Vous êtes sur la page 1sur 23

Tales de Mileto

Tales de Mileto (em grego Θαλής ο Μιλήσιος) foi o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Ele é o
marco inicial da filosofia ocidental. De ascendência fenícia, nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia
Menor, atual Turquia, por volta de 624 ou 625 a.C. e faleceu aproximadamente em 556 ou 558 a.C..
Tales é apontado como um dos sete sábios da Grécia Antiga. Além disso, foi o fundador da Escola Jônica.
Considerava a água como sendo a origem de todas as coisas, e seus seguidores, embora discordassem
quanto à “substância primordial” (que constituía a essência do universo), concordavam com ele no que dizia
respeito à existência de um “princípio único" para essa natureza primordial.
Entre os principais discípulos de Tales de Mileto merecem destaque: Anaxímenes que dizia ser o "ar" a
substância primária; eAnaximandro, para quem os mundos eram infinitos em sua perpétua inter-relação.
No Naturalismo esboçou o que podemos citar como os primeiros passos do pensamento Teórico
evolucionista: "O mundo evoluiu da água por processos naturais", disse ele, aproximadamente 2460 anos
antes de Charles Darwin. Sendo seguido porEmpédocles de Agrigento na mesma linha de pensamento
evolutivo: "Sobrevive aquele que está melhor capacitado".
Tales foi o primeiro a explicar o eclipse solar, ao verificar que a Lua é iluminada por esse astro. Segundo
Heródoto, ele teria previsto um eclipse solar em 585 a.C. Segundo Aristóteles, tal feito marca o momento em
que começa a filosofia. Os astrônomos modernos calculam que esse eclipse se apresentou em 28 de Maio do
ano mencionado por Heródoto.
Se Tales aparece como o iniciador da filosofia, é porque seu esforço em buscar o princípio único da
explicação do mundo não só constituiu o ideal da filosofia como também forneceu impulso para o próprio
desenvolvimento dela.
A tendência do filósofo em buscar a verdade da vida na natureza o levou também a algumas experiências
com magnetismo que naquele tempo só existiam como curiosa atração por objetos de ferro por um tipo de
rocha meteórica achado na cidade de Magnésia, de onde o nome deriva.

Descobertas Científicas
• Os triângulos equiângulos têm os seus lados proporcionais (Euc. VI. 4,
ou vI.2).
É uma proposição de grande importância, que Tales utilizou na determinação da altura da pirâmide Quéope.
Quando Tales de Mileto, cerca de seiscentos anos antes do nascimento de Cristo, se encontrava no Egipto,
foi-lhe pedido por um mensageiro do faraó, o nome do soberano, que calculasse a altura da pirâmide Quéope.
Tales apoiou-se a uma vara espetada perpendicularmente ao chão e esperou que a sombra tivesse
comprimento igual ao da vara. Disse então a um colaborador:

"Vai mede depressa a sombra: o seu comprimento é igual á altura da pirâmide"

Tales, para ser rigoroso, deveria ter dito para adicionar à sombra da pirâmide metade do lado da base desta,
porque a pirâmide tem uma base larga, que rouba uma parte da sombra que teria se tivesse a forma de um
pau direito e fino; pode acontecer que o tenha dito, ainda que a lenda não refira.

Numa representação mais simples:


Os triângulos são semelhantes porque têm dois ângulos iguais:

então, os lados são proporcionais:

logo:

Pitágoras

Pitágoras, o fundador da escola pitagórica, nasceu em Samos pelos anos 571-70 a.C. Em 532-31 foi para a
Itália, na Magna Grécia, e fundou em Crotona, colônia grega, uma associação científico-ético-política, que foi o
centro de irradiação da escola e encontrou partidários entre os gregos da Itália meridional e da Sicília.
Pitágoras aspirava - e também conseguiu - a fazer com que a educação ética da escola se ampliasse e se
tornasse reforma política; isto, porém, levantou oposições contra ele e foi constrangido a deixar Crotona,
mudando-se para Metaponto, aí morrendo provavelmente em 497-96 a.C.

Biografia
Da vida de Pitágoras quase nada pode ser afirmado com certeza, já que ele foi objeto de uma série de relatos
tardios e fantasiosos, como os referentes a viagens e contatos com as culturas orientais. Parece certo,
contudo, que o filósofo tenha nascido em 570 a.C.na cidade de Samos.
Fundou uma escola mística e filosófica em Crotona (colônias gregas na península itálica), cujos princípios
foram determinantes para a evolução geral da matemática e da filosofia ocidental sendo os principais temas a
harmonia matemática, a doutrina dos números e o dualismo cósmico essencial.
Acredita-se que Pitágoras tenha sido casado com a física e matemática grega Theano, que foi sua aluna.
Supõe-se que ela e as duas filhas tenham assumido a escola pitagórica após a morte do marido.

Pitágoras cunhado em moeda.


Os pitagóricos interessavam-se pelo estudo das propriedades dos números. Para eles, o número, sinônimo
de harmonia, constituído da soma de pares e ímpares - os números pares e ímpares expressando as relações
que se encontram em permanente processo de mutação -, era considerado como a essência das coisas,
criando noções opostas (limitado e ilimitado) e sendo a base da teoria da harmonia das esferas.
Segundo os pitagóricos, o cosmo é regido por relações matemáticas. A observação dos astros sugeriu-lhes
que uma ordem domina ouniverso. Evidências disso estariam no dia e noite, no alterar-se das estações e no
movimento circular e perfeito das estrelas. Por isso o mundo poderia ser chamado de cosmos, termo que
contém as idéias de ordem, de correspondência e de beleza. Nessa cosmovisão também concluíram que
a Terra é esférica, estrela entre as estrelas que se movem ao redor de um fogo central. Alguns pitagóricos
chegaram até a falar da rotação da Terra sobre o eixo, mas a maior descoberta de Pitágoras ou dos seus
discípulos (já que há obscuridades em torno do pitagorismo, devido ao caráter esotérico e secreto da escola)
deu-se no domínio da geometria e se refere às relações entre os lados do triângulo retângulo. A descoberta foi
enunciada no teorema de Pitágoras.
Pitágoras foi expulso de Crotona e passou a morar em Metaponto, onde morreu, provavelmente em 496
a.C. ou 497 a.C..

Principais descobertas
Além de grandes místicos, os pitagóricos eram grandes matemáticos. Eles descobriram propriedades
interessantes e curiosas sobre os números.

