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CENTRO DE ESTUDOS DE PESSOAL

CURSO DE
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

METODOLOGIA DA PESQUISA

Maria Christina Zentgraf

Rio de Janeiro
É vedada a reprodução integral ou parcial do material do EAD sem a
permissão escrita do CEP ou do autor.
Sumário

AO ALUNO ........................................................................................................................................5
VISÃO GERAL DA DISCIPLINA ................................................................................................................7

UNIDADE I - TÉCNICAS DE ESTUDO .....................................................................................................9


Texto 1 O Ato de Estudar .................................................................................................................. 10
Texto 2 Técnicas de Leitura .............................................................................................................. 13
Texto 3 A Leitura Analítica ................................................................................................................ 18
Texto 4 A Documentação Pessoal .................................................................................................... 21
Esquematizando ... .............................................................................................................................. 25

UNIDADE II - O CONHECIMENTO COMO FORMA DE COMPREENSÃO E TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE .......27


Texto 5 Concepções e Formas de Conhecimento ............................................................................ 28
Texto 6 Fatos e Teorias na Construção do Conhecimento ............................................................... 34
Esquematizando ... .............................................................................................................................. 38

UNIDADE III - A PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO ATRAVÉS DA PESQUISA CIENTÍFICA ......... 39


Texto 7 Pesquisa Científica: conceito e modalidades ....................................................................... 40
Texto 8 Paradigmas Metodológicos da Pesquisa Científica ............................................................. 44
Esquematizando ... .............................................................................................................................. 46

UNIDADE IV - ETAPAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS ...................................47


Texto 9 A Lógica da Concepção do Projeto de Pesquisa .................................................................. 38
Texto 10 A Pesquisa Bibliográfica ....................................................................................................... 54
Texto 11 Pesquisas Descritivas e Experimentais ............................................................................... 62
Texto 12 Pesquisas Qualitativas ......................................................................................................... 67
Esquematizando... ............................................................................................................................... 70

UNIDADE V - A COMUNICAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS: AS MONOGRAFIAS ......................................73


Texto 13 A Comunicação dos Resultados da Pesquisa: a monografia ............................................... 74
Texto 14 Estrutura de Trabalhos Acadêmicos Segundo a ABNT ....................................................... 78
Texto 15 Estilo para a Redação de Trabalhos Acadêmicos ................................................................ 84
Texto 16 Apresentação de Citações em Trabalhos Acadêmicos ........................................................ 87
Texto 17 Como Elaborar as Referências de um Documento .............................................................. 90
Esquematizando ... .............................................................................................................................. 94

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 96
APÊNDICES .....................................................................................................................................99
Ao aluno
O módulo Metodologia da Pesquisa tem caráter instrumental, uma vez que se destina
a orientá-lo no sentido de ampliar seus procedimentos de estudo e iniciá-lo na
produção de trabalhos científicos. Proporciona condições de levá-lo a desenvolver o
rigor metodológico exigido pela pesquisa e o espírito crítico necessário a todo e
qualquer estudo.
Na primeira parte deste módulo, encontram-se indicações sobre os melhores
procedimentos de estudo, tais como os passos para realizar uma leitura analítica,
fazer resumos, esquemas e fichamentos, o que o transformará (se ainda não o for) em
um leitor crítico, não limitado a uma “educação bancária”, termo cunhado por Paulo
Freire ao comparar a aprendizagem tradicional à situação de depósito e retirada que
ocorre nos bancos.
Prosseguindo na leitura, você iniciará o estudo da metodologia da pesquisa através de
textos sobre o conhecimento, objeto das pesquisas científicas. Encontrará, de
maneira bastante simplificada, orientações metodológicas para planejar, executar e
comunicar os resultados de trabalhos científicos.
A execução dos exercícios é o único meio de que você dispõe para verificar como se
encontra o seu conhecimento sobre os temas propostos; assim, é imprescindível que
você os realize. Eles lhe permitirão se autoavaliar e decidir prosseguir ou fazer
recapitulações.
Ao final de cada texto, na seção Enriqueça seu estudo, sugerimos leituras
complementares, com o objetivo de aprofundar o conhecimento de determinados
assuntos ou introduzir itens não abordados.
Muitos cursistas residem em regiões longínquas, o que dificulta o acesso a livrarias e
bibliotecas. A internet também não é acessível a todos. Por este motivo, estou
fornecendo, ao final deste módulo, o telefone, endereço eletrônico ou indicação de
“sites” de algumas editoras. A maioria atende pelo reembolso postal.
Agora, algumas recomendações para que o estudo seja o mais proveitoso possível:
a) este módulo, além de conteúdos conceituais que exigem leitura e reflexão, requer
exercícios práticos para que a metodologia e as técnicas de investigação sejam
dominadas pelo pesquisador;
b) para realizar com sucesso o trabalho final, é necessário a dedicação de uma a
duas horas ao estudo diário;
c) os trabalhos técnicos, tais como artigos, livros e monografias devem seguir as
normas da Associação Brasileira da Normas Técnicas (ABNT). No ano de 2000 e
agora em 2002, as normas mais utilizadas para a elaboração de trabalhos
acadêmicos foram atualizadas. Em decorrência, praticamente todas as
publicações e livros se tornaram desatualizados, o que dificulta o trabalho dos
estudantes e pesquisadores. Assim, inseri, neste material, textos que abordam
este assunto;
d) para servir de exemplo a você, segui as normas da ABNT ao fazer citações nos
textos, ao indicar as fontes pesquisadas, ao elaborar a lista de referências ao final
do módulo e nos gráficos que se encontram no apêndice;
e) é importante alertar, entretanto, que a linguagem coloquial por mim utilizada neste
material é específica da didática da educação a distância, não devendo ser
adotada nos relatórios de pesquisas e trabalhos acadêmicos.
Finalizo esta mensagem, colocando-me à disposição para solucionar possíveis dúvidas
que venham a ocorrer e desejando-lhe muito sucesso.

A autora
Visão geral da disciplina
Objetivo geral: Aplicar métodos e técnicas de estudos e pesquisas para a elaboração de
trabalhos técnicos e científicos.

Unidade I: Técnicas de Estudo


Objetivo: Demonstrar aquisição do instrumental teórico-metodológico para o aperfeiçoamento
das habilidades de leitura, de fichamento e de organização de estudos.

Conteúdo Onde encontrar


O ato de estudar

Técnicas de leitura: sublinhar, esquematizar e resumir


Textos 1 a 4
A leitura analítica: análise textual, temática e interpretativa

A documentação pessoal. Fichas: vantagens do uso, estrutura,


finalidades e tipos
Carga horária: 06 h

Unidade II: O Conhecimento como Forma de Compreensão e Transformação da Realidade

Objetivo: Distinguir o conhecimento científico de outros tipos de conhecimento.

Conteúdo Onde encontrar


Concepção e formas de conhecimento: popular, científico, filosófico e
teológico
Textos 5 e 6
Ciência: fato, fenômeno e teoria. Papel da teoria e do fato na
construção do conhecimento
Carga horária: 04 h

Unidade III: A Produção e Transmissão do Conhecimento Através da Pesquisa Científica

Objetivos: Identificar diferentes concepções de pesquisa


Analisar as questões que envolvem a pesquisa científica como forma de produção e
transmissão do conhecimento

Conteúdo Onde encontrar


Finalidade, significado e modalidades de pesquisa científica
Textos 7 e 8
Abordagem metodológica da pesquisa científica; paradigmas
conflitantes na atualidade
Carga horária: 05 h
Unidade IV: Etapas do Processo de Produção de Pesquisas Científicas

Objetivo: Caracterizar as etapas do processo de produção de pesquisas científicas desde a


elaboração do projeto à execução da pesquisa

Conteúdo Onde encontrar


A lógica da concepção e construção de um projeto de pesquisa: tema,
problema, pressupostos teóricos, objetivos, questões de estudo,
metodologia, cronograma e orçamento

O planejamento e a execução de pesquisas bibliográficas e/ou


documentais Textos 9 a12

O planejamento e a execução de pesquisas descritivas e


experimentais

O planejamento e a execução de pesquisas qualitativas


Carga horária: 20 h

Unidade V: A Comunicação de Trabalhos Científicos: as monografias

Objetivo: Demonstrar aquisição do instrumental técnico para a elaboração de relatórios de


trabalhos acadêmicos.

Conteúdo Onde encontrar


O trabalho monográfico: a estrutura da monografia e a construção
lógica do texto

A estrutura de trabalhos acadêmicos segundo as normas da ABNT


Textos 13 a 17
Estilo para a redação de trabalhos acadêmicos

Normas para a apresentação de citações e elaboração de referências


segundo a ABNT
Carga horária: 10 h
Unidade I
Técnicas de Estudo

Guia de estudo Carga horária: 06h


ASSUNTO OBJETIVOS ESPECÍFICOS TAREFAS PREVISTAS
Estudo do texto 1
Desenvolver hábitos de estudo
"O ato de estudar"
1. O ato de estudar que conduzam à autonomia no
processo de aprendizagem
Exercícios
Estudo do texto 2
2. Técnicas de leitura: Utilizar técnicas de leitura
"Técnicas de leitura"
sublinhar, esquematizar, adequadas a um estudo
resumir proveitoso
Exercícios
Estudo do texto 3
3. A leitura analítica:
Aplicar técnicas de análise de "A leitura analítica"
análise textual, temática e
leitura no estudo de textos
interpretativa
Exercícios
4. A documentação Estudo do texto 4
Distinguir diferentes modalidades
pessoal. Fichas: vantagens "A documentação pessoal"
de organização da documentação
do uso, estrutura,
pessoal, em especial, as fichas
finalidades e tipos Exercícios
Enriqueça seu estudo
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 1
O Ato de Estudar

Os cursos de graduação e de pós-graduação têm como um de seus objetivos desenvolver


nos estudantes o espírito científico e a prática de trabalhos técnicos. Entretanto, nada se conseguirá
neste sentido, se os iniciantes em trabalhos intelectuais não tiverem adquirido hábitos de estudo
sistemáticos e eficientes através da utilização de métodos e técnicas adequadas.

Salomon, autoridade no assunto, declara:

Imaginamos o iniciante no trabalho científico como aquele que, implicado num processo
de auto-desenvolvimento, vai paulatinamente se transformando: terá que ser antes
estudioso para, em seguida, tornar-se trabalhador intelectual, pesquisador e, finalmente,
autor. Essas fases, claro, não se excluem nem cessam pela aparição ulterior; antes, se
completam e se superpõem a partir de determinado momento de cada uma. (SALOMON,
2001, p. 26).

O que significa estudar?

Medeiros (2000, p. 13) explica que o estudo começa com a elaboração de um pequeno
texto e atinge a produção de vários volumes de uma obra. E conclui “estudar é realizar experiências
submetidas à análise crítica e à reflexão, com o objetivo de apreender informações que sejam
úteis à resolução de problemas.”

Para realizar essas experiências citadas por Medeiros, o estudante necessita estar atento a
dois aspectos: recorrer a procedimentos adequados para buscar as informações, bem como
estabelecer uma organização para seus estudos.

Complementando tal posição, Severino (2000) adverte que o ensino superior exige dos
universitários:
• autonomia no processo de aprendizagem e postura de auto-atividade didática rigorosa,
crítica e criativa;
• projeto de trabalho intelectual individualizado, apoiado em material didático e científico
que se constitui, basicamente, na bibliografia especializada.

A bibliografia especializada de metodologia da pesquisa é considerada difícil por muitos


estudantes. Isto ocorre porque ela parte da suposição de que aqueles que a ela recorrem dominam
as técnicas adequadas de estudo e leitura, uma vez que já concluíram um curso superior.

Desse modo, para se iniciar nas questões da pesquisa científica, o estudante precisa
conhecer e utilizar procedimentos adequados para fazer uma leitura proveitosa, fichamentos,
citações, paráfrases, esquemas e resumos, dentre outras técnicas.

Isso leva à questão da formação da biblioteca pessoal. Os livros são caros, tornam-se
ultrapassados com alguma rapidez (pelo menos as edições), e o hábito de utilização de cópias

10
UNIDADE I

dificulta a formação de acervos pessoais. Apesar do exposto, os estudantes devem se conscientizar


de que existem livros fundamentais nas diferentes áreas do conhecimento e que devem ser
adquiridos. A assinatura de revistas especializadas é um hábito a ser cultivado, uma vez que os
relatórios de pesquisa e as descobertas nas diferentes áreas do conhecimento, antes de
aparecerem em livros, são publicados em revistas e jornais. As revistas também oferecem a
oportunidade de ampliar a bibliografia sobre determinado assunto com novas referências.

Além dessas fontes, a internet, rede mundial de computadores, oferece hoje um acervo
extraordinário para estudiosos das mais diferentes áreas; poderá ser bastante utilizada pelos
cursistas que dela dispõem.

As universidades e outras instituições possuem bibliotecas, embora em algumas delas o


acervo seja limitado e pouco renovado. De qualquer maneira, o estudante deve freqüentá-las,
explorá-las. Lá se encontram obras de referência geral, periódicos, livros, dissertações de mestrado,
teses de doutorado, dentre outras. Algumas universidades mantêm, em seus acervos, CD-ROMs,
disquetes e outros recursos de multimídia disponíveis para pesquisadores.

As bibliotecas são organizadas no sentido de auxiliar os leitores e pesquisadores. Assim,


seu acervo se apresenta classificado por assunto, título e autor, em fichas individuais reunidas em
fichários por ordem alfabética. Nas fichas, além de dados sobre a obra e o autor, está registrada
a referência da obra (código da biblioteca), através da qual ela é localizada nas prateleiras. Muitas
bibliotecas estão hoje informatizadas oferecendo uma alternativa de organização mais moderna.
As técnicas especiais de leitura e fichamento para utilização desse instrumental serão abordadas
nos próximos textos.

Além do estudo através de fontes bibliográficas, outras modalidades de aprendizagem são


os encontros, seminários, congressos, palestras, mesas-redondas etc., que devem acompanhar
o estudioso pela vida toda. A princípio como participante, em seguida fazendo pequenas
comunicações e, no decorrer da vida profissional, integrando mesas-redondas e fazendo palestras.

Outro aspecto a considerar, principalmente por todos aqueles que estudam e trabalham, é
a programação das atividades de estudo e a divisão adequada do tempo. Não se pode fazer
um curso superior se não houver tempo disponível para estudar, para refletir. “O conhecimento
forma-se por fases e a quantidade de informação transforma-se em qualidade de conhecimento.”
(GALLIANO, 1986, p. 53).

Observe as recomendações de Galliano sobre a utilização do tempo:


- Planeje seu tempo – essa é a forma correta de “ganhar” tempo para o estudo.
- Programe a utilização de períodos vazios em sua atividade.
- Substitua o horário de uma ou mais atividades não-essenciais para obter tempo de estudo.
- Reserve ao menos um período mínimo para estudar todos os dias.
- Não estabeleça períodos muito longos de estudo sem pausas para descanso.

Ao se estabelecer um cronograma de estudos, deve-se escolher um horário em que o


estudioso apresente um melhor rendimento; deixar as atividades de leitura e reflexão para o final
do dia, por exemplo, pode levar a um aproveitamento nulo.
11
METODOLOGIA DA PESQUISA

O sucesso da aprendizagem, apontam as pesquisas, depende da organização do aluno, do


ambiente adequado, da assiduidade e cumprimento do cronograma estabelecido e da utilização
de técnicas de estudo.

Em resumo, utilizando procedimentos adequados de estudo, de posse de uma boa bibliografia


e organizando o seu tempo, você estará em condições de ser um aluno e profissional estudioso e
atualizado em seus conhecimentos.

Exercícios

No sentido de contribuir para a consecução de seu projeto de trabalho científico, responda


às questões a seguir:
1. Além de livros e publicações sobre o conteúdo específico de sua área de
conhecimento, que livros e revistas você possui sobre METODOLOGIA CIENTÍFICA?
2. Existem bibliotecas especializadas na sua cidade? Em que instituições? Quais seriam
mais acessíveis para sua utilização?
3. Visite as bibliotecas que considera mais adequadas a seu curso e verifique no fichário
de assuntos o tema: metodologia científica, técnicas de estudo e pesquisa etc. Anote
as 5 obras que considera mais adequadas ao conteúdo desta disciplina. Não esqueça
de registrar nas anotações os dados sobre a obra, autor e a localização na estante.
4. Sabemos que aqueles que não residem nas grandes cidades têm dificuldade na
aquisição de livros por falta de livrarias, acesso a catálogos de editoras etc. Qual a
situação de sua cidade neste aspecto? A que livrarias você pode recorrer para adquirir
livros básicos? O livreiro aceita encomendas?
5. Faça uma proposta de programação semanal de suas atividades essenciais, de modo
a reservar 1 ou 2 horas diárias para estudo.
6. Cumpra a programação traçada de modo experimental e procure realizar uma
avaliação da semana, registrando as modificações que considera necessárias.

Enriqueça seu estudo


⇒ Recomendo o texto “O leitor no ato de estudar a palavra escrita”, onde os autores discutem o processo
de estudar e a postura do leitor no ato de ler: leitor-objeto, aquele submisso ao que lê, e o leitor-
sujeito, quando realiza uma leitura crítica e consegue ir além do texto (LUCKESI, 2000).

⇒ No texto “Considerações em torno do ato de estudar”, o autor faz reflexões bastante oportunas sobre
o ato de estudar, que considera um trabalho difícil por exigir disciplina intelectual que não se adquire
a não ser praticando (FREIRE, 2001).

12
UNIDADE I

Texto 2
Técnicas de Leitura

Prosseguindo na temática iniciada no texto “O Ato de Estudar”, onde, dentre outras coisas,
você aprendeu que existem procedimentos específicos para um estudo proveitoso, neste texto
serão abordadas algumas técnicas de leitura, pré-requisitos para um estudo aprofundado.

Ao fazer contato com o material de leitura, a sua tarefa inicial é examiná-lo no todo. Como
proceder?

Para fazer o reconhecimento de um livro, algumas questões deverão ser feitas: De que
trata o livro? Quem é o autor? Que informações o autor fornece sobre o livro? Quais os temas
abordados? Quando o livro foi publicado pela primeira vez?

As respostas a estas questões serão obtidas verificando-se o título e o subtítulo; a capa e a


contracapa; o sumário, o prefácio, a introdução, o resumo (nas monografias) e as referências.
Nos artigos de revistas, matérias de jornal e textos acessados na internet, preocupação semelhante
deve ocorrer.

Estes procedimentos permitem constatar se o assunto tratado na obra interessa aos


propósitos do leitor. Além disso, evitará perda de tempo com leituras injustificáveis face ao objetivo
do estudo ou pesquisa.

Concluída esta exploração inicial e constatado o interesse pelo material, procede-se a sua
leitura.

Toda leitura é feita com um propósito que pode ser a investigação, a crítica, a comparação,
a verificação, a ampliação ou integração de conhecimentos. Para atingir esses propósitos devemos
identificar as idéias principais do autor.

Como proceder?

Mandam os especialistas que se proceda, inicialmente, a uma leitura integral do texto e se


determine a unidade de leitura a ser estudada. Para se estabelecer a unidade de leitura, é preciso
entender que a unidade é uma parte do texto que apresenta uma totalidade de sentido. O texto fica,
assim, dividido em partes que vão sendo sucessivamente estudadas. É um estudo analítico, findo o
qual o leitor refaz o sentido total do livro, sintetizando-o.

Estabelecida a unidade de leitura, como procurar a idéia principal que ela encerra?

Em algumas ocasiões a idéia principal está explícita e é facilmente identificada. Em outras,


ela se confunde com idéias secundárias.

Veja a seguir como identificar a idéia principal em um parágrafo.

13
METODOLOGIA DA PESQUISA

Na maioria dos casos, o parágrafo se inicia por uma frase importante que traz a idéia principal,
acompanhada de frases que a explicam e detalham. A frase final do parágrafo sintetiza a idéia.
Pode acontecer, entretanto, que a frase que expressa a idéia principal venha ao final do parágrafo.
Lembra Salomon (2000) que a idéia principal pode estar apenas nos elementos essenciais de
uma oração, isto é, o sujeito e o predicado.

Como identificar a idéia principal em um artigo, livro ou capítulo de livro?

Já foi visto que o primeiro contato com o material de leitura consiste em fazer seu
reconhecimento. Este exame inicial levará o leitor a captar o plano da obra. Explica Salomon:

É comum os autores dedicarem uma parte introdutória e/ou a parte final para dar a idéia
principal. Quem escreve obedece a um plano, desenvolve idéias dentro de uma ordem
hierárquica: a mais geral para todo o trecho e as menos gerais apresentadas logo abaixo
destas. Procura distribuir as idéias específicas pelos parágrafos. (SALOMON, 2001, p. 97)

Na produção científica, o autor, ao expor o seu trabalho, procura justificá-lo para o leitor. Ele
informa, analisa, demonstra. Expõe seu trabalho através de proposições nas quais são essenciais
o sujeito (elemento causa) e o predicado (atributo do sujeito). Ao desenvolver o seu raciocínio,
utiliza o método dedutivo, uma vez que não está investigando, e sim comunicando.

Deduzirá de idéias mais gerais as mais específicas. Faz isto através de proposições que
se relacionam dentro duma estrutura lógica de demonstração: numa proposição colocará
a idéia principal e, noutras, os argumentos de sua comprovação. Em torno dessa relação,
as demais atribuições funcionarão como detalhes importantes ou como simples
acessórios. (SALOMON, 2001, p. 100).

Nos trabalhos científicos, as afirmativas, as teses, os pontos de vista estão sempre comprovados
ou justificados. Este fato levará o leitor a identificar a idéia principal e as proposições que a comprovam
ou justificam.

Como proceder ao encontrar as idéias principais? Como destacá-las no texto? Observe a


seguir as principais técnicas para tal: sublinhar, esquematizar e resumir.

A técnica de sublinhar
Sublinhar é sinônimo de pôr em relevo, destacar ou salientar. É um procedimento muito
usado pelos leitores. No entanto, exige cuidados para que possa ser útil. A primeira recomendação
a ser feita é não sublinhar durante a primeira leitura.

É necessário que se tenha um primeiro contato com a unidade de leitura – parágrafo, capítulo,
livro – fazendo-se alguns sinais à margem. Quando for feita a segunda leitura, buscar a idéia
principal, os detalhes significativos, os conceitos, classificações etc. que deverão ser, então,
sublinhados.

Segundo Rickards apud Boruchovitch e Mercuri (1999, p. 37) “o sublinhar é uma estratégia
que permite focalizar a atenção da pessoa no material que está lendo, bem como revisar as idéias
essenciais, num momento posterior.”

14
UNIDADE I

Pesquisas têm demonstrado que a compreensão do texto aumenta quando são sublinhados
trechos relevantes, enquanto que a aprendizagem fica prejudicada com marcações secundárias.
Explicam Boruchovitch e Mercuri quais são os objetivos da técnica de sublinhar:
• reforçar a atenção para os elementos principais do texto;
• destacar o importante do acessório;
• facilitar a releitura.

Não devem ser sublinhados detalhes, nem deve haver um excesso de informações.

Os objetivos da técnica de sublinhar são específicos, variando de uma matéria para outra.
Além disso, sofrem a influência das crenças e atitudes do leitor. Outro aspecto a observar é que
as técnicas de estudo, para produzirem resultados, dependerão não só de sua utilização adequada,
como também do conhecimento que o leitor tenha das tarefas. É imprescindível que o leitor se
pergunte:

Por que e para que estou fazendo a leitura desse texto?

A técnica de esquematizar
O esquema é uma representação sintética do texto através de gráficos, códigos e palavras.
Deve ser organizado segundo uma seqüência lógica onde aparecem as idéias principais, aquelas
a elas subordinadas e o inter-relacionamento de fatos e idéias.

A elaboração de esquemas exige a participação ativa do leitor na assimilação do conteúdo,


levando-o, também, a uma avaliação sobre a lógica do texto.

Salomon destaca as seguintes características de um bom esquema:


• fidelidade ao texto
• estrutura lógica
• adequação ao assunto estudado
• utilidade
• cunho pessoal

O esquema é útil para destacar o propósito do leitor, facilitar a captação e compreensão da


lógica do conteúdo e permitir uma rápida consulta ao conteúdo do texto. Pode apresentar listagens
de conteúdo ou chaves como você verá no esquema apresentado ao final desta e de outrras
unidades, ou usar numeração progressiva como no esquema elaborado na Unidade 7 deste
módulo.

Pode ainda ser subdividido por algarismos romanos, letras ou simplesmente diferenciado
por espaços. Alguns cuidados devem ser tomados para sua elaboração:
• só construir o esquema após a compreensão profunda do texto;
• seguir um critério lógico, ordenando idéias principais e secundárias;
• fazer esquemas que facilitem a compreensão do conteúdo.

15
METODOLOGIA DA PESQUISA

A técnica de resumir
O resumo é uma condensação do texto. Apresenta as idéias essenciais e pode também
trazer a interpretação do leitor, desde que este o faça separadamente. Para elaborar o resumo
devem ser usados os mesmos procedimentos indicados para sublinhar e para elaborar esquemas.

