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Ensaios in-situ e em laboratório para caracterização do desempenho

em serviço de rebocos pré-doseados aplicados em fachadas de edifícios


correntes

Inês Flores-Colen Jorge de Brito Vasco P. de Freitas


DECivil, IST DECivil, IST Professor Catedrático
Portugal Portugal LFC, DEC, FEUP
ines@civil.ist.utl.pt jb@civil.ist.utl.pt vpfreita@fe.up.pt

Resumo: A escolha das intervenções nas fachadas rebocadas em serviço, assim como a
monitorização da sua eficácia, deve ser apoiada por critérios quantitativos passíveis de
serem medidos in-situ (permitindo a avaliação do material efectivamente aplicado e do
comportamento real do sistema de revestimento). Por conseguinte, pretende discutir-se os
ensaios in-situ e em laboratório (para análise de amostras recolhidas em serviço), que
actualmente podem ser utilizados na caracterização do desempenho dos rebocos exteriores
aplicados, em termos de princípio de actuação; parâmetros em serviço e potencialidade
para a avaliação e diagnóstico durante as inspecções. Com esta comunicação, espera-se
ainda sensibilizar os fabricantes para a necessidade de existirem parâmetros em serviço,
passíveis de serem medidos in-situ, nas suas declarações, em complemento dos já dispo-
níveis por obrigatoriedade da marcação CE (apenas aplicáveis a provetes normalizados e
em condições controladas de laboratório).
Palavras-chave: ensaios in-situ; desempenho em serviço; rebocos; critérios.

1. INTRODUÇÃO
A análise do desempenho dos rebocos aplicados inclui a identificação das funções exigi-
das, características de desempenho, requisitos (regulamentares e adicionais) e a aplicação
de adequados métodos de verificação. Neste contexto, a avaliação do desempenho em
condições reais de utilização (designado nesta comunicação por desempenho em serviço)
depende, significativamente, dos critérios e métodos de verificação em serviço, disponí-
veis face ao estado actual do conhecimento. A metodologia proposta para argamassas de
revestimento exterior de base maioritariamente cimentícia, no âmbito do doutoramento da
1ª Autora [1], incide na sistematização de vários parâmetros em serviço (de observação e
de medição) que podem constituir uma mais-valia no diagnóstico das inspecções, reduzin-
do a subjectividade inerente a uma avaliação unicamente visual. Esta comunicação apre-
senta uma síntese de vários ensaios in-situ ou em laboratório que podem ser utilizados no
diagnóstico em serviço de fachadas rebocadas. Espera-se assim, contribuir para uma
maior sensibilidade relativamente à importância de existirem características ou parâmetros
quantitativos que possam integrar os cadernos de encargos no projecto de edifícios com
fachadas rebocadas, complementando os actuais requisitos de desempenho, mas também
que permitam uma monitorização dos rebocos aplicados na fase de utilização em condi-
ções reais de serviço.

