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos
do posições coerentes em todas as áreas, de Empresas Transnacionais e da Globaliza-
seja de segurança, mudança climática ou ção Econômica (SOBEET) – apesar de a ta-
comércio, o que o tornou um país forte nas xa de investimento brasileiro no exterior
grandes discussões mundiais. O protecio- ainda ser pequena, em relação ao PIB. Se,
nismo comercial realmente aumentou desde por um lado, a valorização do Real tem feito
2008, por causa da crise econômica mundi- o país perder competitividade, se pensar-
al, mas segundo Amorim, é por não temer mos nas exportações, por outro lado, esta
ações ousadas que o Brasil está colhendo valorização ajudou na recuperação dos in-
inúmeros resultados como a integração sul- vestimentos brasileiros, que haviam sido
americana e a consolidação do MERCOSUL. prejudicados pela crise financeira interna-
O Brasil tem se mostrado equilibrado e con- cional de 2008. Isso tem favorecido a inter-
tinua crescendo e atraindo investimentos nacionalização das empresas brasileiras,
mesmo em meio à crise, mas há controvér- que tem investido em obras de infraestrutu-
sias se de fato houve resultados concretos ra, bens de consumo e serviços, tendo um
relevantes. olhar privilegiado para a América do Sul.
Para o empresariado brasileiro, o MERCO-
Para Robson Braga de Andrade, novo presi- SUL é um problema a ser enfrentado, o blo-
dente da Confederação Nacional da Indús- co precisa deixar de ser somente político
tria (CNI), o Brasil está engessado dentro para se tornar econômico. Há um conside-
do MERCOSUL, sem conseguir progredir nos rável hiato entre os interesses das empre-
acordos comerciais, uma vez que as ques- sas brasileiras e os interesses ditos do país.
tões políticas tem dificultado as ações em-
presariais. Além disso, por causa da crise No entanto, é inegável que se abriu um no-
cambial, o país vem perdendo competitivi- vo cenário para o desenvolvimento multipo-
dade. Os superávits comerciais no Brasil em lar e, ao fortalecer o setor produtivo, sem
2010 sofreram grande redução por causa do desconsiderar a sustentabilidade ambiental
crescimento das importações e da desacele- e social, o Brasil passou a assumir uma po-
ração das exportações. Entretanto, as ex- sição estratégica ainda maior neste cenário,
portações brasileiras para a Argentina apre- além de promover um maior desenvolvi-
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mento para o próprio país. E tudo indica ceiros africanos em paralelo com a priorida-
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que continuará assim. As prioridades serão de regional, sem perder o foco no MERCO-
mantidas no novo governo, pelo menos se- SUL. Patriota também disse que irá “traba-
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gundo declarações da presidente Dilma lhar por resultados ambiciosos e equilibra-
Rousseff, que diz pretender continuar com dos nas negociações da Rodada Doha”. A
os esforços de integração da América do intenção brasileira é fechar o pacote de libe-
Sul, fortalecimento do MERCOSUL e lideran- ralização agrícola, industrial e de serviços e
ça do Brasil no bloco, além de manter o diá- assinar o acordo ainda este ano. Até o mo-
logo estratégico com países da União Euro- mento, o que já está negociado irá abrir
peia e com outras potências emergentes mais o mercado brasileiro, inclusive para a
como Índia, África do Sul, Rússia e China. O China. Mas alguns impasses ainda perma-
comércio exterior será prioridade de Dilma. necem, os EUA exigem um maior acesso
dos seus produtos industrializados ao mer-
Transição e panorama em 2011 cado brasileiro, mas tantos os americanos
quanto outros países desenvolvidos se recu-
Em seu discurso de posse, Dilma falou de sam a permitir um maior acesso de produ-
ampliar a força exportadora e da importân- tos agrícolas brasileiros em seus países, in-
cia de continuar fortalecendo as reservas cluindo a UE.
para manter o equilíbrio das contas exter-
nas. Ela também defendeu a atuação do Multilateralismo brasileiro e parcerias
Brasil em fóruns multilaterais visando uma estratégicas
política econômica equilibrada e a não con-
cessão ao protecionismo de países ricos. De O Brasil enfrenta na OMC os EUA e suas
acordo com Luciano Coutinho, presidente do barreiras ao etanol, a UE em função da car-
BNDES em entrevista para o Jornal Estado ne e a China por medidas compensatórias
de São Paulo, Dilma assumiu o compromis- aos danos causados pelos seus importados.
so de elevar os investimentos nas exporta- O Brasil tenta negociar acordos, mas está
ções. Segundo previsões do Ministério do cada vez mais difícil. Entretanto, a alta dos
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Ex- preços dos produtos agrícolas fez o Brasil
terior (MDIC), a meta para as exportações virar o jogo na Rodada Doha, propondo um
em 2011 é de mais de US$ 200 bi. As ex- acordo setorial na agricultura para compen-
portações de produtos básicos foram as que sar a abertura que deverá fazer nas áreas
mais cresceram, sendo os principais desti- industrial e de serviços, o que acabou pe-
nos de mercadorias brasileiras a China, EU- gando os países desenvolvidos de surpresa.
A, Argentina, Holanda e Alemanha. Pelos acordos setoriais, os países interessa-
dos eliminam ou reduzem significativamente
Seguindo a visão de Dilma, o novo ministro as alíquotas de importação de um segmento
das Relações Exteriores Antônio Patriota, específico. O setor de carnes, por exemplo,
declarou que não mudará a linha da era Lu- é um dos que poderiam receber cortes tari-
la. Segundo ele, a diplomacia do Itamaraty fários maiores e em ritmo mais acelerado.
está apoiada em três eixos: o reforço das Mas é verdade que, devido à situação em
relações tradicionais com os vizinhos sul- que o país se encontra, o governo de Dilma
