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SECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 11/05/2011

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA


(Bloco/PSDB – SP. Para discutir..) – Sr. Presidente,
Srªs Senadoras, Srs. Senadores, quem de nós, que
desempenha mandato eletivo, já não se colocou diante
de uma questão intrincada, polêmica, uma questão que
não tenha sido objeto de campanha eleitoral ou de
compromissos públicos que assumimos com nossos
constituintes e que somos obrigados a decidir aqui em
nome deles, especialmente, nós, Senadores, que
somos eleitos pelo voto majoritário?
A nossa votação não obedeceu
necessariamente às fronteiras partidárias; os nossos
Estados abrigam interesses contraditórios; muitas vezes
as matérias são tão complexas que não estão ao
alcance dos eleitores. Nós mesmos, Senadores, com
toda brilhante Assessoria do Senado, eu, Senador
Itamar, me confesso incapaz de entender essa fórmula
paramétrica que V. Exª projetou para ilustrar a
composição da tarifa de Itaipu. Mas algumas questões
são absolutamente claras e transparentes, não pode
haver dúvida quanto à resposta dos nossos eleitores.
Se eu perguntar a um eleitor de São Paulo, da
capital, lá de Itaquera, de Guaianases, da Brasilândia,
de Santo Amaro, um eleitor de Jales, de Pontalinda, de
Rio Preto, de Campinas, se eu perguntar a qualquer um
dos eleitores de São Paulo – tenham eles votado em
mim ou votado na Senadora Marta Suplicy, e muitos
votaram em nós dois:
“Meu amigo, você concorda com o aumento da
sua conta de luz? Você concorda que eu vote em seu
nome para aumentar a conta que você paga todo mês,

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que a sua família paga todo mês a título de


fornecimento de energia que a sua família ou sua
empresa consome? Você concordaria que eu votasse
esse aumento da sua conta para beneficiar o Governo
do Paraguai?”.
Eu tenho certeza absoluta, Sr. Presidente, que
nenhum eleitor concordaria. Eu receberia um sonoro e
rotundo “não”, porque não tem sentido, aumentarmos a
conta de luz do brasileiro para atender ao Governo do
Paraguai.
E não se diga, como disse a relatora, que é
líquido e certo que o consumidor não pagará, que quem
pagará será o contribuinte, que acabam sendo as
mesmas pessoas. Basta que nós olhemos, Srs.
Senadores, o texto do projeto de decreto legislativo que
o Senado se prepara para votar. No texto do projeto de
decreto legislativo não há qualquer menção ao fato de
os encargos serem assumidos pelo Tesouro Nacional,
ou seja, pelos contribuintes.
O texto do PDL diz respeito apenas à correção
do montante de remuneração do Paraguai pelo
fornecimento da energia produzida por Itaipu e que não
utiliza. Está dito, sim, na exposição de motivos que a
tarifa não sofrerá qualquer acréscimo. Mas o que vale, e
os Senadores sabem, o que vale é a lei, não é a
exposição de motivos. O que vale é a lei.
A lei que internalizou no Direito brasileiro o
Tratado de Itaipu. O que vale é o Decreto Legislativo nº
23, de 1973, que diz que compõe o custo a energia de
Itaipu o montante necessário à remuneração de uma
das partes contratantes pela energia que ela não utilizar

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e que o montante dessa remuneração será pago


mensalmente pela empresa Itaipu. Logo, a Itaipu paga
com uma receita que advém da tarifa do consumidor,
especialmente o consumidor do Centro-Sul, que vamos
onerar em benefício do Governo do Paraguai.
Dirão “é o povo do Paraguai”. Quem me
garante que o governo paraguaio vai utilizar esse
dinheiro na infraestrutura, na ampliação da saúde
pública, no aprimoramento da educação, na segurança
pública? Ninguém me garante! E nem é nossa função,
aliás, garantir. Poderíamos, sim, ter obtido do Paraguai
contrapartidas em troca desse aumento da receita do
país. Contrapartida, por exemplo, em uma política em
ações práticas e efetivas de combate ao crime
transnacional, ao tráfico de drogas, ao tráfico de armas,
ao tráfico de produtos pirateados. Isso foi objeto de
conversas entre os dois governos, mas no tratado, no
acordo, não há uma linha, uma letra, sobre isso.
Disse a nobre Relatora na Comissão de
Relações Exteriores que o PSDB se recusou a adotar
emenda nesse sentido. Ora, até o ascensorista do
Senado sabe que não são admitidas emendas em
tratados internacionais, porque isso seria invasão da
competência privativa do Chefe do Executivo para
celebrar essas avenças. Logo, não poderia ser
emendado o tratado. Caberia ao Presidente da
República, que negociou esse entendimento, exigir
como contrapartida do Paraguai que cooperasse
conosco para coibir, por exemplo, essa delivery armas,
que a Folha de S.Paulo noticiou há poucos dias: a
pessoa comprando uma arma pelo telefone, que foi

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entregue por um motoqueiro no ponto preestabelecido.


