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D iá logos j u rídicos

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Áudios/ Voz Apost ila de Dire it o da s Suce ssõe s


E- books Primeiras linhas de Direito das Sucessões
Fot os
O artigo traça os conceitos basilares desta parte do Direito Civil e decifra a
Per fil
terminologia adotada por este ramo. É uma leitura para os neófitos. Gisele
Pr êm ios Leite
________________________________________
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Cont at o Direito das Sucessões é a parte especial do Direito Civil que regula a
Links destinação do patrimônio de uma pessoa depois de sua morte.

Quando se cogita de sucessão, trata-se da substituição de uma pessoa por


outro, em caráter não transitório. Até porque o patrimônio não pode
continuar a existir sem a figura de seu titular.

Refere-se tão-somente as pessoas físicas ou naturais. A sucessão é um dos


modos de aquisição de propriedade. Divide-se em quatro partes fundamentais
(por critério didático) constituídas de princípios, conceitos e regras referentes
à sucessão legítima, testamentária, inventário.

A palavra suceder (sub + cedere) possui o significado de uns depois dos


outros. Na acepção jurídica, é quando uma pessoa insere-se na titularidade de
uma relação jurídica que lhe advém de outra pessoa, estabelecendo uma
transferência de direitos, de uma à outra pessoa.

A justificação científica para a abertura da sucessão é o fato de não se admitir


o direito subjetivo sem titular, desta forma, no mesmo instante da morte do
autor da herança1, abre-se sucessão, transmitindo-se automaticamente o
domínio e a posse da herança aos herdeiros legítimos e/ou testamentários do
de cujus.

Tal regra é expressamente prevista nos arts. 1.572, 495 e 496 do C.C( hoje,
os arts. 1.784,1.206 e 1.207 do CC/2002). É curial lembrar que o direito de
propriedade é um direito subjetivo por excelência.

A sucessão a título universal é quando gera a transmissão da totalidade do


patrimônio ao sucessor; e a título particular quando adstrita a uma coisa ou a
um direito determinado, ou a uma fração do patrimônio sem a
individualização do bem ou do direito transmitido.

A título universal, a sucessão induz a sub-rogação abstrata da totalidade dos


direitos ou uma fração ideal deles, ao passo que a título singular ocorre
apenas a sub-rogação concreta do novo sujeito em determinada relação de
direito. É a distinção havida entre herdeiro e legatário, respectivamente.

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*1 Autor da herança é aquele por cuja morte se abre sucessão. Diz-se


também falecido, defunto, antecessor, finado ou inventariado. É o de cujus
hereditatis agitur ou de cuius successione agitur, ou simplesmente de cujus
(de cuius), sem prejuízo das designações vulgares mais usuais.

A sucessão pode ocorrer por ato de vontade (como por exemplo, a venda) ou
por determinação de lei, podendo assim verificar-se em vida (sucessão inter
vivos) ou pela morte (causa mortis).

Na sucessão hereditária ou causa mortis pode conter as duas modalidades até


simultaneamente. A sucessão determinada pela lei chamada de legítima e, a
outra determinada pela vontade chamada de sucessão testamentária,
salientando que o testamento é negócio jurídico expresso em um instrumento,
onde a manifestação de vontade é capaz de produzir efeitos jurídicos com a
morte da pessoa (que por sua vez é um fato jurídico).

O droit de saisine ou o princípio de saisine2 é aquele segundo o qual o próprio


defunto (de cujus) transmite ao sucessor o domínio e a posse da herança.

O princípio de saisine não é absoluto quanto aos legatários, pois só adquirem


a propriedade dos bens infungíveis desde a sucessão, porém quanto aos bens
fungíveis só os adquire através da partilha e verificada a solvência do
respectivo espólio.

Nas antigas civilizações, a sucessão teve seu fundamento exclusivamente na


religião, como meio de subsistência do culto aos antepassados e para
continuação da religião dos falecidos.

A transmissão causa mortis é decorrência lógica da propriedade,


caracterizada, dentro outros aspectos, por sua perpetuidade e estabilidade da
relação jurídica formada, é por assim dizer, o complemento do direito de
propriedade, prolongando-se além da morte do seu titular.

E possui função social, pois que valoriza a propriedade o interesse individual


na formação e avanço patrimonial, estimulando o progresso econômico o que
propulsiona o desenvolvimento social.

Sobre a terminologia e conceitos há vários doutrinadores que teceram


grandiosas colaborações tais como Itabaiana de Oliveira, Silvio Rodrigues,
Orlando Gomes, Washington de Barros Monteiros, Arnoldo Wald entre outros.

A sucessão legítima será sempre a título universal, transmitindo-se aos


herdeiros a totalidade do patrimônio do de cujus.

A sucessão testamentária pode ser universal quando o testador institui


herdeiro que lhe sucede em inteira analogia com o herdeiro legítimo; ou pode
ser a título singular, quando o testador deixa para alguém uma coisa ou
quantia certa (legado), e, neste caso, ao legatário se transmite aquele bem ou
aquele direito individualmente.

*2 Na Idade Média, institui-se a praxe de ser devolvida a posse dos bens, por
morte do servo, ao seu senhor, que exigia dos herdeiros dele um pagamento,
para autorizar a sua imissão. No propósito de defendê-lo dessa imposição, a
jurisprudência no velho direito costumeiro francês, especialmente no Costume
de Paris, veio a consagrar a transferência imediata dos haveres do servo aos
seus herdeiros, assentada a fórmula: Le serf mort saisit le vif, son hoir de
plus proche .Tal doutrina fixou-se por volta do século XIII, diversamente no
direito romano, posto que traduz o imediatismo da transmissão de bens, cuja
propriedade e posse passam diretamente da pessoa do morto aos seus

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herdeiros. (In Caio Mário da Silva Pereira, instituições..., vol. VI 11 ed.,


p.15-17).

Herdeiro ou sucessor é quem recebe ou adquire os bens. Pode ser herdeiro


legítimo ou testamentário.

Entre os legítimos encontram-se os herdeiros necessários ou reservatários


aqueles a quem a lei assegura uma quota do acervo hereditário, limitando a
liberdade de testar. Em nosso direito, correspondem aos descendentes e aos
ascendentes.

Quando o autor da herança não tinha domicílio certo, o foro competente para
a abertura do inventário será o da situação dos bens, ou ainda o lugar do
óbito e, ainda se possuía bens em lugares diversos (art.96§ único CPC).

Legatário é aquele a quem o testador deixa uma coisa ou quantia certa


determinada, individuada, a título de legado. Derivado do latim legatus, de
legare, entende-se a pessoa que, como enviado ou representante, é mandada
à presença de outros para tratar de interesses ou de negócios recíprocos.

Herança3 é o conjunto patrimonial transmitido causa mortis, chama-se


também acervo hereditário, massa ou monte. É equivalente a espólio que
traduz a universalidade de coisa até a sua individualização pela partilha.

Adição da herança é ato pelo qual o herdeiro anui à transmissão dos bens do
de cujus, ocorrida por lei, com a abertura da sucessão, confirmando-a. Pode
ser expressa (resultante de declaração escrita), tácita (resultante da conduta
de herdeiro conforme o art. 1.581 §1 º do CC, hoje o art. 1.805 do CC/2002)
e, ainda presumida (quando o silêncio pós-notificação faz deduzir a aceitação
da herança).

A renúncia à herança é negócio jurídico unilateral pelo qual o herdeiro


manifesta a intenção de se demitir dessa qualidade.

Sucessão é o direito por cuja força a transmissão se dá. Recebe o adjetivo de


legítima ou intestada quando o de cujus não deixa testamento (ab intestado).

Inventário é o processo judicial não contencioso, por via do qual se efetua a


descrição dos bens da herança, lavra-se o título de herdeiro, liquida-se o
passivo do monte, paga-se imposto de transmissão mortis causa, realiza-se a
partilha dos bens entre os herdeiros.

Concluído o inventário, expede-se o formal de partilha com devida


discriminação dos haveres que cabem no quinhão de herdeiros, e compõe os
pagamentos.

Espólio é a massa patrimonial, sem personalidade jurídica, chamadas de


pessoais morais, dotadas de legitimidade ad causam, sendo representada
ativa e passivamente pelo inventariante.

