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Eduardo Verı́ssimo
1 Conceitos básicos Z
S ~j · ~ndS
1.1 O que é um fluido? ∆
representa a quantidade de fluido que atravessa ∆S
Fluido é uma substância em estado lı́quido ou gasoso.
por unidade de tempo.
Os fluidos não possuem uma forma própria. A princi-
pal diferença entre gases e lı́quidos é a sua compress-
ibilidade. Os gases mudam de volume com facilidade; 2.2 Linha de corrente
os lı́quidos variam muito pouco. Linha de corrente é uma linha contı́nua traçada no
lı́quido que, num mesmo instante t considerado,
1.2 Forças que agem sobre um fluido mantém-se tangente em todos os pontos à velocidade
~v.
Podem ser forças volumétricas, como a força gravita-
cional ou a centrı́fuga, que atuam sobre todo o volume 2.3 Trajetória
do fluido.
Também podem ser superficiais, que atuam somente A trajetória de uma partı́cula no fluido é o caminho
sobre a área da superfı́cie do volume. que ela percorre ao longo do tempo.
1
2.5 Equação de Euler movimento adiabático. Pode ser denominada equação
da adiabaticidade.
É a equação do movimento de um fluido perfeito.
d~v ∂~v ~
= ~ v = − ∇p + ~g
+ (~v · ∇)~ 3 Hidrostática
dt ∂t ρ
No caso do escoamento estacionário de um fluido As grandezas termodinâmicas sao função apenas das
perfeito incompressivel em um campo gravitacional coordenadas. Não há variação com o tempo, e a ve-
~
~g = −gŷ = −∇(gy), locidade é nula.
d~v 1~ 2 ∂
~ v = (∇
= (~v · ∇)~ ~ × ~v) × ~v + ∇(v ) =0
dt 2 ∂t
~v = 0
2.6 Equação de Bernouilli
E temos:
A partir da Equação de Euler para o escoamento esta-
cionário de fluido perfeito incompressivel, pode-se ∂ρ ~
+ ∇ · (ρ~v) = 0
obter: ∂t
se torna
1 2 p
v + + gy = constante
2 ρ
ρ = ρ(x, y, z)
ou, de outra maneira,
1 ∂(ρs) ~
ρ∆v2 + ∆p + ρg∆y = 0 + ∇ · (ρs~v) = 0
2 ∂t
Ela pode ser obtida também como uma equação de se torna
conservação de energia. A variação de energia cinética
(por unidade de volume) 21 ρ∆v2 é igual ao trabalho s = s(x, y, z)
feito sobre o sistema por unidade de volume pela força
e
gravitacional −ρg∆y e pelas forças aplicadas sobre um ~
∂~v ~ v) = − ∇p + ~g
elemento de fluido pelo fluido vizinho −∆p. + (~v · ∇)~
∂t ρ
p2 = p1 + ρg(y1 − y2 ) ~ = ρ~g
∇p
Esta equação diz que a pressão no interior de um Esta última equação é a equação de Euler para o
fluido aumenta lineramente com a profundidade para caso hidrostático.
um fluido incompressı́vel em um campo gravitacional.
No fundo de um tanque, por exemplo, p f undo = p +
3.1 Fluido incompressivel sob ação da gravi-
ρgh, onde h é a altura do tanque.
dade
2.6.2 Fluido com y = constante: Efeito Venturi 3.1.1 Sem rotação
1 1 ρ = ρ0
p2 + ρv22 = p1 + ρv21
2 2
~g = −g~k
2.7 Equação de continuidade para entropia
Então de
de um fluido perfeito
∂(ρs) ~ = −ρ0 g~k
∇p
+ ∇ · (ρs~v) = 0
∂t
Não há variação da pressão na horizontal, então
Na equação acima, ρs~v é a densidade de corrente de
entropia. É a equação da continuidade para a densi- ∂p ∂p
dade de entropia ρs, que vale para fluidos perfeitos em = =0
∂x ∂y
2
e p só varia na vertical, ao longo do eixo z: 3.2.2 Vasos comunicantes
∂p
= −ρ0 g 3.2.5 Manômetros
∂z
Na componente r a força que atua é a centrı́fuga: São usados para medir uma pressão em relação à
pressão atmosférica. Um dos tubos é deixado à
∂p pressão atmosférica, e o outro é sujeito à pressão que
= ρω2 r
∂r se quer medir. A diferença de altura nos dois tubos
corresponde à diferença de pressão entre a atmosfera e
O gradiente da pressão pode ser expresso como
a pressão que se quer medir.
~ = ∂p r̂ + 1 ∂p φ̂ + ∂p ẑ
∇p
∂r r ∂φ ∂z 3.3 Princı́pio de Arquimedes
A função p que é solução das equações acima é O empuxo é uma força resultante da diferença de
pressão entre a parte mais baixa e a parte mais alta
1
p = p0 − ρ0 gz + ρω2 r2 do objeto imerso no fluido.
