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CURSO DE
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
METODOLOGIA DA PESQUISA
Rio de Janeiro
É vedada a reprodução integral ou parcial do material do EAD sem a
permissão escrita do CEP ou do autor.
Sumário
AO ALUNO ........................................................................................................................................5
VISÃO GERAL DA DISCIPLINA ................................................................................................................7
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 96
APÊNDICES .....................................................................................................................................99
Ao aluno
O módulo Metodologia da Pesquisa tem caráter instrumental, uma vez que se destina
a orientá-lo no sentido de ampliar seus procedimentos de estudo e iniciá-lo na
produção de trabalhos científicos. Proporciona condições de levá-lo a desenvolver o
rigor metodológico exigido pela pesquisa e o espírito crítico necessário a todo e
qualquer estudo.
Na primeira parte deste módulo, encontram-se indicações sobre os melhores
procedimentos de estudo, tais como os passos para realizar uma leitura analítica,
fazer resumos, esquemas e fichamentos, o que o transformará (se ainda não o for) em
um leitor crítico, não limitado a uma “educação bancária”, termo cunhado por Paulo
Freire ao comparar a aprendizagem tradicional à situação de depósito e retirada que
ocorre nos bancos.
Prosseguindo na leitura, você iniciará o estudo da metodologia da pesquisa através de
textos sobre o conhecimento, objeto das pesquisas científicas. Encontrará, de
maneira bastante simplificada, orientações metodológicas para planejar, executar e
comunicar os resultados de trabalhos científicos.
A execução dos exercícios é o único meio de que você dispõe para verificar como se
encontra o seu conhecimento sobre os temas propostos; assim, é imprescindível que
você os realize. Eles lhe permitirão se autoavaliar e decidir prosseguir ou fazer
recapitulações.
Ao final de cada texto, na seção Enriqueça seu estudo, sugerimos leituras
complementares, com o objetivo de aprofundar o conhecimento de determinados
assuntos ou introduzir itens não abordados.
Muitos cursistas residem em regiões longínquas, o que dificulta o acesso a livrarias e
bibliotecas. A internet também não é acessível a todos. Por este motivo, estou
fornecendo, ao final deste módulo, o telefone, endereço eletrônico ou indicação de
“sites” de algumas editoras. A maioria atende pelo reembolso postal.
Agora, algumas recomendações para que o estudo seja o mais proveitoso possível:
a) este módulo, além de conteúdos conceituais que exigem leitura e reflexão, requer
exercícios práticos para que a metodologia e as técnicas de investigação sejam
dominadas pelo pesquisador;
b) para realizar com sucesso o trabalho final, é necessário a dedicação de uma a
duas horas ao estudo diário;
c) os trabalhos técnicos, tais como artigos, livros e monografias devem seguir as
normas da Associação Brasileira da Normas Técnicas (ABNT). No ano de 2000 e
agora em 2002, as normas mais utilizadas para a elaboração de trabalhos
acadêmicos foram atualizadas. Em decorrência, praticamente todas as
publicações e livros se tornaram desatualizados, o que dificulta o trabalho dos
estudantes e pesquisadores. Assim, inseri, neste material, textos que abordam
este assunto;
d) para servir de exemplo a você, segui as normas da ABNT ao fazer citações nos
textos, ao indicar as fontes pesquisadas, ao elaborar a lista de referências ao final
do módulo e nos gráficos que se encontram no apêndice;
e) é importante alertar, entretanto, que a linguagem coloquial por mim utilizada neste
material é específica da didática da educação a distância, não devendo ser
adotada nos relatórios de pesquisas e trabalhos acadêmicos.
Finalizo esta mensagem, colocando-me à disposição para solucionar possíveis dúvidas
que venham a ocorrer e desejando-lhe muito sucesso.
A autora
Visão geral da disciplina
Objetivo geral: Aplicar métodos e técnicas de estudos e pesquisas para a elaboração de
trabalhos técnicos e científicos.
Texto 1
O Ato de Estudar
Imaginamos o iniciante no trabalho científico como aquele que, implicado num processo
de auto-desenvolvimento, vai paulatinamente se transformando: terá que ser antes
estudioso para, em seguida, tornar-se trabalhador intelectual, pesquisador e, finalmente,
autor. Essas fases, claro, não se excluem nem cessam pela aparição ulterior; antes, se
completam e se superpõem a partir de determinado momento de cada uma. (SALOMON,
2001, p. 26).
Medeiros (2000, p. 13) explica que o estudo começa com a elaboração de um pequeno
texto e atinge a produção de vários volumes de uma obra. E conclui “estudar é realizar experiências
submetidas à análise crítica e à reflexão, com o objetivo de apreender informações que sejam
úteis à resolução de problemas.”
Para realizar essas experiências citadas por Medeiros, o estudante necessita estar atento a
dois aspectos: recorrer a procedimentos adequados para buscar as informações, bem como
estabelecer uma organização para seus estudos.
Complementando tal posição, Severino (2000) adverte que o ensino superior exige dos
universitários:
• autonomia no processo de aprendizagem e postura de auto-atividade didática rigorosa,
crítica e criativa;
• projeto de trabalho intelectual individualizado, apoiado em material didático e científico
que se constitui, basicamente, na bibliografia especializada.
Desse modo, para se iniciar nas questões da pesquisa científica, o estudante precisa
conhecer e utilizar procedimentos adequados para fazer uma leitura proveitosa, fichamentos,
citações, paráfrases, esquemas e resumos, dentre outras técnicas.
Isso leva à questão da formação da biblioteca pessoal. Os livros são caros, tornam-se
ultrapassados com alguma rapidez (pelo menos as edições), e o hábito de utilização de cópias
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UNIDADE I
Além dessas fontes, a internet, rede mundial de computadores, oferece hoje um acervo
extraordinário para estudiosos das mais diferentes áreas; poderá ser bastante utilizada pelos
cursistas que dela dispõem.
Outro aspecto a considerar, principalmente por todos aqueles que estudam e trabalham, é
a programação das atividades de estudo e a divisão adequada do tempo. Não se pode fazer
um curso superior se não houver tempo disponível para estudar, para refletir. “O conhecimento
forma-se por fases e a quantidade de informação transforma-se em qualidade de conhecimento.”
(GALLIANO, 1986, p. 53).
Exercícios
⇒ No texto “Considerações em torno do ato de estudar”, o autor faz reflexões bastante oportunas sobre
o ato de estudar, que considera um trabalho difícil por exigir disciplina intelectual que não se adquire
a não ser praticando (FREIRE, 2001).
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UNIDADE I
Texto 2
Técnicas de Leitura
Prosseguindo na temática iniciada no texto “O Ato de Estudar”, onde, dentre outras coisas,
você aprendeu que existem procedimentos específicos para um estudo proveitoso, neste texto
serão abordadas algumas técnicas de leitura, pré-requisitos para um estudo aprofundado.
Ao fazer contato com o material de leitura, a sua tarefa inicial é examiná-lo no todo. Como
proceder?
Para fazer o reconhecimento de um livro, algumas questões deverão ser feitas: De que
trata o livro? Quem é o autor? Que informações o autor fornece sobre o livro? Quais os temas
abordados? Quando o livro foi publicado pela primeira vez?
Concluída esta exploração inicial e constatado o interesse pelo material, procede-se a sua
leitura.
Toda leitura é feita com um propósito que pode ser a investigação, a crítica, a comparação,
a verificação, a ampliação ou integração de conhecimentos. Para atingir esses propósitos devemos
identificar as idéias principais do autor.
Como proceder?
Estabelecida a unidade de leitura, como procurar a idéia principal que ela encerra?
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METODOLOGIA DA PESQUISA
Na maioria dos casos, o parágrafo se inicia por uma frase importante que traz a idéia principal,
acompanhada de frases que a explicam e detalham. A frase final do parágrafo sintetiza a idéia.
Pode acontecer, entretanto, que a frase que expressa a idéia principal venha ao final do parágrafo.
Lembra Salomon (2000) que a idéia principal pode estar apenas nos elementos essenciais de
uma oração, isto é, o sujeito e o predicado.
Já foi visto que o primeiro contato com o material de leitura consiste em fazer seu
reconhecimento. Este exame inicial levará o leitor a captar o plano da obra. Explica Salomon:
É comum os autores dedicarem uma parte introdutória e/ou a parte final para dar a idéia
principal. Quem escreve obedece a um plano, desenvolve idéias dentro de uma ordem
hierárquica: a mais geral para todo o trecho e as menos gerais apresentadas logo abaixo
destas. Procura distribuir as idéias específicas pelos parágrafos. (SALOMON, 2001, p. 97)
Na produção científica, o autor, ao expor o seu trabalho, procura justificá-lo para o leitor. Ele
informa, analisa, demonstra. Expõe seu trabalho através de proposições nas quais são essenciais
o sujeito (elemento causa) e o predicado (atributo do sujeito). Ao desenvolver o seu raciocínio,
utiliza o método dedutivo, uma vez que não está investigando, e sim comunicando.
Deduzirá de idéias mais gerais as mais específicas. Faz isto através de proposições que
se relacionam dentro duma estrutura lógica de demonstração: numa proposição colocará
a idéia principal e, noutras, os argumentos de sua comprovação. Em torno dessa relação,
as demais atribuições funcionarão como detalhes importantes ou como simples
acessórios. (SALOMON, 2001, p. 100).
Nos trabalhos científicos, as afirmativas, as teses, os pontos de vista estão sempre comprovados
ou justificados. Este fato levará o leitor a identificar a idéia principal e as proposições que a comprovam
ou justificam.
A técnica de sublinhar
Sublinhar é sinônimo de pôr em relevo, destacar ou salientar. É um procedimento muito
usado pelos leitores. No entanto, exige cuidados para que possa ser útil. A primeira recomendação
a ser feita é não sublinhar durante a primeira leitura.
É necessário que se tenha um primeiro contato com a unidade de leitura – parágrafo, capítulo,
livro – fazendo-se alguns sinais à margem. Quando for feita a segunda leitura, buscar a idéia
principal, os detalhes significativos, os conceitos, classificações etc. que deverão ser, então,
sublinhados.
Segundo Rickards apud Boruchovitch e Mercuri (1999, p. 37) “o sublinhar é uma estratégia
que permite focalizar a atenção da pessoa no material que está lendo, bem como revisar as idéias
essenciais, num momento posterior.”
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UNIDADE I
Pesquisas têm demonstrado que a compreensão do texto aumenta quando são sublinhados
trechos relevantes, enquanto que a aprendizagem fica prejudicada com marcações secundárias.
Explicam Boruchovitch e Mercuri quais são os objetivos da técnica de sublinhar:
• reforçar a atenção para os elementos principais do texto;
• destacar o importante do acessório;
• facilitar a releitura.
Não devem ser sublinhados detalhes, nem deve haver um excesso de informações.
Os objetivos da técnica de sublinhar são específicos, variando de uma matéria para outra.
Além disso, sofrem a influência das crenças e atitudes do leitor. Outro aspecto a observar é que
as técnicas de estudo, para produzirem resultados, dependerão não só de sua utilização adequada,
como também do conhecimento que o leitor tenha das tarefas. É imprescindível que o leitor se
pergunte:
A técnica de esquematizar
O esquema é uma representação sintética do texto através de gráficos, códigos e palavras.
Deve ser organizado segundo uma seqüência lógica onde aparecem as idéias principais, aquelas
a elas subordinadas e o inter-relacionamento de fatos e idéias.
Pode ainda ser subdividido por algarismos romanos, letras ou simplesmente diferenciado
por espaços. Alguns cuidados devem ser tomados para sua elaboração:
• só construir o esquema após a compreensão profunda do texto;
• seguir um critério lógico, ordenando idéias principais e secundárias;
• fazer esquemas que facilitem a compreensão do conteúdo.
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METODOLOGIA DA PESQUISA
A técnica de resumir
O resumo é uma condensação do texto. Apresenta as idéias essenciais e pode também
trazer a interpretação do leitor, desde que este o faça separadamente. Para elaborar o resumo
devem ser usados os mesmos procedimentos indicados para sublinhar e para elaborar esquemas.
Saber resumir é uma técnica essencial para quem estuda e cumpre tarefas intelectuais.
Para se fazer um resumo é imprescindível a compreensão do texto lido. É de suma importância
saber encontrar as idéias principais e secundárias, sublinhar e esquematizar, como já foi exposto
neste texto.
A principal diferença entre o esquema e o resumo reside no fato de que o esquema apresenta
o texto em seqüência lógica e em ordem de subordinação, e o resumo apresenta o texto de
maneira condensada.
