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Direito

Ambiental
Flávia Zangerolame
12/02

Qualquer legislação serve (desde que tenha os decretos 6514/08, que é a


regulação da lei de crimes ambientais, e o 6527/08, que trata da
regulamentação do Fundo Amazônia), mas a professora recomenda a da RT.
Além do <www.planalto.gov.br>, temos o <www.soleis.adv.br>, que possui
um leque maior de legislação.
A respeito de bibliografia, em princípio qualquer livro serve. Paulo Lemi
Machado é um excelente livro, mas é muito grande. Paulo de Bessa (sem ser o
manual) e Marcelo Abelha são outra opções. O primeiro é o mais didático e o
segundo apenas tem a parte geral. Outra boa opção é o de Terence
Trennepohl.
A prova é dividida em duas partes: múltipla escolha sem consulta e
discursiva com consulta apenas a legislação (mesclando questões práticas –
retiradas, em partes, dos casos trabalhados em sala de aula – e conceituais).
Há, ainda, um trabalho facultativo valendo 0,5.

História do Direito Ambiental

A necessidade do Direito Ambiental surge com a constatação da


degradação do meio ambiente. O dano ao meio ambiente surge
contemporaneamente ao estabelecimento do homem em sociedade, pois é
sempre necessário que se retire da natureza recursos naturais para sua
sobrevivência. A diferença entre as civilizações antigas e o paradigma atual é
a extensão do dano, que é muito maior hoje.
A escassez de recursos naturais e as catástrofes ambientais de difícil
recuperação somente ganharam dimensões preocupantes na atualidade, daí a
razão de precisarmos de uma regulação acerca do tema ambiental para tentar
coibir práticas que colaborem para este quadro e fomentar aquelas que
apresentam uma maior sustentabilidade.

19/02

◆ Artigo 225, CFBR/88- remissão ao artigo 81, parágrafo único, inciso I do


CDC.
O artigo inaugura o tratamento constitucional é do capitulo VI, no seu
artigo 225.
O artigo denota a conotação difusa do direito ambiental. O direito
ambiental é difuso por excelência.

◆ Conceito Legal de MA = Artigo 3, I e Lei 6938/81

Ate 81 havia a visão patrimonialista do direito ambiental. Em 81 tivemos a


lei mais importante da nossa temática, que é da "política nacional do meio
ambiente". Essa legislação é anterior a constituição de 88. A lei 6938 deu um
tratamento autônomo ao direito ambiental.
O Brasil foi signatário da primeira convenção mais importante do direito
ambiental que foi a convenção da ONU de Estocolmo de 72.
Ao lado da legislação que rege a política do meio ambiente, temos o
conceito de meio ambiente.
Com o advento da constituição da republica, temos o rompimento com o
ordenamento jurídico anterior. Essa lei, é considerada constitucional porque
se coaduna com a concepção de tutela e proteção previstas com a constituição
de 88.
Constituição da republica está no topo (pirâmide de Kelsen), a legislação
infraconstitucional ou se coaduna com o que está em cima, ou é revogado pela
teoria da não recepção.

Artigo 3, inciso I - conceito de meio ambiente infraconstitucional. Ele é


acrescentado por considerações doutrinárias por não ser só aspecto de
proteção dos elementos da natureza de forma isolada, mas sim, uma forma de
abranger também as relações humanas. É a integração e inclusão do homem
com a sociedade e natureza. É a noção de meio ambiente cultural.

◆ Os direitos difusos = Posição do STF


No conceito legal de direitos difusos, que será aplicado na noção de direito
ambiental (direito ambiental é difuso por excelência).
O direito difuso é indeterminado, por ser de interesse de toda a
humanidade. Não há como se identificar o direito publico subjetivo de
determinada sociedade ou grupo social.
Noção de direitos difusos tanto na legislação do CDC que ressalta o
caráter de indeterminação do sujeito.

◆ Conceitos doutrinários de Meio Ambiente.