2. ESPECIFICAÇÃO DO DESEMPENHO
O adequado comportamento dos rebocos aplicados, tal como outros elementos construti-
vos, é decisivo para garantir bons níveis de desempenho global da fachada durante o seu
ciclo de vida útil, nomeadamente em termos da sua resistência aos agentes de degradação
em serviço e componente estética.
A especificação de argamassas de revestimento, logo na fase de projecto, deve deixar de
ser, tanto quanto possível, prescritiva (unicamente através de traços volumétricos ou pon-
derais) para passar a ter uma forma exigencial que contemple características de desempe-
nho e requisitos regulamentares e adicionais.
Apesar de o mercado actual das argamassas ainda ser caracterizado pela predominância de
argamassas tradicionais, fabricadas em obra, é notória a crescente industrialização destes
produtos e a preocupação da sua adequabilidade ao uso. De facto, a Directiva de Produtos
da Construção 89/106/CEE [2] começa a ter uma efectiva implementação no mercado,
com a obrigatoriedade da Marcação CE (desde 2005) para as argamassas de revestimento
(marcação que serve apenas de um “bilhete” para a livre circulação deste produtos no
mercado europeu). A Marcação CE, apoiada pela norma europeia harmonizada EN 998-1
[3], tem vindo a ter resultados efectivos nas características declaradas pelos fabricantes
das argamassas industriais, conforme foi possível constatar na análise dos catálogos de 12
fabricantes de argamassas [1], no período de 2007/2009, referentes à produção de 50 pro-
dutos pré-doseados (35 argamassas de uso geral e 15 monocamadas, designadas corrente-
mente por “monomassas”).
Neste estudo, verificou-se que [1]:
• características mais declaradas pelos fabricantes para argamassas de uso geral e
monocamadas (“monomassas”) - tipo de suporte; coeficiente de difusão ao vapor
de água; coeficiente de capilaridade; reacção ao fogo; aderência; resistência à
tracção por flexão; resistência à compressão; massa volúmica aparente; quantida-
de de água na amassadura e tipo de acabamento;
• características menos declaradas pelos fabricantes (neste caso, para monocama-
das, produtos normalmente pigmentados na massa, sem acabamento final, cor-
rentemente designados por “monomassas”) - espessura média ou máxima de
aplicação; granulometria; retracção e módulo de elasticidade dinâmico.
Esta uniformização de características declaradas, apesar de positiva, é generalista, levando
a que sejam poucos os fabricantes que recorrem à declaração de requisitos adicionais
(apoiados, por exemplo, pelos documentos de aplicação do LNEC [4] ou de marca de
produto nacional, de carácter voluntário), nomeadamente em relação a características
importantes para o desempenho em serviço, tais como a retracção (livre e restringida) e o
módulo de elasticidade dinâmico.
Por outro lado, de acordo com a recolha bibliográfica efectuada, verificou-se que os requi-
sitos preconizados para as várias características de desempenho podem ter diferentes
modos de expressão; valores mínimos e máximos; classes de valores; valores declarados
pelos fabricantes ou tabelados em normas ou, ainda, expressões qualitativas do tipo “pre-
ferencialmente moderada, média ou alta”. Constatou-se ainda que a informação disponível
para apoio à especificação de rebocos exteriores na fase de projecto não se encontra orien-
tada para a sua monitorização em serviço, devido principalmente às seguintes razões [1]:
• os requisitos existentes na literatura técnica são verificados através de ensaios em
laboratório (em condições ambientais controladas e provetes normalizados), sen-
do reduzidos os métodos de verificação que podem ser aplicados em serviço ou
que apresentam um conjunto de adaptações para este tipo de utilização;
• apesar de existirem algumas normas / documentos técnicos que identificam dife-
rentes requisitos tendo em conta condições específicas em serviço (protecção da
fachada, tipo de acabamento, natureza do suporte e condições de exposição), de
um modo geral, estes aspectos são abordados de forma genérica e prescritiva.
Neste contexto, os métodos de verificação em serviço preconizados no estudo da 1ª Auto-
ra [1] são de quatro tipos: observação visual, meios auxiliares de diagnóstico (pequenos
equipamentos ou procedimentos simples de apoio à observação visual); técnicas de ensaio
in-situ e em laboratório (ensaios realizados em ambiente controlado, mas com amostras
que foram recolhidas durante a inspecção). Esta comunicação incide nos ensaios in-situ e
em laboratório.