Método e técnica não são a mesma coisa. Método é uma orientação geral constituída
por um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação
da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim. Técnica é um
modo de realizar uma atividade, arte ou ofício, de maneira mais hábil, mais segura e
perfeita. Em linhas gerais, a técnica é a maneira mais adequada de se vencer as etapas
indicadas pelo método. Por isso diz-se que o método equivale à estratégia, enquanto a
técnica equivale à tática. (GALLIANO, 1986, p. 14).
O resumo esquemático
Como o nome está dizendo, é uma técnica intermediária entre o resumo e o esquema.
A orientação prática para a seleção prévia da leitura adequada ao estudo pode resumir-
se nos seguintes passos principais:
1) Examinar o livro que desperta o interesse. Verificar título, autor, informações nas
capas, sumário ou índice, prefácio ou introdução, bibliografia, editora, número da edição
e data da publicação.
2) Tratando-se de livro recente e havendo dúvida quanto a sua validade, consultar seções
de resenhas de livros em revistas especializadas e jornais. Tratando-se de obra clássica,
consultar enciclopédias ou a opinião de um especialista no assunto.
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UNIDADE I
Finalizo este texto esclarecendo que, uma vez selecionada a unidade de leitura, destacadas
as idéias principais e secundárias, e utilizadas as técnicas de sublinhar, esquematizar e resumir,
tenho certeza de que você estará preparado para fazer uma leitura analítica, objeto do próximo
texto.
Exercícios
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METODOLOGIA DA PESQUISA
Texto 3
A Leitura Analítica
Veja, a seguir, como fazer a leitura analítica, aplicando as técnicas de leitura. Inicialmente
gostaria de esclarecer que existem diferentes nomenclaturas para designar as etapas da leitura
analítica e que optei pela classificação usada por Severino (2000).
Ele divide a leitura analítica em três etapas: a análise textual, a análise temática e a análise
interpretativa.
Análise textual
A primeira leitura (você viu no texto anterior, lembra-se?) é o contato inicial com a unidade de
leitura. Nela se adquire uma visão de conjunto do pensamento e do estilo do autor. Nesta leitura
nada se sublinha, mas devem-se assinalar, nas margens, os pontos que exigem esclarecimentos
para compreensão do texto: informações sobre o autor, sentido das palavras desconhecidas, fatos
históricos, outros autores citados etc. É a análise textual.
Você tem o hábito de consultar obras de referência? Elas são ferramental essencial para o
fornecimento de informações.
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UNIDADE I
E, como bem diz Salomon (2001, p. 70): “nunca se acomodar diante do termo desconhecido
[...] considere-o um desafio; deixar de esclarecer a dúvida no momento oportuno é sempre
prejudicial.”
O segundo passo, após esclarecidas as dúvidas, deverá ser procurar dados sobre o autor da obra.
Análise temática
É feita com o objetivo de levar o leitor a uma compreensão da mensagem veiculada pelo
autor na unidade de leitura. Nessa etapa procura-se apreender o pensamento do autor sem nele
intervir. Este procedimento é facilitado fazendo-se uma série de perguntas:
• De que trata o texto?
• Como está problematizado? Qual a dificuldade a ser resolvida?
• Qual a posição do autor sobre o problema? Que idéia defende? (a resposta a esta questão
revela a idéia principal, a tese do autor).
• Qual a argumentação, o raciocínio do autor para demonstrar a tese?
• Existem subtemas ou temas paralelos na unidade de leitura?
[...] nela o estudante não “discute” com o texto, não debate seus conceitos ou idéias,
somente interroga-o e deixa que fale em resposta. Esse “escutar”, no entanto, nada tem
de mecânico. Seria passivo, mecânico, se o propósito do estudo se restringisse à
memorização das palavras ou frases. Mas, como o propósito da leitura é apreender o
conteúdo, o ato de “escutar” o texto envolve descoberta e reflexão por parte do leitor
(GALLIANO, 1986, p. 92).
Análise interpretativa
Interpretar, explica Severino, (2000, p. 56), é “tomar uma posição própria a respeito das
idéias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autor
a um diálogo, é explorar toda a fecundidade das idéias expostas, é cotejá-las com outras, enfim,
é dialogar com o autor.”
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METODOLOGIA DA PESQUISA
Diferentemente das análises textual e temática, nas quais o leitor “ouve o autor” mas não
interfere, não assume uma posição pessoal perante o texto em estudo, na análise interpretativa
o leitor assume uma posição própria.
A análise interpretativa tem papel primordial na construção do leitor sujeito, do leitor crítico.
Severino subdivide-a nas seguintes etapas:
• situar o pensamento desenvolvido na unidade, na esfera mais ampla do pensamento
geral do autor;
• situar o autor no contexto mais amplo da cultura filosófica;
• explicitar os pressupostos que o texto implica;
• formular um juízo crítico, uma avaliação do texto em função de sua coerência interna e
da originalidade e contribuição à discussão do problema;
• fazer crítica pessoal às posições defendidas no texto, fase mais delicada da interpretação
e que exige maturidade intelectual do leitor, cuja vivência pessoal do problema deverá
ter alcançado nível que possibilite o debate da questão.
Exercícios
No texto “A Leitura Analítica” você obteve uma visão sobre a leitura analítica. Tudo indica
que se encontra em condições de aplicar em situações concretas os conhecimentos
apreendidos. Selecione um texto de sua preferência e realize a seguinte atividade:
· leitura analítica do texto, cumprindo todas as etapas e procedimentos indicados na
análise textual, temática e interpretativa, concluindo o exercício com uma síntese
pessoal. Não esqueça de colocar no início do trabalho a referência do texto lido.
⇒ Recomendo o texto “Processo de leitura crítica da palavra escrita”. Neste texto os autores trazem
subsídios que aprofundam o tema “Leitura analítica” (LUCKESI, 2000).
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UNIDADE I
Texto 4
A Documentação Pessoal
Chegamos à última etapa desta unidade, tendo até agora abordado as técnicas para
aperfeiçoar suas habilidades de estudo e leitura; este último texto trata especificamente da
documentação pessoal, em especial as fichas e sua organização em fichários.
Nesse sentido, toda informação apresentada sob a forma de textos, sinais, imagens ou
outros meios, armazenada em papel, madeira, pedra ou outros recursos, através de técnicas de
impressão, pintura, gravação etc., é um documento.
Como documentar?
A maneira mais indicada é fazer registros em fichas e organizá-las em fichários. Atualmente,
a informática está introduzindo novos procedimentos; estes procedimentos variam de pessoa a
pessoa. Vou dar, apenas, algumas sugestões de ordem geral. Se for do seu interesse, procure
ampliar as informações, nas leituras indicadas.
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METODOLOGIA DA PESQUISA
Veja o que diz Cervo (1996, p. 73) sobre a técnica de fichamento: “Aquele que tiver suficiente
paciência para realizar estas tarefas cansativas com esmero terá a grande satisfação de constatar
que seu esforço será compensado ante a facilidade com que poderá proceder à redação de seu
trabalho: basta dispor todas as fichas referentes a um mesmo assunto sobre a mesa.”
Lakatos (2001) faz um estudo bastante detalhado sobre fichas e fichários. Aborda a questão
do aspecto físico, da composição, dos respectivos conteúdos, tipos de fichas (com exemplos
concretos dos mesmos) etc. Apresenta, ainda, procedimentos e modelos de fichamentos.
A seguir você terá oportunidade de analisar diferentes tipos de fichas adaptadas de Lakatos:
a) Ficha de citações
Neste tipo de ficha são reproduzidas frases e parágrafos inteiros ou parte deles. O sinal [...]
indica a supressão de partes do texto.
MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: Conselho
Estadual de Artes e Ciências Humanas,1978, 152 p.
“Entre os diversos tipos humanos característicos existentes no Brasil, o garimpeiro apresenta-se,
desde os tempos coloniais, como um elemento pioneiro, desbravador e, sob certa forma, como agente de
integração nacional.” (p. 7).
“Os trabalhos no garimpo são feitos, em geral, por homens, aparecendo a mulher muito raramente e
apenas no serviço de lavação ou escolha de cascalho, por serem mais suaves do que o de desmonte.” (p.
26).
“[...] indivíduos [os garimpeiros] que reunidos mais ou menos acidentalmente continuam a viver e
trabalhar juntos. Normalmente abrangem indivíduos de um só sexo [...] e sua organização é mais ou
menos influenciada pelos padrões que já existem em nossa cultura para agrupamentos dessa natureza.”
(p. 47) (LINTON, Ralph. O homem; uma introdução à antropologia. 5. ed. São Paulo: Martins, 1965, p.
111).
“O garimpeiro [...] é ainda um homem rural em processo lento de urbanização, com métodos de vida
pouco diferentes dos habitantes da cidade, deles não se distanciando notavelmente em nenhum aspecto:
vestuário, alimentação, vida familiar.” (p. 48).
“A característica fundamental no comportamento do garimpeiro [...] é a liberdade.” (p. 130).
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UNIDADE I
Quando a frase transcrita tiver sido extraída de outra obra, deve-se citar entre parênteses a
referência bibliográfica, como se pode observar no exemplo de ficha citação.
MARCONI, Marina de Andrade. Garimpos e garimpeiros em Patrocínio Paulista. São Paulo: Conselho
Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1978, 152 p.
Pesquisa de campo que se propõe a dar uma visão antropológica do garimpo em Patrocínio Paulista.
Descreve um tipo humano característico, o garimpeiro, em uma abordagem econômica e sócio-cultural.
Enfoca aspectos geográficos e históricos da região, desde a fundação do povoado até a constituição
do município. Enfatiza as atividades econômicas da região em que se insere o garimpo, sua correlação
principalmente com as atividades agrícolas, indicando que alguns garimpeiros do local executam o trabalho
do garimpo em fins de semana ou no período de entressafra, sendo, portanto, em parte, trabalhadores
agrícolas, apesar da maioria residir na área urbana.
Dá especial destaque à descrição das fases da atividade de garimpo incluindo as ferramentas utilizadas.
Apresenta a hierarquia de posições existentes e os tipos de contrato de trabalho que diferem do rural e o
respeito do garimpeiro à palavra empenhada. Aponta o sentimento de liberdade do garimpeiro e justifica
seu nomadismo, como conseqüência de sua atividade.
A análise econômica abrange ainda o nível de vida como sendo, de modo geral, superior ao do egresso
do campo e a descrição das casas e seus equipamentos, indicando as diferenças entre ranchos da zona
rural e casas da zona urbana.
Sob o aspecto sócio-cultural demonstra a elevação do nível educacional e a mobilidade profissional
entre as gerações: dificilmente o pai do garimpeiro exerceu essa atividade e as aspirações para os filhos
excluem o garimpo. Faz referência ao tipo de família mais comum – a nuclear – aos laços de parentesco
e ao papel relevante do compadrio. Considera adequados a alimentação e os hábitos de higiene, tanto
dos garimpeiros quanto de suas famílias. No que respeita à saúde, comprova a predominância da consulta
aos curandeiros e aos medicamentos caseiros.
Faz um levantamento de crendices e superstições, com especial destaque ao que se refere à atividade
de trabalho. Aponta a influência dos sonhos nas práticas diárias.
Finaliza com um glossário que esclarece a linguagem especial dos garimpeiros.
A ficha de resumo apresenta a essência do texto numa sintaxe elaborada pelo leitor. Embora
seja mais detalhada do que a ficha bibliográfica, não é longa. Os verbos devem ser ativos.
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METODOLOGIA DA PESQUISA
Como está claro no exemplo, o leitor realiza uma interpretação crítica neste tipo de ficha.
Esta análise pode ser feita em relação:
• ao conteúdo
• à forma de apresentação
• a outras obras etc.
Foi intenção, nesta primeira unidade, conscientizar você da necessidade de utilizar uma
metodologia de trabalho especialmente voltada para o ensino individualizado e fundamentada em
técnicas de estudo; elas ajudarão a desenvolver estudos com maior racionalidade, sistematização
e aproveitamento. Esta postura é particularmente necessária nos cursos a distância, nos quais,
embora você possa recorrer ao tutor, o seu processo de aprendizagem ocorre na maioria das
vezes de maneira solitária.
Exercícios
1. Elabore três diferentes tipos de fichas (citação, resumo e analítica) com base em um
dos textos indicados para o curso ou outro mais acessível a você.
⇒ Se você desejar conhecer mais sobre o tema documentação, faça a leitura da parte III
(Documentação) do livro de Chizzotti (2000).
