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Curso de Matemática

UM ESTUDO ANALÍTICO DOS POLINÔMIOS E


EQUAÇÕES POLINOMIAIS

Ana Cristina dos Santos Garcia


Elaine R. Marquezin Marinho
Rafael Cremm
Ricelli Pereira da Silva

Osasco
1º semestre / 2007

1
Centro universitário FIEO
Curso de Matemática

UM ESTUDO ANALÍTICO DOS POLINÔMIOS E


EQUAÇÕES POLINOMIAIS

Trabalho apresentado para créditos


na disciplina de Pesquisas em
Matemática I sob orientação da
Profª. Drª. Élvia Mureb Sallum.

Ana Cristina dos Santos Garcia


Elaine R. Marquezin Marinho
Rafael Cremm
Ricelli Pereira da Silva

Osasco
1º semestre / 2007

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”Deus criou os números naturais, tudo o mais foi invenção do homem”
Leopold Kronecker (1886)

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ÍNDICE

Resumo............................................................................................................................06
Introdução........................................................................................................................07
1.1 As Equações algébricas.............................................................................................08
1.1.1 A equação do 2º grau e a fórmula de Bháskara..................................................08
1.1.2 A equação do 3º grau e a fórmula de Cardano.......................................................09
1.1.3 A equação do 4º grau e a fórmula de Ferrari......................................................11
1.1.4 As equações de grau superior a quatro...............................................................12
Capítulo II........................................................................................................................14
2.1 Polinômios e equações polinomiais...........................................................................15
2.1.1 Polinômios..........................................................................................................15
2.1.2 Equações algébricas............................................................................................17
2.1.3 Propriedades de operações com polinômios.......................................................18
2.1.4 Divisão de polinômios........................................................................................19
2.1.5 Redução do grau de uma equação......................................................................23
2.2 Teorema Fundamental da Álgebra............................................................................25
2.3 Relações entre coeficientes e Raízes.........................................................................30
2.3.1 Equação do 2º grau.............................................................................................30
2.3.2 Equação do 3º grau.............................................................................................31
2.3.3 Equação de grau n (n>1)....................................................................................31
2.4 Teorema das raízes racionais.....................................................................................34
2.5 Teorema das raízes complexas..................................................................................36
2.6 Equação do 2º grau....................................................................................................38
2.6.1 Resolução da equação do 2º grau completando quadrados................................38
2.6.2 Fórmula de Bháskara..........................................................................................40
2.7 Trinômio do 2º grau...................................................................................................42
2.7.1 Estudo do sinal....................................................................................................43
2.8 Fórmula de Cardano..................................................................................................49
2.8.1 Análise das raízes de uma equação do 3º grau...................................................54
2.9 A equação do 4º grau.................................................................................................56
2.9.1 O método de Ferrari............................................................................................56
2.9.2 Resolução geral para um polinômio do 4º grau..................................................58

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2.9.3 Conseguindo as quatro raízes.............................................................................59
Capítulo III......................................................................................................................61
3.1 Aproximação de raízes de uma equação polinomial por métodos numéricos...........62
3.1.1 Métodos iterativos para aproximação de zeros reais de funções.........................63
3.1.1.1 Método da Bissecção......................................................................................63
3.1.1.2 Método de Newton.........................................................................................67
3.2 Aplicações.................................................................................................................71
Referências bibliográficas...............................................................................................88

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1.1 RESUMO

A Matemática, guardiã de uma riqueza inestimável, tem nos proporcionado aos


poucos desvendar alguns desses tesouros como, por exemplo, os polinômios e as
equações algébricas. O estudo analítico do tema, cujas idéias originais foram extraídas
das mais diversas publicações destinadas ao ensino de Álgebra, Cálculo Numérico e
História da Matemática e textos científicos disponíveis na internet, nos tem
proporcionado a construção de uma base teórica consistente acerca do surgimento das
fórmulas usadas na resolução de equações polinomiais do 2º ao 4º grau e da
impossibilidade de se determinar uma fórmula para resolver algebricamente equações
de grau superior a quatro, mesmo depois das muitas tentativas feitas por ilustres
matemáticos. Ainda, nos tem revelado os nomes dos verdadeiros descobridores dos
métodos de resolução das equações, que na grande maioria dos casos foram passados
para trás por colegas desleais que acabaram levando o mérito pelo feito de outro. Desta
forma, assim como no ponto de vista teórico foram frutíferas as descobertas; no ponto
de vista das aplicações não ficou a desejar, isto é, mostrou que o tema tem sua
relevância tanto na Matemática como no cotidiano e em outras áreas do conhecimento
científico; sobretudo, na Física e na Economia, possibilitando a estas ciências
determinar, por exemplo, a altura mínima necessária para uma pessoa saltar de bungee
jumping considerando sua massa, o comprimento e a resistência do elástico ou o lucro
máximo obtido com a venda de um produto; entre muitas outras aplicações.

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem por objetivo o estudo analítico dos polinômios e das
equações polinomiais, resgatando os métodos de resolução das equações do 2º ao 4º
grau e identificando os motivos pelos quais não existe uma fórmula geral para resolver
as equações de grau maior ou igual a cinco.
Além disso, visa contribuir para o aprimoramento e/ou ampliação dos
conhecimentos científicos dos profissionais da Área de Exatas e, sobretudo dos
graduandos do curso de Matemática, acerca dos polinômios e das equações polinomiais.
Entretanto, para uma melhor compreensão do texto científico produzido aqui é
fundamental aos leitores um prévio conhecimento dos fundamentos matemáticos,
principalmente das operações algébricas com polinômios.
O leitor poderá verificar no terceiro capítulo, a grandiosidade de aplicações do
fenômeno estudado no campo da matemática, no dia-a-dia e em outras áreas do
conhecimento, contribuindo de maneira significativa no desenvolvimento das mesmas.
Para o leitor que aprecia uma boa história, em seguida apresentamos um breve
resumo das notas históricas que envolveram as equações polinomiais e seus métodos de
resolução.

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1.1 AS EQUAÇÕES ALGÉBRICAS

Devido a registro muito antigos, os chamados papiros, sabemos que as equações


algébricas existem há aproximadamente 4000 anos. Foram várias as maneiras utilizadas
pelos egípcios para resolver tais equações. Mas foi a partir dos axiomas enunciados na
obra Os Elementos de Euclides que se chegou ao método de resolução da equação do 1º
grau utilizado até hoje. A obra de Euclides influenciou toda a produção científica
posterior a ela e é o livro-texto mais antigo e que continua em vigor até os dias atuais.
Os axiomas enunciados por Euclides no início dos Elementos e em que está
fundamentada a resolução das equações são:
i) Entidades iguais a uma terceira são iguais entre si ( a = c e b = c ⇒ a = b ).
ii) Se a iguais somam-se ou subtraem-se iguais, os resultados permanecem
iguais ( a = b ⇒ a ± c = b ± c ).
1
iii) A parte é menor que o todo ( < 1 ∀ m ∈ Ν * ).
m
Além destes usamos também um outro axioma que não foi enunciado
diretamente por Euclides, mas que facilmente aceitamos sua veracidade:
iv) Iguais multiplicados ou divididos por iguais continuam iguais
( a = b ⇒ ac = bc ).
Uma vez encontrada a maneira de resolver as equações do 1º grau, um grande
passo foi dado, pois como veremos mais adiante, os métodos utilizados para resolver as
equações de 2º e 4º graus foram obtidos na tentativa de se reduzir o grau da equação de
modo a deixá-la solúvel pelo método já encontrado.

1.1.1 Equações do 2º grau e a Fórmula de Bháskara

A fórmula que conhecemos como fórmula de Bháskara na verdade não foi


descoberta por Bháskara (1114-1185), ela foi publicada pelo matemático hindu Sridhara
um século antes de Bháskara em uma obra que não chegou até nós.
A fórmula amplamente conhecida e utilizada por todos nós, se fundamentou na
idéia de reduzir uma equação do 2º grau para uma equivalente do 1º grau, cuja solução
já era conhecida, utilizando para tanto a extração de raízes quadradas. Para isto os
hindus se basearam na técnica de completar quadrados, obtendo assim um quadrado

8
perfeito que envolvesse a incógnita, de modo que as operações usadas para obter este
quadrado perfeito sempre obedecessem aos axiomas de Euclides.
Desta forma, para reduzir o problema a um equivalente, mas agora com a
incógnita de 1º grau, bastava extrair as raízes quadradas. Mas o que não passou
despercebido aos hindus, como havia ocorrido com os babilônios, foi o fato de que tanto
números negativos quanto positivos quando elevados ao quadrado são sempre positivos.
Assim, temos duas alternativas: uma positiva e outra negativa e por isto a fórmula ficou
desta forma:

− b ± b 2 − 4ac
x=
2a
As equações do 2º grau são solução de um problema clássico: encontrar dois
números conhecendo sua soma e seu produto, conforme pode ser verificado na página...
Da fórmula de Bháskara vieram duas contestações muito importantes:
1) Equações de grau maior que 1 poderiam ter mais de uma solução;
2) Em alguns casos a fórmula podia levar a uma raiz quadrada de um número
negativo, o que era desconhecido na época. Neste caso se dizia ser impossível
resolver tal equação.
E foi a partir da fórmula de Bháskara, no século XII, que se viu pela primeira
vez tal problema. Uma vez resolvido o problema das equações do 2º grau, os
matemáticos buscavam agora resolver as equações do 3º grau. Essa curiosidade
inesgotável levou os matemáticos a uma busca que durou séculos para ser cessada.

1.1.2 Equações do 3º grau e a fórmula de Cardano

Como sabemos, os grandes gênios são seres humanos com qualidades e defeitos,
como qualquer um de nós, e, o dom do intelecto não escolhe caráter. O que veremos a
seguir é um bom exemplo disto.
Conforme relatos da época consta que, por volta de 1510, Scipione Del Ferro,
um matemático italiano, encontrou uma fórmula para resolver as equações do 3º grau do
tipo x 3 + px + q = 0 , mas que morreu antes que pudesse publicar sua descoberta. Seu
discípulo, Antonio Maria Fior, que conhecia o método tentou se apropriar do mérito de
seu mestre. Na época eram comuns desafios entre os sábios e Fior decidiu desafiar
Tartaglia, que era bastante conhecido por seu talento.

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Nicoló Fontana (1500-1557), conhecido como Tartaglia, nascido em Bréscia, na
Itália, teve uma vida marcada pelo infortúnio, uma infância tão pobre que não pôde
estudar, sua mãe não tinha dinheiro nem sequer para lhe comprar papel e tinta, mas
como Tartaglia tinha muito amor pelos estudos e uma imensa vontade de aprender,
decidiu fazê-lo por conta própria, utilizando para isto uns poucos livros que conseguia.
Desta maneira penosa, Tartaglia construiu sua cultura e anos mais tarde, ganhava seu
sustento como professor. Tartaglia publicou várias obras, mas sua história começou a
ser marcada a partir do desafio lançado por Fior.
O desafio consistia na solução de diversos problemas que um proporia ao outro,
e Fior, por ser o único a conhecer a solução da equação do 3º grau do tipo
x 3 + px + q = 0 , pretendia apresentar questões relacionadas a ela. Tartaglia aceitou o
desafio e depois veio a saber que Fior detinha o método descoberto pelo professor
Scipione Del Ferro. Mais tarde, Tartaglia relatou “mobilizei todo o entusiasmo, a
aplicação e a arte de que fui capaz, objetivando encontrar uma regra para a solução
daquelas equações, que consegui a 10 de fevereiro de 1535”. Mas além de resolver as
equações do tipo x 3 + px + q = 0 , Tartaglia também encontrou uma fórmula geral para

resolver as equações do tipo x 3 + px 2 + q = 0 , que Fior não conhecia.


Assim Fior saiu derrotado, pois não conseguiu resolver as questões propostas
por Tartaglia, que consistiam em solucionar equações do tipo x 3 + px 2 + q = 0 . Na
verdade, Tartaglia não encontrou um método para resolver um tipo específico de
equação do 3º grau, pois como veremos no próximo capítulo, qualquer equação do 3º
grau pode ser escrita na forma x 3 + px + q = 0 , bastando para isto fazer uma
substituição do tipo x = y + m na equação original e calculando m de modo a cancelar o
termo de grau 2.
Nesta época, Gerolamo Cardano (1501-1576) italiano, talentoso cientista,
dedicado à astrologia e autor de várias obras, estava escrevendo um livro que englobaria
Álgebra, Aritmética e Geometria. Acreditando ainda na impossibilidade da resolução
das equações do 3º grau, Cardano não pretendia tocar no assunto em seu livro.
Quando Cardano ficou sabendo que Tartaglia havia encontrado a solução para o
problema, resolveu procurá-lo e pedir que revelasse seu método para ser publicado.
Tartaglia não aceitou a proposta de Cardano, alegando que pretendia publicar ele
mesmo mais tarde. Cardano voltou a procurar Tartaglia várias vezes e após juras de
fidelidade, conseguiu que ele revelasse seu segredo.

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Como já era de se esperar, Cardano traiu todos os juramentos feitos a Tartaglia e
em 1545, publicou na Ars Magna sua fórmula, embora tenha feito vários elogios a
Tartaglia, acrescentou que alguns anos antes Scipione Del Ferro havia chegado aos
mesmos resultados.
Tartaglia publicou sua versão dos fatos e denunciou Cardano por trair
juramentos feitos sobre a Bíblia. Após trocar ofensas, o que prevaleceu foi que a
fórmula deduzida por Tartaglia, a qual ao invés de receber o seu nome é hoje conhecida
como Fórmula de Cardano. O mesmo que havia acontecido com a fórmula de Bháskara.
Mas o que nem Cardano, nem Tartaglia poderiam imaginar é que sua fórmula
traria mais perguntas do que respostas. A fórmula descoberta por Tartaglia exibia
apenas uma solução para a equação, mas se a fórmula de Bháskara dava as duas
soluções para a equação do 2º grau, não poderia a equação do 3º grau também ter mais
de uma solução? Outra questão que veremos mais detalhadamente no próximo capítulo
é que uma equação do 3º grau que tenha as três soluções reais, implica em trabalhar com
raiz quadrada de números negativos na aplicação da fórmula de Cardano, como na
época este tipo de operação não estava definida, este foi um problema que demorou
muito tempo para ser solucionado.
Felizmente, Rafael Bombelli (1526-1572), publicou em 1572 no livro L’Algebra
parte Maggiore dell’Arithmetica, algumas regras que criou para trabalhar com a raiz
quadrada da unidade negativa ( − 1 ), o que não tinha simbologia que utilizamos hoje
mas que já era o início dos trabalhos com números complexos. A representação da −1
por i é devida a Leonard Euler, que a propôs quase duzentos anos depois.
É importante esclarecer que a raiz quadrada dos números negativos apareceu
pela primeira vez na resolução de equações do 2º grau, mas que isto era tomado como a
impossibilidade de solução da mesma. Apenas quando chegamos à resolução das
equações do 3º grau é que isto se tornou um problema concreto, pois podemos
facilmente tomar exemplos de equações do 3º grau com soluções reais em que aparecem
as raízes de números negativos quando aplicamos a fórmula de Cardano.

1.1.3 Equações do 4º grau e a fórmula de Ferrari

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Ludovico Ferrari (1522-1560), nascido em Bolonha, era de família muito
humilde e aos 15 anos de idade foi trabalhar como servo na residência de Cardano, o
qual percebendo sua notável inteligência, o promoveu a seu secretário.
Como já dissemos, os matemáticos daquela época tinham o costume de
promover desafios e um certo Zuanne de Tonini da Coi propôs a Cardano uma questão
que envolvia a equação:
x 4 + 6 x 2 − 60 x + 36 = 0
Após inúmeras tentativas, Cardano não obteve êxito e passou a questão a seu
aluno Ferrari, que acabou por encontrar a fórmula geral para a solução das equações do
4º grau. Este método encontrado por Ferrari também foi publicado por Cardano na Ars
Magna, em continuidade à solução das equações do 3º grau.
No próximo capítulo veremos mais detalhadamente como Ferrari resolveu este
problema, mas o que podemos destacar em seu raciocínio, foi que ele buscou reescrever
a equação, usando as operações permitidas pelos axiomas de Euclides, de modo a obter
quadrados perfeitos e assim reduzir o problema a resolução de uma equação do 2º grau
que era possível usando a fórmula de Bháskara. Este método permite a exibição das
quatro raízes da equação, assim a fórmula de Bháskara permite a exibição das duas
raízes da equação do 2º grau.
A partir daí os matemáticos começaram a pensar, que se as equações do 2º grau
podem ter 2 soluções e as do 4º grau, 4 soluções, então uma equação de grau n possuiria
n soluções? Nada foi provado, mas eles acreditavam ser verdade e buscavam uma
maneira de demonstrar tal fato.
Foi apenas em 1.799 que o brilhante matemático alemão Carl Friedrich Gauss
(1777-1855) apresentou como sua tese de doutorado o famoso Teorema Fundamental da
Álgebra que foi intitulado desta maneira pelo próprio Gauss. Este teorema dizia que
toda equação polinomial tem ao menos uma solução x k no campo complexo, e fazendo

as sucessivas divisões do polinômio pelo binômio ( x − x k ) , temos uma decomposição


em n fatores, sendo que n é o grau do polinômio. Estava assim provado que todo
polinômio de grau n possui exatamente n raízes, contando com as suas multiplicidades.