3. ENSAIOS IN-SITU E EM LABORATÓRIO

3.1 Considerações gerais


No estado actual, o desempenho em serviço de rebocos exteriores é avaliado, por norma,
em função das anomalias visíveis (degradação existente). Neste contexto, esta avaliação
depende significativamente da experiência e do conhecimento técnico do inspector e da
informação disponível sobre o edifício (onde é constante o desconhecimento do historial
das intervenções já realizadas, por falta de registos) [5].
As técnicas analisadas são técnicas correntes de diagnóstico e foram caracterizadas em
detalhe em publicações anteriores [1; 5; 6; 7; 8]. No entanto, destacam-se alguns aspectos:
1) os coeficientes de variação em serviço são maiores dos que os obtidos em laboratório
(na maioria das técnicas, estes coeficientes apresentaram valores entre 9 e 50%); 2) a
recolha de amostras e as técnicas in-situ mais intrusivas apresentam aplicação mais redu-
zida em edifícios recentes, devido principalmente a questões estéticas e económicas; 3) as
condições da inspecção podem afectar os resultados de algumas técnicas; 4) a dimensão e
o estado de degradação das amostras recolhidas podem afectar os resultados e a viabilida-
de da técnica de ensaio. Adicionalmente, foram adaptados alguns procedimentos neste
estudo para facilitar a utilização de determinadas técnicas em serviço, em particular: 1) no
ensaio pull-off, foram utilizados cortes quadrados nos paramentos em vez dos circulares,
preconizados na norma, pois são mais fáceis de executar em revestimentos menos com-
pactos; 2) no ensaio de capilaridade e de secagem, as amostras não foram impermeabili-
zadas nas faces; 3) no ensaio de esclerómetro, não houve, por norma, o alisamento da
superfície com a peça de carborundo, conforme correntemente utilizado em superfícies de
betão.
3.2 Ensaios in-situ
As técnicas de ensaio in-situ auxiliam o diagnóstico em termos de degradação, mas não
estabelecem, na sua maioria, relações directas com os requisitos de desempenho. De facto,
estas técnicas apresentam diferentes graus de conhecimento quando aplicadas à avaliação
do comportamento em serviço de rebocos exteriores, de acordo com o seguinte:
• técnicas com procedimentos normalizados e critérios de avaliação consensuais no
meio técnico, possuindo recomendações para a sua aplicação in-situ (por exem-
plo, recomendações da RILEM); apenas o ensaio de arrancamento por tracção
pull-off reúne estas condições (Tabela 1);

Tabela 1 - Ensaios in-situ para análise de parâmetros em serviço mecânicos [1; 9 - 18]
Técnica de ensaio / Ilustração da técnica Potencialidade em serviço
parâmetros em serviço
Resistência ao arranca- Técnica intrusiva que possibilita “son-
mento por tracção (pull- dagens” sobre o sistema aplicado; a
off) para a determinação análise das tensões nas roturas maiori-
da tensão de aderência tariamente coesivas fornece informa-
(fu), tipologia de rotura ção sobre a resistência à compressão
(adesiva ou coesiva) e (≈ 10 x tensão rotura); as amostras
respectivas tensões após o ensaio podem ser ensaiadas
para outros parâmetros
Resistência superficial Caracterização da resistência superfi-
pelo Martinet Baronnie cial (deformabilidade superficial no
que mede o diâmetro da ensaio de choque de esfera de 3J) e
mossa (Ǿmossa) e o índice interna (ensaio de quadriculagem até 6
de quadriculagem (Iij), J) da argamassa aplicada; avaliação da
associados a ensaios de profundidade de anomalias do tipo
impacto de corpos duros pulverulência
“Dureza” superficial Técnica com reduzido grau de intrusi-
pelo esclerómetro pen- vidade, possibilita mapeamentos com
dular que fornece o rápida detecção de zonas com pior
índice esclerométrico desempenho (por exemplo, zonas
(IE); energia de impacto empoladas ou destacamentos); medida
de 0.88 J para os escle- indirecta da resistência à compressão
rómetros tipos P, PT e do produto; necessidade de avaliar a
PM, mas com diferentes contribuição do suporte para os resul-
corpos de impacto tados em serviço
Ultra-sons (método Avalia as heterogeneidades internas da
indirecto) que mede o argamassa aplicada; permite estabele-
tempo de transição das cer uma relação entre o decréscimo da
ondas ultra-sónicas, velocidade medida em zonas visual-
permitindo o cálculo da mente boas e com anomalias (sendo
velocidade aparente das muito sensível à fissuração); sensível à
ondas ultra-sónicas (Vap) presença de humidade no paramento

• técnicas que têm sido utilizadas nas inspecções de superfícies rebocadas ou de


paramentos de edifícios (antigos ou recentes), possuindo procedimentos técnicos
de apoio à sua aplicação em serviço (recomendações da RILEM ou fichas de
ensaio do LNEC), baseando-se, no entanto, em critérios subjectivos de avaliação
(que mais uma vez dependem da experiência do inspector); nestas condições
inserem-se as seguintes técnicas: esclerómetro pendular tipos PM, P e PT, Marti-
net Baronnie e tubo de Karsten ou método do cachimbo (Tabelas 1 e 2);