⇒ Muito oportuna também é a leitura do texto Fichas, encontrado no livro de Lakatos (2001).
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UNIDADE I
Esquematizando...
O Ato de Estudar
Para desenvolver
{ o espírito crítico
a prática de trabalho técnico { é necessário adquirir o hábito de estudos sistemáticos e eficientes
através da utilização de métodos e técnicas adequados
Técnicas de Leitura
Propósito da leitura:
investigação
crítica
comparação
verificação
ampliação/integração de conhecimentos
Procedimentos para identificar as idéias principais do autor:
fazer leitura integral
estabelecer unidades de leitura
sublinhar
esquematizar
resumir
A Leitura Analítica
Leitura analítica Classificação das etapas da leitura analítica
Estudo aprofundado do texto: Análise:
compreensão textual
apreensão temática
julgamento interpretativa
A Documentação Pessoal
Documentação pessoal: fichas e fichários
Vantagens da documentação pessoal
Documentação pessoal
O que documentar
Como documentar
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Unidade II
O Conhecimento como Forma de Compreensão e
Transformação da Realidade
Texto 5
Concepções e Formas de Conhecimento
Nesta unidade (adaptada de Zentgraf, 1997b), você refletirá sobre o papel do conhecimento
para a compreensão e transformação do mundo.
A compreensão do mundo ocorre tanto em situações simples do cotidiano quanto nas complexas,
em instituições e laboratórios científicos. O conhecimento se revela de forma teórico-prática.
Poderíamos analisar o seu aspecto externo, a sua aparência e dizer coisas a partir de
nossa experiência cotidiana ou do bom senso; ou então, investigar experimentalmente as relações
entre seus órgãos e respectivas funções; ou ainda, questionar a sua origem, sua liberdade e,
finalmente, o que dele foi dito por Deus.
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UNIDADE II
O conhecimento empírico
Também chamado vulgar, é obtido ao acaso, baseado na experiência da vida cotidiana.
Pode resultar de experiências repetidas, casuais, sem observação metódica ou de simples
transmissão de geração em geração. Apresenta as seguintes características:
Apesar dessas restrições, o conhecimento vulgar, o senso comum, não deve ser
menosprezado; constitui a base do saber e é bastante anterior ao aparecimento da ciência.
O conhecimento científico
A revolução científica, propriamente dita, ocorreu nos séculos XVI e XVII com Copérnico,
Bacon, Galileu, Descartes e outros estudiosos. Daí para cá o desenvolvimento da ciência foi-se
acelerando continuamente e hoje, com sua metodologia objetiva e rigorosa, abrange pesquisas
em todas as áreas do mundo físico e humano. É um conhecimento real, lida com fatos. Difere do
conhecimento filosófico porque suas proposições ou hipóteses são testadas pela experimentação,
não só pela razão. É sistemático, é um saber ordenado logicamente, formando teorias. É verificável,
as hipóteses não comprovadas não constituem conhecimento científico, e é falível, uma vez que
não é um conhecimento definitivo; novas pesquisas e proposições podem rever a teoria existente.
Saber que determinada planta necessita de uma quantidade “X” de água e que, se não
a receber de forma “natural”, deve ser irrigada, pode ser um conhecimento verdadeiro e
comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais
além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento
e as particularidades que distinguem uma espécie de outra.
O conhecimento filosófico
Difere do científico pelo objeto de investigação e pela metodologia. Como vimos, o objeto
da ciência são os dados próximos, perceptíveis pelos sentidos ou por instrumentos, e verificáveis
pela experimentação. Quanto ao objeto da filosofia, explica Cervo (1996, p.10), “é constituído de
realidades mediatas, não perceptíveis pelos sentidos e que, por serem de ordem supra-sensível,
ultrapassam a experiência.”
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METODOLOGIA DA PESQUISA
O conhecimento teológico
É um conjunto de verdades aceitas pelos homens a partir da revelação divina. É o resultado
da fé humana na existência de uma ou mais divindades.
Verdade-Evidência-Certeza
Ao tratar do conhecimento, vimos que a realidade é misteriosa, enigmática e através da
compreensão do entendimento ela se revela ao homem. Vimos também que o homem procura
entendê-la de diferentes maneiras e suas limitações dificultam a compreensão da realidade que
é múltipla e complexa. Como, então, pode o homem chegar à verdade?
Todos falam, discutem e querem estar com a verdade. Nenhum mortal, porém, é o dono
da verdade. Isto porque o problema da verdade radica na finitude do homem, de um
lado, e na complexidade e ocultamento do ser da realidade, de outro lado. [...] Aquilo que
se manifesta, que aparece em dado momento, não é, certamente, a totalidade do objeto
da realidade investigada. [...] Isto, porém, não invalida o esforço humano na busca da
verdade, na procura incansável de decifrar os enigmas do universo. [...] Pode-se dizer
que, em certas áreas, o homem já entendeu bastante daquilo que o ser é e manifesta: a
conquista tecnológica, as viagens espaciais mostram quanto já foi aprendido, e isto graças,
certamente, aos instrumentos científicos de que o homem se serviu para perceber e ver
o que os sentidos jamais teriam visto. [...] O desvelamento do ser das coisas supõe, e
isto é inegável, a capacidade do homem de receber as mensagens; isto implica atenção,
bons sentidos, bons instrumentos. [...] O método e os instrumentos são a alma de toda a
pesquisa científica, rumo à abertura do ser, à manifestação do ser ao conhecimento da
verdade. [...]
30
UNIDADE II
Este trecho de Cervo leva-nos a refletir sobre o conhecimento científico e seus condicionantes:
o rigor e o método, a utilização de instrumentos adequados e o espírito científico, essencial ao
pesquisador.
Como está claro, o homem pode conhecer o objeto de modo humano, imperfeito, através
da representação do mesmo e das impressões que ele provoca. À medida que novas impressões
forem aparecendo, novos aspectos do objeto vão se tornando claros mas a totalidade nunca será
atingida, a verdade absoluta e total nunca será conhecida pelo homem.
Para que a verdade, mesmo parcialmente, apareça, é necessário que ocorra a evidência. O
que é a evidência?
O que entender pelas palavras de Cervo? Analise a partir de um exemplo: muitas vezes, o
iniciante em pesquisas desenvolve um trabalho e, ao chegar aos resultados e conclusões do
mesmo, faz afirmações que não se referem às questões que pesquisou: portanto, não tem
evidências que demonstrem a veracidade de suas palavras e está falando de maneira arbitrária
sobre o que não desvelou na sua pesquisa.
Por outro lado, se o pesquisador tiver chegado a evidências, poderá fazer afirmativas sem temor
de engano, terá certeza sobre o que estudou; terá chegado à verdade sobre um determinado objeto.
A certeza é o estado de espírito que consiste na adesão firme a uma verdade, sem temor
de engano. Esse estado de espírito se fundamenta na evidência, no desvelamento do ser.
[...]
Relacionando o trinômio [verdade, evidência, certeza] poder-se-ia concluir dizendo:
havendo evidência, isto é, se o objeto se desvela ou se manifesta com suficiente clareza,
pode-se afirmar com certeza, isto é, sem temor de engano, uma verdade.
O espírito científico requer do pesquisador uma mente objetiva, crítica e racional. Soluções
parciais, meias verdades, não condizem com a ciência. Muitas vezes, por falta de evidências que
conduzam à certeza, outras situações se manifestam: a ignorância, a dúvida e a opinião.
31
METODOLOGIA DA PESQUISA
As definições de Cervo sobre os diferentes tipos de dúvida deixam bastante claro que ela é
um estado de espírito bastante útil e necessário para o conhecimento científico. Quer seja a
dúvida refletida, quer seja a dúvida metódica, trata-se, sem dúvida, de uma etapa essencial à
compreensão do conhecimento, da evidência, da verdade.
A opinião é uma afirmativa sobre um objeto, mas sem certeza. Quem emite uma opinião tem
medo de se enganar porque os argumentos em contrário são fortes e o sujeito não tem evidências
suficientes para refutá-los. Imbuído do espírito científico que se constrói ao longo da vida, de posse
de instrumental metodológico e pesquisando a verdade com rigor e seriedade, o estudante tornar-
se-á apto a enfrentar e solucionar os problemas que se apresentam na vida profissional.
Finalizando este texto, é oportuno trazer à nossa reflexão alguns trechos retirados de Morin
(1999):
32
UNIDADE II
Exercícios
⇒ Para complementar os conteúdos relativos ao objetivo desta unidade, leia o texto “O conhecimento
científico”, encontrado no livro de Köche (2001).
⇒ Recomendo também a leitura de Zaluar et al. (2000), matéria publicada no Jornal do Brasil, que leva
o leitor a refletir sobre questões éticas ligadas à pesquisa.
33
METODOLOGIA DA PESQUISA
Texto 6
Fatos e Teorias na Construção do
Conhecimento
Dentre os autores adotados neste curso, Lakatos (1995) serviu de orientação para o
desenvolvimento deste texto. Ela apresenta e analisa diversos conceitos de ciência, dentre os
quais o de Ander-Egg: “A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis,
obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma
mesma natureza.” (LAKATOS, 1995, p. 19)
A ciência não é uma operação de verificação das realidades triviais, ela é a descoberta
de um real escondido ou, como diz Espagnat, velado. Em contrapartida, é preciso citar
que, no diálogo que a atividade científica estabelece com o mundo dos fenômenos, com
o mundo real que se oculta, há um problema de sacrifício de ambas as partes. Para que
haja uma aproximação e um diálogo entre a inteligência do homem e a realidade ou a
natureza do mundo, são precisos sacrifícios enormes [...].
34
UNIDADE II
A diferença básica entre os dois grandes grupos reside no objeto de estudo; as ciências
formais estudam as idéias e as ciências factuais estudam os fatos. As primeiras, como a
matemática, por exemplo, não têm relação com fatos da realidade e em conseqüência “não podem
valer-se dos contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas” (LAKATOS, 1995, p.
25). Em conseqüência, usam a lógica. As segundas, como a física, estudam fatos que se supõe
ocorrer na realidade e, então, podem usar a observação e a experimentação para testar suas
hipóteses.
Outro aspecto a destacar é que as ciências formais podem demonstrar ou provar, enquanto
as factuais verificam, comprovando ou refutando suas hipóteses. A demonstração é final, enquanto
a verificação é provisória.
Não se pode falar dos ramos das ciências sem enfocar a posição de cientistas que se
opõem a um excesso de especializações. Observe o que escreve Morin (1999, p. 10):
A pré-história da ciência ainda não está morta no fim do século 20. Mas, em toda parte,
cada vez mais tende-se a ultrapassar, abrir, englobar as disciplinas, e elas aparecerão,
pela ótica da ciência futura, como um momento de sua pré-história. Isso não significa
que as distinções, as especializações, as competências devam dissolver-se. Isso significa
que um princípio federador e organizador do saber deve impor-se.
Não é outra a posição do cientista Edward. O. Wilson, como mostra Godoy (1999), ao
comentar o livro traduzido do cientista “A unidade do conhecimento. Consiliência”. O termo
consiliência é antigo, representava a idéia de uma só ciência defendida por iluministas na metade
do século XIX. Wilson afirma que há condições de superar a situação atual e reunir os vários
campos do conhecimento. Segundo Godoy, o argumento central do cientista é de que o trabalho
mental é produto de atividades psicoquímicas do cérebro e suas interações com o corpo humano.
Nesse sentido, as ciências exatas são necessárias para o desenvolvimento das ciências sociais e
humanas.
As ciências factuais, através do estudo metódico, sistemático e racional dos fatos, chegam
ao conhecimeto da realidade. O que são fatos?
Segundo Cohen e Nagel, citados por Lakatos (1995, p. 27), a palavra fato pode referir-se a
coisas diferentes, dentre as quais interessam ao presente estudo: “coisas que existem no espaço
35
METODOLOGIA DA PESQUISA
e no tempo (assim como as relações entre elas), em virtude das quais uma proposição é verdadeira.
A função da hipótese é chegar aos fatos. [...]”
Existem exemplos clássicos de fatos que deram origem a leis e teorias. Arquimedes, por
exemplo, ao se banhar percebeu que seu corpo perdia peso quando mergulhava na água. Este
fato levou a uma lei da hidrostática.
Em suma, a realidade empírica se revela através de fatos; fato é qualquer coisa que exista
na realidade.