Ordem de vocação hereditária é a distribuição dos herdeiros em classes


preferenciais, conjugando as duas idéias de grau e ordem. (art.1.603-1.625
do C.C., hoje arts 1.829 1835, 1836, 1830 até 1.856 CC/2002).

O direito hereditário brasileiro vigente estabelece a seguinte ordem


excludente: descendentes, em grau infinito; ascendentes, idem; conjugue
(sobrevivente) ou companheiro (a), até colaterais até o quarto grau.

O elemento básico e informativo da sucessão é, pois o parentesco ( que pode

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ocorrer em três ordens ou classes: consangüinidade, afinidade e relações


puramente civis).

*3 O conteúdo da herança é o objeto atual da sucessão possui caráter


eminentemente patrimonial ou econômico correspondendo à universalidade
das relações jurídicas do finado, com essa natureza, transmitida aos seus
herdeiros.

Com a substituição do falecido pelo sucessor, mantém-se intacta a relação


jurídica mesmo com o fim da personalidade do seu primitivo titular.

São excluídas da herança as relações jurídicas não patrimoniais e as


personalíssimas (ou intuitu personae) mesmo que haja conteúdo econômico
tituladas pelo falecido, como por exemplo, o pátrio poder, a tutela ou a
curatela eventualmente exercidos pelos de cujus, a obrigação de prestar ou o
direito de receber alimentos decorrentes do parentesco, o usufruto, o uso, o
direito real de habitação, as rendas vitalícias, a pensão previdenciárias, o
contrato de trabalho.

Recentes julgados tem consagrado também direito sucessório aos


companheiros e companheiras nas uniões homossexuais e, até mesmo direito
à previdenciária.

Direito de representação ocorre quando os parentes do herdeiro premorto não


herdam por direito próprio e, sim na qualidade de representante.

O herdeiro vem ocupar o lugar do representado; na sucessão por direito de


transmissão há dois chamamentos ou dupla transmissão, passando a herança
ao herdeiro do sucedendo e, por morte deste aos respectivos sucessores.

Dar-se-á sucessão in stirpes sempre que forem chamados a herdarem os


netos ou quando houver netos concorrendo com os filhos vivos do de cujus.

Em direito brasileiro, o direito de representação é peculiar à sucessão


legítima, na testamentária não se presume à vontade de substituir o
beneficiado pelo seu descendente.

A representação coloca o representante no lugar do herdeiro premorto,


recebe por direito próprio e em seu nome próprio.

Se a premorte é requisito da representação, se o falecimento se der após a


sucessão, o caso será de sucessão in-transmissionis.

Admiti-se a representação do ausente porque o seu desaparecimento faz


presumir o óbito para efeitos sucessórios.

O Estado não é herdeiro, não lhe é reconhecido o direito de saisine, não entra
na propriedade e posse da herança pelo fato da abertura da sucessão. É mero
arrecadador de bens em face de sentença que declara a vacância dos bens
deixados e decreta à sua devolução à Fazenda Pública (herança jacente).

A propósito a herança jacente ocorre quando se abre a sucessão sem que o de


cujus tenha deixado testamento, e, não há conhecimento da existência de
algum herdeiro. Não possui personalidade jurídica e consiste num acervo de
bens administrado por um curador até a habilitação de possíveis herdeiros.

Em linhas gerais o novo Código civil Brasileiro mantém o Direito das


Sucessões como o ramo cível relacionado com a transmissão de bens e
direitos da pessoa falecida, fundamentado geralmente, na continuidade das

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relações jurídicas deixadas pelo autor da herança com a preservação da


perpetuidade da propriedade. Não inova nem quanto ao conteúdo e nem
quanto à terminologia.

O texto constitucional de 1988 trouxe importante modificação, pois equiparou


os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou pro adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designação
discriminatórias relativas à filiação (art. 227§6º CF. Portanto todos os filhos
herdam em condições iguais).

Lassale combate à idéia da sucessão, devido basear-se em idéias anacrônicas:


a primeira a da continuação da vontade do defunto; a segunda a da
compropriedade aristocrática da família romana.

Outros apóiam como Saint Simon alegando que o Estado deveria ser herdeiro
universal das fortunas privadas, obedecendo à transferência ao domínio
público.

Reativos à posição negativista é a tese mais persuasiva que impõe a herança


como extensão da propriedade privada além dos limites da vida humana.

Em todos os tempos, a sucessão tem sido admitida e até nos povos que
aboliram a propriedade privada dos bens de produção, ocorre em relação aos
bens de uso e consumo, como Código Civil Soviético (art.416).

A sucessão mortis causa encontra sua justificação, conforme bem acentua


Deguini, nos mesmos princípios que explicam e justificam o direito de
propriedade individual, do qual é a expressão mais enérgica e a extrema,
dieta e lógica conseqüência.

O conteúdo do direito sucessório é limitado. Pois o herdeiro assume a posição


jurídica-econômica do defunto, não se lhe transmitem todos os direitos de que
este era, ou podia ser, titular.

Não se transmite a obrigação de prestar conta que incumbia ao autor da


herança na condição de administrador, porque compreende a prática de atos
infungíveis, mas os herdeiros devem apresentar os documentos e
assentamentos de que estejam de posse.

A obrigação de cumprir contrato preliminar estipulado pelo morto deve ser


prestada pelos sucessores nas mesmas condições.

Também se transmite, igualmente, o direito de obter o cumprimento de


contrato preliminar. Já os direitos personalíssimos não se transmitem, tais
como os direitos de família puros,s em cunho patrimonial, o pátrio-poder o
direito de reconhecer filhos, o de contestar a paternidade, o de propor a ação
de separação ou divórcio.

Um dos direitos não patrimoniais que podem ser efetivamente exercidos pelos
herdeiros por transmissão é o direito moral do autor.

Bens ereptícios são aqueles retirados do indigno e devolvidos aos demais


herdeiros. Do latim ereptio que significa tirar, arrebatar. Diz-se das coisas
que, por herança, tocariam ao herdeiro excluído por indignidade e que são
obrigatoriamente restituídos ao monte, com frutos e rendimentos acaso
percebidos pelo indigno.

Indignidade é o instituto da sucessão legítima embora possa até atingir ao


legatário, decorre de lei, seus efeitos são pessoais, e retroagem à data de

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abertura da sucessão. Indigno é aquele que praticou atentado contra a vida, a


honra ou a liberdade de testar do autor da herança.

A capacidade sucessória é a aptidão para receber a herança, ou seja, é a


condição da pessoa que lhe permite ser titular do direito sucessório invocado.
É pressuposto indispensável ao interessado para o recolhimento da herança.
Não basta a previsão genérica de transmissão, com a morte, da posse e
propriedade dos bens ais herdeiros. Há necessidade da verificação da aptidão
do sucessor indicado a receber a herança.

No sentido de distinguir entre incapacidade sucessória e indignidade é


indispensável sublinhar que a incapacidade impede que nasça o direito de
suceder, ao passo que a indignidade retira do herdeiro o seu direito
sucessório. A indignidade, pois, pressupõe a capacidade, uma vez que não se
perde o que não se tem.

A capacidade é inerente à pessoa do herdeiro, enquanto que a indignidade é


uma pena, uma punição imposta ao herdeiro em razão de sua conduta
praticada contra o falecido. A capacidade decorre da condição da pessoa, já
indignidade decorre da relação dela com o autor da herança.

O incapaz é considerado como se nunca tivesse existido, por isso não se


beneficia pelo droit saisine. O indigno chega a adquirir a herança em primeiro
momento, e dela vem a ser excluído por sentença, preservando alei, inclusive,
a validade de alguns atos de disposição dos bens herdados.

A indignidade enseja a possibilidade de interessados na sucessão pleitearem a


exclusão do indigno, já a deserdação é ato privativo do autor da herança pelo
qual promove a exclusão de herdeiro necessário (descendentes e
ascendentes), unicamente através de testamentos.

Deserdação só pode ocorrer na sucessão testamentária com expressa


declaração de causa (arts. 1.742 e seguintes do C.C art. 1.964 CC/2002.).
pode atingir a todos os sucessores, inclusive os legítimos que assim passam a
ser excluídos da sucessão.

Alguns doutrinadores justificam a arrecadação estatal dos bens da herança


jacente com base na teoria do domínio eminente que o Estado exerce sobre o
patrimônio privado.

