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Dor

Autor(es)
1
Adriana Machado Issy
2
Rioko Kimiko Sakata
Mai-2010

1 - Qual a definição de dor?


Dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável vinculada à imagem simbólica de
dano tecidual presente ou potencial ou descrita como relacionada à lesão.
2 - Qual a prevalência da dor?
A prevalência de dor em serviço de emergência é de 60%.

A prevalência da dor aguda pós-operatória é de 60-70% (Apfelbaum JL, Chen C, Mehta SS,
Gan TJ. Postoperative pain experience: results from a national survey suggest postoperative
pain continues to be undermanaged. Anesth Analg. 2003; 97(2):534-540; Pyati S, Gan TJ.
Perioperative pain management. CNS Drugs 2007;21:185-211.

Após trauma, a prevalência de dor é de cerca de 70% (Whipple JK, Lewis KS, Quebbeman EJ,
Esser MJ, Gottlieb MS, McKindley DS, Hess M, Boucher BA, Jancik JT, Wesley LC. Current
patterns of prescribing and administering morphine in trauma patients. Pharmacotherapy.
1995;15(2):210-5).

Os estudos epidemiológicos sugerem que 25 a 30% da população dos EUA e de outros países
industrializados sofrem anualmente de dor crônica. No Brasil a prevalência de dor crônica é de
40%.
3 - Como pode ser classificada a dor?
Em relação à presença ou não de alteração do sistema simpático, a dor pode ser classificada
como dependente ou independente deste sistema. Pode ainda ser classificada quanto às
síndromes dolorosas, às causas e as regiões do corpo acometidas.
4 - Quais as diferenças entre dor aguda e crônica?
A dor aguda é considerada um sinal de alerta à integridade do organismo. Normalmente
desaparece junto com a lesão. Causa sudorese, palidez, náusea, vômito e aumento da
frequência cardíaca e respiratória.
A dor crônica é considerada uma doença, sendo persistente e com duração maior que 3 a 4
meses. Causa depressão, ansiedade e distúrbio do sono.
Dor aguda Dor crônica
Duração limitada Longa duração (>3m)
Remissão após tratamento da Persiste após resolução da lesão
causa
Frequentemente auto-limitada Mantida
Desencadeada por lesão ou Remotamente associada a lesão ou doença
doença identificável
Alerta para risco de lesão Sem função biológica
Sintoma Doença
Ativação de nociceptores Sensibilização e neuroplasticidade
Diagnóstico bem definido Diagnóstico complexo
Alterações psicológicas mínimas Causa alterações psicológicas: depressão,
ansiedade, falta de prazer, letargia
Fármacos para dor Tratamento multimodal

1
Professora adjunta da disciplina de anestesiologia, dor e terapia intensiva.
2
Professora associada da disciplina de anestesiologia, dor e terapia intensiva da UNIFESP;
Coordenadora do Setor de Dor - UNIFESP.
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Recuperação provável Controle
Ativa sistema simpático
Responde a tratamento Resistente ao tratamento
Alívio inadequado
Distúrbio do sono, perda social, incapacitação
Afeta a qualidade de vida

5 - Quais a principais causas de dor aguda?


As principais causas são:
• Operação;
• Trauma (fratura, luxação, distensão, entorse, lesão ligamentar, lesão muscula);
• Lesão musculoesquelética (bursite, tendinite, síndrome miofascial);
• Outras: queimadura, herpes zoster, anemia falciforme, cálculo de vias urinárias,
pneumonia, abscesso, inflamação ou infecção de dente, sinusite, faringite.

6 - Dor aguda é causa de dor crônica?


Frequentemente a síndrome dolorosa crônica origina de dor aguda. Os fatores psicológicos são
importantes para essa evolução, mas sabe-se que diversas modificações fisiopatológicas
ocorrem tanto no sistema nervoso periférico como no central. Fatores genéticos também estão
implicados nessa evolução. Entretanto, a persistência e a intensidade da dor aguda são
fundamentais para o início do processo que leva a dor crônica em indivíduos susceptíveis. A
manutenção da dor intensa provoca alterações denominadas de neuroplaticidade, e dor
crônica.
7 - Quais as diferenças entre dor somática e visceral?