A ciência não se preocupa com casos individuais e sim com generalizações. Verifica os
fatos particulares para, através deles, chegar a proposições gerais denominadas leis. A lei procura
explicar os fenômenos da realidade, os aspectos invariáveis comuns a diferentes fenômenos.
Quando o conhecimento a respeito de fatos ou de relações entre eles é amplo, temos uma teoria.
Explica Lakatos (1995, p.89) que, se o fato é uma observação empiricamente verificada, “a
teoria se refere a relações entre fatos ou, em outras palavras, à ordenação significativa desses
fatos, consistindo em conceitos, classificações, correlações, generalizações, princípios, leis, regras,
teoremas e axiomas”.
Esta conceituação leva a concluir que teoria e fato são os objetos de estudo dos cientistas;
a teoria se baseia em fatos e a justaposição de fatos sem “um princípio de classificação (teoria),
não produziria a ciência.” (p. 89). Logo, o desenvolvimento cientifico é “uma inter-relação constante
entre teoria e fato.” (p. 89).
Goode e Hatt, citados por Lakatos, estudaram o papel da teoria em relação aos fatos que
apresento esquematicamente:
a) a teoria serve como orientação para restringir a amplitude dos fatos a serem estudados;
c) a teoria serve para resumir sinteticamente o que já se sabe sobre o objeto de estudo,
através das generalizações empíricas e das inter-relações entre afirmações comprovadas;
d) a teoria serve para, baseando-se em fatos e relações já conhecidos, prever novos fatos
e relações;
e) a teoria serve para indicar os fatos e as relações que ainda não estão satisfatoriamente
explicados e as áreas da realidade que demandam pesquisas.
Os fatos, por sua vez, também podem desempenhar função significativa na construção da
teoria. Veja o que diz Lakatos:
a) um fato novo, uma descoberta, pode provocar o início de uma nova teoria;
b) os fatos podem provocar a rejeição ou a reformulação de teorias já existentes;
36
UNIDADE II
Chegamos ao final da Unidade II cujo tema foi o conhecimento. Você deve ter-se
familiarizado com suas diferentes modalidades, bem como com a importância e características
do conhecimento científico como forma de libertação do Homem em relação ao mundo. Iniciou-
se, também, no entendimento do modo específico que a ciência adota para conhecer a realidade:
a verificação de fatos e a inter-relação entre os mesmos (leis e teorias). Na próxima Unidade
vamos aprofundar os procedimentos científicos para a produção do conhecimento.
Exercício
⇒ A leitura do texto “O problema metodológico da pesquisa”, itens 1 e 2, levará o leitor a fazer uma
revisão dos conceitos de fato, fenômeno, leis e teorias. (Rudio, 2000).
37
METODOLOGIA DA PESQUISA
Esquematizando...
é social
é histórico
Aspectos do conhecimento é um modo de iluminação da realidade
é necessário para o progresso
pode ter função de libertação ou de opressão
Abordagens do conhecimento
empírico (vulgar ou popular) - superficial, sensitivo, subjetivo, assistemático, a-crítico
científico - real, sistemático, verificável, falível
filosófico - valorativo, racional, sistemático
teológico - verdades aceitas pelos homens a partir da revelação divina
Verdade-Evidência-Certeza
Verdade - é o encontro do homem com o desvelamento do ser
Evidência - é a manifestação clara do ser; é o critério da verdade
Certeza - é a adesão firme a uma verdade
Ignorância - é a ausência de conhecimento relativo a um objeto por falta de desvelamento
Dúvida - estado de equilíbrio entre afirmação e negação
Opinião - afirmativa sobre um objeto, mas sem certeza
estudam as idéias
Formais Exemplos: Lógica e Matemática
podem demonstrar ou provar
38
Unidade III
A Produção e Transmissão do Conhecimento
Através da Pesquisa Científica
Texto 7
Pesquisa Científica: conceito e modalidades
O conhecimento científico, como ficou evidente na Unidade II, é essencial para que o Homem
entenda a realidade e a transforme.
Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como
objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida
quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então
quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa
ser adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa é desenvolvida mediante o
concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas
e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de
um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema
até a satisfatória apresentação dos resultados (GIL, 1996, p. 19).
A pesquisa tem diferentes objetivos. A pesquisa pura é aquela realizada por questões de
ordem intelectual; amplia o saber, estabelece princípios científicos.
A pesquisa aplicada é realizada por questões imediatas, de cunho prático; busca soluções
para problemas concretos.
Quanto à pesquisa original, caracteriza-se por apresentar resultados que são novas
conquistas para a área de conhecimento investigada.
40
UNIDADE III
Neste ponto, aproveito para lembrar que incentivar o espírito crítico, a curiosidade, o hábito
da pesquisa é papel do professor; veja o que diz Demo sobre o assunto:
Há, entretanto, procedimentos que são utilizados pela totalidade ou quase totalidade das
ciências; neste caso, estamos na presença do método. Diz Cervo (1996, p. 46), “métodos são
técnicas suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns a uma área das ciências
ou a todas as ciências”.
Desse modo, existem procedimentos que são idênticos em todas as ciências e que são
utilizados em quase todas as pesquisas. São eles:
f) prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que
surjam certas relações.
Esta metodologia é complementada com técnicas que são específicas para as diferentes
ciências.
41
METODOLOGIA DA PESQUISA
Cervo adota como critério para classificação o procedimento geral utilizado. De acordo com
este critério, ele apresenta os seguintes tipos de pesquisa: bibliográfica, descritiva e experimental.
42
UNIDADE III
Em todas essas formas, a coleta de dados da realidade presente é a técnica por excelência;
para tanto, o pesquisador utiliza como instrumentos a observação, o questionário e a entrevista,
que serão abordados na Unidade IV.
Concluímos aqui este texto esperando que você adote a pesquisa como forma de conhecer
a realidade que o cerca e desenvolva, em seus alunos, hábitos de estudo que favoreçam o
surgimento do espírito científico.
Exercícios
⇒ Através da leitura do texto “Pesquisa descritiva e pesquisa experimental” (Rudio, 2000), você terá
oportunidade de ampliar a noção de “variáveis” e suas diferentes modalidades, bem como aprofundar
as noções sobre os tipos de pesquisa estudados.
43
METODOLOGIA DA PESQUISA
Texto 8
Paradigmas Metodológicos da
Pesquisa Científica
Vimos no texto anterior que a pesquisa é o meio por excelência de se obter o conhecimento
e que a mesma se apresenta sob diferentes modalidades, em conseqüência da amplitude e
enfoque da realidade investigada pelas ciências. Chizzotti (2000, p. 11) explica que “Transformar
o mundo, criar objetos e concepções, encontrar explicações e avançar previsões, trabalhar a
natureza e elaborar as suas ações e idéias são fins subjacentes a todo esforço de pesquisa.”
44
UNIDADE III
prestando grandes serviços à pesquisa social, não eliminaram os desafios da realidade fluida do
mundo das variáveis neste campo. Começa-se, então, a adotar novas abordagens e metodologias
de investigação ligadas ao paradigma das Ciências Humanas, visando superar limitações não
superadas pelas pesquisas até então desenvolvidas. São as metodologias qualitativas; sobre
elas, explica Lüdke:
Bogdan e Biklen, citados por Lüdke, afirmam que a pesquisa qualitativa ou naturalística
utiliza dados descritivos obtidos pelo pesquisador no contato com a situação em estudo, enfatiza
o processo e leva em consideração a perspectiva dos participantes. Citam as pesquisas do tipo
etnográfico e o estudo de caso como pesquisas qualitativas que vêm tendo grande aceitação
na área educacional.
Entre a polêmica suscitada pelos que defendem uma só metodologia científica calcada nas
ciências naturais e aqueles que consideram o fenômeno humano tão específico que necessita de
metodologia totalmente diferente daquela das ciências naturais, acompanho Demo (1985), que
adota uma posição intermediária, explicando que muito da abordagem das ciências naturais
vale igualmente para as humanas, como, por exemplo, as regras lógicas do conhecimento. Este
fato não invalida a necessidade de que as ciências humanas tenham uma metodologia específica
“porque o fenômeno humano possui componentes irredutíveis às características da realidade
exata e natural.” (p. 13).
45
METODOLOGIA DA PESQUISA
Exercícios
1. Faça uma consulta a obras de referência, livros de Filosofia ou História das Ciências
e transcreva o significado dos termos “positivismo” e “empirismo”.
2. Localize, em livros de Sociologia, o significado de “concepção funcionalista da
sociedade”.
3. Discorra sobre os dois paradigmas da ciência que se contrapõem na atualidade.
4. Você concorda com a posição de Demo sobre os atuais paradigmas? Justifique.
5. Discorra sobre a tendência predominante nas pesquisas educacionais realizadas na
atualidade.
⇒ Para aprofundamento desta Unidade muito contribuirá a leitura de dois textos de Demo (1985):
1 - Introdução ao ensino da metodologia da ciência.
2 - A construção científica.
Esquematizando...
46
Unidade IV
Etapas do Processo de Produção de
Pesquisas Científicas
Texto 9
A Lógica da Concepção do
Projeto de Pesquisa
A 1ª etapa na concepção de uma pesquisa a ser realizada é a escolha do tema. Diz Castro
(in Zentgraf, 1997b) que uma escolha mal feita torna a pesquisa inviável.
Muito interessante também é seguir o roteiro que Castro sugere para discussão do assunto
da pesquisa e que se resume no seguinte: uma tese deve ser original, importante e viável. E
explica ele que, embora seja relativamente fácil atender a um ou dois desses critérios, o mesmo
não ocorre quando se trata dos três. Veja os exemplos que ele dá:
De modo geral isto ocorre em duas situações: a) quando diz respeito a um segmento
relativamente grande da sociedade; b) quando se relaciona a uma questão teórica cuja solução é
uma contribuição para a literatura especializada.
48
UNIDADE IV
Um tema é original quando seus resultados nos surpreendem. Neste aspecto convém destacar
que, quanto mais investigado for um problema, menos chance haverá de revelar novas facetas. O
exemplo transcrito de Castro em relação a um tema de pesquisa que abordasse a evasão do ensino
primário mostra claramente se tratar de um tema que dificilmente apontará fatos novos.
E quanto à viabilidade?
Este critério é facilmente operacionalizado; é decorrência da análise de alguns itens tais como:
prazos, recursos financeiros, disponibilidade de informações, teorias já existentes a respeito etc. Não
sendo possível o atendimento a esses itens, pode-se concretamente afirmar que o tema é inviável.
Feitas essas considerações sobre a escolha do tema, será abordada a seguir a definição do
problema. Sim, porque um tema ainda não é um problema.
Muitas vezes o problema está formulado de maneira a levar a conclusões subjetivas e não
objetivas como devem ser as investigações científicas. É o caso, por exemplo, de se pesquisar a
qualidade do ensino das universidades públicas.
49
METODOLOGIA DA PESQUISA
Para conhecer e optar pelos pressupostos que direcionarão o estudo, o pesquisador deverá
fazer uma pequena pesquisa bibliográfica sobre o problema.
A etapa seguinte é estabelecer o objetivo da pesquisa, isto é, até onde o pesquisador pretende
chegar com sua investigação. Veja-se a lógica que envolve as várias etapas aqui expostas. O tema
(o que investigar) foi desdobrado em um problema que pressupõe estudos teóricos que servirão de
base ao objetivo que o pesquisador pretende alcançar. Para alcançar o objetivo final, o pesquisador
trabalhará com questões ou objetivos específicos que, respondidos, levarão ao alcance do objetivo
final da pesquisa. Poderá também trabalhar com hipóteses respostas provisórias ao problema em
estudo que poderão ser confirmadas ou refutadas.
Sobre as hipóteses, algumas considerações de Gil (1996) explicam ser a hipótese uma
proposição ou expressão verbal suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa; é, portanto, uma
“proposição estável que pode vir a ser a solução do problema.” (p.35).
Prosseguindo, o pesquisador explicita no projeto como vai trabalhar para chegar ao que
pretende: a metodologia que adotará e as técnicas que utilizará.
50
UNIDADE IV
Agora, você terá oportunidade de analisar uma matriz preenchida com os dados fundamentais
de um projeto. É apenas um exemplo, existem inúmeras outras maneiras igualmente válidas.
51
METODOLOGIA DA PESQUISA
Como está bastante claro, o projeto é um documento que deve acompanhar o pesquisador
durante todo o processo da pesquisa; é uma diretriz a ser, na medida do possível, seguida. Como,
então, estruturá-lo?
A disposição dos diferentes itens no projeto não se reveste de caráter rígido, varia de autor
para autor.