Segundo Carlos Alberto Bittar, "o conceito de direitos difusos está bem
delimitado na legislação (artigo 81, parágrafo único, inciso I do CDC) e
refletem aquilo que transcende ao indivíduo, podendo ser exercitado em
conjunto em razão de elementos comuns (circunstâncias de fato). As pessoas
aqui são indeterminadas" (quantidade indeterminada de pessoas que não
podem ser precisamente delimitadas). Ex: direito ao meio ambiente
equilibrado.
O caráter difuso é pulverizado ao direito. Todo mundo precisa de um
ambiente ecologicamente equilibrado. Portanto, essa noção pertence a todos,
uma vez que todos precisam de um meio ambiente equilibrado.
✍ O direito ambiental é classificado como macrobem (exemplo: fauna,
flora), porque ele é visto de forma centralizadora e abrangente de todos os
microbens que gozam da nossa proteção
Meio ambiente = macrobem numa consideração incorpórea e imaterial.
Reparação de danos morais na tutela ambiental
Meio ambiente: Natural, Artificial ,Cultural e do Trabalho.

05/03

Seria o direito ambiental um ramo autônomo ou seria um ramo


pertencente ao direito administrativo e constitucional?
Conceitos doutrinários de direito ambiental:
Édis Milaré: complexo de princípios e normas reguladoras das atividades
humanas que direta ou indiretamente possam afetar a sanidade do ambiente
em sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade.
Princípio da equidade intergeracional: art. 225, caput, in fine, da CF.
Toshio Mukai: conjunto de normas e institutos jurídicos pertencentes a
vários ramos do Direito, reunidos por sua função instrumental para a
disciplina do comportamento humano em relação ao meio-ambiente.
Paulo de Bessa Antunes: um Direito que se desdobra em três vertentes
fundamentais, que são constituídas pelo direito ao meio-ambiente, direito
sobre o meio-ambiente, e direito do ambiente. É um direito humano
fundamental que cumpre a função de integrar os direitos à saudável qualidade
de vida ao desenvolvimento econômico e à proteção dos recursos naturais.
Meio ambiente -> natural; -> artificial; -> cultural; -> do trabalho.
Meio ambiente natural é aquele composto pela fauna, flora, recursos
hídricos, minerais, etc., envolvendo em tal classificação o elemento mais
comum de identificação com a natureza.
Meio ambiente artificial diz respeito à noção de cidades sustentáveis e
está relacionado com os objetivos da política urbana nos termos dos artigos
182 e 183 da Constituição, bem como da lei 10.257/01 (Estatuto da cidade).
Meio ambiente cultural -> Arts. 215, 216 e 218 da CF -> promoção das
mais variadas formas de promoção cultural

12/03

“O meio ambiente cultural corresponde à proteção do patrimônio cultural,


uma vez que não apenas a natureza stricto sensu está protegida pela
legislação. Seus elementos referem-se à formação dos grupos nacionais de
expressão, criações artísticas, tecnológicas, paisagísticas, ecológicas,
científicas, dentre outras, nos moldes dos arts. 215, 216 e 218 da Constituição
Federal.”
“O meio ambiente do trabalho diz respeito à proteção da pessoa humana
em seu ambiente de trabalho nos termos dos arts. 7º, XXII, e 200, VII e VIII,
da CRFB.” Atualmente o Ministério Público do RJ enfrenta o caso de fazendas
nos Campos dos Goytacazes que colocam seus trabalhadores em situação
análoga a de escravidão, que seria um caso em que se aplicaria a noção de
meio ambiente do trabalho.
“O patrimônio genético deve ser entendido como o conjunto de seres vivos
todos, incluindo os homens, animais, vegetais e microorganismos que
constituem a biodiversidade do planeta.” (Luiz Paulo C.) Aqui entra a questão
dos organismos geneticamente modificados e a necessidade de sua regulação
da aplicação de manipulação genética em qualquer ser vivo, para que
resultados danosos não acabem o ocorrendo devido a falta de cautela e
normas de segurança. A regulação legal está na Lei 11105/05 e no art. 225,
§1º, II, IV e V, da Constituição. Um exemplo do dano que pode advir destes
organismos ocorreu em São Paulo, onde uma plantação de eucaliptos
geneticamente modificados do Grupo Votarantim consumia tanta água que
passou a faltar para a população local.

