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maio 2011
59 Por Eduardo Sabbag
consultoria.portugues@trf1.jus.br
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Vamos a mais um recado do verbo. Em minhas aulas, procuro enfatizar algumas conjugações,
lembrando aos alunos que “elas existem, sim!” ...e devem ser bem cultivadas. Refiro-me às seguin-
tes construções: eu adiro ao plano (verbo aderir); eu diagnostico o problema (verbo diagnosticar);
se isso lhes aprouver (...) (verbo aprazer); eu me valho do tema (verbo valer).
No plano da prosódia, também busco pronunciar com ênfase certas conjugações que reputo
úteis a todos os alunos: eu impugno a notificação (e não eu impuguino); eu designo a autoridade
( e não eu desiguino); eu estagno o andamento (e não eu estaguino); ele rouba a ideia (e não ele
róba); ele estoura a bomba (e não ele estóra); eu me inteiro do problema (e não me intéro). Aliás,
a palavra mal pronunciada é como um passarinho que sai da gaiola: depois que voa, não volta mais.
Daí a necessária atenção com a pronúncia de certos verbos.
Aproveito, ainda, para anunciar mais um recado. Aqueles que prestam concursos públicos
devem ficar atentos aos verbos que se aproximam na escrita e pronúncia, mas possuem sentidos
diferentes. Enquadram-se no vasto rol de termos parônimos. Note alguns exemplos:
1. Eu arreio o cavalo (verbo arrear, ou seja, pôr arreios); Eu arrio o menino do cavalo (verbo
arriar, ou seja, fazer descer);
2. Eu infrinjo a norma / Ele infringe a norma (verbo infringir, ou seja, desrespeitar); Eu infli-
jo a pena / Ele inflige a pena (verbo infligir, ou seja, aplicar). Atente-se para a oscilação
das consoantes g e j;
3. O escândalo emergiu (verbo emergir, ou seja, vir à tona); O mergulhador saltou do bar-
co e imergiu no oceano (verbo imergir, ou seja, mergulhar);
4. O trabalhador braçal sua muito / Eu não suo pouco (verbo suar, ou seja, transpirar); O
sino soou a noite toda (verbo soar, ou seja, tilintar).
E, finalmente, o verbo manda o último recado. Note-o. Quando “baterem na sua porta” as
formas CRI, CREU, RIO e MOO, saiba que são simples conjugações dos verbos CRER (eu cri e ele
creu, ambas no passado), RIR (eu rio, no presente) e MOER (eu moo, no presente, sem acento cir-
cunflexo, já à luz do Novo Acordo Ortográfico).
A propósito, se “a bom entendedor, piscada de olho é recado”, é melhor prestarmos atenção
aos “avisos dos verbos”. Não será bom claudicar depois de tantos recados... Aliás, o verbo claudi-
car, na acepção de capengar, é mais um entre os onze mil. Dá-lhe estudo!
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