A seguir sugiro uma estrutura que você poderá seguir ao elaborar um projeto de pesquisa.
• Folha de rosto - contendo dados de identificação do projeto.
• Sumário - enumeração das principais divisões e seções do projeto.
• Introdução - onde de forma dissertativa é apresentado o tema, sua delimitação, a origem do
problema, como o pesquisador chegou a ele, a justificativa, os pressupostos teóricos e o
objetivo que pretende alcançar.
• Hipóteses ou questões a investigar - de maneira clara e objetiva, explicitar hipóteses,
ou então, questões a serem pesquisadas.
• Procedimentos/Metodologia - aqui, também de forma dissertativa, o autor anuncia o
tipo de pesquisa, os métodos de raciocínio (facultativo) e as técnicas a serem empregadas
(procedimentos mais restritos).
• Cronograma de execução - formulário onde são registradas as etapas e atividades da
execução da pesquisa segundo o tempo previsto.
• Orçamento - detalhamento dos recursos humanos (pessoal), materiais e financeiros
necessários.
• Referências - listagem das fontes utilizadas no planejamento e elaboração do projeto.
• Apêndice - onde deve constar texto ou documento elaborado por você, considerado
necessário.
• Anexo - onde deve constar texto ou documento não elaborado por você, mas que
considere necessário.
52
UNIDADE IV
Exercícios
53
METODOLOGIA DA PESQUISA
Texto 10
A Pesquisa Bibliográfica
Neste texto (adaptado de Zentgraf, 1997a) será apresentado um tipo especial de trabalho
científico: a pesquisa bibliográfica. Ela é particularmente importante porque, além de ser uma
pesquisa independente, é pré-requisito para qualquer pesquisa científica.
Como você vê, o iniciante precisa conhecer e praticar este tipo de pesquisa, essencial para
que se desenvolva profissionalmente. Ao fazer tal afirmativa não me dirijo apenas a futuros
pesquisadores, mas a qualquer profissional, uma vez que o espírito científico possibilita uma
visão da realidade menos dependente do conhecimento popular. O propósito deste texto é
familiarizá-lo com as atividades de planejamento e execução da pesquisa bibliográfica e
documental.
Qualquer pesquisa exige coleta de dados de fontes variadas que se processa através de
documentação direta ou indireta. O pesquisador pode recolher dados através de observações,
entrevistas e questionários nos locais em que o fenômeno ocorre (pesquisa de campo ou de
laboratório); é o processo de documentação direta. Mas pode também utilizar dados levantados
por outras pessoas. Neste caso, ocorre o processo de documentação indireta.
Diante do exposto, é oportuno trazer, para a sua reflexão e análise, este estudo que engloba as
etapas do planejamento e execução da pesquisa bibliográfica. Para facilitar o seu estudo, o texto está
54
UNIDADE IV
Quadro-síntese do planejamento
Etapa Atividades
• Escolha do tema
• Delimitação do tema
• Problematização
• Justificativa
• Pressupostos teóricos
Planejamento
• Objetivos
da pesquisa
bibliográfica • Hipóteses/Questões
• Procedimentos (Metodologia)
• Construção da matriz
• Cronograma de execução
• Orçamento
• Elaboração final do projeto
Você deve ter observado que a elaboração do projeto de pesquisa é a última atividade do
quadro. Ela é precedida de uma série de atividades que demandam muita reflexão, consulta a
livros e outros documentos e registro de anotações em rascunhos e fichas. Vamos elaborar um
projeto?
Escolha do tema
A escolha do tema deve atender a alguns aspectos. O pesquisador deve levar em
consideração sua formação e experiência profissional, bem como suas tendências e inclinações
pessoais. A disponibilidade de tempo e muitas vezes de recursos financeiros são outros fatores
que devem ser lembrados.
Para facilitar esta seleção deve-se recorrer a leituras, observações, análise de situações
discrepantes etc. Nunca é demais lembrar os três aspectos destacados por Castro e já de seu
conhecimento: importância, originalidade e viabilidade.
Suponhamos que você tenha escolhido como tema de pesquisa “O ensino fundamental”.
Da maneira como está apresentado, é tão abrangente e genérico que se torna impossível fazer
um estudo aprofundado, importante e original. O que você deseja pesquisar: currículo, formas de
avaliação do rendimento, acesso, escola pública, escola particular, administração escolar,
competência dos professores? Como vê, é necessário restringir, delimitar o tema.
55
METODOLOGIA DA PESQUISA
Delimitação do tema
A delimitação torna o tema viável para a pesquisa. Ela restringe o tema, não só no conteúdo
a ser investigado, como também em relação ao tempo e ao espaço. Voltemos ao tema “O ensino
fundamental”. Considerando sua vivência e interesse, poderia investigar os conteúdos dos livros
de Didática da Matemática utilizados pelas escolas públicas de formação de professores do
município do Rio de Janeiro, na atualidade. O tema ficou bem mais delimitado, mas pode ocorrer
que ao longo do estudo ainda sofra reformulações porque o processo se caracteriza pelo
dinamismo.
O passo a seguir é colocar o tema delimitado sob a forma de problema, o que significa
explicitar a questão que deverá ser investigada e, possivelmente, elucidada.
Problematização
A formulação do problema pode ser feita de maneira interrogativa ou afirmativa. É
necessário que se redija de maneira clara e objetiva a questão a ser solucionada através da
pesquisa. Para isto, uma revisão de literatura inicial seguida de reflexão do pesquisador é
imprescindível. No exemplo que estamos seguindo, a problematização poderia ser a seguinte:
Em que medida os livros de Didática da Matemática usados nas escolas públicas de formação
de professores de 1ª a 4ª série do município do Rio de Janeiro influenciam no baixo nível do
ensino da Matemática?
Ou então:
Justificativa
Na justificativa cabe ao pesquisador apontar as razões de sua escolha. Por que razão
escolhi tal tema?
Relevância
Neste item você mostrará a importância da pesquisa. Trará constribuição para solucionar
as questões do ensino da Matemática na atualidade?
Pressupostos teóricos
O pesquisador, ao selecionar um tema e problematizá-lo, precisa conhecer o que já foi
escrito sobre o assunto sob pena de estar simplesmente repetindo o que outros já fizeram. Além
disso, necessita conhecer pontos de vista, teses e teorias que possam fundamentar o seu trabalho
e de onde possa extrair alguns pressupostos teóricos que o direcionem. Para isso, terá que
56
UNIDADE IV
fazer uma revisão de literatura preliminar e responder à questão: o que dizem os especialistas
sobre este problema?
Objetivos
Nesta parte, o pesquisador vai explicitar aonde quer chegar; para que fazer a pesquisa. Os
objetivos que pretende atingir guardam relação com a contribuição que espera dar para ampliação
do conhecimento.
Hipóteses/Questões
Como explica Luckesi (2000), a hipótese é uma tese ou ponto de vista a ser demonstrado,
defendido ou explicitado. Qual a resposta provisória ao problema?
Procedimentos (Metodologia)
Para realizar a pesquisa em torno de nosso tema-problema-objetivo-hipótese, que
procedimentos adotar? Como fazer para realizar a investigação? Que passos dar?
57
METODOLOGIA DA PESQUISA
Construção da matriz
Antes de se iniciar a montagem do projeto de pesquisa, partindo das anotações realizadas,
elabora-se uma matriz a fim de constatar se as partes planejadas guardam a lógica e coerência
necessárias. Explica Moulin:
Cronograma de execução
De quanto tempo necessitamos para desenvolver a pesquisa? Como distribuir o tempo
para a realização da pesquisa após elaborado o projeto?
Orçamento
Como calcular os custos do projeto? Fazer um orçamento dos gastos que envolvem a
pesquisa?
Por mais simples que seja a pesquisa, é necessário uma previsão dos custos que envolve.
Faz-se, então, um orçamento considerando os custos com pessoal (recursos humanos), com
58
UNIDADE IV
material (de consumo e permanente) e os recursos financeiros que serão necessários para cobrir
essas despesas.
Elaboração do projeto
Concluídas as reflexões e anotações feitas até aqui para a construção do projeto,
procederemos a sua elaboração final e poderemos passar à etapa seguinte: a execução da
pesquisa.
Etapa Atividades
Levantamento da bibliografia
Seleção da bibliografia
Leitura analítica
Fichamento
Execução da pesquisa
− fichas de citação
bibliográfica
− fichas resumo
Levantamento da bibliografia
Ao se iniciar a pesquisa bibliográfica, o primeiro passo é a identificação das fontes que
possam fornecer respostas ou esclarecimentos ao nosso problema. Procede-se, então, à coleta
de material ou levantamento bibliográfico que é feito de várias maneiras: através de buscas em
catálogos de livros e outras publicações; consulta a fichários de bibliotecas; análise de bibliografias
citadas em livros e revistas técnicas; consulta a internet e a especialistas na área. Aconselho que
esta coleta seja cuidadosamente registrada em fichas bibliográficas. Note que nesta fase você
ainda não está fazendo leitura analítica. No máximo, você verifica o sumário, as orelhas do livro,
prefácio etc., a fim de constatar se o seu tema é abordado naquela publicação. A ficha bibliográfica
vai registrar apenas as referências bibliográficas (autor, título, local da publicação, editora e data),
acrescidas de palavras-chave relacionadas ao seu tema e o local onde você poderá encontrar a
obra. Importante, também, sempre que possível, registrar o código da prateleira em que a obra se
59
METODOLOGIA DA PESQUISA
encontra (no caso de se tratar de uma biblioteca). Na maioria das vezes, o pesquisador só tem
acesso direto à obra na etapa de seleção.
Seleção da bibliografia
Concluída a etapa de levantamento, caberá a você fazer a seleção das publicações que
interessam a sua pesquisa. É possível consultar o material em instituições, obtê-lo por empréstimo
nas bibliotecas ou até adquirir livros e revistas em livrarias. Uma pesquisa bibliográfica realizada
com o objetivo de conclusão de curso de graduação ou mesmo de especialização pode ser bem
feita, demonstrar que o aluno iniciou-se na metodologia científica, apreendeu o espírito científico
frente à realidade, sem que seja, necessariamente, trabalho de grandes proporções.
Leitura analítica
De posse do material, o pesquisador mergulha na sua leitura. Para isso recomenda-se que
siga as técnicas da leitura analítica.
Você travou conhecimento com a leitura analítica, ao aprender diferentes técnicas de estudo.
Fichamento
Este assunto foi estudado no texto “A Documentação Pessoal”, na Unidade I.
60
UNIDADE IV
Exercícios
Ao final da realização desta tarefa, você verá que está com um projeto de pesquisa
delineado. Não esqueça de preencher primeiramente a matriz de montagem, o que lhe
dará uma visão sistemática de seu projeto.
1. Selecione um tema a partir dos critérios de Castro e que possa ser investigado através
de uma pesquisa bibliográfica.
2. Procure delimitar o tema de modo que se torne claro, objetivo e não muito amplo. Se
necessário, delimite-o no tempo e no espaço.
3. Faça alguma leitura em torno do tema escolhido e com o auxílio do que apreendeu,
transforme o tema em um problema. (problematização)
4. Por que você escolheu este tema para pesquisa? Justifique. Aponte a importância e
contribuição que a investigação trará ao conhecimento. (relevância)
5. Você conhece a posição de especialistas no assunto? Resuma o ponto de vista ou a
tese de pelo menos dois deles e que servirão de fundamentação a seu estudo.
(pressupostos teóricos)
6. O que você pretende com a investigação? Aonde quer chegar? Qual é o seu propósito?
(objetivo)
7. Para chegar ao objetivo, que hipótese ou mesmo questões você deverá investigar?
(questões ou hipóteses)
8. Que procedimentos você deverá seguir para realizar a pesquisa bibliográfica em torno
do tema que escolheu? (metodologia da pesquisa)
9. Como dispor do tempo para executar as atividades da pesquisa? (cronograma de
execução)
10.De que recursos você deverá dispor? (orçamento)
11.Que título você considera adequado para o seu projeto?
⇒ Recomendo a leitura do texto “Pesquisa bibliográfica” (LAKATOS, 2001). Lembre-se que o item
Fichas já é seu conhecido.
⇒ Muito oportuno também é a consulta ao capítulo 13 “Como calcular o tempo e o custo do projeto?”,
de Gil (1996).
61
METODOLOGIA DA PESQUISA
Texto 11
Como você já sabe, foi adotada neste módulo a nomenclatura de Cervo (1996) que classifica as
pesquisas em bibliográficas, descritivas e experimentais. Neste texto, você tomará conhecimento
de algumas características e conceitos gerais das pesquisas descritivas e experimentais.