O objetivo do resumo é abreviar as idéias do autor sem, contudo, a concisão de um esquema.


Quando você considerar relevante, faça transcrições de palavras do próprio autor, colocando-as
entre aspas e o número da página entre parênteses.

Saber resumir é uma técnica essencial para quem estuda e cumpre tarefas intelectuais.
Para se fazer um resumo é imprescindível a compreensão do texto lido. É de suma importância
saber encontrar as idéias principais e secundárias, sublinhar e esquematizar, como já foi exposto
neste texto.

A principal diferença entre o esquema e o resumo reside no fato de que o esquema apresenta
o texto em seqüência lógica e em ordem de subordinação, e o resumo apresenta o texto de
maneira condensada.

São normas práticas para elaborar um resumo:


• só resumir após preparar o esquema ou anotações;
• usar frases diretas e curtas;
• fazer as apreciações críticas e observações pessoais em separado;
• apresentar sempre a referência completa do texto resumido.

Veja, a seguir, resumo apresentado por Galliano (1986) correspondente a um trecho de


duas páginas:

Método e técnica não são a mesma coisa. Método é uma orientação geral constituída
por um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação
da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim. Técnica é um
modo de realizar uma atividade, arte ou ofício, de maneira mais hábil, mais segura e
perfeita. Em linhas gerais, a técnica é a maneira mais adequada de se vencer as etapas
indicadas pelo método. Por isso diz-se que o método equivale à estratégia, enquanto a
técnica equivale à tática. (GALLIANO, 1986, p. 14).

O resumo esquemático
Como o nome está dizendo, é uma técnica intermediária entre o resumo e o esquema.

Observe o exemplo que se segue, também extraído de Galliano (1986. p. 75):

A orientação prática para a seleção prévia da leitura adequada ao estudo pode resumir-
se nos seguintes passos principais:
1) Examinar o livro que desperta o interesse. Verificar título, autor, informações nas
capas, sumário ou índice, prefácio ou introdução, bibliografia, editora, número da edição
e data da publicação.
2) Tratando-se de livro recente e havendo dúvida quanto a sua validade, consultar seções
de resenhas de livros em revistas especializadas e jornais. Tratando-se de obra clássica,
consultar enciclopédias ou a opinião de um especialista no assunto.

16
UNIDADE I

Finalizo este texto esclarecendo que, uma vez selecionada a unidade de leitura, destacadas
as idéias principais e secundárias, e utilizadas as técnicas de sublinhar, esquematizar e resumir,
tenho certeza de que você estará preparado para fazer uma leitura analítica, objeto do próximo
texto.

Exercícios

Com o objetivo de levá-lo a colocar em prática as técnicas recomendadas no texto


“Técnicas de Leitura”, solicitamos que faça o seguinte exercício usando um texto de sua
preferência dentre os indicados para o curso.
1. Fazer a 1ª leitura.
2. Delimitar as unidades de leitura.
3. Sublinhar as idéias principais e detalhes importantes.
4. Elaborar um esquema em chave.

Enriqueça seu estudo

⇒ No capítulo I de Severino (2000), intitulado “A organização da vida de estudos na Universidade”,


você encontrará considerações sobre os instrumentos de trabalho, a disciplina do estudo e até um
fluxograma de um plano de trabalhos acadêmicos. Analise-o.

17
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 3
A Leitura Analítica

No texto “Técnicas de Leitura” você se familiarizou com a maneira de delimitar a unidade de


leitura e com as técnicas de sublinhar, esquematizar e resumir. De posse desses conhecimentos,
encontra-se, agora, em condições de fazer uma leitura analítica, isto é, um estudo de texto em
profundidade, de modo a compreendê-lo, apreender a mensagem do autor e fazer um julgamento
sobre o mesmo.

Veja, a seguir, como fazer a leitura analítica, aplicando as técnicas de leitura. Inicialmente
gostaria de esclarecer que existem diferentes nomenclaturas para designar as etapas da leitura
analítica e que optei pela classificação usada por Severino (2000).

Ele divide a leitura analítica em três etapas: a análise textual, a análise temática e a análise
interpretativa.

Análise textual
A primeira leitura (você viu no texto anterior, lembra-se?) é o contato inicial com a unidade de
leitura. Nela se adquire uma visão de conjunto do pensamento e do estilo do autor. Nesta leitura
nada se sublinha, mas devem-se assinalar, nas margens, os pontos que exigem esclarecimentos
para compreensão do texto: informações sobre o autor, sentido das palavras desconhecidas, fatos
históricos, outros autores citados etc. É a análise textual.

Concluída a leitura, faz-se uma investigação para buscar as informações, consultando-se


obras de referências tais como dicionários, enciclopédias, atlas geográficos e históricos.

Esta investigação é necessária pois a compreensão do texto depende não só do


conhecimento do significado das palavras, como também dos termos geográficos, históricos etc.,
o que pode ser verificado em obras de referência. Segundo Medeiros (2000, p. 23),

[...] em princípio, pode-se recomendar buscar no dicionário toda palavra desconhecida


que aparece num texto. Outro procedimento é experimentar descobrir o sentido da palavra
no contexto. Às vezes, o significado de uma palavra desconhecida vem logo a seguir por
um termo de sentido equivalente. O esforço, portanto, para descobrir o sentido de um
vocábulo parece constituir-se em valioso exercício para a ampliação do vocabulário.

Você tem o hábito de consultar obras de referência? Elas são ferramental essencial para o
fornecimento de informações.

Em suma, em relação aos vocábulos, a técnica a seguir, ao se fazer a análise textual, é:


• não sublinhar, fazer algumas anotações à margem;
• tentar encontrar o sentido dos termos novos pelo próprio texto;
• se não conseguir, ao terminar a leitura, consultar as obras de referência.

18
UNIDADE I

E, como bem diz Salomon (2001, p. 70): “nunca se acomodar diante do termo desconhecido
[...] considere-o um desafio; deixar de esclarecer a dúvida no momento oportuno é sempre
prejudicial.”

Quando se faz a análise textual, é mais importante esclarecer o vocabulário e as dúvidas


sobre os termos do que mesmo a própria compreensão do texto.

O segundo passo, após esclarecidas as dúvidas, deverá ser procurar dados sobre o autor da obra.

A análise textual oferece, dentre outras, as seguintes vantagens:


• diversificar as atividades de estudo, tornando-as menos cansativas;
• oferecer informações e ampliar o conhecimento;
• tornar o texto mais acessível e a leitura mais enriquecedora.

Análise temática
É feita com o objetivo de levar o leitor a uma compreensão da mensagem veiculada pelo
autor na unidade de leitura. Nessa etapa procura-se apreender o pensamento do autor sem nele
intervir. Este procedimento é facilitado fazendo-se uma série de perguntas:
• De que trata o texto?
• Como está problematizado? Qual a dificuldade a ser resolvida?
• Qual a posição do autor sobre o problema? Que idéia defende? (a resposta a esta questão
revela a idéia principal, a tese do autor).
• Qual a argumentação, o raciocínio do autor para demonstrar a tese?
• Existem subtemas ou temas paralelos na unidade de leitura?

Observe o que diz Galliano sobre a análise temática:

[...] nela o estudante não “discute” com o texto, não debate seus conceitos ou idéias,
somente interroga-o e deixa que fale em resposta. Esse “escutar”, no entanto, nada tem
de mecânico. Seria passivo, mecânico, se o propósito do estudo se restringisse à
memorização das palavras ou frases. Mas, como o propósito da leitura é apreender o
conteúdo, o ato de “escutar” o texto envolve descoberta e reflexão por parte do leitor
(GALLIANO, 1986, p. 92).

Somente quando o estudioso estabelece o esquema de pensamento do autor, a análise


temática estará terminada.

A análise temática, além de permitir a elaboração de um esquema mais coerente e rigoroso,


é a base para a obtenção de resumos que sintetizam as idéias do autor ao invés de serem apenas
reduções de parágrafos.

Análise interpretativa
Interpretar, explica Severino, (2000, p. 56), é “tomar uma posição própria a respeito das
idéias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autor
a um diálogo, é explorar toda a fecundidade das idéias expostas, é cotejá-las com outras, enfim,
é dialogar com o autor.”

19
METODOLOGIA DA PESQUISA

Diferentemente das análises textual e temática, nas quais o leitor “ouve o autor” mas não
interfere, não assume uma posição pessoal perante o texto em estudo, na análise interpretativa
o leitor assume uma posição própria.

A análise interpretativa tem papel primordial na construção do leitor sujeito, do leitor crítico.
Severino subdivide-a nas seguintes etapas:
• situar o pensamento desenvolvido na unidade, na esfera mais ampla do pensamento
geral do autor;
• situar o autor no contexto mais amplo da cultura filosófica;
• explicitar os pressupostos que o texto implica;
• formular um juízo crítico, uma avaliação do texto em função de sua coerência interna e
da originalidade e contribuição à discussão do problema;
• fazer crítica pessoal às posições defendidas no texto, fase mais delicada da interpretação
e que exige maturidade intelectual do leitor, cuja vivência pessoal do problema deverá
ter alcançado nível que possibilite o debate da questão.

Concluídas todas as etapas da leitura analítica, o leitor encontra-se em condições de se tornar


um leitor-autor, um produtor de conhecimento; poderá ampliar os aspectos que a análise do texto
suscitou e fazer novas proposições. Estará apto a elaborar uma síntese pessoal que se apóia na
retomada de pontos levantados nas etapas anteriores e culmina com a contribuição pessoal do
leitor para o tema, desde que ele se fundamente em argumentos convincentes, com base científica.

Exercícios

No texto “A Leitura Analítica” você obteve uma visão sobre a leitura analítica. Tudo indica
que se encontra em condições de aplicar em situações concretas os conhecimentos
apreendidos. Selecione um texto de sua preferência e realize a seguinte atividade:
· leitura analítica do texto, cumprindo todas as etapas e procedimentos indicados na
análise textual, temática e interpretativa, concluindo o exercício com uma síntese
pessoal. Não esqueça de colocar no início do trabalho a referência do texto lido.

Enriqueça seu estudo

⇒ Recomendo o texto “Processo de leitura crítica da palavra escrita”. Neste texto os autores trazem
subsídios que aprofundam o tema “Leitura analítica” (LUCKESI, 2000).

20
UNIDADE I

Texto 4
A Documentação Pessoal

Chegamos à última etapa desta unidade, tendo até agora abordado as técnicas para
aperfeiçoar suas habilidades de estudo e leitura; este último texto trata especificamente da
documentação pessoal, em especial as fichas e sua organização em fichários.

A documentação é a ciência que trata não só da organização como do manuseio da


informação. Explica Chizzotti (2000, p. 109) que “documentação é [também] toda informação
sistemática, comunicada de forma oral, escrita, visual ou gestual, fixada em um suporte material,
como fonte durável de comunicação.”

Nesse sentido, toda informação apresentada sob a forma de textos, sinais, imagens ou
outros meios, armazenada em papel, madeira, pedra ou outros recursos, através de técnicas de
impressão, pintura, gravação etc., é um documento.

Existem centros especiais de documentação, tais como bibliotecas, mapotecas, arquivos,


museus, bancos de dados, hoje enriquecidos com a chegada da informática, dos computadores,
das redes mundiais de informação.

Apesar de os estudiosos terem a sua disposição as editoras, as livrarias, os arquivos das


instituições, as informações da rede de computadores, recomenda-se sempre que forme sua
própria biblioteca e organize a sua documentação pessoal.

A documentação pessoal supre a necessidade da informação prévia até mesmo para


orientar a pesquisa em outras fontes de consulta, estabelece um diálogo permanente
com a memória e estimula constantemente a criatividade intelectual. A tudo isso,
acrescenta ainda a vantagem de ser prática (quando bem feita) e estar sempre à
disposição. (GALLIANO, 1986, p. 99).

O que deve ser documentado?


Tudo que for do interesse e que oferecer importância e utilidade na área acadêmica ou
profissional do estudante pode ser documentado: leituras, idéias pessoais, debates, palestras
etc.

Como documentar?
A maneira mais indicada é fazer registros em fichas e organizá-las em fichários. Atualmente,
a informática está introduzindo novos procedimentos; estes procedimentos variam de pessoa a
pessoa. Vou dar, apenas, algumas sugestões de ordem geral. Se for do seu interesse, procure
ampliar as informações, nas leituras indicadas.

21
METODOLOGIA DA PESQUISA

As fichas permitem ao estudante guardar com exatidão dados coletados em diferentes


fontes e que servirão para o seu estudo. É preferível o uso de fichas a cadernos, devido às
facilidades que elas oferecem para manipulação e arquivamento. Existem diferentes tipos de
fichas segundo os objetivos a que se destinam e que recebem diferentes denominações. Neste
texto, adotei a nomenclatura usada por Lakatos (2001): ficha de citações, de resumo e analítica.

A utilização de fichas e sua organização em fichários é de importância excepcional para os


estudiosos que nelas encontrarão os subsídios necessários à elaboração de suas tarefas e seus
estudos.

Veja o que diz Cervo (1996, p. 73) sobre a técnica de fichamento: “Aquele que tiver suficiente
paciência para realizar estas tarefas cansativas com esmero terá a grande satisfação de constatar
que seu esforço será compensado ante a facilidade com que poderá proceder à redação de seu
trabalho: basta dispor todas as fichas referentes a um mesmo assunto sobre a mesa.”

Lakatos (2001) faz um estudo bastante detalhado sobre fichas e fichários. Aborda a questão
do aspecto físico, da composição, dos respectivos conteúdos, tipos de fichas (com exemplos
concretos dos mesmos) etc. Apresenta, ainda, procedimentos e modelos de fichamentos.

A seguir você terá oportunidade de analisar diferentes tipos de fichas adaptadas de Lakatos:

a) Ficha de citações

Neste tipo de ficha são reproduzidas frases e parágrafos inteiros ou parte deles. O sinal [...]
indica a supressão de partes do texto.

MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: Conselho
Estadual de Artes e Ciências Humanas,1978, 152 p.
“Entre os diversos tipos humanos característicos existentes no Brasil, o garimpeiro apresenta-se,
desde os tempos coloniais, como um elemento pioneiro, desbravador e, sob certa forma, como agente de
integração nacional.” (p. 7).
“Os trabalhos no garimpo são feitos, em geral, por homens, aparecendo a mulher muito raramente e
apenas no serviço de lavação ou escolha de cascalho, por serem mais suaves do que o de desmonte.” (p.
26).
“[...] indivíduos [os garimpeiros] que reunidos mais ou menos acidentalmente continuam a viver e
trabalhar juntos. Normalmente abrangem indivíduos de um só sexo [...] e sua organização é mais ou
menos influenciada pelos padrões que já existem em nossa cultura para agrupamentos dessa natureza.”
(p. 47) (LINTON, Ralph. O homem; uma introdução à antropologia. 5. ed. São Paulo: Martins, 1965, p.
111).
“O garimpeiro [...] é ainda um homem rural em processo lento de urbanização, com métodos de vida
pouco diferentes dos habitantes da cidade, deles não se distanciando notavelmente em nenhum aspecto:
vestuário, alimentação, vida familiar.” (p. 48).
“A característica fundamental no comportamento do garimpeiro [...] é a liberdade.” (p. 130).

22
UNIDADE I

Ao elaborar a ficha devem-se tomar alguns cuidados:


• aspear as citações;
• indicar, após cada citação, o número da página;
• quando forem suprimidos parágrafos de uma mesma página, deixar uma linha em branco
com o sinal [...]. Só colocar o número da página ao final da última citação, conforme o
exemplo a seguir:
[...]
“As universidades e outras instituições possuem bibliotecas, embora em algumas delas o acervo seja
limitado e pouco renovado. De qualquer maneira, o estudante deve frequentá-las, explorá-las. Lá se
encontram obras de referência geral, periódicos, livros, dissertações de mestrado, teses de doutorado
etc.”
[...]
“Este instrumental de trabalho do estudante é utilizado através de técnicas especiais de leitura e
fichamento que serão vistas nos próximos textos.” (p.14).

Quando a frase transcrita tiver sido extraída de outra obra, deve-se citar entre parênteses a
referência bibliográfica, como se pode observar no exemplo de ficha citação.

b) Ficha resumo (de conteúdo)

MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: Conselho
Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1978, 152 p.
Pesquisa de campo que se propõe a dar uma visão antropológica do garimpo em Patrocínio Paulista.
Descreve um tipo humano característico, o garimpeiro, em uma abordagem econômica e sócio-cultural.
Enfoca aspectos geográficos e históricos da região, desde a fundação do povoado até a constituição
do município. Enfatiza as atividades econômicas da região em que se insere o garimpo, sua correlação
principalmente com as atividades agrícolas, indicando que alguns garimpeiros do local executam o trabalho
do garimpo em fins de semana ou no período de entressafra, sendo, portanto, em parte, trabalhadores
agrícolas, apesar da maioria residir na área urbana.
Dá especial destaque à descrição das fases da atividade de garimpo incluindo as ferramentas utilizadas.
Apresenta a hierarquia de posições existentes e os tipos de contrato de trabalho que diferem do rural e o
respeito do garimpeiro à palavra empenhada. Aponta o sentimento de liberdade do garimpeiro e justifica
seu nomadismo, como conseqüência de sua atividade.
A análise econômica abrange ainda o nível de vida como sendo, de modo geral, superior ao do egresso
do campo e a descrição das casas e seus equipamentos, indicando as diferenças entre ranchos da zona
rural e casas da zona urbana.
Sob o aspecto sócio-cultural demonstra a elevação do nível educacional e a mobilidade profissional
entre as gerações: dificilmente o pai do garimpeiro exerceu essa atividade e as aspirações para os filhos
excluem o garimpo. Faz referência ao tipo de família mais comum – a nuclear – aos laços de parentesco
e ao papel relevante do compadrio. Considera adequados a alimentação e os hábitos de higiene, tanto
dos garimpeiros quanto de suas famílias. No que respeita à saúde, comprova a predominância da consulta
aos curandeiros e aos medicamentos caseiros.
Faz um levantamento de crendices e superstições, com especial destaque ao que se refere à atividade
de trabalho. Aponta a influência dos sonhos nas práticas diárias.
Finaliza com um glossário que esclarece a linguagem especial dos garimpeiros.

A ficha de resumo apresenta a essência do texto numa sintaxe elaborada pelo leitor. Embora
seja mais detalhada do que a ficha bibliográfica, não é longa. Os verbos devem ser ativos.

23
METODOLOGIA DA PESQUISA

c) Ficha analítica (de comentário ou crítica)

MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo:


Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1978, 152 p.
Caracteriza-se por uma coerência entre a parte descritiva, entre a consulta bibliográfica e a
pesquisa de campo. Tal harmonia difícil e às vezes não encontrada em todas as obras dá uma
feição específica ao trabalho e revela sua importância.
Os dados, obtidos por levantamento próprio, com o emprego do formulário e entrevistas,
caracterizam sua originalidade.
Foi dado especial destaque à fidelidade das denominações próprias, tanto das atividades de
garimpo quanto do comportamento e atitudes ligadas ao mesmo.
O principal mérito é ter dado uma visão global do comportamento do garimpeiro, que difere da
apresentada pelos escritores que abordam o assunto, mais superficiais em suas análises, e
evidenciando a colaboração que o garimpeiro tem dado não apenas à cidade de Patrocínio Paulista,
mas a outras regiões, pois o fruto de seu trabalho extrapola o município.
Carece de uma análise mais profunda da inter-relação entre o garimpeiro e o rurícola, em cujo
ambiente às vezes trabalha, e o citadino, ao lado de quem vive.
Essencial na análise das condições econômicas e sócio-culturais da atividade de mineração do
Nordeste Paulista.

Como está claro no exemplo, o leitor realiza uma interpretação crítica neste tipo de ficha.
Esta análise pode ser feita em relação:
• ao conteúdo
• à forma de apresentação
• a outras obras etc.

Foi intenção, nesta primeira unidade, conscientizar você da necessidade de utilizar uma
metodologia de trabalho especialmente voltada para o ensino individualizado e fundamentada em
técnicas de estudo; elas ajudarão a desenvolver estudos com maior racionalidade, sistematização
e aproveitamento. Esta postura é particularmente necessária nos cursos a distância, nos quais,
embora você possa recorrer ao tutor, o seu processo de aprendizagem ocorre na maioria das
vezes de maneira solitária.

Exercícios

1. Elabore três diferentes tipos de fichas (citação, resumo e analítica) com base em um
dos textos indicados para o curso ou outro mais acessível a você.

Enriqueça seu estudo

⇒ Se você desejar conhecer mais sobre o tema documentação, faça a leitura da parte III
(Documentação) do livro de Chizzotti (2000).

⇒ Muito oportuna também é a leitura do texto Fichas, encontrado no livro de Lakatos (2001).

24
UNIDADE I

Esquematizando...

O Ato de Estudar

Para desenvolver
{ o espírito crítico
a prática de trabalho técnico { é necessário adquirir o hábito de estudos sistemáticos e eficientes
através da utilização de métodos e técnicas adequados

O ensino superior exige do estudante:


autonomia no processo de aprendizagem e postura de auto-atividade didática rigorosa, crítica e criativa
projeto de trabalho intelectual individualizado, apoiado em material didático e científico
Recursos de aprendizagem:
bibliotecas de universidades, de outras instituições etc.
rede de computadores
biblioteca pessoal
palestras
encontros
seminários
congressos
mesas-redondas
outros
Aspectos a considerar no ato de estudar:
domínio das técnicas de leitura
programação das atividades
divisão do tempo

Técnicas de Leitura
Propósito da leitura:
investigação
crítica
comparação
verificação
ampliação/integração de conhecimentos
Procedimentos para identificar as idéias principais do autor:
fazer leitura integral
estabelecer unidades de leitura
sublinhar
esquematizar
resumir

A Leitura Analítica
Leitura analítica Classificação das etapas da leitura analítica
Estudo aprofundado do texto: Análise:
compreensão textual
apreensão temática
julgamento interpretativa

A Documentação Pessoal
Documentação pessoal: fichas e fichários
Vantagens da documentação pessoal
Documentação pessoal
O que documentar
Como documentar

25
Unidade II
O Conhecimento como Forma de Compreensão e
Transformação da Realidade

Guia de estudo Carga horária: 04h


ASSUNTO OBJETIVOS ESPECÍFICOS TAREFAS PREVISTAS
Estudo do texto 5
1. Concepção e formas de Distinguir o conhecimento
"Concepções e formas de
conhecimento: empírico, científico de outras modalidades
conhecimento"
científico, filosófico e do conhecimento, essencial para
teológico entender a realidade
Exercícios
Estudo do texto 6 "Fatos e
2. Ciência: fato, fenômeno
Reconhecer o papel que teorias na construção do
e teoria. Papel da teoria e
desempenham fatos e teorias na conhecimento"
do fato na construção do
construção do conhecimento
conhecimento
Exercícios
Enriqueça seu estudo
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 5
Concepções e Formas de Conhecimento

Os primeiros textos deste módulo mostraram que o estudioso necessita se apoiar em


instrumental teórico-metodológico para desenvolver seus conhecimentos não somente durante o
curso universitário, mas também por toda a vida profissional.

Nesta unidade (adaptada de Zentgraf, 1997b), você refletirá sobre o papel do conhecimento
para a compreensão e transformação do mundo.

Se não tivéssemos a capacidade de conhecer e de compreender, viveríamos submetidos às


leis da natureza, impossibilitados de transformar o mundo para atender às nossas necessidades.

A compreensão do mundo ocorre tanto em situações simples do cotidiano quanto nas complexas,
em instituições e laboratórios científicos. O conhecimento se revela de forma teórico-prática.

Luckesi (2000) destaca os seguintes aspectos em relação ao conhecimento:


• é social, é o indivíduo relacionado a outros que encontra saídas para os problemas da
realidade;
• é histórico, para solucionar impasses da atualidade contamos com a contribuição do
passado;
• é um modo de “iluminação da realidade”, mesmo quando se dá através de uma explicação
mágica;
• é necessário para o progresso, para o atendimento às necessidades do ser humano;
• pode ter uma função de libertação ou de opressão.

A realidade pode ser abordada de diferentes maneiras. Veja um exemplo adaptado de


Cervo (1996) que ilustra o que acabo de afirmar: se desejássemos obter um maior conhecimento
sobre o homem, como deveríamos proceder?

Poderíamos analisar o seu aspecto externo, a sua aparência e dizer coisas a partir de
nossa experiência cotidiana ou do bom senso; ou então, investigar experimentalmente as relações
entre seus órgãos e respectivas funções; ou ainda, questionar a sua origem, sua liberdade e,
finalmente, o que dele foi dito por Deus.

Neste exemplo, o pesquisador se depara com quatro diferentes abordagens do conhecimento:


• conhecimento empírico ou popular
• conhecimento científico
• conhecimento filosófico
• conhecimento teológico

Vamos analisar, a seguir, algumas características dessas diferentes abordagens.

