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1 INTRODUÇÃO
Trocadores de calor são dispositivos construídos para efetuar uma troca de calor
eficiente entre dois fluidos. São amplamente utilizados em processos de engenharia, por
exemplo, como inter-resfriadores, pré-aquecedores, evaporadores, condensadores, etc.
Nos trocadores de calor de fluxo cruzado, objeto de análise na presente experiência,
as direções do escoamento dos fluidos de trabalho são perpendiculares entre sí. Um fluido
flui internamente em um conjunto (feixe) de tubos e outro fluido flui externamente, com
temperatura diferente, através dos tubos, ver esquema na Figura 1 abaixo. O trocador de
fluxo cruzado, especificamente, tem ampla aplicação na engenharia, sendo muito utilizado
como evaporadores, no resfriamento a ar de condensadores de equipamentos de ar-
condicionado e como resfriadores da água de resfriamento de motores de automóveis.
Fluido 1
Vista lateral
Fluido 2
SL
ST
Fluido 2
Vista frontal
Os tubos do trocador de fluxo cruzado são arranjados de várias formas, todas elas
procurando maximizar a eficiência do equipamento através do aumento da taxa de
transferência de calor e da redução de seu tamanho. O objetivo dos vários arranjos
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Trocador de Fluxo Cruzado de Ar EM 847 – Laboratórico Calor e Fluidos - DE/FEM
possíveis dos tubos é estabelecer condições do escoamento externo sobre o feixe de tubos
tais que prevaleçam os efeitos de separação de camada limite e interação de vórtices, tudo
visando influenciar (maximizar) o coeficiente de transferência de calor por convecção.
Evidentemente, o coeficiente convectivo externo é só um dos fatores que determina
o coeficiente global de troca. Este é composto por três termos: primeiro, o coeficiente
convectivo interno ao tubo, segundo, a condutância do tubo, que depende da condutividade
térmica e da espessura da parede do tubo e, terceiro, do coeficiente convectivo externo. O
aumento dos primeiros dois termos é obtido com aumento de velocidade do escoamento
interno (maior vazão do fluido) e com o uso de tubos mais finos feitos com material de
condutividade térmica elevada. O coeficiente convectivo externo aos tubos pode ser
incrementado aumentando-se a velocidade do escoamento ou com o uso de arranjos
apropriados dos tubos. Neste último caso, o objetivo é obter um aumento do coeficiente
convectivo externo acima do que seria obtido simplesmente com o aumento do número de
Reynolds associado ao aumento da velocidade do escoamento. Se o fluido escoando
externamente aos tubos é um gás, um aumento adicional do coeficiente convectivo seria
obtido com o uso de aletas nos tubos.
Assim, as fileiras de tubos que formam um feixe podem ser alinhadas ou
desalinhadas em relação à direção principal do escoamento. A configuração de um banco
de tubos é caracterizada pelo diâmetro do tubo, d, e pelas distâncias transversal, sT, e
longitudinal, sL, ambas medidas a partir do centro dos tubos (ver Figura 1). O coeficiente de
transferência de calor associado a um certo tubo depende de sua posição no feixe.O
coeficiente convectivo para um tubo colocado na primeira fileira em relação ao fluxo
externo é aproximadamente igual ao de um tubo simples colocado em uma corrente
cruzada. Os tubos colocados internamente no feixe terão maiores coeficientes convectivos
Nesta experiência especificamente, o interesse se concentra na determinação e
análise da transferência de calor por convecção associada com o fluxo cruzado sobre os
tubos. Na montagem tem-se o escoamento de um fluido de trabalho somente, o ar que escoa
externamente aos tubos. Para simular o escoamento de um fluido quente no interior dos
tubos, tem-se um elemento aquecedor, isto é, um tubo de dimensões similares aos demais
do trocador, dissipando calor por efeito Joule para o escoamento de ar externo. O
escoamento externo de ar é suprido por um ventilador e pode ser ajustado para diferentes
valores do número de Reynolds. O elemento aquecedor pode ser o único tubo no
escoamento, configurando um escoamento cruzado sobre um único cilindro. Ou pode ser
colocado em diferentes posições de um feixe de tubos, configurando um tubo único de um
feixe de tubos de um trocador de fluxo cruzado.
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Trocador de Fluxo Cruzado de Ar EM 847 – Laboratórico Calor e Fluidos - DE/FEM
Notar que, no caso da transferência de calor para um cilindro isolado, a velocidade usada
para calcular o de Reynolds é a velocidade do escoamento não-perturbado que se aproxima
do cilindro, V.
Note então que é possível quantificar o processo de transferência de calor que ocorre do
cilindro colocado transversalmente no escoamento (e também para um feixe de tubos que
constitui um trocador) fazendo-se ensaios para Nu e Re diversos (se Pr não varia) e obter a
correlação existente entre eles.
Para comparar a correlação assim obtida experimentalmente, pode-se ter como referência a
seguinte correlação, desenvolvida recentemente, e válida para 10 < Re d, máx < 100000 :
0, 25
⎛ ⎞
(
Nu d = 0,4 Re d, máx + 0,06 Re d, máx
0,5 0,666 )Pr 0,4 ⎜ μ a ⎟
⎜μ ⎟
(2)
⎝ s⎠
Neste caso aparece a razão entre as viscosidades do ar local , μa, e na corrente livre, μs.