Dor somática Dor visceral


Bem localizada, Localização imprecisa, vaga
próxima a lesão
Pode ser percebida em estrutura somática (Dor referida)
Pode exacerbar com Pode exacerbar com função visceral
movimento
Acompanhada de alterações autonômicas (vômito,
sudorese, taquicardia, bradicardia, hipertensão ou
hipotensão arterial, palidez, tontura)
Pode sensibilizar as estruturas (Hiperalgesia)
Ex.:: artrite, tumor Ex.:: infarto do miocárdio, embolia pulmonar, obstrução
ósseo, tendinite, intestinal, tumor de pulmão
bursite

8 - O que provoca estímulo para dor visceral?


Os estímulos para dor visceral podem ser químicos, mecânicos ou funcionais. Os mecanismos
de dor são:
• Espasmo de músculo liso (Ex.: espasmo esofageano);
• Distensão de víscera oca (Ex.: distensão de intestino);
• Contração contra obstrução (Ex.: tumor obstruindo o intestino);
• Estiramento rápido de cápsula de víscera sólida (Ex.: abscesso hepático);
• Inflamação (Ex.: pneumonia);
• Isquemia (Ex.: infarto do miocárdio);
• Torção (Ex.: torção de ovário);
• Necrose de estruturas (Ex.: enterocolite necrotizante);
• Tração ou compressão de ligamentos e vasos.

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9 - O que é dor nociceptiva e dor neuropática?
A dor nociceptiva resulta da ativação de receptores da dor, os nociceptores. Associa as
reações fisiológicas adequadas a estímulos dolorosos.

A dor neuropática resulta de uma lesão ou alteração no sistema nervoso periférico ou central.
Associa as reações inadequadas resultantes de lesão ou alteração funcional do sistema
nervoso.
10 - Quais os exemplos de dor nociceptiva, neuropática e mista?

Dor Exemplos: dor resultante de inflamação, traumatismo, osteoartrite,


nociceptiva dor visceral, dor pós-operatória
Dor Exemplos: neuralgia pós-herpética, neuralgia do trigêmeo,
neuropática neuropatia diabética, neuropatia pós-traumática, neuropatia pós-
cirúrgica, dor pós-acidente vascular encefálico, dor após lesão da
medula espinal
Dor mista Exemplos: cervicobraquialgia, lombociatalgia, radiculopatia
torácica, síndrome do túnel do carpo

11 - O que é dor central? Quais as causas?


É a dor causada por lesão em sistema nervoso central, medular ou encefálica. São exemplos:
dor em hemicorpo após acidente vascular encefálico, dor de membros inferiores após em
paraplégico.
As causas de dor central são:
• Lesão vascular de encéfalo e medula espinal, consequente a infarto, hemorragia e
malformação vascular;
• Esclerose múltipla;
• Trauma medular;
• Siringomielia;
• Tumor;
• Infecção;
• Doença de Parkinson.
As mais frequentes são lesão vascular, e trauma.
12 - O que é dor por desaferentação?
Dor por desaferentação é causada por perda da aferência sensitiva e pode ser decorrente de
lesão do sistema nervoso periférico ou central. Pode haver desaferentação parcial (Ex.:
neuralgia pós-herpética) ou total (Ex.: lesão completa da medula espinal ou arrancamento do
plexo braquial).
13 - Quais os termos mais empregados em relação as manifestações do paciente com
dor?
De acordo com a International Association for the Study of Pain,1994:
Neuralgia= Dor na distribuição de nervo e pode ou não acompanhar de sinais de hipofunção do
nervo. Ex.: neuralgia do trigêmeo e pós-herpética.
Hiperestesia= Aumento da sensibilidade a estímulo.
Hipoestesia= Diminuição da sensibilidade a estímulo, excluindo os sentidos especiais.
Hipoalgesia= Diminuição da sensibilidade a estímulo nóxico.
Neurite= Inflamação de nervo. Ex.: neurite traumática após compressão do nervo intercostal
com afastador em toracotomia.
Neuropatia= Distúrbio da função ou alteração patológica de nervo. Ex.: neuropatia diabética.
Alodínia= Dor a estímulo que normalmente não provoca dor. É observada em paciente com
neuralgia pós-herpética, neuropatia diabética, dor após acidente vascular encefálico, na
síndrome complexa de dor regional.
Parestesia= Sensação anormal, espontânea ou evocada.
Disestesia= Sensação anormal desagradável, espontânea ou evocada.