I A pesquisa descritiva
Na pesquisa descritiva, o pesquisador procura conhecer, descrever e interpretar a realidade,
isto é, as características de uma determinada população ou fenômeno, sem interferir nesta
realidade.
A pesquisa científica não se interessa por casos particulares; seu propósito consiste em
estabelecer generalizações. Para tal, nas pesquisas descritivas e experimentais são utilizadas,
dentre outras, as técnicas de observação de grupos de indivíduos chamados de população. Na
maioria das vezes, apenas parte da população é observada, é o que se chama de amostra.
Rudio (2000) afirma que é melhor trabalhar com a amostra do que com a população, não só
pela economia de recursos e tempo, mas também por ocorrer maior controle e precisão de dados.
E explica:
Amostra é, portanto, uma parte da população, selecionada de acordo com uma regra ou
plano. O mais importante, ao selecioná-la, é seguir determinados procedimentos, que
nos garantam ser ela representação adequada da população, donde foi retirada, dando-
nos assim confiança de generalizar para o universo o que nela foi observado. (RUDIO,
2000, p. 62)
62
UNIDADE IV
No texto “Paradigmas Metodológicos da Pesquisa Científica”, foi visto que, em relação aos
dados coletados, bem como à análise dos mesmos, as pesquisas se dividem em quantitativas e
qualitativas.
Que são pesquisas quantitativas? São aquelas que “prevêem a mensuração de variáveis
preestabelecidas, procurando verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis, mediante
a análise da freqüência de incidências e correlações estatísticas. O pesquisador descreve, explica
e prediz” (CHIZZOTTI, 2000, p. 52).
Que são pesquisas qualitativas? São aquelas que se fundamentam em dados coletados
nas interações interpessoais analisadas a partir da significação que os informantes dão aos seus
atos. O pesquisador participa, compreende e interpreta, conclui Chizzotti.
63
METODOLOGIA DA PESQUISA
A entrevista é um diálogo preparado com objetivos definidos. É uma técnica que permite
que se concretize uma relação estreita entre pessoas. A entrevista estruturada é uma modalidade
de comunicação entre o pesquisador que deseja colher informações sobre determinado fato e a
pessoa que detém a informação. É uma comunicação bidirecional. Uma pessoa com perguntas
preestabelecidas leva a outra a responder às perguntas.
Quando o entrevistador não deseja impor a sua visão, utiliza a entrevista não estruturada.
O tema é previamente estabelecido, mas o conteúdo da entrevista e os diálogos vão sendo
escolhidos livremente. As informações vão sendo manuscritas ou gravadas e devem ser codificadas
para serem transformadas em indicadores objetivos das variáveis.
Se você optou por realizar uma pesquisa descritiva, o seu projeto poderá seguir os moldes
apresentados para a pesquisa bibliográfica acrescido das especificidades dos procedimentos da
pesquisa descritiva. Ao iniciar o processo de investigação direta, deverá selecionar a amostra da
população que irá ser consultada, construir, testar e aplicar os instrumentos para a coleta de
dados. Após a fase de aplicação, as respostas são tabuladas e os resultados analisados e
interpretados. A pesquisa termina com as conclusões a que você chegou frente aos objetivos e
64
UNIDADE IV
questões. Inicia-se, então, a fase de redação do relatório da pesquisa através do qual você comunica
o estudo realizado.
II A pesquisa experimental
A pesquisa experimental manipula a realidade através de experimentos. É essa a diferença
básica entre ela e a pesquisa descritiva. Entretanto, assim como ocorre na pesquisa descritiva,
na pesquisa experimental, o planejamento pode seguir as mesmas etapas que apresentei no
texto sobre a pesquisa bibliográfica, com exceção dos procedimentos, em especial, das técnicas.
As pesquisas experimentais são muito usadas para identificar relações de causa e efeito entre
variáveis.
Você sabe o que é variável? Idade , estatura, peso, sexo, classe social são variáveis.
Todas as coisas que podem assumir diferentes valores, aspectos ou categorias são variáveis. O
termo se origina da matemática, onde designa uma quantidade que pode tomar diversos valores.
(RUDIO, 2000, p. 69)
E variável independente? São aquelas variáveis tais como preço, marca de um produto,
embalagem, etc., que são manipuladas pelo pesquisador com o objetivo de se medir o efeito
sobre a variável dependente.
Já as variáveis dependentes tais como vendas, imagem etc. são as variáveis cujos efeitos
,sofridos em função da manipulação da variável independente, deseja-se medir.
65
METODOLOGIA DA PESQUISA
Exercícios
66
UNIDADE IV
Texto 12
Pesquisas Qualitativas
A pesquisa qualitativa é uma designação que abriga correntes de pesquisa muito diferentes.
Em síntese, essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos contrários ao modelo
experimental e adotam métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudos
experimentais. Os cientistas que partilham da abordagem qualitativa em pesquisa se opõem,
em geral, ao pressuposto experimental [...] (CHIZZOTTI, 2001, p. 78).
1. A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento. [...] a pesquisa qualitativa supõe o contato
direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo
investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo.
2. Os dados coletados são predominantemente descritivos. O material obtido nessas
pesquisas é rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos; inclui
67
METODOLOGIA DA PESQUISA
O objetivo do pesquisador nas três primeiras abordagens é adotar uma postura de observador
crítico e participante ativo através da qual coloca a ciência a serviço do movimento social. As
pessoas que participam da pesquisa possuem o conhecimento empírico, popular, despojado de
espírito crítico não relacionando as suas experiências individuais com o contexto social.
Quanto à abordagem do estudo de caso caracteriza-se por ser bem delimitado, referindo-
se a uma situação particular que pode se limitar, por exemplo, à observação das práticas
pedagógicas de uma professora ou ao cotidiano de uma escola. O estudo de caso qualitativo “se
desenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e
focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada.” (LÜDKE e ANDRÉ, 2001, p. 19).
68
UNIDADE IV
Considerando que os dados coletados não são quantificados, que cuidados tomar para
garantir a veracidade dos fatos?
A observação participante necessita ser revestida de cuidados para que elimine dados de
emoções, deformações e interpretações destituídas de comprovação.
Neste texto você adquiriu noções gerais sobre as características e procedimentos das
pesquisas qualitativas. Esses conteúdos poderão ser aprofundados através da leitura de livros de
metodologia científica na medida em que você precise utilizá-los.
⇒ Se você tiver interesse em conhecer mais sobre a técnica de análise de conteúdo, leia o artigo de
Gomes “A análise de dados em pesquisas qualitativas”, in Minayo (2001).
69
METODOLOGIA DA PESQUISA
Exercícios
Esquematizando...
3) pressupostos teóricos – critérios para o estabelecimento de pressupostos – fazer pesquisa bibliográfica preliminar
6) metodologia / técnica – obedecer aos procedimentos específicos dos diferentes tipos de pesquisa
A Pesquisa Bibliográfica
Qualquer pesquisa exige coleta de dados através de:
documentação direta – dados recolhidos através de observações, entrevistas e questionários nos locais em que o
fenômeno ocorre;
documentação indireta – dados recolhidos através de documentos e bibliografia.
Finalidade da pesquisa bibliográfica – levantar as contribuições científicas e culturais já existentes sobre um
determinado tema.
Etapas do planejamento da pesquisa bibliográfica
. escolha do tema
. delimitação do tema
. problematização
. justificativa
. relevância
. pressupostos teóricos
. objetivos
. hipóteses / questões
70
UNIDADE IV
. procedimentos / metodologia
. construção da matriz
. cronograma de execução
. orçamento
. elaboração do projeto
A Pesquisa Descritiva
Finalidade da pesquisa descritiva: conhecer, descrever e interpretar a realidade sem interferir na mesma.
Planejamento das pesquisas descritivas
Procedimentos gerais semelhantes à pesquisa bibliográfica
Pesquisa quantitativa – coleta de dados quantitativos; observação sistemática e controlada da freqüência de incidência
dos fenômenos; ambiente experimental
Pesquisa qualitativa – coleta de dados através da interação entre pesquisador e sujeitos da pesquisa; observação e
análise interpretativa, favorecendo aspectos subjetivos e a realidade dos sujeitos
Principais técnicas para a coleta de dados quantitativos
Observação - estruturada ou sistemática
Questionário - perguntas fechadas, perguntas abertas, misto
Entrevista - estruturada/não estruturada
A Pesquisa Experimental
Finalidade da pesquisa experimental: manipular a realidade através de experimentos.
Pesquisa experimental na área de marketing: identificação de relações de causa e efeito entre variáveis.
Variáveis: todas as coisas que podem assumir diferentes valores: idade, peso etc.
- independentes
Tipos de variáveis
- dependentes
- em laboratório
Coleta de dados
- no campo
Pesquisas qualitativas
- antropológica
Origem das pesquisas qualitativas
- sociológica
- a um padrão único de pesquisa
- à utilização do paradigma das ciências naturais
A corrente qualitativa se opõe nas ciências humanas e sociais
- à utilização de processos quantificados e técnicas
de mensuração como único procedimento
Posição do pesquisador: integrante e participante da pesquisa
Posição do pesquisado: sujeitos que produzem práticas para intervir nos problemas que identificam
- diferentes correntes de pesquisa que têm em comum pressupostos
Pesquisas qualitativas
contrários ao modelo experimental.
- ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como principal instrumento
- dados coletados descritivos na maioria
Características das - preocupação maior com o processo
pesquisas qualitativas - o significado que as pessoas dão às coisas e à vida sofre atenção especial do pesquisador
- análise dos dados segundo processo indutivo
71
METODOLOGIA DA PESQUISA
72
Unidade V
A Comunicação de Trabalhos Científicos:
as monografias
Texto 13
A Comunicação dos Resultados da Pesquisa:
a monografia
Salomon (2001) vai buscar em 1855 as origens históricas da monografia quando Le Play,
sociólogo francês, publicou 57 monografias descrevendo minuciosamente a vida dos operários
franceses e o orçamento de uma família-padrão daquele grupo.
A especificação encontrada nos trabalhos de Le Play caracteriza até nossos dias os trabalhos
monográficos. É a investigação, o estudo de um só tema, o que confirma o sentido etimológico da
palavra: monos (um só) e graphein (escrever).
Costa (1998, p. 213) dá a seguinte definição para monografia: “Estudo minucioso que propõe
esgotar um determinado tema relativamente restrito. O relatório de pesquisa é editorado sob a
forma de uma monografia que, conforme o grau de profundidade, pode ser um trabalho de iniciação
científica, uma dissertação ou uma tese.”
Esta definição permite esclarecer alguns pontos confusos em relação ao termo. Assim,
pode-se afirmar que a monografia é um relatório de uma pesquisa sobre determinado tema e
que, por conseguinte, é decorrência de uma investigação. Para haver monografia, deve ter havido
pesquisa, quer seja bibliográfica, de campo ou de laboratório.
Salomon faz um alerta àqueles que realizam monografias científicas, no sentido de que
privilegiem a reflexão, sem a qual a monografia se reduz a um simples relatório de procedimentos
de pesquisa ou compilação de obras de terceiros.
74
UNIDADE V
E conclui:
É oportuno destacar que a ABNT evita o termo genérico monografia, preferindo adotar a
nomenclatura “Trabalhos acadêmicos” que ela subdivide em:
Neste módulo estou dando ao termo “monografia” um sentido genérico que se refere a
todas essas modalidades.
A primeira redação deve ser feita sob a forma de rascunho e orientada pelas fichas, roteiro
e demais anotações, além, é claro, do próprio projeto.
Destaca Luckesi (2000, p. 191): “Em cada parte, capítulo, item, parágrafo, vamos expressar
as nossas idéias, cuidando da seqüência, da relação com o que vem antes e o que virá depois, a
75
METODOLOGIA DA PESQUISA
fim de que a expressão do nosso pensamento, de nossa reflexão seja facilmente percebida pelo
leitor de nosso escrito.”
Na redação provisória, o corpo do trabalho – isto é, o texto propriamente dito – já pode ser
estruturado em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.
Introdução - onde o autor coloca de maneira dissertativa todos os itens que constituíram o
seu projeto, com exceção apenas do cronograma, do orçamento, das referências e dos anexos.
Lendo a introdução, conhece-se o problema pesquisado, as teorias já existentes sobre o mesmo
e que subsidiaram a pesquisa, os objetivos e questões do estudo, relevância, contribuição e
metodologia utilizada. Muitos terminam a introdução detalhando a estrutura das demais seções.