Números figurados
Os pitagóricos estudaram e demonstraram várias propriedades dos números figurados. Entre estes o mais
importante era o número triangular 10, chamado pelos pitagóricos detetraktys, tétrada em português. Este
número era visto como um número místico uma vez que continha os quatro elementos fogo, água, ar e terra:
10=1 + 2 + 3 + 4, e servia de representação para a completude do todo.

αα

ααα

αααα

A tétrada, que os pitagóricos desenhavam com um α em cima, dois abaixo deste, depois três e por fim quatro
na base, era um dos símbolos principais do seu conhecimento avançado das realidades teóricas.
Representação toda perfeita em si de qualquer um dos lados que se observe.

Números perfeitos
A soma dos divisores de determinado número com exceção dele mesmo, é o próprio número. Exemplos:

1. Os divisores de 6 são: 1,2,3 e 6. Então, 1 + 2 + 3 = 6.


2. Os divisores de 28 são: 1,2,4,7,14 e 28. Então, 1 + 2 + 4 + 7 + 14 = 28.

Teorema de Pitágoras
Uma das formas de demonstrar o Teorema de Pitágoras.

Um problema não solucionado na época de Pitágoras era determinar as relações entre os lados de
um triângulo retângulo. Pitágoras provou que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado
da hipotenusa.

O primeiro número irracional a ser descoberto foi a raiz quadrada do número 2, que surgiu exatamente da
aplicação do teorema de Pitágoras em um triângulo de catetos valendo 1:

Os gregos não conheciam o símbolo da raiz quadrada e diziam simplesmente: "o número que multiplicado por
si mesmo é 2".

A partir da descoberta da raiz de 2 foram descobertos muitos outros números irracionais.

Reitor da primeira universidade

Estátua de Pitágoras.
Pitágoras,
pormenor d'A escola de Atenas deRaffaello Sanzio (1509).

A palavra Matemática (Mathematike, em grego) surgiu com Pitágoras, que foi o primeiro a concebê-la como
um sistema de pensamento, fulcrado em provas dedutivas.

Existem, no entanto, indícios de que o chamado Teorema de Pitágoras (c²= a²+b²) já era conhecido
dos babilônios em 1600 a.C. com escopo empírico. Estes usavam sistemas de notação sexagesimal na
medida do tempo (1h=60min) e na medida dos ângulos (60º, 120º, 180º, 240º, 360º).

Pitágoras percorreu por 30 anos o Egito, Babilônia, Síria, Fenícia e talvez a Índia e a Pérsia, onde acumulou
ecléticos conhecimentos: astronomia, matemática, ciência, filosofia, misticismo e religião. Ele foi
contemporâneo de Tales de Mileto, Buda, Confúcio e Lao-Tsé.

Quando retornou a Samos, indispôs-se com o tirano Polícrates e emigrou para o sul da Itália, na ilha de
Crotona, de dominação grega. Aí fundou a Escola Pitagórica, a quem se concede a glória de ser a "primeira
Universidade do mundo".

A Escola Pitagórica e as atividades se viram desde então envoltas por um véu de lendas. Foi uma entidade
parcialmente secreta com centenas de alunos que compunham uma irmandade religiosa e intelectual. Entre os
conceitos que defendiam, destacam-se:

 prática de rituais de purificação e crença na doutrina da metempsicose, isto é,


na transmigração daalma após a morte, de um corpo para outro. Portanto, advogavam a
reencarnação e a imortalidade da alma;
 lealdade entre os membros e distribuição comunitária dos bens materiais;
 austeridade, ascetismo e obediência à hierarquia da Escola;
 proibição de beber vinho e comer carne (portanto é falsa a informação que os discípulos tivessem
mandado matar 100 bois quando da demonstração do denominado Teorema de Pitágoras);
 purificação da mente pelo estudo de Geometria, Aritmética, Música e Astronomia;
 classificação aritmética dos números em pares, ímpares, primos e fatoráveis;
 "criação de um modelo de definições, axiomas, teoremas e provas, segundo o qual a estrutura
intrincada da Geometria é obtida de um pequeno número de afirmações explicitamente feitas e da
ação de um raciocínio dedutivo rigoroso" (George Simmons);
 grande celeuma instalou-se entre os discípulos de Pitágoras a respeito da irracionalidade do 'raiz de
2'. Utilizando notação algébrica, os pitagóricos não aceitavam qualquer solução numérica para x² = 2,
pois só admitiam números racionais. Dada a conotação mística atribuída aos números, comenta-se
que, quando o infeliz Hipasus de Metapontum propôs uma solução para o impasse, os outros
discípulos o expulsaram da Escola e o afogaram no mar;
 na Astronomia, idéias inovadoras, embora nem sempre verdadeiras: a Terra é esférica,
os planetas movem-se em diferentes velocidades nas várias órbitas ao redor da Terra. Pela
cuidadosa observação dos astros, cristalizou-se a idéia de que há uma ordem que domina o Universo;
 aos pitagóricos deve-se provavelmente a construção do cubo, tetraedro, octaedro, dodecaedro e a
bem conhecida "seção áurea";
 na Música, uma descoberta notável de que os intervalos musicais se colocam de modo que admitem
expressões através de proporções aritméticas. Pitágoras - assim como outrosfilósofos gregos pré-
socráticos - também descreveu o poder do som e seus efeitos sobre a psique humana. Essa
experiência musicoterápica possivelmente foi utilizada mais tarde por Aristóteles como base teórica
para sua definição de música, que, segundo ele, era uma "arte medicinal".

Pitágoras é o primeiro matemático puro. Entretanto é difícil separar o histórico do lendário, uma vez que deve
ser considerado uma figura imprecisa historicamente, já que tudo o que dele sabemos deve-se à tradição oral.
Nada deixou escrito, e os primeiros trabalhos sobre o mesmo deve-se a Filolau, quase 100 anos após a
morte de Pitágoras. Mas não é fácil negar aos pitagóricos - assevera Carl Boyer - "o papel primordial para o
estabelecimento da Matemática como disciplina racional". A despeito de algum exagero, há séculos cunhou-se
uma frase: "Se não houvesse o 'teorema Pitágoras', não existiria a Geometria".

Ao biografar Pitágoras, Jâmblico (c. 300 d.C.) registra que o mestre vivia repetindo aos discípulos: “todas as
coisas se assemelham aos números”.