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14 - O que é dor referida?
A dor referida é localizada distante do local de lesão e origina de estrutura visceral. A dor
referida tem localização dependente da inervação, ou seja, o local da lesão e o local da dor
referida convergem para a mesma região da medula espinal. Cada víscera tem uma ou mais
áreas somáticas de referência de maneira que através da localização da dor somática é
possível localizar a lesão. Exemplos: dor de angina referida para membro superior, dor de
pancreatite referida em faixa para dorso, dor de câncer em ápice pulmonar referida para
membro superior.
15 - Como é feita avaliação do paciente com dor?
A dor é avaliada através de história, exame físico (geral, musculoesquelético, neurológico) e
exames complementares (quando necessário). A história da dor deve ser detalhada, coletando
informações sobre duração, localização, intensidade, características, irradiação, alterações que
acompanham, fatores desencadeantes, fatores que melhoram e fatores que pioram. Os
antecedentes pessoais podem fornecer informações importantes sobre a causa. É importante
verificar os tratamentos prévios e os resultados, assim como dose de medicamentos e tempo
de utilização. Outras doenças podem ser a causa da dor. Além disso pode ocorrer interações
medicamentosas entre os fármacos para tratamento da dor e os medicamentos empregados
para outras doenças.
16 - Como é feita a avaliação da intensidade da dor?
A medida da intensidade da dor pode ser feita através de:
• Relato do paciente, usando escalas;
• Quantidade total de analgésico que o paciente necessita;
• Complementação analgésica;
• Alteração fisiológica;
• Alteração comportamental;
• Qualidade de vida.

17 - Quais as escalas mais utilizadas para avaliar a intensidade da dor?


As escalas mais usadas são: numérica, analógica visual e descritiva verbal.

Na escala numérica verbal o paciente dá um número para a intensidade da dor, em que zero
significa ausência de dor e 10, a dor mais intensa possível.

A escala analógica visual é uma maneira bastante útil, simples, sensível e reprodutível de
avaliar a dor. Trata-se de uma linha de 10cm, em que a extremidade à esquerda corresponde à
ausência de dor e a direita, a dor mais intensa possível. O paciente assinala o local que acha
ser mais adequado para sua dor. O escore é obtido medindo-se à distância entre ausência de
dor e ao local assinalado.
Na escala descritiva os escores são 0= dor ausente, 1= dor leve, 2= dor moderada e 3= dor
intensa.
18 - A intensidade da dor deve ser avaliada em todos os pacientes?
A dor é considerada “Quinto Sinal Vital”, devendo ser avaliada em todos os pacientes
internados. O enfermeiro deve anotar a intensidade da dor em todos os momentos em que são
realizadas as avaliações dos sinais vitais. Dependendo da intensidade, ele deve soliciar a
intervenção do médico responsável. A avaliação e o alívio da dor são ítens fundamentais para
a qualificação de um hospital.
19 - Como é avaliada a intensidade da dor em paciente com alteração cognitiva, em coma
ou em ventilação mecânica?
Para esses pacientes pode ser usada a escala comportamental (BPS com escores de 3 a 12),
através da observação da expressão facial, de movimentos do corpo, de tensão muscular e
sincronia com o ventilador expressão facial (relaxada: 1, parcialmente tensa: 2, totalmente
tensa: 3, fazendo careta: 4); movimentos dos membros superiores (relaxados: 1, parcialmente
flexionados: 2, totalmente flexionados: 3, totalmente contraídos: 4); ventilação mecânica
(tolerando movimentos: 1, tossindo, mas tolerando maior parte do tempo: 2, lutando contra
ventilador: 3, impossibilidade de controle do ventilador: 4), Sessler CN, Pedram S. Protocolized
and target-based sedation and analgesia in the ICU. Crit Care Clin, 2009 Jul;25(3):489-513;

