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RESUMO
ABSTRACT
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v. 1, n. 3, p. 19-26, Mai/Jun, 2007. ISSN 1981-9919.
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ser submetido ao ato cirúrgico deve preencher orientando-os sobre a nutrição pós-cirúrgica,
os seguintes critérios: exercícios físicos, dietas e detecção precoce
• IMC ≥ que 40 Kg/m²; de complicações metabólicas e quadros
• IMC ≥ 35 Kg/m², associado a comorbidades; psiquiátricos, com o objetivo de propiciar
• tempo mínimo de 5 anos de evolução da adequado e satisfatório resultado cirúrgico e
obesidade; de perda do excesso de peso.
• história de falência do tratamento Entretanto, na prática clínica, observa-
convencional realizado por profissionais se que muitos pacientes acreditam estar bem,
qualificados; não desejam continuar o acompanhamento
• ausência de dependência de drogas ilícitas multidisciplinar, e acabam não recebendo esse
ou alcoolismo; suporte (Kenler, Brolin e Cody, 1980). Para
• ausência de quadros psicóticos ou que a evolução cirúrgica ocorra de maneira
demências graves ou moderadas; adequada, o paciente deve receber este
• ser capaz de se cuidar ou dispor de pessoas acompanhamento, inclusive em longo prazo
ou instituições que garantam seu (Fandiño e colaboradores, 2004).
acompanhamento pós-operatório adequado
com equipe multidisciplinar, por toda a vida Técnicas cirúrgicas
(National Institutes of Health Consensus
Development Conference Statement, 1992). O tratamento cirúrgico da obesidade
surgiu na década de 50 e com o passar dos
A taxa de mortalidade aceitável da anos as técnicas foram sendo aperfeiçoadas
cirurgia bariátrica está entre 0,5 e 1,5%. (Garrido, 2004). Atualmente, as mais utilizadas
Porém, a realidade é um pouco diferente, são as restritivas (balão intragástrico,
sendo este valor de, aproximadamente, 1,9%, gastroplastia vertical bandada e banda
decorrente do maior risco anestésico, devido à gástrica ajustável) e as mistas (cirurgia mista
obesidade e suas comorbidades. Além disso, com maior componente restritivo e cirurgia
pacientes operados por cirurgiões mista com maior componente disabsortivo)
inexperientes estão 4,7 vezes mais (Resolução CFM, 2005).
predispostos ao óbito (Scheier, 2004). As cirurgias disabsortivas não são
O paciente deve receber tratamento mais utilizadas, em virtude da elevada
pré e pós-cirúrgico, orientado por equipe incidência de complicações metabólicas e
multidisciplinar (psiquiatra, endocrinologista, nutricionais em longo prazo. Nesta técnica,
nutricionista, psicólogo, educador físico e grande parte do intestino torna-se não
cirurgião bariátrico) (Garrido, 2004). Estes funcionante, acarretando intensa perda de
profissionais devem atuar nos períodos pré e nutrientes através das fezes, além de
pós-cirúrgicos, esclarecendo dúvidas, complicações digestivas, como diarréia,
discutindo e adequando as expectativas do cirrose e pneumatose intestinal, devido a
paciente às limitações do tratamento cirúrgico, ocorrência de um supercrescimento bacteriano
elaborando um adequado planejamento (Resolução CFM, 2005).
alimentar, investigando sobre possíveis
alterações psíquicas e sugerindo outras fontes Balão intragástrico
de prazer, que não apenas o ato de comer
(Cordás, Lopes e Segal, 2004). O paciente Em 1982, Nieben e Harbol
também deve participar ativamente do apresentaram um tratamento alternativo à
tratamento para atingir resultados positivos e cirurgia para obesidade mórbida. A proposta
minimizar as possíveis complicações consistia na utilização de uma prótese, que
cirúrgicas e metabólicas (Garrido, 2004). preenchia e restringia a cavidade gástrica,
Cordás, Lopes e Segal (2004) causando sensação de saciedade e
sugerem a formação de grupos de suporte diminuindo o volume residual disponível para o
pós-cirúrgico que incluiriam pacientes, pais e alimento (Resolução CFM, 2005).
cônjuges. Durante as reuniões, seriam O balão intragástrico é uma prótese de
abordadas as dificuldades da família e silicone com formato cilíndrico, ligado a uma
utilizadas técnicas de aconselhamento e sonda de preenchimento, por onde é insuflado
resolução de problemas. Estes grupos visam a com líquido e 10% de Azul de Metileno. É
melhora da aderência ao tratamento, introduzido no paciente pela cavidade oral,
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evacuações diárias com fezes e flatos fétidos Mudanças no hábito alimentar na fase
(Resolução CFM, 2005). pós-cirúrgica também contribuem para o
surgimento das deficiências de vitaminas e
Acompanhamento: minerais. A carne vermelha, grande fonte de
Não foi encontrada nenhuma ferro, é o alimento mais difícil de ser
recomendação específica para o pós- consumido depois de qualquer técnica
operatório de pacientes submetidos a esta restritiva, e o leite e seus derivados, grandes
técnica cirúrgica. Assim sendo, o fontes de B12, são os alimentos mais
acompanhamento preconizado para a cirurgia intolerados após a técnica de bypass
bariátrica, em geral, deve ser seguido. (Marceau e colaboradores, 2001).
