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CAMPO GRANDE - MS
MAIO - 2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
CAMPO GRANDE - MS
MAIO - 2009
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6 induzir a produção de gonadotrofinas pela hipófise anterior (LH e FSH), que por sua
9 estes a androsterona, que não possui função anabolizante, mas resulta no aparecimento
11 provoca a não aceitação dos consumidores pela carne de suínos machos inteiros. Deste
12 modo, buscam-se alternativas para evitar o aparecimento deste odor e sabor, das quais a
14 castração cirúrgica, por se basear na remoção dos testículos, provoca a eliminação dos
19 procedimento que não causa dor aguda aos animais, representando redução no estresse,
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2
2 inducing gonadotrophins production by the anterior hipophysis (LH and FSH), that act
3 in the gonads, stimulating testes growth and spermatogenesis, among other functions. In
5 which does not have anabolic function, but contributes for the arising of boar taint in
6 male swine after puberty. This unpleasant odor provokes the non-acceptance of meat
7 from boars by consumers. Thus, alternatives have been seek in order to avoid the arising
8 of this odor, of which surgical castration before weaning is the main applicable method
13 has been seen as a feasible alternative in this matter, because it is not a pain-related
14 procedure to the animals, representing reduction in stress, and leads to the use of
15 performance characteristics and carcass lean meat deposition of boars. Therefore, the
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3
1 1 INTRODUÇÃO
3 Na produção atual de suínos, grande parte dos animais destinados ao abate são
6 cerca de 100 milhões de leitões sejam castrados anualmente, considerando apenas países
14 (Prunier et al., 2006). Por ser um fator estressante aos animais, causando dor e
15 ferimentos que podem levar á deficiências crônicas no desempenho dos animais, tornou-
17 países. A Noruega, por exemplo, pretende banir completamente a castração cirúrgica até
18 o final de 2009 (Bonneau & Enright, 1995; Zeng et al., 2002; Bauer et al., 2008).
22 eliminação deste fator. O odor está relacionado com a maturidade sexual e produção de
23 hormônios dos machos suínos, tornando a carne de animais não castrados imprópria
3 não causem impactos negativos ao desempenho produtivo dos animais e que atendam
9 2 REVISÃO DE LITERATURA
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12 MATURIDADE SEXUAL
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15 sexual de suínos machos é de extrema importância, pois estes têm ligação direta com o
16 chamado “odor na carcaça” que ocorre em machos suínos que atingiram a maturidade
4 idade, sendo que estes animais alcançam a maturidade sexual por volta dos 10 meses,
12 humoral entre os sistemas endócrino e nervoso, que age na hipófise anterior, induzindo
17 apóia diversas fases críticas da maturação dos espermatócitos, por meio da estimulação
19 testosterona e outros hormônios esteróides nas células de Leydig. A testosterona por sua
20 vez, bem como estes outros esteróides testiculares, são subseqüentemente liberados na
1 testiculares. (Metz et al., 2002; Hafez & Hafez, 2004; Jaros et al., 2005; Einarsson,
2 2006).
10 provocando a não aceitação dos consumidores, que demandam produtos livres deste
11 odor. Este odor ocorre pelo acúmulo ou associação dos seguintes compostos: a
14
15 2.2.1 ANDROSTERONA
16
18 pelas células de Leydig nos testículos. O efeito fisiológico da androsterona porém não é
20 fêmea suína (Andressen, 2006; Clarke et al., 2008). Parte da androsterona é secretada na
21 saliva, servindo como feromônio, enquanto outra parte é depositada no tecido adiposo
22 (Jaros et al., 2005; Lundström & Zamaratskaia, 2006). Sabe-se pouco sobre a
4 facilmente associável ao odor da urina (Metz et al., 2002; Claus et al., 2007).
6 2.2.2 ESCATOL
8 O escatol por sua vez possui um odor associado ao odor das fezes e, ao contrário
14 substrato, que podem ser alteradas pela alimentação. Em alguns machos inteiros, uma
15 proporção do escatol passa pelo fígado sem ser metabolizado e se acumula no tecido
16 adiposo. Este acúmulo causa o odor fecal facilmente perceptível quando a carne é
17 aquecida, visto que a maioria das pessoas é capaz de detectar o odor do escatol na carne
18 suína (Jaros et al., 2005; Andressen, 2006; Lundström & Zamaratskaia, 2006;
21 adiposo de machos inteiros pode ser explicada pela inibição do catabolismo do escatol
12 1995; Lundström & Zamaratskaia, 2006). Esta alternativa, porém, possui sérias
16 suíno atinge os estágios mais avançados da puberdade (Thun et al., 2006), além do
22 consumidores.
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6 al., 2008).
8 criadores de suínos, pois ocorre desta forma a redução na idade de abate, com
11 Burdizzo e o anel de borracha não têm aplicação pratica na castração de suínos devido
12 ao posicionamento dos testículos destes animais, que não são tão externos quanto os
13 testículos de bovinos e ovinos, por exemplo (Taylor & Weary, 2000), como pode ser
14 visto na Figura 1.