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Mehta S, McCullagh I, Burry L. Current sedation practices: lessons learned from international
surveys. Crit Care Clin 2009 Jul;25(3):471-88).
20 - A intensidade da dor varia entre os indivíduos?
Uma mesma causa pode provocar dor de diferente intensidade nos indivíduos. A capacidade
de modulação inibitória é variável. A produção de analgésicos no organismo varia nos
diferentes indivíduos. Além disso o que o paciente sente não depende somente da lesão que
ele apresenta, mas também de fatores emocionais, do que ocorreu no passado (memória),
além de alterações que ocorrem no sistema nervoso central com a manutenção do quadro de
dor durante tempo prolongado.
21 - Quais os fatores para tratamento inadequado da dor?
• Falta de ensino no curso de graduação e especialização;
• Falta de prescrição;
• Não disponibilidade de medicamentos;
• Uso inadequado de medicamentos existentes;

22 - Quais os tratamentos para dor?


Podem ser utilizados analgésicos sistêmicos (antiinflamatórios, opióides, antidepressivos,
anticonvulsivantes, relaxantes musculares, neurolépticos, clonidina, anestésicos locais,
cetamina, beta-bloqueador, bloqueador de canais de cálcio), tópicos (antiinflamatórios,
anestésicos locais, capsaicina, opióide), medidas físicas, bloqueios (corticosteróide peridural,
opióide espinal, gânglio estrelado, plexo celíaco, nervo obturador, nervo supra-escapular, nervo
trigêmeo, facetário), medidas físicas (ultrassom, ondas curtas, estimulação elétrica, LASER),
acupuntura, e procedimentos cirúrgicos.
23 - Como agem os antiinflamatórios (AINE)? Quais os locais de ação?
Os AINE inibem a ciclooxigenase (COX), diminuindo a formação de prostaglandinas (PG).
Agem diminuindo a sensibilização dos nociceptores, que as PG provocam. Bloqueiam a
conversão do ácido araquidônico em endoperóxidos cíclicos instáveis intermediários (PG e
prostaciclinas) envolvidos no processo inflamatório e na sensibilização das vias de transmissão
da dor catalizadas pela COX. Os mediadores (PG, prostaciclina) exercem papel importante na
inflamação e na dor. Os AINE provocam inibição da COX em nível periférico e central, e
causam diminuição de óxido nítrico no sistema nervoso central. Reduzem radicais livres, inibem
a bradicinina e a fosfolipase.
24 - Qual a absorção de AINE quando administrados por via transdérmica?
Os AINE administrados pela via transdérmica (adesivo, creme, pomada e aerosol) são
absorvidos de forma lenta e duradoura. A absorção varia significativamente dependendo da
molécula e formulação escolhidas e algumas são tão eficazes quanto a administração por via
oral, com segurança maior, em osteoartrite envolvendo uma articulação e lesão muscular
aguda localizada. O AINE tópico é eficaz para diversas síndromes dolorosas agudas e
crônicas. A concentração na derme é maior que após administração oral. As concentrações
encontradas no tecido muscular abaixo do local de aplicação são variáveis, mas é pelo menos
equivalente ao obtido com a administração oral. Há redução dos efeitos colaterais, com ação
analgésica no local.
25 - Quais os fatores de risco gastrintestinais de antiinflamatórios?
São fatores de risco de antiinflamatórios para lesão gastrintestinal: úlcera ou sangramento
prévio, corticosteróide ou anticoagulante concomitante, associação de antiinflamatórios,
múltiplas e grandes doses, doença cardiovascular, hipovolemia, hipotensão ou hipertensão
arterial, cirrose hepática, e idade.