A Escola Pitagórica ensejou forte influência na poderosa verba de Euclides, Arquimedes e Platão, na antiga
era cristã, na Idade Média, na Renascença e até em nossos dias com oNeopitagorismo.

Pensamentos de Pitágoras

1. Educai as crianças e não será preciso punir os homens.


2. Não é livre quem não obteve domínio sobre si.
3. Pensem o que quiserem de ti; faz aquilo que te parece justo.
4. O que fala semeia; o que escuta recolhe.
5. Ajuda teus semelhantes a levantar a carga, mas não a carregues.
6. Com ordem e com tempo encontra-se o segredo de fazer tudo e tudo fazer bem.
7. Todas as coisas são números.
8. A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus.
9. A Evolução é a Lei da Vida, o Número é a Lei do Universo, a Unidade é a Lei de Deus.
10. A vida é como uma sala de espetáculos: entra-se, vê-se e sai-se.
11. A sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la
tornando-se filósofos.

12. Anima-te por teres de suportar as injustiças; a verdadeira desgraça consiste em cometê-las
Heráclito de Efésio
Biografia

Heráclito nasceu em Éfeso, cidade da Jônia (atual Turquia). Diógenes Laércio relata que "Heráclito, filho de
Blóson, ou, segundo outra tradição, de Heronte, era natural de Éfeso. Tinha uns quarenta anos por ocasião da
69ª Olimpíada (504-501 a.C.). Era homem de sentimentos elevados, orgulhoso e cheio de desprezo pelos
outros".

Por seu desprendimento em relação ao poder e pelo desprezo que dedicava aos bens materiais, Heráclito não
era simpático aos efésios, que eram exatamente o seu oposto. Foi, aliás, muito criticado por seus concidadãos
quando conseguiu convencer o tiranoMelancoma a abdicar para ir viver nos bosques, em livre contato com a
natureza[1]. Heráclito era acusado de desprezar a plebe, de se recusar a participar da política - essencial
aos gregos) - e de desdenhar os poetas, os filósofos e a religião.[2]

Misantropo, viveu na solidão do templo de Ártemis. O mesmo Diógenes nos conta: "Retirado no templo de
Ártemis, divertia-se em jogar com as crianças e, acercando-se dele os efésios, perguntou-lhes:

De que vos admirais, perversos? Que é melhor: fazer isso ou administrar a República convosco?

Nos últimos anos da sua vida, passou a viver ainda mais isolado, nas montanhas, alimentando-se somente de
plantas. Quando adoeceu, atacado por uma hidropisia, Heráclito foi obrigado a voltar à cidade. Aos médicos,
cujo conhecimento ridicularizava, perguntou se seriam capazes de transformar uma inundação em seca,
aludindo à sua doença.[3] Os médicos não entenderam e acabaram sendo expulsos por Heráclito. O filósofo
resolveu então recorrer a um curandeiro que lhe aconselhou imergir-se no estrume pois o calor faria evaporar
a água em excesso que havia em seu corpo. Foi um desastre: os cães de Heráclito não reconheceram o dono,
inteiramente coberto de excrementos, e o atacaram, causando a sua morte. É possível também que a causa
da morte de Heráclito tenha sido o sufocamento comia esterco de vaca. O historiador Neantes de
Cízico (século III a.C.) afirma que, tendo sido impossível retirar o corpo de sob o esterco, lá permaneceu.

O pensamento de Heráclito
Os filósofos de Mileto (Tales, Anaximandro, Anaxímenes, entre outros) haviam percebido o dinamismo das
mudanças que ocorrem na physis, como o nascimento, o crescimento e a morte, mas não chegaram a
problematizar a questão.

Heráclito, inserido no contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode
permanecer estático - Panta rei ou "tudo flui", "tudo se move", exceto o próprio movimento.

Mas este é apenas um pressuposto de uma doutrina que vai mais além. O devir, a mudança que acontece em
todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam;
coisas úmidas secam, coisas secas umedecem etc. A realidade acontece, então, não em uma das
alternativas, posto que ambas são apenas parte de uma mesma realidade, mas sim na mudança ou, como ele
chama, na guerra entre os opostos. Esta guerra é a realidade, aquilo que podemos dizer que é. "A doença faz
da saúde algo agradável e bom"; ou seja, se não houvesse a doença, não haveria por que valorizar-se a
saúde, por exemplo. Ele ainda considera que, nessa harmonia, os opostos coincidem da mesma forma que o
princípio e o fim, em um círculo; ou a descida e a subida, em um caminho, pois o mesmo caminho é de
descida e de subida; o quente é o mesmo que o frio, pois o frio é o quente quando muda (ou, dito de outra
forma, o quente é o frio depois de mudar, e o frio, o quente depois de mudar, como se ambos, quente e frio,
fossem "versões" diferentes da mesma coisa).

Panta rei os potamós (do grego πάντα ῥεῖ ), traduzido como "Tudo flui como um rio" é o célebre aforisma no
qual a tradição filosófica subsequente identificou sinteticamente o pensamento de Heráclito com o tema
do devir, em contraposição à filosofia do ser própria de Parmênides.

Mas, na realidade, o famoso moto panta rei não é atestado nos fragmentos conhecidos da obra de Heráclito, e
pode ser atribuído ao seu discípulo Crátilo, que desenvolveu o pensamento do mestre, radicalizando-o. A
fórmula léxica panta rei será cunhada e utilizada pela primeira vez somente por Simplício, em seu comentário
à Physica Auscultatio, 1313, 11. A expressão deriva de um fragmento do tratado Sobre a natureza:

“Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal
no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da mutação, esta se dispersa e se
recolhe, vem e vai.”

—91 Diels-Kranz
Tudo é considerado como um grande fluxo perene no qual nada permanece a mesma coisa pois tudo se
transforma e está em contínua mutação. Por isso, Heráclito identifica a forma doSer no Devir pelo qual todas
as coisas são sujeitas ao tempo e à sua relativa transformação.

Heráclito sustenta que só a mudança e o movimento são reais, e que a identidade das coisas iguais a si
mesmas é ilusória: para Heráclito tudo flui (panta rei).

O panta rei é uma consequência de polemos (guerra, conflito), que reina sobre tudo. Em consequência,
Heráclito de Éfeso não é o filósofo do "tudo flui" mas do "tudo flui enquanto resultado da tensão contínua dos
opostos em luta".