O testamento em Roma foi conhecido cedo e teve as feições relevantes tanto


assim que Cícero o proclamou como o ato mais grave da vida do cidadão.

O mesmo Cícero já havia pronunciado que a religião determina que os bens e


o culto de cada família sejam inseparáveis, ficando incumbido dos sacrifícios
àquele que é o beneficiado pela herança. A herança tal qual o fogo sagrado e
o túmulo dos antepassados é algo praticamente imóvel.

Contrariamente ao que se dá com a sucessão legítima, a sucessão


testamentária pressupõe uma aquisição de situação jurídica decorrente da
intervenção da vontade do testador (o autor da herança).

Assim como em Roma, se vier a falecer o autor da herança ab intestado,


prevalecerá a sucessão legítima. Por outro lado, declarando sua disposição de
última vontade, estará possibilitando o ingresso no campo da sucessão
testamentária que, ao contrário do que se possa imaginar, não exclui a
sucessão legítima, mas com ela convive.

Tal regra hoje estampada no direito brasileiro ex vi art. 1.574 do C.C (hoje,

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Art. 1.788 do CC/2002)., já se encontrava contemplada pelo direito romano


pela Tábua V, 2-3, da Lex Duodecimum Tabularum.

Só pela modificação dos costumes religiosos, puderam os romanos conhecer a


sucessão testamentária. Os historiadores e romanistas vislumbraram ser
realmente raro um pater famílias a falecer sem, testar, constituindo a
ausência de testamento uma vergonha para a família do de cujus.

Ulpiano define testamento por ser um testemunho justo da nossa mente, feito
de forma solene para que valha depois de nossa morte.

Quanto ao pacto sucessório vige a regra proibitiva formal de quaisquer


contratos que tenham por objetivo herança de pessoa viva (art. 1.089 do C.C
hoje, art.426 do CC/2002.).

O testamento em nossa sistemática é negócio jurídico mortis causa, unilateral


e solene, perfazendo-se com a emissão de vontade, através de declaração não
receptícia, é personalíssimo, pois que há de ser feito pelo próprio testador
sem a interferência de quem quer que seja e não admite representante.

Contudo, não contraria a natureza personalíssima do testamento, a


participação indireta na sua feitura, como conselho ou opinião de jurista bem
como o auxílio do notário na sua redação e lavratura (no caso de testamento
público).

É ato gratuito e solene, pois que como ato formal é revestido de formalidades
expressamente previstas em lei.

É revogável (que integra sua definição legislativa) e corresponde a disposição


de ordem pública.

A capacidade para testar é composta pela capacidade do testador, de sua


espontaneidade de sua declaração, o objeto e limites da vontade do testador.

Não tem validade a instituição de pessoa incerta, isto é, a que não se pode
caracterizar no espírito do testador.

Sobre a prole eventual e futura, Zeno Veloso ( in Testamentos, de acordo com


a Constituição de 1988, 2 ed., p. 422 e seguintes) escreve: A deixa
testamentária não tem eficácia, imediatamente. Aquele que ainda não é,
também não é herdeiro, ainda. Inaplicável, no caso, o art. 1.572 do Código
Civil, pela crucial razão, de , no momento da abertura da sucessão, o possível
beneficiário não está concebido. (...) Em suma: quando a prole eventual não
for mais possível, a verba testamentária é ineficaz ex tunc.

Ë óbvio que a deixa é feita sub conditione. A situação é de pendência. Em


médio prazo, o acervo não tem dono. Logo não se dá o saisine. Quando tal
prole nasce (grifamos com vida) adquire a herança ou o legado, com efeito,
retroativo à data da abertura da sucessão.

Temos os testamentos ordinários que se dividem em público, cerrado e


particular e os testamentos especiais compreendendo o marítimo e o militar.
Dentre as formas de testamentos ainda temos o nuncupativo e codicilo.

Os surdos-mudos e cegos não podem ser testemunhas testamentárias, bem


como os beneficiários do testamento e nem mesmo seus parentes diretos. A
idoneidade e desinteresse direto no testamento é curial para autenticar
plenamente tal ato.

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O testamento público é disciplinado com rigor pela lei deve ser lavrado por
oficial de cartório em livro de notas e perante cinco testemunhas.

O contexto deve ser ditado pelo testador na presença das testemunhas, deve
ser feito em língua portuguesa.

No direito alemão, admite-se o testamento público em língua estrangeira que


deve ser feito com a intervenção de tradutor ou intérprete juramentado.

Ao surdo-mudo por não lhe ser possível ditar, lhe é vedado, portanto o
testamento público. Para brasileiro no exterior, o oficial competente para
lavrar testamento será a autoridade consular.

A presença de cinco testemunhas idôneas presentes em todas as fases desde


a feitura até a final lavratura do testamento.

Não podem ser testemunhas: os menores de 16 anos (apesar de possuírem


capacidade de testar sem a necessária participação de seu representante
legal), o louco de todo gênero, o surdo-mudo, o cego, o herdeiro instituído ou
legatário bem como seus parentes diretos.

O testamento deverá ser assinado pelo testado na presença das testemunhas


e não basta a simples rubrica.

Sendo analfabeto o testador, uma das testemunhas assinará o testamento a


seu rogo (com a aposição da digital a margens do texto testamentário).

Não vale, porém, a assinatura de cruz em testamento cerrado (secreto ou


místico) depende da cédula e auto de aprovação.

A cédula testamentária será escrita pelo testador ou por outrem a seu rogo.
Deve ser entregue pelo próprio testado ao oficial, em presença de cinco
testemunhas.

O testamento secreto não é permitido ao cego, porém pode ser utilizada tal
forma pelo surdo-mudo que preencherá o requisito da identificação da carta
que deseja ver aprovada.

O instrumento de aprovação é composto de introdução, confirmação e


encerramento. Toda a cerimônia de aprovação será contínua procedendo-se a
redação, a leitura e respectiva subscrição.

No encerramento formalizando o instrumento de autenticação, o notário o


dobrará juntamente com o testamento num só invólucro, anotando-se em
livro de registro próprio.

O testamento particular, privado ou hológrafo escrito pelo próprio testador,


lido a cinco testemunhas e, por todos devidamente assinado.

Não exige a lei data no instrumento particular de testamento, lido e após a


abertura da sucessão, será o testamento publicado em juízo, mediante
requerimento de herdeiro, legatário ou testamenteiro, com a citação dos
herdeiros, sendo inquiridos as testemunhas.

Testamento nuncupativo é a forma de testamento militar onde o combatente


confiando a sua última vontade a duas testemunhas (art. 1.663 do C.C hoje,
art. 1.896 CC/2002.), é o único na forma oral. Aplica-se em estado de guerra
ou em ligar sitiado ou isolado.

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Codicilo (é um pequeno código); É derivado do latim codicillus, o mesmo que


codiculus, diminutivo de codex, e significando originariamente tabuinhas para
escrever, passou a significar memória ou escrito.É também chamado de
memorandum de última vontade. É escrito particular, datado e assinado, pelo
qual uma pessoa faz certas disposições que devem ser respeitadas como
última vontade.

Era freqüente aditar ao testamento uma cláusula codicilar. O objeto do


codicilo é restrito pondendo nomear ou substituir testamenteiro, haja ou não
o testamento, poderá o codicilante fazer disposições especiais sobre seu
enterro, sobre esmolas de pouca monta a determinadas pessoas ou
instituições de caridade, é meio hábil para legar móveis, roupas ou jóias não
muito valiosas e de uso de seu uso pessoal.

O critério avaliador é relativo e leva em conta o status econômico do


disponente. Não é meio idôneo de instituir herdeiro. A tendência
jurisprudencial dominante é fixar o codicilo em dez porcento do total
patrimonial que constitui o acervo do autor do codicilo.

O codicilo foi chamado no passado, de pequeno testamento, deve ser


hológrafo e autógrafo o que não quer dizer necessariamente que deva ser
demógrafo (manuscrito pelo testador).

A facção de um codicilo não impede a facção de testamento art. 1.652, (in


fine) hoje, art. 1.882 do CC/2002, são formas que podem conviver
perfeitamente. Assim, um novo codicilo pode revogar o anterior, se o segundo
não for feito com a intenção de completar ou aditar o primeiro.