Os fatores de risco gastrintestinais são: sexo masculino, idade avançada, dose grande e
múltipla, associação de AINE, uso concomitante de corticosteróide ou anticoagulante, uso de
álcool e fumo, história de úlcera péptica ou queixa digestiva, história prévia de hemorragia com
AINE, cirrose e doenças cardiovasculares.
26 - Quais os fatores de risco renais dos antiinflamatórios?
Os fatores para lesão renal são: desidratação, alteração renal prévia, idade e uso concomitante
de outras medicações que causam lesão renal.

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Os fatores de risco renais são: sexo masculino, idade avançada, disfunção renal prévia,
associação de AINE, uso prolongado, dose grande, hipovolemia, hipotensão arterial,
hipertensão arterial, doença cardíaca, ascite, colagenose, insuficiência cardíaca congestiva e
cirrose hepática, diabetes melito, e uso concomitante de outros nefrotóxicos ou líquidos de
contraste.
27 - O que é efeito sinérgico e aditivo?
A associação de analgésicos que agem através de diferentes mecanismos pode resultar em
efeito aditivo ou sinérgico. Os fármacos podem interagir de maneira positiva de duas maneiras:
adição e sinergismo. A adição implica que os agentes agem independentemente, de tal
maneira que a soma total do efeito é uma simples adição do efeito de cada componente. O
sinergismo implica que a soma total do efeito da combinação dos fármacos seja maior que a
que seria esperado da soma dos efeitos de cada componente.

As substâncias que agem de forma sinérgica apresenta via final comum do efeito e possuem
mecanismos de ação separados. A interação sinérgica é evidenciada por diferentes
mecanismos de ação, sendo clinicamente mais útil, desde que os efeitos colaterais não sejam
sinérgicos.
28 - O que é analgesia multimodal? Por que usar?
Analgesia multimodal é a conduta com combinação de técnicas analgésicas e fármacos de
diferentes classes. A associação de fármacos que possuem diferentes mecanismos de ação
pode melhorar o efeito analgésico e diminuir os efeitos colaterais, pois permite diminuir a dose
total de cada medicamento. Os medicamentos podem ser administrados através de diferentes
vias, escolhendo-se as que proporcionam melhor efeito. Para os medicamentos que têm
dificuldade para atravessar as membranas, o efeito analgésico é melhor quando os mesmos
são administrados no local de ação. Os efeitos colaterais que estão relacionados à absorção
sistêmica do fármaco, podem ser menos intensos.

Os medicamentos sistêmicos (AINE, opióides, agonistas α-2, antidepressivos, e


anticonvulsivantes) podem ser usados com técnicas de analgesia local ou regional com vários
medicamentos (anestésicos locais, opióides, agonistas α-2, e cetamina).

Os analgésicos podem ser utilizados em diferentes locais da via da dor, seja em nível periférico
ou no sistema nervoso central. As medicações administradas podem diminuir a formação de
substâncias algogênicas, aumentar a quantidade de substâncias analgésicas endógenas,
bloquear a passagem de estímulo doloroso ou alterar a percepção da dor.
29 - Posso associar dois antiinflamatórios (AINE)?
Não devem ser associados dois AINE, pois há aumento dos efeitos adversos.
30 - Posso associar AINE com dipirona?
Embora na literatura sejam escassos os relatos de interações medicamentosas relacionadas
com a dipirona, na prática clínica essa associação é bastante frequente. A dipirona é um dos
analgésicos mais prescritos e eficazes para o controle de dor, sendo utilizada em muitos países
além do Brasil. O uso de dipirona, tem permitido uma redução significante na dose de AINE.
31 - Posso associar AINE com paracetamol?
Existe sinergismo entre paracetamol e AINE. Enquanto há necessidade de 6g/d de
paracetamol isolado para analgesia, quando esse fármaco é associado a outros
antiinflamatórios, a dose de 4g/d é suficiente. Breivik H. Postoperative pain: toward optimal
pharmacological and epidural analgesia. Pain 2002. An Update Review. IASP, 337-349. Essa
associação também aumenta os efeitos colaterais.
32 - É interessante a associação entre AINE e opióides?
Existe sinergismo entre AINE e opióides. Para procedimentos cirúrgicos que causam dor
intensa, os AINE reduzem a dose necessária de opióides de 20-70%. Schäfer M. Opioid/non-
opioid drug combinations. Pain 2002. An Update Review. IASP, 395-399.
33 - Como agem os opióides?
Os opióides agem através de diferentes mecanismos: redução da liberação de
neurotransmissores de fibras aferentes-C, inibição de neurônios pós-sinápticos que transmitem