Tabela 2 - Ensaios in-situ para análise de parâmetros em serviço físico-químicos [19-23]


Técnica de ensaio / parâmetro Ilustração da técnica Potencialidade em serviço
em serviço
Tubo de Karsten que mede a Técnica não-destrutiva que
absorção de água sob pressão permite diferenciar produ-
até aos 60 min, em zona não tos com ou sem hidrófugo;
fissurada; permite a análise da complementa os resulta-
permeabilidade à água líquida, dos dos ensaios de capila-
através de um coeficiente de ridade em amostras; dis-
absorção (Cabtk) para um perío- tingue vários tipos de aca-
do de tempo bamento
Humidímetro que, pelo princí- Técnica não-destrutiva que
pio da impedância eléctrica, possibilita mapeamentos
mede em percentagem um teor rápidos e o diagnóstico da
de humidade à superfície (Hsup) origem e/ou evolução dos
(escala calibrada para um rebo- focos de humidade; sensí-
co de referência introduzido no vel a sais higroscópicos
aparelho)
Pirómetro de radiação infra- Técnica não destrutiva que
vermelha que mede a tempera- pode fazer pequenos
tura superficial (Tsup) sem con- mapeamentos da tempera-
tacto, permitindo calibrar os tura à superfície; medições
resultados para valores de durante 24 h para a análise
emissividade e de temperatura das condensações superfi-
ambiente ciais
Kit de campo que mede a con- Permite avaliar a origem
centração de vários sais, em das eflorescências e res-
mg/l (cloretos, nitratos e sulfa- pectiva concentração de
tos), através da análise de 2 g determinado sal; apresenta
de amostra em solução aquosa alguma incerteza na análi-
+ reagentes, com um espectro- se dos sulfatos; requer
fotómetro recolha de amostra em pó
Fitas colorimétricas que Fornecem intervalos de
medem a concentração de concentração para cada
vários sais numa solução aquo- ião, podendo ser útil na
sa, através de escala comparati- detecção rápida de teores
va fornecida (por exemplo: elevados de um dado sal;
cloretos: 0 - 500 - 1000 - 1500 - incerteza nos limites da
2000 - 3000 mg/l) cada gama de leitura
• técnicas que, embora de uso corrente, com procedimentos normalizados (normas
ISO ou da ASTM) no diagnóstico em serviço de elementos da construção, como
por exemplo estruturas de betão, apresentam ainda pouca aplicação no diagnósti-
co de paramentos rebocados (apesar de já existirem estudos desenvolvidos por
outros investigadores); nestas condições, inserem-se as técnicas de ultra-sons
(Tabela 1);
• técnicas que têm sido utilizadas no diagnóstico de paramentos rebocados ou de
fachadas, mas cujos procedimentos são apenas referidos no manual do equipa-
mento, sendo ainda escassos os estudos de investigação que possam fornecer cri-
térios de avaliação, neste grupo, inserem-se as técnicas do kit de campo para sais,
fitas colorimétricas, medidor de pH/condutividade, humidímetro, pirómetro de
radiação infravermelha (Tabela 2).

3.3 Ensaios em laboratório com amostras recolhidas em serviço


As técnicas de ensaio em laboratório, utilizadas para a análise de amostras recolhidas em
serviço, permitem obter informação sobre parâmetros relevantes para o desempenho que
não são analisados directamente pelas técnicas de ensaio in-situ referidas anteriormente.
No estudo efectuado [1], verificou-se que a utilização dos ensaios em laboratório é redu-
zida no diagnóstico de rebocos em serviço, assim como os estudos de investigação que, na
maioria das técnicas, são ainda incipientes.
No entanto, é possível distinguir estas técnicas em termos do conhecimento adquirido
(Tabela 3):
• técnicas que resultam da adaptação de outras normalizadas para provetes de
argamassa, com requisitos de desempenho definidos; neste grupo, insere-se o
ensaio de absorção capilar;
• técnicas que resultam de outras com procedimentos aplicados mais correntemen-
te a outros materiais (por exemplo, amostras de betão ou pedra): neste grupo,
insere-se o ensaio de resistência à compressão de amostras e a medição do volu-
me das amostras através da pesagem hidrostática para a determinação da massa
volúmica aparente ou porosidade aberta ou aparente (esta última técnica apresen-
ta na bibliografia diferentes procedimentos para a saturação das amostras);
• técnicas que resultam apenas de estudos de investigação, sem procedimentos
publicados; neste grupo, insere-se o ensaio de secagem de amostras (utilizado
após a conclusão do ensaio de absorção capilar).