1.1.4 As equações de grau superior a 4

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Desde que fora encontrada a solução das equações de grau 4 por Ferrari que o
desafio dos matemáticos neste campo passou a ser as equações de grau 5. Muitas foram
as tentativas e um jovem prodígio, Niels Henrik Abel (1802-1829) norueguês, acreditou
que havia conseguido tal façanha por volta de 1819, seus professores não conseguiam
encontrar nenhuma falha no processo desenvolvido por Abel, mas foi ele mesmo que
acabou descobrindo que sua solução estava incorreta.
A partir de então, resolver tais equações tornara-se uma questão de honra para
Abel. E após muito trabalho, por volta de 1823, demonstrou que, exceto em casos
particulares, de um modo geral é impossível resolver equações do 5º grau utilizando
apenas operações algébricas.
Infelizmente, Abel morreu sem que seu trabalho fosse devidamente reconhecido,
foi apenas em 1830 que a Academia de Ciências de Paris concedeu seu Grande Prêmio
a Abel pelas contribuições feitas por ele à Matemática. O teorema que diz que “O
polinômio geral de grau n não é solúvel por radicais se n ≥ 5”, que foi demonstrado por
Abel, é hoje conhecido como Teorema de Abel-Ruffini.
Outro gênio da Matemática que demonstrou a impossibilidade da resolução por
radicais das equações de grau superior a 4 foi Évariste Galois (1811-1832). Galois,
assim como Abel, chegou a acreditar que conseguira encontrar uma solução geral para
as equações de 5º grau, mas enquanto Abel usou apenas operações algébricas para
demonstrar a impossibilidade de uma solução geral para tais equações, Galois criou uma
nova teoria para fazer tal demonstração. Além disso, a teoria de Galois, não prova
apenas que as equações de grau superior a 4 não podem ser reolvidas em geral por
métodos algébricos, mas também porque as de grau inferior a 5 podem ser resolvidas
usando estes métodos.
Os estudos de Galois eram muito avançados para a época e os outros
matemáticos tinham uma certa dificuldade em entender seu raciocínio. A verdade é que
a Álgebra nunca mais foi a mesma depois de Galois, a Teoria dos Grupos, desenvolvida
por ele, é um dos mais importantes pilares da Matemática Moderna.
Não apresentaremos mais detalhes da Teoria dos Grupos neste trabalho por se
tratar de um tema muito complexo e que demandaria muito tempo, mas esperamos que
as explicações apresentadas tenham sido suficientes para convencer o leitor que de fato
não podemos resolver de uma maneira geral as equações com grau maior ou igual a
cinco.

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CAPÍTULO II

O presente capítulo tem por objetivo mostrar as definições e propriedades


fundamentais para as operações com polinômios. Apresentaremos ainda algumas
demonstrações muito importantes no estudo dos polinômios como, por exemplo, o
algoritmo da divisão, o teorema das raízes racionais e das raízes complexas, as relações
entre coeficientes e raízes, o Teorema Fundamental da Álgebra entre outros.
Quanto ao estudo das equações polinomiais, procuramos abordar de maneira
mais simples possível, as equações de 2º grau, relevando tópicos como o
completamento de quadrados, a fórmula de Bháskara e um breve estudo do sinal do
trinômio do 2º grau; além das demonstrações de métodos desenvolvidos para resolver
equações do 3º e 4º graus, respectivamente por Tartaglia e Ferrari.

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2.1 POLINÔMIOS E EQUAÇÕES POLINOMIAIS

2.1.1 Polinômios
Veremos a seguir algumas definições e propriedades que serão de extrema
importância no desenvolvimento do trabalho.
Definição: Chamamos polinômio ou função polinomial na variável x ∈ C (conjunto
dos números complexos) a função:
P ( x) = an x n + an −1 x n −1 + K + a2 x 2 + a0 x 0 ,

onde n é um número natural e an , an −1 ,K, a0 são números complexos, denominados


coeficientes do polinômio.
As parcelas da forma ak x k , k ∈ Ν , são chamadas de termos do polinômio e, em

particular, a0 é denominados termo independente. O grau de um polinômio P(x) não

nulo, que indicaremos por ∂P(x) , é o maior dos expoentes de x que tem coeficiente não
nulo. Contudo, quando o polinômio for nulo, seu grau não é definido.

Exemplos:
1 2
1) P ( x) = 5 x 3 − x + 3 x − 1 constitui um polinômio de grau 3 e coeficientes:
2
1
a3 = 5, a2 = − , a1 = 3 , a0 = −1
2

2) P ( x) = 0 x 4 + 0 x 3 + 0 x 2 + 0 constitui um polinômio nulo, pois todos os coeficientes

são iguais a zero.

3) P ( x) = x −2 + x 2 + 1 não constitui um polinômio, pois um de seus expoentes é


−2∉Ν .

Definição: O valor numérico de um polinômio corresponde ao valor obtido pela


substituição da variável de um polinômio por um número x0 ∈ C .

Exemplo:
Dado P ( x) = 2 x 3 − 3 x + 4 , o valor de P(x) para x=1 é:

15
P (1) = 2(1)3 + 3(1) + 4 ⇒ P(1) = 3

Definição: Um número complexo x0 é raiz ou zero do polinômio P(x) se, e

somente se, P ( x0 ) = 0 , ou seja,


n n −1 2
P ( x0 ) = an x0 + an −1 x0 + K + a2 x0 + a1 x0 + a0 = 0

Exemplo:
Dado P ( x) = x 3 + 2 x 2 − 5 x − 6 , verificar se x=3 é raiz do polinômio.
De fato,
P (−3) = (−3)3 + 2(−3) 2 − 5(−3) − 6
Como P(-3)=0, então –3 é raiz de P(x).

Propriedade: Sejam as funções polinomiais:


A( x) = an x n + an −1 x n −1 + K + a1 x + a0
e
B ( x) = bn x n + bn −1 x n −1 + K + b1 x + b0
Então A(x) e B(x) são idênticos se, e somente se, os coeficientes dos termos de
mesmo grau forem iguais, isto é,
an = bn , an −1 = bn −1 , K, a1 = b1 , a0 = b0

Demonstração por indução finita sobre o grau do polinômio:


1º passo:
A propriedade é verdadeira para n=1, pois:
a1 x + a0 = b1 x + b0 ⇔ (a1 − b1 ) x + (a0 − b0 ) = 0 ∀ x ∈ C

-se x = 0 ,
a0 − b0 = 0 ⇔ a0 = b0

- se x ≠ 0 , derivando a equação 1 vez, temos:


a1 − b1 = 0 ⇔ a1 = b1

2º passo:
Suponhamos que a propriedade vale para n=k:
a k x k + a k −1 x k −1 + K + a 0 = bk x k + bk −1 x k −1 + K + b0 ⇔ ai = bi , ∀ i = 0,1, ..., k

16
Vejamos se vale para n=(k+1)
ak +1 x k +1 + ak x k + K + a0 = bk +1 x k +1 + bk x k + K + b0 ⇔
⇔ (ak +1 − bk +1 ) x k +1 + (ak − bk ) x k + K + (a0 − b0 ) = 0
derivando a equação k vezes, temos:
(k + 1)k (k − 1)K(ak +1 − bk +1 ) x + k (k − 1)K(ak − bk ) = 0

pela HI temos que ak = bk , logo, a equação fica:

(k + 1)k (k − 1)K(ak +1 − bk +1 ) x = 0

como a expressão é válida para todo x e (k + 1), k , (k − 1), K, 1 ≥ 1 temos que:


(ak +1 − bk +1 ) x = 0 ⇔ ak +1 = bk +1

logo, dos 1º e 2º passos, pelo Processo de Indução Finita, concluímos que an = bn .

2.1.2 Equações Algébricas

Definição: Chamamos equação polinomial ou algébrica na variável x ∈ C , toda


equação escrita na forma P ( x) = 0, onde:

• P ( x) = a n x n + a n −1 x n −1 + K + a1 x + a 0 , a n ≠ 0;

• a n , a n −1 ,K , a1 , a 0 são coeficientes complexos e n ∈ Ν * a potência de x ,


cujo maior valor determina o grau da equação.

Exemplos:
1) 2 x 4 + 5 x 2 + 1 = 0 ( equação polinomial do 4° grau na variável x e
coeficientes 2, 0, 5, 0,1 ).

2) 3iy 2 + (2 − i ) y − 3 = 0 ( equação polinomial do 2° grau na variável y e


coeficientes 3i, 2 − i, − 3 ).

Definição: Uma raiz de uma equação polinomial P ( x) = 0, é um número


complexo x0 , tal que P ( x0 ) = 0.
O conjunto de todas as raízes da equação polinomial é chamado de conjunto
solução (ou conjunto verdade) e designaremos por S .

17
Exemplos:
1) Verificar se S={3, -2i, 2i} é o conjunto solução da equação
x 3 − 3 x 2 + 4 x − 12 = 0.
Solução:
• 3 é raiz, pois 33 − 3(3) 2 + 4(3) − 12 = 0 .

• -2i é raiz, pois (−2i ) 3 − 3(−2i ) 2 + 4(−2i ) − 12 = 0

• 2i é raiz, pois (2i ) 3 − 3(2i ) 2 + 4(2i ) − 12 = 0


• Logo, S={3, -2i, 2i}.
2.1.3 Propriedades de operações com polinômios

Sejam A, B e C três polinômios na variável x ∈ C , valem as seguintes propriedades:


A1 : A + ( B + C ) ≡ ( A + B) + C
A2 : A + B ≡ B + A
A3 : A + 0 ≡ A
A4 : A + (− A) ≡ 0 onde 0 é o polinômio nulo.
M 1 : A( BC ) ≡ ( AB)C
M 2 : AB ≡ BA
D : A( B + C ) ≡ AB + AC

Observações:
I) A adição e a subtração de dois ou mais polinômios são feitas somando ou subtraindo
os coeficientes dos termos de mesmo grau.
II) A multiplicação é feita por meio da propriedade distributiva, que consiste na
multiplicação de cada termo de A(x) por todos os termos de B(x), por exemplo,
reduzindo-se então os termos semelhantes.

Exemplos:
1)Dados A( x) = 2 x 3 − x 2 − 3 e B ( x) = 3x 2 − x + 1 , obter o polinômio S(x) tal que
S(x)=A(x)+B(x).
Solução:
S ( x) = (2 x 3 − x 2 − 3) + (3 x 2 − x + 1)
⇒ S ( x) = 2 x 3 + 2 x 2 − x − 2

18
2) Considerando os polinômios A(x) e B(x) do exemplo anterior, obter o polinômio
A(x)-B(x).
Solução:
A( x) − B ( x) = (2 x 3 − x 2 − 3) − (3 x 2 − x + 1)
⇒ A( x) − B ( x) = 2 x 3 − 4 x 2 + x − 4

3) Sejam A( x) = x 2 − 3x + 2 e B( x) = x 3 − 3 x 2 + 3 , obter o polinômio P(x)=A(x)B(x).


Solução:
P ( x) = ( x 2 − 3x + 2)( x 3 − 3x 2 + 3)
= x 2 ( x 3 − 3x 2 + 3) − 3x( x 3 − 3 x 2 + 3) + 2( x 3 − 3 x 2 + 3)
= x5 − 3x 4 + 3x 2 − 3x 4 + 9 x3 − 9 x + 2 x3 − 6 x 2 + 6
P ( x) = x 5 − 6 x 4 + 11x 3 − 3x 2 − 9 x + 6

2.1.4 Divisão de polinômios

Definição: Dados dois polinômios, reais ou complexos, A(x) e B(x), B não nulo,
dividir A(x) por B(x) significa encontrar um par de polinômios, reais ou complexos,
Q(x) e R(x) tais que:
A( x) = B ( x)Q( x) + R( x)

A( x) B ( x)
R ( x) Q( x)

Teorema 2.1.1: O quociente Q(x) e o resto R(x) com ∂R < ∂B da divisão de A(x)
por B(x), B não nulo, existem e são únicos.

Demonstração:
Consideremos:
A( x) = an x n + an −1 x n −1 + K + a1 x + a0 an ≠ 0
,
B ( x) = bm x + bm −1 x
m m −1
+ K + b1 x + b0 bm ≠ 0

1º caso: n < m
Como o grau de A(x) é menor que o grau de B(x), então Q(x)=0 e R(x)=A(x).
Ou seja:

19
∂A < ∂B ⇒ Q( x) = 0 e R( x) = A( x)

Exemplo:
Dados os polinômios A( x) = 2 x 2 + 3x + 5 e B( x) = 4 x 3 + 3 x 2 + 1 . Da divisão de A(x)
por B(x) obtemos:
2 x 2 + 3x + 5 | 4 x3 + 3x 2 + 1
2 x 2 + 3x + 5 0

Q( x) = 0 e R( x) = 2 x 2 + 3 x + 5 = A( x)
Caso geral: n ≥ m

Existência:

Consideremos os monômios an x n e bm x m de mais alto grau em A(x) e B(x),


respectivamente. A partir da divisão de A(x) por B(x), obtemos:
A( x) | B( x)
Q0 x n− m
R1 ( x)
an n − m
onde Q0 x n − m = x e ∴ R1 ( x) = A( x) − Q0 x n − m B( x)
bm

O polinômio R1 é chamado de primeiro resto parcial. Como:


an n − m
R1 = (an x n + an −1 x n −1 + K + a1 x + a0 ) − x (bm x m + bm −1 x m −1 + K + b1 x + b0 )
bm

Fazendo a distributiva e um agrupamento adequado dos termos temos o

cancelamento de an x n . Isto implica que ∂R1 = p < ∂A( x) . Assim:

R1 = c p x p + c p −1 x p −1 + K + c1 x + c0

Agora, consideremos os monômios c p x p e bm x m . Através da divisão de R1 ( x)

por B(x), temos:


R1 ( x) | B( x)
Q1 x p − m
R2 ( x)

cp
onde Q1 x p − m = x p−m e ∴ R2 ( x) = R1 ( x) − Q1 x p − m B( x)
bm

20
O polinômio R2 ( x) é o segundo resto parcial e pode ser escrito da seguinte
forma:
cp
R2 ( x) = (c p x p + c p −1 x p −1 + K + c1 x + c0 ) − x p − m (bm x m + bm −1 x m −1 + K + b1 x + b0 )
bm

onde o termo c p x p também é cancelado. Ou seja, ∂R2 = k < ∂R1 ( x) . Assim,

R2 ( x) = d k x k + d k −1 x k −1 + K + d1 x + d 0
Aplicando a divisão parcial t vezes, teremos:
Rt ( x) = Rt −1 ( x) − Qt −1 x s − m B( x)

onde ∂Rt < ∂B .


Desta forma,
R1 ( x) = A( x) − Q0 x n − m B ( x)
R2 ( x) = R1 ( x) − Q1 x p − m B( x)
M
Rt ( x) = Rt −1 ( x) − Qt −1 x s − m B( x)
Rt ( x) = A( x) − B( x)[Q0 x n − m + Q1 x p − m + K + Qt −1 x s − m ]
144444 42444444 3
Q( x)

R ( x) = Rt ( x)
Ou seja,
R(x)=A(x)-B(x)Q(x)

Unicidade:
Suponhamos que existam dois quocientes Q1 ( x) e Q2 ( x) e dois restos
R1 ( x) e R2 ( x) , respectivamente, na divisão de A(x) por B(x) com ∂Ri < ∂B , isto é,

A( x) = Q1 ( x) B( x) + R1 ( x)
e
A( x) = Q2 ( x) B( x) + R2 ( x)
Temos:
Q1 ( x) B( x) + R1 ( x) = Q2 ( x) B( x) + R2 ( x)
(Q1 ( x) − Q2 ( x)) B( x) = R2 ( x) − R1 ( x)

Como ∂ ( R2 − R1 ) < ∂B , então Q1 ( x) − Q2 ( x) = 0 e ∴ Q1 ( x) = Q2 ( x)


Conseqüentemente, R1 ( x) = R2 ( x) .
É importante ressaltar que toda a discussão acima é valida tanto para polinômios
reais quanto complexos.

21
Exemplo:
Vamos dividir A(x)= 3x 4 + 2 x 3 − x 2 + 3x − 5 por B(x)= x 2 + 1 .
Assim temos que:
R1 ( x) = A( x) − 3x 2 B( x)
= (3 x 4 + 2 x 3 − x 2 + 3x − 5) − 3x 2 ( x 2 + 1)
= 2 x3 − 4 x 2 + 3x − 5

R2 ( x) = R1 ( x) − 2 xB( x)
= (2 x 3 − 4 x 2 + 3 x − 5) − 2 x( x 2 + 1)
= −4 x 2 + x − 5

R3 ( x) = R2 ( x) − (−4) B( x)
= (−4 x 2 + x − 5) + 4( x 2 + 1)
= x −1

Como o grau de R3 ( x) é menor que o grau de B(x), o processo está encerrado e

obtemos como quociente Q( x) = 3x 2 + 2 x − 4 e o resto R ( x) = x − 1 .


Abaixo seguem os cálculos feitos pelo método da chave.
3x 4 + 2 x3 − x 2 + 3x − 5 | x 2 + 1
− 3x 4 − 3x 2 3x 2 + 2 x − 4
2 x3 − 4 x 2 + 3x − 5
− 2 x3 − 2x
− 4x2 + x − 5
4x2 +4
x −1

Corolário 1: O polinômio P(x) é divisível por ( x − x0 ) se, e somente se, x0 é


raiz de P(x).