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O número de Reynolds deve ser calculado com velocidade local, Vmáx. Esta velocidade
máxima depende, evidentemente, do arranjo dos tubos. No caso do trocador utilizado no
presente experimento, com arranjo de tubos não-alinhados, a velocidade máxima ocorrerá
no plano transversal ao escoamento (que tem área transversal ao escoamento mínima, veja
dimensão ST na Figura 1). Assim, a velocidade máxima será:
A 9,7510 −3
V máx = V = V = 2,343 V
A min 4,1610 − 3
onde A é a área livre do duto (65 mm x 150 mm = 9,75 10-3 m2) e Amin (4,16 10-3 m2) é a
área mínima de escoamento no feixe de tubos.
3. OBJETIVOS
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Trocador de Fluxo Cruzado de Ar EM 847 – Laboratórico Calor e Fluidos - DE/FEM
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Trocador de Fluxo Cruzado de Ar EM 847 – Laboratórico Calor e Fluidos - DE/FEM
transferência de calor. Ele é aquecido eletricamente, com potência dissipável ajustada por
reostato montado no painel do sistema. Para determinar o fluxo de calor do elemento ativo,
multiplica-se sua resistência (70 Ohms) pela diferença de voltagem aplicada. Sua
temperatura (superficial) é medida com termopar de 0,10C de precisão, com indicação em
milivoltímetro colocado no painel de instrumentos. A temperatura do ar no duto também é
medida com termopar e indicada no painel.
O ar, succionado por um ventilador, entra no duto após passar por uma entrada tipo
boca de sino. Sua vazão é controlada por um “damper” tipo íris, colocado na extremidade
de descarga do duto. A vazão (e então a velocidade) do ar que escoa no duto é medida pela
entrada tipo boca de sino, que é acoplada a manômetros. Para medir as quedas de pressão
associadas às diferentes faixas de vazão de ar (alcançadas quando um só tubo ou o feixe de
tubos está na seção de teste), dois manômetros com diferentes fluidos manométricos e
faixas de medição são utilizados.
Valores úteis:
Diâmetro d do elemento ativo: 15,8 mm
Comprimento da seção ativa do elemento ativo: 50 mm
Área de aquecimento do elemento ativo: 2,482 x 10-3 m2
Área de seção transversal do duto: (65 mm x 150 mm): 9,75 x 10-3
Área mínima no feixe de tubos (transversal): 4,16 x 10 –3
Velocidade do ar no duto: V = 74,294(H Ta / Pa)1/2 , H = mmH2O, Ta = oK,
Pa = N/m2 absoluta)
Os valores de condutividade térmica e viscosidade cinemática do ar estão em gráficos no
apêndice desta apostila, bem como o fator de correção da transferência de calor, Fn, de
posicionamento do tubo no feixe.
5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3. Nunca ligue o ventilador antes de verificar que a válvula “damper” tipo iris, localizada
na saída do escoamento de ar, esteja na posição de abertura mínima.
4. Após ligar o ventilador, ajuste a abertura da válvula com diafragma para obter a menor
altura manométrica desejada (H = 5 mm H2O).
6. Ajuste a voltagem fornecida ao cilindro aquecedor até que a sua temperatura atinja um
valor em torno de 60 °C. Este ajuste deve ser feito em etapas, aguardando alguns
minutos até que a temperatura do cilindro atinja um valor de equilíbrio.
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8. Abra a válvula de diafragma do ventilador até obter o novo valor desejado da altura
manométrica (H = 6 mm H2O).
10. Quando a operação em regime permanente for obtida, registre novamente os valores de
Ts, Ta, H e V.
12. Ajuste a voltagem fornecida ao cilindro para um valor mínimo e aguarde o seu
resfriamento por alguns minutos.
14. Ajuste a voltagem fornecida ao cilindro até que ele atinja um valor em torno de 60 °C.
16. Ajuste a voltagem fornecida ao cilindro para um valor mínimo e aguarde o seu
resfriamento por alguns minutos.
17. Coloque agora o cilindro aquecido na fila a jusante do trocador, movendo o cilindro não
aquecido desta fila para a posição anteriormente ocupada pelo cilindro aquecido.
18. Mantendo o valor de H em 8 mm H2O, repita agora as etapas 14, 15, 16 e 17 até obter
as leituras para o cilindro aquecido na sexta fila do trocador de calor.
19. Ajuste novamente a voltagem fornecida ao cilindro para um mínimo e aguarde o seu
resfriamento por alguns minutos.
20. Desligue a fonte de potência e em seguida o ventilador, fechando também a sua válvula
diafragma.
6. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS
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Condutividade térmica do ar
Condutividade térmica do ar
0,027
y = 8E-05x + 0,0243
0,0265
K ar, W/m K
0,026
0,0255
0,025
0,0245
0 5 10 15 20 25 30 35
Temperatura, C
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Viscosidade cinemática do ar
Viscosidade cinemática do ar
Viscosidade cinemática, 16,5
y = 0,0919x + 13,219
16
m2/s x 10-6
15,5
15
14,5
14
13,5
0 10 20 30 40
Temperatura, C
Fator Fn
Fator Fn
1
0,95
Fn
0,9
0,85
0,8
2 4 6 8 10
Número de linhas de tubos