3.4 Parâmetros em serviço


Os parâmetros em serviço utilizados no estudo incluíram diversos parâmetros de observa-
ção e de medição (cerca de 28). Estes últimos foram analisados em amostras em laborató-
rio (provetes normalizados e modelos reduzidos de tijolo e argamassa) e em amostras
sujeitas a degradação devida às diversas condições de exposição em serviço (muretes ou
fachadas de edifício). Este estudo foi limitado às argamassas aplicadas mais frequente-
mente em edifícios correntes, incluindo as argamassas (pré-doseadas ou tradicionais),
cimentícias ou bastardas, com 5 a 7 de areia, excluindo, portanto, as argamassas de edifí-
cios antigos, cuja percentagem de cal é significativamente maior.
As campanhas em laboratório permitiram um melhor entendimento das técnicas de verifi-
cação dos vários tipos de rebocos, assim como estabelecer algumas relações de dependên-
cia entre os parâmetros de medição em serviço (mecânicos e físico-químicos) e os deter-
minados em provetes normalizados (parâmetros que se encontram associados aos requisi-
tos encontrados em normas ou na bibliografia técnica).

Tabela 3 - Ensaios em laboratório para análise de parâmetros em serviço mecânicos, físi-


cos e químicos [24-31]
Técnica de ensaio / parâmetro Ilustração da técnica Potencialidade em serviço
em serviço
Ensaio de compressão de amos- Técnica destrutiva que
tras recolhidas directamente avalia o comportamento
dos paramentos ou que resul- mecânico do reboco apli-
tam do ensaio de pull-off; cado; os resultados podem
medição da resistência à com- ser influenciados pela
pressão do produto aplicado irregularidade, degradação
(Rcad) e espessura da amostra
recolhida
Ensaio de pesagem hidrostática Permite uma primeira
que permite determinar a massa caracterização mecânica e
volúmica aparente (MapPA) e a física do reboco aplicado; a
porosidade aberta (Pap) em porosidade aberta pode
pequenas amostras recolhidas; distinguir produtos pré-
não permite a análise da poro- doseados (mais porosos)
metria (distribuição dos poros) dos tradicionais
Ensaio de secagem que permite Ensaio ainda em estudos
a determinação do índice de de investigação, com pou-
secagem, Is, em amostras reco- ca aplicação prática, mas
lhidas (variação do teor de que pode constituir uma
água, em %, durante a evapora- via indirecta para avaliar a
ção, em relação ao teor de água resistência à difusão do
existente na fase inicial da vapor de água
secagem)
Ensaio de capilaridade em Permite avaliar o compor-
amostras que mede o coeficien- tamento face à água do
te de capilaridade, Cda (através reboco aplicado; na análise
da diferença de massa durante o dos resultados ter em conta
tempo em que decorre o ensaio, a espessura da amostra e se
traduzida no declive do gráfico) houve ou não a sua satura-
ção durante o ensaio
Medidor portátil combinado Fornece informação rele-
para medição do pH e conduti- vante para a caracterização
vidade (µS/cm) de uma amostra do reboco aplicado, em
em solução aquosa, através de determinado instante; por
um processo electrométrico exemplo, identificação de
zonas carbonatadas ou
atacadas quimicamente