Demonstração:
Aplicando o Teorema 2.1.1 podemos escrever:
P(x)=A(x)Q(x)+R(x)
Onde A( x) = x − x0 , então

P ( x) = ( x − x0 )Q( x) − R( x)

22
Assumindo que x = x0 , temos

P ( x0 ) = 0 + R( x0 )
P ( x0 ) = R ( x0 )
Assim, pela definição de raiz de um polinômio:
P ( x0 ) = 0 ⇔ R( x0 ) = 0

Corolário 2: Se P(x) é divisível separadamente por ( x − x0 ) e ( x − x1 ) , com

x0 ≠ x1 , então P(x) é divisível por ( x − x0 )( x − x1 ) .

Demonstração:
Como o grau do divisor ( x − x0 )( x − x1 ) é dois, então o grau do resto R(x), pelo

Teorema 2.1.1, da divisão de P(x) por ( x − x0 )( x − x1 ) é no máximo um. Assim

consideramos R ( x) = ax + b .
Desta forma, temos:
P ( x) = ( x − x0 )( x − x1 )Q( x) + (ax + b) ∀ x∈C

Como P(x) é divisível por ( x − x0 ) , então P ( x0 ) = 0 , ou seja,

P ( x0 ) = ( x0 − x0 )( x0 − x1 )Q( x0 ) + (ax0 + b) ∀ x∈C


(1)
0 = ax0 + b

E, como P(x) é divisível por ( x − x1 ) , então P ( x1 ) = 0 , ou seja,


P ( x1 ) = ( x1 − x0 )( x1 − x1 )Q( x1 ) + (ax1 + b) ∀ x∈C
(2)
0 = ax1 + b
De (1) e (2), temos:
ax0 + b = 0

ax1 + b = 0
Subtraindo as equações temos:
a( x0 − x1 ) = 0

Como x0 ≠ x1 , segue que a=0, conseqüentemente, b=0. Logo, se x0 ≠ x1 e se

P(x) é divisível por ( x − x0 ) e por ( x − x1 ) , então P(x) é divisível por ( x − x0 )( x − x1 ) .

2.1.5 Redução do grau de uma equação

23
Dada a equação algébrica
P ( x) = a n x n + a n −1 x n −1 + K + a1 x + a 0 = 0
A resolução desta equação pode ser facilitada se for decomposta em fatores
x − k onde k é raiz da equação.
Vimos que se k é raiz de P ( x) = 0, então P(x) é divisível por x − k , isto é,
P ( x) = ( x − k ) ⋅ Q( x)
onde Q(x) é o quociente da divisão de P(x) por x − k e possui grau n − 1, ou seja,
uma unidade inferior ao grau de P(x) .
Assim, de posse da raiz de P ( x) = 0, pode-se reduzir a equação original e a
busca passa a ser pelas raízes de Q( x) = 0.
Desta forma, a questão é determinar uma raiz de P ( x) = 0. Contudo, pode
ocorrer de recair numa nova equação Q( x) = 0, cuja resolução pode não ser tão simples.

Exemplos:
1) Resolver a equação x 4 − 5 x 3 + 10 x 2 − 10 x + 4 = 0.
Solução:
Note que a soma dos coeficientes da equação é igual a zero, ou seja, 1 é raiz da
equação.
Logo, podemos dividir a equação por x − 1.

Assim, obtemos Q1 ( x) = x 3 − 4 x 2 + 6 x − 4. Agora, devemos resolver Q1 ( x) = 0.


Por “inspeção” encontramos 2 como raiz dessa equação. Logo, Q1 ( x) é divisível por
x − 2 , ou seja,

24
Assim, obtemos Q2 ( x) = x 2 − 2 x + 2. Resolvendo Q2 ( x) = 0, obtemos
1 + i e 1 − i como raízes.

Logo, a equação original x 4 − 5 x 3 + 10 x 2 − 10 x + 4 = 0 tem como raízes 1, 2,1 + i,1 − i.

2.2 Teorema Fundamental da Álgebra

Todo polinômio complexo de grau maior ou igual a 1 possui pelo menos uma
raiz complexa.
Demonstração:
Embora este Teorema seja fundamental para a Álgebra, é na Análise que
buscaremos elementos para a sua demonstração. Para isto nos basearemos na
continuidade das funções polinomiais complexas.
A idéia utilizada aqui é a mesma empregada para provar que toda função
polinomial de grau ímpar tem ao menos uma raiz real. Pois, se uma função é contínua
num intervalo, então ela assume todos os valores entre os valores assumidos nas
extremidades.
Seja P : C → C uma função polinomial complexa dada por:

P ( x) = an x n + an −1 x n −1 + K + a1 x + a0 ∀ x∈C

onde an , an −1 , K, a1 , a0 são números complexos. Esta função associa a cada ponto do


plano complexo sua imagem, que também é um ponto do plano complexo. Devemos
mostrar que existe x0 tal que P( x0 ) = 0 .
Para entender o que acontece com a imagem de P(x), vamos considerar as
imagens de círculos no plano complexo com centro na origem. Devido à continuidade
de P(x), a imagem de uma curva contínua e fechada, deve ser outra curva contínua e

25
fechada. Mas isto não implica que a curva imagem seja uma curva simples, ou seja, ela
pode se cruzar.
Vejamos o que acontece com a imagem de um círculo x = r através do

polinômio:
P ( x) = x 2 + x + 2
Escrevendo x na forma trigonométrica dos números complexos temos:
P ( x) = (r (cosθ + i sen θ )) 2 + r (cosθ + i sen θ ) + 2
= r 2 (cos 2θ + i sen 2θ ) + r (cosθ + i sen θ ) + 2
Quando x percorre o círculo de raio r, θ varia de 0 a 2 π , enquanto que 2 θ
varia de 0 a 4 π . Assim, enquanto x percorre uma vez o círculo de raio r, x 2 percorre
duas vezes o círculo de centro na origem e raio r 2 .
Embora não seja simples descrever o comportamento desta soma, é fácil ver o
que acontece nos extremos, quando r é muito pequeno ou muito grande.
Quando r está próximo de zero, r 2 é muito menor que r, logo x dita o
comportamento de P(x). Assim, a curva descrita por P(x) é um círculo de centro 2 e
levemente desvia do pela ação de x 2 .
Para r grande, o comportamento de P(x) é ditado por x 2 , assim a curva descrita
por P(x) é um círculo de centro na origem e raio r 2 , percorrido duas vezes, e
ligeiramente perturbado pelos outros dois termos da equação.
1
Tomando dois exemplos: r = e r = 3 , temos:
2

26
Para valores de r próximos de zero, a curva é fechada em torno do complexo
2+0i. Assim, para valores pequenos de r, a origem fica externa à curva descrita por P(x).
Para valores grandes de r, a curva se comporta como um círculo de centro na origem,
logo a origem está interna à curva. Mas, sabemos pela continuidade que, a curva
descrita por P(x) evolui continuamente quando r cresce, portanto, podemos concluir que
para passar do exterior para o interior da curva, a origem tem que pertencer à curva para
algum r. Na equação dada, isto ocorre para r = 2 . Ou seja, existe um complexo x0 de

módulo 2 cuja imagem P( x0 ) é a origem, e portanto, P(x)=0 tem uma solução.


De fato, as raízes de P são:
− 1 ± 7i
2
O mesmo se aplica para:
P ( x) = an x n + an −1 x n −1 + K + a1 x + a0 ∀ x∈C
Para r pequeno, se x descreve um círculo de raio r e centro na origem, P(x)
descreve uma curva fechada em torno de a0 e com a origem em seu exterior. Para r
grande, a curva descrita por P(x) dá n voltas em torno da origem, logo, para passar da 1ª
para a 2ª situação, é necessário que, em algum momento, a origem pertença à curva.
Logo, toda equação polinomial possui pelo uma raiz complexa.

Teorema 2.1.2: Todo polinômio P(x) de grau n, n ≥ 1 , pode ser escrito na


forma:
P ( x) = an ( x − x1 )( x − x2 )( x − x3 )K( x − xn )

onde x1 , x2 , K, xn são raízes do polinômio.

Demonstração:
Seja P ( x) = an x n + an −1 x n −1 + K + a2 x 2 + a0 x 0 , x∈C . Pelo Teorema

Fundamental da Álgebra (TFA), P(x) admite ao menos uma raiz complexa; logo se x1 é
raiz da equação P(x)=0, então P(x) é divisível por ( x − x1 ) . Desta forma,
P ( x) = ( x − x1 )Q1 ( x) (1)
onde Q1 ( x) é um polinômio de grau (n-1), e se (n − 1) ≥ 1 , então Q1 ( x) possui pelo
menos uma raiz complexa, logo se x2 é raiz da equação Q1 ( x) = 0 , então temos que:

27
Q1 ( x) = ( x − x2 )Q2 ( x) (2)
Substituindo (2) em (1) obtemos:
P ( x) = ( x − x1 )( x − x2 )Q2 ( x)
onde Q2 ( x) possui grau (n-2). Aplicando sucessivamente o TFA temos:

P ( x ) = Q n ( x )( x − x1 )( x − x 2 ) K ( x − x n )
onde Qn (x) tem grau nulo. Da identidade

Qn ( x)( x − x1 )( x − x2 )K( x − xn ) = an x n + K a1 x + a0

temos que Qn ( x) = an . Logo,

P ( x) = an ( x − x1 )( x − x2 )( x − x3 )K( x − xn )

Corolário3: A menos da ordem dos fatores, a decomposição de P(x) em n


fatores é única.

Demonstração:
Supondo que o polinômio P ( x) = an x n + an −1 x n −1 + K + a2 x 2 + a0 x 0 , admita duas
decomposições, ou seja,
P ( x) = an ( x − x1 )( x − x2 )( x − x3 )K( x − xn ) (1)

P( x) = bm ( x − r1 )( x − r2 )( x − r3 )K( x − rm ) (2)
Aplicando a distributiva em ambos os polinômios, obtemos:

P ( x) = an [ x n − ( x1 + K + xn ) x n −1 + ( x1 x1 + K + xn −1 xn ) x n − 2 + K + (−1) k S k x n − k + (−1) n ( x1 x2 K xn )]

ou seja,
P ( x) = an x n − an S k x n − k + an [(−1) n ( x1 x2 K xn )]
e, analogamente para (2) temos:
P ( x) = bm x m − bm S k x m − k + bm [(−1) m ( x1 x2 K xm )]
Assim, obtemos a seguinte igualdade:
an x n − an S k x n − k + an [(−1) n ( x1 x2 K xn )] = bm x m − bm S k x m − k + bm [(−1) m ( x1 x2 K xm )]
Da identidade de polinômios temos que
n=m e an = bm
Desta forma,

28
( x − x1 )( x − x2 )K( x − xn ) = ( x − r1 )( x − r2 )K( x − rm ) (3)

Adotando x = x1 temos:
0 = ( x1 − r1 )( x1 − r2 )K( x1 − rm )
( x1 − rj ) = 0 j ∈ {1,2,K, n}

Alterando, convenientemente a ordem dos fatores, podemos obter x1 = r1


Assim, teremos em (3)
( x − x1 )( x − x2 )K( x − xn ) = ( x − x1 )( x − r2 )K( x − rm )
ou seja,
( x − x2 )( x − x3 )K( x − xn ) = ( x − r2 )( x − r3 )K( x − rm )

Analogamente, obtém-se xi = rj ∀ i, j ∈ {1, 2, K, n} . Conseqüentemente, para

n = m, an = bm , x1 = r1 , K, xn = rm . Temos, portanto, a unicidade da decomposição.

Observação:
Na decomposição do polinômio P(x), x ∈ C pode ocorrer de um mesmo fator
( x − α ) se repetir m vezes. Neste caso diz-se que α é uma raiz de multiplicidade m do
polinômio P(x) ou da equação P(x)=0. Se o fator ( x − α ) , aparece uma única vez, diz-se
que α é uma raiz simples da equação P(x)=0.
Além disso, P(x) é divisível por cada um de seus fatores.

Exemplos:
1) Fatorar o polinômio P ( x) = x 4 − 5 x 3 + 5 x 2 + 5 x − 6 sabendo que suas raízes são –
1, 1, 2 e 3.

Solução:
Sabemos que P(x) pode ser escrito da seguinte forma:
P( x) = an ( x − x1 )( x − x2 )( x − x3 )( x − x4 ) , assim temos,
P( x) = 1( x − (−1))( x − 1)( x − 2)( x − 3)

2) Sabendo que 1, 3 e 5 são raízes da equação x 4 − 10 x 3 + 32 x 2 − 38 x + 15 = 0 , onde


1 é raiz com multiplicidade 2, fatore a equação.

29
Solução:
P( x) = an ( x − x1 )( x − x2 )( x − x3 )( x − x4 )

Assim, P( x) = 1( x − 1)( x − 1)( x − 3)( x − 5) , ou seja,

P ( x) = ( x − 1) 2 ( x − 3)( x − 5)

2.3 Relações entre coeficientes e raízes

As relações entre os coeficientes reais ou complexos de uma equação polinomial


e suas raízes são muito usadas quando, embora não se conheça nenhuma raiz da
equação, são dadas algumas informações acerca das mesmas como, por exemplo, “uma
raiz é o oposto da outra”; “uma raiz é o inverso da outra”, etc.
As relações entre coeficientes e raízes são também chamadas de relações de
Girard.

2.3.1 Equação do 2º grau

Consideremos a equação de 2º grau,


ax 2 + bx + c = 0 a≠0 (1)
onde a, b e c são coeficientes complexos para todo x ∈ C .
Como a equação (1) possui duas raízes (em C), ou seja, x1 e x2 , então pelo
Teorema da Decomposição, temos:
a ( x − x1 )( x − x2 ) = 0 a≠0 (2)
De (1) e (2) temos a identidade:
ax 2 + bx + c = a ( x − x1 )( x − x2 ) a≠0
Dividindo ambos os membros por a, temos:
b c
x2 + x + = ( x − x1 )( x − x2 ) a≠0
a a
Aplicando a distributiva no 2º membro, temos:
b c
x2 + x + = x 2 − ( x1 + x2 ) x + x1 x2
a a
e, da identidade de polinômios, vem que:

30
b
x1 + x2 = −
a
c
x1 x2 =
a
que correspondem às relações de Girard para a equação do 2º grau.

2.3.2 Equação do 3º grau


Dada a equação de 3º grau:
ax 3 + bx 2 + cx + d = 0 a≠0 (1)
Como a equação (1) admite três raízes (em C), ou seja, x1 , x2 e x3 , então, pelo
Teorema da Decomposição, temos:
a( x − x1 )( x − x2 )( x − x3 ) = 0 a≠0 (2)
De (1) e (2), temos a identidade:
ax 3 + bx 2 + cx + d = a( x − x1 )( x − x2 )( x − x3 ) a≠0
Dividindo ambos os membros por a:
b 2 c d
x3 + x + x + = ( x − x1 )( x − x2 )( x − x3 ) a≠0
a a a
Aplicando a distributiva no 2º membro temos:
b 2 c d
x3 + x + x + = x 3 − ( x1 + x2 + x3 ) x 3 + ( x1 x2 + x1 x3 + x2 x3 ) x − x1 x2 x3
a a a
Da identidade de polinômios, temos que:
b
x1 + x2 + x3 = −
a
c
x1 x2 + x1 x3 + x2 x3 =
a
d
x1 x2 x3 = −
a

2.3.3 Equação de grau n ( n ≥ 1 )

Consideremos a equação polinomial


an x n + an −1 x n −1 + K + a0 = 0 (an ≠ 0)

onde a0 , a1 , K, an são coeficientes complexos para todo x ∈ C . Assim, sejam

( x1 , x2 , K, xn ) as raízes dessa equação. Pelo Teorema da Decomposição, temos:

31
an ( x − x1 )( x − x2 )K( x − xn −1 )( x − xn ) = 0 an ≠ 0
Assim obtemos a identidade:
an x n + an −1 x n −1 + K + a1 x + a0 = an ( x − x1 )( x − x2 )K( x − xn −1 )( x − xn )

Dividindo ambos os membros da igualdade por an , temos:

an −1 n −1 a a
xn + x + K + 1 x + 0 = ( x − x1 )( x − x2 )K( x − xn −1 )( x − xn )
an an an
Aplicando a distributiva no 2º membro, temos:
an −1 n −1 a a
xn + x + K + 1 x + 0 = x n − ( x1 + x2 + K + xn −1 + xn ) x n −1 + ( x1 x2 + x1 x3 + K + xn −1 xn ) x n − 2 −
an an an
− ( x1 x2 x 3 + x1 x2 x4 + K + xn − 2 xn −1 xn ) x n − 3 + K + (−1) k S k x n − k + K + (−1) n ( x1 x2 K xn ) ∀ x∈C

Da identidade de polinômios temos:


an −1
x1 + x2 + x3 + K + xn = −
an
an − 2
x1 x2 + x1 x3 + K + xn −1 xn =
an
an − 3
x1 x2 x3 + x1 x2 x4 + K + xn − 2 xn −1 xn = −
an
M
an − k
S k = (−1) k
an
M
a0
x1 x2 x3 K xn −1 xn = (−1) n
an
que são as relações de Girard para uma equação polinomial de grau n ≥ 1 .