28
UNIDADE II

O conhecimento empírico
Também chamado vulgar, é obtido ao acaso, baseado na experiência da vida cotidiana.
Pode resultar de experiências repetidas, casuais, sem observação metódica ou de simples
transmissão de geração em geração. Apresenta as seguintes características:

• é superficial, conforma-se com a aparência, não chegando à essência das coisas;


• é sensitivo, refere-se a vivências, a emoções da vida cotidiana;
• é subjetivo, isto é, o próprio sujeito organiza suas experiências;
• é assistemático, não se pretende uma organização das idéias;
• é acrítico, não há a preocupação de análise, de chegar à verdade.

Apesar dessas restrições, o conhecimento vulgar, o senso comum, não deve ser
menosprezado; constitui a base do saber e é bastante anterior ao aparecimento da ciência.

O conhecimento científico
A revolução científica, propriamente dita, ocorreu nos séculos XVI e XVII com Copérnico,
Bacon, Galileu, Descartes e outros estudiosos. Daí para cá o desenvolvimento da ciência foi-se
acelerando continuamente e hoje, com sua metodologia objetiva e rigorosa, abrange pesquisas
em todas as áreas do mundo físico e humano. É um conhecimento real, lida com fatos. Difere do
conhecimento filosófico porque suas proposições ou hipóteses são testadas pela experimentação,
não só pela razão. É sistemático, é um saber ordenado logicamente, formando teorias. É verificável,
as hipóteses não comprovadas não constituem conhecimento científico, e é falível, uma vez que
não é um conhecimento definitivo; novas pesquisas e proposições podem rever a teoria existente.

Difere também do conhecimento popular pelos métodos e instrumentos de apreensão do


conhecimento. Explica Lakatos (1995, p. 14):

Saber que determinada planta necessita de uma quantidade “X” de água e que, se não
a receber de forma “natural”, deve ser irrigada, pode ser um conhecimento verdadeiro e
comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais
além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento
e as particularidades que distinguem uma espécie de outra.

Verifica-se, assim, que a diferença entre o conhecimento popular e o científico, no exemplo


dado, é basicamente a forma de observação.

O conhecimento filosófico
Difere do científico pelo objeto de investigação e pela metodologia. Como vimos, o objeto
da ciência são os dados próximos, perceptíveis pelos sentidos ou por instrumentos, e verificáveis
pela experimentação. Quanto ao objeto da filosofia, explica Cervo (1996, p.10), “é constituído de
realidades mediatas, não perceptíveis pelos sentidos e que, por serem de ordem supra-sensível,
ultrapassam a experiência.”

29
METODOLOGIA DA PESQUISA

O conhecimento filosófico é valorativo, pois parte de hipóteses não verificáveis; é racional


porque seus enunciados são logicamente relacionados; e é sistemático, pois suas hipóteses
constituem uma representação coerente da realidade. Procura compreender a realidade no contexto
mais universal e o sentido de tudo que envolve o homem. A filosofia questiona os conhecimentos
científicos e técnicos, os fatos e problemas que envolvem o homem concreto: O progresso técnico
beneficia a humanidade? O que é valor, hoje?

O conhecimento teológico
É um conjunto de verdades aceitas pelos homens a partir da revelação divina. É o resultado
da fé humana na existência de uma ou mais divindades.

Apresenta respostas a questões não respondidas pelas outras modalidades do conhecimento.


Apóia-se em doutrinas cujas proposições são sagradas por terem sido reveladas pelo sobrenatural;
são verdades infalíveis, evidências nunca postas em dúvida nem verificáveis.

Lakatos (1995, p. 17) exemplifica a abordagem dos teólogos em contraposição à dos


cientistas frente à evolução das espécies, da seguinte maneira: “de um lado, as posições dos
teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os cientistas buscam,
em suas pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas hipóteses.”

Sabedor das diferentes maneiras de aquisição do conhecimento, o estudioso terá condições


de refletir e se posicionar sobre o mesmo. Mas, para isso, necessita saber como chegar à verdade,
tema da próxima seção.

Verdade-Evidência-Certeza
Ao tratar do conhecimento, vimos que a realidade é misteriosa, enigmática e através da
compreensão do entendimento ela se revela ao homem. Vimos também que o homem procura
entendê-la de diferentes maneiras e suas limitações dificultam a compreensão da realidade que
é múltipla e complexa. Como, então, pode o homem chegar à verdade?

Vejamos o que diz Cervo (1996, p. 12):

Todos falam, discutem e querem estar com a verdade. Nenhum mortal, porém, é o dono
da verdade. Isto porque o problema da verdade radica na finitude do homem, de um
lado, e na complexidade e ocultamento do ser da realidade, de outro lado. [...] Aquilo que
se manifesta, que aparece em dado momento, não é, certamente, a totalidade do objeto
da realidade investigada. [...] Isto, porém, não invalida o esforço humano na busca da
verdade, na procura incansável de decifrar os enigmas do universo. [...] Pode-se dizer
que, em certas áreas, o homem já entendeu bastante daquilo que o ser é e manifesta: a
conquista tecnológica, as viagens espaciais mostram quanto já foi aprendido, e isto graças,
certamente, aos instrumentos científicos de que o homem se serviu para perceber e ver
o que os sentidos jamais teriam visto. [...] O desvelamento do ser das coisas supõe, e
isto é inegável, a capacidade do homem de receber as mensagens; isto implica atenção,
bons sentidos, bons instrumentos. [...] O método e os instrumentos são a alma de toda a
pesquisa científica, rumo à abertura do ser, à manifestação do ser ao conhecimento da
verdade. [...]

30
UNIDADE II

Este trecho de Cervo leva-nos a refletir sobre o conhecimento científico e seus condicionantes:
o rigor e o método, a utilização de instrumentos adequados e o espírito científico, essencial ao
pesquisador.

E continua Cervo (p. 13):

O que é, pois, a verdade? É o encontro do homem com o desvelamento, com o


desocultamento e com a manifestação do ser. [...] Pode-se dizer que há verdade quando
o homem (inteligência) percebe e diz o ser que se desvela, que se manifesta. Há uma
certa conformidade (grifo nosso) entre o que o homem julga e diz e aquilo que do
objeto se manifesta.

Como está claro, o homem pode conhecer o objeto de modo humano, imperfeito, através
da representação do mesmo e das impressões que ele provoca. À medida que novas impressões
forem aparecendo, novos aspectos do objeto vão se tornando claros mas a totalidade nunca será
atingida, a verdade absoluta e total nunca será conhecida pelo homem.

Em muitas ocasiões, o homem, utilizando uma metodologia e instrumentos inadequados,


chega a conclusões que não correspondem aos fatos e incide em erro. Ao longo da história são
muitos os exemplos de erros, como o de Ptolomeu, ao afirmar o geocentrismo.

Para que a verdade, mesmo parcialmente, apareça, é necessário que ocorra a evidência. O
que é a evidência?

Evidência é manifestação clara, é transparência, é desocultamento e desvelamento do


ser. A respeito daquilo que se manifesta do ser, pode-se dizer uma verdade. Mas, como
nem tudo se desvela de um ente, não se pode falar arbitrariamente sobre o que não se
desvelou. A evidência, o desvelamento, a manifestação do ser é, pois, o critério da
verdade. (CERVO, 1996, p. 14).

O que entender pelas palavras de Cervo? Analise a partir de um exemplo: muitas vezes, o
iniciante em pesquisas desenvolve um trabalho e, ao chegar aos resultados e conclusões do
mesmo, faz afirmações que não se referem às questões que pesquisou: portanto, não tem
evidências que demonstrem a veracidade de suas palavras e está falando de maneira arbitrária
sobre o que não desvelou na sua pesquisa.

Por outro lado, se o pesquisador tiver chegado a evidências, poderá fazer afirmativas sem temor
de engano, terá certeza sobre o que estudou; terá chegado à verdade sobre um determinado objeto.

E o que é a certeza? Explica Cervo (p. 14)

A certeza é o estado de espírito que consiste na adesão firme a uma verdade, sem temor
de engano. Esse estado de espírito se fundamenta na evidência, no desvelamento do ser.
[...]
Relacionando o trinômio [verdade, evidência, certeza] poder-se-ia concluir dizendo:
havendo evidência, isto é, se o objeto se desvela ou se manifesta com suficiente clareza,
pode-se afirmar com certeza, isto é, sem temor de engano, uma verdade.

O espírito científico requer do pesquisador uma mente objetiva, crítica e racional. Soluções
parciais, meias verdades, não condizem com a ciência. Muitas vezes, por falta de evidências que
conduzam à certeza, outras situações se manifestam: a ignorância, a dúvida e a opinião.

31
METODOLOGIA DA PESQUISA

Veja como Cervo se manifesta sobre esses estados de espírito:

Ignorância é um estado puramente negativo, que consiste na ausência de todo


conhecimento relativo a qualquer objeto por falta total de desvelamento. [...]
A dúvida é um estado de equilíbrio entre a afirmação e a negação. A dúvida é espontânea
quando o equilíbrio entre a afirmação e a negação resulta da falta do exame do pró e do
contra. A dúvida refletida é o estado de equilíbrio que permanece após o exame das
razões pró e contra. A dúvida metódica consiste na suspensão fictícia ou real, mas
sempre provisória, do assentimento a uma asserção tida até então por certa para lhe
controlar o valor. A dúvida universal consiste em considerar toda asserção como incerta.
É a dúvida dos céticos. (p. 14).

As definições de Cervo sobre os diferentes tipos de dúvida deixam bastante claro que ela é
um estado de espírito bastante útil e necessário para o conhecimento científico. Quer seja a
dúvida refletida, quer seja a dúvida metódica, trata-se, sem dúvida, de uma etapa essencial à
compreensão do conhecimento, da evidência, da verdade.

A opinião é uma afirmativa sobre um objeto, mas sem certeza. Quem emite uma opinião tem
medo de se enganar porque os argumentos em contrário são fortes e o sujeito não tem evidências
suficientes para refutá-los. Imbuído do espírito científico que se constrói ao longo da vida, de posse
de instrumental metodológico e pesquisando a verdade com rigor e seriedade, o estudante tornar-
se-á apto a enfrentar e solucionar os problemas que se apresentam na vida profissional.

Finalizando este texto, é oportuno trazer à nossa reflexão alguns trechos retirados de Morin
(1999):

A evolução do conhecimento científico não é unicamente de crescimento e de extensão


do saber, mas também de transformações, de rupturas, de passagem de uma teoria para
outra. As teorias científicas são mortais e são mortais por serem científicas. A visão que
Popper registra com relação à evolução da ciência vem a ser a de uma seleção natural em
que as teorias resistem durante algum tempo, não por serem verdadeiras, mas por serem
as mais adaptadas ao estado contemporâneo dos conhecimentos. (p. 22).
[...]
Então, o que faz que uma teoria seja científica, se não for a sua “verdade”? Popper
trouxe a idéia capital que permite distinguir a teoria científica da doutrina (não científica):
uma teoria é científica quando aceita que sua falsidade possa ser eventualmente
demonstrada. Uma doutrina, um dogma, encontram neles mesmos a autoverificação
incessante (referência ao pensamento sacralizado dos fundadores, certeza de que a
tese está definitivamente provada).
[...]
O conhecimento científico é certo, na medida em que se baseia em dados verificados e
está apto a fornecer previsões concretas. O progresso das certezas científicas, entretanto,
não caminha na direção de uma grande certeza. (p. 23).
[...]
Podemos até dizer que, de Galileu a Einstein, de Laplace a Hubble, de Newton a Bohr,
perdemos o trono da segurança que colocava nosso espírito no centro do universo:
aprendemos que somos, nós cidadãos do planeta Terra, os suburbanos de um Sol
periférico, ele próprio exilado no entorno de uma galáxia também periférica de um universo
mil vezes mais misterioso do que se teria podido imaginar há um século. O progresso
das certezas científicas produz, portanto, o progresso da incerteza, uma incerteza “boa”,
entretanto, que nos liberta de uma ilusão ingênua e nos desperta de um sonho lendário:
é uma ignorância que se reconhece como ignorância. (p. 24).

32
UNIDADE II

Para orientá-lo em suas reflexões, leia as três questões a seguir:


a) Você concorda com Morin quando ele afirma que a evolução do conhecimento científico pode não ser
apenas crescimento do saber, uma vez que, em muitas ocasiões, ocorre uma ruptura com o conhecido?
b) A idéia defendida durante a Idade Média ocidental de que a Terra era plana era um dogma ou uma
teoria?
c) Como o progresso das certezas científicas pode produzir o progresso da incerteza?

Exercícios

Com o auxílio do texto responda às questões:


1. De que maneira o Homem desafia os mistérios que o Mundo lhe oferece tornando-o
um mundo cultural e transformando-o para atender as suas necessidades?
2. Quais as características do conhecimento, segundo Luckesi?
3. O que distingue o conhecimento popular do conhecimento científico? Exemplifique.
4. Quais as principais diferenças entre o conhecimento filosófico e o científico e como
essas diferenças repercutem na metodologia empregada por filósofos e cientistas?
5. Por que o conhecimento religioso é considerado infalível para os crentes e suas
evidências não são verificáveis?
6. De que maneira diferentes formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa?
7. Jornal é uma fonte de conhecimentos em suas diferentes modalidades. Procure e
recorte exemplos das quatro modalidades que você analisou no texto estudado.
8. Analise a situação apresentada a seguir, à luz do referencial teórico no texto:
“No século II, Claudio Ptolomeu formulou a teoria de que a Terra era o centro do
universo, com os planetas e o Sol girando ao seu redor. Somente no século XV,
Nicolau Copérnico contestou a teoria de Ptolomeu, fundamentando-se em suas
próprias observações e analisando estudos de astrônomos. Copérnico concluiu que
o Sol estava no centro do universo e a Terra juntamente com os demais planetas
estavam envolvidos por uma ‘esfera de estrelas fixas’. A teoria de Ptolomeu é chamada
de geocentrismo e a de Copérnico, de heliocentrismo. Hoje sabemos que o Sol não é
o centro do universo, mas a Terra e os demais planetas giram ao seu redor”.
Concluída a análise, apresente por escrito suas conclusões. Se desejar, siga o seguinte
roteiro:
- conhecimento
- conhecimento científico
- verdade - evidência – certeza

Enriqueça seu estudo

⇒ Para complementar os conteúdos relativos ao objetivo desta unidade, leia o texto “O conhecimento
científico”, encontrado no livro de Köche (2001).

⇒ Recomendo também a leitura de Zaluar et al. (2000), matéria publicada no Jornal do Brasil, que leva
o leitor a refletir sobre questões éticas ligadas à pesquisa.

33
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 6
Fatos e Teorias na Construção do
Conhecimento

No texto anterior foi abordado o conhecimento, em especial o conhecimento científico, objeto


desta disciplina. Neste texto você e eu faremos algumas reflexões sobre ciência, fenômenos,
fatos, leis e teorias.

Dentre os autores adotados neste curso, Lakatos (1995) serviu de orientação para o
desenvolvimento deste texto. Ela apresenta e analisa diversos conceitos de ciência, dentre os
quais o de Ander-Egg: “A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis,
obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma
mesma natureza.” (LAKATOS, 1995, p. 19)

Entretanto, devemos ter em mente o que afirma Morin (1999, p. 58):

A ciência não é uma operação de verificação das realidades triviais, ela é a descoberta
de um real escondido ou, como diz Espagnat, velado. Em contrapartida, é preciso citar
que, no diálogo que a atividade científica estabelece com o mundo dos fenômenos, com
o mundo real que se oculta, há um problema de sacrifício de ambas as partes. Para que
haja uma aproximação e um diálogo entre a inteligência do homem e a realidade ou a
natureza do mundo, são precisos sacrifícios enormes [...].

São características das ciências:


a) objetivo ou finalidade - distinguir características comuns, leis e princípios que regulam
os eventos;
b) função - ampliar e aperfeiçoar a relação do homem com a realidade através do
conhecimento;
c) objeto
• material - tudo aquilo que se pretende conhecer ou verificar;
• formal - enfoque especial das diversas ciências frente ao mesmo objeto material.

A grande diversidade de fenômenos que ocorrem no universo levou o homem a estudá-los


dividindo-os em diversos ramos ou ciências específicas que têm sido grupadas de acordo com
sua complexidade ou de acordo com seu conteúdo. Augusto Comte foi um dos primeiros a
apresentar uma classificação para as ciências; a ele outros cientistas se seguiram. Lakatos (1995),
baseando-se em Bunge, apresenta a seguinte classificação para as ciências:
a) formais - a lógica e a matemática
b) factuais - divididas em dois grupos
• naturais - física, química, biologia e outras
• sociais - antropologia cultural, direito, economia, política, psicologia social, sociologia
e outras.

34
UNIDADE II

A diferença básica entre os dois grandes grupos reside no objeto de estudo; as ciências
formais estudam as idéias e as ciências factuais estudam os fatos. As primeiras, como a
matemática, por exemplo, não têm relação com fatos da realidade e em conseqüência “não podem
valer-se dos contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas” (LAKATOS, 1995, p.
25). Em conseqüência, usam a lógica. As segundas, como a física, estudam fatos que se supõe
ocorrer na realidade e, então, podem usar a observação e a experimentação para testar suas
hipóteses.

Outro aspecto a destacar é que as ciências formais podem demonstrar ou provar, enquanto
as factuais verificam, comprovando ou refutando suas hipóteses. A demonstração é final, enquanto
a verificação é provisória.

As reflexões já desenvolvidas ao longo desta unidade encontram-se resumidas na seguinte


passagem:

[...] a finalidade da atividade científica é a obtenção da verdade, através da comprovação


de hipóteses que, por sua vez, são pontes entre a observação da realidade e a teoria
científica, que explica a realidade. O método é o conjunto de atividades sistemáticas e
racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo –
conhecimentos válidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectando
erros e auxiliando as decisões do cientista. (LAKATOS, 1995, p. 40).

Não se pode falar dos ramos das ciências sem enfocar a posição de cientistas que se
opõem a um excesso de especializações. Observe o que escreve Morin (1999, p. 10):

A pré-história da ciência ainda não está morta no fim do século 20. Mas, em toda parte,
cada vez mais tende-se a ultrapassar, abrir, englobar as disciplinas, e elas aparecerão,
pela ótica da ciência futura, como um momento de sua pré-história. Isso não significa
que as distinções, as especializações, as competências devam dissolver-se. Isso significa
que um princípio federador e organizador do saber deve impor-se.

Não é outra a posição do cientista Edward. O. Wilson, como mostra Godoy (1999), ao
comentar o livro traduzido do cientista “A unidade do conhecimento. Consiliência”. O termo
consiliência é antigo, representava a idéia de uma só ciência defendida por iluministas na metade
do século XIX. Wilson afirma que há condições de superar a situação atual e reunir os vários
campos do conhecimento. Segundo Godoy, o argumento central do cientista é de que o trabalho
mental é produto de atividades psicoquímicas do cérebro e suas interações com o corpo humano.
Nesse sentido, as ciências exatas são necessárias para o desenvolvimento das ciências sociais e
humanas.

As ciências factuais, através do estudo metódico, sistemático e racional dos fatos, chegam
ao conhecimeto da realidade. O que são fatos?

Segundo Cohen e Nagel, citados por Lakatos (1995, p. 27), a palavra fato pode referir-se a
coisas diferentes, dentre as quais interessam ao presente estudo: “coisas que existem no espaço

35
METODOLOGIA DA PESQUISA

e no tempo (assim como as relações entre elas), em virtude das quais uma proposição é verdadeira.
A função da hipótese é chegar aos fatos. [...]”

Veja o exemplo a seguir: a convivência de indivíduos heterogêneos, durante longo tempo,


no seio de uma comunidade, leva à estratificação.

Existem exemplos clássicos de fatos que deram origem a leis e teorias. Arquimedes, por
exemplo, ao se banhar percebeu que seu corpo perdia peso quando mergulhava na água. Este
fato levou a uma lei da hidrostática.

Em suma, a realidade empírica se revela através de fatos; fato é qualquer coisa que exista
na realidade.

A ciência não se preocupa com casos individuais e sim com generalizações. Verifica os
fatos particulares para, através deles, chegar a proposições gerais denominadas leis. A lei procura
explicar os fenômenos da realidade, os aspectos invariáveis comuns a diferentes fenômenos.
Quando o conhecimento a respeito de fatos ou de relações entre eles é amplo, temos uma teoria.

Explica Lakatos (1995, p.89) que, se o fato é uma observação empiricamente verificada, “a
teoria se refere a relações entre fatos ou, em outras palavras, à ordenação significativa desses
fatos, consistindo em conceitos, classificações, correlações, generalizações, princípios, leis, regras,
teoremas e axiomas”.

Esta conceituação leva a concluir que teoria e fato são os objetos de estudo dos cientistas;
a teoria se baseia em fatos e a justaposição de fatos sem “um princípio de classificação (teoria),
não produziria a ciência.” (p. 89). Logo, o desenvolvimento cientifico é “uma inter-relação constante
entre teoria e fato.” (p. 89).

Goode e Hatt, citados por Lakatos, estudaram o papel da teoria em relação aos fatos que
apresento esquematicamente:

a) a teoria serve como orientação para restringir a amplitude dos fatos a serem estudados;

b) a teoria serve como sistema de conceptualização e de classificação dos fatos;

c) a teoria serve para resumir sinteticamente o que já se sabe sobre o objeto de estudo,
através das generalizações empíricas e das inter-relações entre afirmações comprovadas;

d) a teoria serve para, baseando-se em fatos e relações já conhecidos, prever novos fatos
e relações;

e) a teoria serve para indicar os fatos e as relações que ainda não estão satisfatoriamente
explicados e as áreas da realidade que demandam pesquisas.

Os fatos, por sua vez, também podem desempenhar função significativa na construção da
teoria. Veja o que diz Lakatos:
a) um fato novo, uma descoberta, pode provocar o início de uma nova teoria;
b) os fatos podem provocar a rejeição ou a reformulação de teorias já existentes;

36
UNIDADE II

c) os fatos redefinem e esclarecem a teoria previamente estabelecida, no sentido de que


afirmam em pormenores o que a teoria afirma em termos bem mais gerais;
d) os fatos descobertos e analisados pela pesquisa empírica exercem pressão para
esclarecer conceitos contidos na teoria.

Vimos, assim, que fatos e teorias se integram e se completam em função do objetivo da


ciência: a procura da verdade.

Chegamos ao final da Unidade II cujo tema foi o conhecimento. Você deve ter-se
familiarizado com suas diferentes modalidades, bem como com a importância e características
do conhecimento científico como forma de libertação do Homem em relação ao mundo. Iniciou-
se, também, no entendimento do modo específico que a ciência adota para conhecer a realidade:
a verificação de fatos e a inter-relação entre os mesmos (leis e teorias). Na próxima Unidade
vamos aprofundar os procedimentos científicos para a produção do conhecimento.

Exercício

1. Realize uma leitura analítica deste texto, resumindo-o.

Enriqueça seu estudo


⇒ A leitura do capítulo 2 de Köche (2001) “Ciência e método: uma visão histórica” propiciará uma
análise das ciências grega, moderna e contemporânea.

⇒ A leitura do texto “O problema metodológico da pesquisa”, itens 1 e 2, levará o leitor a fazer uma
revisão dos conceitos de fato, fenômeno, leis e teorias. (Rudio, 2000).

37
METODOLOGIA DA PESQUISA

Esquematizando...

Concepções e Formas de Conhecimento


Conhecimento - forma teórico-prática e prático-teórica de compreender a realidade que nos cerca.

é social
é histórico
Aspectos do conhecimento é um modo de iluminação da realidade
é necessário para o progresso
pode ter função de libertação ou de opressão
Abordagens do conhecimento
empírico (vulgar ou popular) - superficial, sensitivo, subjetivo, assistemático, a-crítico
científico - real, sistemático, verificável, falível
filosófico - valorativo, racional, sistemático
teológico - verdades aceitas pelos homens a partir da revelação divina

Verdade-Evidência-Certeza
Verdade - é o encontro do homem com o desvelamento do ser
Evidência - é a manifestação clara do ser; é o critério da verdade
Certeza - é a adesão firme a uma verdade
Ignorância - é a ausência de conhecimento relativo a um objeto por falta de desvelamento
Dúvida - estado de equilíbrio entre afirmação e negação
Opinião - afirmativa sobre um objeto, mas sem certeza

Fatos e Teorias na Construção do Conhecimento


Ciência - conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e
verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza.

objetivo - distinguir características comuns aos eventos


Caracterização das ciências função - ampliar e aperfeiçoar a relação homem x realidade
objeto - material e formal
Classificação das ciências

estudam as idéias
Formais Exemplos: Lógica e Matemática
podem demonstrar ou provar

Ciências Naturais Exemplos: Física, Química


Factuais estudam os fatos
Ciências Sociais Exemplos: Antropologia Cultural,
Psicologia, Sociologia, Direito
Fato - qualquer coisa que exista na realidade
Fenômeno - percepção que se tem do fato
Teoria - relações entre fatos, isto é, sua ordenação significativa - conceitos, classificações, generalizações, princípios, leis
Desenvolvimento científico - inter-relação constante entre teoria e fato
• Papel da teoria em relação aos fatos
• Papel dos fatos na construção da teoria

38
Unidade III
A Produção e Transmissão do Conhecimento
Através da Pesquisa Científica

Guia de estudo Carga horária: 05h


ASSUNTO OBJETIVOS ESPECÍFICOS TAREFAS PREVISTAS
Estudo do texto 7 "Pesquisa
1. Finalidade, significado e científica: conceito e
Conceituar pesquisa e distinguir
modalidades de pesquisa modalidades"
suas diferentes modalidades
científica
Exercícios
Estudo do texto 8 "Paradigmas
2. Abordagem
Identificar diferentes paradigmas metodológicos da pesquisa
metodológica da pesquisa
metodológicos da pesquisa científica"
científica. Paradigmas
científica
conflitantes na atualidade
Exercícios
Enriqueça seu estudo
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 7
Pesquisa Científica: conceito e modalidades

O conhecimento científico, como ficou evidente na Unidade II, é essencial para que o Homem
entenda a realidade e a transforme.