americanos, EUA, Europa e Japão; a diversi- tem pouca capacidade para se comprometer
ficação de parcerias e o aperfeiçoamento do com liberalização adicional e, portanto, pa-
multilateralismo. Ademais, ele ressaltou em rece bem menos flexível em termos de a-
seu discurso uma agenda ativa com os par- bertura do mercado brasileiro
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Segundo Patriota, o Brasil também está equipamentos, além do setor que a CNI
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empenhado no acordo de livre comércio classifica como "indústrias diversas". Esse
MERCOSUL-UE, mas a valorização do real fenômeno é devido ao baixo custo de pro-
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tem dificultado as concessões na área in- dução na China e a valorização do real.
dustrial. O câmbio mudou a posição do país.
A UE é o maior parceiro comercial brasileiro, Mas ao contrário dos EUA, a insatisfação do
superando os US$ 74 bilhões de trocas co- Brasil, na verdade, está voltada para “a
merciais em 2010. Outro dado importante é composição da pauta comercial sino-
que quase metade do estoque de investi- brasileira e não apenas nos números”, de
mento externo direto no Brasil é provenien- acordo com Rodrigo Maciel ex-economista-
te de países membros da UE, fortalecendo chefe do Conselho Empresarial Brasil-China
ainda mais esta parceria. Mas para que haja e, atualmente, sócio da Strategus Consulto-
um acordo birregional concessões deverão ria. Ainda segundo ele, nos últimos cinco
ser feitas: o MERCOSUL nas áreas industrial anos, de tudo o que o Brasil importa da
e de serviços, e a UE, na agricultura. Entre- China, 70% é pela indústria, mas dentro
tanto, Patriota admite que a situação é mais destas importações incluem maquinário pa-
difícil na Rodada Doha, na qual os EUA exi- ra renovação e expansão do parque indus-
gem abertura adicional profunda por parte trial e insumos mais baratos que garantem
do Brasil, China e Índia. a maior competitividade brasileira nos mer-
cados doméstico e internacional.
Os EUA perderam espaço no comércio brasi-
leiro. Apesar de um aumento de 24% nas Em contrapartida, as exportações do Brasil
exportações brasileiras para o mercado a- ao mundo árabe bateram recorde em 2010.
mericano, as importações aumentaram em Os embarques renderam US$ 12,57 bilhões,
mais de um terço e, assim, o déficit no co- um aumento de 34% em comparação com
mércio com os EUA subiu 75% no ano pas- 2009, enquanto as importações de produtos
sado - de aproximadamente US$ 4,5 bilhões árabes totalizaram US$ 6,96 bilhões, avan-
para quase US$ 8 bilhões. Brasil e EUA es- çando 33%. O resultou foi um superávit
tão empenhados na negociação do acordo comercial de US$ 5,61 bilhões, valor tam-
de troca de informações em matéria tributá- bém recorde. Segundo dados divulgados
ria, mas não há perspectiva de terminar tão pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira,
cedo uma das negociações de maior inte- os principais destinos das mercadorias bra-
resse para o setor privado - contra a bitri- sileiras no mundo árabe foram a Arábia
butação das empresas que atuam nos dois Saudita, que importou o equivalente a US$
países. 3,09 bilhões, aumento de 59% em relação a
2009; Egito, com importações de US$ 1,97
Em relação à China, de acordo com a Son- bilhão, 36% a mais; Emirados Árabes Uni-
dagem Especial divulgada pela Confedera- dos, com US$ 1,85 bilhão, um crescimento
ção Nacional da Indústria (CNI), 52% das de 4,7%; e Argélia, com US$ 838,75 mi-
indústrias exportadoras brasileiras concor- lhões, um aumento de 17%. Os produtos
rem com fábricas chinesas em outros mer- brasileiros que mais foram exportados em
cados. De acordo com os dados publicados, 2010 foram açúcar, carne de boi e de fran-
a competição é mais intensa em seis seto- go e minério de ferro. E ainda há espaço
res industriais: de material eletrônico de para ampliar as vendas de alimentos em
comunicação, têxteis, equipamentos hospi- geral e de outros itens, como artigos de
talares e de precisão, calçados, máquinas e moda e bens de capital.
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O comércio entre o Brasil e a Alemanha em cia de Mubarak lança expectativas positivas
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2010 também bateu recorde. Com a crise para o comércio exterior brasileiro.
financeira global, as relações comerciais en-
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tre os dois países sofreram uma retração Cenário atual e balança comercial
em 2009, mas no ano seguinte apresentou
uma rápida recuperação e alcançou um Segundo Aldo Fornazier, diretor acadêmico
crescimento de 29%, com um saldo de US$ da Fundação Escola de Sociologia e Política
20,7 bilhões contra US$ 16,0 bilhões em de São Paulo, o que ocorre no Brasil é a au-
2009. O fator que mais contribuiu para o sência de uma estratégia de expansão co-
avanço das exportações brasileiras foi a ex- mercial no país que pode ser percebida di-
pansão nas saídas de minério de ferro, café, ante da precária infraestrutura e os custos
automóveis, soja, minério de cobre e avi- portuários e de logística. Para ele, “...não
ões. Do lado dos europeus, destaque para existem no país plataformas logísticas mo-
medicamentos humanos e veterinários, au- dernas de exportação. A própria legislação
tomóveis, tratores e compostos químicos. é, em vários casos, um entrave às exporta-
Segundo dados da Secretaria de Comércio ções. E apesar de o Brasil ter sido um dos
Exterior do Ministério do Desenvolvimento, mais ativos demandantes de investigações
as exportações brasileiras para a Alemanha na OMC, é possível dizer que não existe
chegaram a US$ 8,1 bilhões em 2010, um uma sólida política de defesa comercial”.
avanço de 31,8% se comparado com 2009.
As importações brasileiras aumentaram As exportações brasileiras tem dependido