Exemplos:
1) Resolver a equação x 3 − 4 x 2 + 5 x − 2 = 0 , sabendo que uma das raízes é o
inverso da outra.
Solução:
Sendo x1 , x2 e x3 as raízes, temos:

(i ) x1 + x2 + x3 = 4
(ii ) x1 x2 + x1 x3 + x2 x3 = 5
(iii ) x1 x2 x3 = 2

32
1
Do enunciado temos que x2 = . Assim em (iii) temos:
x1
1
x1. .x3 = 2 ⇒ x3 = 2
x1

Como x3 = 2 é uma das raízes da equação, podemos baixar o grau desta equação

fazendo a divisão de x 3 − 4 x 2 + 5 x − 2 por x − 2 . Assim,


x3 − 4 x 2 + 5 x − 2 | x − 2
− x3 + 2 x 2 x2 − 2x + 1
− 2 x2 + 5x − 2
2x2 − 4x
x−2
−x+2
0
Podemos então escrever:
x 3 − 4 x 2 + 5 x − 2 = ( x 2 − 2 x + 1)( x − 2)

Resolvendo a equação x 2 − 2 x + 1 por Girard:


x1 + x2 = 2
x1 x2 = 1

1
Como x2 = , então, x1 = x2 = 1 .
x1
Assim, as raízes da equação dada são 1 (raiz dupla) e 2 (raiz simples).
S={1, 2}

2) Foi apresentado a um exímio calculista, conhecido como “o homem que


calculava”, o sistema de equações:
 37
 x1 + x2 + x3 = 30

 1
 x1 x2 + x1 x3 + x2 x3 =
 2
 1
 x1 x2 x3 = 15

1 1 2
e ele rapidamente respondeu: “Uma solução do sistema é x1 = , x2 = , x3 = .” Em
3 2 5
seguida perguntaram-lhe: qual a soma dos quadrados das raízes da equação

33
30 x 3 − 37 x 2 + 15 x − 2 = 0 ? De pronto ele respondeu corretamente. Qual foi a sua
resposta?
Solução:
“O homem que calculava” certamente notou que o sistema de equações que lhe
foi apresentado correspondia às relações de Girard da equação do terceiro grau
30 x 3 − 37 x 2 + 15 x − 2 = 0 . Então, ligando os fatos e já tendo descoberto as raízes,
bastava elevar cada uma ao seu quadrado e depois soma-las, ou seja,
2 2 2
1 1  2
x12 + x22 + x32 =   +   +  
3  2  5 
469
obtendo como resposta o valor de .
900

2.4 Teorema das raízes racionais

Teorema 2.4.1: Se P( x) = an x n + an−1 x n−1 + K + a1 x + a0 , an ≠ 0, com

coeficientes inteiros, possui raiz racional ( p q ) com p ∈ Ζ * e q ∈ Ζ * , mdc( p, q) = 1,


então p é divisor de a 0 e q é divisor de a n .

Demonstração:
Por hipótese, temos que ( p q ) é uma raiz não nula de P ( x). Logo,
n n −1
 p  p  p  p
P  = a n   + a n −1   + K + a1   + a0 = 0 (1)
q q q q

Multiplicando a equação acima por q n , obtemos

a n p n + a n −1 p n −1 + K + a1 pq n −1 + a 0 q n = 0 (2)

Isolando na equação (2) o termo a n p n , temos

(
a n p n = − q a n −1 p n −1 + a n − 2 p n − 2 + K + a 1 pq n − 2 + a 0 q n −1 )
(3)

Isolando na equação (2) o termo a 0 q n , temos:


a 0 q n = − p (a n p n −1 + a n −1 p n − 2 + K + a1 q n −1 ) (4)

34
Como a 0 , a1 ,K, a n , p, q ∈ Ζ , então

k1 = (a n −1 p n −1 + a n − 2 p n − 2 + K + a1 pq n − 2 + a0 q n −1 ) ∈ Ζ ;

k 2 = (a n p n −1 + a n −1 p n − 2 + K + a1 q n −1 ) ∈ Ζ
Retomando (3) e (4), respectivamente, temos
an p n a0 q n
= − k1 ∈ Ζ e = −k 2 ∈ Ζ
q p

Ou seja, a n p n é divisível por q e a 0 q n é divisível por p. Como p n e q são

primos entre si e, também, q n e p são primos entre si, segue que q é divisor de a n e

p é divisor de a 0 .
Exemplos:
1) Determinar a raiz racional da equação polinomial
P ( x) = x 4 + 2 x 3 + x 2 − x − 6 = 0.
Resolução:
Pelo teorema, se p q for uma solução da equação, então p é um divisor de
a 0 = −6 e q é

p
um divisor de a 4 = 1. Ou seja, p ∈ {± 1, ± 2, ± 3} e q ∈ {± 1}. Assim, ∈ {± 1, ± 2, ± 3}.
q
Substituindo cada possível raiz p q no polinômio P( x) , obtemos:

P (1) = 14 + 2(1) 3 + 12 − 1 − 6 = −3

P (−1) = (−1) 4 + 2(−1) 3 + (−1) 2 − (−1) − 6 = −5

P (2) = 2 4 + 2(2) 3 + 2 2 − 2 − 6 = 28

P (−2) = (−2) 4 + 2(−2) 3 + (−2) 2 − (−2) − 6 = 0

P (3) = 3 4 + 2(3) 3 + 3 2 − 3 − 6 = 135

P (−3) = (−3) 4 + 2(−3) 3 + (−3) 2 − (−3) − 6 = 33

Ou seja, a raiz racional procurada é 2.

2) Resolver a equação P ( x) = 2 x 3 + 9 x 2 + 13 x + 6 = 0.
Solução:

35
p
Pelo teorema das raízes racionais,se existir uma raiz racional , temos que
q
p
p ∈ {± 1, ± 2, ± 3} e q ∈ {± 1, ± 2}. Logo, ∈ {± 1, ± 2, ± 3, ± 3 2}.
q
Como todos os coeficientes de P( x) são positivos, então podemos excluir as
p
possíveis raízes p q positivas. Assim, ∈ {− 1, − 2, − 3, − 3 2}.
q
Verificando se uma delas é raiz de P( x) , temos

P (−1) = 2(−1) 3 + 9(−1) 2 + 13(−1) + 6 = 0

P (−2) = 2(−2) 3 + 9(−2) 2 + 13(−2) + 6 = 0

P (−3) = 2(−3) 3 + 9(−3) 2 + 13(−3) + 6 = −6


3 2
 − 3  − 3  −3  −3
P  = 2  + 9  + 13 +6=0
 2   2   2   2 
Assim, obtemos as três raízes x1 = −1, x 2 = −2, x3 = − 3 2. Portanto, o conjunto

solução S = {− 1, − 2, − 3 / 2} .

3) Verificar se o polinômio P ( x) = x 3 + x 2 + x − 1 possui raiz racional.


Solução:
p
Pelo teorema das raízes racionais, se existir uma raiz racional , esta deverá ser
q
1 ou –1, verificando as duas possibilidades temos:
P (−1) = (−1) 3 + (−1) 2 + (−1) − 1 = −2

P (1) = (1) 3 + (1) 2 + (1) − 1 = 2


e portanto podemos concluir que o polinômio não possui raiz racional.

2.5 Teorema das raízes complexas

Teorema 2.5.1: Se um número complexo z = a + bi (b ≠ 0), é raiz de uma


equação polinomial P( x) = 0, com coeficientes reais, então o complexo conjugado

z = a − bi (b ≠ 0) também é raiz da equação.


Demonstração:

36
Seja P( x) = a n x n + a n −1 x n −1 + K + a1 x + a 0 = 0 (a n ≠ 0), com coeficientes
reais.
Da hipótese, temos z = a + bi (b ≠ 0) é raiz da equação, isto é, P ( z ) = 0. Logo,

a n z n + a n−1 z n−1 + K + a1 z + a0 = 0
Assim,

a n z n + a n−1 z n −1 + K + a1 z + a0 = 0

A partir de uma das propriedades do conjugado z1 + z 2 = z1 + z 2 , temos

a n z n + a n−1 z n−1 + K + a1 z + a0 = 0

Da propriedade do conjugado kz1 = k z1 e k = k , temos

a n z n + a n −1 z n −1 + K + a 1 z + a 0 = 0

Da propriedade do conjugado z n = ( z ) n , obtemos

a n ( z ) n + a n −1 ( z ) n −1 + K + a1 z + a0 = 0

ou seja, P ( z ) = 0, isto é, z também é raiz da equação P ( x) = 0.

Exemplo:
Determinar as raízes da equação x 3 + 4 x = 0.
Solução:
Fatorando a equação, temos
x( x 2 + 4) = 0 ⇔ x = 0 ou x 2 + 4 = 0 ⇔ x = 0 ou x = ±2i
Logo, S = {0, 2i, − 2i}.

Teorema 2.5.2: Toda equação polinomial de grau n (n ≥ 1) admite n e,


somente n , raízes complexas, contando com suas multiplicidades.
Demonstração:
Seja a equação polinomial
P( x) = a n x n + a n −1 x n −1 + K + a1 x + a 0 = 0 (a n ≠ 0).
Pela demonstração do Teorema da Decomposição, vimos que a equação
P ( x) = 0 admite como raízes x1 , x 2, x3 ,K, x n −1 , x n , sejam elas distintas ou não. Além

37
disso, na demonstração da unicidade da decomposição de P( x) em fatores de 1° grau,
provou-se que são apenas x1 , x 2, x3 ,K, x n −1 , x n as raízes da equação P ( x) = 0 .

Desta forma, concluímos que a equação P ( x) = 0 , de grau n (n ≥ 1) , admite


exatamente n raízes complexas, contando com suas multiplicidades.

2.6 Equação do 2° grau

Toda equação de grau 2 na forma ax 2 + bx + c (a ≠ 0) é chamada equação de


2° grau, onde a, b, c ∈ ℜ são coeficientes e x ∈ C.
Exemplos:
1) x 2 − 3x + 2 = 0
2) x 2 + 16 = 0

A resolução de uma equação de 2° grau pode ser feita através de algumas


“técnicas” desenvolvidas por grandes matemáticos, tais como:
• “Completar quadrados”;
• Fórmula de Báskara.
Além desses, podemos utilizar também alguns métodos já comentados
anteriormente, como as relações de Girard e as raízes racionais.

2.6.1 Resolução da equação de 2° grau completando quadrados

“Completar quadrados”é um artifício que consiste em somar ou subtrair um


valor adequado a ambos os membros da equação, de modo a obter em um dos membros
um trinômio quadrado perfeito (TQP), isto é, uma equação na forma ( x + a) 2 = b.
Podemos então ter três possibilidades, b = 0, b > 0 ou b < 0 .
• se b = 0 , não há o que se fazer, pois a equação já é um TQP.
• se b > 0 , podemos resolver como no 1º exemplo.
• se b < 0 , podemos resolver como no 2º exemplo.
Exemplos:
1) x 2 − 8 x = 20 ⇒ x 2 − 4 x − 4 x = 20 .
Geometricamente, temos:

38
Assim,

Note que a equação x 2 − 8 x = 20 não é um TQP. Para que o primeiro membro


seja um TQP, devemos adicionar 16 em ambos os membros da equação, isto é,
x 2 − 8 x + 16 = 20 + 16. De onde vem que: ( x − 4) 2 = 36 é um TQP.
Desta forma, da fatoração do TQP, temos:
x − 4 = 6 ou x − 4 = −6
Ou seja, x = 10 ou x = −2 .
Logo, S={-2, 10}.

2) x 2 + 4 x + 20 = 0 ⇒ x 2 + 4 x = −20
Novamente a equação não é um TQP, para que o primeiro membro seja um
TQP, devemos somar 4 em ambos os membros da equação, obtendo assim,
x 2 + 4 x + 4 = −20 + 4 que podemos escrever como ( x + 2) 2 = −16 , que é um TQP.
Assim, extraindo as raízes em ambos os membros temos que:
x + 2 = 4i ou x + 2 = −4i
Ou seja, x = −2 + 4i ou x = −2 − 4i
Logo, S = {−2 + 4i, − 2 − 4i} .

De modo geral, para “completar quadrados” de uma equação ax 2 + bx + c = 0


basta somar ou subtrair um valor adequado em ambos os membros da equação, de tal
modo que se tenha um TQP no membro em que se tem a incógnita.

39
2.6.2 Fórmula de Báskara

A fórmula de Báskara, tão conhecida e utilizada por muitos na resolução de


equação do 2° grau, fora obtida através da técnica de “completar quadrados”.
Consideremos a equação de 2° grau
ax 2 + bx + c = 0 (a ≠ 0) a, b, e c ∈ C

Dividindo toda a equação por a , de modo que o coeficiente de x 2 seja igual a 1,


temos:
b c b c
x2 + x + = 0 ⇒ x2 + x = −
a a a a
Para obtermos um trinômio quadrado perfeito no primeiro membro da equação,
adicionemos o termo (b 2a ) em ambos os membros da equação:
2

2 2
b  b  c  b 
x + x+  = − + 
2

a  2a  a  2a 
Assim,
2
 b  b 2 − 4ac
x +  =
 2a  4a 2
Extraindo as raízes quadradas dos dois lados da equação, obtemos:

b b 2 − 4ac
x+ =±
2a 4a 2
Ou seja,

− b ± b 2 − 4ac
x=
2a
Vale lembrar que é comum denotar o termo b 2 − 4ac por ∆, e desta forma
teremos:

−b± ∆
x=
2a
a famosa fórmula de Báskara.
As equações de 2° grau foram fundamentais na resolução de vários problemas,
dentre eles um clássico: encontrar dois números x e y conhecendo-se sua soma (S) e seu
produto(P). Isto é,

40
Adotando y = S − P e substituindo na segunda equação, temos:
x( S − x) = P

Sx − x 2 + P = 0
Aplicando a fórmula de Báskara, temos

S ± S 2 − 4P
x=
2
Como y = S − P , então

 S ± S 2 − 4P  S m S 2 − 4P
y = S − =
 2  2
 
Exemplos:
1) Resolva pela fórmula de Báskara a equação x 2 − 12 = 4 x.
Solução:
Temos x 2 − 4 x − 12 = 0, onde a = 1, b = −4 e c = −12.
Aplicando a fórmula de Báskara,

− (−4) ± (−4) 2 − 4(1)(−12) 4 ± 8


x= =
2(1) 2
Ou seja,
x1 = 6 e x 2 = −2

Logo, S={-2, 6}

3) Resolver a equação ix 2 − 2 x + 3 = 0 utilizando a fórmula de Báskara.


Solução:
Aplicamos a fórmula de Báskara e obtemos:
− (−2) ± (−2) 2 − 4(i )( 3 ) 2 ± 2 1 − i 3
x= =
2(i ) 2i
temos duas possibilidades para 1 − i 3 , assim temos:
2 ± ( 6 + 2i )
x= ou
2i
2 m ( 6 + 2i )
x=
2i
 − 2 − (2 + 6 )i 2 − (2 + 6 )i 
Assim, S =  , 
 2 2 

41
2.7 Trinômio do 2° grau (Estudo do sinal)

Definição: Trinômio do 2° grau é toda função da forma f ( x) = ax 2 + bx + c,


onde a, b e c ∈ ℜ , , definida em ℜ .

Como já vimos, as raízes de um trinômio do 2° grau são valores numéricos que


atribuídos à variável x, anulam o trinômio quando este é igualado a zero.

Exemplos:
1) x + 5 x + 6 é um trinômio do 2° grau, o qual admite − 2 e − 3 como raízes.
2

Verificação: Temos x + 5 x + 6 = 0. De fato, − 2 e − 3 são raízes da equação,


2

pois:
(−2) 2 + 5(−2) + 6 = 0 e (−3) 2 + 5(−3) + 6 = 0

2) x 2 + 10 x + 25 é um trinômio do 2° grau e admite − 5 como raiz, com


multiplicidade 2.
Verificação: Temos x + 10 x + 25 = 0. De fato, − 5 é raiz, pois:
2

(−5) 2 + 10(−5) + 25 = 0
Como –5 é a única raiz do trinômio, dizemos que ela tem multiplicidade 2, pois
o trinômio pode ser escrito como:
( x + 5)( x + 5) = ( x + 5) 2

Como visto, se x1 e x2 forem raízes do trinômio de 2° grau ax 2 + bx + c, então


pelo Teorema da Decomposição, este trinômio pode ser fatorado em a ( x − x1 )( x − x 2 ).

Exemplos:
1) Vimos que − 2 e − 3 são raízes do trinômio x + 5 x + 6 , quando este é
2

igualado a zero. Logo, podemos escrevê-lo na forma fatorada, ou seja,


x 2 + 5 x + 6 = [x − (−2)][x − (−3)] = ( x + 2)( x + 3)

42
2) De maneira análoga podemos escrever o trinômio x + 10 x + 25 na forma
2

fatorada, já que − 5 é raiz, com multiplicidade 2. Logo,


x 2 + 10 x + 25 = ( x + 5)( x + 5) = ( x + 5) 2

2.7.1 Estudo do sinal

Dado f ( x) = ax 2 + bx + c, sendo a, b e c ∈ ℜ , a ≠ 0, temos uma função do 2°


grau ou função quadrática na variável x ∈ ℜ .
O gráfico de uma função polinomial de grau 2 é uma curva aberta, denominada
parábola, cuja concavidade depende do coeficiente a, termo que acompanha x 2 , isto é,
• Se a > 0, a parábola possui concavidade voltada para cima:
• Se a < 0, a parábola possui concavidade voltada para baixo:

Estudar o sinal da função f ( x) = ax 2 + bx + c significa encontrar os


valores de x ∈ D f , tais que f ( x) = 0, f ( x) > 0 e f ( x) < 0.