Como obter, então, o conhecimento científico?

A maneira específica utilizada pela ciência para a obtenção do conhecimento científico é


através da pesquisa.

Cabe, então, perguntar: o que é pesquisa?

Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como
objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida
quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então
quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa
ser adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa é desenvolvida mediante o
concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas
e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de
um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema
até a satisfatória apresentação dos resultados (GIL, 1996, p. 19).

A produção do conhecimento científico, como ficou claro na definição acima, parte da


problematização de uma situação que é investigada através da pesquisa; para esta investigação
empregam-se metodologia e técnicas científicas e utilizam-se como pressupostos iniciais
conhecimentos já existentes sobre a questão.

A pesquisa tem diferentes objetivos. A pesquisa pura é aquela realizada por questões de
ordem intelectual; amplia o saber, estabelece princípios científicos.

A pesquisa aplicada é realizada por questões imediatas, de cunho prático; busca soluções
para problemas concretos.

São elementos essenciais à pesquisa: a dúvida ou problema, método científico e a resposta


ou solução.

A pesquisa varia de acordo com a qualificação do investigador; o objetivo daqueles que se


iniciam é aprender a metodologia e as técnicas, seguindo os passos dos pesquisadores
profissionais. Neste caso, a pesquisa será um resumo de assunto, diferente da pesquisa original
elaborada pelo pesquisador profissional. Apesar de não se tratar de pesquisa original, a pesquisa
resumo exige a utilização dos métodos científicos empregados naquela.

Quanto à pesquisa original, caracteriza-se por apresentar resultados que são novas
conquistas para a área de conhecimento investigada.

40
UNIDADE III

Neste ponto, aproveito para lembrar que incentivar o espírito crítico, a curiosidade, o hábito
da pesquisa é papel do professor; veja o que diz Demo sobre o assunto:

Pesquisar não é somente produzir conhecimento, é sobretudo aprender em sentido


criativo. É possível aprender escutando aulas, tomando nota, mas aprende-se de verdade
quando se parte para a elaboração própria, motivando o surgimento do pesquisador,
que aprende construindo. [...] Dialogar com a realidade talvez seja a definição mais
apropriada de pesquisa, porque a apanha como princípio científico e educativo. Quem
sabe dialogar com a realidade de modo crítico e criativo faz da pesquisa condição de
vida, progresso e cidadania. Não faz sentido dizer que o pesquisador surge na pós-
graduação, quando, pela primeira vez na vida, dialoga com a realidade e escreve trabalho
científico. Se a nossa proposta for correta, ou pelo menos aceitável, a pesquisa começa
na infância e está em toda a vida social. Educação criativa começa na e vive da pesquisa,
desde o primeiro dia de vida da criança. (DEMO, 1992, p. 44).

Métodos e técnicas na pesquisa científica


Existem diferentes maneiras de conceituar métodos e técnicas. Neste trabalho adoto a
posição de Cervo, para quem as técnicas são procedimentos científicos empregados por uma
ciência determinada. Como exemplo, cito as técnicas específicas para testes de laboratório, para
levantamento de opinião de massa, para determinar a antigüidade em função do carbono etc.

Há, entretanto, procedimentos que são utilizados pela totalidade ou quase totalidade das
ciências; neste caso, estamos na presença do método. Diz Cervo (1996, p. 46), “métodos são
técnicas suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns a uma área das ciências
ou a todas as ciências”.

Desse modo, existem procedimentos que são idênticos em todas as ciências e que são
utilizados em quase todas as pesquisas. São eles:

a) formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;

b) efetuar observações e medidas;

c) registrar tão cuidadosamente quanto possível os dados observados com o intuito de


responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada;

d) elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões que estejam em desacordo


com as observações ou com as respostas resultantes;

e) generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvem


condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução;

f) prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que
surjam certas relações.

Esta metodologia é complementada com técnicas que são específicas para as diferentes
ciências.

41
METODOLOGIA DA PESQUISA

Modalidades ou tipos de pesquisa


O homem pode investigar a realidade sob os mais variados aspectos, em diferentes níveis de
profundidade e com diferentes objetivos. Em conseqüência, existem diferentes tipos de pesquisa
que são classificados pelos autores segundo diferentes critérios. Assim, as pesquisas podem ser
grupadas segundo a área do conhecimento em pesquisas históricas, educacionais etc.; segundo o
lugar em que se desenvolvem, em pesquisas de laboratório, de campo; segundo a sua utilização,
em pesquisa pura ou aplicada; segundo o caráter dos dados coletados, em pesquisa quantitativa ou
qualitativa; segundo a forma de raciocínio, em pesquisa indutiva ou dedutiva etc.

Cervo adota como critério para classificação o procedimento geral utilizado. De acordo com
este critério, ele apresenta os seguintes tipos de pesquisa: bibliográfica, descritiva e experimental.

A pesquisa bibliográfica investiga o problema a partir do referencial teórico existente em


documentos e publicações. Ela é a pesquisa por excelência na área das ciências humanas; além
de pesquisa original é também utilizada como pesquisa resumo para os iniciantes. Desde a
graduação os alunos devem ser iniciados nesta modalidade de pesquisa, uma vez que ela é
também a primeira etapa das pesquisas descritiva e experimental. Nas próximas unidades voltarei
a tratar deste tipo de pesquisa.

A pesquisa descritiva caracteriza-se por estudar fatos e fenômenos físicos e humanos


sem que o pesquisador interfira. Procura evidenciar, com a precisão possível, a ocorrência de um
fenômeno, sua relação e conexão com outros e suas características. O pesquisador utiliza técnicas
de observação, registro, análise e correlação de fatos sem manipulá-los.

Esta modalidade de pesquisa é utilizada, principalmente, pelas ciências sociais e humanas;


permite investigar e conhecer situações e relações que se desenvolvem na vida política, social,
econômica etc. Cervo destaca as seguintes subdivisões ou formas de pesquisa descritiva:
a) estudos exploratórios, também chamados de pesquisa quase científica, não elaboram
hipóteses a serem testadas; definem objetivos e buscam maiores informações sobre
determinado assunto em estudo. Recomenda-se esta forma de pesquisa quando se
precisa ampliar conhecimentos sobre o problema a ser investigado.
b) estudos descritivos ocupam-se do estudo e descrição das propriedades ou relações
existentes na realidade pesquisada; assim, como os estudos exploratórios, auxiliam a
formulação clara de um problema e de hipóteses, em pesquisas mais amplas.
c) pesquisa de opinião abrange uma gama muito grande de investigações visando descobrir
tendências, interesses, procedimentos etc. com o objetivo de tomada de decisões.
d) pesquisa de motivação procura as razões ocultas que determinam a preferência por
determinado produto, certas atitudes etc.
e) estudo de caso, pesquisa sobre determinado indivíduo, grupo ou comunidade com o
objetivo de investigar vários aspectos da vida cotidiana do investigado.
f) pesquisa documental estuda a realidade atual, sendo, portanto, diferente da pesquisa
histórica; investiga documentos com o objetivo de descrever e comparar diferentes
tendências, usos e costumes etc.

42
UNIDADE III

Em todas essas formas, a coleta de dados da realidade presente é a técnica por excelência;
para tanto, o pesquisador utiliza como instrumentos a observação, o questionário e a entrevista,
que serão abordados na Unidade IV.

A pesquisa experimental caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis relacionadas


com o objeto de estudo. São criadas situações de controle e interfere-se na realidade, “manipulando-
se a variável independente a fim de observar o que acontece com a dependente.” (Cervo, 1996, p. 51).

Enquanto a pesquisa descritiva procura explicar e interpretar os fenômenos que ocorrem, a


pesquisa experimental pretende explicar as causas e a maneira pela qual o fenômeno é produzido.
Modernamente, a tecnologia oferece ao pesquisador aparelhos e instrumentos que permitem
atingir os seus objetivos, tornando perceptíveis as relações existentes entre as variáveis.

Concluímos aqui este texto esperando que você adote a pesquisa como forma de conhecer
a realidade que o cerca e desenvolva, em seus alunos, hábitos de estudo que favoreçam o
surgimento do espírito científico.

Exercícios

1. Enumere três características da pesquisa científica.


2. Você concorda com a afirmativa de que o estudante universitário que se inicia na
pesquisa e o pesquisador profissional têm objetivos distintos? Justifique.
3. Que características precisa ter um trabalho científico para ser considerado pesquisa
pura ou pesquisa aplicada?
4. Qual a diferença entre a pesquisa original e a pesquisa resumo?
5. Uma das características da pesquisa científica é o emprego de procedimentos
científicos. Que nome recebem esses procedimentos e como Cervo os define?
6. Qual o objetivo da pesquisa bibliográfica?
7. Cite uma diferença entre a pesquisa descritiva e a pesquisa experimental.
8. Faça um esquema representando as subdivisões da pesquisa descritiva citadas por
Cervo.
9. Os cientistas usam diferentes critérios para classificar as pesquisas. Que critério
adota Cervo para classificar as pesquisas em bibliográfica, descritiva e experimental?

Enriqueça seu estudo

⇒ Através da leitura do texto “Pesquisa descritiva e pesquisa experimental” (Rudio, 2000), você terá
oportunidade de ampliar a noção de “variáveis” e suas diferentes modalidades, bem como aprofundar
as noções sobre os tipos de pesquisa estudados.

43
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 8

Paradigmas Metodológicos da
Pesquisa Científica

Vimos no texto anterior que a pesquisa é o meio por excelência de se obter o conhecimento
e que a mesma se apresenta sob diferentes modalidades, em conseqüência da amplitude e
enfoque da realidade investigada pelas ciências. Chizzotti (2000, p. 11) explica que “Transformar
o mundo, criar objetos e concepções, encontrar explicações e avançar previsões, trabalhar a
natureza e elaborar as suas ações e idéias são fins subjacentes a todo esforço de pesquisa.”

A pesquisa científica, entretanto, distingue-se de outras modalidades de investigação pelos


métodos e técnicas utilizados, por estar voltada para a realidade empírica e pela maneira de transmitir
o conhecimento obtido.

No século atual, duas tendências conflitantes predominam na comunidade científica; um


paradigma adota a pesquisa utilizada nas ciências naturais para explicar os fatos e fazer previsões
em outras áreas; o outro, defende uma metodologia, uma lógica própria para a investigação dos
fenômenos humanos e sociais a partir do contexto concreto em que os mesmos ocorrem.

A fundamentação do primeiro paradigma se encontra no Positivismo de A. Comte para o


estudo dos fatos sociais e no Empirismo de Mill para a investigação de fenômenos psicológicos.
Nesta linha, Pareto e Durkheim estenderam este paradigma experimental à análise da sociedade.

[...] As interpretações de Parsons (1902-1979) sobre Pareto, Durkheim e Weber, a respeito


dos fatos sociais, desdobraram-se em uma concepção estrutural, funcionalista da
sociedade. Essa concepção se difundiu nos meios acadêmicos norte-americanos e
constituiu-se em um método de análise e explicação dos fenômenos sociais (CHIZZOTTI,
2000, p. 131).

Apesar da grande influência desse paradigma, outras concepções se desenvolveram. Já no


começo do século XX, nos meios acadêmicos alemães incentivam-se as discussões metodológicas
sobre as ciências humanas, critica-se a adoção de modelos das ciências da natureza para explicar as
ciências do homem e novos caminhos vão surgir para a compreensão das ciências humanas e sociais.

No Brasil, a partir da década de oitenta, pesquisadores começaram a mostrar insatisfação


com a utilização de métodos experimentais na área humana, uma vez que não levavam à solução
de problemas prementes. Era necessário encontrar formas alternativas de investigação que,
partindo de outros pressupostos, adotassem um paradigma que se adaptasse às especificidades
da área. As pesquisas quantitativas – descritivas e experimentais –, embora importantes e

44
UNIDADE III

prestando grandes serviços à pesquisa social, não eliminaram os desafios da realidade fluida do
mundo das variáveis neste campo. Começa-se, então, a adotar novas abordagens e metodologias
de investigação ligadas ao paradigma das Ciências Humanas, visando superar limitações não
superadas pelas pesquisas até então desenvolvidas. São as metodologias qualitativas; sobre
elas, explica Lüdke:

Apesar da crescente popularidade dessas metodologias, ainda parecem existir muitas


dúvidas sobre o que realmente caracteriza uma pesquisa qualitativa, quando é ou não
adequado utilizá-la e como se coloca a questão do rigor científico nesse tipo de
investigação. Outro aspecto que também parece gerar ainda muita confusão é o uso de
termos como pesquisa qualitativa, etnográfica, naturalística, participante, estudo de caso
e estudo de campo, muitas vezes empregados indevidamente como equivalentes.
(LÜDKE, 2001, p. 11).

Bogdan e Biklen, citados por Lüdke, afirmam que a pesquisa qualitativa ou naturalística
utiliza dados descritivos obtidos pelo pesquisador no contato com a situação em estudo, enfatiza
o processo e leva em consideração a perspectiva dos participantes. Citam as pesquisas do tipo
etnográfico e o estudo de caso como pesquisas qualitativas que vêm tendo grande aceitação
na área educacional.

Em síntese, podemos afirmar que a pesquisa qualitativa envolve várias correntes de


pesquisa baseadas em pressupostos contrários ao modelo experimental e emprega métodos e
técnicas muitas vezes diferentes daqueles adotados neste modelo. Os cientistas favoráveis à
pesquisa qualitativa são contrários ao paradigma positivista que adota um padrão único de pesquisa
calcado no modelo das ciências naturais para todos os ramos da ciência. Afirmam que a
especificidade das ciências humanas é o estudo do comportamento humano e social, o que
justifica uma metodologia própria. “Em oposição ao método experimental, estes cientistas optam
pelo método clínico (a descrição do homem em um dado momento, em uma dada cultura) e pelo
método histórico-antropológico, que capta os aspectos específicos dos dados e acontecimentos
no contexto em que acontecem.” (CHIZZOTTI, 2000, p. 79).

Entre a polêmica suscitada pelos que defendem uma só metodologia científica calcada nas
ciências naturais e aqueles que consideram o fenômeno humano tão específico que necessita de
metodologia totalmente diferente daquela das ciências naturais, acompanho Demo (1985), que
adota uma posição intermediária, explicando que muito da abordagem das ciências naturais
vale igualmente para as humanas, como, por exemplo, as regras lógicas do conhecimento. Este
fato não invalida a necessidade de que as ciências humanas tenham uma metodologia específica
“porque o fenômeno humano possui componentes irredutíveis às características da realidade
exata e natural.” (p. 13).

Existem procedimentos comuns a todas ou quase todas as ciências e procedimentos


específicos decorrentes das características particulares de cada uma. Na próxima Unidade, serão
abordados os procedimentos comuns às ciências e que se concretizam nos projetos de pesquisa.

45
METODOLOGIA DA PESQUISA

Exercícios

1. Faça uma consulta a obras de referência, livros de Filosofia ou História das Ciências
e transcreva o significado dos termos “positivismo” e “empirismo”.
2. Localize, em livros de Sociologia, o significado de “concepção funcionalista da
sociedade”.
3. Discorra sobre os dois paradigmas da ciência que se contrapõem na atualidade.
4. Você concorda com a posição de Demo sobre os atuais paradigmas? Justifique.
5. Discorra sobre a tendência predominante nas pesquisas educacionais realizadas na
atualidade.

Enriqueça seu estudo

⇒ Para aprofundamento desta Unidade muito contribuirá a leitura de dois textos de Demo (1985):
1 - Introdução ao ensino da metodologia da ciência.

2 - A construção científica.

Esquematizando...

Pesquisa Científica: conceitos e modalidades


Pesquisa - procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que
são propostos para obtenção do conhecimento científico.
Pesquisa pura - realizada por questões de ordem intelectual.
Pesquisa aplicada - realizada por questões imediatas, práticas.
Elementos essenciais da pesquisa - a dúvida ou problema, o método científico e a resposta ou solução.
Técnicas - procedimentos científicos empregados por uma determinada ciência.
Métodos - técnicas gerais, comuns a uma área das ciências ou a todas as ciências.
Modalidades ou tipos de pesquisa:
bibliográfica - investiga o problema a partir do referencial teórico existente em publicações
descritiva - estuda fatos e fenômenos físicos e humanos sem que o pesquisador interfira
experimental - manipula diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo
qualitativa - envolve várias correntes de pesquisa que empregam técnicas específicas das ciências humanas e sociais.

Paradigmas Metodológicos da Pesquisa Científica


Pesquisa científica - difere de outras modalidades de investigação pelos métodos e técnicas utilizados, pela maneira
de transmitir o conhecimento obtido e por estar voltada para a realidade empírica.
Paradigmas:
a) utilização da pesquisa nas ciências naturais para explicar os fatos e fazer previsões;
b) metodologia própria para a investigação dos fenômenos humanos e sociais a partir do contexto concreto em que
os mesmos ocorrem. Nessa linha encontra-se a pesquisa qualitativa.
Pesquisa qualitativa ou naturalística - utiliza dados descritivos, enfatiza o processo e a perspectiva dos participantes.
Posição intermediária entre os dois paradigmas - muito da abordagem das ciências naturais vale igualmente para
as ciências humanas que a isto somam a necessidade de
metodologia específica.

46
Unidade IV
Etapas do Processo de Produção de
Pesquisas Científicas

Guia de estudo Carga horária: 20h

ASSUNTO OBJETIVOS ESPECÍFICOS TAREFAS PREVISTAS


1. A lógica da concepção e
construção do projeto de Estudo do texto 9 "A lógica da
Reconhecer a lógica que
pesquisa: tema, problema, concepção do projeto de
perpassa as diferentes partes de
pressupostos teóricos, pesquisa"
um projeto de pesquisa, a partir
objetivos, questões,
da construção de uma matriz
metodologia, cronograma e Exercícios
recursos
2. O planejamento e a Estudo do texto 10
Caracterizar a pesquisa
execução de pesquisas "A pesquisa bibliográfica"
bibliográfica e as técnicas para a
bibliográficas e
sua realização
documentais Exercícios
Estudo do texto 11 "Pesquisas
3. O planejamento e a Caracterizar pesquisas
descritivas e experimentais"
execução de pesquisas descritivas e experimentais e as
descritivas e experimentais técnicas para a sua realização
Exercícios
Estudo do texto 12 "Pesquisas
4. O planejamento e a Caracterizar as pesquisas
qualitativas"
execução de pesquisas qualitativas e as técnicas para a
qualitativas sua realização
Exercícios
Enriqueça seu estudo
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 9
A Lógica da Concepção do
Projeto de Pesquisa

Ficou claro no texto “Paradigmas Metodológicos da Pesquisa Científica” que atualmente


dois grandes paradigmas se contrapõem no estudo das ciências, um primeiro, seguido pelas
ciências naturais e que pretende estender os procedimentos usados nestas ciências às ciências
humanas e um segundo, que vem ganhando corpo entre os cientistas sociais e que pretende uma
metodologia de pesquisa totalmente diferente para as ciências do homem. Esta segunda postura
ainda apresenta muitos pontos obscuros, principalmente frente ao rigor e sistematização
tradicionalmente exigidos nas pesquisas científicas. Diante desta situação, muitos pesquisadores
têm adotado uma postura intermediária, eliminando o exagero que caracteriza as pesquisas
positivistas, sem contudo abandonar totalmente os procedimentos para elaboração e
desenvolvimento de projetos de pesquisa científica.

Seguindo esta posição intermediária, apresentarei a você a lógica de concepção de um


projeto de pesquisa.

A 1ª etapa na concepção de uma pesquisa a ser realizada é a escolha do tema. Diz Castro
(in Zentgraf, 1997b) que uma escolha mal feita torna a pesquisa inviável.

Desse modo, o pesquisador necessita adotar critérios na seleção do tema. Inicialmente,


deve-se considerar como pré-requisito que o tema da pesquisa esteja relacionado à área
profissional do investigador. Na sua própria área, ele terá experiência e visão mais detalhada das
questões, limitações e problemas que ocorrem no cotidiano.

Muito interessante também é seguir o roteiro que Castro sugere para discussão do assunto
da pesquisa e que se resume no seguinte: uma tese deve ser original, importante e viável. E
explica ele que, embora seja relativamente fácil atender a um ou dois desses critérios, o mesmo
não ocorre quando se trata dos três. Veja os exemplos que ele dá:

Um projeto de pesquisa que buscasse descobrir o elixir da juventude seria importante e


original, porém de viabilidade duvidosa. Uma pesquisa que buscasse medir a deserção
no ensino primário estaria tratando de um tema importante e viável não trazendo, contudo,
qualquer originalidade; uma pesquisa sobre a cor da roupa que os alunos trajam para ir
fazer exame vestibular seria original e viável, porém destituída de importância (CASTRO,
in ZENTGRAF, 1997b, p. 49).

Quando se pode afirmar que um tema é importante?

De modo geral isto ocorre em duas situações: a) quando diz respeito a um segmento
relativamente grande da sociedade; b) quando se relaciona a uma questão teórica cuja solução é
uma contribuição para a literatura especializada.

48
UNIDADE IV

O que significa um tema original?

Um tema é original quando seus resultados nos surpreendem. Neste aspecto convém destacar
que, quanto mais investigado for um problema, menos chance haverá de revelar novas facetas. O
exemplo transcrito de Castro em relação a um tema de pesquisa que abordasse a evasão do ensino
primário mostra claramente se tratar de um tema que dificilmente apontará fatos novos.

E quanto à viabilidade?

Este critério é facilmente operacionalizado; é decorrência da análise de alguns itens tais como:
prazos, recursos financeiros, disponibilidade de informações, teorias já existentes a respeito etc. Não
sendo possível o atendimento a esses itens, pode-se concretamente afirmar que o tema é inviável.

Feitas essas considerações sobre a escolha do tema, será abordada a seguir a definição do
problema. Sim, porque um tema ainda não é um problema.

O que é então um problema?

Um problema é uma questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer


domínio do conhecimento. O pesquisador, no entanto, precisa verificar se o problema que pretende
investigar se enquadra na categoria de científico. Gil (1996, p. 27) afirma que “um problema é de
natureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis.”

Ele dá algumas “dicas” para a formulação de problemas científicos. Assim, aconselha


reflexão sistemática sobre o objeto, consulta à literatura que trata do tema, discussão e entrevistas
envolvendo especialistas no assunto. E mais: elaborar questionamentos em torno do problema;
formular o problema de maneira clara, objetiva; escolher problemas concretos e passíveis de solução.

Muitas vezes, para clarificar o problema realizam-se estudos exploratórios e descritivos,


modalidades da pesquisa descritiva que você já estudou na Unidade III.

Um iniciante em pesquisa que desejasse investigar o ensino fundamental estaria enfocando


um tema demasiado genérico. Como problematizá-lo?

Se levantasse alguns questionamentos em torno do assunto, tais como: de que maneira é


feita a distribuição de vagas e a absorção do alunado? Qual a integração dos currículos com o
contexto social nas escolas públicas do ensino fundamental no município do Rio de Janeiro? etc.
estaria começando a delinear diferentes problemas relacionados ao ensino fundamental através
de perguntas precisas e definidas.

Muitas vezes o problema está formulado de maneira a levar a conclusões subjetivas e não
objetivas como devem ser as investigações científicas. É o caso, por exemplo, de se pesquisar a
qualidade do ensino das universidades públicas.

Devem-se transformar os conceitos abstratos, como qualidade, em indicadores empíricos


que caracterizem a qualidade de ensino. Por exemplo: o nível de formação de professores, a produção
científica etc., que, pesquisados, serão indicadores da qualidade do ensino nas universidades.

49
METODOLOGIA DA PESQUISA

Escolhido o tema e tornado o assunto pesquisável através da problematização, devem-se


estabelecer os pressupostos teóricos que servirão de fundamento à pesquisa, terceira etapa
na concepção do projeto.