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informação da medula espinal para encéfalo, alteração de vias descendentes envolvendo
noradrenalina e serotonina, e na ligação entre emoções e dor.

A ação dos opióides ocorre nas terminações nervosas pré-sinápticas e no neurônio pós-
sináptico. A ação pré-sináptica principal é inibir a liberação de substância-P, diminuindo a
excitabilidade de fibras aferentes nociceptivas. Os opióides inibem a liberação de
neurotransmissores através da redução da entrada de cálcio ou do aumento da saída de
potássio do neurônio.

A ligação de opióides aos receptores provoca inibição da liberação de substância-P (SP). A SP


é um neurotransmissor excitatório, e facilita a transmissão do estímulo doloroso.

Outro efeito que ocorre com a ligação de opióides é o fechamento de canais de cálcio. A
diminuição da entrada de cálcio para dentro da célula promove redução da excitabilidade do
neurônio e de fenômenos facilitadores da transmissão da dor. Causa abertura dos canais de
potássio e aumento da condutância do potássio, com de saída de potássio hiper-polarizando a
membrana axonal e redução da transmissão neuronal.

A ligação do opióide no sistema límbico é seguida de alteração da reação emocional à dor. A


ativação de vias inibitórias descendentes a partir do encéfalo à medula espinal pelos opióides
envolve neurotransmissores como serotonina e noradrenalina.
34 - Quais os princípios para uso de opióides para dor não oncológica?
São princípios para uso de opióide para dor crônica não-oncológica:
• Certificar a existência da dor persistente;
• Usar somente quando não obteve resultado com outras alternativas;
• Uso como complementar a outros analgésicos e técnicas;
• Descartar a possibilidade de que a dor é provocada por doença psiquiátrica;
• História de abuso de drogas e ambiente familiar caótico são contra-indicações
relativas;
• Paciente deve colaborar com o médico;
• Prescrição de preferência por único profissional;
• Dose fixa, e contagem de comprimidos;
• Iniciar com dose baixa;
• Se não houver pelo menos alívio parcial, questionar o tratamento;
• Avaliação constante quanto a: alívio da dor, efeitos colaterais, estado funcional, e
comportamento;
• Continuar o tratamento se mantiver a dose estável, com analgesia e sem abuso;
• Suspender se não obtiver analgesia e melhora funcional, ou ocorrer abuso, efeitos
colaterais e aumento da dose.

35 - Quais os sinais de vício por opióide?


Os pacientes com dependência psíquica apresentam alguns sinais indicativos que devem ser
observados:
• Usa de forma compulsiva o opióide para solução de seus conflitos e não para alívio da
dor;
• Aumenta a dose por conta própria;
• Não aceita a prescrição ou pede mais medicação;
• Solicita receita de vários médicos;
• Não aceita mudança no tratamento;
• Apresenta alteração de comportamento;
• Perde o controle em relação à prescrição, usando sempre mais opióide;
• Usa o opióide apesar dos efeitos colaterais provocados pela dose excessiva, sendo
incapaz de prestar atenção nas responsabilidades e obrigações.