Já sabemos que os valores de x para os quais se tem f ( x) = 0, correspondem as

raízes ou zeros da função e para obtê-los basta resolver a equação ax 2 + bx + c = 0.


Pela técnica de “completar quadrados” temos que
2
 b  b 2 − 4ac
ax 2 + bx + c =  x +  − =0 (1)
 2a  4a 2

onde b − 4ac é chamado de discriminante e é representado pela letra grega ∆.


2

Como no estudo do sinal da função quadrática é preciso analisar o coeficiente a


e o discriminante, vamos primeiro analisar este último através de três situações:
• Se b 2 − 4ac > 0, então extraindo a raiz quadrada nos dois membros da
igualdade (1), temos:

43
 b  b 2 − 4ac
x + =± ,
 2a  2a
ou seja,
 −b+ b 2 − 4ac
 x1 =
− b ± b − 4ac
2  2a
x= , isto é, 
2a  −b− b 2 − 4ac
 x 2 = 2a
Assim, para b 2 − 4ac > 0, a equação de 2° grau admite duas raízes reais e
distintas.

• Se b 2 − 4ac = 0, então em (1) temos:

 b   b  b 
x +  = 0 ⇒ x +  x +  = 0,
 2a   2a   2a 
ou seja,
−b
x= , (com multiplicidade 2)
2a
Assim, para b 2 − 4ac = 0, a equação admite duas raízes reais e iguais.

• Se b 2 − 4ac < 0, então não existem raízes reais, pois caímos no cálculo
da raiz quadrada de um número negativo, e isto não está definido nos
reais, mas no conjunto dos complexos.
Vejamos, agora, como prosseguir na análise do estudo do sinal da função
quadrática com relação ao coeficiente a e o discriminante b 2 − 4ac, através do esboço
do gráfico e sua respectiva representação no varal.

• Se a > 0 e b 2 − 4ac > 0, temos:

f ( x) = 0, quando x = x1 ou x = x2
f ( x) > 0, quando x < x1 ou x < x2

44
f ( x) < 0, quando x1 < x < x 2

• Se a < 0 e b 2 − 4ac > 0, temos:

f ( x) = 0, quando x = x1 ou x = x2
f ( x) > 0, quando x1 < x < x 2
f ( x) < 0, quando x < x1 ou x < x2

• Se a > 0 e b 2 − 4ac = 0, temos:

f ( x) = 0, quando x = x1 = x 2
f ( x) > 0, quando x ≠ x1 = x 2
f ( x) < 0, não existe x ∈ ℜ

• Se a < 0 e b 2 − 4ac = 0, temos:

f ( x) = 0, quando x = x1 = x 2
f ( x) > 0, não existe x ∈ ℜ
f ( x) < 0, quando x ≠ x1 = x 2

45
Se a > 0 e b − 4ac < 0, temos:
2

Não existe x ∈ ℜ / f ( x) = 0
Não existe x ∈ ℜ / f ( x) = 0
Para todo x ∈ ℜ, f ( x) > 0

Se a < 0 e b − 4ac < 0, temos


2

Não existe x ∈ ℜ / f ( x) = 0
Não existe x ∈ ℜ / f ( x) > 0
Para todo x ∈ ℜ, f ( x) < 0

Geralmente, na representação do varal, temos:

• b 2 − 4ac > 0, então,

• b 2 − 4ac = 0, então,

46
• b 2 − 4ac < 0, então,

não admite raízes reais

Exemplos:
Estudar o sinal das funções de 2° grau abaixo:

a) f ( x) = x − 5 x + 6 d) f ( x) = − x − 6 x + 9
2 2

b) f ( x) = − x − 5 x + 6 e) f ( x) = x − 2 x + 5
2 2

c) f ( x) = x − 6 x + 9 f) f ( x) = − x − 2 x + 5
2 2

Solução:

a) Temos a > 0 e b 2 − 4ac > 0. Logo,


Analisando o sinal da função f(x), temos:
• Se x < 2 ou x > 3 ⇒ f ( x) > 0
• Se x = 2 ou x = 3 ⇒ f ( x) = 0
• Se 2 < x < 3 ⇒ f ( x) < 0

b) Temos a < 0 e b 2 − 4ac > 0,

47
Analisando o sinal de f(x), temos:
• Se x < 2 ou x > 3 ⇒ f ( x) < 0
• Se x = 2 ou x = 3 ⇒ f ( x) = 0
• Se 2 < x < 3 ⇒ f ( x) > 0

c) Temos a > 0 e b 2 − 4ac = 0,

Analisando o sinal de f(x):


• Se x = 3 ⇒ f ( x) = 0
• Se x ≠ 3 ⇒ f ( x) > 0

• Não existe x ∈ ℜ / f ( x) < 0

d) Temos a < 0 e b 2 − 4ac = 0,


Analisando o sinal de f(x),
• Se x = 3 ⇒ f ( x) = 0
• Se x ≠ 3 ⇒ f ( x) < 0

• Não existe x ∈ ℜ / f ( x) > 0

48
e) Temos a > 0 e b 2 − 4ac < 0. Logo,

Analisando o sinal de f(x), temos:


• Para todo x ∈ ℜ, f ( x) > 0

• Não existe x ∈ ℜ / f ( x) = 0

• Não existe x ∈ ℜ / f ( x) < 0

f) Temos a < 0 e b 2 − 4ac < 0.

Analisando o sinal de f(x), temos:


• Para todo x ∈ ℜ, f ( x) < 0

• Não existe x ∈ ℜ / f ( x) = 0

• Não existe x ∈ ℜ / f ( x) > 0

2.8 Fórmula de Cardano

Dada a equação polinomial:


ax 3 + bx 2 + cx + d = 0 a≠0 eq.(1)
A idéia fundamental para resolver a eq.(1) é transformá-la em uma outra
equação polinomial da forma:
x 3 + px + q = 0 eq.(2)

49
No intuito de eliminar o termo de grau 2 da eq.(1) vamos definir x=y+m, e
substituindo na eq.(1) temos:
a ( y + m) 3 + b( y + m) 2 + c ( y + m) + d = 0
ay 3 + y 2 (3am + b) + y (3am 2 + 2bm + c) + (am 3 + bm 2 + cm + d ) = 0 eq.(3)

Para eliminarmos o termo de grau 2, basta que façamos:


−b
m=
2a
E substituindo na eq.(3), temos:
 b 2 2b 2   b3 b3 cd 
ay 3 + y − + c  +  − 2
+ 2
− + d  = 0
 3a 3a   27 a 9a 3a 
Dividindo ambos os lados da equação por a, temos:
 b2 c   2b 3 3ad − cd 
y 3 + y − 2 +  +  + =0 eq.(4)
 3a a   27 a 3
3a 2 

Note que a eq.(4) está na forma:


 − b 2 + 3ac   2b 3 3ad − cd 
y 3 + py + q = 0 com p =  
 e q =  + 
 3a
2
  27 a
3
3a 2 

Para resolvermos a eq.(4), vamos supor que y é a soma de duas parcelas, ou seja,
y = A + B , logo:

y 3 = ( A + B) 3 = A 3 + 3 A 2 B + 3 AB 2 + B 3 = A 3 + B 3 + 3 AB( y )

y 3 − 3 ABy − ( A 3 + B 3 ) = 0 onde:

p3
p = −3 AB ⇒ A B = − 3 3

27
− q = A 3 + B 3 ⇒ B 3 = −(q + A 3 ) , logo

− p3 p
A B = A (−q − A ) =
3 3 3
⇒ A6 + A3 q −
3
= 0 , (bi-quadrada), ou seja,
27 27

(A )
3 2
+ q( A ) −
3 p3
27
=0

Observando a equação bi-quadrada temos que:

50
4 p3  q  2  p  3 
∆=q + 2
= 4  +   
27  2   3  
2 3 2 3
q q  p q q  p
∴A = − ±   +  
3
e B =− m   + 
3

2 2 3 2 2 3


2 3 2 3
q q  p q q  p
∴ y = A + B = 3 − +   +   + 3 − −   +   , Fórmula de Cardano
2 2 3 2 2 3
Agora já conhecemos o valor de y e m, logo já somos capazes de resolver a
eq.(1)., pois sua raiz é x = y + m .
Além disso, podemos observar que se extrairmos as três raízes cúbicas de cada
parcela A e B, teremos 9 valores diferentes para y, o que nos levaria a 9 valores também
para x, mas sabemos, pelo Teorema Fundamental da Álgebra, que uma equação cúbica
tem exatamente 3 raízes complexas. Então porque aparecem estas 9 possíveis soluções?
Na verdade, apenas 3 destas são solução da equação original. Isso ocorre porque quando
supomos que a solução para a equação seria uma soma de duas parcelas e em seguida
elevamos ao cubo ( x = A + B ⇒ x 3 = ( A + B) 3 ), introduzimos 6 raízes estranhas à
equação. Por exemplo:
Seja a equação:
x −1 = 0
que tem como raiz x = 1 . Se fizermos como na fórmula de Cardano, elevando ambos os
membros da igualdade ao cubo teremos:
x 3 = 13 ⇒ x 3 − 1 = 0

A equação x 3 − 1 = 0 pode ser escrita como ( x − 1)( x 2 + x + 1) = 0 , que tem três


raízes distintas:

−1+ i 3 −1− i 3
x1 = 1, x 2 = e x3 =
2 2
mas apenas x = 1 é raiz da equação original, o mesmo ocorre com a fórmula de
Cardano, vejamos um exemplo do que acontece na resolução de uma equação cúbica
pela fórmula de Cardano.
Exemplo:
Seja x 3 − 6 x − 9 = 0 , verificar que apenas 3 combinações das raízes da fórmula
de Cardano são solução da equação.

51
Como sabemos que qualquer equação completa do 3º grau pode ser reduzida a
uma deste tipo, basta verificarmos o que acontece com uma desta forma. Assim,
aplicando a fórmula de Cardano, temos que:
2 3 2 3
9 9 −6 9 9 −6
x= 3 +   +  +3 −   + 
2 2  3  2 2  3 

9 49 3 9 49
x=3 + + −
2 4 2 4

9 7 3 9 7
x=3 + + −
2 2 2 2

x =3 8+3 1

 z 0 = −1 + i 3

temos então três raízes cúbicas de 8, ou seja, 3
8 =  z1 = −1 − i 3
z = 2
 2

 −1+ i 3
z0 ' =
 2
 −1− i 3
e também três raízes cúbicas de 1, 3 1 =  z1 ' =
 2
z2 ' = 1


Assim temos as seguintes possibilidades para x:
 z 0 '+ z 0  z1 '+ z 0  z 2 '+ z 0
  
 z 0 '+ z1  z1 '+ z1  z 2 '+ z1
 z '+ z  z '+ z  z '+ z
 0 2  1 2  2 2
Vamos então verificar cada uma delas.

− 1 + i 3 − 3 + 3i 3
• z 0 '+ z 0 = − 1 + i 3 + =
2 2
3
 − 3 + 3i 3   − 3 + 3i 3   − 3 + 3i 3 
f  =
 
 − 6
 
−9

 2   2   2 
f ( z 0 '+ z 0 ) = 27 − 9i 3

−1− i 3 − 3 + i 3
• z 0 '+ z1 = − 1 + i 3 + =
2 2

52
3
−3+i 3   −3+i 3  −3+i 3 
f  =
 
 − 6
 
−9

 2   2   2 
f ( z 0 '+ z1 ) = 0

• z 0 '+ z 2 = −1 + i 3 + 1 = i 3

( ) ( ) ( )
f i 3 = i 3 −6 i 3 −9
3

f ( z 0 '+ z 2 ) = −9 − 9i 3

−1+ i 3 − 3 − i 3
• z1 '+ z 0 = − 1 − i 3 + =
2 2
3
−3−i 3   −3−i 3   −3−i 3 
f  =
 
 − 6
 
−9

 2   2   2 
f ( z1 '+ z 0 ) = 0

− 1 − i 3 − 3 − 3i 3
• z1 '+ z1 = − 1 − i 3 + =
2 2
3
 − 3 − 3i 3   − 3 − 3i 3   − 3 − 3i 3 
f  =
 
 − 6
 
−9

 2   2   2 
f ( z1 '+ z 0 ) = 27 + 9i 3

• z1 '+ z 2 = − 1 − i 3 + 1 = −i 3

( ) (
f −i 3 = −i 3 −6 −i 3 −9 ) (
3
)
f ( z 0 '+ z 2 ) = −9 + 9i 3

−1+ i 3 3 + i 3
• z 2 '+ z 0 = 2 + =
2 2
3
3+i 3  3+i 3  3+i 3 
f  =  − 6
  2   2 −9

 2     
f ( z 2 '+ z 0 ) = −18

−1− i 3 3 − i 3
• z 2 '+ z1 = 2 + =
2 2
3
3−i 3  3−i 3  3−i 3 
f  =  − 6
  2   2 −9

 2     
f ( z 2 '+ z1 ) = −18

• z 2 '+z 2 = 2 + 1 = 3

53
f (3) = (3) − 6(3) − 9
3

f ( z 2 '+ z 2 ) = 0
Portanto, apenas três das nove possíveis combinações para x são raízes da
 −3+i 3 −3−i 3
equação e seu conjunto solução é: S = 3, , .
 2 2 

2.8.1 Análise das Raízes de uma Equação do 3º Grau pela fórmula de


Cardano

1º Caso: 3 raízes reais e distintas


Seja a equação polinomial:
( x − a)( x − b)( x − c) = 0, com a ≠ b ≠ c ∈ ℜ *
desenvolvendo o produto temos:
x 3 − x 2 (a + b + c) + x(ab + ac + bc) − abc = 0

Para que o produto desenvolva uma equação do tipo:


x 3 + px + q = 0
para qual é válida a fórmula de Cardano.
Devemos eliminar o termo de grau 2, e portanto é necessário e suficiente que:
a + b + c = 0 ⇒ c = −( a + b)
e substituindo na equação temos:
x 3 + x(ab − (a + b) 2 ) + ab(a + b) = 0 , onde

p = ab − (a + b) 2 e q = ab(a + b)
Aplicando a Fórmula de Cardano, temos:
2 3 2 3
−q q  p −q q  p
x= 3 +   +  +3 −   + 
2 2  3  2 2  3 

2 3
ab(a + b)  ab(a + b)   ab − (a + b) 2 
x= −3 +   +   +
2  2   3 

2 3
ab(a + b)  ab(a + b)   ab − (a + b) 2 
+3 − −   +  
2  2   3 

54
Observamos agora que:
2 3
q  p
∆=  + 
2 3
2 3
 ab(a + b)   ab − (a + b) 
∆=  + 
 2   3 

− 4a 6 − 12a 5 b + 3a 4 b 2 + 26a 3b 3 + 3a 2 b 4 − 12ab 5 − 4b 6


∆=
108
(a − b) (2a + b) (a + 2b) 2
2 2
∆=−
108
∴ ∆ < 0 ∀ a, b ∈ ℜ * a ≠ b
No caso em que c ≠ −(a + b) , temos que reduzir a equação fazendo a
substituição x = y + m , como já vimos.