Os pressupostos são as teorias, as teses, os pontos de vista já existentes sobre a questão


a ser pesquisada e que servirão de base ao estudo.

Para conhecer e optar pelos pressupostos que direcionarão o estudo, o pesquisador deverá
fazer uma pequena pesquisa bibliográfica sobre o problema.

A etapa seguinte é estabelecer o objetivo da pesquisa, isto é, até onde o pesquisador pretende
chegar com sua investigação. Veja-se a lógica que envolve as várias etapas aqui expostas. O tema
(o que investigar) foi desdobrado em um problema que pressupõe estudos teóricos que servirão de
base ao objetivo que o pesquisador pretende alcançar. Para alcançar o objetivo final, o pesquisador
trabalhará com questões ou objetivos específicos que, respondidos, levarão ao alcance do objetivo
final da pesquisa. Poderá também trabalhar com hipóteses respostas provisórias ao problema em
estudo que poderão ser confirmadas ou refutadas.

Sobre as hipóteses, algumas considerações de Gil (1996) explicam ser a hipótese uma
proposição ou expressão verbal suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa; é, portanto, uma
“proposição estável que pode vir a ser a solução do problema.” (p.35).

Prosseguindo, o pesquisador explicita no projeto como vai trabalhar para chegar ao que
pretende: a metodologia que adotará e as técnicas que utilizará.

Na pesquisa descritiva faz-se a exposição detalhada de todos os passos da coleta e


registro de dados. Quem? Quando? Onde? Como? Expõem-se também as dificuldades, as
precauções, o controle e as técnicas a serem usadas, tais como entrevistas e questionários.

Se a pesquisa for experimental, detalham-se os procedimentos de observação, a


manipulação das variáveis, tipo de experimento e registro de resultados.

Nas pesquisas qualitativas, entretanto, as técnicas se estabelecem durante a pesquisa,


num processo de idas e voltas. Não há um rígido planejamento prévio. (THIOLLENT, 2002).

A pesquisa bibliográfica será objeto de um texto em separado. O necessário agora é passar-


lhe a idéia da lógica das diferentes partes de um projeto e, também, um fato importante, que é
fazê-lo entender que esses itens não são rígidos, variam de pesquisa a pesquisa.

A matriz para montagem e avaliação de projetos


Com a finalidade de facilitar a montagem de projetos de pesquisa, Moulin (in Zentgraf,
1997b) recomenda que primeiramente seja construída uma matriz, onde, de forma esquemática,
o pesquisador registra as etapas do projeto, podendo verificar a lógica e coerência entre elas.

Observe o modelo de matriz contendo as etapas essenciais do projeto.

50
UNIDADE IV

Matriz analítica para montagem e avaliação de projetos


Tema:
Título:
Definição da Pressupostos Definição dos Questões do estudo Procedimentos
situação- teóricos objetivos do estudo e/ou hipóteses
problema

Fonte: Moulin, [1996], p. 81.

Agora, você terá oportunidade de analisar uma matriz preenchida com os dados fundamentais
de um projeto. É apenas um exemplo, existem inúmeras outras maneiras igualmente válidas.

Tema: Educação e currículo


Título: Projeto de reformulação curricular das escolas técnicas federais

Situação- Pressupostos Definição dos Questões do estudo Procedimentos


problema teóricos objetivos do estudo e/ou hipóteses (metodologia)

Que Autores como 1) Evidenciar Questões: 1) Pesquisa


reformulações Libâneo (1996) e abordagens teóricas bibliográfica e
1) Quais as diferentes
serão Snyders (1981), que fundamentem documental -
abordagens
necessárias dentre outros, um currículo voltado técnicas:
teóricas
para que os vêm defendendo para a formação • levantamento e
encontradas nos
atuais a idéia de se técnico-profissional seleção de
currículos das
currículos das rever a questão em consonância com bibliografia
atuais Escolas
escolas curricular dentro os avanços técnico- • leitura analítica
Técnicas Federais?
técnicas do enfoque científicos do final do • fichamento
atendam ao histórico-crítico século. 2) Quais as mudanças • análise comparativa
avanço da educação. O fundamentais no • análise dos
2) Elaborar uma
técnico- currículo de currículo para currículos atuais
proposta de
científico quase todas as torná-lo mais atual? • levantamento e
reformulação
desse final de escolas hoje análise da legislação
curricular para as 3) Que pressupostos
século? segue o modelo pertinente ao ensino
Escolas Técnicas deverão subsidiar
técnico-linear técnico
Federais que os currículos das
proposto por
contemple uma escolas técnicas, 2) Pesquisa descritiva:
Ralph Tyler
formação técnico- tendo em vista as • entrevista com
(1978).
profissional mudanças diretores,
conectada com os ocorridas no professores,
novos paradigmas do mundo? coordenadores e
mundo do trabalho e alunos.
a perspectiva de uma • análise dos
educação voltada resultados
para a construção do
3) Conclusões
cidadão/trabalhador.
4) Elaboração do
relatório final
(monografia)
*Adaptado de matriz elaborada por cursista do CEP (in ZENTGRAF, 2000, p. 47).

51
METODOLOGIA DA PESQUISA

A construção do projeto de pesquisa


Uma vez preenchida a matriz de montagem e avaliação de projetos, você estará de posse
dos dados essenciais para a construção do projeto de pesquisa.

Severino destaca as vantagens de um projeto bem elaborado. Veja algumas:

Define e planeja para o próprio orientando [aluno] o caminho a ser seguido no


desenvolvimento do trabalho de pesquisa e reflexão, explicitando as etapas a serem
alcançadas, os instrumentos e estratégias a serem usados. Este planejamento
possibilitará ao pós-graduando/pesquisador impor-se uma disciplina de trabalho não só
na ordem dos procedimentos lógicos mas também em termos de organização do tempo,
seqüência de roteiros e cumprimento de prazos. (SEVERINO, 2000, p. 159).

Como está bastante claro, o projeto é um documento que deve acompanhar o pesquisador
durante todo o processo da pesquisa; é uma diretriz a ser, na medida do possível, seguida. Como,
então, estruturá-lo?

A disposição dos diferentes itens no projeto não se reveste de caráter rígido, varia de autor
para autor.

A seguir sugiro uma estrutura que você poderá seguir ao elaborar um projeto de pesquisa.
• Folha de rosto - contendo dados de identificação do projeto.
• Sumário - enumeração das principais divisões e seções do projeto.
• Introdução - onde de forma dissertativa é apresentado o tema, sua delimitação, a origem do
problema, como o pesquisador chegou a ele, a justificativa, os pressupostos teóricos e o
objetivo que pretende alcançar.
• Hipóteses ou questões a investigar - de maneira clara e objetiva, explicitar hipóteses,
ou então, questões a serem pesquisadas.
• Procedimentos/Metodologia - aqui, também de forma dissertativa, o autor anuncia o
tipo de pesquisa, os métodos de raciocínio (facultativo) e as técnicas a serem empregadas
(procedimentos mais restritos).
• Cronograma de execução - formulário onde são registradas as etapas e atividades da
execução da pesquisa segundo o tempo previsto.
• Orçamento - detalhamento dos recursos humanos (pessoal), materiais e financeiros
necessários.
• Referências - listagem das fontes utilizadas no planejamento e elaboração do projeto.
• Apêndice - onde deve constar texto ou documento elaborado por você, considerado
necessário.
• Anexo - onde deve constar texto ou documento não elaborado por você, mas que
considere necessário.

52
UNIDADE IV

Exercícios

1. Segundo Castro, um projeto de pesquisa que medisse a deserção no ensino


fundamental estaria tratando de um tema importante e viável, não trazendo, contudo,
qualquer originalidade. Em que argumentos ele se baseou para fazer tal afirmativa?
2. Além da originalidade, que outros dois critérios Castro considera necessários na
escolha de um tema de pesquisa? Caracterize-os.
3. A partir de sua vivência profissional, reflita sobre um tema que considere adequado a
uma pesquisa. Verifique se o tema escolhido se enquadra nos critérios definidos por
Castro.
4. Você teve oportunidade de ler sobre os critérios para selecionar um tema para um
trabalho científico. Entretanto, o tema ainda não é o problema do qual se origina uma
pesquisa. Perguntamos, então: O que é um problema?
5. Conclua esta tarefa procurando preencher uma matriz com os dados de um tema de
seu interesse.

Enriqueça seu estudo


⇒ Os capítulos 1 e 2, respectivamente, “Como encaminhar uma pesquisa” e “Como formular um
problema de pesquisa,” encontrados em Gil (1996), trarão grande contribuição para sua aprendizagem.

53
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 10
A Pesquisa Bibliográfica

Neste texto (adaptado de Zentgraf, 1997a) será apresentado um tipo especial de trabalho
científico: a pesquisa bibliográfica. Ela é particularmente importante porque, além de ser uma
pesquisa independente, é pré-requisito para qualquer pesquisa científica.

Como você vê, o iniciante precisa conhecer e praticar este tipo de pesquisa, essencial para
que se desenvolva profissionalmente. Ao fazer tal afirmativa não me dirijo apenas a futuros
pesquisadores, mas a qualquer profissional, uma vez que o espírito científico possibilita uma
visão da realidade menos dependente do conhecimento popular. O propósito deste texto é
familiarizá-lo com as atividades de planejamento e execução da pesquisa bibliográfica e
documental.

Qualquer pesquisa exige coleta de dados de fontes variadas que se processa através de
documentação direta ou indireta. O pesquisador pode recolher dados através de observações,
entrevistas e questionários nos locais em que o fenômeno ocorre (pesquisa de campo ou de
laboratório); é o processo de documentação direta. Mas pode também utilizar dados levantados
por outras pessoas. Neste caso, ocorre o processo de documentação indireta.

A maioria dos autores subdivide o processo de documentação indireta em dois grupos:

a) pesquisa documental, quando se trata de material de 1ª mão proveniente de fontes


diversificadas e dispersas encontradas em arquivos, igrejas, partidos políticos,
correspondência pessoal etc.

b) pesquisa bibliográfica, que é constituída por material já elaborado, analisado e publicado


sob a forma de livros, artigos e outros impressos, em geral localizados em bibliotecas.

A pesquisa bibliográfica tem a finalidade de levantar as contribuições culturais e científicas


já existentes sobre um determinado tema. Manzo, citado por Lakatos (2001, p. 44), assim se
refere à contribuição da pesquisa bibliográfica: “oferece meios para definir, resolver, não somente
problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não se
cristalizaram suficientemente.

Não é outra a posição de Galliano (1986, p. 109), quando diz:

Pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando resolver um problema ou adquirir novos


conhecimentos a partir de informações publicadas em livros ou documentos similares
(catálogos, folhetos, artigos etc.). Seu objetivo é desvendar, recolher e analisar as
principais contribuições teóricas sobre um determinado fato, assunto ou idéia.

Diante do exposto, é oportuno trazer, para a sua reflexão e análise, este estudo que engloba as
etapas do planejamento e execução da pesquisa bibliográfica. Para facilitar o seu estudo, o texto está

54
UNIDADE IV

dividido em duas partes. A 1ª parte trata do planejamento da pesquisa bibliográfica e a 2ª parte, da


execução da pesquisa bibliográfica.

I O Planejamento da Pesquisa Bibliográfica


Esta seção subdivide-se em duas, apresentando-se, na primeira, um quadro com as
atividades a serem desenvolvidas durante o planejamento da pesquisa e, na segunda, uma pequena
explicação sobre cada uma das atividades.

Quadro-síntese do planejamento

Etapa Atividades
• Escolha do tema
• Delimitação do tema
• Problematização
• Justificativa
• Pressupostos teóricos
Planejamento
• Objetivos
da pesquisa
bibliográfica • Hipóteses/Questões
• Procedimentos (Metodologia)
• Construção da matriz
• Cronograma de execução
• Orçamento
• Elaboração final do projeto

Você deve ter observado que a elaboração do projeto de pesquisa é a última atividade do
quadro. Ela é precedida de uma série de atividades que demandam muita reflexão, consulta a
livros e outros documentos e registro de anotações em rascunhos e fichas. Vamos elaborar um
projeto?

Escolha do tema
A escolha do tema deve atender a alguns aspectos. O pesquisador deve levar em
consideração sua formação e experiência profissional, bem como suas tendências e inclinações
pessoais. A disponibilidade de tempo e muitas vezes de recursos financeiros são outros fatores
que devem ser lembrados.

Para facilitar esta seleção deve-se recorrer a leituras, observações, análise de situações
discrepantes etc. Nunca é demais lembrar os três aspectos destacados por Castro e já de seu
conhecimento: importância, originalidade e viabilidade.

Suponhamos que você tenha escolhido como tema de pesquisa “O ensino fundamental”.
Da maneira como está apresentado, é tão abrangente e genérico que se torna impossível fazer
um estudo aprofundado, importante e original. O que você deseja pesquisar: currículo, formas de
avaliação do rendimento, acesso, escola pública, escola particular, administração escolar,
competência dos professores? Como vê, é necessário restringir, delimitar o tema.

55
METODOLOGIA DA PESQUISA

Delimitação do tema
A delimitação torna o tema viável para a pesquisa. Ela restringe o tema, não só no conteúdo
a ser investigado, como também em relação ao tempo e ao espaço. Voltemos ao tema “O ensino
fundamental”. Considerando sua vivência e interesse, poderia investigar os conteúdos dos livros
de Didática da Matemática utilizados pelas escolas públicas de formação de professores do
município do Rio de Janeiro, na atualidade. O tema ficou bem mais delimitado, mas pode ocorrer
que ao longo do estudo ainda sofra reformulações porque o processo se caracteriza pelo
dinamismo.

O passo a seguir é colocar o tema delimitado sob a forma de problema, o que significa
explicitar a questão que deverá ser investigada e, possivelmente, elucidada.

Problematização
A formulação do problema pode ser feita de maneira interrogativa ou afirmativa. É
necessário que se redija de maneira clara e objetiva a questão a ser solucionada através da
pesquisa. Para isto, uma revisão de literatura inicial seguida de reflexão do pesquisador é
imprescindível. No exemplo que estamos seguindo, a problematização poderia ser a seguinte:

Em que medida os livros de Didática da Matemática usados nas escolas públicas de formação
de professores de 1ª a 4ª série do município do Rio de Janeiro influenciam no baixo nível do
ensino da Matemática?

Ou então:

As dificuldades demonstradas pelos alunos de 1ª a 4ª série na aprendizagem da Matemática


são conhecidas. Considerando que a grande maioria dos professores de 1ª a 4ª série são egressos
das escolas públicas de formação de professores, os livros de Didática da Matemática utilizados
na sua formação são responsáveis pelo baixo nível do ensino da Matemática.

Justificativa
Na justificativa cabe ao pesquisador apontar as razões de sua escolha. Por que razão
escolhi tal tema?

Relevância
Neste item você mostrará a importância da pesquisa. Trará constribuição para solucionar
as questões do ensino da Matemática na atualidade?

Pressupostos teóricos
O pesquisador, ao selecionar um tema e problematizá-lo, precisa conhecer o que já foi
escrito sobre o assunto sob pena de estar simplesmente repetindo o que outros já fizeram. Além
disso, necessita conhecer pontos de vista, teses e teorias que possam fundamentar o seu trabalho
e de onde possa extrair alguns pressupostos teóricos que o direcionem. Para isso, terá que

56
UNIDADE IV

fazer uma revisão de literatura preliminar e responder à questão: o que dizem os especialistas
sobre este problema?

Objetivos
Nesta parte, o pesquisador vai explicitar aonde quer chegar; para que fazer a pesquisa. Os
objetivos que pretende atingir guardam relação com a contribuição que espera dar para ampliação
do conhecimento.

No exemplo que vimos apresentando, os objetivos poderiam ser:

a) identificar as abordagens do ensino da Matemática, passadas aos futuros professores,


nos livros de Didática da Matemática utilizados nas escolas públicas de formação de professores
de 1ª a 4ª série;

b) evidenciar as abordagens do ensino da Matemática mais adequados aos alunos de 1ª a


4ª série do ensino fundamental.

Hipóteses/Questões
Como explica Luckesi (2000), a hipótese é uma tese ou ponto de vista a ser demonstrado,
defendido ou explicitado. Qual a resposta provisória ao problema?

No nosso tema-problema-objetivo, eis a hipótese:

As abordagens de ensino levadas aos futuros professores nos livros de Didática da


Matemática adotados nas escolas públicas de formação de professores do município do Rio de
Janeiro influenciam no baixo nível do ensino da Matemática.

Realizada a pesquisa, se esta hipótese for confirmada, se transformará em uma tese ou


ponto de vista. Não é fácil para o iniciante a elaboração de uma hipótese; por esse motivo, em
muitas pesquisas são usadas questões a investigar em substituição às hipóteses.

As questões do nosso exemplo poderiam ser:


- Que abordagens de ensino são mais adequadas ao ensino da Matemática de 1ª a 4ª
série?
- Que abordagens de ensino são encontradas nos livros de Didática da Matemática
adotados nas escolas públicas de formação de professores, no município do Rio de
Janeiro?

Procedimentos (Metodologia)
Para realizar a pesquisa em torno de nosso tema-problema-objetivo-hipótese, que
procedimentos adotar? Como fazer para realizar a investigação? Que passos dar?

No nosso caso específico já sabemos tratar-se de uma pesquisa bibliográfica. A


metodologia é um tema muito controvertido. Métodos são os procedimentos mais amplos de
raciocínio e técnicas os procedimentos mais restritos que se concretizam através de instrumentos

57
METODOLOGIA DA PESQUISA

adequados. A nossa pesquisa utiliza o método indutivo e as técnicas serão: levantamento e


seleção da bibliografia, leitura analítica e fichamento. O instrumento a ser usado serão as fichas.

Construção da matriz
Antes de se iniciar a montagem do projeto de pesquisa, partindo das anotações realizadas,
elabora-se uma matriz a fim de constatar se as partes planejadas guardam a lógica e coerência
necessárias. Explica Moulin:

O emprego da matriz auxilia na sistematização dos elementos do projeto, ao mesmo


tempo que permite visualizar o todo e suas partes devidamente caracterizadas quanto
às suas definições e inter-relações. Desse modo, pode ser evidenciada a coerência do
plano, sendo possível constatar de imediato se os procedimentos adotados permitem
obter os dados necessários para responder às questões e/ou testar as hipóteses e,
ainda, se uma vez respondidas as questões e/ou testadas as hipóteses, estarão atingindo
os objetivos pretendidos. (MOULIN, [1996], p. 81).

Você teve oportunidade de analisar uma matriz e fazer um exercício de preenchimento da


mesma. É um exercício que exige reflexão, mas, após dominar a técnica, você estará apto a
planejar uma pesquisa.

Cronograma de execução
De quanto tempo necessitamos para desenvolver a pesquisa? Como distribuir o tempo
para a realização da pesquisa após elaborado o projeto?

Estas indagações são respondidas construindo-se um cronograma de execução onde


apareça o tempo destinado às diversas atividades. Como se pode observar, o cronograma é
formado por linhas que indicam as atividades e por colunas que indicam o tempo previsto. É uma
estimativa que pode sofrer alterações.
Cronograma de execução da pesquisa
Períodos
Atividades
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Orçamento
Como calcular os custos do projeto? Fazer um orçamento dos gastos que envolvem a
pesquisa?

Por mais simples que seja a pesquisa, é necessário uma previsão dos custos que envolve.
Faz-se, então, um orçamento considerando os custos com pessoal (recursos humanos), com
58
UNIDADE IV

material (de consumo e permanente) e os recursos financeiros que serão necessários para cobrir
essas despesas.

Elaboração do projeto
Concluídas as reflexões e anotações feitas até aqui para a construção do projeto,
procederemos a sua elaboração final e poderemos passar à etapa seguinte: a execução da
pesquisa.

II A Execução da Pesquisa Bibliográfica


Na primeira seção deste texto, você identificou todas as etapas do planejamento de uma
pesquisa bibliográfica. Na segunda seção vamos tratar da execução da pesquisa. Esta seção
está igualmente subdividida em duas, aparecendo na primeira um quadro das atividades segundo
a sucessão em que ocorrem e, na segunda, uma explicação sobre as mesmas.
Quadro-síntese da execução

Etapa Atividades
Levantamento da bibliografia
Seleção da bibliografia
Leitura analítica
Fichamento
Execução da pesquisa
− fichas de citação
bibliográfica
− fichas resumo

− fichas analíticas ou interpretativas

Análise comparativa, interpretação dos dados e


conclusões

O quadro apresenta passo a passo os procedimentos operacionais para a realização da


pesquisa. Em cada item existem diferentes técnicas a serem adotadas, dependendo não só do
pesquisador como também do próprio contexto.

Levantamento da bibliografia
Ao se iniciar a pesquisa bibliográfica, o primeiro passo é a identificação das fontes que
possam fornecer respostas ou esclarecimentos ao nosso problema. Procede-se, então, à coleta
de material ou levantamento bibliográfico que é feito de várias maneiras: através de buscas em
catálogos de livros e outras publicações; consulta a fichários de bibliotecas; análise de bibliografias
citadas em livros e revistas técnicas; consulta a internet e a especialistas na área. Aconselho que
esta coleta seja cuidadosamente registrada em fichas bibliográficas. Note que nesta fase você
ainda não está fazendo leitura analítica. No máximo, você verifica o sumário, as orelhas do livro,
prefácio etc., a fim de constatar se o seu tema é abordado naquela publicação. A ficha bibliográfica
vai registrar apenas as referências bibliográficas (autor, título, local da publicação, editora e data),
acrescidas de palavras-chave relacionadas ao seu tema e o local onde você poderá encontrar a
obra. Importante, também, sempre que possível, registrar o código da prateleira em que a obra se

59
METODOLOGIA DA PESQUISA

encontra (no caso de se tratar de uma biblioteca). Na maioria das vezes, o pesquisador só tem
acesso direto à obra na etapa de seleção.

Seleção da bibliografia
Concluída a etapa de levantamento, caberá a você fazer a seleção das publicações que
interessam a sua pesquisa. É possível consultar o material em instituições, obtê-lo por empréstimo
nas bibliotecas ou até adquirir livros e revistas em livrarias. Uma pesquisa bibliográfica realizada
com o objetivo de conclusão de curso de graduação ou mesmo de especialização pode ser bem
feita, demonstrar que o aluno iniciou-se na metodologia científica, apreendeu o espírito científico
frente à realidade, sem que seja, necessariamente, trabalho de grandes proporções.

Leitura analítica
De posse do material, o pesquisador mergulha na sua leitura. Para isso recomenda-se que
siga as técnicas da leitura analítica.

Você travou conhecimento com a leitura analítica, ao aprender diferentes técnicas de estudo.

Se achar necessário, volte à Unidade I e reestude-a.

Fichamento
Este assunto foi estudado no texto “A Documentação Pessoal”, na Unidade I.

Análise comparativa, interpretação dos dados e conclusões


A ficha analítica ou interpretativa tem o objetivo de registrar a sua posição em relação ao
texto lido. É uma ficha crítica. Entretanto, ainda resta ao pesquisador realizar uma análise
comparativa entre os autores lidos e registrados nas fichas, interpretar os dados em função de
sua hipótese/questões e estabelecer suas conclusões e recomendações. Finda esta etapa, o
pesquisador acha-se em condições de preparar um roteiro para a elaboração do relatório ou
melhor, monografia, apresentando a sua pesquisa. Inicia-se, então, a etapa final da pesquisa que
é a comunicação dos resultados, que veremos na Unidade V.

O presente texto teve como objetivo levá-lo a caracterizar a metodologia do planejamento e


as técnicas de execução da pesquisa bibliográfica. Espero, com isso, ter contribuído para a
realização do seu trabalho monográfico.

60
UNIDADE IV

Exercícios

Ao final da realização desta tarefa, você verá que está com um projeto de pesquisa
delineado. Não esqueça de preencher primeiramente a matriz de montagem, o que lhe
dará uma visão sistemática de seu projeto.
1. Selecione um tema a partir dos critérios de Castro e que possa ser investigado através
de uma pesquisa bibliográfica.
2. Procure delimitar o tema de modo que se torne claro, objetivo e não muito amplo. Se
necessário, delimite-o no tempo e no espaço.
3. Faça alguma leitura em torno do tema escolhido e com o auxílio do que apreendeu,
transforme o tema em um problema. (problematização)
4. Por que você escolheu este tema para pesquisa? Justifique. Aponte a importância e
contribuição que a investigação trará ao conhecimento. (relevância)
5. Você conhece a posição de especialistas no assunto? Resuma o ponto de vista ou a
tese de pelo menos dois deles e que servirão de fundamentação a seu estudo.
(pressupostos teóricos)
6. O que você pretende com a investigação? Aonde quer chegar? Qual é o seu propósito?
(objetivo)
7. Para chegar ao objetivo, que hipótese ou mesmo questões você deverá investigar?
(questões ou hipóteses)
8. Que procedimentos você deverá seguir para realizar a pesquisa bibliográfica em torno
do tema que escolheu? (metodologia da pesquisa)
9. Como dispor do tempo para executar as atividades da pesquisa? (cronograma de
execução)
10.De que recursos você deverá dispor? (orçamento)
11.Que título você considera adequado para o seu projeto?