De maneira nenhuma, o presente artigo tem a ousadia de exaurir o Direito de


Sucessões, só possui o objetivo de explanar o mais didaticamente possível as
primeiras linhas sobre o direito sucessório.
________________________________________
Verbetes in Enciclopédia Jurídica Leib Soibelman.

De cujus. Aquele (o falecido). Primeiras palavras da locução "de cujus


sucessione agitur" (aquele de cuja sucessão se trata), o autor da herança.
Expressão latina usadíssima no foro em matéria de inventários. Há quem
escreva "decujo".

Inventário. (dir. proc. civ.) Arrecadação, descrição e avaliação dos bens da


herança, para fazer a partilha pelos herdeiros. V. inventário encerrado.
Inventário. Em sentido comum, qualquer relação, lista, rol, arrolamento,
registro, enumeração, descrição, catalogação, levantamento, de bens ou
valores.

Partilha. (dir. civ.) É a divisão dos bens da herança pelos herdeiros. É a


determinação do quinhão hereditário que cabe a cada herdeiro. Pode ser
amigável, por escritura pública, quando todos os herdeiros são maiores e
capazes, ou judicial (decidida pelo juiz). A partilha amigável também se pode
fazer por termos nos autos do inventário ou por escrito particular homologado
pelo juiz: A partilha não atribui nem transfere direitos aos herdeiros. É
meramente declaratória de direitos que eles já possuem por força da abertura
da sucessão.

Le mort saisit le vif. (dir. francês) Famosíssimo adágio do direito francês: o


morto agarra o vivo. O fundamento do direito das sucessões, no sentido de
que a morte não interrompe o direito, de propriedade, ou seja, o domínio e a
posse dos bens transmitem-se desde logo aos herdeiros mesmo que estes
desconheçam o falecimento, e sem formalidade alguma. Nenhum bem fica

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sem proprietário pela morte do detentor do domínio, considerando-se


imediatamente como proprietário ao herdeiro.
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O novo direito sucessório

Gisele Leite
.
A inovação do Novo Código Civil Brasileiro concluiu a inclusão do cônjuge
entre os herdeiros legitimários, amparando-o dando-lhe uma condição
hereditária mais benéfica, do que a anterior considerando-se que o vínculo
conjugal, a afeição e intimidade entre marido e mulher não são inferiores ao
da consangüinidade.

Passa então na qualidade de herdeiro necessário a ser chamado ao lado dos


descendentes e ascendentes. Estipulando assim a concorrência do cônjuge
sobrevivente com descendentes do autor da herança, desde que o de cujus
tenha patrimônio particular.

Se o de cujus não possuía bens particulares, o consorte supérstite não será


herdeiro, porém terá garantida a sua meação. Cumpre assinalar que meação
não é herança e sim, puro reflexo do regime de bens vigente naquela
sociedade conjugal que se extinguiu com a morte do autor da herança. Aliás,
a meação sempre existirá nas demais hipóteses de extinção da sociedade
conjugal.

Sendo assim havendo patrimônio particular, o cônjuge sobrevivente fará jus à


meação e também a uma parcela sobre todo o acervo hereditário (herança).
Concorre assim em igualdade de condições juntamente com os descendentes e
ascendentes.

Terá assim quinhão igual aos sucedem por cabeça, não podendo ser inferior à
quarta parte da herança (art.1.832)

Nada mais justo e coerente que garantir ao cônjuge sobrevivente uma quota
hereditária principalmente quando o casal não tiver filhos comuns posto que
poderia ser privado da sucessão, somente pela existência de filho do leito
anterior ou extramatrimonial do falecido.
Assoberbando os nossos tribunais de batalhas incúrias e sem fim entre os
herdeiros necessários e o cônjuge sobrevivente ou mesmo a companheira.

Com a partilha de bens entre o cônjuge supérstite e os descendentes do de


cujus ter-se-á o fortalecimento da família, e evita que os herdeiros fiquem a
propriedade gravada, em razão do usufruto vidual que desapareceu neste
Novo Codex brasileiro. Herda-se doravante um patrimônio livre,
desembaraçado e desonerado.

Na ausência completa de descendentes (de qualquer grau) difere-se a


sucessão as ascendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivo
(art.1836CC), vindo a lei a garantir ao cônjuge sobrevivo que participe da
sucessão, reservando-lhe 1/3(um terço) da herança se concorrer com o pai ou
a mãe do finado( ficando estes com os 2/3 restantes, ou seja, a metade da
herança), se concorrer com um dos genitores ou com avô do de cujus que terá
direito à outra metade(art. 1.837 CC).

Quanto ao direito real de habitação sobre o imóvel destinado à residência, se


for o único do gênero a inventariar, independentemente do regime de bens
persiste em vigência pelo NCC e, não se limita mais pela cessação de viuvez
pelas novas núpcias ou nova união estável.

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Não se pode confundir direito sucessório que é o direito à herança com a


meação(repito) que é fruto da comunhão de bens vigente na sociedade
conjugal.
O cônjuge sobrevivo poderá igualmente ser privado da herança por
indignidade ou por deserdação( arts. 1814 e art 1961 do CC) ou por haver
separação judicial ou de fato por mais de dois anos, por ser casado sob o
regime de bens, ou ainda por inexistir patrimônio particular do de cujus.

Também é curial sublinhar que o concubinato impuro não estabelece qualquer


direito hereditário entre os concubinos.

Apesar de nossos tribunais demonstrarem sensíveis e, por vezes vacilantes


ante certas delicadas situações, admitindo mesmo muito extraordinariamente
a partilha de bens adquiridos pelo esforço comum, a título de liquidação de
sociedade de fato como forma de indenização por serviços prestados, mas
sempre na dependência de ser cabalmente provada a existência do patrimônio
em comum( Súmula 380 do STF).

O art.1.790 I ao IV do CC referindo-se ao concubinato puro, ou propriamente


a união estável, onde o companheiro sobrevivente participa da sucessão do de
cujus quanto aos bens adquiridos durante o estado convivencial, nas
seguintes condições:
a) se concorrer com filhos comuns, terá cota equivalente a destes;
b) se concorrer com descendentes só do de cujus, terá direito à metade do
que couber a cada um deles;
c) se concorrer com outros parentes sucessíveis (ascendentes ou colaterais)
tocar-lhe-á 1/3 da herança, não ficando jamais em posição superior à do
cônjuge;
d) Não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade de herança.

O tratamento sucessório entre o cônjuge e convivente sobrevivo, é distinto


pois aquele é herdeiro necessário ou reservatário, podendo concorrer ou não,
com descendentes e ascendentes do falecido.

Prevalece a importância matrimonial na esfera sucessória posto que não se


presume a colaboração do companheiro(a) na formação do patrimônio do
autor da herança.
O companheiro sobrevivo por força da Lei 9.278/96 art. 7º,parágrafo único
também fará jus direito real de habitação, enquanto viver e não constituir
nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência da
família.

O companheiro (a) não se beneficiará dos mesmos direitos sucessórios


outorgados ao cônjuge supérstite.

Nas Ordenações do Reino, o cônjuge só herdava ab intestato após os


colaterais coube a Lei Feliciano Pena ( Lei 1.839,de 1907) trazer a
modificação até hoje vigente na ordem vocacional hereditária para preferir o
cônjuge sobrevivente aos colaterais.

Pouco a pouco, o direito contemporâneo enveredou-se em melhorar a posição


do cônjuge, em razão da ordem vocacional hereditária.

Graças ao novo Codex Civil, o cônjuge passa a deter um novo status a de


herdeiro necessário ex vi o art. 1.845.

Certas legislações estrangeiras abordam a hipótese em que inexistem


descendentes, dividem a herança entre os ascendentes e o cônjuge.

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Na legislação pátria por causa da meação o legislador não deu muita atenção
ao problema. Desta forma, a antiga fórmula consagrou que o cônjuge
sobrevivente é meeiro e não necessariamente herdeiro. O cônjuge era
tão-somente herdeiro facultativo.

Ao viúvo ou viúva cabe além da meação, o direito ao usufruto vidual de uma


parte da herança enquanto permanecer viúvo e não tenha sido casado sob o
regime de comunhão universal de bens.