2º caso: 2 raízes complexas e uma real


Supondo a+bi é uma raiz de uma equação de 3º grau com coeficientes reais,
então conseqüentemente a-bi também é raiz, a terceira raiz será obrigatoriamente real, e
para conseguirmos aplicar diretamente a Fórmula de Cardano é necessário que a soma
das 3 raízes seja igual a zero para que anulemos o termo de grau 2 da equação para
então aplicarmos a Fórmula de Cardano, logo:
(a + bi ) + (a − bi ) + c = 0 ⇒ c = 2a
Portanto a equação pode ser reescrita da seguinte forma:
x 3 + x(b 2 − 3a 2 ) + 2a(a 2 + b 2 ) = 0
Observando o discriminante da Fórmula de Cardano nessa equação temos:
2 3
 2a (a 2 + b 2 )   b 2 − 3a 2  81a 4 b 2 + 18a 2 b 4 + b 6
∆ =   +   =
 2   3  27
∆ > 0 ∀ a, b ∈ ℜ b ≠ 0
Mas observe que:
b=0 ⇒ ∆=0
O que faria que as três raízes fossem reais, sendo duas ou três coincidentes.
Assim provamos que:

55
1) {a, b, c} ∈ ℜ * com a ≠ b ≠ c ⇒∆ < 0

2) {a + bi, a − bi, c} com a, b, c ∈ ℜ ⇒ ∆ > 0
*

Mas podemos observar que as recíprocas também são verdadeiras. Supondo que
∆ < 0 não implicasse em três raízes reais distintas, teríamos uma raiz complexa a + bi
e conseqüentemente sua conjugada a − bi e assim estaríamos no 2º caso, que implica
em ∆ > 0 , o que é uma contradição. Logo podemos concluir que ∆ < 0 implica em três
raízes reais distintas.
De maneira análoga se prova que ∆ > 0 implica em duas raízes complexas e
uma raiz real. Assim podemos concluir que:
1)∆ < 0 ⇔ as três raízes são reais e distintas
2)∆ = 0 ⇔ as raízes são reais sendo 2 ou 3 iguais
3)∆ > 0 ⇔ uma raiz é real e 2 são complexas

2.9 A equação de quarto grau em C.

O mérito da solução geral para a equação do quarto grau é atribuído ao


matemático italiano Lodovico FERRARI, no século XVI.
Publicado na “Ars Magna” de Gerolamo CARDANO, a resolução originou-se de
um desafio proposto a Cardano por Tonini da Coi, que enunciou: “Dividir dez em três
partes que estejam em ‘proporção contínua’ (equivalente à terça proporcional, i é,
a b
= ) e tais que o produto das duas primeiras seja seis”.
b c

2.9.1 O método de Ferrari:


Vejamos como Ferrari resolveu o problema:
Está claro que o problema se reduz a determinar a, b, c tais que a + b + c = 10 e

a b 6 x3
ab = 6 , e também = . Assim , Ferrari tomou a = , b = x e c = , obtendo:
b c x 6
6 x3
+x+ = 10 ,
x 6
que é equivalente a x 4 + 6 x 2 + 36 = 60 x (eq. 1)

56
Para resolver, Ferrari completou quadrados, somando 6x 2 nos dois membros,
obtendo:

6 x 2 + x 4 + 6 x 2 + 36 = 60 x + 6 x 2 ⇔ x 2 + 6 ( ) 2
= 60 x + 6 x 2

Somando “y” no segundo membro afim de se obter x 2 + 6 + y e somado ao ( )


2

( )
segundo membro y 2 + 2 y + y 2 + 6 para manter a igualdade, teremos:

(x 2
+ 6 + y ) = y 2 + 2 y + ( y 2 + 6) + 6 x 2 + 60 x
2

Desenvolvendo o segundo membro, temos:


( )
y 2 + 2 y + y 2 + 6 + 6 x 2 + 60 x = (2 y + 6)x 2 + 60 x + y 2 + 12 y ( )
Portanto:

(x 2
) (
+ 6 + y = (2 y + 6)x 2 + 60 x + y 2 + 12 y
2
) (eq. 2)
Observe que existe uma equação quadrática no segundo membro. Logo podemos
calcular y de modo a obtermos um quadrado perfeito. Para isso, basta fazermos com que
o discriminante seja igual a zero( i é, se ∆ = 0 em (2 y + 6)x 2 + 60 x + y 2 + 12 y = 0 ( )
então teremos uma equação da forma (x + k ) ).
2

Vejamos:
(2 y + 6)x 2 + 60 x + (y 2 + 12 y ) = 0, ∆=0

( )
602 − 4(2 y + 6 ) y 2 + 12 y = 0 ⇒ 302 − (2 y + 6) y 2 + 12 y = 0( )
Desenvolvendo a equação, temos:
y 3 + 15 y 2 + 3 y = 450
Dessa forma Ferrari conseguiu calcular um y, através do método Tartaglia-
( )
Cardano, tal que (2 y + 6)x 2 + 60 x + y 2 + 12 y = 0 seja um quadrado perfeito na forma

(x + k )2 .
Dessa forma, da equação (eq. 2) teremos:

(x 2
+ 6 + y ) = ( x + k ) ⇒ x 2 + (6 + y ) = x + k ⇒ x 2 + k1 = x + k
2 2

Portanto:
x 2 − x + k = 0 (eq. 3),
onde as raízes da (eq. 3) coincidem com duas das raízes de (eq. 1).
Com o método criado por Ferrari para resolver o problema de Da Coi,
conseguimos encontrar duas raízes de qualquer polinômio de grau quatro.

57
2.9.2 Resolução geral para um polinômio do quarto grau:

4
Seja o polinômio P4 ( x ) = ∑ ai x i = a4 x 4 + a3 x 3 + a2 x 2 + a1 x + a0 , a4 ≠ 0
i =0

achar as raízes de P4 ( x ) significa fazermos P4 ( x ) = 0.


Assim:
a3 3 a2 2 a1 a
a4 x 4 + a3 x3 + a2 x 2 + a1 x + a0 = 0 ⇒ x 4 + x + x + x+ 0 =0
a4 a4 a4 a4
Que é equivalente a:
a3 a a a
x 4 + ax 3 + bx 2 + cx + d = 0 ,onde a = ,b = 2 ,c = 1 , d = 0
a4 a4 a4 a4
Para conseguirmos uma equação como a do problema demonstrado na “Ars
a
Magna”, de Cardano, devemos eliminar o termo cúbico ax 3 , substituindo x por t − :
4
a
Fazendo x = t − temos:
4
4 3 2
 a  a  a  a
 t −  + a t −  + b t −  + c t −  + d = 0
 4  4  4  4
Desenvolvendo:
2
 2 2ta  a  2   a   2 2ta  a  
2
 2 2ta  a  2   a 
 t − +    + a  t −  t − +    + b t − +    + c t −  + d = 0
 4  4    4   4  4    4  4    4 

 a2 a2   a 3 ab   − 3a 4 ba 2 ac 
t 4 +  − + b t 2 +  − + c t +  + − + d  = 0
 8 2  8 2   256 16 4 
Que é equivalente a:
t 4 + pt 2 + qt + r = 0 , chamada de equação reduzida onde:

 a2 a2   a 3 ab   − 3a 4 ba 2 ac 
p =  − + b , q =  − + c  e r =  + − + d 
 8 2  8 2   256 16 4 

Para resolvê-la, reescreva a equação da seguinte forma:


t 4 + pt 2 = − qt − r
Complete o quadrado no primeiro membro:
( pt 2
+ p 2 ) + t 4 + pt 2 = −qt − r + ( pt 2 + p 2 ) ⇒ t 4 + 2 pt 2 + p 2 = pt 2 + p 2 − qt − r

58
∴ (t 2 + p ) = pt 2 + p 2 − qt − r
2

Agora, somando um “y” na equação, tal que:

( )
2
[
∴ t 2 + p + y = pt 2 + p 2 − qt − r + y 2 + 2 y t 2 + p ( )] (eq. 4)
Note que a equação (eq. 4) é equivalente à (eq. 2), logo podemos resolvê-la
como vimos no problema de Da Coi, utilizando as passagens da (eq. 2) para (eq. 3).

Desenvolvendo a (eq. 4) e fazendo seu discriminante igual a zero, iremos ver a


cúbica resolvente
8 y 3 + 20 py 2 + (16 p 2 − 8r ) y + (q 2 − 4 p 3 + 4 pr ) = 0
que pode ser escrita
y 3 + αy 2 + β y + γ = 0 (eq. 5)

Portanto, resolvemos a (eq.5) pelo método de Cardano, encontrando os valores de y tais


que fiquem dois quadrados perfeitos em (eq.4), e com isso resolver a equação geral
P4 ( x ) = 0 .

2.9.3 Conseguindo as quatro raízes:


Uma maneira mais sofisticada de resolver uma P4 ( x ) = 0 é fazer x = v + u + z ,
onde v, u , z ≠ 0 .
Vejamos:
4
Seja P4 ( x ) = ∑ ai x i = 0 que é x 4 + ax 3 + bx 2 + cx + d = 0 , já vimos que podemos
i =0

escrevê-la na forma x 4 + px 2 + qx + r = 0 .
Fazendo x = v +u + z, temos
x 2 − (v 2 + u 2 + z 2 ) = 2(uv + uz + vz )
[ ]
2
∴ x 2 − (v 2 + u 2 + z 2 ) = 4(uv + uz + vz ) 2 ⇔
x 4 − 2 x 2 (v 2 + u 2 + z 2 ) + (u 4 + v 4 + z 4 ) + 2(u 2v 2 + u 2 z 2 + v 2 z 2 ) =
4(u 2v 2 + u 2 z 2 + v 2 z 2 ) + 8(u 2vz + uv 2 z + uvz 2 ) = 4(u 2v 2 + u 2 z 2 + v 2 z 2 ) + 8uvz (u + v + z )

Então conseguimos a equação reduzida da quadrática original


[ ]
x 4 − 2 x 2 (v 2 + u 2 + z 2 ) − 8(uvz ) x + (v 2 + u 2 + z 2 ) 2 − 4(u 2 v 2 + u 2 z 2 + v 2 z 2 ) = 0

59
Relacionando os coeficientes da equação com v, u e z :


 p
− 2(v + u + z ) = p ⇒ (v + u + z ) = − 2
2 2 2 2 2 2



 q2
 − 8(uvz ) = q ⇒ [− 8(uvz ) ]2
= q 2
⇒ u 2 2 2
v z =
 64


(v 2 + u 2 + z 2 ) 2 − 4(u 2v 2 + u 2 z 2 + v 2 z 2 ) = r ⇒ u 2v 2 + u 2 z 2 + v 2 z 2 = p − 4r
2

 142p 43 16
 −
2

Assim fica claro que v 2 , u 2 , z 2 são raízes de uma equação cúbica (resolvente) tal
que suas raízes sejam α , β e γ .

p 2  p 2 − 4r  q2
y4 + y +   y + =0
2  16  64

Nota-se que as raízes da equação resolvente estão relacionadas a v 2 , u 2 , z 2 , onde

α = u 2 , β = v2 e γ = z 2 ⇔ u = α , v = β e z = γ

q
Como z = − , temos que z é uma das raízes da P4 ( x ) = 0, x = u + v + z ;
8uv

Assim podemos combinar as raízes α, β e γ de modo a conseguir as quatro

raízes de P4 ( x ) = 0 .

 x1 = α + β + γ

 x2 = α − β − γ

 x3 = − α + β − γ

 x4 = − α − β + γ

No próximo capítulo apresentaremos exemplos de equações que podem ser


resolvidas com os métodos apresentados e também que existem algumas equações que
não podem ser resolvidas por nenhum destes métodos, e então, mostraremos os métodos
numéricos utilizados nestes casos.

60
CAPÍTULO III

Neste capítulo, apresentaremos os métodos pelos quais podem ser


encontradas as raízes reais de uma equação que não poderíamos resolver por nenhum
dos métodos apresentados. Além disso, mostraremos algumas aplicações práticas das
equações estudadas e seus respectivos métodos de resolução.

61
3.1. APROXIMAÇÃO DE RAÍZES DE UMA EQUAÇÃO POLINOMIAL
POR MÉTODOS NUMÉRICOS

Começaremos por enunciar um teorema que será muito importante na hora de


determinar se um dado intervalo contém uma raiz da equação:

Teorema do Valor Intermediário (TVI):


Seja f : [a, b] → ℜ uma função contínua. Se f (a) < y < f (b) , então existe
x∈] a, b [ tal que f ( x) = y .
Demonstração:
Façamos a = a0 e b = b0 , e seja x1 o ponto médio do intervalo [a0 ,b0 ] . Se

f ( x1 ) < y definimos a1 = x1 e b1 = b0 , mas se f ( x1 ) ≥ y definiremos a1 = a0 e b1 = x1 e

em ambos os casos teremos f (a1 ) ≤ y ≤ f (b1 ) e o comprimento do intervalo [a1 , b1 ] é


metade do comprimento do intervalo [a, b] .
Aplicando este método repetidas vezes teremos:
[a, b] ⊃ [a1 , b1 ] ⊃ [a2 , b2 ] ⊃ K ⊃ [an , bn ] ⊃ K
Fazendo an = xn e bn = bn−1 ou an = an−1 e bn = xn , dependendo se f ( xn ) < y ou

f ( xn ) ≥ y , note que a seqüência de termos an e bn convergem para algum x ∈ ℜ tal que

an ≤ x ≤ bn ∀ n ∈ Ν .
Além disso, pela continuidade de f temos que:
lim f (an ) = y lim f (bn ) = y e f (an ) ≤ y ≤ f (bn ) ∀n ∈ Ν
n → +∞ n →+∞

logo, podemos concluir que f ( x) = y .


Deste teorema decorre a seguinte proposição:
Seja f (x) uma função contínua num intervalo [a, b] . Se f (a). f (b) < 0 , então
existe pelo menos um ponto x entre a e b tal que f ( x) = 0 .
Demonstração:
Pelo TVI temos que se f é contínua e y∈[ f (a ), f (b)] , então existe x∈ [a, b] tal
que f ( x) = y , e se f (a) < 0 < f (b) , temos pelo TVI que existe x∈ [a, b] tal que
f ( x) = 0 .
Para f (b) < 0 < f (a) a demonstração é análoga.

62
3.1.1 Métodos iterativos para aproximação de zeros reais de funções

São vários os métodos iterativos que podem ser utilizados para encontrar raízes
reais de funções polinomiais, mas como o objetivo do trabalho não é estudar tais
métodos, escolhemos dois deles para mostrar apenas que é possível encontrar estas
raízes. O primeiro método que escolhemos foi o da Bissecção, por se basear numa idéia
bastante simples e fácil de entende, já o segundo foi o método de Newton, que
escolhemos por ser um método mais eficiente e rápido, mas ambos os métodos
fornecem os mesmos resultados.

3.1.1.1 Método da Bissecção


Seja a função f (x) contínua no intervalo [a, b] e tal que f (a). f (b) < 0 , já
sabemos pelo TVI que existe x∈ [a, b] tal que f ( x) = 0 .
O método da bissecção nada mais é do que reduzir o intervalo que contém a raiz
até atingir a precisão requerida, ou seja, b − a < ε , usando para isto a sucessiva divisão

do intervalo [a, b] ao meio.


Exemplo:

As iterações são realizadas da seguinte forma:


 f ( a0 ) < 0  x ∈ (a0 , x0 )
a +b  
x0 = 0 0  f (b0 ) > 0 ⇒ a1 = a0
2  f (x ) > 0 b = x
 0 1 0

63
 f (a1 ) < 0  x ∈ ( x1 , b1 )
a +b  
x1 = 1 1  f (b1 ) > 0 ⇒ a 2 = x1
2  f (x ) < 0 b = b
 1  2 1

 f (a 2 ) < 0  x ∈ ( x2 , b2 )
a +b  
x2 = 2 2  f (b2 ) > 0 ⇒ a3 = x2
2  f (x ) < 0 b = b
 2  3 2

M M M

Encontrar as raízes de f ( x) = x 5 − 5 x 4 − 13 x 3 + 65 x 2 + 36 x − 180 com precisão


ε = 0,2 , utilizando o método da bissecção.

x -5 -2,5 0 2,5 4 6
f(x) -3360 46,41 -180 15,47 -84 864

Logo, nos intervalos I1 = [− 5,−2.5] , I 2 = [− 2.5,0] , I 3 = [0,2.5] , I 4 = [2.5,4] e

I 5 = [4,6] existe x ∈ ℜ tal que f ( x) = 0 .

 
I1 = −{5, −
{ 2.5 f (−5) < 0 e f (−2.5) > 0
 a0 b0 
1ª iteração:
a0 + b0
x0 = ⇒ x0 = −3.75 f ( x0 ) = −445.74 < 0 , logo
2
x0 = a1 e b0 = b1 b1 − a1 = 1.25 > ε

2ª iteração:
a1 + b1
x1 = ⇒ x1 = −3.125 f ( x1 ) = −35.87 < 0 , logo
2
x1 = a2 e b1 = b2 b2 − a 2 = 0.625 > ε

3ª iteração:
a2 + b2
x2 = ⇒ x2 = −2.8125 f ( x2 ) = 33.29 > 0 , logo
2
a3 = a 2 e b3 = x2 b3 − a3 = 0.3125 > ε

4ª iteração:
a3 + b3
x3 = ⇒ x3 = −2.9688 f ( x3 ) = 7.15 > 0 , logo
2

64
a3 = a 4 e b4 = x3 b4 − a4 = 0.1562 < ε

portanto x = −2.9688 é uma raiz de f (x) com precisão ε = 0,2 .

 
I 2 = −{2.5, 0{  f (0) < 0 e f (−2.5) > 0
 a0 b0 
1ª iteração:
a0 + b0
x0 = ⇒ x0 = −1.25 f ( x0 ) = −113.31 < 0 , logo
2
x0 = a1 e b0 = b1 b1 − a1 = 1.25 > ε

2ª iteração:
a1 + b1
x1 = ⇒ x1 = −1.875 f ( x1 ) = −18.26 < 0 , logo
2
x1 = a2 e b1 = b2 b2 − a 2 = 0.625 > ε

3ª iteração:
a2 + b2
x2 = ⇒ x2 = −2.1875 f ( x2 ) = 23.79 > 0 , logo
2
a3 = a 2 e b3 = x2 b3 − a3 = 0.3125 > ε

4ª iteração:
a3 + b3
x3 = ⇒ x3 = −2.03125 f ( x3 ) = 4.32 > 0 , logo
2
a3 = a 4 e b4 = x3 b4 − a4 = 0.1562 < ε

portanto x = −2.03125 é uma raiz de f (x) com precisão ε = 0,2 .

 
I 3 =  0{ , 2{
.5 f (0) < 0 e f (2.5) > 0
 a0 b0 
1ª iteração:
a0 + b0
x0 = ⇒ x0 = 1.25 f ( x0 ) = −67.98 < 0 , logo
2
a1 = x0 e b1 = b0 b1 − a1 = 1.25 > ε

2ª iteração:
a1 + b1
x1 = ⇒ x1 = 1.875 f ( x1 ) = −8.30 < 0 , logo
2

65
a 2 = x1 e b2 = b1 b2 − a 2 = 0.625 > ε

3ª iteração:
a2 + b2
x2 = ⇒ x2 = 2.1875 f ( x2 ) = 9.31 > 0 , logo
2
a3 = a 2 e b3 = x2 b3 − a3 = 0.3125 > ε

4ª iteração:
a3 + b3
x3 = ⇒ x3 = 2.03125 f ( x3 ) = 1.82 > 0 , logo
2
a 4 = a3 e b4 = x3 b4 − a4 = 0.1562 < ε

portanto x = 2.03125 é uma raiz de f (x) com precisão ε = 0,2 .