Enriqueça seu estudo


Embora tenha sido apresentado um texto minucioso sobre o planejamento e a realização da pesquisa
bibliográfica, é sempre recomendável indicar algumas leituras que abordarão o tema a partir de outros
enfoques.

⇒ Recomendo a leitura do texto “Pesquisa bibliográfica” (LAKATOS, 2001). Lembre-se que o item
Fichas já é seu conhecido.

⇒ Muito oportuno também é a consulta ao capítulo 13 “Como calcular o tempo e o custo do projeto?”,
de Gil (1996).

61
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 11

Pesquisas Descritivas e Experimentais

Como você já sabe, foi adotada neste módulo a nomenclatura de Cervo (1996) que classifica as
pesquisas em bibliográficas, descritivas e experimentais. Neste texto, você tomará conhecimento
de algumas características e conceitos gerais das pesquisas descritivas e experimentais.

I A pesquisa descritiva
Na pesquisa descritiva, o pesquisador procura conhecer, descrever e interpretar a realidade,
isto é, as características de uma determinada população ou fenômeno, sem interferir nesta
realidade.

A elaboração de projetos desse tipo de pesquisa exige grande conhecimento do problema.


O pesquisador precisa saber o que pretende, ou seja, quem ou o que deseja medir, quando e
onde o fará, como o fará e por que deverá fazê-lo. Você poderá planejar uma pesquisa descritiva
seguindo as mesmas etapas apresentadas para as pesquisas bibliográficas. Até mesmo as
hipóteses poderão ser substituídas por questões.

Quais serão, então, os aspectos específicos da pesquisa descritiva?

Posso afirmar que são principalmente os procedimentos, as técnicas diretas de coleta de


dados – totalmente diferentes das pesquisas bibliográficas – e o tratamento estatístico que sofrem
os dados coletados.

A pesquisa científica não se interessa por casos particulares; seu propósito consiste em
estabelecer generalizações. Para tal, nas pesquisas descritivas e experimentais são utilizadas,
dentre outras, as técnicas de observação de grupos de indivíduos chamados de população. Na
maioria das vezes, apenas parte da população é observada, é o que se chama de amostra.

Rudio (2000) afirma que é melhor trabalhar com a amostra do que com a população, não só
pela economia de recursos e tempo, mas também por ocorrer maior controle e precisão de dados.
E explica:

Amostra é, portanto, uma parte da população, selecionada de acordo com uma regra ou
plano. O mais importante, ao selecioná-la, é seguir determinados procedimentos, que
nos garantam ser ela representação adequada da população, donde foi retirada, dando-
nos assim confiança de generalizar para o universo o que nela foi observado. (RUDIO,
2000, p. 62)

Além das observações, os questionários e as entrevistas são técnicas muito utilizadas


nas pesquisas descritivas. Quais são suas características mais gerais? Veja algumas.

62
UNIDADE IV

Técnicas diretas de coleta de dados


Para estudar as técnicas de documentação direta, será seguido o esquema de Chizzotti
(2000), que apresenta o tema em duas partes:

• coleta de dados quantitativos;

• coleta de dados qualitativos.

Para realizar a coleta de dados e reunir informações necessárias à comprovação das


hipóteses ou respostas às questões da investigação, é necessário que o pesquisador selecione
as técnicas mais adequadas e elabore instrumentos para registro e análise dos dados colhidos.

A coerência e a lógica que caracterizam o projeto de pesquisa se estende à coleta de


dados; esta etapa decorre das etapas anteriores, especialmente do problema formulado.

No texto “Paradigmas Metodológicos da Pesquisa Científica”, foi visto que, em relação aos
dados coletados, bem como à análise dos mesmos, as pesquisas se dividem em quantitativas e
qualitativas.

Que são pesquisas quantitativas? São aquelas que “prevêem a mensuração de variáveis
preestabelecidas, procurando verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis, mediante
a análise da freqüência de incidências e correlações estatísticas. O pesquisador descreve, explica
e prediz” (CHIZZOTTI, 2000, p. 52).

Que são pesquisas qualitativas? São aquelas que se fundamentam em dados coletados
nas interações interpessoais analisadas a partir da significação que os informantes dão aos seus
atos. O pesquisador participa, compreende e interpreta, conclui Chizzotti.

Coleta de dados quantitativos


As principais técnicas para a coleta de dados mensuráveis utilizam como instrumento a
observação, o questionário e a entrevista.

A observação pode ser estruturada ou sistemática e consiste na coleta e registro de


eventos observados que foram previamente definidos.

A análise dos eventos observados produz descrições baseadas na freqüência das


incidências. Chizzotti explica que as observações sistemáticas procuram superar as incertezas
das percepções imediatas e construir conceitos que permitam formular hipóteses para investigação.
Rudio (2000) considera as observações sistemáticas, estruturadas e controladas como
sinônimos; são as observações que se realizam sob controle para responder a objetivos pré-
definidos.

O questionário é um conjunto de perguntas dispostas seqüencialmente; é elaborado em


função dos objetivos da pesquisa, das hipóteses ou questões que se investigam e com base nos
pressupostos teóricos.

De acordo com sua construção, os questionários podem ser de perguntas fechadas, de


perguntas abertas ou mistos.

63
METODOLOGIA DA PESQUISA

No questionário de perguntas fechadas, as afirmações apresentam alternativas de respostas


fixas e previamente estabelecidas.

No questionário de perguntas abertas, o entrevistado responde com frases, havendo, assim,


maior elaboração nas respostas.

O questionário misto apresenta os dois tipos de questões elaboradas em função dos


interesses da pesquisa.

Chizzotti faz as seguintes observações sobre o questionário:

• em relação ao pesquisador, é necessário que saiba:


- as informações que busca (o objetivo da pesquisa)
- o objetivo de cada questão
- o que pretende medir
- como pretende confirmar as hipóteses

• em relação ao informante, deve-se compreender:


- as questões que lhe são propostas
- o conteúdo sobre o qual dará informações

• em relação ao questionário, é necessário que contenha:


- estrutura lógica:
· seja progressivo
· seja preciso
· seja coerentemente articulado
· as questões e subquestões formem um todo lógico e ordenado
- linguagem simples, clara, sem ambigüidades

A entrevista é um diálogo preparado com objetivos definidos. É uma técnica que permite
que se concretize uma relação estreita entre pessoas. A entrevista estruturada é uma modalidade
de comunicação entre o pesquisador que deseja colher informações sobre determinado fato e a
pessoa que detém a informação. É uma comunicação bidirecional. Uma pessoa com perguntas
preestabelecidas leva a outra a responder às perguntas.

Quando o entrevistador não deseja impor a sua visão, utiliza a entrevista não estruturada.
O tema é previamente estabelecido, mas o conteúdo da entrevista e os diálogos vão sendo
escolhidos livremente. As informações vão sendo manuscritas ou gravadas e devem ser codificadas
para serem transformadas em indicadores objetivos das variáveis.

Se você optou por realizar uma pesquisa descritiva, o seu projeto poderá seguir os moldes
apresentados para a pesquisa bibliográfica acrescido das especificidades dos procedimentos da
pesquisa descritiva. Ao iniciar o processo de investigação direta, deverá selecionar a amostra da
população que irá ser consultada, construir, testar e aplicar os instrumentos para a coleta de
dados. Após a fase de aplicação, as respostas são tabuladas e os resultados analisados e
interpretados. A pesquisa termina com as conclusões a que você chegou frente aos objetivos e

64
UNIDADE IV

questões. Inicia-se, então, a fase de redação do relatório da pesquisa através do qual você comunica
o estudo realizado.

II A pesquisa experimental
A pesquisa experimental manipula a realidade através de experimentos. É essa a diferença
básica entre ela e a pesquisa descritiva. Entretanto, assim como ocorre na pesquisa descritiva,
na pesquisa experimental, o planejamento pode seguir as mesmas etapas que apresentei no
texto sobre a pesquisa bibliográfica, com exceção dos procedimentos, em especial, das técnicas.
As pesquisas experimentais são muito usadas para identificar relações de causa e efeito entre
variáveis.

O pesquisador precisa estar muito atento às características da pesquisa experimental, uma


vez que ele deverá manipular e controlar uma ou mais variáveis independentes e ao mesmo
tempo observar as mudanças que ocorrerão com a variável ou variáveis dependentes.

Você sabe o que é variável? Idade , estatura, peso, sexo, classe social são variáveis.
Todas as coisas que podem assumir diferentes valores, aspectos ou categorias são variáveis. O
termo se origina da matemática, onde designa uma quantidade que pode tomar diversos valores.
(RUDIO, 2000, p. 69)

E variável independente? São aquelas variáveis tais como preço, marca de um produto,
embalagem, etc., que são manipuladas pelo pesquisador com o objetivo de se medir o efeito
sobre a variável dependente.

Já as variáveis dependentes tais como vendas, imagem etc. são as variáveis cujos efeitos
,sofridos em função da manipulação da variável independente, deseja-se medir.

Os projetos experimentais podem-se desenvolver em laboratório ou no campo. A coleta de


dados se realiza mediante a manipulação de determinadas condições utilizando-se a técnica de
observação dos efeitos produzidos.

Tanto no planejamento dos projetos experimentais quanto nos projetos descritivos,


recomendo que seja construída uma matriz analítica antes de detalhar o projeto. A matriz permitirá
a você estabelecer a coerência e a lógica essenciais entre as partes do projeto, evitando perda de
tempo e reformulações desnecessárias.

65
METODOLOGIA DA PESQUISA

Exercícios

1. Após o estudo do texto, faça um resumo do mesmo.


2. O que você entende por pesquisa descritiva?
3. Faça a distinção entre população e amostra.
4. Represente, em um esquema, as técnicas de observação e de entrevista utilizadas
nas pesquisas quantitativas, registrando suas principais características.
5. Qual a diferença básica entre pesquisas descritivas e experimentais?
6. O que você entende por variáveis independentes e variáveis dependentes?

Enriqueça seu estudo


⇒ Você encontrará informações úteis sobre esta Unidade nos seguintes textos de Richardson
(1999): “A observação”, “Questionários” e “Entrevistas”.

66
UNIDADE IV

Texto 12
Pesquisas Qualitativas

Ao estudar, na Unidade III, os dois grandes paradigmas metodológicos da pesquisa científica,


você tomou conhecimento das pesquisas quantitativas e qualitativas. Neste texto, você e eu
vamos refletir um pouco mais sobre as metodologias qualitativas, importantes na área das ciências
humanas e sociais.

As raízes da pesquisa qualitativa se encontram nas práticas cotidianas dos antropólogos e


dos sociólogos sobre a vida das comunidades. Posteriormente, os pesquisadores da área
educacional se juntaram aos demais.

Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa nas suas pesquisas, se contrapõem


a um padrão único de pesquisas para todas as ciências, calcado nas ciências naturais e no
paradigma positivista. Eles não aceitam que o paradigma das ciências naturais seja diretriz para
as ciências humanas e sociais. Não aceitam também que processos quantificáveis e técnicas de
mensuração sejam o único caminho para legitimar os conhecimentos da área humana e social;
elas têm especificidades próprias que determinam metodologias e procedimentos próprios para
atingir seus objetivos.

O pesquisador é integrante fundamental e participante dessa modalidade de pesquisa.

Deve, preliminarmente, despojar-se de preconceitos, predisposições para assumir uma


atitude aberta a todas as manifestações que observa, sem adiantar explicações nem
conduzir-se pelas aparências imediatas, a fim de alcançar uma compreensão global do
fenômeno. (CHIZZOTTI, 2001, p. 82).

Mas em que consistem as pesquisas qualitativas?

A pesquisa qualitativa é uma designação que abriga correntes de pesquisa muito diferentes.
Em síntese, essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos contrários ao modelo
experimental e adotam métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudos
experimentais. Os cientistas que partilham da abordagem qualitativa em pesquisa se opõem,
em geral, ao pressuposto experimental [...] (CHIZZOTTI, 2001, p. 78).

Quais as principais características das pesquisas qualitativas?


Bogdan e Biklen, citados por Lüdke e André (2001), destacam cinco características básicas,
a saber:

1. A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento. [...] a pesquisa qualitativa supõe o contato
direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo
investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo.
2. Os dados coletados são predominantemente descritivos. O material obtido nessas
pesquisas é rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos; inclui

67
METODOLOGIA DA PESQUISA

transcrições de entrevistas e de depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de


vários tipos de documentos.
3. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. O interesse do
pesquisador ao estudar um determinado problema é verificar como ele se manifesta
nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas.
4. O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção
especial pelo pesquisador. Nesses estudos há sempre uma tentativa de capturar a
“perspectiva dos participantes”, isto é, a maneira como os informantes encaram as
questões que estão sendo focalizadas.
5. Aanálise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Os pesquisadores não se
preocupam em buscar evidências que comprovem hipóteses definidas antes do início
dos estudos. As abstrações se formam ou se consolidam basicamente a partir da inspeção
dos dados num processo de baixo para cima. (LÜDKE E ANDRÉ, 2001, p.12-13).

Quais as principais abordagens metodológicas qualitativas?


São elas:
- a pesquisa participante
- a pesquisa-ação
- a pesquisa etnográfica ou naturalística
- o estudo de caso

O objetivo do pesquisador nas três primeiras abordagens é adotar uma postura de observador
crítico e participante ativo através da qual coloca a ciência a serviço do movimento social. As
pessoas que participam da pesquisa possuem o conhecimento empírico, popular, despojado de
espírito crítico não relacionando as suas experiências individuais com o contexto social.

A finalidade prioritária da pesquisa qualitativa, segundo os pesquisadores da área, é de


desenvolver a consciência crítica e ampliar o conhecimento da comunidade envolvida na pesquisa.
Favorece-se, assim, o processo de mudança e transformação da comunidade, levando-a a assumir
um novo papel como ator social.

Quanto à abordagem do estudo de caso caracteriza-se por ser bem delimitado, referindo-
se a uma situação particular que pode se limitar, por exemplo, à observação das práticas
pedagógicas de uma professora ou ao cotidiano de uma escola. O estudo de caso qualitativo “se
desenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e
focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada.” (LÜDKE e ANDRÉ, 2001, p. 19).

Quais as técnicas mais utilizadas nas pesquisas qualitativas?


A coleta de dados qualitativos se realiza num processo de idas e voltas, nas diversas
etapas da pesquisa e na interação do pesquisador com os pesquisados.

Durante a pesquisa, os dados colhidos em diferentes etapas são continuamente analisados


e avaliados.

São técnicas de coleta de dados nesta modalidade de pesquisa: a observação participante,


a entrevista individual e coletiva. Chizzotti aponta ainda o jogo dos papéis, a história de vida
autobiográfica e a análise de conteúdo, dentre outras técnicas.

68
UNIDADE IV

Considerando que os dados coletados não são quantificados, que cuidados tomar para
garantir a veracidade dos fatos?

Os dados coletados deverão ser validados segundo os critérios de:


- fiabilidade (independência de análises ideológicas do autor);
- credibilidade (garantia de qualidade relacionada à exatidão e quantidade das observações
efetuadas);
- constância interna (independência dos dados em relação à ocasionalidade etc.);
- transferibilidade (possibilidade de estender as conclusões a outros contextos).

Veja a seguir algumas características da observação participante, da entrevista não-


diretiva e da análise de conteúdo.

Observação participante: é feita através do contato direto do pesquisador com o fato


observado visando captar as ações dos atores em seu próprio contexto. A atitude do observador
participante pode se caracterizar por uma identificação total com os participantes, vivenciando
todas as ações de sua vida. O observador partilha de uma interação completa nas situações
espontâneas e formais, acompanha a vida cotidiana, as circunstâncias e sentido das ações.

A observação participante necessita ser revestida de cuidados para que elimine dados de
emoções, deformações e interpretações destituídas de comprovação.

Entrevista não-diretiva: é uma maneira de coletar dados a partir do discurso livre do


entrevistado. Apresenta limitações, tais como a grande quantidade de dados e a emocionalidade
do entrevistado. Além disso, é necessário que seja cercada de cuidados para garantir a cientificidade
da técnica e a credibilidade das informações recebidas.

Análise de conteúdo: é uma técnica de tratamento e análise de informações coletadas


através de documentos escritos ou de outras formas de comunicação: oral, visual, gestual.

Através da análise de conteúdo chega-se à compreensão crítica do sentido das comunicações


e seu conteúdo claro ou implícito. Existem diferentes procedimentos para explicitar o significado
das comunicações. O procedimento a ser utilizado depende dos objetivos da investigação, do tipo
de material a ser analisado e também da ideologia do analisador.

Neste texto você adquiriu noções gerais sobre as características e procedimentos das
pesquisas qualitativas. Esses conteúdos poderão ser aprofundados através da leitura de livros de
metodologia científica na medida em que você precise utilizá-los.

Enriqueça seu estudo


⇒ Para enriquecimento desta unidade é importante a leitura dos textos de Lüdke (2001): “Evolução da
pesquisa em educação” e “Abordagens qualitativas da pesquisa: a pesquisa etnográfica e o estudo
de caso.”

⇒ Se você tiver interesse em conhecer mais sobre a técnica de análise de conteúdo, leia o artigo de
Gomes “A análise de dados em pesquisas qualitativas”, in Minayo (2001).

69
METODOLOGIA DA PESQUISA

Exercícios

1. Qual o posicionamento dos pesquisadores que utilizam a metodologia qualitativa?


2. Explique duas características da pesquisa qualitativa.
3. Colete alguns dados que explicitem o que é a pesquisa-ação.
4. Caracterize a técnica da observação participante.
5. Reflita sobre um problema a ser pesquisado através de um estudo de caso e faça
uma síntese do mesmo.

Esquematizando...

A Lógica da Concepção do Projeto de Pesquisa


Passos da concepção de projeto de pesquisa (construção da matriz analítica)
originalidade
1) escolha do tema – critérios importância
viabilidade
- reflexão sistemática sobre o objeto
- consulta à literatura sobre o tema
- elaboração de questionamentos
2) definição do problema – critérios para a formulação de problemas científicos
- formulação clara e objetiva
- escolha de problemas concretos e
passíveis de solução

3) pressupostos teóricos – critérios para o estabelecimento de pressupostos – fazer pesquisa bibliográfica preliminar

- manter a lógica entre as etapas


4) definição do objetivo da pesquisa – critérios para o estabelecimento do objetivo
anteriores e o objetivo a alcançar

- questões: objetivos menores


específicos
5) questões e/ou hipóteses – critérios para o estabelecimento de questões/hipóteses
- hipóteses: respostas provisórias
que poderão ou não ser confirmadas

6) metodologia / técnica – obedecer aos procedimentos específicos dos diferentes tipos de pesquisa

A Pesquisa Bibliográfica
Qualquer pesquisa exige coleta de dados através de:
documentação direta – dados recolhidos através de observações, entrevistas e questionários nos locais em que o
fenômeno ocorre;
documentação indireta – dados recolhidos através de documentos e bibliografia.
Finalidade da pesquisa bibliográfica – levantar as contribuições científicas e culturais já existentes sobre um
determinado tema.
Etapas do planejamento da pesquisa bibliográfica
. escolha do tema
. delimitação do tema
. problematização
. justificativa
. relevância
. pressupostos teóricos
. objetivos
. hipóteses / questões

70
UNIDADE IV

. procedimentos / metodologia
. construção da matriz
. cronograma de execução
. orçamento
. elaboração do projeto

Etapas da execução da pesquisa bibliográfica


levantamento da bibliografia
seleção de bibliografia
leitura analítica
fichamento
análise comparativa, interpretação dos dados e conclusões

A Pesquisa Descritiva
Finalidade da pesquisa descritiva: conhecer, descrever e interpretar a realidade sem interferir na mesma.
Planejamento das pesquisas descritivas
Procedimentos gerais semelhantes à pesquisa bibliográfica

Procedimentos específicos técnicas diretas - observação


- questionários
- entrevistas
tratamento estatístico

Pesquisa quantitativa – coleta de dados quantitativos; observação sistemática e controlada da freqüência de incidência
dos fenômenos; ambiente experimental
Pesquisa qualitativa – coleta de dados através da interação entre pesquisador e sujeitos da pesquisa; observação e
análise interpretativa, favorecendo aspectos subjetivos e a realidade dos sujeitos
Principais técnicas para a coleta de dados quantitativos
Observação - estruturada ou sistemática
Questionário - perguntas fechadas, perguntas abertas, misto
Entrevista - estruturada/não estruturada

A Pesquisa Experimental
Finalidade da pesquisa experimental: manipular a realidade através de experimentos.
Pesquisa experimental na área de marketing: identificação de relações de causa e efeito entre variáveis.
Variáveis: todas as coisas que podem assumir diferentes valores: idade, peso etc.
- independentes
Tipos de variáveis
- dependentes
- em laboratório
Coleta de dados
- no campo

Pesquisas qualitativas
- antropológica
Origem das pesquisas qualitativas
- sociológica
- a um padrão único de pesquisa
- à utilização do paradigma das ciências naturais
A corrente qualitativa se opõe nas ciências humanas e sociais
- à utilização de processos quantificados e técnicas
de mensuração como único procedimento
Posição do pesquisador: integrante e participante da pesquisa
Posição do pesquisado: sujeitos que produzem práticas para intervir nos problemas que identificam
- diferentes correntes de pesquisa que têm em comum pressupostos
Pesquisas qualitativas
contrários ao modelo experimental.

- ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como principal instrumento
- dados coletados descritivos na maioria
Características das - preocupação maior com o processo
pesquisas qualitativas - o significado que as pessoas dão às coisas e à vida sofre atenção especial do pesquisador
- análise dos dados segundo processo indutivo

71
METODOLOGIA DA PESQUISA

Abordagens metodológicas - pesquisa participante pesquisa-ação


qualitativas - pesquisa etnográfica ou naturalística
- estudo de caso

Principais técnicas para a - observação participante


coleta de dados qualitativos - entrevista não-diretiva
- análise de conteúdo

72
Unidade V
A Comunicação de Trabalhos Científicos:
as monografias

Guia de estudo Carga horária: 10h


ASSUNTO OBJETIVOS ESPECÍFICOS TAREFAS PREVISTAS
Estudo do texto 13 "A
1. O trabalho monográfico. Conceituar monografia, distinguir
comunicação dos resultados da
A estrutura da monografia as diferentes partes que a
pesquisa: a monografia
e a construção lógica do constituem e os princípios que
texto norteiam a construção do texto
Exercícios
Leitura do texto 14 "Estrutura de
2. A estrutura de trabalhos Identificar a estrutura de trabalhos trabalhos acadêmicos segundo
acadêmicos segundo as acadêmicos segundo as normas a ABNT"
normas da ABNT da ABNT
Exercícios
Análise do texto 15 "Estilo para
Aplicar regras básicas de estilo a redação de trabalhos
3. Estilo para redação de
na redação de trabalhos acadêmicos""
trabalhos acadêmicos
acadêmicos
Exercícios
Análise dos textos 16 e 17
"Apresentação de citações em
4. Normas para a Identificar as diretrizes da ABNT
trabalhos acadêmicos" e
apresentação de citações para apresentação de citações e
"Como elaborar as referências
e referências em trabalhos referências em trabalhos
de um documento"
acadêmicos acadêmico
Exercícios
Enriqueça seu estudo
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 13
A Comunicação dos Resultados da Pesquisa:
a monografia

Salomon (2001) vai buscar em 1855 as origens históricas da monografia quando Le Play,
sociólogo francês, publicou 57 monografias descrevendo minuciosamente a vida dos operários
franceses e o orçamento de uma família-padrão daquele grupo.

A especificação encontrada nos trabalhos de Le Play caracteriza até nossos dias os trabalhos
monográficos. É a investigação, o estudo de um só tema, o que confirma o sentido etimológico da
palavra: monos (um só) e graphein (escrever).

Costa (1998, p. 213) dá a seguinte definição para monografia: “Estudo minucioso que propõe
esgotar um determinado tema relativamente restrito. O relatório de pesquisa é editorado sob a
forma de uma monografia que, conforme o grau de profundidade, pode ser um trabalho de iniciação
científica, uma dissertação ou uma tese.”

Esta definição permite esclarecer alguns pontos confusos em relação ao termo. Assim,
pode-se afirmar que a monografia é um relatório de uma pesquisa sobre determinado tema e
que, por conseguinte, é decorrência de uma investigação. Para haver monografia, deve ter havido
pesquisa, quer seja bibliográfica, de campo ou de laboratório.

Salomon faz um alerta àqueles que realizam monografias científicas, no sentido de que
privilegiem a reflexão, sem a qual a monografia se reduz a um simples relatório de procedimentos
de pesquisa ou compilação de obras de terceiros.

