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organização da produção e do trabalho e seus reflexos
Introdução
Como conseqüência da reestruturação produtiva do capitalismo na década de
1970, observou-se transformações nas formas de organização do trabalho no espaço de
produção fabril. O presente artigo analisará essas transformações a partir da visão do
pensamento marxista sobre a lei de tendência da queda da taxa de lucro.
Para tal feito, a investigação centrou-se na mudança na forma de organização
do trabalho e da produção e suas conseqüências para o Estado, os capitalistas e os
trabalhadores. Verificando mudanças crucias a partir do fordismo (como racionalização
do trabalho) e do keynesianismo (como regulação econômica) para o toyotismo
(regulação da produção e do trabalho) e a acumulação flexível (regulação econômica).
Nesse sentido, vamos trabalhar a temática a partir de quatro eixos fundamentais
que compreendem essas transformações. No primeiro eixo, apresenta-se o que foi o
fordismo, destacando o que ele trouxe para a organização do trabalho; no segundo,
evidencia-se o compromisso fordista enfocando as relações entre Estado – capitalistas –
trabalhadores que levaram a queda na taxa de lucros; no terceiro, discute-se o que é o
toyotismo e suas mudanças fundamentais para a regulação da produção e do trabalho; e
no último eixo apresenta-se a acumulação flexível e suas principais conseqüências.
Pretende-se com isso, mostrar o que Marx escreveu no séc. XIX como contra tendência
a queda da taxa de lucro foi usado na reestruturação produtiva do capitalismo no séc.
XX.
1 Fordismo
O fordismo começou quando Henry Ford modificou o processo artesanal de
produção de carros com a implantação do sistema taylorista na linha de montagem, ou
seja, racionamento do trabalho que permitiu uma produção em massa de produtos
homogêneos.
O modelo taylorista é uma forma de organização do trabalho humano baseado
na ciência, que tem como base o parcelamento extensivo das atividades e tarefas,
formas de supervisão e controle despóticas, além da desqualificação da força de
trabalho pela extrema separação entre as tarefas de concepção e de execução. Esse
trabalhador desqualificado e parcelado é o chamado operário massa, que para Bihr
(1998) não passa do apêndice de todo o sistema mecânico, ou seja, o “corpo morto do
capital”.
O fordismo se apoiou em cinco transformações, são elas: 1) produção em
massa, 2) parcelamento das tarefas, 3) criação da linha de montagem, 4) padronização
das peças, 5) automatização das fabricas.
O resultado dessas cinco transformações na organização produtiva é que antes
de Ford era necessário 12:30 horas em média para construir um veículo. Após a
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Artigo submetido ao VI Colóquio Internacional Marx e Engels nas seções de comunicações do
Grupo Temático 9 - Trabalho e produção no capitalismo contemporâneo, no ano de 2009.
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Economista, mestrando em Planejamento para Desenvolvimento na Universidade Federal do Pará
(UFPA). Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA). E-mail:
viniciuscs@ymail.com
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O primeiro movimento organizado foi a Primeira Internacional que teve um esforço de alcançar uma
eficiência política para derrubar o capitalismo, vale destacar a Comuna de Paris (a tomada de Paris pelos
operários que dura 72 dias, logo são sangrentamente massacrados pelo exercito francês) e o papel de
Marx como o principal teórico do movimento comunista.
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Modalidade de intervenção do Estado na vida econômica.
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“O período fordista é, assim, marcado por um desdobramento da antiga classe operária: de um lado, a
camada dos operários qualificados, herdeiros dos operários de ofício, constituindo uma ‘aristocracia
operária’ por ser a principal beneficiária do compromisso fordista, bem representada e bem definida pelas
organizações sindicais das quais forma a base; de outro, o contingente crescente dos operários
desqualificados, que suportam toda carga do fordismo na fábrica, beneficiam-se muito pouco de suas
vantagens fora da fábrica, e são mal integrados nas organizações sindicais e mal defendidos por ela […]”
(BIHR, 1998, p.52, grifo do autor).