Princípios de Direito Ambiental

O primeiro é o princípio democrático, ou do acesso democrático, que


determina que a elaboração das políticas públicas ambientais deve ser
realizada garantindo a participação do cidadão de forma efetiva nesta, seja
através de entidades da sociedade civil ou até mesmo de particulares. A
audiência pública é um dos principais instrumentos para garantir esta
participação. “Com o princípio democrático é assegurada a participação do
cidadão na proteção do meio ambiente, bem como o exercício de uma postura
ativa na elaboração das políticas públicas na forma do artigo 225, §1º, VI, da
Constituição da República.” O estudo de impacto ambiental (EIA) é uma das
formas de se valer este princípio, já que este será necessariamente
publicizados, para que todos possam saber quais as consequências de
determinada empreitada possivelmente danosa ao meio ambiente.
“O princípio da equidade intergeracional constitui o legado que as
gerações atuais devem deixar para as gerações futuras, na forma do caput do
art. 225 in fine da Constituição da República.”
O princípio da prevenção e o princípio da precaução estão intimamente
ligados. O primeiro diz respeito a impactos ambientais já conhecidos, ou seja,
já se sabe que determinada atividade possui potencial para a produção de
determinados danos. Há previsibilidade. “Na análise do princípio da
prevenção deve ser empreendida uma tutela preventiva acerca dos impactos
ambientais já conhecidos. Diversamente, o princípio da precaução possui
interação com a incerteza científica, isto é, a incerteza acerca das
consequências de determinadas atividades relacionadas ao meio ambiente não
devem servir como fundamento para que medidas protetivas deixem de ser
adotadas (princípio 15 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento – ECO 92).”
Outro princípio é o “princípio da avaliação prévia dos impactos ambientais,
que nada mais é que uma forma qualificada do princípio democrático, nos
termos do art. 9º, III e IV, da PMNA (Lei 6938/81)”, que tratam explicitamente
do licenciamento e fiscalização de empreendimentos de possíveis impactos
ambientais como instrumento da política ambiental nacional.
“O princípio da responsabilidade (ou da tutela integral)acarreta
consequências ao poluidor, seja pessoa natural ou jurídica, que responderá
pelos danos ambientais nas tríplices e independente esfera (sic) civil, penal e
administrativa.” A responsabilidade em matéria ambiental, então, se divide em
administrativa (poder de polícia – art. 78 do Código Tributário Nacional – “a
responsabilidade adminstrativa em matéria ambiental guarda íntima relação
com o poder de polícia, na medida em que constitui restrição ao exercício de
direitos individuais em prol do meio ambiente com base no princípio da
supremacia do interesse público sobre o particular”), civil (danos materiais,
que incluem os danos emergentes e os lucros cessantes, e danos morais
ambientais, a respeito dos quais há controvérsia doutrinária) e penal (que se
estende à pessoa natural e à pessoa jurídica praticando crime ambiental).

19/03

Sempre fundados numa noção de tutela integral, temos a idéia de


reparação integral como ponto de partida do princípio da responsabilidade.
Assim, deve-se buscar o retorno o tanto quanto possível ao status quo ante, a
configuração inicial anterior à lesão. Logo, analisamos a responsabilidade
ambiental sob um tríplice aliança: administrativa, civil e penal. O fundamento
legal para esta responsabilização integral esta no art. 225, §3º, da
Constituição, que fala expressamente destas três formas de proteção, sempre
se pautando pelos princípios particulares de cada um destes ramos do Direito.
Por exemplo, apenas os ilícitos ambientais mais graves é que serão vistos
como crime, devido ao princípio da ultima ratio do Direito Penal.
Uma mesma conduta pode violar uma ou mais destas esferas, uma não
condiciona a outra. São interdependentes.
“O art. 225, §3º, consagra o princípio da responsabilidade, também
nominado por alguns como princípio da reparação integral. Neste prisma, com
fundamento na tutela e preservação máxima do meio ambiente a proteção
pode se dar nas três esferas (penal, administrativa e civil), que são
interdependentes, considerando que uma mesma sanção pode violar uma ou
mesmo todas as categorias.”
“Tem-se a aplicação dos três atributos do poder de polícia
(discricionaridade, autoexecutoriedade e coercibilidade) também em sede
ambiental, razão pela qual a doutrina costuma denominar de poder de polícia
ambiental”
Aqui não temos a visão de causador do dano e vítima individual, como na
responsabilidade civil tradicional, mas sim causador do dano e sociedade
como um todo, pois o direito ambiental propicia uma tutela difusa.
Uma das forma de se tentar fazer valer esta proteção é através da
utilização das astreintes, impondo multas diárias altíssimas para coibir aquele
determinado dano ambiental. Outra é através de políticas de compensação
ambiental, por exemplo determinando o replantio de enormes áreas.
Uma outra questão controversa é o dano moral ambiental, que seria uma
forma de dano moral coletivo. Esta possibilidade estaria prevista pelo art. 13
da Lei 7347/85, que trata da Ação Civil Pública, e de seu preâmbulo.
A responsabilide penal em matéria ambiental é pautada pela
resposabilidade penal de pessoa jurídica. Para contornar o problema colocado
pelo fato das pessoas jurídicas não poderem agir com culpabilidade, o que faz
com que elas não possam cometer crimes, já que a culpabilidade é elemento
essencial do crime, utilizamos a teoria da dupla imputação, que nos traz a
necessidade de que a denúncia traga a expressa a conduta praticada pela
pessoa física que fomentou aquela ação em nome da pessoa jurídica. Vide HC
93.867.
A teoria da desconsideração da pessoa jurídica possui como base legal o
art. 50 do CC, art. 28 do CDC e art. 4º da Lei de Crimes Ambientais.

