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O verbo dá o recado

maio 2011
59 Por Eduardo Sabbag

Uma publicação eletrônica do TRF 1ª Região

Onze mil. Esse é o número aproximado de verbos em nosso


idioma. Muitos deles, é fato, estão em desuso, não fazendo parte
da fala do brasileiro. É o caso de apropinquar-se, de soer, de res-
folegar, de aprazer, de moscar.
Em sentido oposto, vários verbos, bem mais comuns, transi-
tam com frequência na linguagem do falante, como cantar, per-
der, sorrir, entre tantos outros.
Há ainda aqueles que apresentam conjugação capciosa, que
acaba levando o emissor à dúvida: é intermedeio ou intermedio?;
é requereu ou requis?; e, ainda, é previu ou preveu? Respostas
corretas: as primeiras formas! Deve-se falar intermedeio, reque-
reu e previu.
De outra banda, sobressaem os verbos abundantes, que per-
mitem a conjugação dupla no particípio: são legítimas as formas
pago e pagado; pego e pegado; gasto e gastado; impresso e imprimido. Algumas dezenas
desses verbos nos perseguem por aí e, às vezes, “pegam” alguns que falam, equivocadamente, che-
go. Cuidado! O verbo chegar não é abundante, só admitindo a forma participial chegado.
Sem contar os verbos cujas conjugações fazem parte da rotina do operador do Direito, poden-
do causar-lhes dúvidas. Deve-se falar, com exatidão: eu requeiro ao juiz (requerer); eu protocolizo
a petição (protocolizar); ele sobrestou o feito (sobrestar); ele proveu / eu provejo o recurso (pro-
ver); ele reouve o bem (reaver).
A bem da verdade, são inúmeras as encruzilhadas que se encontram no desafiador estudo
dos verbos. O tema é fértil para debates... e para vários outros artigos, aliás. Hoje vamos nos ater a
algumas questões pontuais.
Não faz muito tempo, fui inquirido sobre a forma verbal correta para o verbo maquiar. A
dúvida era se, na primeira pessoa do singular (eu) do tempo presente (modo indicativo), existia a
forma “maqueio”. A resposta é negativa. Devemos escrever e falar maquio. A conjugação completa
será: eu maquio, tu maquias, ele/ela maquia, nós maquiamos, vós maquiais, eles maquiam. A propó-
sito, na ocasião, complementei que este verbo apresenta uma tripla prosódia, todas dicionarizadas:
maquiar, maquilar ou maquilhar (esta última, mais comum em Portugal). Portanto, são aceitáveis
as formas eu maquio, eu maquilo e eu maquilho. Da mesma forma, admitem-se os substantivos
maquiagem, maquilagem e maquilhagem.
Em termos mais técnicos, os verbos terminados por -iar seguem a regular conjugação: eu
abrevio (para abreviar); eu calunio (para caluniar); eu copio (para copiar); eu premio (para pre-
miar); eu plagio (para plagiar); entre outros tantos. Como exceção à regra, destacam-se cinco ver-
bos que terão a substituição do i por ei em certas conjugações: 1. Mediar (eu medeio); 2. Ansiar (eu
anseio); 3. Remediar (eu remedeio); 4. Incendiar (eu incendeio); 5. Odiar (eu odeio). Como recurso
mnemônico, sugerimos somar as letras iniciais dos verbos, acima destacadas, formando-se a palavra
M-A-R-I-O.

consultoria.portugues@trf1.jus.br
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Vamos a mais um recado do verbo. Em minhas aulas, procuro enfatizar algumas conjugações,
lembrando aos alunos que “elas existem, sim!” ...e devem ser bem cultivadas. Refiro-me às seguin-
tes construções: eu adiro ao plano (verbo aderir); eu diagnostico o problema (verbo diagnosticar);
se isso lhes aprouver (...) (verbo aprazer); eu me valho do tema (verbo valer).
No plano da prosódia, também busco pronunciar com ênfase certas conjugações que reputo
úteis a todos os alunos: eu impugno a notificação (e não eu impuguino); eu designo a autoridade
( e não eu desiguino); eu estagno o andamento (e não eu estaguino); ele rouba a ideia (e não ele
róba); ele estoura a bomba (e não ele estóra); eu me inteiro do problema (e não me intéro). Aliás,
a palavra mal pronunciada é como um passarinho que sai da gaiola: depois que voa, não volta mais.
Daí a necessária atenção com a pronúncia de certos verbos.
Aproveito, ainda, para anunciar mais um recado. Aqueles que prestam concursos públicos
devem ficar atentos aos verbos que se aproximam na escrita e pronúncia, mas possuem sentidos
diferentes. Enquadram-se no vasto rol de termos parônimos. Note alguns exemplos:
1. Eu arreio o cavalo (verbo arrear, ou seja, pôr arreios); Eu arrio o menino do cavalo (verbo
arriar, ou seja, fazer descer);
2. Eu infrinjo a norma / Ele infringe a norma (verbo infringir, ou seja, desrespeitar); Eu infli-
jo a pena / Ele inflige a pena (verbo infligir, ou seja, aplicar). Atente-se para a oscilação
das consoantes g e j;
3. O escândalo emergiu (verbo emergir, ou seja, vir à tona); O mergulhador saltou do bar-
co e imergiu no oceano (verbo imergir, ou seja, mergulhar);
4. O trabalhador braçal sua muito / Eu não suo pouco (verbo suar, ou seja, transpirar); O
sino soou a noite toda (verbo soar, ou seja, tilintar).
E, finalmente, o verbo manda o último recado. Note-o. Quando “baterem na sua porta” as
formas CRI, CREU, RIO e MOO, saiba que são simples conjugações dos verbos CRER (eu cri e ele
creu, ambas no passado), RIR (eu rio, no presente) e MOER (eu moo, no presente, sem acento cir-
cunflexo, já à luz do Novo Acordo Ortográfico).
A propósito, se “a bom entendedor, piscada de olho é recado”, é melhor prestarmos atenção
aos “avisos dos verbos”. Não será bom claudicar depois de tantos recados... Aliás, o verbo claudi-
car, na acepção de capengar, é mais um entre os onze mil. Dá-lhe estudo!

consultoria.portugues@trf1.jus.br

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