A doutrina dos contrários


A doutrina da unidade dos contrários é talvez o aspecto mais original do pensamento filosófico de Heráclito. A
lei secreta do mundo reside na relação de interdependência entre dois conceitos opostos, em luta permanente;
mas, ao mesmo tempo, um não pode existir sem o outro. Nada existiria se não existisse, ao mesmo tempo, o
seu oposto. Assim, por exemplo, uma subida pode ser pensada como uma descida por quem está na parte de
cima. Entre os contrários se cria uma espécie de luta constitutiva do logos indiviso.

Nessa dualidade, que na superfície é uma guerra (polemos), mas no fundo é harmonia entre os contrários,
Heráclito viu aquilo que definia como o logos, a lei universal da Natureza.

E é a própria doutrina dos contrários que faz de Heráclito o fundador de uma lógica "antidialética", fundada na
lei estética do devir da realidade. Antidialética porque tese e antítese (ser e não ser) são uma síntese
contraditória e permanente na realidade, que só assim pode vir a ser, através dos seus dois aspectos
existenciais ("no mesmo rio, entramos e não entramos"; "somos e não somos"); oposta à lógica aristotélica
porque oposta ao seu princípio da não-contradição e do terceiro excluído.

A teoria de Heráclito é alternativa à ontologia de Parmênides, o filósofo da unidade e da identidade do Ser,


que ensina que é a contínua mudança a principal característica do não ser .
A partir de seus pressupostos - panta rei e a guerra entre os contrários -, Heráclito definiu uma arché, um
princípio que está em todas as coisas desde a sua origem: o fogo. Para ele,"todas as coisas são uma troca do
fogo, e o fogo, uma troca de todas as coisas, assim como o ouro é uma troca de todas as mercadorias e todas
as mercadorias são uma troca do ouro"; ou seja, todas as coisas transformam-se em fogo, e o fogo
transforma-se em todas as coisas

A cosmologia de Heráclito
Segundo Heráclito, o fogo é, pois, o elemento primordial de todas as coisas. Tudo se origina por rarefação e
tudo flui como um rio. O cosmosé um só e nasce do fogo e, de novo, é pelo fogo consumido, em períodos
determinados, em ciclos que se repetem pela eternidade.
Em seu livro - Do Céu, Aristóteles escreve: "Concordam todos em que o mundo foi gerado; mas, uma vez
gerado, alguns afirmam que é eterno e outros que é perecível, como qualquer outra coisa que por natureza se
forma. Outros, ainda, que, destruindo-se, alternadamente é ora assim, ora de outro modo, como Empédocles e
Heráclito de Éfeso. (…) Também Heráclito assevera que o universo ora se incendeia, ora de novo se compõe
do fogo, segundo determinados períodos de tempo, na passagem em que diz "acendendo-se em medidas e
apagando-se em medidas."
Para Heráclito, o fogo, quando condensado, se umidifica e, com mais consistência, torna-se água; e esta,
solidificando-se, transforma-se em terra; e, a partir daí, nascem todas as coisas do mundo. Este é o caminho
que Heráclito define como sendo "para baixo".

Heráclito, em detalhe do afresco pintado por Rafael, A Escola de Atenas

Derretendo-se a terra, obtém-se água. Água transforma-se em vapor, tal como vemos na evaporação do mar.
E, rarefazendo-se, o vapor transforma-se novamente em fogo. E este é o caminho "para cima".
Nosso mundo é cercado pelos astros (Sol, Lua e estrelas). Esses nada mais são do que barcos cujas
concavidades estão voltadas para nós, e que carregam dentro de si chamas brilhantes. A mais brilhante (para
nós) é a chama do Sol e também a mais quente. Os demais astros distam mais da Terra e é por isso que seu
brilho é menos vivo e menos quente, mas a Lua, que está bem próxima da Terra, não é por isso, mas por não
se encontrar num espaço puro – a escuridão. O Sol, entretanto, está em região clara e pura.
Os eclipses do Sol e da Lua acontecem quando as concavidades dos barcos se voltam para cima. E as fases
da Lua ocorrem quando o barco que a encerra se volta aos poucos em nossa direção.
Dia e noite, meses e estações, chuvas, ventos e demais fenômenos são conseqüências de diferentes
evaporações. Pois a brilhante evaporação, inflamando-se no círculo do Sol, produz o dia; e, quando a
contrária prevalece, produz a noite; e, quando da evaporação brilhante nasce o calor, faz verão; mas, quando
da sombra o úmido prevalece, faz-se o inverno.

O Deus e a alma
Dentro do pensamento de Heráclito, Deus não tinha a aparência de um homem nem de outro animal qualquer.
Deus não era nem criador, nem onipotente. Heráclito limitava-se a identificá-lo com os opostos, os quais
persistem apesar de suas mudanças e assim são capazes de compreender sua própria unidade.
"O Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome; mas se alterna como o fogo, quando se
mistura a incensos, e se denomina segundo o gosto de cada um."
Nesse argumento, podemos ver que Heráclito considerava as diversas divindades da mitologia grega, que
eram adoradas pelos homens de seu tempo, como sendo apenas fogo misturado a diferentes tipos de
incensos.
E a alma consiste apenas de mais uma rarefação do fogo e sofre as mesmas mudanças que todas as outras
coisas também experimentam; e a morte traz a completa extinção da alma.
"Para almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra, e de terra nasce água, e de água
alma."
Novamente aqui, nesse raciocínio, vemos Heráclito descrever seus caminhos "para baixo" e "para cima".

Parmênides de Eléia

Parmênides de Eleia
Parménides de Eleia (cerca de 530 a.C. - 460 a.C.) nasceu em Eleia[1], hoje Vélia, Itália. Foi o fundador da
escola eleática. Há uma tradição que afirma ter sido Parmênides o discípulo de Xenófanes de Cólofon mas
não há certeza sobre o fato, já que uma tradição distinta afirma ter sido o filósofo
pitagórico Amínias (ou Ameinias) quem despertou a vocação filosófica de Parmênides.

Os outros representantes da escola eleática são Zenão de Eleia e Melisso de Samos.