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10 leitões, que é feito rapidamente, podendo levar até menos de 30 segundos, incluindo o
11 tempo de captura dos animais. Este procedimento envolve o corte ou rompimento dos
12 tecidos, mas existem variações nos métodos utilizados. A localização das incisões
14
11
6 do animal. Estes podem ser contidos das seguintes maneiras: entre as pernas do
9 produtores fazem duas incisões, de cada lado do escroto, enquanto outros fazem uma
15 testículos são extraídos e removidos tanto por corte quanto puxando o cordão
16 espermático, de forma que este rompa. O corte é feito com um bisturi seguido de
21 rotineira sem anestesia como sendo um procedimento cruel e doloroso para o animal
22 (Jaros et al., 2005). Taylor & Weary (2000), identificaram por meio da vocalização
25 provocam mais dor nestes animais do que a incisão escrotal. A aplicação de anestesia
26 local ou geral certamente poderia reduzir a dor aguda durante a castração, mas não é
12
4 castração cirúrgica, uma solução mais promissora pode estar na busca por alternativas
8 2.4 IMUNOCASTRAÇÃO
11 GnRH, que por sua vez estimula o LH a agir nos testículos e iniciar a produção de
13 contendo uma forma modificada de GnRH conjugada à uma proteína, que induz a
15 utilização do próprio sistema imune do suíno para suprimir o GnRH interrompe o eixo
20 testículos e a síntese de hormônios esteróides (Oonk et al., 1998; Adams, 2005; Thun et
21 al., 2006; Claus et al., 2007; Bauer et al., 2008; Pauly et al., 2009), incluindo a
23 carcaça.
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13
4 imunológica vem sendo desenvolvidas. Bonneau et al. (1994) e Bonneau & Enright
8 (adjuvante de Freund - FCA), que não tinha aceitação para uso em uma vacina
11 necessária, pois o GnRH por contra própria possui tamanho muito pequeno para ser
13 era visada, buscando prevenir a formação de lesões na pele na área da injeção, visíveis
15 quantidade de injeções necessárias para se ter o efeito esperado. Buscava-se uma vacina
3 aceitáveis antes do abate (Bonneau et al., 1994; Bonneau & Enright, 1995; Thompson
14 Considera-se como principais efeitos desta vacina a redução dos níveis de LH,
17 semelhantes foram encontrados por Bauer et al. (2008), os quais são apresentados na
18 Figura 3.
15
10 IMUNOCASTRAÇÃO
11
7 injeção de animais vacinados; a redução nas lesões de luta que ocorrem após transporte
12 com auto-injeção pelos operadores, que implica no treinamento do funcionário para uso
16 consumidores pela com questões relacionadas a efeito residual da vacina na carne dos
17 animais imunocastrados (Prunier et al., 2006), fato levantado por Huber-Eicher &
21 sendo que nesta mesma pesquisa, 51,7% das mulheres e 42,5% dos homens
24 idades diferentes (23 ou 26 semanas de idade), Dunshea et al. (2001) verificaram que,
17
3 testosterona sérica de > 2nM (Tabela 1). Dentro de duas semanas após a segunda
6 níveis de androsterona na carcaça foram quase oito vezes maiores em comparação com
7 os machos imunocastrados, que por sua vez não apresentaram diferença significativa
13 androsterona na carcaça entre 0,5 e 1,0 µg/g. O restante dos machos nos quais a vacina
17 vezes mais altos do que os imunocastrados, que por sua vez, não foram significativos
19 imunogênica, não houve ocorrência de indivíduos excedendo o nível limiar de 0,25 µg/g
21 placebo. Quando os grupos de idade forma comparados, 115 machos do grupo controle
1 limiar máximo de 0,5 e 0,25 µg/g, respectivamente. Contra estes limiares, a vacina de
3 respectivamente.
7 valores apresentados por machos inteiros, sendo estes valores menores do que os
11 (Tabela 2).
16 salivares e dos testículos dos animais imunocastrados, sendo este quase duas vezes
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2 Tabela 1 – Efeito do sexo, idade a vacinação e vacina de imunocastração na testosterona plasmática, peso testicular ao abate e
3 androsterona no tecido adiposo ao abate (Adaptado de Dunshea et al., 2001).
Antes (a) Depois (b)
Inteiro Imunocastrado P-value Inteiro Imunocastrado P-value
Testosterona no plasma
(nM)
Dose secundária 13,7 12,7 NS 6,61 8,27 NS
Dose secundária + 2
semanas 8,52 0,51 <0,001 7,03 0,54 <0,001
Dose secundária + 4
semanas 10,5 1,16 <0,001 8,26 0,62 <0,001
Peso testicular (g) 421,6 182,6 <0,001 509,6 254,4 <0,001
Androsterona na carcaça
(µg/g) 1,21 0,16 <0,001 1,05 0,126 <0,001
Escatol na carcaça (µg/g) 0,133 0,068 <0,001 0,095 0,056 <0,001
(a) - Suínos recebendo vacinação primária, vacinação secundária e foram abatidos às 15, 19 e 23 semanas de idade, respectivamente.
(b) - Suínos recebendo vacinação primária, vacinação secundária e foram abatidos às 18, 22 e 26 semanas de idade, respectivamente.
4
6
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Peso
Testículos (g) - 299 b 584 a
Glândulas salivares (g) 40 c 46 b 68 a
a,b,c
5 Em uma linha, a média dos quadrados mínimos para os tratamentos
6 experimentais sem um sobrescrito em comum diferem (P<0,05).
d,e
7 Em uma linha, a média dos quadrados mínimos para os tratamentos
8 experimentais sem um sobrescrito em comum diferem (P<0,10).
9
10 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
11
15 carcaça, permitindo além disso, que os animais apresentem por mais tempo as
21
3 deve ser estudada com cautela, de forma que possam ser analisadas questões inerentes a
4 viabilidade econômica na implantação desta técnica, o preço pago por frigoríficos pela
7 4 REFERÊNCIAS
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