A própria estrutura da monografia conduz a uma reflexão coerente e lógica. A introdução


expõe e delimita o tema, a relevância do problema, os objetivos e os procedimentos de abordagem;
o desenvolvimento traz a fundamentação lógica do trabalho, expõe e demonstra. A conclusão,
por sua vez, é a síntese de toda a reflexão que se faz ao longo do trabalho.

Severino (2000) destaca que, além de precedidos de um trabalho de pesquisa, os relatórios


científicos devem apresentar um processo de reflexão cujas características são ser pessoal,
autônomo, criativo e rigoroso.

Veja o que ele entende por estes aspectos qualitativos:

• pessoal - a problemática deve estar ligada à vivência do pesquisador, ser relevante e


significante para ele, frente a sua visão de mundo;

• autônomo - o estudo é o resultado do esforço do pesquisador e de sua capacidade de


inter-relacionamento dialético com outros pesquisadores;

74
UNIDADE V

• criativo - nos trabalhos de iniciação científica prevalece a apropriação da ciência


acumulada, mas à medida que o pesquisador prossegue na sua caminhada, passa a
colaborar na produção da ciência;

• rigoroso - no trabalho científico não há lugar para o senso comum e o espontaneísmo.

E conclui:

Além da disciplina imposta pela metodologia geral do conhecimento e pelas metodologias


particulares das várias ciências, exige-se ainda a disciplina do compromisso assumido
pela decisão da vontade. Não se faz ciência sem esforço, perseverança e obstinação.
Ao pós-graduando, como a qualquer pesquisador, impõem-se um empenho e um
compromisso inevitáveis, sem os quais não há ciência e nem resultado válido.
(SEVERINO, 2000, p. 148).

Em suma, a monografia é um relatório através do qual o pesquisador comunica os resultados


de seu estudo sobre um tema específico, cujo grau de profundidade vai variar em função do nível
de conhecimento do próprio pesquisador: iniciante ou profissional.

Abordei aqui os objetivos e características de um trabalho monográfico. Resta, agora, orientá-


lo sobre o processo de elaboração deste tipo de relatório científico, bem como sobre a montagem
do mesmo, segundo a estrutura indicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

É oportuno destacar que a ABNT evita o termo genérico monografia, preferindo adotar a
nomenclatura “Trabalhos acadêmicos” que ela subdivide em:

Teses - trabalho acadêmico elaborado nos cursos de doutorado;

Dissertação - trabalho acadêmico elaborado ao final dos cursos de mestrado;

Trabalho de conclusão de curso - elaborado no final da graduação e na especialização.

Neste módulo estou dando ao termo “monografia” um sentido genérico que se refere a
todas essas modalidades.

Redação provisória da monografia


Vimos no texto “A Pesquisa Bibliográfica” que, após a conclusão do fichamento, análise,
interpretação dos dados e conclusões, o pesquisador estará em condições de organizar um roteiro
para relatar o seu estudo. A construção lógica desse roteiro é feita a partir dos dados coletados e
das reflexões e conclusões do pesquisador.

Nas pesquisas de campo ou de laboratório, bem como nas pesquisas qualitativas, o


pesquisador, além de passar pelos procedimentos próprios da pesquisa bibliográfica, realiza outros
procedimentos de coleta e análise de dados, tais como observações, questionários e entrevistas.
Isso implica uma série de análises, sínteses e conclusões que antecedem a redação da monografia.

A primeira redação deve ser feita sob a forma de rascunho e orientada pelas fichas, roteiro
e demais anotações, além, é claro, do próprio projeto.

Destaca Luckesi (2000, p. 191): “Em cada parte, capítulo, item, parágrafo, vamos expressar
as nossas idéias, cuidando da seqüência, da relação com o que vem antes e o que virá depois, a
75
METODOLOGIA DA PESQUISA

fim de que a expressão do nosso pensamento, de nossa reflexão seja facilmente percebida pelo
leitor de nosso escrito.”

Na redação provisória, o corpo do trabalho – isto é, o texto propriamente dito – já pode ser
estruturado em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução - onde o autor coloca de maneira dissertativa todos os itens que constituíram o
seu projeto, com exceção apenas do cronograma, do orçamento, das referências e dos anexos.
Lendo a introdução, conhece-se o problema pesquisado, as teorias já existentes sobre o mesmo
e que subsidiaram a pesquisa, os objetivos e questões do estudo, relevância, contribuição e
metodologia utilizada. Muitos terminam a introdução detalhando a estrutura das demais seções.

Desenvolvimento - é a parte mais extensa do trabalho e onde o pesquisador comunica a


fundamentação teórica, o processo e o resultado da pesquisa. É dividido em seções e em subseções
se a organização lógica do pensamento o exigir. As seções devem receber títulos temáticos
assim como as subseções. Títulos temáticos significa que devem ser portadores de sentido, isto
é, que dêem ao leitor idéia exata do conteúdo daquela seção ou subseção.

Durante a realização da pesquisa, as questões ligadas aos objetivos da investigação


direcionam o processo e, ao elaborar o relatório monográfico, essas questões podem se transformar
nos títulos das seções. O termo desenvolvimento não precisa ser usado.

Para comunicar as suas idéias, o autor, em alguns pontos deverá explicar, em outros discutir
ou mesmo demonstrar. Salomon, Severino e Luckesi já citados dão a seguinte definição para
esses termos:
a) explicar: tornar evidente, explícito o que está obscuro ou complexo;
b) discutir: comparar posições que se entrechocam dialeticamente;
c) demonstrar: aplicar argumentação própria à natureza do trabalho; partir de premissas,
verdades garantidas, para novas verdades.

Conclusão - é o fecho do trabalho. É neste momento que o pesquisador toma uma posição
que poderá ser uma síntese das idéias explicadas, discutidas ou demonstradas ou, como destaca
Luckesi (1995), “poderá ser a abertura de uma nova problemática, ou o encaminhamento de
possível solução ao problema levantado.” (p.190). Em outras palavras, a conclusão resumirá os
resultados que levaram à comprovação ou rejeição da hipótese ou questões de estudo, fará
inferências que o estudo venha a permitir e recomendará pontos que devam ser reestudados ou
aprofundados.

Redação definitiva da monografia


Terminada a redação provisória, esta deverá ser analisada, retocada, aperfeiçoada no
conteúdo e na redação. Deve ser clara, objetiva, sóbria e precisa como convém a um trabalho
científico.

76
UNIDADE V

Existem diretrizes para a elaboração do relatório, mas elas sofrem adaptações segundo o
tipo de pesquisa e características do pesquisador. As regras básicas a serem seguidas estão nas
normas da ABNT.

No próximo texto serão apresentadas as regras básicas de formatação da monografia, de


acordo com o que estabelecem as normas da ABNT.

Exercícios

1. Após a execução da pesquisa, o autor comunica o seu estudo através de um relatório.


Qual a estrutura básica deste relatório?
2. De modo geral o que vem apresentado na introdução?
3. E no desenvolvimento?
4. O que deve figurar nas conclusões?

Enriqueça seu estudo


⇒ Se você desejar fazer alguma leitura para ampliar este tema, recorra ao texto “Análise e relatório
final”, de Goldenberg (1999), ou ao capítulo 6 “Trabalhos científicos”, do livro de Marconi (1999).

77
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 14
Estrutura de Trabalho Acadêmico –
segundo a ABNT

Neste texto você irá se deter na estrutura da monografia de acordo com as regras da ABNT,
que é, no Brasil, o órgão regulamentador das normas e procedimentos para elaboração e
apresentação de trabalhos técnicos e científicos. Explica Spector (1997) que na redação de um
trabalho científico, o autor precisa se ater a dois tipos de normas: as de formato e as de estilo.
Elas são estabelecidas internacionalmente e têm como objetivo facilitar a troca de informações e
dar objetividade às comunicações científicas.

Existe um órgão internacional responsável pela normatização. É a International Organization


for Standartization (ISO), sediada em Genebra. Esse órgão é hoje uma federação mundial de
organizações nacionais, na qual o Brasil é representado pela ABNT (Santos, 2000).

Existem diferentes padrões de trabalhos científicos, decorrentes de simplificações usadas


por variadas instituições brasileiras. Por ser a ABNT o órgão que representa o Brasil nacional e
internacionalmente, os cursos coordenados pelo CEP seguem as suas diretrizes. Esta opção
evita também que os cursistas utilizem procedimentos heterogêneos e, muitas vezes, inadequados.

Veja, a seguir, o esquema proposto pela norma NBR 14724/2002 (p. 3) que apresenta a
estrutura da monografia.

I Estrutura do trabalho
Partes Elementos integrantes
Capa (obrigatório)
Lombada (opcional)
Folha de rosto (obrigatório)
Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório)
Dedicatória(s) (opcional)
Agradecimento(s) (opcional)
Epígrafe (opcional)
Pré-textuais Resumo na língua vernácula (obrigatório)
Resumo em língua estrangeira (obrigatório)
Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)
Introdução
Texto Desenvolvimento
Conclusão
Referências (obrigatório)
Glossário (opcional)
Pós-textuais Apêndice(s) (opcional)
Anexo(s) (opcional)
Índice(s) (opcional)

78
UNIDADE V

Como você verificou na tabela, a estrutura da monografia apresenta três grandes divisões.
A seguir darei algumas explicações sobre elas.

II Pré- texto ou pré-textuais


São os elementos apresentados antes do texto e que trazem informações necessárias à
identificação do trabalho. Alguns desses elementos são obrigatórios e outros são opcionais. Veja
a seguir.

Capa
É essencial para a proteção e identificação do trabalho, por isso é obrigatória. A ABNT
recomenda a apresentação das informações na ordem que se segue:
• nome da instituição
• nome do autor
• título do trabalho e subtítulo, se houver
• número de volumes quando houver mais de um
• cidade onde se localiza a instituição recebedora
• ano em que foi entregue o trabalho.

Lombada
É a parte dorsal, isto é, as costas da obra, que seguram a parte interna das folhas. É facultativa.
Quando usada, nela aparecem o nome do autor, o título da obra e elementos alfanuméricos.

Folha de rosto
Deve figurar logo após a capa e constitui-se na fonte principal de identificação. Além dos
elementos que aparecem na capa, no anverso da folha de rosto deve figurar:
• natureza do trabalho, isto é, trabalho de conclusão de curso, dissertação de mestrado, tese
de doutorado e outros; objetivo do trabalho, isto é, aprovação em disciplina, curso etc. ;
nome da instituição e área de concentração
• nome do orientador e do co-orientador.

No verso da folha de rosto deve figurar a ficha catalográfica, de acordo com o Código de
Catalogação Anglo-Americano.

Errata
Corrigenda. É opcional. Quando se fizer necessário faz-se a lista dos erros e indicam-se as
correções.

79
METODOLOGIA DA PESQUISA

Folha de aprovação
É obrigatória e vem logo após a folha de rosto trazendo os mesmos elementos acrescidos
da data de aprovação e de dados de identificação dos componentes da banca, tais como nome,
titulação, instituição a que pertencem e assinatura.

Dedicatória (s)
É opcional e aparece quando o autor presta homenagem a pessoas relevantes em sua vida
particular ou profissional.

Agradecimento(s)
Aparece quando o autor deseja demonstrar gratidão a pessoas que contribuíram direta ou
indiretamente para a elaboração do trabalho.

Epígrafe
É opcional e pode figurar após a folha de agradecimentos e no início das seções primárias.
Consiste numa citação correlacionada com o assunto abordado e seguida da indicação do autor.

Resumo na língua vernácula


Apresentação concisa e obrigatória dos elementos de maior importância do texto não devendo
ultrapassar 500 palavras. Abaixo do resumo, colocar as palavras-chave (NBR 6028).

Resumo em língua estrangeira


Elemento também obrigatório, consiste em uma versão para o inglês (abstract) ou para o
espanhol (resumen) ou para o francês (résumé), com as mesmas características do resumo em
língua vernácula.

Lista de ilustrações e lista de tabelas


São opcionais ; só deverão ser elaboradas se houver tais elementos no texto. Cada item
deverá constar com seu nome específico seguido do número da página.

Lista de abreviaturas e siglas


Relação alfabética de abreviaturas e siglas que aparecem no trabalho, com os respectivos
significados. É opcional.

Lista de símbolos
Relação opcional de símbolos utilizados no texto com as respectivas significações.

80
UNIDADE V

Sumário
É obrigatório e consiste na enumeração das seções, subseções e demais divisões do trabalho,
obedecendo à ordem em que se apresentam, seguindo-se o número das páginas. Recomenda-
se usar a mesma grafia do interior do trabalho.

III Texto ou textuais


Consiste no estudo propriamente dito e se divide em três partes: a introdução, o
desenvolvimento e a conclusão, como você já viu no Texto 13. Vejamos um pouco mais.

Introdução
É a etapa inicial do texto. Geralmente é feita a partir do projeto e nela constam, além do
tema do estudo e sua delimitação, a justificativa, os pressupostos teóricos, os objetivos, as hipóteses
ou as questões do estudo e, finalmente, a abordagem metodológica utilizada e a relevância do
trabalho. A introdução não é uma repetição do resumo, não deve detalhar a fundamentação
teórica, nem antecipar os resultados e conclusões.

Desenvolvimento
Parte mais importante do texto. Deve ser dividida em tantas seções e subseções quantas
forem necessárias para o detalhamento do relatório da pesquisa ou estudo realizado. São
apresentadas teorias, descrição de métodos, procedimentos e discussão de resultados, dentre
outras partes.

As descrições apresentadas devem ser suficientes para permitir a compreensão das etapas
da pesquisa. Minúcias ou provas matemáticas ou procedimentos experimentais, por exemplo, se
necessário devem constituir material anexo ou apêndices.

Conclusão
Nesta seção, devem figurar, clara e ordenadamente, as evidências e deduções tiradas dos
resultados do trabalho ou levantadas ao longo da discussão do tema, em função dos objetivos e
hipóteses ou questões.

Dados quantitativos não devem aparecer na conclusão, nem tampouco resultados


comprometidos e passíveis de discussão. Recomendações devem ser feitas para que novas
pesquisas e estudos prossigam no sentido de investigar os resultados não esclarecidos.

IV Pós-textuais ou pós-texto
O trabalho é finalizado com os elementos pós-textuais a seguir apresentados.

81
METODOLOGIA DA PESQUISA

Referências
É um elemento obrigatório que permite a identificação individual de documentos que possuam
informação registrada incluindo impressos, manuscritos, registros audiovisuais e sonoros, dentre
outros. A elaboração das referências obedece à norma NBR 6023/2002 sobre a qual trataremos
no Texto 17.

Glossário
Lista opcional de palavras de sentido restrito acompanhadas da respectiva definição.

Apêndice
É opcional e consiste em textos ou documentos elaborados pelo próprio pesquisador com o
objetivo de complementar sua argumentação. São identificados por letras maiúsculas, seguidas
dos respectivos títulos.

Anexo
É opcional e consiste em textos ou documentos não elaborados pelo pesquisador, mais
importantes para o estudo. São também identificados por letras maiúsculas e respectivos títulos.

Índice
É opcional e segue a NBR 6034 para a sua elaboração.

V Apresentação de trabalhos acadêmicos

Formato
• papel branco, formato A4, impresso na cor preta, (exceção para as ilustrações), digitado no
anverso da folha (exceção da folha de rosto)
• fonte tamanho 12 para o texto, tamanho menor para citações longas, notas de rodapé,
paginação e legendas

Margem
• superior e esquerda: 3cm
• direita e inferior: 2cm

Espaço
• duplo
• espaço simples: citações longas, notas, referências, legendas, ficha catalográfica, natureza
do trabalho
• dois espaços duplos: separação dos títulos das subseções, dos textos que os precedem e
os sucedem

82
UNIDADE V

Indicativos de seção
• o número da seção vem alinhado à esquerda separado do título por um espaço de caractere
• os títulos sem indicativo numérico são centralizados
• a folha de aprovação, a dedicatória e a epígrafe não têm título

Paginação
• numeração arábica colocada a partir da primeira folha da introdução, mas contada a partir
da folha de rosto (não se usam mais os algarismos romanos)
• localização do número no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior e da
borda direita da folha

Numeração progressiva
• nas seções e subseções do texto
• os títulos das seções primárias devem iniciar folha
• os títulos das seções e subseções são destacados através de negrito, itálico ou grifo e redondo

Siglas
Quando aparecer pela primeira vez no texto, usa-se o nome completo seguido pela sigla
entre parênteses.

VII Observações Finais


No apêndice deste módulo, são encontrados modelos de formatação de páginas que podem
servir de exemplo por ocasião da redação da monografia. O estilo coloquial da redação, entretanto,
não deve ser seguido.

Exercícios

1. Utilizando os dados de sua pesquisa, organize uma proposta de capa e de folha de rosto.
2. Em que consiste e onde deve figurar o resumo em língua vernácula?
3. Fale sobre a parte textual da monografia.
4. Explique a diferença entre apêndices e anexos.

Enriqueça seu estudo

⇒ Recomendo a análise da Norma NBR 14724/2002. Ela trata, em detalhes, dos princípios para a
elaboração de trabalhos acadêmicos. Apesar de ter procurado, neste texto, abordar os aspectos
gerais da norma, se você tiver algumas dúvidas tenho a certeza de que irá solucioná-las fazendo
uma consulta à mesma.

83
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 15
Estilo para a Redação de
Trabalhos Acadêmicos

O pesquisador, ao preparar a comunicação dos resultados de sua pesquisa, além do conteúdo,


parte substantiva de seu trabalho, deve se preocupar com dois aspectos: a formatação e o estilo
que usará na redação. Sobre a formatação foram apresentados os dados essenciais, e você
poderá recorrer à própria norma da ABNT.

Serão feitas neste texto algumas considerações sobre o estilo.

Spector (1997, p. 43) explica que, num manual de estilo, é encontrado um conjunto de
diretrizes que auxiliam a redação inteligível e agradável. E conclui “ainda que o ato de escrever
seja profundamente individual, os textos não-literários devem seguir uma série de normas [...]”

Quais são as normas básicas de estilo para que se produza um bom texto técnico?

No trabalho científico, a informação vem estruturada através de divisões e subdivisões


obrigatórias. Assim é que as informações aparecem divididas em seções e estas subdivididas em
subseções. Caberá ao autor decidir o número de seções necessárias para que os resultados de
sua pesquisa sejam comunicados. Dentro das seções ele também deverá decidir onde se torna
necessário abrir subseções. Estas decisões não são aleatórias. Estão ligadas ao conteúdo e
seqüência das informações, à dimensão total do trabalho e às unidades de pensamento.

Os autores que tratam de estilo, tais como Salomon, Galliano, Severino, Medeiros, Spector
e Beaud, consultados para a redação deste tema, são unânimes em afirmar a importância da
clareza, unidade, coerência e concisão ao se redigir um parágrafo, unidade menor do
pensamento. Veja o que eles afirmam a respeito desses tópicos:
- clareza: capacidade de transmitir com exatidão uma idéia em uma frase;
- unidade: relevância de cada frase para o tema do parágrafo;
- coerência: relação lógica das frases que constituem o parágrafo;
- concisão: capacidade de se expressar sem uso redundante de palavras que prejudicam
a objetividade do texto.

A construção do parágrafo é um dos momentos mais importantes da redação, pois ele


expressa as etapas do raciocínio do autor. Por esta razão, as dimensões, a seqüência e a maior
ou menor complexidade do parágrafo decorrem do raciocínio expresso. Deve-se evitar o uso
excessivo dos parágrafos ou a sua ausência quase total. A estrutura do parágrafo acompanha a
estrutura da própria monografia: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Quando o autor de um trabalho não-literário expressa seu pensamento, embora sem a


preocupação de um trabalho artístico, ele tem por obrigação cumprir o objetivo de se fazer entender,

84
UNIDADE V

de comunicar aos seus pares os resultados de sua pesquisa. Para tal, ele, obrigatoriamente, terá
de utilizar os códigos da lingüística, respeitar as leis da gramática.

Spector (1997), a partir de sua experiência em bancas examinadoras e orientação de teses,


destaca as dificuldades que o pesquisador apresenta ao redigir seus relatórios; veja algumas:

• concordância verbal - a maior parte dos erros de concordância ocorre em frases longas,
geralmente após a interpolação de frases que separam o sujeito do verbo;

• tempo do verbo - deve-se manter homogeneidade no tempo dos verbos: o trabalho científico
relata uma investigação já realizada, o que obriga o autor a fazer o seu relato no pretérito
perfeito; quando, no entanto, o fato demonstrado ainda é aceito, não deve ser escrito no
passado. Observe o exemplo que ele dá: “Einstein demonstrou que a velocidade da luz é
constante.” (p. 53).

• gerúndio - deve-se evitar o seu uso nos casos em que a ação já foi concluída;

• coloquialismo - na linguagem técnica não se deve usar expressões coloquiais nem


expressões técnicas imprecisas;

Obs.: Aqui, abro parênteses para lembrar aos leitores deste módulo que a linguagem por mim
usada se aproxima do coloquial, da familiaridade com o estudante, por se tratar de um curso
dado dentro das técnicas da educação a distância, que recomendam ao autor procurar travar
um diálogo com o aluno, através do material. Você não deverá seguir a linguagem por mim
usada ao elaborar sua monografia.

• etc. e e/ou - não devem ser usados nas monografias. Fogem ao rigor do trabalho científico,
são expressões imprecisas;

• uso de numerais nos textos técnicos - não há consenso sobre o seu uso; alguns manuais
recomendam que todos os números acima de dez sejam escritos com algarismos e não
com palavras;

• abreviaturas - no texto, define-se a abreviatura quando o termo aparece pela primeira vez,
colocando-a entre parênteses após o termo por extenso; a partir daí, pode ser usada apenas
a abreviatura; quando são usadas muitas abreviaturas, costuma-se fazer uma lista de
abreviaturas e colocá-la no pré-texto;

Finalizando, faço as seguintes recomendações:


- observe as regras gramaticais ao fazer sua redação;
- evite linguagem coloquial;
- exponha as idéias com clareza, precisão e objetividade;
- prefira frases curtas que contenham uma só idéia;
- utilize linguagem direta.

Releia o texto quantas vezes se fizerem necessárias; todas as vezes que o fizer aumentará
o seu entendimento do mesmo, alcançará maior clareza e a redação ganhará em qualidade.
Spector diz que o trabalho deverá ser revisto continuamente pelos seguintes motivos:

85
METODOLOGIA DA PESQUISA

- detectar erros tipográficos;


- rever frases e parágrafos pouco claros;
- verificar a seqüência lógica do texto;
- conferir os dados nas tabelas, nas referências etc.;
- cortar o excesso de adjetivos, informações repetitivas, tabelas desnecessárias;
- evitar desproporção entre as seções.

Espero que as considerações aqui apresentadas sobre questões de estilo despertem em


você a preocupação em apresentar as suas pesquisas numa linguagem técnica correta e
agradável.

Exercício

Localize, em uma revista técnica, um artigo de seu interesse e faça uma leitura crítica
sobre o estilo adotado pelo autor. Use o Texto 15 como referência.

Enriqueça seu estudo

⇒ A Parte 3, “Manual de Estilo”, de autoria de Spector (1997), traz muitos exemplos sobre os tópicos
explanados no texto; é uma leitura proveitosa.

⇒ Beaud (2000), no capítulo 24, “Alguns conselhos muito práticos para a redação do manuscrito”,
apresenta “dicas” interessantes.

86
UNIDADE V

Texto 16
Apresentação de Citações nos
Trabalhos Acadêmicos

Esta Unidade tratou especificamente da elaboração de monografias chamadas pela ABNT


de trabalhos acadêmicos. Estes trabalhos têm uma estrutura própria, como você já viu, e devem
ser redigidos obedecendo a determinadas regras de estilo. Restam ainda dois aspectos prioritários
na redação dessa modalidade de trabalhos: são eles as citações e as referências. Este texto
tratará das citações.

Que são citações e como e quando usá-las?


Segundo a ABNT, citação é a “menção de uma informação extraída de outra fonte.”
(ASSOCIAÇÃO, 2002b, p.1).

As citações têm o objetivo de dar maior credibilidade às idéias e pontos de vista que o
pesquisador está defendendo uma vez que ele vai buscar em outros autores – especialistas no
assunto tratado – argumentos favoráveis a sua proposição.

Ao longo deste módulo você teve oportunidade de conviver com diferentes tipos de citações.
Você percebeu que algumas citações vêm inseridas no texto que escrevi, enquanto outras vêm
destacadas do texto com uma formatação específica?

Retorne ao Texto 1, “ O ato de estudar”. Observe que, logo na primeira página, aparecem dois
tipos de citações. A primeira, de Salomon, está destacada do texto, apresenta um recuo de 4 cm em
relação à margem esquerda, foi digitada com espaço de entrelinha simples e a fonte é menor do
que a utilizada no texto. Veja que ela não está entre aspas. Dois parágrafos abaixo, ainda no Texto
1, vem uma citação de Medeiros escrita no próprio texto, com a mesma fonte e entre aspas.

Por que isso ocorre?