26/03

O princípio do poluidor e usuário pagador (princípio 16 da ECO-92 e art.


225 c/c 170 da Constituição) nos traz duas dimensões da proteção ambiental.
No caso do poluidor, temos que as externalidades negativas devem ser
ressarcidas ou reparadas por este, por exemplo promovendo programas de
educação ambiental, de plantio de árvores ou de instalação de filtros
poluidores. O pagador também deve pagar em alguns casos, principalmente
numa sociedade como a nossa, de consumo em massa. Não é que se possa
poluir, mas há uma necessidade de produção de certos danos para a
manutenção desta sociedade. “O princípio do poluidor pagador reflete a
análise das regras econômicas de mercado, produção e consumo,
manifestando a necessidade em exigir que o poluidor arque com os custos das
medidas de prevenção e controle da poluição. Tais medidas de controle e o uso
racional dos recursos escassos demanda um custo que se reflete no preço dos
bens e serviços. A finalidade é justamente internalizar no preço dos produtos
todos os custos sociais (externalidades negativas, que podem ser entendidas
como a combinação entre privatização dos lucros e socialização das perdas)
causados pela produção desse mesmo bem.”
O princípio do desenvolvimento sustentável “reflete a compatibilização do
progresso econômico, científico e tecnológico com a máxima proteção ao meio
ambiente segundo a perspectiva que se trata de um direito humano
fundamental”. Alguns autores criticam esta expressão, pois se trataria de uma
visão muito capitalista da relação do homem com o meio ambiente, perdendo
de vista que o direito ao meio ambiente saudável é sobretudo um direito
fundamental do homem, e nunca algo subsidiário em relação à Economia.

Competências Ambientais

A competência ambiental se divide em três aspectos: jurisdicional,


legislativa (competência concorrente – art. 24, VI, da Constituição Federal) e
material (ou implementadora, que se refere ao poder de polícia e atuação
administrativa).
Quanto à competência jurisdicional, vide art. 109, IV, da Constituição. Em
matéria ambiental, a competência dependerá de se a violação for em relação a
bens ou interesses da União. Nestes casos, o processo deverá tramitar na
Justiça Federal, por exemplo no caso de empreendimento que viola normativa
do IBAMA. O conflito negativo de competências em temática ambiental é
comum entre Justiça Federal e Justiça Estadual, sendo a resolução dada pelo
STJ (art. 105, I, 'd'). Vide agravo regimental no conflito de competência nº
93083/PE; conflito de competência nº 55704/SP; e conflito de competência nº
92327/SP.
A competência para legislar em relação ao meio ambiente, o art. 24, VI, da
CFRB, estabelece a competência concorrente entre União, Estados, Distrito
Federal e Municípios. Na verdade, este dispositivo não traz a competência
municipal, para tal conclusão precisamos combiná-lo com o art. 30, I e II, que
determinam a suplementação da legislação estadual e federal pelo Município
no que couber e o poder de legislar sobre interesse local. A União deve editar
normas gerais e os demais entes federativos sobre os interesses mais
próximos de si.
Por último, temos a competência ambiental implementadora, que trata da
fiscalização e proteção concreta. Isto nada mais é que a manifestação do
poder de polícia, a atuação administrativa de um órgão de execução,
respeitando e fazendo valer o princípio da legalidade. A regra é a competência
comum ou concorrente (solidariedade, ampliação da proteção ambiental ou
horizontalidade da proteção ao meio ambiente). O problema surge nas
possibilidades de bis in idem, nas quais se discute se mais de um ente
federativo poderia impor penalidades e sanções aos violadores de normas em
defesa do meio ambiente. Em princípio temos a noção de predominância dos
interesses quanto à divisão entre os entes federativos, mas é possível que um
interfira na esfera do outro, caso um deles não cumpra seu papel, graças
exatamente a noção de horizontalidade da proteção ao meio ambiente.