A regra anterior prevista no Código Civil de 1917 (art.1.611,§1º ) foi


introduzida pelo Estatuto da Mulher Casada,a Lei 4.121/62 com o fito de
amparar da melhor forma o cônjuge supérstite.

Tal usufruto de caráter resolúvel extingue-se não só pela morte do titular,


como todo direito personalíssimo, mas também se resolve com o novo
casamento ou nova união estável.

O referido usufruto recai sobre um quarto dos bens deixados quando o


cônjuge viúvo concorre com os descendentes, e sobre a metade dos bens
quando herdam ascendentes, por não ter o mesmo descendentes vivo.

Se o regime de bens for o legal, ou seja, o da comunhão parcial de bens ou


dos aqüestos, os bens que integram a propriedade comum serão divididos
igualmente entre o cônjuge vivo e os herdeiros do falecido, cabendo aos
herdeiros do de cujus a metade dos bens comuns e os particulares.

A lei não distingue sobre quais bens recairá o usufruto, havendo


doutrinadores que entendem que se aplica o usufruto somente sobre os bens
particulares. Apesar de previsão semelhante cabível à união estável, não se
cuida de regime de bens.

Na realidade, o legislador prevê um condomínio de acordo com o art. 5º da Lei


9.278/96.Atualmente interpreta-se o §2º do art. 1.611 do CC de 1917 como
capaz de abranger os casos de cônjuge viúvo casado, seja pela comunhão ou
por qualquer outro regime de bens.

Apesar do reconhecimento constitucional da união estável elevada à categoria


de entidade familiar, não a equipara, contudo, de forma alguma, ao
casamento celebrado segundo os moldes do art. 180 e seguintes do CC de
1917.O primado da família legítima não desapareceu nem mesmo em face do
Novo Codex.

O direito real de habitação do cônjuge sobrevivente é mantido pelo novo


Código Civil sem mencionar o momento da cessação.

O problema sucessório do cônjuge envolve forçosamente o regime de bens


matrimonial, na hipótese da separação obrigatória de bens, a separação
deveria ser absoluta e aplicável aos bens anteriores à celebração do
casamento ( Súmula 377 do STF).

O Novo Codex Civil exclui da herança, o cônjuge quando separado de fato há


mais de dois anos(art. 1.830) salvo se puder provar que a convivência
tornou-se impossível sem culpa do cônjuge sobrevivente.Coincidindo com a
possibilidade do requerimento do divórcio direto.
A Lei 6.515/77 não pretendi alterar o status sucessório do cônjuge embora
tenha alterado o regime legal de bens que passou a ser o da comunhão
parcial de bens ou a comunhão dos aqüestos.

Na tese de Julliot de la Morandière e André Rouast consta a observação que

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no direito estrangeiro há orientação no sentido de se vincular a existência do


divórcio à exclusão da comunhão universal.

È justificável pois com a igualdade entre os cônjuges e ainda a crescente


emancipação feminina compreende-se a adoção dos regimes separatistas de
bens ou de comunhão de aqüestos.

A medida que se afasta a comunhão plena da sociedade conjugal, torna-se


necessário fortalecer a posição sucessória do cônjuge aliás, como já acontece
no direito anglo-saxônico nos quais é automaticamente compensada pelo
direito sucessório atribuído ao cônjuge.

Os projetos anteriores de CC ( o de Orlando Gomes e o de Miguel Reale)


aceitaram o regime de comunhão parcial como regime legal supletivo e
asseguraram ao supérstite direitos sucessórios mais amplos.

Fortalece-se a posição sucessória do cônjuge sobrevivente


independentemente do fato de este ser o homem e a mulher.

Quanto a sucessão dos colaterais a exegese do texto codificado da lei


substantiva esclarece que tratando-se de concurso na mesma herança de tios
e sobrinhos, herdam estes, excluindo-se aqueles em virtude do caput do art.
1.617 do CC de 1917, que reconhece em representação dos irmãos, o direito
à herança dos sobrinhos.

O argumento importante em favor dos sobrinhos é ser um incentivo à nova


geração que, em tese, poderá gozar por mais tempo da fortuna que lhe é
transmitida.

A doutrina clássica entendia que os sobrinhos herdavam por estirpe, ou seja,


por representação, mesmo quando não houvesse mais irmãos vivos e só
herdassem sobrinhos.

Mantendo-se assim uma exceção à norma de que, quando herdam herdeiros


da mesma classe, sucedem por cabeça.

A razão tradicional também justifica tal privilégio dos sobrinhos em


detrimento dos tios, em atenção as razões históricas e à tradição do direito
brasileiro.

Os sobrinhos herdam excluindo os tios no entendimento da melhor doutrina.


Manteve assim o NCC tal orientação só consagrando a sucessão dos tios na
falta de sobrinhos do de cujus(art.1.840CC).

Caberá o direito sucessório até os colaterais de quarto grau, sobrinhos netos,


tios-avós, primos-irmãos, que herdam na mesma qualidade conjuntamente
dividindo-se a herança por cabeça.
A companheira possui direito sucessório fundamentado art. 7º Lei 9278/96 e
§ 3º do art. 226 da CF/88. Foi a partir da década de 60, a doutrina e a
jurisprudência aos poucos afastaram as restrições e sanções sobre o
concubinato, desde que não houvesse adultério.

O STF através de sua Súmula 380 determinou que a comprovada existência


de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a partilha do patrimônio
comum mediante esforço comum dos companheiros ou conviventes.

Existiam dúvidas atrozes quanto ao imediato efeito das disposições


constitucionais do art. 226 §3º de 1988, entendendo alguns mais
conservadores que sua vigência dependia de regulamentação por meio de lei

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ordinária, enquanto outros mais modernos preferiam considerá-las de caráter


auto-aplicável.

Efetivamente o reconhecimento da união estável como entidade familiar pode


mesmo significar uma proteção menor do que a deferida ao casamento, com o
inventivo legal à conversão do concubinato em matrimônio, pois a lei deve
facilitar a dita conversão.

Ressalte-se que a Lei 8971/94 não definia sequer a união estável, o que foi
feito mais tarde pelo art. 1º da Lei 9.278/96. O primeiro estatuto legal
preocupou-se em fixar lapso temporal (o qüinqüênio), o que foi alterado pela
lei posterior que dispensou o requisito relativo ao lapso temporal e, deixou de
considerar o estado civil da pessoa envolvida na união estável.

O parâmetro passou a ser a notoriedade e a durabilidade da referida entidade


familiar capazes de caracterizá-la como união estável. O art. 2º da Lei
8.971/94 configura o companheiro na ordem sucessória, sob diversas formas,
conforme haja ou não herdeiros necessários do de cujus.

No caso de sociedade de fato ou da colaboração na formação do patrimônio do


falecido, a companheira equipara-se ao cônjuge casado sob o regime de
comunhão universal, pois recebe a metade dos bens da herança, inclusive
tendo direito real da habitação em relação ao imóvel que servia de residência
da família desde de que não constitua outra nova união ou casamento.

Na verdade, concede o legislador aos companheiros mais direitos do que ao


cônjuge casado sob o regime de separação ou da comunhão parcial de bens, o
que não se justifica.

Por último, ao art.307 da lei 8.971/94, determina que, se os bens deixados


resultarem de esforço comum, o sobrevivente fará jus à metade do
patrimônio. Não mais em vigor, em razão da Lei 9.278/96 que estabeleceu
que o patrimônio adquirido a título oneroso na constância da união estável
pertencerá a ambos em condomínio e, em partes iguais.

Com a ressalva do art. 5º da Lei 9.278/96, desde que não haja estipulação
escrita em sentido contrário.

Somente o companheiro cuja união estável existia no momento do óbito tem


direito hereditário do contrário seria possível inclusive haver várias
concubinas pleiteando direitos hereditários do mesmo companheiro (o que
seria um absurdo insustentável pois o cargo de viúva seria visceralmente
disputado!).

O companheiro desde que comprovadas a durabilidade e estabilidade da união


estável, é meeiro recebe o usufruto vidual e, ainda o direito real de habitação.

O conteúdo do usufruto do companheiro sobrevivente ficou limitado ao


patrimônio líquido adquirido na vigência da união estável, o qüinqüênio de
coabitação sob o mesmo teto para produzir efeitos jurídicos.