O vir-a-ser
Quanto às mudanças e transformações físicas, o Vir-a-Ser, que a todo instante vemos ocorrer no mundo,
Parmênides as explicava como sendo apenas uma mistura participativa de ser e não-ser. “Ao vir-a-ser é
necessário tanto o ser quanto o não-ser. Se eles agem conjuntamente, então resulta um vir-a-ser”.

Um desejo era o fator que impelia os elementos de qualidades isso mostra assim opostas a se unirem, e o
resultado disso é um vir-a-ser. Quando o desejo está satisfeito, o ódio e o conflito interno impulsionam
novamente o ser e o não-ser à separação.

Parmênides chega então à conclusão de que toda mudança é ilusória. Só o que existe realmente é o ser e o
não-ser. O vir-a-ser é apenas uma ilusão sensível. Isto quer dizer que todas as percepções de nossos
sentidos apenas criam ilusões, nas quais temos a tendência de pensar que o não-ser é, e que o vir-a-ser tem
um ser.

O ser absoluto
Toda nossa realidade é imutável, estática, e sua essência está incorporada na individualidade divina do Ser-
Absoluto, o qual permeia todo o Universo. Esse Ser é onipresente, já que qualquer descontinuidade em sua
presença seria equivalente à existência de seu oposto – o Não-Ser.

Esse Ser não pode ter sido criado por algo pois isso implicaria admitir a existência de um outro Ser. Do
mesmo modo, esse Ser não pode ter sido criado do nada, pois isso implicaria a existência do “Não-Ser”.
Portanto, o Ser simplesmente é.

Simplício, em seu livro Física, assim nos explica sobre a natureza desse Ser-Absoluto de Parmênides: “Como
poderia ser gerado? E como poderia perecer depois disso? Assim a geração se extingue e a destruição é
impensável. Também não é divisível, pois que é homogêneo, nem é mais aqui e menos além, o que lhe
impediria a coesão, mas tudo está cheio do que é. Por isso, é todo contínuo; pois o que é adere intimamente
ao que é. Mas, imobilizado nos limites de cadeias potentes, é sem princípio ou fim, uma vez que a geração e a
destruição foram afastadas, repelidas pela convicção verdadeira. É o mesmo, que permanece no mesmo e em
si repousa, ficando assim firme no seu lugar. Pois a forte Necessidade o retém nos liames dos limites que de
cada lado o encerra, porque não é lícito ao que é ser ilimitado; pois de nada necessita – se assim não fosse,
de tudo careceria. Mas uma vez que tem um limite extremo, está completo de todos os lados; à maneira da
massa de uma esfera bem rotunda, em equilíbrio a partir do centro, em todas as direções; pois não pode ser
algo mais aqui e algo menos ali.”

O Ser-Absoluto não pode vir-a-ser. E não podem existir vários “Seres-Absolutos”, pois para separá-los
precisaria haver algo que não fosse um Ser. Consequentemente, existe apenas a Unidade eterna.
Teofrasto relata assim esse raciocínio de Parmênides: “O que está fora do Ser não é Ser; o Não-Ser é nada;
o Ser, portanto, é.

Sócrates
Sócrates (em grego antigo: Σωκράτης, transl. Sōkrátēs; 469–399 a.C.[1]) foi um filósofo ateniense, um dos
mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental, e um dos fundadores da atual Filosofia Ocidental. As
fontes mais importantes de informações sobre Sócrates são Platão, Xenofonte e Aristóteles (Alguns
historiadores afirmam só se poder falar de Sócrates como um personagem de Platão, por ele nunca ter
deixado nada escrito de sua própria autoria.). Os diálogos de Platão retratam Sócrates como mestre que se
recusa a ter discípulos, e um homem piedoso que foi executado por impiedade. Sócrates não valorizava os
prazeres dos sentidos, todavia se escalava o belo entre as maiores virtudes, junto ao bom e ao justo.
Dedicava-se ao parto das idéias (Maiêutica) dos cidadãos de Atenas, mas era indiferente em relação a seus
próprios filhos.

O julgamento e a execução de Sócrates são eventos centrais da obra de Platão (Apologia e Críton). Sócrates
admitiu que poderia ter evitado sua condenação (beber o veneno chamado cicuta) se tivesse desistido da vida
justa. Mesmo depois de sua condenação, ele poderia ter evitado sua morte se tivesse escapado com a ajuda
de amigos. A razão para sua cooperação com a justiça da pólis e com seus próprios valores mostra uma
valiosa faceta de sua filosofia, em especial aquela que é descrita nos diálogos com Críton.

Vida
Detalhes sobre a vida de Sócrates derivam de três fontes contemporâneas: os diálogos de Platão, as peças
de Aristófanes e os diálogos de Xenofonte. Não há evidência de que Sócrates tenha ele mesmo publicado
alguma obra. As obras de Aristófanes retratam Sócrates como um personagem cômico e sua representação
não deve ser levada ao pé da letra.

Sócrates casou-se com Xântipe, que era bem mais jovem que ele, e teve três filhos: Lamprocles,
Sophroniscus e Menexenus. Seu amigo Críton criticou-o por ter abandonado seus filhos quando ele se
recusou a tentar escapar antes de sua execução, mostrando que ele (assim como seus outros discípulos),
parece não ter entendido a mensagem que Sócrates tenta passar sobre a morte (diálogo Fédon), antes de ser
executado.

Não se sabe ao certo qual o trabalho de Sócrates, se é que ele teve outro além da Filosofia. De acordo com
algumas fontes, Sócrates aprendeu a profissão de oleiro com seu pai. Na obra de Xenofonte, Sócrates
aparece declarando que se dedicava àquilo que ele considerava a arte ou ocupação mais
importante: maiêutica, o parto das idéias. A maiêutica socrática funcionava a partir de dois momentos
essenciais: um primeiro em que Sócrates levava os seus interlocutores a pôr em causa as suas próprias
concepções e teorias acerca de algum assunto; e um segundo momento em que conduzia os interlocutores a
uma nova perspectiva acerca do tema em abordagem. Daí que a maiêutica consistisse num autêntico parto de
ideias pois, mediante o questionamento dos seus interlocutores, Sócrates levava-os a colocar em causa os
seus "preconceitos" acerca de determinado assunto, conduzindo-os a novas ideias acerca do tema em
discussão.