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Consiste na relação entre o valor do capital constante (máquinas equipamentos, matérias-primas, etc.) e
capital variável (parte do capital destinada à compra da força de trabalho) dentro do processo de produção
capitalista.
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Valor do trabalho não pago ao trabalhador, isto é, na exploração exercida pelos capitalistas sobre seus
assalariados.
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Isso é claro, serve apenas como exemplo hipotético. Pois existe mecanismos que fazem aumentar a taxa
de mais-valia que Marx vai classificar como contra-tendências à lei da queda da taxa de lucro.
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Corresponde fisicamente a gigantescas unidades de produção.
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3 O toyotismo
O toyotismo surgiu e apareceu através da empresa automobilística japonesa
Toyota Motor Company, concebida pelo engenheiro Taiichi Ohno. Esse método de
organização da produção e do trabalho apareceu para enfrentar os problemas
econômicos que o Japão enfrentava no pós-guerra (PINTO, 2007)
Entende-se aqui, que o sistema de Ford é concebido em uma economia em
crescimento (mercado consumidor em expansão) e o toyotismo é criado num contexto
de crescimento econômico lento, em meio a um mercado interno contraído e muito
diversificado, caracterizado pela pequena expansão da demanda.
Esse método de produção e organização do trabalho, o toyotismo, apoiou-se
principalmente em 06 princípios básicos, são eles: 1) crescimento pela demanda; 2)
combate a qualquer tipo de desperdício; 3) flexibilidade do aparato produtivo; 4)
instalação do método do kanban; 5) diversificação dos produtos; 6) terceirização da
produção.
Primeiramente para ter o crescimento puxado pela demanda é necessário
romper com a idéia fordista de produzir o máximo, em grandes séries. No modelo
japonês a demanda que deve fixar a quantidade produzida, a empresa só produz o que é
vendido e o consumo condiciona toda a organização da produção. Gounet (1999, p.26)
ao discutir o crescimento puxado pela demanda afirma que “o sistema baseia-se um
pouco no exemplo dos supermercados: enchem-se as prateleiras, os clientes vêm, se
servem e, conforme fazem as compras, a loja volta a encher as prateleiras”.
Em segundo lugar, pela carência de espaço físico no território japonês e com a
obrigação de ser rentável, incita a Toyota a combater todo desperdício. Para realizar
isso, a empresa decompõe o trabalho em quatro operações básicas: 1) transporte; 2)
produção; 3) estocagem; 4) controle de qualidade. E dentro dessas operações só a
produção agrega valor à mercadoria, e as outras representam custos. Sendo assim,
O quinto princípio está ligado com o objetivo da Toyota que era produzir
muitos modelos de carros, mas cada um em série reduzida. Significando que a linha de
montagem no toyotismo produz vários modelos de carros na mesma linha de montagem,
pois cada vez que existe um novo modelo é preciso adaptar e mudar as máquinas.
E o último princípio é da terceirização da produção. Gounet (1999) afirma que
em vez de investir na economia de escala (integração vertical) como era de hábito no
fordismo, a Toyota passou a desenvolver as relações de sub-contratação com seus
fornecedores de peças, ou seja, os fabricantes de autopeças são empresas à parte e
totalmente controladas pela Toyota, em que os custos salariais representam 30 a 50% a
menos do que se fosse produzido na montadora.
Portanto, foram apresentados os conceitos fundamentais de funcionamento do
sistema que é o determinante para a reestruturação do capitalismo na década de 1970,
afetando diretamente todo o sistema anterior, principalmente a organização da produção
e do trabalho, que vai caracterizar a acumulação flexível.
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Rigidez dos contratos e relações salariais garantidos pelo compromisso fordista através do Estado.
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Estado com o mínimo de atribuições de despesas para não comprometer a crise fiscal.
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Considerações Finais
Referências