 
I 4 = 2{.5, 4{  f (4) < 0 e f (2.5) > 0
 a0 b0 
1ª iteração:
a0 + b0
x0 = ⇒ x0 = 3.25 f ( x0 ) = −17.94 < 0 , logo
2
a1 = x0 e b1 = b0 b1 − a1 = 0.75 > ε

2ª iteração:
a1 + b1
x1 = ⇒ x1 = 2.875 f ( x1 ) = 6.66 > 0 , logo
2
a 2 = a1 e b2 = x1 b2 − a 2 = 0.375 > ε

3ª iteração:
a2 + b2
x2 = ⇒ x2 = 3.875 f ( x2 ) = 3.95 < 0 , logo
2
a3 = x 2 e b3 = b2 b3 − a3 = 0.1875 < ε

portanto x = 3.0625 é uma raiz de f (x) com precisão ε = 0,2 .

 
I 5 =  4{ , 6{  f (4) < 0 e f (6) > 0
 a0 b0 
1ª iteração:
a0 + b0
x0 = ⇒ x0 = 5 f ( x0 ) = 0
2
portanto x = 5 é uma raiz de f (x) .

66
As raízes aproximadas de f (x) encontradas utilizando o método da bissecção
são: x1 = −2.9688 , x2 = −2.03125 , x3 = 2.03125 , x4 = 3.0625 e x5 = 5 com precisão

ε = 0,2 . Se exigíssemos uma precisão maior, chegaríamos mais próximo do valor exato
das raízes que são: x1 = −3 , x2 = −2. , x3 = 2 , x4 = 3 e x5 = 5 .

3.1.1.2 Método de Newton


Seja a função f (x) contínua no intervalo [a, b] e tal que f (a). f (b) < 0 .
O método de Newton pode ser facilmente deduzido geometricamente, basta
tomar o coeficiente angular da reta tangente no ponto (xk , f ( xk ) ) , ou seja, f ' ( xk ) . Feito

isso, traçamos a reta Rk (x) tangente à curva neste ponto:

Rk ( x) = f ( xk ) + f ' ( xk ).( x − xk )

Fazendo Rk ( x) = 0 , temos:

− f ( xk )
x= + xk
f ' ( xk )

E, se fizermos x = xk +1 , teremos o algoritmo para as iterações pelo método de


Newton.
− f ( xk )
xk +1 = xk +
f ' ( xk )
Para encontrar as raízes de uma função f (x ) , realizamos as iterações até se

obter uma precisão ε tal que f ( x) < ε .

Graficamente temos:
Iniciando com a aproximação inicial x0 , a aproximação x1 é o valor em que a

reta tangente ao gráfico de f (x) em ( x0 , f ( x0 ) ) intercepta o eixo das abscissas. A

aproximação x 2 é o valor em que a reta tangente ao gráfico de f (x) em ( x1 , f ( x1 ) )


corta o eixo dos x e assim por diante.

67
Exemplo:
Encontrar todas as raízes reais de f ( x) = x 5 − 6 x 4 − 20 x 3 + 120 x 2 + 64 x − 384 ,
com precisão ε = 0.1 .
x -5 -3 -1 0 1 3 5 7
f (x) -2079 315 -315 -384 -225 105 -189 1485

Logo, nos intervalos I1 = [− 5,−3] , I 2 = [− 3,−1] , I 3 = [1,3] , I 4 = [3,5] e I 5 = [5,7]

existe x ∈ ℜ tal que f ( x) = 0 .

f ( x) = x 5 − 6 x 4 − 20 x 3 + 120 x 2 + 64 x − 384 ⇒ f ' ( x) = 5 x 4 − 24 x 3 − 60 x 2 + 240 x + 64

I1 = [− 5,−3] , vamos fazer a aproximação inicial da raiz neste intervalo tomando


x0 = −5 .

− f ( xk ) f ( x0 )
x k +1 = x k + ⇒ x1 = x 0 −
f ' ( xk ) f ' ( x0 )

⇒ x1 = −4.4 e f ( x1 ) = 544 > ε

f ( x1 )
x 2 = x1 − ⇒ x 2 = −4.1 e f ( x 2 ) = 108 > ε
f ' ( x1 )

f ( x2 )
x3 = x 2 − ⇒ x3 = −4.01 e f ( x 3 ) = 9.7 > ε
f ' ( x2 )

f ( x3 )
x 4 = x3 − ⇒ x 4 = − 4.0 e f ( x4 ) = 0
f ' ( x3 )

68
e portanto x = −4 é uma raiz de f (x) .

I 2 = [− 3,−1] , vamos fazer a aproximação inicial da raiz deste intervalo tomando


x0 = −1 .

f ( x0 )
x1 = x0 − ⇒ x1 = −2.52 e f ( x1 ) = 193.82 > ε
f ' ( x0 )

f ( x1 )
x 2 = x1 − ⇒ x 2 = −1.94 e f ( x3 ) = 21.30 > ε
f ' ( x1 )

f ( x2 )
x3 = x 2 − ⇒ x3 = −2.0 e f ( x3 ) = 0
f ' ( x2 )
e portanto x = −2 é uma raiz de f (x) .

I 3 = [1,3] , vamos fazer a aproximação inicial da raiz deste intervalo tomando

x0 = 1 .

f ( x0 )
x1 = x0 − ⇒ x1 = 2 e f ( x1 ) = 0
f ' ( x0 )
e portanto x = 2 é uma raiz de f (x) .

I 4 = [3,5] , vamos fazer a aproximação inicial da raiz deste intervalo tomando


x0 = 5 .

f ( x0 )
x1 = x0 − ⇒ x1 = 3.3 e f ( x1 ) = 95.33 > ε
f ' ( x0 )

f ( x1 )
x 2 = x1 − ⇒ x 2 = 4.73 e f ( x3 ) = 149.28 > ε
f ' ( x1 )

f ( x2 )
x3 = x 2 − 3 ⇒ x3 = 3.90 e f ( x3 ) = 18.2 > ε
f ' ( x2 )

f ( x3 )
x 4 = x3 − ⇒ x 4 = 4.0 e f ( x4 ) = 0
f ' ( x3 )
e portanto x = 4 é uma raiz de f (x) .

69
I 5 = [5,7] , vamos fazer a aproximação inicial da raiz deste intervalo tomando

x0 = 7 .

f ( x0 )
x1 = x0 − ⇒ x1 = 6.42 e f ( x1 ) = 399 > ε
f ' ( x0 )

f ( x1 )
x 2 = x1 − ⇒ x 2 = 6.11 e f ( x3 ) = 80.20 > ε
f ' ( x1 )

f ( x2 )
x3 = x 2 − ⇒ x3 = 6.01 e f ( x3 ) = 6.95 > ε
f ' ( x2 )

f ( x3 )
x 4 = x3 − ⇒ x 4 = 6.0 e f ( x4 ) = 0
f ' ( x3 )
e portanto x = 6 é uma raiz de f (x) .
Neste caso chegamos às raízes exatas da função e estas são: x1 = −4 , x 2 = −2. ,
x3 = 2 , x 4 = 4 e x 5 = 6 .
Como sabemos, as equações de grau superior a cinco, exceto alguns casos
particulares, não podem ser resolvidas pelos métodos algébricos usuais, mas podem ser
resolvidas através destes métodos que acabamos de apresentar, a seguir apresentaremos
alguns exemplos de aplicações das equações das quais falamos até o presente momento.

70
3.2. APLICAÇÕES

A Matemática possui muitas ferramentas que tem contribuído significativamente


no desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento científico como, por exemplo,
na Economia, na Biologia e na Física. Essas ferramentas como, por exemplo, fórmulas,
gráficos e tabelas são muitos importantes nestas áreas por facilitarem a compreensão
dos fenômenos em estudo.
Os polinômios e as equações polinomiais, assunto abordado nesta pesquisa,
possui muitas aplicações, tanto na própria Matemática e no cotidiano quanto nas áreas
da Economia, Física, Administração e entre outras.
Abaixo seguem algumas aplicações encontradas sobre o assunto em estudo.
1) Seja o polinômio A( x) = (a + b − 1) x 3 + (2a − b + 3) x + (a + 2c). Determine
a, b e c para que se tenha A( x) = 0 , para qualquer x pertencente aos complexos.
Solução:
Pela Propriedade (Identidade de Polinômios), temos:
a + b − 1 = 0 a + b = 1 a + b = 1
  
A( x) = 0 ⇔ 2a − b + 3 = 0 ⇔ 2a − b = −3 ⇔ 3a = −2 ⇒ a = − 2 3
 a + 2c = 0  a + 2c = 0  a = − 2c
  
Logo, a = −2 / 3, b = 5 / 3 e c = 1 / 3.

2) Dados os polinômios A( x) = (a − 1) x 2 + (b + 2) x + 4 e

B ( x) = (c + 3) x 3 + 5 x 2 − cx + 4, calcule a, b e c para que se tenha A( x) ≡ B( x), ∀x ∈ C.


Solução:
Pela Propriedade (Identidade de Polinômios), temos:
c + 3 = 0 c = −3
 
A( x) ≡ B( x) ⇔ a − 1 = 5 ⇒ a = 6
b + 2 = −c b = 1
 
Portanto, a=6, b=1 e c=-3.

3) Determine p e q sabendo que o polinômio A( x) = 2 x 3 + px 2 − 7 x + q é


divisível por x − 2 e por x + 1.
Solução:

71
Pelo Corolário 1, vimos que se A(x) é divisível por x − 2 e por x + 1 , então 2 e
–1 são raízes, respectivamente. Assim, temos:
A(2) = 4 p + q + 2 = 0
A(−1) = p + q + 5 = 0
Resolvendo o sistema nas incógnitas p e q, temos:
4 p + q = −2 q = −6
 ⇒
 p + q = −5 p =1
Logo, p = 1 e q = −6.

4) Resolva a equação x 4 + 3x 3 − 6 x 2 + 12 x − 40 = 0, sabendo que 2i é uma de


suas raízes.
Solução:
Seja P ( x) = x 4 + 3 x 3 − 6 x 2 + 12 x − 40. Como 2i é raiz de P ( x) = 0, então − 2i
também é raiz, pelo Teorema das raízes complexas. Desta forma, temos a seguinte
decomposição:
P ( x) = ( x − 2i )( x + 2i )( x 2 + 3x − 10)

Resolvendo a equação x 2 + 3x − 10, através da fórmula de Bháskara:

− 3 ± 3 2 − 4.1.(−10)
x= ⇒ {x1 = −5 ou x 2 = 2
2
Logo, o conjunto-solução de P ( x) = 0 é S = {−5, 2, 2i, − 2i}.

5) Resolva a equação x 6 − 2 x 5 + 3 x 4 − 4 x 3 + 3 x 2 − 2 x + 1 = 0, sabendo que i é


uma raiz dupla.
Solução:
Seja P ( x) = x 6 − 2 x 5 + 3x 4 − 4 x 3 + 3x 2 − 2 x + 1. Como i é raiz dupla, então − i
também é raiz dupla, pelo Teorema das raízes complexas. Desta forma, podemos
escrever a seguinte decomposição:
P ( x) = ( x − i ) 2 ( x + i ) 2 ( x 2 − 2 x + 1)

Resolvendo a equação x 2 − 2 x + 1 = 0, através da fórmula de Bháskara,


obtemos 1 como raiz dupla.
Portanto, as raízes de P ( x) = 0, com multiplicidade dois cada uma, são i, − i e 1.

72
6) Considere o polinômio A( x) = x 3 + x 2 + ax + b. Calcule a e b sabendo que os
restos das divisões de A(x) por ( x − 1) e por ( x − 2), são iguais a 5 e –3,
respectivamente.
Solução:
A partir da divisão de A(x) por ( x − 1) , obtemos quociente x 2 + 2 x + (2 + a) e
resto 2 + a + b . Como nos foi informado o valor do resto, temos 2 + a + b = 5, ou seja,
a+b =3 (1).
Através da divisão de A(x) por ( x − 2), obtemos quociente x 2 + x + (2 + a ) e
resto 12 + 2a + b. Como o valor dor resto e –3, neste caso, teremos 2a + b = −15 (2).
De (1) e (2), temos o seguinte sistema:
a + b = 3
 de onde vem a = −18 e b = 21.
2a + b = −15

7) Sabendo que a soma de duas raízes da equação x 3 − x 2 + mx + 21 = 0 é igual


a 4, determine o valor de m.
Solução:
Sejam x1 , x 2 e x3 as raízes da equação dada. Pelas relações entre coeficientes e
raízes, temos:
 x1 + x 2 + x3 = 1 (1)

 x1 x 2 + x1 x3 + x 2 x3 = m ⇒ x1 x 2 + x3 ( x1 + x 2 ) = m ( 2)
 x x x = −21 (3)
 1 2 3
Como a soma de duas das raízes da equação é igual a 4, então seja x1 + x 2 = 4.
Substituindo em (1), obtemos x3 = −3.

Substituindo x1 + x2 = 4 e x3 = −3 em (2), obtemos:

x1 x 2 = m + 12 ( 4)
Substituindo (4) em (3), temos
− 3(m + 12) = −21
⇒ −3m = −21 + 36
∴ m = −5

73
8) (FUVEST-2001) O polinômio P ( x) = x 4 + x 2 − 2 x + 6 admite 1 + i como

raiz, onde i 2 = −1. O número de raízes reais deste polinômio é:


(a) 0 (b) 1 (c) 2 (d) 3 (e) 4
Solução:
Pelo Teorema das raízes complexas, se 1 + i é raiz de P( x) = 0, então 1 − i
também é raiz. Logo, temos a seguinte decomposição:
P ( x) = [ x − (1 + i )][ x − (1 − i )]( x 2 + 2 x + 3)

Resolvendo x 2 + 2 x + 3 = 0 , pela fórmula de Bháskara, temos que:

− 2 ± 4 − 12 − 2 ± 2i 2
x= ⇒x=
2 2
Ou seja, − 1 + i 2 e − 1 − i 2 são raízes.

Logo, não existem raízes reais para P ( x) = x 4 + x 2 − 2 x + 6. Deste modo, (a) é a


alternativa correta.

9) (MACKENZIE) Dividindo-se P( x) = x 2 + bx + c por x − 1 e por x − 2,


obtém-se o mesmo resto 3. Então, a soma das raízes de P( x) − 3 é:
(a) -3 (b) -2 (c) -1 (d) 1 (e) 3
Solução:
Dividindo-se P ( x) = x 2 + bx + c por x − 1 e por x + 2, respectivamente, temos:

Como 1 + b + c e 4 − 2b + c são os restos, respectivamente, da divisão de P(x)


por x − 1 e por x − 2, e ambos valem 3, então:

74
1 + b + c = 3 b + c = 2
 ⇔ de onde vem b = c = 1.
4 − 2b + c = 3 − 2b + c = 1
Assim, P ( x) − 3 = x 2 + x − 2. Admitindo que x1 e x 2 são as raízes deste
polinômio, então, pelas relações de Girard, a soma das raízes é dada por x1 + x 2 = −1 .
Portanto, alternativa (c).

10) (MACKENZIE) Se 6 é a soma dos quadrados das raízes da equação


x 3 − (k + 1) x 2 − x + (k + 1) = 0, k > 0, e se p é a maior raiz, então k+p vale:
(a) 8 (b) 1 (c) 2 (d) 3 (e) 4
Solução:
Pelas relações de Girard, temos:
x1 + x 2 + x3 = k + 1 ⇒ ( x1 + x 2 + x3 ) 2 = (k + 1) 2 (1)
x1 x 2 + x1 x3 + x 2 x3 = −1 (2)
x1 x 2 x3 = −(k + 1) (3)
Das informações do problema, temos:
2 2 2
x1 + x 2 + x3 = 6 ( 4)

Desenvolvendo o primeiro membro de (1):


( x1 + x 2 + x3 ) 2 = (k + 1) 2
2 2 2
⇒ ( x1 + x 2 + x3 + 2( x1 x 2 + x1 x3 + x 2 x3 ) = (k + 1) 2 (5)
Substituindo (4) e (2) em (5), temos:
6 + 2(−1) = (k + 1) 2 ⇒ (k + 1) 2 = 4, ou seja, um T.Q.P. Pela fatoração, temos:
k + 1 = 2 ou k + 1 = −2 , ou seja, k = 1 ou k = −3.
Como, k > 0, então, k = 1.

Logo, a equação é dada por A( x) = x 3 − 2 x 2 − x + 2 = 0. Usando o Teorema das


raízes racionais, para verificar se existe alguma raiz na forma p q, temos:
• p q = {±1,±2} . Verificando em A(x):

A(1) = 13 − 2(1) 2 − 1 + 2 = 0
A(−1) = (−1) 3 − 2(−1) 2 − (−1) + 2 = 0
A(2) = 2 3 − 2(2) 2 − 2 + 2 = 0
A(−2) = (−2) 3 − 2(−2) 2 − (−2) + 2 = −12
Portanto, 1, -1 e 2 são raízes de A(x)=0, e são únicas conforme Teorema
Fundamental da Álgebra.

75
Desta forma, k+p=3. Portanto, alternativa (d).

11) Um terreno quadrado tem lados medindo 30m. Uma parte deste terreno,
também quadrada, com lados de 24m, estava destinada a um armazém (fig. 1). Contudo,
o dono do terreno resolveu mudar seus planos e construir o armazém na forma de um T
(fig.2), mas ocupando a mesma área anterior. Desta forma, calcule o valor de x.