Platão afirma que Sócrates não recebia pagamento por suas aulas. Sua pobreza era prova de que não era
um sofista.
Várias fontes, inclusive os diálogos de Platão, mencionam que Sócrates tinha servido ao exército em várias
batalhas. Na Apologia, Sócrates compara seu período no serviço militar a seus problemas no tribunal, e diz
que qualquer pessoa no júri que imagine que ele deveria se retirar da filosofia deveria também imaginar que
os soldados devessem bater em retirada quando era provável que pudessem morrer em uma batalha.

Algumas curiosidades: Sócrates costumava caminhar descalço e não tinha o hábito de tomar banho. Em
certas ocasiões, parava o que quer que estivesse fazendo, ficando imóvel por horas, meditando sobre algum
problema. Certa vez o fez descalço sobre a neve, segundo os escritos de Platão, o que demonstra o caráter
lendário da figura Socrática. Cláudio Elianolista Sócrates como um dos grandes homens que gostavam de
brincar com crianças: uma vez, Alcibíades surpreendeu Sócrates brincando com seu filho Lamprocles.

Filosofia

Ideias filosóficas
As crenças de Sócrates, em comparação às de Platão, são difíceis de discernir. Há poucas diferenças entre as
duas ideias filosóficas. Consequentemente, diferenciar as crenças filosóficas de Sócrates, Platão e Xenofonte
é uma tarefa difícil e deve-se sempre lembrar que o que é atribuído a Sócrates pode refletir o pensamento dos
outros autores.

Se algo pode ser dito sobre as ideias de Sócrates, é que ele foi moralmente, intelectualmente e filosoficamente
diferente de seus contemporâneos atenienses. Quando estava sendo julgado por heresia e por corromper a
juventude, usou seu método de elenchos para demonstrar as crenças errôneas de seus julgadores. Sócrates
acredita na imortalidade da alma e que teria recebido, em um certo momento de sua vida, uma missão
especial do deus Apolo Apologia, a defesa do logos apolíneo "conhece-te a ti mesmo".

Sócrates também duvidava da ideia sofista de que a arete (virtude) podia ser ensinada para as pessoas.
Acreditava que a excelência moral é uma questão de inspiração e não de parentesco, pois pais moralmente
perfeitos não tinham filhos semelhantes a eles. Isso talvez tenha sido a causa de não ter se importado muito
com o futuro de seus próprios filhos. Sócrates frequentemente diz que suas ideias não são próprias, mas de
seus mestres, entre eles Pródico e Anaxágoras de Clazômenas .

Amor
No Simpósio, de Platão, Sócrates revela que foi a sacerdotisa Diotima de Mantinea que o iniciou nos
conhecimentos e na genealogia do amor. As idéias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico
do amor.

Conhecimento
Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era limitada à sua própria ignorância (Só sei que nada sei.). Ele
acreditava que os atos errados eram consequências da própria ignorância. Nunca proclamou ser sábio. A
intenção de Sócrates era levar as pessoas a se sentirem ignorantes de tanto perguntar, problematização sobre
conceitos que as pessoas tinham dogmas, verdades. De tanto questionar, principalmente os sábios, começou
a arrebanhar inimigos.
Busto de Sócrates noMuseu do Vaticano.

Virtude
Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se concentrando no próprio
desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material. Ele convidava outros a se concentrarem na amizade e
em um sentido de comunidade, pois acreditava que esse era o melhor modo de se crescer como uma
população. Suas ações são provas disso: ao fim de sua vida, aceitou sua sentença de morte quando todos
acreditavam que fugiria de Atenas, pois acreditava que não podia fugir de sua comunidade. Acreditava que os
seres humanos possuíam certas virtudes, tanto filosóficas quanto intelectuais. Dizia que a virtude era a mais
importante de todas as coisas.

Política
Diz-se que Sócrates acreditava que as idéias pertenciam a um mundo que somente os sábios conseguiam
entender, fazendo com que o filósofo se tornasse o perfeito governante para um Estado. Se opunha
à democracia aristocrática que era praticada em Atenas durante sua época,essa mesma ideia surge nas Leis
de Platão, seu discípulo. Sócrates acreditava que ao se relacionar com os membros de um parlamento a
própria pessoa estaria-se fazendo de hipócrita.

Ruptura e legado
Sócrates provocou uma ruptura sem precendentes na história da Filosofia grega, por isso ela passou a
considerar os filósofos entre pré-socráticos e pós-socráticos. Os sofistas, grupo de filósofos (título negado por
Platão) originários de várias cidades, viajavam pelas pólis, onde discursavam em público e ensinavam suas
artes, como a retórica, em troca de pagamento. Sócrates se assemelhava exteriormente a eles, exceto no
pensamento. Platão afirma que Sócrates não recebia pagamento por suas aulas. Sua pobreza era prova de
que não era umsofista. Para os sofistas tudo deveria ser avaliado segundo os interesses do homem e da
forma como este vê a realidade social (subjetividade), segundo a máxima de Protágoras :"O homem é a
medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são.".
Isso significa que, segundo essa corrente de pensamento, as regras morais, as posições políticas e os
relacionamentos sociais deveriam ser guiados conforme a conveniência individual. Para este fim qualquer
pessoa poderia se valer de um discurso convincente, mesmo que falso ou sem conteúdo. Os sofistas usavam,
de fato, complicados jogos de palavras, no discurso para demonstrar a verdade[3] daquilo que se pretendia
alcançar, este tipo de argumento ganhou o nome de sofisma. Em resumo, a sofística destruia os fundamentos
de todo conhecimento, já que tudo seria relativo (relativismo) e os valores seriam subjetivos, assim como
impedia o estabelecimento de um conjunto de normas de comportamento que garantissem os mesmos direitos
para todos os cidadãos da pólis. Tanto quanto os sofistas, Sócrates abandonou a preocupação em explicar e
se concentrou no problema do homem. No entanto, contrariamente aos sofistas, Sócrates travou uma
polêmica profunda com estes, pois procurava um fundamento último para as interrogações humanas ( O que é
o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?), enquanto os sofistas situavam as suas reflexões a partir dos
dados empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar com a investigação de uma essência da virtude, da
justiça do bem etc., a partir da qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada.

Aristóteles

Vida
Aristóteles era natural de Estagira, na Trácia,[5] sendo filho de Nicômaco, amigo e médico pessoal do
rei macedônio Amintas III, pai de Filipe II.[6] É provável que o interesse de Aristóteles
por biologia e fisiologia decorra da atividade médica exercida pelo pai e pelo tio, e que remontava há dez
gerações.