O Governo nada fez.
E mais: estamos perdendo recursos. Estamos
transferindo anualmente ao Paraguai um recurso que é
superior ao custeio de operações da Polícia Federal
neste ano. A importância que o Paraguai vai receber,
por conta desse ajuste, equivale a uma quantia maior do
que o orçamento de operações da Polícia Federal neste
ano.
Agora, que a situação aprove, sem pestanejar,
o que o Governo brasileiro quer não faz bem o meu
estilo, mas é o reflexo do governismo. Acontece que nós
estamos dando um estatuto supranacional ao
governismo. Aqui, está-se criando um governismo em
prol do Governo do Paraguai, porque é disso que se
trata. Ora, se é injusto para o consumidor brasileiro,
esse acordo é lesivo também, na minha opinião, ao
interesse brasileiro tendo em vista a diplomacia.
O Brasil vem aumentando a sua presença pelo
crescimento da sua economia, pela sua pujança, e de
nossas empresas; aumentando a sua presença entre os
países da América Latina, e é bom que isso aconteça.
Agora, nós precisamos ser muito prudentes, conduzir as
nossas relações internacionais com extrema prudência,
evitando nos submeter aos caprichos de líderes
populistas que, de tempos em tempos, desencadeiam
operações especulativas contra as instituições frágeis
de muitos países vizinhos, e de outro lado uma postura
intervencionista que nos faça ser caracterizados perante
os nossos vizinhos como imperialistas. Ora, essa linha
de defesa tênue só pode se assentar no direito

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internacional, nos tratados, livremente consentidos entre


as partes, o direito de sermos respeitados. Quando nós
substituímos o direito, o respeito aos tratados, por
condescendência ou por um desejo de liderança
continental, que é uma espécie de gaullismo tropical, e
somos levados por isso a transigir com ações
agressivas de líderes de países vizinhos, o preço é alto.
Vejam o que aconteceu com a encampação das
instalações da Petrobras pela Bolívia: um prejuízo de 1
bilhão e 600 milhões de dólares, estimulado pelo notório
Hugo Chávez. A complacência do Governo brasileiro
com esse ato de agressão econômica seguramente
estimulou o Presidente do Equador Rafael Correa, a
expulsar a Odebrecht do país e ameaçar dar o calote
numa dívida junto ao BNDES. Ora, de transigência em
transigência, de abandono em abandono, onde nós
vamos parar? Que liderança é essa? Nós não podemos
transformar a política externa brasileira no exercício de
mero companheirismo político e muito menos de pura
solidariedade e de sentimentalismo. Com bons
sentimentos o máximo que se consegue é má literatura.
Ora, o texto desse tratado, na minha opinião,
contraria os interesses do Brasil, contraria os interesses
dos consumidores brasileiros, fragiliza o Brasil na
diplomacia internacional e nem faz justiça ao Paraguai,
porque nós não sabemos qual será o destino desse
recurso.
Mais ainda: o Tratado de Itaipu tem sido
sistematicamente revisto ao longo dos anos, desde a
sua assinatura, a partir de 1985, para estipular
pagamentos maiores à energia não utilizada pelo Brasil.

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O primeiro reajuste foi indexar a inflação do dólar


americano o valor dessa tarifa, fato esse já apontado
pelo Presidente Itamar,. Depois houve uma sequência
de reajuste de 85, 86 até o ano 91.

(Interrupção do som.)

O SR. ALOYSIO NUNES (Bloco/PSDB – SP) –


Esse fator multiplicador do preço do kw/h que nós
pagamos à Itaipu passou de 3,5% para 4% em 1992 e
passou para 5% em 2006. Agora, sem nenhum fato
novo que justifique, nenhum, passou de 5% para 15%.
Qual é o fato novo que justifica a revisão desse tratado?
Qual é o imperativo moral, ético, econômico ou
diplomático que nos levaria a tamanho desperdício ou
tamanha benesse do Governo e do Legislativo brasileiro
com o chapéu alheio, ou seja, com o chapéu do
consumidor brasileiro, que nos mandou ao Senado para
defender, sobretudo, os seus interesses, os interesses
dos brasileiros.
Muito obrigado.

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