Solução:
Sabendo que as áreas do quadrado e do retângulo são dadas pelo produto da base
pela altura, temos:
Na fig.1, temos:
• Área do Armazém= 24 × 24
Na fig.2, temos:
• Área do Armazém= 30 x + (30 − x) x
Como a área nas duas figuras deve ser igual, então:
24 × 24 = 30 x + (30 − x) x
⇒ x 2 − 60 x + 576 = 0
Pela fórmula de Bháskara, temos

60 ± 60 2 − 4.1.(576)
x= ⇒ x = 12 ou x = 48
2
Contudo, desprezamos x=48, uma vez que ao substituí-lo em (30-x), lado de um
retângulo da fig.2, teremos um valor negativo para uma medida, o que não convém.
Logo, x=12.

12) A tela de um quadro tem comprimento de 60 cm e largura de 50 cm. Nessa


tela foi colocada uma moldura, também retangular, de largura uniforme x cm. Calcule
essa largura, sabendo que o quadro todo passou a ocupar uma área de 4200 cm 2 .

76
Solução:
Sabemos que a área do retângulo é dada pelo produto entre o comprimento e a
altura. Assim,
• Área Total do Quadro= 4200 cm 2
Ou seja,
4200 = (60 + 2 x)(50 + 2 x)
⇒ x 2 + 55 x − 300 = 0
Pela fórmula de Bháskara, temos:

− 55 ± 55 2 − 4.1.(−300)
x= ⇒ x = −60 ou x=5
2
Como não convém uma medida com valor negativo, temos x=5 cm.

13) A receita mensal (em reais) de uma empresa é dada pela função
R( p) = 20000 p − 2000 p 2 , onde p é o preço de venda de cada unidade (0 ≤ p ≤ 10).
a) Qual o preço p que deve ser cobrado para uma receita de R$ 50.000,00?
b) Determine os valores de p para o qual a receita é nula, positiva ou negativa.
Solução:
a) Para R ( p ) = 50.0000 temos:

20000 p − 2000 p 2 = 50000


⇔ − p 2 + 10 p − 25 = 0
Pela fórmula de Bháskara, temos:

− 10 ± 10 2 − 4.(−1).(−25)
p= ⇒ p = 5 (multiplicidade 2)
2(−1)
b) A receita é nula quando R( p) = 0, ou seja,

20000 p − 2000 p 2 = 0
⇔ − p 2 + 10 p = 0

77
Colocando p em evidência, obtemos p=0 e p=10 como raízes.
Esboçando o gráfico de R(p), temos:

Analisando o gráfico, temos:


R ( p ) = 0, se p = 0 ou p = 10
R ( p) > 0, se 0 < p < 10
R ( p) < 0, se p < 0 ou p > 10

14) (FGV) O lucro mensal (em unidades monetárias) de uma empresa é dado
por L( x) = − x 2 + 30 x − 5, em que x é a quantidade mensal vendida.
a) Qual o lucro mensal máximo possível?
b) Entre que valores deve variar x para que o lucro mensal seja no mínimo igual
a 195 u.m.?
Solução:
a) Como a função lucro é uma função polinomial do tipo ax 2 + bx + c , então
podemos usar a relação do vértice dada por x = −b / 2a , o qual determina o pico
positivo nesta parábola (ver HOFFMANN, p. 15-16).
Calculando o vértice, temos:
30
x=− ⇒ x = −15
2(−1)
Desta forma, para determinar o lucro máximo mensal, basta substituir x = −15 ,
na função lucro:
L(15) = −(15) 2 + 30(15) − 5 ⇒ L(15) = 220
Ou seja, o lucro mensal máximo é de 220 u.m.

b)Para um lucro mensal no mínimo igual a 195 u.m., temos


L( x) = 195, ou seja,

78
− x 2 + 30 x − 5 = 195
⇒ − x 2 + 30 x − 200 = 0
Pela fórmula de Bháskara, temos:

− 30 ± 30 2 − 4.(−1).(−200)
x= ⇒ x = 10 ou x = 20
2(−1)
Ou seja, para 10 ≤ x ≤ 20 tem-se um lucro mensal de no mínimo 195 u.m.

15) (VUNESP) Considere o sólido resultante de um paralelepípedo retângulo de


arestas medindo x, x, e 2x, do qual foi retirado um prisma de base quadrada de lado 1 e
altura x. O sólido está representado abaixo:

(a) 2 x 3 − x 2 (b) 4 x 3 − x 2 (c) 2 x 3 − x (d) 2 x 3 − 2 x 2 (e) 2 x 3 − 2 x


Solução:
Da Geometria Euclidiana sabe-se que o volume de um paralelepípedo retângulo
ou de um prisma é dado pelo produto da área da base pela altura. Assim,
• No paralelepípedo retângulo, temos:
Abase = 2 x 2 e altura = x

Portanto, V paralelepípedo = 2 x 3 .

• No prisma de base quadrada, temos:


Abase = 1 e altura = x

Portanto, V prisma = x.

Desta forma, o volume do sólido é dado por:


Vsólido = V paralelepípedo − V prisma , ou seja,

Vsólido = 2 x 3 − x
Portanto, alternativa (c).

79
16) Uma livraria pode encomendar um certo livro a uma editora por um preço
de R$3,00 o exemplar. A livraria vende o livro a R$15,00 e por esse preço tem vendido
200 exemplares por mês. Pretendendo aumentar as vendas, a livraria decidiu reduzir o
preço e calcula que para cada R$1,00 de redução no preço, conseguirá vender mais 20
exemplares por mês. Expresse o lucro mensal da livraria com a venda desse livro em
função do preço de venda e, em seguida, estime o preço ótimo de venda.
Solução:
Temos que:
Lucro = (n° de exemplares vendidos)(lucro por exemplar )
Seja x o preço de venda e L(x) o lucro mensal correspondente. Das informações
do problema temos:
• 200 exemplares são vendidos por mês quando o preço é de R$15,00.
• 20 exemplares são vendidos a mais por mês para cada R$1,00 de redução
no preço. Como o número de reais de redução é igual a diferença (15-x) entre o antigo
preço de venda e o novo preço, temos:
n° de exemplares vendidos = 200 + 20(n° de redução de R$1,00)
= 200 + 20(15 − x)
= −20 x + 500
O lucro por exemplar é simplesmente a diferença entre o preço de venda, x, e o
custo R$3,00. Assim,
Lucro por exemplar = x − 3
Desta forma, o lucro mensal total é dado por:
L( x) = (−20 x + 500)( x − 3)
= −20 x 2 − 560 x − 1500
O vértice da parábola, isto é, o preço ótimo de venda é dado por:
(−560)
x=− = 14
2(−20)
Portanto, o preço ótimo de venda é R$14,00.

17) Uma caixa sem tampa é feita a partir de um pedaço quadrado de cartolina,
de 18 cm por 18 cm, removendo-se um pequeno quadrado de cada canto e dobrando as
abas resultantes para formar os lados. Expresse o volume da caixa em função do lado x
dos quadrados removidos.

80
Solução:
Temos que o volume é dado pelo produto da área pela altura, ou seja:
V = x(18 − 2 x) 2

Em Física para uma melhor compreensão das aplicações que serão aqui
abordadas, faremos uma breve introdução sobre Movimento Uniformemente Variado
(MUV).
Nos estudos dos MUV, a função horária que descreve como os espaços s variam
no decorrer do tempo é uma função polinomial do 2° grau em t, dado por:
aα 2
s (t ) = s 0 + v 0 t + t
2
onde s 0 é o espaço inicial, v 0 a velocidade inicial e α a aceleração escalar constante
do MUV.

Dada a função horária dos espaços, é possível pela fórmula de Báskara


determinar os instantes em que o corpo em movimento passa pela origem dos espaços,
isto é, quando seu espaço s = 0, ou seja,
α
s0 + v0 t + t2 = 0
2
Fazendo uma correspondência com a equação do 2° grau ax 2 + bx + c = 0 ,
teremos a = α / 2, b = v0 e c = s 0 . Assim ,pela fórmula de Bháskara temos:

2 α
− v0 ± v0 − 4.s 0 .
2 ⇒ t = − v0 ± v0 − 2.s 0 .α
2

t=
α  α
2 
2
A função horária dos espaços do MUV, também é utilizada nos estudos de
lançamentos vertical e lançamentos oblíquo no vácuo, de modo que a aceleração escalar
α passa a ser chamada de aceleração da gravidade ( g ≅ 10m / s 2 ). No estudo do

81
lançamento oblíquo (ver RAMALHO, p.180-182), sua aplicação se dá na análise da
componente vertical, ou seja,
α
y = v0 y t + t2
2
onde v0 y corresponde a velocidade inicial vertical.

Abaixo segue algumas aplicações:

18) Um móvel descreve um MUV numa trajetória retilínea e seus espaços


variam no tempo de acordo com a função horária s = 6 − 9t + 3t 2 , sendo t em segundos
e s = 0. em metros. Determine o instante em que o móvel passa pela origem dos
espaços.
Solução:
O móvel passa pela origem dos espaços quando s = 0. Desta forma, temos:
6 − 9t + 3t 2 = 0
Resolvendo esta equação de 2° grau na variável t, pela fórmula de Bháskara:

9 ± 9 2 − 4.(3)(6) 9±3
t= ⇒t = ⇒ t = 2 ou t = 1
2(3) 6
Ou seja, o móvel passa pela origem dos espaços nos instantes: 1s e 2s.

19) Um móvel é atirado verticalmente para cima a partir do solo com


velocidade inicial de 20m/s. Desprezando-se a resistência do ar e adotando a origem de
espaços no solo com trajetória orientada para cima, determine:
a) A função horária dos espaços.
b) O instante em que o móvel atinge o solo.
(Dados: g = 10m / s 2 ).
Solução:
Temos: s 0 = 0 m; v0 = 20m / s

g 2
s = s0 + v0 t + t
2
10
⇒ s = 20t − t 2
5
⇒ s = 20t − 5t 2

82
c) Quando o móvel atinge o solo, seu espaço volta a ser nulo. Logo, s = 0 m,
isto é,
20t − 5t 2 = 0
t = 0 s (inst. inicial )
⇒ t (20 − 5t ) = 0 ⇒ 
t = 4 s (chegada ao solo)
20) Dois corpos são lançados verticalmente para cima do mesmo ponto e com
velocidades iniciais iguais a 30m/s. O segundo corpo é lançado 3s depois do primeiro.
Desprezando-se a resistência do ar e considerando g = 10m / s 2 , determine o instante e a
posição de encontro.
Solução:

Obs: B está deslocado lateralmente só para efeito da


figura, mas é lançado do mesmo ponto que A.

Seja A o corpo lançado primeiro e B o segundo corpo. Orientando a trajetória


para cima, teremos g = −10m / s 2 .
• Corpo A: s 0 = 0 m; v0 = 30 m / s.

Logo, s A = 30t − 5t 2 .
• Corpo B: s 0 = 0 m; v0 = 30 m / s e partiu 3s depois de A.

Logo, s B = 30(t − 3) − 5(t − 3) 2 .


Para determinar o instante de encontro, temos: s A = s B . Ou seja,

30t − 5t 2 = 30(t − 3) − 5(t − 3) 2


⇒ 30t = 135 ⇒ t = 4,5 s
Substituindo t = 4,5 s em qualquer uma das funções horárias dos espaços,
determinamos o ponto de encontro:
Em s A = 30t − 5t 2 , teremos:

s A = 30(4,5) − 5(4,5) 2 = 33,75 m


Ou seja, o encontro ocorre 4,5s depois do lançamento do primeiro corpo e a
33,75 m do ponto de lançamento.

83
21) Uma bola é lançada verticalmente de baixo para cima com velocidade
inicial de 60m/s. Três segundos depois, lança-se uma segunda bola com velocidade
inicial de 80m/s. Calcule o tempo gasto pela segunda bola até encontrar a primeira e a
altura do encontro.
Solução:
Seja A e B, respectivamente, a primeira e a segunda bola. Temos um MUV, cuja
função horária dos espaços (altura) é dada por:
g 2
h = h0 + v0 t + t
2
Orientando a trajetória para cima, teremos g = −10m / s 2 . Assim,

• Em A, temos: h A = 60t − 5t 2

• Em B, temos: hB = 80(t − 3) − 5(t − 3) 2 , pois foi lançada 3s depois de A.


Fazendo, h A = hB , temos:

60t − 5t 2 = 80(t − 3) − 5(t − 3) 2


⇒ 50t − 285 = 0 ⇒ t = 5,7 s (inst. de encontro)
Assim, o tempo gasto pela segunda bola até encontrar a primeira é dado pela
diferença do instante de encontro e o instante que a segunda foi lançada, ou seja,
t gasto = 5,7 − 3 = 2,7 s

A altura do encontro é dada substituindo-se o instante de encontro t=5,7s em


h A ou hB . Logo, em h A , temos:

h A = 60(5,7) − 5(5,7) 2 = 179,55m.

22) Um corpo é atirado obliquamente no vácuo com velocidade horizontal


constante de 60m/s e velocidade inicial vertical de 80 m/s. Adotando g = 10m / s 2 ,
determine a altura máxima atingida pelo corpo, sabendo que este atinge o ponto mais
alto da trajetória em 8s.
Solução:
Considere a figura como um pequeno esboço da situação do problema:

84
Orientando a trajetória para cima, teremos g = −10m / s 2 . Assim,
g 2
A altura máxima é dada pela direção vertical, logo: H = H 0 + v 0 y t + t .
2
Como, H 0 = 0, v0 y = 80m / s; g = −10m / s 2 e t = 8s (instante em que atinge o ponto

mais alto), temos:


10 2
H = 80(8) − (8) ⇒ H = 320m
2
Portanto, a altura máxima é de 320m.

Para a próxima aplicação é importante lembrar da Física Mecânica (ver


RAMALHO, p.298-307) que a energia mecânica ( E m ) em cada instante é a soma das

energias cinética ( EC ) , potencial gravitacional ( E g ) e potencial elástica ( E e ) . Para

tais energias temos as seguintes fórmulas matemáticas:


mV 2
• EC = , onde m: massa e V: velocidade.
2
• EG = mgh, onde m :massa, g: aceleração da gravidade e h:altura.

kx 2
• EE = , onde k: constante elástica da mola/elástico e x: elongação do
2
elástico/mola.

23) Um homem com massa 60 kg pretende saltar de bungee jumping.


Considerando que o comprimento natural do elástico é 10m e sua constante elástica
k=50 N/m e que o sistema apresentado abaixo com três situações é conservativo,
determine a altura mínima necessária para que o homem salte.

85
Onde:
N.R: nível mais baixo atingido pelo saltador
A: antes do salto
B: elástico não esticado (comprimento natural)
C: elongação do elástico

Solução:
• Em A, temos v A = 0, ha = h0 . Logo,

E MA = ECA + EGA + E EA
⇒ E MA = 0 + mgh0 + 0 ⇒ E MA = mgh0 (1)

• Em B, temos hB = h0 − L . Assim,

E MB = ECB + EGB + E EB
2 2
mv B mv B
⇒ E MB = + mg (h0 − L) + 0 ⇒ E MB = mg (h0 − L) (2)
2 2
• Em C, temos hC = 0, vC = 0, x = h0 − L . Assim,

86
E MC = ECC + EGC + E EC
k (h0 − L) K (h0 − L)
⇒ E MC = 0 + 0 + ⇒ E MC = (h0 − L) (3)
2 2
Como o sistema é conservativo, temos E MA = E MB = E MC . Analisando

E MA = E MB , temos:
2
mv B
mgh0 = mg (h0 − L) ⇒ 2mgh0 = k (h0 − L) 2
2
Das informações do problema, temos m=60 kg, L=10m e k=50 N/m. Logo, a
altura mínima h0 é dada por:
2
2.(60).(10)h0 = 50(h0 − 10) 2 ⇒ h0 − 44h0 + 100 = 0
Pela fórmula de Bháskara, temos:

44 ± 44 2 − 4.(100)
h0 = ⇒ h0 = 41,6m ou h0 = 2,40 m
2
Como a altura h0 = 2,40 m não é conveniente nesta situação em estudo, então

h0 = 41,6 m corresponde a altura mínima.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEZERRA, Manoel J. Matemática para o ensino médio. São Paulo: Scipione, 2001.
496p.

CENTURIÓN, Marília. Et all. Matemática na medida certa. 8ª série. São Paulo:


Scipione, 2003. 237p.

EVES, Howard. Introdução à história da matemática. 3 ed. São Paulo: Editora da


Unicamp, 2002. pp. 302-308.

GARBI, Gilberto G. O romance das equações algébricas: a história da álgebra. São


Paulo: Makron Books, 1997.

LIMA, Elon Lages. Et all. Meu professor de matemática e outras histórias. Rio de
Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 1991. pp. 13-25.

HOFFMANN, Laurence D.; BRANDLEY, Geraldo L. Cálculo: um curso moderno e


suas aplicações. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. 525p.

RAMALHO, Francisco. Et all. Os fundamentos da física: mecânica. 6. ed. São Paulo:


Moderna, 1993. v. 1. 480p.

RUGGIERO, Márcia Gomes. Cálculo numérico: aspectos teóricos e computacionais. 2.


ed. São Paulo: Makron Books, 1996. p. 27-74.

SITES:

http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2002/icm105/abel.htm
http://www.searadaciencia.ufc.br/especiais/matematica/eulergauss/eulergauss9.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_de_Galois

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