36 - Princípios importantes para prescrição de opióides e tramadol:


• Não associar agonista opióide (morfina, codeína, oxicodona, fentanil) ou tramadol com
agonista-antagonista (nalbufina). Há antagonização do efeito analgésico do agonista;
• Não prescrever 2 opióides para mesmo paciente;

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• Não associar opióide sistêmico com espinal. Podem ocorrer complicações como
depressão respiratória;
• Meperidina provoca dependência rapidamente, além de não ter nenhuma vantagem
sobre outros opióides. Também tem metabólito (normeperidina) que causa convulsão.
Além disso, provoca aumento da frequência cardíaca;
• A administração de opióide por via venosa em bolo promove analgesia rápida, mas, a
duração é curta. É melhor em infusão para manter concentração adequada;
• Não administrar por via intramuscular (causa dor e não tem vantagem);
• A via subcutânea á adequada tanto para absorção como para manutenção da
analgesia. Indicada para morfina, tramadol e nalbufina. Podem ser administrados 2mL
de forma lenta.

37 - A atividade física pode auxiliar no tratamento da dor?


A atividade física realizada de forma adequada proporciona benefícios para a saúde. A prática
de atividade física reduz o peso, o estresse, e a depressão, que estão associados com dor. O
exercício físico promove liberação de substâncias analgésicas do organismo. O fortalecimento
da musculatura diminui a incidência de dor musculoesquelética. O alongamento também é
importante para evitar síndromes dolorosas.
A inatividade provoca atrofia muscular, encurtamento de ligamentos e tendões, e dor.
38 - A aplicação de frio ou de calor pode promover alívio da dor?
O frio promove redução do edema, hemorragia e inflamação. O efeito analgésico se deve à
vasocontrição ativada reflexamente por fibras simpáticas e pela ação direta nos vasos
sanguíneos, com redução de espasmos musculares, da espasticidade, da inflamação e do
edema. É indicado para trauma musculoesquelético agudo. É contra-indicado para pacientes
com intolerância ao frio ou doença de Raynaud, e em áreas com hipoestesia ou isquemia
tecidual.

O calor é usado para relaxamento muscular, na ausência de edemas ou hematomas. O calor


superficial é obtido através de compressas, bolsas e imersões com água quente e
infravermelho. O calor profundo é obtido com ultra-som, ondas curtas e microondas. O calor
alivia a dor, diminui a rigidez articular e espasmos musculares, e aumenta o fluxo sanguíneo. É
indicado na síndrome miofascial, cervicalgia, e lombalgia. Não deve ser utilizado em ferimentos
abertos, lesão ou trauma agudo, edema, hematoma, e doenças vasculares.
39 - Quais as síndromes dolorosas mais comuns?
A síndrome dolorosa mais comum é a síndrome miofascial, que é a dor localizada
acompanhada de contratura muscular e presença de pontos-gatilho que comprimidos
provocam dor intensa. Outras síndromes comuns são: lombalgia, enxaqueca, cefaléia tipo
tensional, tendinite, bursite, fibromialgia, osteoartrose, neuropatia, cervicalgia.
40 - Quais os princípios para tratamento da dor de câncer?
Alguns princípios devem ser seguidos:
• As modalidades terapêuticas devem ser utilizadas de forma adequada;
• Dar preferência para medidas menos invasivas;
• Usar fármaco apropriado para a dor;
• A dose deve ser adequada;
• Individualizar a dose, porque as necessidades variam para cada paciente;
• Usar medicações em intervalos regulares;
• Prescrever medicação por via oral, sempre que for possível;
• Usar via alternativa quando necessário;
• Administrar analgésicos de maneira profilática, para evitar períodos de dor e sofrimento
e necessidade de doses maiores de fármacos;
• Evitar injeção IM;
• Tratar os efeitos colaterais.

41 - Literatura Recomendada
1. Sakata RK, Issy AM. Dor. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP-
EPM. 2ed, Barueri, SP: Manole, 2008. v. 1. 276 p.

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2. Sakata RK; ISSY AM. Fármacos para Tratamento da Dor. 1ed. Barueri: Manole Ltda,
2008. v. 1. 317 p.

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