Segundo Mason, Jalagani e Vinik
Resultados: (2005), a deficiência de vitamina D também é
De acordo com Garrido (2004), muito freqüente na cirurgia de bypass em Y de
aproximadamente 64% do peso excessivo é Roux, provocando perda de massa óssea.
eliminado. Após o uso das técnicas mistas, o
alimento ingerido é jogado para dentro do
Complicações Metabólicas jejuno cerca de 10 a 15 minutos após a
ingestão, tempo insuficiente para a correta
Os tipos e severidade das digestão e liberação gradual do quimo, e
complicações metabólicas resultantes da começa a sofrer hidrólise tornando o meio
cirurgia bariátrica, dependem da técnica mais concentrado. Em resposta, é retirado
cirúrgica utilizada. Todas as complicações líquido do plasma para equilibrar o meio mais
metabólicas em longo prazo são incompletas concentrado, ocasionando queda do volume
devido ao pobre acompanhamento dos sanguíneo que leva à diminuição do
pacientes no período pós-cirúrgico e/ou dados rendimento cardíaco, taquicardia, suor,
incompletos sobre as complicações (Mason, fraqueza e outros sintomas como náuseas,
Jalagani e Vinik, 2005). vômito e cólicas abdominais seguidas por
A banda gástrica vertical apresenta diarréia (Mahan e Stump, 1998).
menos complicações do que as outras Todos os médicos cirurgiões
técnicas. Deficiência de vitamina B12, tiamina especialistas na técnica de cirurgia bariátrica
e desmineralização óssea são as deveriam saber do grande potencial que os
complicações metabólicas mais freqüentes pacientes submetidos a este tratamento têm
(Mason, Jalagani e Vinik, 2005). de desenvolverem complicações metabólicas
Garrido (2004) relata que ao utilizar a e ajudar a diagnosticar, prevenir e tratá-las
técnica acima, geralmente, não é necessária durante toda a vida dos mesmos.
suplementação de vitaminas. Entretanto,
recomenda o acompanhamento das
concentrações séricas de ácido fólico, CONSIDERAÇÕES FINAIS
transferrina, ferritina e vitamina B12.
A técnica de bypass em Y de Roux
provoca deficiência de pelo menos um A cirurgia bariátrica consiste em uma
micronutriente na maioria dos pacientes, importante alternativa para o tratamento da
durante o longo período de acompanhamento. obesidade mórbida. Entretanto, é primordial
A absorção do ferro encontra-se diminuída em que as orientações e indicações clínicas pré-
virtude da menor secreção de ácido gástrico e determinadas para este procedimento sejam
da não exposição deste nutriente no duodeno respeitadas, para que os abusos atuais
e jejuno proximal, onde é absorvido. Assim deixem de ocorrer, onde obesos engordam
sendo, a anemia ocorre com grande ainda mais para se enquadras nos critérios
freqüência e pode se tornar um problema para realização da cirurgia. Estes indivíduos
persistente. Ocorre deficiência de vitamina não consideram quaisquer complicações
B12 e folato, também em virtude da ressecção metabólicas, assim como não estão dispostos
gástrica, que provoca diminuição da secreção a modificar seu estilo de vida.
de ácido gástrico e fator intrínseco (Mason, A recidiva de ganho de peso ainda é
Jalagani e Vinik, 2005). muito elevada, e um dos fatores causais é a
inexistência do acompanhamento pré e pós-
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operatório adequados. Há a necessidade de 10- Marceau, P.; Hould, F.S.; Lebel, S.; e
conscientização destes pacientes sobre a colaboradores. Malabsorptive obesity surgery.
necessidade de mudar seus hábitos Surg Clin N Amer, v. 81, 2001, p.113-1127.
alimentares e psicológicos, para que o objetivo
de redução do peso corporal seja alcançado e 11- Mason, M.E.; Jalagani, H.; Vinik, A.I.
mantido. Para tanto, o trabalho da equipe Metabolic Complications of Bariatric Surgery:
multidisciplinar durante todo o Diagnosis and Management Issues.
acompanhamento destes pacientes é de Gastroenterol Clin N Am, v. 34, 2005, p. 25-33.
fundamental importância.
12- Monteiro, C. Epidemiologia da obesidade.
São Paulo: Lemos Editorial, 1998. p. 15-31.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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J Am Coll Surg, v. 194, 2002, p.367-375. Gastrointestinal surgery for severe obesity. Am
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2- Cordás, T.A.; Lopes, A.P.F.; Segal, A.
Transtorno Alimentar e Cirurgia Bariátrica: 14- NIH Conference Development Panel.
Relato de Caso. Arq Bras Endocrinol Metab, v. Gastrointestinal surgery for severe obesity.
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