De um modo geral, os resultados obtidos nas campanhas em laboratório para os parâme-


tros mecânicos em serviço, medidos com as técnicas das Tabelas 1 e 3, apresentaram boas
correlações com as seguintes características: a resistência à compressão, módulo de elasti-
cidade dinâmico, e tensão de aderência. Por outro lado, os resultados em laboratório para
os parâmetros físico-químicos, medidos com as técnicas das Tabelas 2 e 3, permitiram
concluir que existem boas correlações entre estes e os seguintes parâmetros de referência:
coeficiente de capilaridade e permeabilidade ao vapor de água, relevantes para a verifica-
ção das características do reboco aplicado em serviço, nomeadamente, resistência à pene-
tração da água líquida, resistência à humidade ascensional, resistência higrotérmica e
bioquímica.
A análise dos vários resultados obtidos com as campanhas em serviço permitiu confirmar
algumas relações estabelecidas em laboratório, assim como identificar outras relevantes.
Na maioria das vezes, os resultados em serviço conduziram a relações entre parâmetros
com coeficientes de correlação mais baixos, devido à influência de vários factores em
serviço, tais como: procedimentos de execução, modo de aplicação das argamassas, aca-
bamento final das argamassas, mecanismos de degradação predominantes, influência dos
restantes elementos da fachada, e condições ambientais antes ou durante a realização dos
ensaios. Por outro lado, as boas correlações obtidas entre vários parâmetros em serviço
permitiram, em alguns casos, ajustar os parâmetros medidos em laboratório às condições
reais de exposição (por exemplo, boas correlações verificadas entre a porosidade aparente
e o índice esclerométrico, o diâmetro da mossa e o índice de resistência à secagem. Con-
cluiu-se, assim, que o estudo de mais do que um parâmetro em serviço possibilitou, quase
sempre, um melhor entendimento dos fenómenos observáveis; nos casos onde isto não
aconteceu, foram calculados indicadores de fiabilidade associados aos parâmetros de
referência, aos métodos de verificação e aos resultados em serviço [1].
Por último, foram propostos critérios limite entre dois grupos de argamassas (em termos
dos parâmetros mecânicos) com base no trabalho desenvolvido, um primeiro grupo asso-
ciado às argamassas pré-doseadas menos compactas (com massa volúmica aparente infe-
rior a 1550 ± 150 kg/m3) e um segundo grupo onde se inserem todas as argamassas tradi-
cionais, de base maioritariamente cimentícia, e as argamassas pré-doseadas mais compac-
tas (com massa volúmica aparente superior a 1550 ± 150 kg/m3). No caso dos parâmetros
físicos, a distinção foi feita entre argamassas pré-doseadas e tradicionais, já que as primei-
ras são correntemente hidrofugadas. Relativamente aos parâmetros químicos, foram pro-
postos limites gerais para o conjunto das argamassas, sem a diferenciação de grupos como
os parâmetros anteriores (Tabela 4).

4. CONCLUSÕES
O diagnóstico em serviço dos rebocos aplicados com recurso a técnicas de ensaio pode ser
significativamente melhorado, reduzindo a subjectividade que uma inspecção visual tem.
As técnicas analisadas nesta comunicação são métodos simples com custos reduzidos que
apresentam alguma incerteza associada principalmente aos factores de serviço (por exem-
plo, condições de aplicação das argamassas de revestimento) e às condições de inspecção
(temperatura, condições de humidade, entre outros). No entanto, fornecem parâmetros que
podem traduzir o comportamento mecânico, físico e químico dos rebocos aplicados ao
longo da sua vida útil.
O estudo efectuado concluiu que a fiabilidade destas técnicas é aumentada quando são
utilizadas em conjunto, possibilitando o cruzamento de vários parâmetros de medição,
obtidos através de ensaios directos nos paramentos com técnicas pouco intrusivas ou em
laboratório com pequenas amostras recolhidas. Neste contexto, a introdução de parâme-
tros passíveis de serem medidos em serviço nas declarações dos fabricantes (como parâ-
metros adicionais aos já exigidos, determinados em laboratório e em provetes normaliza-
dos de argamassa) pode contribuir para um melhor conhecimento do desempenho em
serviço das argamassas de revestimento. Por último, os critérios propostos para as técnicas
analisadas têm como objectivo constituir apenas uma base de trabalho, que deve ser vali-
dada com o estudo de um maior número de fachadas rebocadas em serviço pelo meio
técnico (fabricantes e universidades).