2
onde p = p0 é ponto onde a parabolóide de E = p2 A − p1 A = ρliquido ghA = mliq g
revolução é mı́nimo, z = r = 0.
Isso significa que o empuxo é igual ao peso do fluido
deslocado.
3.2 Aplicações O ponto onde se aplica o empuxo é o centro de
3.2.1 Princı́pio de Pascal gravidade do fluido deslocado.
Se o empuxo for maior que o peso do objeto, ele
Uma variação de pressão em um ponto de um lı́quido sobe. Se for menor, ele desce. O movimento para
em equilı́brio é transmitida a todo o lı́quido. quando houver equilı́brio entre empuxo e peso.
3
4 Fluido compressivel sob ação da
dp −1
gravidade (campo uniforme) 1
= −gρ0 p0 γ dz
pγ
Nesse caso, podemos tratar da atmosfera sem ven- Integrando,
tos, em equilı́brio mecânico. A pressão e a densi-
γ
z γ−1
dade variam, então, somente ao longo da direção ver- p = p0 (1 − )
tical. Como p e ρ determinam univocamente todas z0
as grandezas termodinâmicas, então todas as outras γ
z γ−1
grandezas variam igualmente apenas com a altitude. ρ = ρ0 (1 − )
z0
Se houvesse variação de uma das variáveis, a tem-
peratura, por exemplo, na direção horizontal, neces- z
T = T 0 (1 − )
sariamente haveria vento. z0
Em um gás ideal, onde
R γ p0
p= Tρ z0 =
m γ − 1 gρ0
A equação do equilı́brio nesse caso se torna É possı́vel observar que a temperatura cai linear-
mente com a altitude. No entanto, isso não leva a
dp
= −ρ(z)g resultados em acordo com os dados empı́ricos. Isso
dz
acontece porque nesse cálculo foi considerado apenas
Temos então, substituindo a equação de Clapeyron ar seco. Na prática, o ar é úmido, e quando esfria, con-
na equação da continuidade, densa. E esse fenômeno é exotérmico.
dp mg dz Para modelar melhor a atmosfera, consideramos γ
=− = 1,2 ao inves de 1,4. Os resultados então se tornam
p R T (z)
mais consistentes com os dados.
Integrando essa equação, temos
mg z dz
Z
p = p0 exp(− ) 5 Escoamentos estacionários
R z0 T (z)
Em um escoamento estacionário, a velocidade não é
que é a fórmula barométrica. Conhecendo a tem-
nula, porém, ela não varia com o tempo. As grandezas
peratura em função da altitude, é possivel determinar
termodinâmicas permanecem constantes no tempo.
a pressão.
pV γ = constante Como
∂ρ
1 =0
∂t
1 γ
1 pγ p
pγ V = = 0 temos
ρ ρ0
4
5.3.1 Tubo de Pitot
∇ · (ρ~v) = 0
Na superfı́cie de objetos na correnteza de um fluido há
Daı́ podemos considerar que pontos de estagnação em que ~v = 0. Determinamos
que a pressão nesses locais é p0 . Para qualquer outro
ρ1 S 1 v 1 = ρ2 S 2 v 2 ponto na superfı́cie onde o escoamento não é pertur-
Para fluidos incompressiveis, bado, a pressão e a velocidade satisfazem
S 1 v1 = S 2 v2 ρv2
p0 = p +
2
5.2.2 Conservação da entropia Acoplando-se um manômetro a esse objeto um
Em um fluido perfeito, o raciocı́nio acima se aplica manômetro diferencial podemos medir p − p0 . Temos
substituindo ρ por ρs. Isso significa que o fluxo de que p − p0 = ρ0 gz. Portanto podemos medir a veloci-
entropia por uma superfı́cie S 1 é igual ao que passa dade através da altura do fluido no tubo.
pela superficie S 2 . s
Em outras palavras, a entropia especı́fica é constante 2ρ0
v= gz
ao longo das linhas de corrente em um escoamento ρ
estacionário.
5
5.4 Equação de Bernouilli em um fluido per-
feito compressı́vel
Esse é o caso da velocidade de escape de um gás
através de um pequeno orifı́cio.
Dentro do recipiente a velocidade do fluido é zero.
A velocidade de escape é determinada através da
fórmula de Zeuner
!1− γ1
2γ p 0
p
v2e = 1 −
γ − 1 ρ0
p0
A máxima velocidade que se pode conseguir é dada
por
s s
2γ p0 2γ RT 0
vm = =
γ − 1 ρ0 γ−1 m
A diferença entre o comportamento do gás e o com-
portamento de um fluido
p incompressivel em que a ve-
locidade de escape 2gh cresce sem limite com h se
deve ao trabalho adicional realizado para que esse gás
se expanda. Se o movimento não for estacionário, a
velocidade pode ser maior que vm .