Cumpriu a nova legislação substantiva o importante papel de executar a


norma constitucional, cabendo agora a doutrina e a jurisprudência e, ainda o
legislador ordinário aprimorar o texto com a hermenêutica adequada.

Não trata o Novo Codex como herdeiro necessário ou reservatário à guisa do


que faz com o cônjuge sobrevivente. Não é mais titular do direito real de
habitação, além de concorrer com os demais parentes sucessíveis e, não mais
a única cota e exclusiva ao usufruto de parte dos bens do de cujus.

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O direito sucessório do cônjuge, sem dúvida, foi objeto de significativa


evolução em nosso direito quer pelas grandes alterações na ordem vocacional
hereditária, quer pelo paulatino abandono das discriminações quanto aos
filhos por causa de sua origem.

A verve revolucionária desde chamada Lei Feliciano Pena que postou o


cônjuge em terceiro lugar preferindo aos colaterais, prosseguiu através da Lei
de Divórcio que estipulou a concorrência do cônjuge sobrevivente com os
filhos adulterinos do autor da herança, invertendo-se assim a preferência
nesta situação específica, conjugada com a inexistência de irmãos e
casamento sob regime de separação de bens, no ab intestato.(Lei883/49).

Ainda assim com evidente reserva, já se procedia a proteção do filho


extramatrimonial (até então excluído da sucessão) mas só limitado seu
direito hereditário pela metade devido a sua origem filiatória.

Outra fantástica legislação foi o Estatuto da Mulher Casada que não só


extirpou definitivamente a capitis deminutio da mulher e,ainda proveu outros
benefícios decorrentes das justas núpcias embora fosse a destinação
patrimonial permanecesse em favor das outras classes hereditárias, benefícios
estes consistentes no usufruto vidual e no direito real de habitação sobre o
imóvel onde reside.

Embora sem a meação apesar disto, transmite-se a herança em favor do


cônjuge sobrevivente, salvo se excluído por testamento (deserdado).

Na qualidade de cônjuge sobrevivente comparece ao inventário para


preservar a meação de que já é titular, mas só assume a qualidade de
herdeiro na falta de sucessores na linha reta, exercendo assim o direito
hereditário.

Enquanto não operar-se a coisa julgada da sentença que homologa divórcio,


separação judicial, e se qualquer dos cônjuges vier a falecer, subsiste ao outro
o potencial direito hereditário.
Consumada a dissolução conjugal, desaparece assim o direito sucessório entre
eles. Que só poderá ser restabelecido por eventual reconciliação do casal, só
possível aos separados judicialmente mas não aos divorciados.

Tratando-se de casamento putativo, o cônjuge de boa fé não fica privada de


herança em razão da morte do outro no curso da ação; se constatada a má ,
no entanto, perderá tal direito. Se julgada em vida dos cônjuges, a anulação
do casamento a guisa do divórcio e a separação judicial extingue
definitivamente o direito sucessório recíproco.

Mantêm-se o direito sucessório recíproco se os cônjuges estão apenas


separados de fato, entende Sílvio Rodrigues que critica a situação conforme in
verbis:
" Assim, a despeito de separados de fato, cada qual vivendo em concubinato
com terceiro, a mulher herda do marido e este dela, se morrerem sem
testamento e sem deixarem herdeiros necessários".

Francisco José Cahali e Giselda M.F. N. Hironaka divergem de tal


posicionamento que julgam ultrapassado, que só a separação prolongada do
casal ainda que de fato, sucessão do outro, em qualquer situação mas
especialmente quando nova família se formou, através da união estável.

Merece registro, entretanto, a respeitável orientação admitindo a cumulação


dos benefícios (meação ou legado, usufruto vidual) por mais favorável que

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seja a situação criada em favor da viúva (o), em detrimentos aos demais


herdeiros necessários, por se entender harmônica a solução diante dos textos
legais.

Encontra-se dificuldade em identificar o patrimônio base do benefício: se


abrangeria também aqueles em comunhão, ou só os particulares destinados
aos herdeiros.

In albis, Arnoldo Wald traz à baila o seguinte esclarecimento: " A lei não
distingue no caso, mas, pelo seu espírito de se aplicar o usufruto nas
hipóteses excludentes da comunhão, parece que o usufruto só deve recair
sobre os bens particulares".

Mas tal matéria ainda é quid iuris sem pacífica solução tanto na doutrina como
na jurisprudência.

Algumas linhas críticas sobre direito sucessório em face do NCC


.
________________________________________
Radbruch sublinha que o atual direito sucessório não passa afinal dum
compromisso entre sistemas e princípios opostos. Gisele Leite

A sucessão na técnica jurídica significa a transmissão de bens decorrente da


substituição de uma pessoa por outra na titularidade de direito, pode
operar-se a título gratuito, inter vivos ou causa mortis.

Quando se refere aos direitos das sucessões relaciona-se àquela sucessão


decorrente da morte e, excepcionalmente em vida, quando trata de partilha
em vida e doações.

Define-se o direito das sucessões como o conjunto de princípios jurídicos que


disciplina a transmissão do patrimônio de uma pessoa que morreu, ou que é
presumida morta, a outros, que são considerados seus sucessores.

A razão de ser do direito sucessório existe em função do direito real, isto


porque o patrimônio de alguém não pode se converter em res derelicta
apenas com sua morte. A coisa não poderia simplesmente perecer sem ter seu
titular.

A expressão patrimônio como bem salienta Carlos Maximiliano envolve tanto


o ativo como o passivo do falecido, requerido ou inventariado. Não há de se
confundir e pretender enxergar no patrimônio todos os direitos existentes.

Corroborando com tal entendimento, temos a existência dos direitos da


personalidade, os direitos personalíssimos, os direitos de família puros que
são intransmissíveis.

Por tal razão, alguns doutrinadores preferem cogitar em patrimônio sucessível


e não-sucessível.

A sucessão pactícia é vedada tendo em vista o art. 426 do NCC dispositivo


legal com idêntica redação do art. 1.089 do CC/1916. Todavia, tanto no
velhusco Código Civil como também no Novo Código Civil há hipóteses que
excepcionavam e, ainda excepcionam, como as doações aos nubentes (art.
314 CC/1916) e, a possibilidade de inclusão de sucessão de sócio no contrato
social das sociedades (art. 1.042 CC/1916) que não foram repetidos pelo novo
codex.

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No entanto, a partilha em vida é permitida e era pré-existente (no art. 1.778


do CC/1916) e foi relembrada pelo art. 2.018 do NCC e até mesmo ampliada,
pois antes era faculdade do pai e agora dos ascendentes.

A aversão aos atos jurídicos causa mortis, só é excepcionada através do


testamento e, em outras espécies contratuais como o seguro de vida.

De qualquer maneira vige a vedação aos contratos causa mortis onde o


evento morte atua como elemento acidental doa to jurídico. Nada impede que
a morte seja até elemento necessário ao negócio.

Para Carvalho Santos é proibida a disposição total patrimonial inter vivos,


pois o declarante restaria privado de sua liberdade de testar. Também os que
envolvem promessa que não deva ser executada, a não ser após a morte do
promitente. Mas em função do art. 425 do NCC o caso foca fora da hipótese
legal de proibição.

Outra exceção é o usufruto vitalício onde há permissão legal (art. 1.400 §


único do NCC) e outra exceção, a regra do art. 426 do NCC.

Assim pontifica Carvalho Santos que é proibido:


Quer sejam realizados por alguém que disponha sobre sua própria herança;
Quer sejam realizados por alguém que disponha sobre os bens que irá herdar;
Quer sejam realizados por terceiros estranhos à herança;

A razão da proibição dos pactos sucessórios é o fato de ser imoral vincular um


ato jurídico à morte de alguém. O que produziria no beneficiário um interesse
na morte do outro contratante. O pacto corvina até por segurança é vedado.

No Direito Antigo havia várias espécies de pactos: o de simples instituição de


herdeiros, pata de sucedendo; o pacto de sucessão mútuo de herdeiro, pacta
mutua sucessione; e os pactos de disposição de herança (pacta de tertui
dispositione); e, finalmente os pactos renúncia de herança (pacta de non
sucedendo).