Tabela 4 - Critérios propostos para a avaliação do desempenho de rebocos exteriores, com


base nas técnicas estudados e estudos de casos analisados (para argamassas pré-doseadas
menos compactas, com massa volúmica aparente inferior a 1550 ± 150 kg/m3) [1]
Parâmetro em serviço Critérios Unidades
Massa volúmica aparente 1330 ≤ MapPA ≤ 1550 ± 150 kg/m3
Porosidade aparente 22 ± 2 ≤ Pap ≤ 30 ± 5 %
Tensão de arrancamento por tracção fu ≥ 0.3 N/mm2
Resistência à compressão de amostras, após 2.8 ≤ Rcad ≤ 5.2 N/mm2
ensaio de aderência pull-off
Resistência à compressão de amostras estima- 2.7 ≤ Rcfuc ≤ 4.0 N/mm2
da pela tensão de arrancamento em rotura
coesiva
Velocidade aparente de propagação das ondas 3 ± 0.3 ≤ Vap≤ 3.3 ± 0.2 km/s
Índice esclerométrico no esclerómetro PT 64 ≤ IEPT≤ 75 ± 7 -
Diâmetro da mossa no Martinet Baronnie 13 ≤ Ømossa ≤ 20 mm
Índice de quadriculagem no Martinet Baron- I0 ≤ Iij ≤ I25054 -
nie
Humidade à superfície, em ambiente seco Hsup ≤ 11 ± 9 %
Coeficiente de absorção no tubo de Karsten 0.05 ≤ Cab(60)mintk ≤ 0.2 kg/m2.min0.5
Coeficiente de capilaridade de amostras 0.01 ≤ Cda ≤ 0.2 kg/m2.min0.5
48h
Teor de água no ensaio de capilaridade às 48h 0.01 ≤ Wc ≤ 0.2 %
Índice de resistência à secagem de amostras 0.1 ≤ Is≤ 0.3 ± 0.05 -
Concentração de cloretos [Cl-], nitratos [NO3-] 50 ≤ [Cl-] ≤ 300 ; 75 ≤ mg/kg
e sulfatos [SO42-] em amostras em solução [NO3-] ≤ 500 ; 1000 ≤
aquosa, medidos neste estudo através do kit de [SO42-] ≤ 5000 ; 1125 ≤
campo ou fitas colorimétricas Σsais(C+N+S) ≤ 5800
Valor de pH de amostras em solução aquosa 10 ≤ pH ≤ 11 ± 1.5 -
Nota: os critérios propostos resultam do trabalho desenvolvido em 44 casos de estudo [1] mas care-
cem da análise de um maior número de casos, com diferentes condições em serviço, pelo que a
generalização destes valores deve ser tida com alguma reserva.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao centro de investigação ICIST do IST, aos Laboratórios de Cons-
trução do IST e de Física das Construções da FEUP e ao Eng.º Luís Silva da Weber pelo
apoio no trabalho experimental.

6. REFERÊNCIAS
[1] Flores-Colen, I. Metodologia de avaliação do desempenho em serviço de fachadas
rebocadas na óptica da manutenção predictiva. Tese de doutoramento, 2009, 487 p.
[2] Directiva Comunitária Relativa aos Produtos da Construção. Directiva 89/106/CEE.
Jornal Oficial n.º L 040 de 11 de Fevereiro, alterada pela Directiva 93/68/CEE de 22 de
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[3] CEN. Specification for mortar for masonry. Part 1: rendering and plastering mortar.
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Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 2005.
[5] Flores-Colen, I.; Brito, J. de; Freitas, V. P. Expedient In Situ Test Techniques for Pre-
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[7] Flores-Colen; I.; Silva, L; Brito, J.; Freitas, V. Parâmetros em serviço medidos em
amostras recolhidas in-situ - Massa volúmica e porosidade aparentes, PATORREB 2009
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[8] Flores-Colen, I.; Brito, J. de; Freitas, V. P. Expected render performance assessment
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