Segundo a compilação bizantina Suda, Nicômaco era descendente de Nicômaco, filho de Macaão, filho
de Esculápio.[7]

Com cerca de 16 ou 17 anos partiu para Atenas, maior centro intelectual e artístico da Grécia. Como muitos
outros jovens da época, foi para lá prosseguir os estudos. Duas grandes instituições disputavam a preferência
dos jovens: a escola de Isócrates, que visava preparar o aluno para a vida política, e Platão e sua Academia,
com preferência à ciência (episteme) como fundamento da realidade. Apesar do aviso de que, quem não
conhecesse Geometria ali não deveria entrar, Aristóteles decidiu-se pela academia platônica e nela
permaneceu vinte anos, até 347 a.C., ano que morreu Platão.

Com a morte do grande mestre e com a escolha do sobrinho de Platão, Espeusipo, para a chefia da
academia, Aristóteles partiu para Assos com alguns ex-alunos. Dois fatos parecem se relacionar com esse
episódio: Espeusipo representava uma tendência que desagradava Aristóteles, isto é, a matematização da
filosofia; e Aristóteles ter-se sentido preterido (ou rejeitado), já que se julgava o mais apto para assumir a
direção da Academia, no entanto não assumira devido ao fato de que não era grego, era imigrante
da Macedônia.

Em Assos, Aristóteles fundou um pequeno círculo filosófico com a ajuda de Hérmias, tirano local e eventual
ouvinte de Platão. Lá ficou por três anos e casou-se com Pítias, sobrinha de Hérmias. Assassinado Hérmias,
Aristóteles partiu para Mitilene, na ilha de Lesbos, onde realizou a maior parte das famosas investigações
biológicas. No ano de 343 a.C. chamado porFilipe II, tornou-se preceptor de Alexandre, função que exerceu
até 336 a.C., quando Alexandre subiu ao trono.

Neste mesmo ano, de volta a Atenas, fundou o Lykeion, origem da palavra Liceu cujos alunos ficaram
conhecidos como peripatéticos (os que passeiam), nome decorrente do hábito de Aristóteles de ensinar ao ar
livre, muitas vezes sob as árvores que cercavam o Liceu. Ao contrário da Academia de Platão, o Liceu
privilegiava as ciências naturais. Alexandre mesmo enviava ao mestre exemplares da fauna e flora das
regiões conquistadas. O trabalho cobria os campos do conhecimento clássico de
então, filosofia, metafísica, lógica, ética, política,retórica, poesia, biologia, zoologia, medicina e estabeleceu as
bases de tais disciplinas quanto a metodologia científica.

Aristóteles dirigiu a escola até 324 a.C., pouco depois da morte de Alexandre. Os sentimentos
antimacedônicos dos atenienses voltaram-se contra ele que, sentindo-se ameaçado, deixou Atenas afirmando
não permitir que a cidade cometesse um segundo crime contra a filosofia (alusão ao julgamento de Sócrates).
Deixou a escola aos cuidados do principal discípulo, Teofrasto (372 a.C. - 288 a.C.) e retirou-se para Cálcis,
na Eubéia. Nessa época, Aristóteles já era casado com Hérpiles, uma vez que Pítias havia falecido pouco
tempo depois do assassinato de Hérmias, seu protetor. Com Hérpiles, teve uma filha e o filho Nicômaco.
Morreu a 322 a.C.

Obra

A filosofia aristotélica é um sistema, ou seja, a relação e conexão entre as várias áreas pensadas pelo filósofo.
Seus escritos versam sobre praticamente todos os ramos do conhecimento de sua época (menos as
matemáticas).

Embora sua produção tenha sido excepcional, apenas uma parcela foi conservada. Seus escritos dividiam-se
em duas espécies: as 'exotéricas' e as 'acroamáticas'. As exotéricas eram destinadas ao público em geral e,
por isso, eram obras de caráter introdutório e geralmente compostas na forma de diálogo. As acroamáticas,
eram destinadas apenas aos discípulos do Liceu e compostas na forma de tratados. Praticamente tudo que se
conservou de Aristóteles faz parte das obras acroamáticas. Da exotéricas, restaram apenas fragmentos.

O conjunto das obras de Aristóteles é conhecido entre os especialistas como corpus aristotelicum.

O Organon, que é a reunião dos escritos lógicos, abre o corpus e é assim composto:

Categorias: análise dos elementos do discurso;

Sobre a interpretação: análise do juízo e das proposições;

Analíticos (Primeiros e Segundos): análise do raciocínio formal através do silogismo e da demonstração


científica;

Tópicos: análise da argumentação em geral;

Elencos sofísticos: tido como apêndice dos Tópicos, analisa os argumentos capciosos.

Em seguida, aparecem os estudos sobre a Natureza e o mundo físico. Temos:

Física;

Sobre o céu;

Sobre a geração e a corrupção;

Meteorológicos.
Segue-se a Parva naturalia, conjunto de investigações sobre temas relacionados.

Da alma;

Da sensação e o sensível;

Da memória e reminiscência;

Do sono e a vigília;

Dos sonhos;

Da adivinhação pelo sonho;

Da longevidade e brevidade da vida;

Da Juventude e Senilidade;

Da Respiração;

História dos Animais;

Das Partes dos Animais;

Do Movimento dos Animais;

Da Geração dos Animais;

Da Origem dos Animais.

Após os tratados que versam sobre o mundo físico, temos a obra dedicada à filosofia primeira, isto é,
a Metafísica. Não se deve necessariamente entender que 'metafísica' signifique uma investigação sobre um
plano de realidade fora do mundo físico. Esta é uma interpretação neoplatônica.
À filosofia primeira, seguem-se as obras de filosofia prática, que versam sobre Ética e Política. Estas reflexões
têm lugar em quatro textos:

Ética a Nicômaco;

Ética a Eudemo (atualmente considerada como uma primeira versão da Ética a Nicômaco);

Grande Moral ou Magna Moralia (resumo das concepções éticas de Aristóteles);

Política (a política, para Aristóteles, é o desdobramento natural da ética)

Existem, finalmente, mais duas obras:

Retórica;

Poética (desta obra conservam-se apenas os tratados sobre a tragédia e a poesia épica).