30/04

Onus Probandi

A regra geral quanto ao ônus da provaestá no art. 333 do Código de


Processo Civil, que traz uma forma de distribuição deste chamada de teoria
estática, segundo a qual aquele que alega é quem deve provar o alegado.
Há alguns casos, porém, de inversão do ônus da prova. Nestes, uma das
partes alega determinado fato e se toma isto como verdadeiro, cabendo a
parte contrária provar que tal afirmação é falsa. Isto ocorre, por exemplo, no
caso das relações de consumo, pois o Código de Defesa do Consumidor
entende o consumidor como hipossuficiente e, portanto, estabelece tal
inversão do ônus da prova.
Evidente que esta afirmação deve ser verossímel, plausível de ocorrer,
para que esta inversão de fato se verifique, pois não teremos tal solução caso
a afirmação seja absurda. Tal exigência está presente no art. 6º, VIII, que diz
que a afirmação deve ser verossímel ou o alegante hipossuficiente, mas a
jurisprudência vê os critérios como cumulativos e não alternativos.
No campo ambiental, também temos um dos pólos da relação como
hipossuficiente. Por exemplo, num caso de poluição causada por determinado
produto inventado por certa companhia, evidente que o Ministério Público não
terá o conhecimento técnico e científico suficiente para realizar uma análise
pormenorizada das consequências desta atividade. A hipossuficiência técnica
ou científica é muito comum no âmbito ambiental, por isso é o próprio
poluidor quem deve comprovar que seu produto, cadeia produtiva ou prática
se mantém dentro dos parâmetros legais determinados.
Como o ônus da prova é invertido, caso o poluidor, por exemplo, não
comprove que seu produto não é poluente, a alegação do autor da ação será
considerada verdadeira e, portanto, o processo será encerrado com
julgamento de mérito em detrimento do pólo passivo.
A doutrina sustenta a aplicação por analogia do art. 6º, VIII, do CDC às
demandas ambientais tendo por base o art. 117 do mesmo diploma, que
permite a aplicação de parte do CDC às demandas relativas aos direitos
difusos, mas esta parte não inclui o art. 6º, que é tido como aplicável por
empréstimo.
Outra forma de sustentar a inversão do ônus probatório em matéria
ambiental é a teoria da carga dinâmica do ônus da prova que diz que para
verificar de quem é o ônus probatório não importa se quem alegou é autor ou
réu, mas sim se tal pessoa é quem possui as melhores condições de comprovar
tal fato. Assim, frente a toda alegação o juiz casuísticamente deverá avaliar tal
alegação e a capacidade de cada uma das partes de comprovar tal alegação
fazendo o ônus recair sobre aquela que estiver em melhores condições de
fazê-lo.
Marcelo Abelha defende a aplicação desta teoria no Direito Ambiental,
pois o princípio basilar deste ramo é o da hipossuficiência científica, o que
corrobora a aplicação desta tese.
Outra questão é se é possível que o juiz de ofício inverta o ônus da prova,
independente da parte que alegou ter pedido tal inversão. A doutrina
ambientalista entende que é sim possível, pois o Direito Ambiental trata de
direito humano fundamental. A tutela maximizada inclui necessariamente a
adoção de mecanismo protetivos, inclusive processuais.
Evidente, porém, que o juiz deverá dar conhecimento a outra parte de tal
inversão, para que ela saiba que é ela quem deverá contraditar a alegação
apresentada. Isso se deve ocorrer durante o despacho saneador. No caso
consumerista, há controvérsia o juiz deve assim agir ou se ele pode fazer tal
inversão apenas na sentença. A professora sustenta, no caso ambiental, que o
juiz deverá sempre avisar durante o despacho saneador.