Em primeiro lugar, deve ficar claro que ambas são denominadas de citações diretas porque
utilizam as próprias palavras do autor consultado; no caso, Salomon e Medeiros.

A ABNT (ASSOCIAÇÃO, 2002b, p.2) assim define a citação direta: “transcrição textual de
parte da obra do autor consultado.”

Ocorre, entretanto, diferentes maneiras de apresentá-las graças, principalmente, a um fator


estético. A citação de Salomon tem mais de três linhas e por essa razão é apresentada em
destaque; ela é uma citação direta longa. Já a citação de Medeiros não ultrapassa três linhas,
motivo pelo qual vem inserida no próprio texto, entre aspas. É uma citação direta curta. Veja que
por se tratar de citações textuais, que repetem exatamente as palavras do autor, eu indiquei a

87
METODOLOGIA DA PESQUISA

fonte, isto é, o sobrenome do autor, acompanhado da data e do número da página do livro de


onde ela foi extraída. Esse procedimento de indicação da fonte é chamado de autor-data. Existe
um outro procedimento que é denominado de numérico. Se você desejar conhecê-lo, consulte a
Norma NBR 10520/2002.

Uma outra maneira de você se remeter ao pensamento de um autor é a citação indireta


também chamada por alguns de paráfrase. Consulte o Texto 13 “A Comunicação dos resultados
da pesquisa – a monografia”; logo no primeiro parágrafo você encontra uma citação indireta.
Repare que eu digo com as minhas palavras que Salomon (2001) foi buscar em 1855 as origens
históricas da monografia. No sétimo parágrafo você pode verificar procedimento semelhante quando
me refiro a Severino (2000). A ABNT define esta situação como “texto baseado na obra do autor
consultado.” (ASSOCIAÇÃO, 2002b, p.2).

Muitas vezes consideramos relevante transcrever o pensamento de um autor que vem citado
numa obra escrita por outro. A isso denomina-se de citação de citação. Acompanhe a definição
dada pela ABNT “ citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao
original.”(ASSOCIAÇÃO, 2002b, p.1). Você encontra um exemplo de citação de citação no Texto
6 – “Fatos e Teorias na Construção do Conhecimento”, quando eu explico que: “Segundo Cohen
e Nagel, citados por Lakatos (1995, p.27), a palavra fato pode referir-se a coisas diferentes [...]” O
que significa isso? Simplesmente que eu tive acesso ao livro de Lakatos onde obtive a informação
de Cohen e Nagel.

Em muitas ocasiões o pesquisador não necessita transcrever os textos em sua totalidade,


deseja fazer supressão de um trecho, acrescentar algo ou enfatizar determinados aspectos. Como
proceder? Observe no parágrafo anterior que eu concluí a frase com o sinal [...]. É este o sinal
que você deve usar quando desejar fazer a supressão de um trecho na citação.

Por outro lado quando você desejar enfatizar alguma expressão ou trecho da citação, deverá
destacá-la e ao transcrever os dados da fonte acrescentar a expressão “grifo nosso”.

Na explicação que darei a seguir você verá um exemplo de destaque em citação. Acompanhe
o próximo parágrafo.

Uma maneira usual de obter informações ocorre através de depoimentos, palestras etc.
Veja o que a ABNT recomenda fazer nesta situação. “Quando se tratar de dados obtidos por
informação verbal [...] indicar, entre parênteses, a expressão informação verbal, mencionando-
se os dados disponíveis, em nota de rodapé. (ASSOCIAÇÃO, 2002, p.2, grifo nosso).

Você viu, no parágrafo anterior, que inseri o símbolo [...] significando a supressão de um
trecho, bem como negrito para a expressão informação verbal; junto à indicação da fonte foi
feito o acréscimo explicativo “grifo nosso”. Se o destaque tivesse sido do próprio autor, a expressão
a ser acrescida junto à fonte seria “grifo do autor.”

Na indicação da fonte que precede ou acompanha a citação ocorrem duas situações;

88
UNIDADE V

a) o sobrenome do autor ou autores poderá vir totalmente dentro de parênteses e nesse


caso em letras maiúsculas. Ex. (SALOMON, 2001, p.26).
b) o sobrenome do autor ou autores, devido à maneira de redigir, vem na sentença em
letras maiúsculas e minúsculas. Ex. Conforme explica Salomon (2001), a monografia é
um estudo aprofundado de um tema.

As situações mais comuns no uso de citações foram por mim expostas. Na NBR 10520/
2002, você encontrará inúmeras outras ocorrências num nível de detalhamento bem expressivo.
Você poderá consultar esta e outras normas na própria sede da ABNT que fica situada na Av.
Treze de Maio, 13 - 28º andar. Rio de Janeiro – RJ – CEP 20 003-900 – telefone (21) 3974 2300
ou, se preferir, adquiri-las.

Exercícios

Analise, neste módulo, exemplos das seguintes situações:


1. citações diretas longas
2. citações diretas curtas
3. citações indiretas
4. citação de citação
5. uso do símbolo [...]

Enriqueça seu estudo


⇒ Recomendo a leitura da NBR 10520/2002, onde encontrará informações preciosas para a redação
de citações em sua monografia.

89
METODOLOGIA DA PESQUISA

Texto 17

Como Elaborar as Referências de um Documento

Neste último texto você vai se familiarizar com a questão das referências. Até pouco tempo
era usual a expressão referências bibliográficas, mas a partir do ano 2000, quando a ABNT
atualizou a NBR 6023, ela adotou apenas o termo referências. Há uma razão para isso. É que
atualmente, com as possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias, a coleta de dados da
pesquisa não se limita às informações provenientes das bibliotecas; atinge os meios eletrônicos.

O que é exatamente referência?


É a seguinte a definição de referência adotada atualmente pela ABNT: “conjunto padronizado
de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual.”
(ASSOCIAÇÃO, 2002a, p.2).

Os elementos a serem incluídos na referência são de dois tipos: elementos essenciais que
são indispensáveis para a identificação do documento e complementares que permitem uma
melhor identificação dos mesmos.

Em que parte do trabalho devem-se localizar as referências?


A localização das referências está na dependência do tipo de documento. Se você prepara
um resumo de um texto numa ficha, por exemplo, a referência vem no início do trabalho. Em
outras ocasiões ela vem em nota de rodapé ou no fim do capítulo ou seção, mas nesse caso deve
ser repetida em lista ao final do trabalho. Esta lista é um elemento pós-textual obrigatório. Neste
texto vamos dar a você algumas orientações gerais sobre a apresentação das referências no
sistema alfabético, adotado neste trabalho. Para tanto, utilizei como exemplo diversas referências
por mim organizadas na lista que se encontra no final deste módulo. Se você tiver necessidade de
aprofundar a análise deste tema, deverá consultar a norma NBR 6023/2002.

Como deve ser feita a apresentação das referências?


Na lista, as referências devem estar alinhadas junto à margem esquerda, em espaço simples
e separadas umas das outras por espaço duplo. Os títulos podem ser destacados por negrito,
itálico ou grifo mas uma vez escolhida uma dessas formas, deve ser seguida em toda a lista. No
caso de obra sem autoria em que o título inicia a referência, ele virá em maiúsculas não se
usando, assim, negrito, itálico ou grifo. A pontuação segue regras internacionais.

90
UNIDADE V

Quais os elementos essenciais de um documento e como apresentá-los?


No caso de livros, folhetos e trabalhos acadêmicos são elementos essenciais o autor ou
autores, título, edição, local, editora e data de publicação. Veja, na lista de referências deste
módulo, os exemplos de Chizzotti (um autor) e de Lakatos e Marconi (dois autores).

Quando se tratar de parte de uma obra com autores ou títulos próprios, são elementos
essenciais o autor ou autores e título da parte, seguida da expressão latina “In”, da referência
completa da obra e da paginação da parte destacada. Veja, na lista de referências, o exemplo de
Gomes.

Quando se tratar de referência de matéria de revista ou boletim, os elementos essenciais


são autor ou autores, título da matéria, título da publicação (em destaque), numeração
correspondente ao volume, fascículo, paginação da matéria e data. Veja, na lista de referências,
o exemplo de Boruchovitch e Mercuri.

Quando se tratar de matéria de jornal, são elementos essenciais da referência, além do


autor ou autores e título da matéria, o título do jornal (em destaque), local, paginação correspondente
e data da publicação. Veja, na lista de referências, a referência de Zaluar. No caso de haver
seção, caderno ou parte, a data da publicação precede o nome da seção, caderno ou parte e a
referência finaliza com a paginação.

Quando se tratar de legislação, são essenciais jurisdição, título, numeração, data e dados
da publicação. Veja a seguir a referência de uma resolução do Conselho Nacional de Educação.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002.


Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 4 mar. 2002. Seção 1, p.9.

Quando se tratar de documentos eletrônicos (disquetes, CD-ROM, internet etc.), além


dos elementos já indicados nos parágrafos anteriores, acrescentar as informações relacionadas
à descrição física do meio. Nas obras consultadas online, o endereço eletrônico deve vir entre os
sinais < >, precedido da expressão “Disponível em”, bem como a data de acesso ao documento.
Veja, na lista de referências deste módulo, o exemplo de Godoy.

Como fazer a transcrição dos elementos na referência?


Até aqui procurei chamar a sua atenção para aspectos gerais da apresentação de referências.
É importante também passar-lhe algumas noções sobre as regras para transcrição dos elementos
de autoria, título e subtítulo, edição, local, editora e data, dentre outros. Prossiga consultando a
lista de referências.

Em relação à autoria, ocorrem as seguintes situações:


• autor pessoal: ver Costa, nas referências deste módulo;
• até três autores: ver Cervo e Bervian;
• mais de três autores: indica-se o primeiro e a expressão et al. Ver Luckesi;
• um dos autores é responsável pelo conjunto: ver Minayo;

91
METODOLOGIA DA PESQUISA

• obra traduzida: ver Beaud;


• autor entidade: ver Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Em relação ao título e subtítulo:


• devem ser transcritos separados por dois pontos destacando-se apenas a primeira parte,
como se pode ver em Goldenberg.

Em relação à edição:
• a edição deve vir logo após o título e subtítulo, conforme se vê na lista, em várias
referências; quando se tratar de obra traduzida, fazer como em Beaud.

Em relação ao local:
• deve-se transcrever o nome da cidade como, por exemplo, na referência de Cervo e
Bervian;
• quando se tratar de homônimos, acrescenta-se o nome do estado ou do país, conforme
o caso. Observe a referência de Santos, na lista de referências.
No caso de não aparecer na obra o nome da cidade, deve-se usar a expressão sine loco
entre colchetes: [S.l.].

Em relação à editora:
• indica-se o nome da editora, abreviando-se os prenomes e eliminando-se palavras que
designam a natureza jurídica e comercial, sempre que possível. Como exemplo cito a
referência de Demo.
• No caso de a editora não estar identificada, utilize a expressão sine nomine abreviada
[s.n.]. Em algumas ocasiões a editora é a pessoa ou instituição responsável pela autoria,
já tendo sido mencionada na referência. Nesse caso não se deve indicar a editora.

Em relação à data:
• é transcrita em algarismos arábicos. Quando no documento não aparece a data, mas se
conhece a data provável, coloca-se o sinal [ ]. Veja a referência de Moulin. Nas publicações
periódicas os meses são indicados de forma abreviada (três primeiras letras), com exceção
do mês de maio, que se escreve por extenso. Veja a referência de Boruchovitch e Mercuri.

Em relação a notas:
• informa a ABNT que, “sempre que necessário à identificação da obra, devem ser incluídas
notas com informações complementares, ao final da referência, sem destaque tipográfico”
(ASSOCIAÇÃO, 2002a, p. 19) e apresenta o exemplo a seguir:

ARAUJO, U. M. Máscaras inteiriças Tukúna: possibilidades de estudo de artefatos de museu


para o conhecimento do universo indígena. 1985. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais)-
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo, 1986.

92
UNIDADE V

De que maneira devem ser ordenadas as referências dos documentos


citados em um trabalho?
Os sistemas mais adotados para a ordenação das referências são o sistema alfabético, no
qual se obedece à ordem alfabética na confecção da lista, e o numérico, no qual a lista é organizada
de acordo com a ordem de citação no texto. Como já foi aqui comentado, a lista elaborada neste
módulo segue o sistema alfabético. Faça uma análise da lista e verá que sigo rigorosamente a
ordem alfabética. Além disso, as chamadas no decorrer dos textos, obedecem à mesma entrada
que utilizei nas referências. Observe também que, na lista, algumas vezes, ao invés de aparecer
o sobrenome do autor, aparece um traço (seis espaços). Isso pode ocorrer quando na mesma
página aparece o nome de um autor de várias obras. Veja os exemplos das referências da
Associação Brasileira de Normas Técnicas e de Demo, dentre outras.

Procurei apresentar a você, neste texto, as ocorrências mais usuais ao se redigirem as


referências nos trabalhos acadêmicos. Foi também minha intenção mostrar-lhe que este módulo
foi organizado de maneira a servir de exemplo na elaboração de trabalhos acadêmicos,
principalmente no que concerne às citações, utilização de fontes e apresentação de referências.

Termino aqui a minha contribuição para os seus estudos de metodologia da pesquisa


lembrando que você poderá sempre aprofundar e ampliar os seus conhecimentos recorrendo às
leituras complementares e às normas da ABNT.

Exercício

Procure em bibliotecas de instituições de ensino superior algumas monografias e faça


uma análise das listas de referências que apresentam. Compare-as com as normas da
ABNT e redija um parecer a respeito. Pontos principais a serem analisados:
- o sistema de referência utilizado
- o recurso tipográfico utilizado para destacar o título
- o alinhamento das referências
- a apresentação de periódicos e jornais
- a apresentação de referências eletrônicas
- a apresentação da edição, editora, local e data

Enriqueça seu estudo


⇒ Recomendo a leitura da NBR 6023/2002 que complementará o que você estudou neste texto.

93
METODOLOGIA DA PESQUISA

Esquematizando...

1 A COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA: A MONOGRAFIA


1.1 Monografia: estudo minucioso que propõe esgotar um tema relativamente restrito. O relatório da pes-
quisa é editorado sob a forma de uma monografia que, conforme o grau de profundidade, pode ser
um trabalho de iniciação científica, uma dissertação ou uma tese. A ABNT evita o uso do termo ge-
nérico monografia, substituindo-a na NBR 14724/2000 pela expressão trabalhos acadêmicos.
1.2 Relatório da pesquisa: processo de reflexão
pessoal
autônomo
criativo
rigoroso
1.2.1 Montagem da monografia
1.2.1.1 Redação provisória
1.2.1.2 Redação definitiva

2 ESTRUTURA DOS TRABALHOS ACADÊMICOS SEGUNDO A ABNT


2.1 Pré-textuais
2.2 Textuais
2.3 Pós-textuais

3 ESTILO PARA A REDAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS


3.1 Manual de estilo: conjunto de diretrizes para auxiliar a redação
3.2 Estrutura redacional dos trabalhos acadêmicos: seções e subseções e outros
3.3 Normas de redação
clareza
unidade
coerência
concisão
3.4 Importância do parágrafo
3.5 Cuidados a tomar no ato de redigir
concordância verbal
tempos de verbo
uso de numerais
abreviaturas
coloquialismo

4 APRESENTAÇÃO DE CITAÇÕES NOS TRABALHOS ACADÊMICOS


4.1 Definição de citação: menção de uma informação extraída de outra fonte
4.2 Tipos de citação
4.2.1 Citação direta
4.2.1.1 citação direta longa – mais de três linhas, destacada fora do texto
4.2.1.2 citação direta curta – até três linhas, inserida no próprio texto
4.2.2 Citação indireta – texto baseado na obra do autor consultado
4.2.3 Citação de citação – citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original
4.3 Informações importantes:
4.3.1 Supressão de trechos da citação: usar o sinal [...]
4.3.2 Destaque de expressões na citação: incluir a expressão “grifo nosso” ao transcrever os dados da
fonte
4.3.3 Dados obtidos por informação verbal: indicar entre parênteses a expressão “informação verbal”
4.3.4 Formas de indicação de fontes nas citações

5 COMO ELABORAR AS REFERÊNCIAS DE UM DOCUMENTO


5.1 Definição de referência: conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento
que permite sua identificação individual.
5.1.1 Elementos de uma referência
5.1.1.1 elementos essenciais
5.1.1.2 elementos complementares
5.2 Localização das referências

94
UNIDADE V

5.3 Apresentação das referências


5.4 Como apresentar os elementos essenciais de um documento
5.4.1 Livros, folhetos e trabalhos acadêmicos
5.4.2 Parte de uma obra
5.4.3 Revista ou boletim
5.4.4 Jornal
5.4.5 Legislação
5.4.6 Documentos eletrônicos
5.5 Transcrição dos elementos na referência
5.5.1 autoria
5.5.2 título e subtítulo
5.5.3 edição
5.5.4 local
5.5.5 editora
5.5.6 data
5.5.7 notas
5.6 Sistemas de ordenação das referências
5.6.1 Sistema alfabético
5.6.2 Sistema numérico

95
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação:


referências–elaboração. Rio de Janeiro, 2002a.

______. NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos–apresentação. Rio


de Janeiro, 2002b.

______. NBR 14724: Informação e documentação: trabalhos acadêmicos–apresentação. Rio de


Janeiro, 2002c.

BEAUD, Michel. Arte da tese: como redigir uma tese de mestrado ou de doutorado, uma monografia
ou qualquer outro trabalho universitário. Tradução de Glória de Carvalho Lins. 3. ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.

BORUCHOVITCH, E.; MERCURI, E. A importância do sublinhar como estratégia de estudo de


textos. Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, v. 28, n. 144, 37-40, jan./fev./mar. 1999.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996.

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

COSTA, Antônio F. G. da. Guia para elaboração de relatórios de pesquisa e monografias. Rio de
Janeiro: UNITEC, 1998.

DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1985.

______. Pesquisa: princípio científico e educativo. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1992.

FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.

GALLIANO, A. G. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986.

GIL, Antonio. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

GODOY, Norton. O neo-iluminista. O famoso cientista Edward O. Wilson prega em livro a polêmica
união de todas as ciências. ISTO É. São Paulo, 21 out. 1998. Disponível em <http://
www.istoe.com.br>. Acesso em: 25 mar. 1999.

GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais.
3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1999.

GOMES, Romeu. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria C.S. (Org.).
Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 67-80.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos da metodologia científica: teoria da ciência e prática da


pesquisa. 19. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2001.

______. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos


conteúdos. 13. ed. São Paulo: Loyola, 1996.

96
LUCKESI, Cipriano C. et al. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 11.ed. São Paulo:
Cortez, 2000.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas 6. impr. São Paulo:
EPU, 2001.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MAZZOTTI, Alda J.; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais:
pesquisa qualitativa. 2.ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos , resenhas.


3.ed. São Paulo:Atlas, 2000.

MINAYO, Maria Cecília de S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 14. ed.
Petrópolis: Vozes, 2001.

MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Tradução de Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio
Dória. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

MOULIN, Nelly M. O uso da matriz na montagem e análise de projetos de estudo. In: ZENTGRAF,
Maria Christina. Técnica de estudos e pesquisa em educação: leituras complementares. Rio de
Janeiro: CEP/UFRJ, [1996]. p. 81-85.

RICHARDSON, Roberto Jarry (Org.). Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 1999.

RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 28. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

SANTOS, Gildenir Carolino. Manual de organização de referências e citações bibliográficas para


documentos impressos e eletrônicos. Campinas, SP: Unicamp, 2000.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

SNYDERS, G. Para onde vão as pedagogias não diretivas. Lisboa: Moraes, 1987.

SPECTOR, Nelson. Manual para a redação de teses, dissertações e projetos de pesquisa. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

TYLER, Ralph E. Princípios básicos de currículo e ensino. Tradução de Leonel Vallandro. 5.ed.
Porto Alegre: Globo, 1978.

ZALUAR, Alba; PEREIRA, Luiz F.; MONTEIRO, Rodrigo. Pesquisa e liberdade de pensamento.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 9, 7 ago. 2000.

ZENTGRAF, Maria Christina. Monografia objetiva. Rio de Janeiro: ZTG, 2002. No prelo.

______. A pesquisa bibliográfica: planejamento, execução e comunicação. Rio de Janeiro: EDU/


UERJ, 1997a. Apostila.

______.Pesquisa em educação. Rio de Janeiro: CEP/UFRJ, 2000. Módulo de ensino do Curso


de Especialização em Docência Superior.

______. Técnicas de estudo e pesquisa em educação. Rio de Janeiro: CEP/UFRJ, 1997b. Módulo
de ensino do Curso de Especialização em Supervisão Escolar.
97
Apêndice
Apêndice A - Formatação de Página

CAPA FOLHA DE ROSTO

.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
(INSTITUIÇÃO) (AUTOR)

TÍTULO DO TRABALHO
AUTOR

TÍTULO DO TRABALHO

Trabalho final
apresentado à
Instituição X como
requisito para
CIDADE CIDADE obtenção do
ANO ANO certificado de ...

FOLHA DE APROVAÇÃO RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

AUTOR ABSTRACT

....................................................................
TÍTULO DO TRABALHO ....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
Natureza do ....................................................................
Trabalho ....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
Data da aprovação ....................................................................
....................................................................
....................................................................
Banca Examinadora ....................................................................
__________________ ....................................................................
__________________ ....................................................................
__________________ ....................................................................
....................................................................
LISTA DE ILUSTRAÇÕES (se houver) LISTA DE TABELAS (se houver)

LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS

FIGURA 1 Aurora Boreal, ......................... 32 TABELA 1 Custos do projeto A, ............... 45


FIGURA 2 Eclipse Solar, .......................... 40 TABELA 2 Custos do projeto B, ............... 71

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DEDICATÓRIA (opcional)


(se houver)

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas


Técnicas
CEP Centro de Estudos de Pessoal

Dedico este
estudo a meus
pais Maria e
J o a q u i m
Oliveira

100
AGRADECIMENTOS (opcional) EPÍGRAFE (opcional)

AGRADECIMENTOS

[...] somos os únicos


seres que, social e
historicamente, nos
tornamos capazes de
aprender.
(Freire, 1999, p. 77)

RESUMO EM LÍNGUA VERNÁCULA SUMÁRIO

RESUMO SUMÁRIO

....................................................................
1 INTRODUÇÃO ....................................... 5
....................................................................
.................................................................... 2 REFERENCIAL TEÓRICO .................... 10
.................................................................... 2.1 Considerações iniciais ......................... 10
.................................................................... 2.2 Histórico ............................................... 12
....................................................................
.................................................................... 3 .......................
.................................................................... 3.1 .....................
.................................................................... 4 CONCLUSÃO
.................................................................... .............................................
....................................................................
REFERÊNCIAS
....................................................................
.................................................................... APÊNDICES
.................................................................... ANEXOS
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................

101
INTRODUÇÃO DEMAIS CAPÍTULOS

2 ........................................
1 INTRODUÇÃO (título)

.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................

CONCLUSÃO REFERÊNCIAS (obrigatório)

REFERÊNCIAS
[...] CONCLUSÕES

....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................

102
APÊNDICES A, B, C etc. (opcional) ANEXOS A, B, C etc. (opcional)

APÊNDICE A - Plano de Ação ANEXO A - Modelo de Capa

MARGENS

superior
3 cm

esquerda direita
3 cm 2 cm

inferior
2 cm

103
Apêndice B - Editoras

Associação Brasileira de Tecnologia Livraria Martins Fontes


Educacional (ABT) (0XX 11) 3241-3677
(0XX 21) 2553-2123 info@martinsfontes.com
abt@domain.com.br

Makron Books do Brasil


Atlas (0XX 11) 3845-6622
(0XX 11) 221-9144 makron@books.com.br
www.edatlas.com.br

Papirus
Bertrand Brasil (0XX 19) 3234-6422
(0XX 21) 2263-2082 Caixa Postal 736
13001-970 - Campinas - SP
Cortez
(0XX 11) 3864-0111 Pioneira
cortez@cortezeditora.com.br (0XX 11) 3858-3199
pioneira@virtual-net.com.br
EPU
(0XX 11) 3168-6077 Record
(0XX 21) 2585-2000
Guanabara Koogan
Travessa do Ouvidor, 11. Saraiva
Centro – Rio de Janeiro, RJ. (0XX 11) 36133000
televendas - (11) 36133344
Harbra www.editorasaraiva.com.br
(0XX 11) 5549-2244, 5571-0276 e 5571-
9777 Vozes
(0XX 24) 2237-5112
www.vozes.com.br

104
Autora

Maria Christina Santos Rocha Zentgraf

Mestre e Doutora em Educação pela UFRJ.

Livre Docente pela UERJ.

Professora adjunta da UERJ.

Docente nos cursos de pós-graduação da UERJ e UNICARIOCA.

Especialista em Educação a Distância, tem participado do planejamento, produção e execução de


projetos na área.

Tem trabalhos publicados em revistas especializadas, no Brasil e no exterior.

É autora do presente Módulo.

Digitação e editoração eletrônica

Guido da Silva Godinho

105

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