27,2% totalizando US$ 12,6 bilhões. A Ale- fortemente de um número reduzido de

manha ocupa a quinta posição entre os commodities – com destaque para o minério

principais mercados de destino de produtos de ferro, petróleo bruto, complexo soja,

brasileiros, atrás apenas da China, Estados complexo carne e açúcar - e bastante do

Unidos, Argentina e Países Baixos. Entre os mercado chinês, que comprou 43,3% do

países exportadores de produtos ao Brasil, a total exportado destes produtos, de acordo

Alemanha ocupa a quarta posição, ficando com dados fornecidos pelo Jornal Valor Eco-

atrás apenas de Estados Unidos, China e nômico. Ainda assim, o Ministério do De-

Argentina. É o primeiro país da Europa nas senvolvimento, Indústria e Comércio Exteri-

relações comerciais com o Brasil. or informou que a balança comercial brasi-


leira registrou superávit de 424 milhões de
A crise política no Egito também roubou a dólares em janeiro contra um déficit de 179
cena no cenário comercial. Havia entre os milhões dólares no mesmo período em
empresários brasileiros a preocupação de 2010. Em dezembro de 2010, o superávit
interrupção no fluxo comercial entre os dois foi de 5,367 bilhões dólares. Analistas con-
países. Dentre os principais produtos que o sultados pela Agência Reuters previam para
Egito compra do Brasil estão o minério, a- janeiro um superávit de 1 bilhão de dólares.
çúcar e carnes, sendo que só o mercado e- O saldo de janeiro foi resultado de exporta-
gípcio consome cerca de 4% das exporta- ções de 15,215 bilhões de dólares e impor-
ções de carnes brasileiras - cerca de tações de 14,791 bilhões de dólares. Já o
US$300 milhões por ano em vendas, se- saldo comercial de fevereiro apresentou su-
gundo reportagem do Jornal O Globo. Mas perávit de US$ 1,199 bilhão, valor superior
para o vice-presidente da Associação de ao registrado em fevereiro de 2010 (US$
Comércio Exterior do Brasil (AEB), a renún- 389 milhões). E na avaliação do diretor da
RC Consultores, Fabio Silveira, “a vulnerabi-
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lidade estrutural de uma balança que tem bilateral de serviços aéreos e também dis-
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se pautado pelas exportações de produtos cutiram sobre o comércio bilateral, investi-
básicos deve continuar a dar o tom em mentos e impasses na OMC. Os ministros
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2011”. dos dois países não só debateram aspectos
das relações bilaterais, mas também sobre
Agenda brasileira assuntos multilaterais como a agenda do
Conselho de Segurança da ONU, IBAS,
Alguns fatos importantes tomaram conta da BRIC, o G-20 e a Rodada Doha, mostrando
agenda brasileira e terão grande influência convergência de posições. Em Declaração
sobre o comércio exterior brasileiro em Conjunta, eles expressaram satisfação com
2011. O primeiro episódio é a visita que a o significativo aumento do comércio – au-
presidente Dilma fará à China em abril e mento de 25% em relação ao ano passado -
sua participação na III Cúpula dos BRIC e investimento bilateral. Fernando Pimentel,
neste mesmo país, onde se encontrará com ministro do Desenvolvimento, Indústria e
líderes da China, Índia, Rússia e ainda Áfri- Comércio Exterior também esteve na China.
ca do Sul. Nesta visita, é esperada a nego-
ciação de uma parceria para ampliar as ex- Acontece ainda no mês de março o XX Co-
portações de minério de ferro e aço do Bra- mitê de Negociações Birregionais MERCO-