No Direito pátrio desde as Ordenações do Reino tais espécies de pactos


sucessórios são vedados havendo a exceção estipulada no contrato
antenupcial que versava sobre a sucessão recíproca dos contraentes.

A sucessão brasileira não admite em regra a forma contratual, mas em outros


países é permitida como na Alemanha, Suíça e Áustria.

As doações realizadas aos descendentes são computadas como adiantamento


da legítima e não gozam da aversão legal, e inovando o Código Civil, atribuiu
a mesma eficácia as doações de um cônjuge ao outro (art. 544 NCC).

No entanto, o novo codex civil cometeu um pecadilho capital ao instituir a


colação obrigatória dos descendentes beneficiados com doação, mas não ao
cônjuge.

O convivente também, não está sujeito à colação posto que é herdeiro


necessário. Entretanto, pode sofrer verificação para efeito de excesso por via
de doação inoficiosa (art. 548 NCC). É nítido o retrocesso que faz o novo
codex ao desproteger a união estável, que passou ser chamada de entidade
familiar.

Surge aparente um conflito entre o art. 544 e art. 1.829 do NCC, pois só há
colação quando existe concorrência sucessória, somente alguns cônjuges
estarão obrigados a cumprir o disposto do art. 544 do NCC.

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Difere a concorrência dos cônjuges com a herança dos ascendentes (art.


1.829, II NCC), pois não se fez distinção dos regimes matrimoniais. Em
qualquer regime de bens matrimonial, o cônjuge que recebe a doação é
obrigado a levá-la à colação quando concorre com ascendente do autor da
herança.

No entanto, quando concorre com descendentes é de se ressaltar que em


havendo comunhão universal de bens que já garante parcela considerável da
herança (cinqüenta porcento) dos bens do falecido, não participa da herança
e, não se subordina à colação de bens doados com evidente prejuízo à prole.

Também o parágrafo único do art. 551 do NCC que repete o art. 1.178 do
CC/1916 traz a hipótese de pacto sucessório onde se vincula a transferência
patrimonial da doação que os cônjuges recebem em comum em caso de
morte, à parte deste acresce à do sobrevivente.

Também são casos de pactos sucessórios a reserva vitalícia de usufruto (art.


1.400, parágrafo único NCC) a instituição de acréscimo de usufruto extinto
pela morte de um dos usufrutuários (art. 1411 NCC), a cláusula de retorno de
bens na doação (art. 547 NCC) e de fideicomisso (art. 1.951 e seguintes do
NCC).

Se tais situações não estivessem expressamente permitidas em lei,


acarretariam nulidade ao ato jurídico face englobarem condições jurídicas
impossíveis, o que pelo art. 123, I NCC é vício grave capaz de eivar de
nulidade todo ato jurídico.

Já em partilha em vida (art. 2.018 NCC) também apesar de representar outra


exceção ao art. 426 do NCC há perfeita validade desde que respeitadas as
regras sucessórias e, principalmente o respeito ao quinhão da legítima
reservado aos herdeiros necessários.

A sucessão anômala é aquela não regulada pelas regras normais do direito


sucessório e, estão presentes no direito previdenciário (Lei 8.391/91) que
prevê no art. 74 que a pensão por morte do segurado pela Previdência Social
deverá ser rateada entre seus dependentes cujo rol é disposto no art. 16 do
mesmo diploma legal que bem difere daquele da ordem de vocação
hereditária da lei cível prevista no art. 1.829 NCC.

É assim também com relação ao fundo de garantia por tempo de serviço (art.
20, IV, da Lei 8.036/90). A partilha do seguro de vida também se utiliza o
conceito de beneficiário que não é herdeiro, e, sim o indicado como tal em
contrato (art. 792 NCC).

Dá-se, outrossim, sucessão anômala com a propriedade intelectual matéria


atualmente regulada pela lei 9.610/98 e diferente da legislação anterior que
beneficiava os filhos, pais, ou cônjuge por toda a vida.

A transferência do direito autoral não se dá de forma absoluta, mas somente


por setenta anos. E se não houver parentes sucessíveis cai a obra em domínio
público. Assim não há sucessões nos moles cíveis e nem há o recolhimento do
Estado no caso de direito autoral visto que cai em domínio público. Daí a
presente onda de regravações para aplacar a eventual falta de criatividade
contemporânea.

A sucessão dos concubinos é outro exemplo de anômala, pois é regida ainda


pelas leis 8971/94 e 9.278/96 e, ainda pelos dispositivos do NCC (art. 1.790
NCC). Interessante notar que parecer ser possível então haver a concorrência

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sucessória entre o cônjuge e o companheiro pelos arts. 1.830 e 1.723 § 1o,


combinado com art. 1.790 todos do NCC.

Separado de fato há mais de dois anos, sem culpa sua, o cônjuge sobrevivo
tem direito hereditário (art. 1.830NCC), mas havendo entidade familiar,
permitida pelo art. 1.723 NCC o companheiro sobrevivo também goza de
direito hereditário. Então, nessa hipótese o famigerado concubinato impuro
pelo lapso de tempo passará a ser puro.

Se concorrentes o cônjuge e o companheiro, a este, deve recolher apenas um


terço dos bens conseguidos durante entidade familiar da qual participou. Se
na concorrência com quem recebe em quarto lugar na vocação hereditária,
merece igual solução.

A sucessão legítima é a que decorre de lei, e baseia-se na suposta (ou


presumida) vontade do falecido quando deixa de testar, ou na hipótese de
sucessão testamentária expressa.

Assim em função do art. 1786 as espécies de sucessão causa mortis são duas:
a sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade .

Enquanto a sucessão legítima possui vinte artigos, a testamentária possui 133


dispositivos legais. Deve-se ressaltar, todavia a maior regulamentação não
significa, no entanto, sua maior utilização.

A sucessão testamentária não impede a sucessão legítima, sendo as duas


passíveis de coexistirem. Funcionando a legítima sempre como subsidiária à
sucessão testamentária.

Desta forma, prevalecerá a sucessão legítima se o testamento é inválido ou


ineficaz ou quando não se regula por ele toda a transferência patrimonial do
sucedido (art. 1.786 NCC).

Não basta a vontade para verter em obrigatória a sucessão testamentária,


deve esta ser a manifestada de forma solene, ou seja, por meio de um
testamento ou de um codicilo.

Aliás, a definição codificada do testamento conforme preceitua o art. 1.626


CC/1916 é ato revogável pelo qual alguém, de conformidade coma lei dispõe,
no todo ou em parte seu patrimônio, para depois da sua morte.

Tal dispositivo não repetido no novo codex, embora sejam mantidas suas
principais características conforme se depreende dos arts. 1.857 e 1.858 do
NCC.

Já o codicilo não exige tantas formalidades como o testamento, aliás, a autora


possui um pequeno artigo a respeito chamado Considerações sobre o
codicilo (art. 1.881 NCC).

Grande repercussão é a inclusão do direito à herança como garantia


constitucional ex vi o art. 5o, XXX da CF estando, portanto invalidades todas
as excludentes de capacidade sucessória prevista no código civil. Ressalte-se
que a regra é a capacidade, e a incapacidade, é a exceção.

Interpreta-se que a regra constitucional em tela visa não só prover o direito


de propriedade de maior tutela como também de proteção absoluta o direito
de herdar.

Questão assaz intrigante é o conflito existente entre o ditame constitucional

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que proíbe qualquer espécie de pena perpétua (art. 5o, XLVII e XLVI CF) a
existência da indignidade e deserdação que são espécies de pena civil
aplicadas de forma permanente, o que provoca uma calorosa discussão a
respeito da validade da legislação infraconstitucional.

Também a paridade constitucional equiparando todos os filhos (art. 227, § 6o,


da CF) implica na possibilidade de um filho ter dupla posição para recebimento
de herança, é o caso do incestuoso que aparentemente pode disputar por
direito próprio e, ainda por direito de representação pela mãe pré-falecida, o
que afronta totalmente o princípio da igualdade dos quinhões hereditários.

O legislador pátrio optou pela capacidade sucessória do momento da abertura


sucessória (art. 1.884 e 1.787 do NCC) e, art. 1.041 do NCC que manda que
se regulem pelo Código Civil de 1916 as sucessões abertas durante sob sua
vigência.