O corpus aristotelicum ainda inclui outros escritos sobre temas semelhantes, mas hoje sabe-se que são textos
apócrifos. Aristóteles havia registrado as constituições de todas as cidades gregas, mas julgava-se que esses
escritos haviam se perdido. No século XIX, contudo, foi descoberta a Constituição de Atenas, única
remanescente.

Platão
Vida

Platão nasceu em Atenas[15], provavelmente em 427 a.C.[carece de fontes] (no ano da 88a olimpíada, no
sétimo dia do mêsThargêliốn[16]), cerca de um ano após a morte do estadista Péricles [carece de fontes], e
morreu em 347 a.C.[carece de fontes] (no primeiro ano da 108a olimpíada[17]). Seu pai, Aristão, tinha como
ancestral o rei Codros e sua mãe, Perictione, era descendente de um irmão de Sólon[15].

Inicialmente, Platão entusiasmou-se com a filosofia de Crátilo, um seguidor de Heráclito. No entanto, por volta
dos 20 anos, encontrou o filósofo Sócrates e tornou-se seu discípulo até a morte deste. Pouco depois de 399
a.C., Platão esteve em Mégara com alguns outros discípulos de Sócrates, hospedando-se na casa
de Euclides. Em 388 a.C., quando já contava quarenta anos, Platão viajou para a Magna Grécia com o intuito
de conhecer mais de perto comunidades pitagóricas. Nesta ocasião, veio a conhecer Arquitas de Tarento.
Ainda durante essa viagem, Dionísio I convidou Platão para ir à Siracusa, na Sicília[18]. No início, Dionísio deu
liberdade para Platão se expressar, porém quando se sentiu ofendido por algumas declarações de Platão,
Dionísio vendeu Platão no mercado de escravos por vinte minas; alguns filósofos, porém, juntaram o dinheiro,
compraram Platão e o mandaram de volta para a Grécia, aconselhando-o que os sábios deve se associar o
menos possível aos tiranos, ou com o maior cuidado possível[18].

Em seu retorno, fundou a Academia. A instituição logo adquiriu prestígio e a ela acorriam inúmeros jovens em
busca de instrução e até mesmo homens ilustres a fim de debater ideias. Em 367 a.C., Dionísio I morreu, e
Platão retornou a Siracusa a fim de mais uma vez tentar implementar suas ideias políticas na corte de Dionísio
II. No entanto, o desejo do filósofo foi novamente frustrado. Em 361 a.C. voltou pela última vez à Siracusa com
o mesmo objetivo e pela terceira vez fracassa. De volta para Atenas em 360 a.C., Platão permaneceu na
direção da Academia até sua morte, em 347 a.C.

Obras

Diálogos
Platão escreveu, principalmente, na forma de diálogos. Esses escritos, considerados autênticos, são,
provavelmente em ordem cronológica :

Hípias menor: trata do agir humano;

Primeiro Alcibíades: trata da doutrina socrática do auto-conhecimento;

Segundo Alcibíades : trata do conhecimento;

Apologia de Sócrates: relata o discurso de defesa de Sócrates no tribunal de Atenas;

Eutífron: trata dos conceitos de piedade e impiedade;

Críton: trata da justiça;

Hípias maior: discussão estética;

Hiparco: ocupa-se com os conceitos de cobiça e avidez;

Laques: trata da coragem;

Lísis: trata da amizade/amor;

Cármides: diálogo ético;

Protágoras: trata do conceito e natureza da virtude;

Górgias: trata do verdadeiro filósofo em oposição aos sofistas;

Mênon: trata do ensino da virtude e da rememoração (anamnese);

Fédon: relata o julgamento e morte de Sócrates e trata da imortalidade da alma;

O Banquete: trata da origem, as diferentes manifestações e o significado do amor sensual;

Fedro: trata da retórica e do amor sensual;

Íon: trata de poesia;

Menêxeno: elogio da morte no campo de batalha;

Eutidemo: crítica aos sofistas;


Crátilo: trata da natureza dos nomes;

A República: aborda vários temas, mas todos subordinados à questão central da justiça;

Parmênides: trata da ontologia. É neste diálogo que o jovem Sócrates, a personagem, defende a teoria das
formas que é duramente criticada por Parmênides;

Teeteto: trata exclusivamente da Teoria do Conhecimento;

Sofista: diálogo de caráter ontológico, discute o problema da imagem, do falso e do não-ser;

Político: trata do perfil do homem político;

Filebo: versa sobre o bom e o belo e como o homem pode viver melhor;

Timeu: trata da origem do universo.

Crítias: Platão narra aqui mito de Atlântida através de Crítias (seu avô). É um diálogo inacabado;

Leis: aborda vários temas da esfera política e jurídica. É o último (inacabado), mais longo e complexo diálogo
de Platão;

Epidômite

Epístolas: Cartas (dentre as quais, somente a de número 7 (sete) é considerada realmente autêntica)

Tetralogias
Há, na Antiguidade, duas classificações das obras de Platão: a trilógica, de Aristófanes de Bizâncio, e a
tetralógica, de Trasilo. Segundo Diógenes Laércio, as 9 tetralogias são:

I. Eutífron, Apologia de Sócrates, Críton, Fédon

II. Crátilo, Teeteto, Sofista, Político

III. Parmênides, Filebo, Banquete, Fedro

IV. Primeiro Alcibíades (1), Segundo Alcibíades (2), Hiparco (2), Os amantes (2)

V. Theages (2), Carmides, Laques, Lísis

VI. Eutidemo, Protágoras, Górgias, Mênon

VII. Hipias (maior) (1), Hípias (menor), Íon, Menéxenes

VIII. Clitófon (1), A República, Timeu, Crítias

IX. Minos (2), Leis, Epínomis (2), Sétima carta (1).


Muitos diálogos não inclusos nas tetralogias de Trasilo circularam com o nome de Platão, ainda que fossem
considerados espúrios (notheuomenoi) até mesmo na Antiguidade.

Axíocho (2), Definições (2), Demódoco (2), Epigramas, Eríxia (2), Halcyon (2), Da Justiça (2), Da Virtude (2),
Sísifo (2).

Os diálogos que estão marcados com (1) nem sempre são atribuídos a Platão, e os marcado com (2) são
considerados apócrifos. Os que não estão marcados são de autoria certa. O critério para a atribuição é
variado, mas geralmente são consideradas obras de Platão as que são citadas por Cícero ou Aristóteles, ou
referidas pelo próprio autor em outros textos.

Vous aimerez peut-être aussi