sil para a China, além de atender a apelos SUL-UE, em Bruxelas, e a esperada visita
do empresariado brasileiro para evitar a en- do presidente dos EUA, Barack Obama, ao
trada em massa de produtos chineses no Brasil. A visita de Obama está programada
país. Por ocasião dos preparativos, nos dias para os dias 19 e 20 de março. Apesar de
03 e 04 deste mês de março, o Ministro An- alguns rumores de que este encontro teria
tônio Patriota esteve na China. Durante a que ser adiado devido a compromissos pre-
sua visita, o ministro discutiu sobre os prin- sidenciais em seu país, a visita já foi con-
cipais temas da agenda bilateral, dentre e- firmada. Em entrevista ao Jornal Estado de
les comércio, investimentos e a cooperação São Paulo, o embaixador dos EUA no Brasil
em ciência e tecnologia. Em entrevista, Pa- Thomas Shannon disse que esta visita signi-
triota afirmou que os dois países “têm uma fica o grande interesse dos EUA no Brasil e
verdadeira parceria estratégica”. A China é o reconhecimento deste como uma potência
o maior parceiro comercial do Brasil, com emergente e que demonstrou que democra-
um intercâmbio de US$ 56 bilhões no ano cia e economia de mercado podem promo-
passado, além de ter sido o maior investidor ver a justiça social. Dentre questões de di-
estrangeiro no Brasil em 2010. reitos humanos e as divergências entre os
dois países quanto a Irã e Honduras, por
Patriota também esteve em Nova Delhi, na exemplo, Shannon destacou a venda de ca-
Índia, onde se encontrou com os ministros ças à Força Aérea Brasileira e disse estar
de Relações Exteriores da Índia, S.M. Krish- muito confiante numa parceria com o Brasil.
na e da África do Sul, Embaixador Maite E quando perguntado sobre o etanol, ele
Nkoana-Mashabane. De acordo com o Co- disse que esse ainda é um assunto que está
municado Ministerial da Sétima Reunião da tramitando no Congresso, mas que os EUA
Comissão Mista Trilateral do Fórum IBAS, pretendem melhorar as relações comerciais
eles reafirmaram o compromisso com a li- entre os dois países e aperfeiçoar as opor-
beralização do comércio, fazendo menção a tunidades de investimento. Obama terá
Rodada Doha, e uma cooperação sul-sul re- uma agenda oficial em Brasília no dia 19
forçada. Brasil e Índia assinaram um acordo onde se encontrará com a presidente Dilma
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e assinará alguns acordos bilaterais – como
MARÇO DE 2011
é esperado – e também participará da Cú-
pula de Negócios com empresários brasilei-
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ros. Já no dia 20, com uma agenda mais
popular, ele passará pelo Rio de Janeiro e
fará um discurso ao povo brasileiro. Possí-
veis acordos relacionados à previdência, sa-
télite, microcrédito, patentes, ajuda aos pa-
íses pobres, etanol e vistos são esperados.
Mas alguns outros temas também estarão
em debate: a questão do Irã e de Honduras,
a crise no mundo árabe, a candidatura do
Brasil a uma vaga permanente no Conselho
de Segurança, as negociações e impasses
da Rodada Doha, China, investimentos, pi-
rataria, imigrantes e meio ambiente.

O que esperar para 2011? A agenda multila-


teral brasileira está bastante intensa, o que
reforça as parcerias estratégicas e impulsio-
na o aumento do comércio exterior entre os
mais diversos países com os quais o Brasil
mantém laços diplomáticos, políticos e co-
merciais. As expectativas para 2011 são
bem positivas e até o momento os resulta-
dos tem se mostrado satisfatórios.

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