Algumas situações ensejaram maiores ponderações, pois enquanto vigente o


velhusco código de 1916 e, em face da equiparação dos filhos, é vexata
quaestio o direito sucessório do filho cujo pai faleceu antes da Constituição
Federal Brasileira de 1988.

Resta indagarmos se haverá a aplicação do princípio da igualdade em relação


às sucessões abertas e, em andamento. Constam, em direito pátrio, casos em
que a lei modificativa de capacidade sucessória se fez aplicar às sucessões já
abertas como aconteceu com os colaterais, principalmente por ser mais
benéfica.

A aberta de sucessão é o momento da transmissão da herança, na sucessão


causa mortis é com o falecido do sucedido e, nesse momento exato, ocorre o
droit de saisine previsto anteriormente pelo art. 1.572 do CC/1916 e que
encontra correspondente no art. 1.784 do NCC.

Silencia o novo codex quanto à transmissão do domínio e da posse,


expressando doravante apenas transmissão de herança que abarca todas as
espécies de direito e, não apenas os relativos à propriedade.

Não estabeleceu com precisão quando exatamente a transferência de direitos


se opera, atinando somente com a abertura da sucessão.

A Lei 6.015/73 (a Lei de Registros Públicos) alterou a sistemática impondo a


obrigatoriedade do registro também os atos de entrega de legados, de
imóveis, dos formais de partilha e das sentenças de adjudicação em inventário
ou arrolamento sumário quando não houver partilha (art. 167, I, 25).

Assim restou instituída a transferência instantânea da propriedade dos bens


hereditários pelos arts. 1.784 e 1.791, parágrafo único do NCC, aos herdeiros
legítimos e testamentários. Desta forma parece solucionada a questão
suscitada pela Lei de Registros Públicos.

A transmissão imediata à abertura da sucessão dando à continuidade das


qualidades contidas na posse, assim se a posse é indireta é deferida desta
maneira quando não possa ser direta (art. 1.784 c/c 1.791 NCC).

É diversa a transferência do domínio e da posse da herança se diferente for


sucessão, assim se legítimo o herdeiro recebe a posse e o domínio dos bens
transmitidos imediatamente à abertura da sucessão, já os legatários não é
transferida a posse dos bens que lhes cabem, por força do art. 1.791 do NCC,
mas o domínio lhes é transmitido desde a morte do testador.

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O texto de 1916 era mais preciso quanto à especificação de que o


inventariante, no caso exercido pelo cônjuge sobrevivente, em regra tenha a
posse dos bens até a partilha. O art. 1.991 NCC não cogita em posse e, sim,
administração.

Quanto aos bens fungíveis (onde a posse e o domínio andam inseparáveis)


sequer o domínio é transferido, só com o integral cumprimento do
testamento. O mesmo ocorre com relação ao legado de coisa de ser adquirida
pelo testamenteiro do de cujus somente quando adquirida, é que o legado é
cumprido.

As disposições CC/1916 dispunham os animais silvestres podiam ser


apropriados se feridos e perseguidos, embora apreendidos (art. 595
CC/1916), ou se ingressarem em imóvel particular (art.597 do CC/1916)
dispositivos suprimidos e ausentes no NCC.

Existe em verdade uma falsa dificuldade em considerar aqueles que não tendo
personalidade jurídica à época da abertura da sucessão, possam ser titulares
de direitos hereditários nesse momento (art. 1.798, 1.799, I do NCC).

Expressa o art. 1.784 NCC que a herança é transmitida aos herdeiros,


legítimos e testamentários. Na sucessão universal há transmissão da
totalidade do patrimônio do de cujus, ou uma quota-parte ideal dele; já na
sucessão particular ou singular apenas transmite-se apenas direito certo e,
individuado só tem aplicação na sucessão testamentária.

A diferenciação conceitual entre herdeiro e legatário não é absoluta no art.


1.723 CC/1916 permitia no sucedido se transformasse herdeiro e legatário. O
que, mormente está proibida pelo art. 1.884 do NCC e, reafirmada pelo art.
1.857, parágrafo primeiro do NCC.

O direito português e o italiano permitem o legado em substituição da


herança legítima. Porém manteve o novo codex a partilha em vida art. 2.018,
e o fato de serem herdeiros ex re certa os que desqualifica como herdeiros.

A mulher possui o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado


à residência da família, sendo este o único direito a inventaria (art. 1.831
NCC), igual direito se estende à companheira por força da Lei 9.248/96, mas
infelizmente assim não manteve o NCC.

Para Antonio Junqueira de Azevedo que enuncia o herdeiro que se caracteriza


como continuador das relações jurídicas pelo sucedido.

Enquanto que o legatário recebe bens circunscritos, porém, não é um


continuador patrimonial do de cujus. Tal diferença é relevante para a aferição
da posse para fins de usucapião e, neste sentido o NCC em seus arts. 1.206 e
1.207 traz que a posse do sucessor singular é facultado unir sua posse à do
antecessor para os efeitos legais.

O legatário para alguns doutrinadores, é mero adquirente, apesar de que


testamento de dar continuidade em suas relações jurídicas que deixa ao
morrer. Portanto, a tese francesa de que somente o herdeiro é continuador
patrimonial do de cujus é mais fantasiosa do que real.

O herdeiro ainda que necessário (legitimário ou reservatário) pode receber


obrigatoriamente a herança salvo em caso de indignidade ou de deserdação.
O lugar da abertura de sucessão é o último domicílio do falecido onde
normalmente se encontram bens e negócios.

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Excepcionalmente será competente o lugar onde se situam estes bens (art. 96


do CPC) e todas as questões sucessórias cingem-se ao local da abertura da
sucessão. A unidade e a universalidade da sucessão exigem a concentração
dos direitos hereditários em um só lugar.

Se, no entanto, se o falecido não tem domicílio certo se segue à regra contida
no art. 12§ 1o, da LICC, o lugar da situação dos bens, e, se este variado,
opta-se finalmente pelo lugar de seu falecimento (art. 96, parágrafo único, II
do CPC). Todas essas regras não devem ser utilizadas de forma inflexível.

O Código Civil não permite a disposição da totalidade dos bens se existirem


parentes na linha reta com capacidade sucessória.

Radbruch sublinha que o atual direito sucessório não passa afinal dum
compromisso entre sistemas e princípios opostos.

Desta forma, não prospera a liberdade de testar que se opõe a legítima dos
herdeiros necessários, a idéia de função econômica que justificaria a sucessão
pela continuidade da unidade de bens apresenta-se em contrário, a regra da
partilha que impõe divisão; e, principalmente, ao herdeiro, muitas vezes visto
como continuador do de cujus, apresenta-se o legatário como mero recebedor
de bens.

Tudo isto contribui para que o direito das sucessões seja muito complexo mais
até do que é usualmente apresentado nos compêndios didáticos de direito
civil.

Porém, nunca houve absoluta liberdade na indicação dos agraciados com a


herança, a exemplo disto, temos a concubina impura. E o novo codex
restringiu ainda mais a liberdade de testar, pois à parte que deve caber aos
herdeiros necessários, a legítima, não pode mais constar do testamento (art.
1.857, § 1o, do NCC).

Porém, paradoxalmente manteve a partilha em vida (art. 2.018. NCC), se a


sucessão é legítima apenas as pessoas físicas podem ser contempladas
enquanto que na sucessão testamentária tanto as pessoas físicas como
jurídicas podem ser beneficiadas desde que dotadas de personalidade jurídica
que corresponde à qualidade para ser sujeito de direitos e obrigações e,
naturalmente herdar.

O atual codex ao invés de mencionar capacidade utiliza erroneamente o


vocábulo legitimação, mas convém elucidar que os termos não são sinônimos.

A capacidade em termos genéricos está ligada à aquisição ou exercício de


direito e à peculiar situação em face de certos ben

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I n d iq u e e st a le it u r a p a r a a m ig os

Com e n t á r ios

23/09/2009 07:39 - Evangivaldo bat ist a de A

22 de 23 9/4/2011 19:19
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Este artigo é muito maravilhoso, me ajudou em muita a compreender o assuto.Mas gostaria


de ter uma ajuda a respeito do significado Pacta Corvina.Não conseguí entender o qué e
como se dá. Meu muito obrigado. Evangivaldo Batista de Azevedo

30/06/2007 01:10 - evilazioribeiro

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