Para comunicar as suas idéias, o autor, em alguns pontos deverá explicar, em outros discutir
ou mesmo demonstrar. Salomon, Severino e Luckesi já citados dão a seguinte definição para
esses termos:
a) explicar: tornar evidente, explícito o que está obscuro ou complexo;
b) discutir: comparar posições que se entrechocam dialeticamente;
c) demonstrar: aplicar argumentação própria à natureza do trabalho; partir de premissas,
verdades garantidas, para novas verdades.
Conclusão - é o fecho do trabalho. É neste momento que o pesquisador toma uma posição
que poderá ser uma síntese das idéias explicadas, discutidas ou demonstradas ou, como destaca
Luckesi (1995), “poderá ser a abertura de uma nova problemática, ou o encaminhamento de
possível solução ao problema levantado.” (p.190). Em outras palavras, a conclusão resumirá os
resultados que levaram à comprovação ou rejeição da hipótese ou questões de estudo, fará
inferências que o estudo venha a permitir e recomendará pontos que devam ser reestudados ou
aprofundados.
76
UNIDADE V
Existem diretrizes para a elaboração do relatório, mas elas sofrem adaptações segundo o
tipo de pesquisa e características do pesquisador. As regras básicas a serem seguidas estão nas
normas da ABNT.
Exercícios
77
METODOLOGIA DA PESQUISA
Texto 14
Estrutura de Trabalho Acadêmico –
segundo a ABNT
Neste texto você irá se deter na estrutura da monografia de acordo com as regras da ABNT,
que é, no Brasil, o órgão regulamentador das normas e procedimentos para elaboração e
apresentação de trabalhos técnicos e científicos. Explica Spector (1997) que na redação de um
trabalho científico, o autor precisa se ater a dois tipos de normas: as de formato e as de estilo.
Elas são estabelecidas internacionalmente e têm como objetivo facilitar a troca de informações e
dar objetividade às comunicações científicas.
Veja, a seguir, o esquema proposto pela norma NBR 14724/2002 (p. 3) que apresenta a
estrutura da monografia.
I Estrutura do trabalho
Partes Elementos integrantes
Capa (obrigatório)
Lombada (opcional)
Folha de rosto (obrigatório)
Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório)
Dedicatória(s) (opcional)
Agradecimento(s) (opcional)
Epígrafe (opcional)
Pré-textuais Resumo na língua vernácula (obrigatório)
Resumo em língua estrangeira (obrigatório)
Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)
Introdução
Texto Desenvolvimento
Conclusão
Referências (obrigatório)
Glossário (opcional)
Pós-textuais Apêndice(s) (opcional)
Anexo(s) (opcional)
Índice(s) (opcional)
78
UNIDADE V
Como você verificou na tabela, a estrutura da monografia apresenta três grandes divisões.
A seguir darei algumas explicações sobre elas.
Capa
É essencial para a proteção e identificação do trabalho, por isso é obrigatória. A ABNT
recomenda a apresentação das informações na ordem que se segue:
• nome da instituição
• nome do autor
• título do trabalho e subtítulo, se houver
• número de volumes quando houver mais de um
• cidade onde se localiza a instituição recebedora
• ano em que foi entregue o trabalho.
Lombada
É a parte dorsal, isto é, as costas da obra, que seguram a parte interna das folhas. É facultativa.
Quando usada, nela aparecem o nome do autor, o título da obra e elementos alfanuméricos.
Folha de rosto
Deve figurar logo após a capa e constitui-se na fonte principal de identificação. Além dos
elementos que aparecem na capa, no anverso da folha de rosto deve figurar:
• natureza do trabalho, isto é, trabalho de conclusão de curso, dissertação de mestrado, tese
de doutorado e outros; objetivo do trabalho, isto é, aprovação em disciplina, curso etc. ;
nome da instituição e área de concentração
• nome do orientador e do co-orientador.
No verso da folha de rosto deve figurar a ficha catalográfica, de acordo com o Código de
Catalogação Anglo-Americano.
Errata
Corrigenda. É opcional. Quando se fizer necessário faz-se a lista dos erros e indicam-se as
correções.
79
METODOLOGIA DA PESQUISA
Folha de aprovação
É obrigatória e vem logo após a folha de rosto trazendo os mesmos elementos acrescidos
da data de aprovação e de dados de identificação dos componentes da banca, tais como nome,
titulação, instituição a que pertencem e assinatura.
Dedicatória (s)
É opcional e aparece quando o autor presta homenagem a pessoas relevantes em sua vida
particular ou profissional.
Agradecimento(s)
Aparece quando o autor deseja demonstrar gratidão a pessoas que contribuíram direta ou
indiretamente para a elaboração do trabalho.
Epígrafe
É opcional e pode figurar após a folha de agradecimentos e no início das seções primárias.
Consiste numa citação correlacionada com o assunto abordado e seguida da indicação do autor.
Lista de símbolos
Relação opcional de símbolos utilizados no texto com as respectivas significações.
80
UNIDADE V
Sumário
É obrigatório e consiste na enumeração das seções, subseções e demais divisões do trabalho,
obedecendo à ordem em que se apresentam, seguindo-se o número das páginas. Recomenda-
se usar a mesma grafia do interior do trabalho.
Introdução
É a etapa inicial do texto. Geralmente é feita a partir do projeto e nela constam, além do
tema do estudo e sua delimitação, a justificativa, os pressupostos teóricos, os objetivos, as hipóteses
ou as questões do estudo e, finalmente, a abordagem metodológica utilizada e a relevância do
trabalho. A introdução não é uma repetição do resumo, não deve detalhar a fundamentação
teórica, nem antecipar os resultados e conclusões.
Desenvolvimento
Parte mais importante do texto. Deve ser dividida em tantas seções e subseções quantas
forem necessárias para o detalhamento do relatório da pesquisa ou estudo realizado. São
apresentadas teorias, descrição de métodos, procedimentos e discussão de resultados, dentre
outras partes.
As descrições apresentadas devem ser suficientes para permitir a compreensão das etapas
da pesquisa. Minúcias ou provas matemáticas ou procedimentos experimentais, por exemplo, se
necessário devem constituir material anexo ou apêndices.
Conclusão
Nesta seção, devem figurar, clara e ordenadamente, as evidências e deduções tiradas dos
resultados do trabalho ou levantadas ao longo da discussão do tema, em função dos objetivos e
hipóteses ou questões.
IV Pós-textuais ou pós-texto
O trabalho é finalizado com os elementos pós-textuais a seguir apresentados.
81
METODOLOGIA DA PESQUISA
Referências
É um elemento obrigatório que permite a identificação individual de documentos que possuam
informação registrada incluindo impressos, manuscritos, registros audiovisuais e sonoros, dentre
outros. A elaboração das referências obedece à norma NBR 6023/2002 sobre a qual trataremos
no Texto 17.
Glossário
Lista opcional de palavras de sentido restrito acompanhadas da respectiva definição.
Apêndice
É opcional e consiste em textos ou documentos elaborados pelo próprio pesquisador com o
objetivo de complementar sua argumentação. São identificados por letras maiúsculas, seguidas
dos respectivos títulos.
Anexo
É opcional e consiste em textos ou documentos não elaborados pelo pesquisador, mais
importantes para o estudo. São também identificados por letras maiúsculas e respectivos títulos.
Índice
É opcional e segue a NBR 6034 para a sua elaboração.
Formato
• papel branco, formato A4, impresso na cor preta, (exceção para as ilustrações), digitado no
anverso da folha (exceção da folha de rosto)
• fonte tamanho 12 para o texto, tamanho menor para citações longas, notas de rodapé,
paginação e legendas
Margem
• superior e esquerda: 3cm
• direita e inferior: 2cm
Espaço
• duplo
• espaço simples: citações longas, notas, referências, legendas, ficha catalográfica, natureza
do trabalho
• dois espaços duplos: separação dos títulos das subseções, dos textos que os precedem e
os sucedem
82
UNIDADE V
Indicativos de seção
• o número da seção vem alinhado à esquerda separado do título por um espaço de caractere
• os títulos sem indicativo numérico são centralizados
• a folha de aprovação, a dedicatória e a epígrafe não têm título
Paginação
• numeração arábica colocada a partir da primeira folha da introdução, mas contada a partir
da folha de rosto (não se usam mais os algarismos romanos)
• localização do número no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior e da
borda direita da folha
Numeração progressiva
• nas seções e subseções do texto
• os títulos das seções primárias devem iniciar folha
• os títulos das seções e subseções são destacados através de negrito, itálico ou grifo e redondo
Siglas
Quando aparecer pela primeira vez no texto, usa-se o nome completo seguido pela sigla
entre parênteses.
Exercícios
1. Utilizando os dados de sua pesquisa, organize uma proposta de capa e de folha de rosto.
2. Em que consiste e onde deve figurar o resumo em língua vernácula?
3. Fale sobre a parte textual da monografia.
4. Explique a diferença entre apêndices e anexos.
⇒ Recomendo a análise da Norma NBR 14724/2002. Ela trata, em detalhes, dos princípios para a
elaboração de trabalhos acadêmicos. Apesar de ter procurado, neste texto, abordar os aspectos
gerais da norma, se você tiver algumas dúvidas tenho a certeza de que irá solucioná-las fazendo
uma consulta à mesma.
83
METODOLOGIA DA PESQUISA
Texto 15
Estilo para a Redação de
Trabalhos Acadêmicos
Spector (1997, p. 43) explica que, num manual de estilo, é encontrado um conjunto de
diretrizes que auxiliam a redação inteligível e agradável. E conclui “ainda que o ato de escrever
seja profundamente individual, os textos não-literários devem seguir uma série de normas [...]”
Quais são as normas básicas de estilo para que se produza um bom texto técnico?
Os autores que tratam de estilo, tais como Salomon, Galliano, Severino, Medeiros, Spector
e Beaud, consultados para a redação deste tema, são unânimes em afirmar a importância da
clareza, unidade, coerência e concisão ao se redigir um parágrafo, unidade menor do
pensamento. Veja o que eles afirmam a respeito desses tópicos:
- clareza: capacidade de transmitir com exatidão uma idéia em uma frase;
- unidade: relevância de cada frase para o tema do parágrafo;
- coerência: relação lógica das frases que constituem o parágrafo;
- concisão: capacidade de se expressar sem uso redundante de palavras que prejudicam
a objetividade do texto.
84
UNIDADE V
de comunicar aos seus pares os resultados de sua pesquisa. Para tal, ele, obrigatoriamente, terá
de utilizar os códigos da lingüística, respeitar as leis da gramática.
• concordância verbal - a maior parte dos erros de concordância ocorre em frases longas,
geralmente após a interpolação de frases que separam o sujeito do verbo;
• tempo do verbo - deve-se manter homogeneidade no tempo dos verbos: o trabalho científico
relata uma investigação já realizada, o que obriga o autor a fazer o seu relato no pretérito
perfeito; quando, no entanto, o fato demonstrado ainda é aceito, não deve ser escrito no
passado. Observe o exemplo que ele dá: “Einstein demonstrou que a velocidade da luz é
constante.” (p. 53).
• gerúndio - deve-se evitar o seu uso nos casos em que a ação já foi concluída;
Obs.: Aqui, abro parênteses para lembrar aos leitores deste módulo que a linguagem por mim
usada se aproxima do coloquial, da familiaridade com o estudante, por se tratar de um curso
dado dentro das técnicas da educação a distância, que recomendam ao autor procurar travar
um diálogo com o aluno, através do material. Você não deverá seguir a linguagem por mim
usada ao elaborar sua monografia.
• etc. e e/ou - não devem ser usados nas monografias. Fogem ao rigor do trabalho científico,
são expressões imprecisas;
• uso de numerais nos textos técnicos - não há consenso sobre o seu uso; alguns manuais
recomendam que todos os números acima de dez sejam escritos com algarismos e não
com palavras;
• abreviaturas - no texto, define-se a abreviatura quando o termo aparece pela primeira vez,
colocando-a entre parênteses após o termo por extenso; a partir daí, pode ser usada apenas
a abreviatura; quando são usadas muitas abreviaturas, costuma-se fazer uma lista de
abreviaturas e colocá-la no pré-texto;
Releia o texto quantas vezes se fizerem necessárias; todas as vezes que o fizer aumentará
o seu entendimento do mesmo, alcançará maior clareza e a redação ganhará em qualidade.
Spector diz que o trabalho deverá ser revisto continuamente pelos seguintes motivos:
85
METODOLOGIA DA PESQUISA
Exercício
Localize, em uma revista técnica, um artigo de seu interesse e faça uma leitura crítica
sobre o estilo adotado pelo autor. Use o Texto 15 como referência.
⇒ A Parte 3, “Manual de Estilo”, de autoria de Spector (1997), traz muitos exemplos sobre os tópicos
explanados no texto; é uma leitura proveitosa.
⇒ Beaud (2000), no capítulo 24, “Alguns conselhos muito práticos para a redação do manuscrito”,
apresenta “dicas” interessantes.
86
UNIDADE V
Texto 16
Apresentação de Citações nos
Trabalhos Acadêmicos
As citações têm o objetivo de dar maior credibilidade às idéias e pontos de vista que o
pesquisador está defendendo uma vez que ele vai buscar em outros autores – especialistas no
assunto tratado – argumentos favoráveis a sua proposição.
Ao longo deste módulo você teve oportunidade de conviver com diferentes tipos de citações.
Você percebeu que algumas citações vêm inseridas no texto que escrevi, enquanto outras vêm
destacadas do texto com uma formatação específica?
Retorne ao Texto 1, “ O ato de estudar”. Observe que, logo na primeira página, aparecem dois
tipos de citações. A primeira, de Salomon, está destacada do texto, apresenta um recuo de 4 cm em
relação à margem esquerda, foi digitada com espaço de entrelinha simples e a fonte é menor do
que a utilizada no texto. Veja que ela não está entre aspas. Dois parágrafos abaixo, ainda no Texto
1, vem uma citação de Medeiros escrita no próprio texto, com a mesma fonte e entre aspas.
Em primeiro lugar, deve ficar claro que ambas são denominadas de citações diretas porque
utilizam as próprias palavras do autor consultado; no caso, Salomon e Medeiros.
A ABNT (ASSOCIAÇÃO, 2002b, p.2) assim define a citação direta: “transcrição textual de
parte da obra do autor consultado.”
87
METODOLOGIA DA PESQUISA
Muitas vezes consideramos relevante transcrever o pensamento de um autor que vem citado
numa obra escrita por outro. A isso denomina-se de citação de citação. Acompanhe a definição
dada pela ABNT “ citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao
original.”(ASSOCIAÇÃO, 2002b, p.1). Você encontra um exemplo de citação de citação no Texto
6 – “Fatos e Teorias na Construção do Conhecimento”, quando eu explico que: “Segundo Cohen
e Nagel, citados por Lakatos (1995, p.27), a palavra fato pode referir-se a coisas diferentes [...]” O
que significa isso? Simplesmente que eu tive acesso ao livro de Lakatos onde obtive a informação
de Cohen e Nagel.
Por outro lado quando você desejar enfatizar alguma expressão ou trecho da citação, deverá
destacá-la e ao transcrever os dados da fonte acrescentar a expressão “grifo nosso”.
Na explicação que darei a seguir você verá um exemplo de destaque em citação. Acompanhe
o próximo parágrafo.
Uma maneira usual de obter informações ocorre através de depoimentos, palestras etc.
Veja o que a ABNT recomenda fazer nesta situação. “Quando se tratar de dados obtidos por
informação verbal [...] indicar, entre parênteses, a expressão informação verbal, mencionando-
se os dados disponíveis, em nota de rodapé. (ASSOCIAÇÃO, 2002, p.2, grifo nosso).
Você viu, no parágrafo anterior, que inseri o símbolo [...] significando a supressão de um
trecho, bem como negrito para a expressão informação verbal; junto à indicação da fonte foi
feito o acréscimo explicativo “grifo nosso”. Se o destaque tivesse sido do próprio autor, a expressão
a ser acrescida junto à fonte seria “grifo do autor.”
88
UNIDADE V
As situações mais comuns no uso de citações foram por mim expostas. Na NBR 10520/
2002, você encontrará inúmeras outras ocorrências num nível de detalhamento bem expressivo.
Você poderá consultar esta e outras normas na própria sede da ABNT que fica situada na Av.
Treze de Maio, 13 - 28º andar. Rio de Janeiro – RJ – CEP 20 003-900 – telefone (21) 3974 2300
ou, se preferir, adquiri-las.
Exercícios
89
METODOLOGIA DA PESQUISA
Texto 17
Neste último texto você vai se familiarizar com a questão das referências. Até pouco tempo
era usual a expressão referências bibliográficas, mas a partir do ano 2000, quando a ABNT
atualizou a NBR 6023, ela adotou apenas o termo referências. Há uma razão para isso. É que
atualmente, com as possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias, a coleta de dados da
pesquisa não se limita às informações provenientes das bibliotecas; atinge os meios eletrônicos.
Os elementos a serem incluídos na referência são de dois tipos: elementos essenciais que
são indispensáveis para a identificação do documento e complementares que permitem uma
melhor identificação dos mesmos.
90
UNIDADE V
Quando se tratar de parte de uma obra com autores ou títulos próprios, são elementos
essenciais o autor ou autores e título da parte, seguida da expressão latina “In”, da referência
completa da obra e da paginação da parte destacada. Veja, na lista de referências, o exemplo de
Gomes.
Quando se tratar de legislação, são essenciais jurisdição, título, numeração, data e dados
da publicação. Veja a seguir a referência de uma resolução do Conselho Nacional de Educação.
91
METODOLOGIA DA PESQUISA
Em relação à edição:
• a edição deve vir logo após o título e subtítulo, conforme se vê na lista, em várias
referências; quando se tratar de obra traduzida, fazer como em Beaud.
Em relação ao local:
• deve-se transcrever o nome da cidade como, por exemplo, na referência de Cervo e
Bervian;
• quando se tratar de homônimos, acrescenta-se o nome do estado ou do país, conforme
o caso. Observe a referência de Santos, na lista de referências.
No caso de não aparecer na obra o nome da cidade, deve-se usar a expressão sine loco
entre colchetes: [S.l.].
Em relação à editora:
• indica-se o nome da editora, abreviando-se os prenomes e eliminando-se palavras que
designam a natureza jurídica e comercial, sempre que possível. Como exemplo cito a
referência de Demo.
• No caso de a editora não estar identificada, utilize a expressão sine nomine abreviada
[s.n.]. Em algumas ocasiões a editora é a pessoa ou instituição responsável pela autoria,
já tendo sido mencionada na referência. Nesse caso não se deve indicar a editora.
Em relação à data:
• é transcrita em algarismos arábicos. Quando no documento não aparece a data, mas se
conhece a data provável, coloca-se o sinal [ ]. Veja a referência de Moulin. Nas publicações
periódicas os meses são indicados de forma abreviada (três primeiras letras), com exceção
do mês de maio, que se escreve por extenso. Veja a referência de Boruchovitch e Mercuri.
Em relação a notas:
• informa a ABNT que, “sempre que necessário à identificação da obra, devem ser incluídas
notas com informações complementares, ao final da referência, sem destaque tipográfico”
(ASSOCIAÇÃO, 2002a, p. 19) e apresenta o exemplo a seguir:
92
UNIDADE V
Exercício
93
METODOLOGIA DA PESQUISA
Esquematizando...
94
UNIDADE V
95
Referências
BEAUD, Michel. Arte da tese: como redigir uma tese de mestrado ou de doutorado, uma monografia
ou qualquer outro trabalho universitário. Tradução de Glória de Carvalho Lins. 3. ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
COSTA, Antônio F. G. da. Guia para elaboração de relatórios de pesquisa e monografias. Rio de
Janeiro: UNITEC, 1998.
______. Pesquisa: princípio científico e educativo. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1992.
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
GIL, Antonio. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
GODOY, Norton. O neo-iluminista. O famoso cientista Edward O. Wilson prega em livro a polêmica
união de todas as ciências. ISTO É. São Paulo, 21 out. 1998. Disponível em <http://
www.istoe.com.br>. Acesso em: 25 mar. 1999.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais.
3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1999.
GOMES, Romeu. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria C.S. (Org.).
Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 67-80.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2001.
96
LUCKESI, Cipriano C. et al. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 11.ed. São Paulo:
Cortez, 2000.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas 6. impr. São Paulo:
EPU, 2001.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
MAZZOTTI, Alda J.; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais:
pesquisa qualitativa. 2.ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.
MINAYO, Maria Cecília de S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 14. ed.
Petrópolis: Vozes, 2001.
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Tradução de Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio
Dória. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
MOULIN, Nelly M. O uso da matriz na montagem e análise de projetos de estudo. In: ZENTGRAF,
Maria Christina. Técnica de estudos e pesquisa em educação: leituras complementares. Rio de
Janeiro: CEP/UFRJ, [1996]. p. 81-85.
RICHARDSON, Roberto Jarry (Org.). Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 1999.
RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 28. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
SNYDERS, G. Para onde vão as pedagogias não diretivas. Lisboa: Moraes, 1987.
SPECTOR, Nelson. Manual para a redação de teses, dissertações e projetos de pesquisa. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
TYLER, Ralph E. Princípios básicos de currículo e ensino. Tradução de Leonel Vallandro. 5.ed.
Porto Alegre: Globo, 1978.
ZALUAR, Alba; PEREIRA, Luiz F.; MONTEIRO, Rodrigo. Pesquisa e liberdade de pensamento.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 9, 7 ago. 2000.
ZENTGRAF, Maria Christina. Monografia objetiva. Rio de Janeiro: ZTG, 2002. No prelo.
______. Técnicas de estudo e pesquisa em educação. Rio de Janeiro: CEP/UFRJ, 1997b. Módulo
de ensino do Curso de Especialização em Supervisão Escolar.
97
Apêndice
Apêndice A - Formatação de Página
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
(INSTITUIÇÃO) (AUTOR)
TÍTULO DO TRABALHO
AUTOR
TÍTULO DO TRABALHO
Trabalho final
apresentado à
Instituição X como
requisito para
CIDADE CIDADE obtenção do
ANO ANO certificado de ...
AUTOR ABSTRACT
....................................................................
TÍTULO DO TRABALHO ....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
Natureza do ....................................................................
Trabalho ....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
Data da aprovação ....................................................................
....................................................................
....................................................................
Banca Examinadora ....................................................................
__________________ ....................................................................
__________________ ....................................................................
__________________ ....................................................................
....................................................................
LISTA DE ILUSTRAÇÕES (se houver) LISTA DE TABELAS (se houver)
LISTA DE ABREVIATURAS
Dedico este
estudo a meus
pais Maria e
J o a q u i m
Oliveira
100
AGRADECIMENTOS (opcional) EPÍGRAFE (opcional)
AGRADECIMENTOS
RESUMO SUMÁRIO
....................................................................
1 INTRODUÇÃO ....................................... 5
....................................................................
.................................................................... 2 REFERENCIAL TEÓRICO .................... 10
.................................................................... 2.1 Considerações iniciais ......................... 10
.................................................................... 2.2 Histórico ............................................... 12
....................................................................
.................................................................... 3 .......................
.................................................................... 3.1 .....................
.................................................................... 4 CONCLUSÃO
.................................................................... .............................................
....................................................................
REFERÊNCIAS
....................................................................
.................................................................... APÊNDICES
.................................................................... ANEXOS
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
101
INTRODUÇÃO DEMAIS CAPÍTULOS
2 ........................................
1 INTRODUÇÃO (título)
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
.................................................................... ....................................................................
REFERÊNCIAS
[...] CONCLUSÕES
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
....................................................................
102
APÊNDICES A, B, C etc. (opcional) ANEXOS A, B, C etc. (opcional)
MARGENS
superior
3 cm
esquerda direita
3 cm 2 cm
inferior
2 cm
103
Apêndice B - Editoras
Papirus
Bertrand Brasil (0XX 19) 3234-6422
(0XX 21) 2263-2082 Caixa Postal 736
13001-970 - Campinas - SP
Cortez
(0XX 11) 3864-0111 Pioneira
cortez@cortezeditora.com.br (0XX 11) 3858-3199
pioneira@virtual-net.com.br
EPU
(0XX 11) 3168-6077 Record
(0XX 21) 2585-2000
Guanabara Koogan
Travessa do Ouvidor, 11. Saraiva
Centro – Rio de Janeiro, RJ. (0XX 11) 36133000
televendas - (11) 36133344
Harbra www.editorasaraiva.com.br
(0XX 11) 5549-2244, 5571-0276 e 5571-
9777 Vozes
(0XX 24) 2237-5112
www.vozes.com.br
104
Autora
105