07/05

Conforme salientado por Fredie Didier Jr., “é possível traçar como


características da teoria dinâmica do ônus da prova: 1) o encargo não deve ser
repartido prévia e abstratamente, mas sim casuísticamente; 2) sua
distribuição não pode ser estática e inflexível, mas dinâmica; 3) pouco importa
na sua subdivisão a posição assumida pela parte na causa (se autor ou réu); 4)
não é relevante a natureza do fato probando – se constitutivo, modificativo,
impeditivo ou extintivo do direito – mas quem tem mais possibilidade de
prová-lo.”

Política Nacional do Meio Ambiente e o SISNAMA (Lei 6938/81)

Segundo Paulo Bessa, “Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) é uma


política pública que tem por objetivo a preservação melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar ao país condições de
desenvolvimento sócio-econômico, os interesses da segurança nacional e a
dignidade da vida humana.”
A PNMA possui uma série de objetivos (art. 4º), que se dividem em
institucionais (definição de áreas prioritárias de ação governamental),
ecológicos (estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais), gerenciais (difusão
de tecnologias de manejo do meio ambiente, formando uma consciência
pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do
equilíbrio ecológico) e econômicos (compatibilização do desenvolvimento
econômico com a preservação e equilíbrio do meio ambiente).”
Os princípios da PNMA estão presentes no art. 2º de sua lei.
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) materializa toda a
estrutura institucional brasileira no que tange à qualidade ambiental, a
proteção do meio ambiente, cuja definição se encontra no art. 6º da Lei 6938.
O art. 9º da Lei traz um rol dos instrumentos da PNMA, que inclui, por
exemplo, zoneamentos.
Art. 1º, I, da Resolução 237/97 do CONAMA: A natureza jurídica do
licenciamento ambiental é de procedimento administrativo. Licenciamento
ambiental é diferente de licença, pois, enquanto que o primeiro é
procedimento administrativo, a segunda é ato administrativo produzido pelo
procedimento administrativo.
Estas licenças possuem natureza especial, pois são concedidas por prazo
certo e o preenchimento dos requisitos legais não implica necessariamente na
expedição da mesma (a natureza de ato vinculado está mitigada), pois sempre
devemos estar atentos às normas e princípios de proteção ambiental.
“O licenciamento ambiental caracteriza-se como procedimento complexo
com regulação básica pelo Decreto 99274 e pelas resoluções do CONAMA e
pelas resoluções do CONAMA, tal como a 237/97, que contém conceitos
importantes sobre este procedimento administrativo.”
“A licença ambiental possui natureza especial e segundo o art. 10 da
resolução 274/00 o IBAMA (autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio
Ambiente) exerce função de caráter supletivo na concessão da licença.”
A licença pode ser de três ordens: prévia (vigora na fase de planejamento
do projeto), de instalação (a ser adota no momento de implantação da
atividade) ou de operação (permite o efetivo início das atividades); vide
Resolução 237 do CONAMA.
A avaliação dos impactos ambientais comporta uma série de resoluções
que demonstram que existem diversas formas de avaliação, sendo a mais
importante o estudo de impacto ambiental e o relatório de impacto ambiental,
vide art. 225, §1º, IV, da Constituição Federal.
A Resolução 9 do CONAMA, no art. 32 da Lei 9784/99 e no art. 15 da Lei
de Biossegurança (Lei 11105) trazem a possibilidade de realização de
audiência pública em sede de estudo de impacto ambiental. Tal audiência
pode ser convocada de ofício, por provocação do Ministério Público ou por
cinquente cidadãos, sendo que ela pode ser feita em lugares distintos, visando
a maior divulgação e publicidade do procedimento ambiental.
14/05

Avaliação dos Impactos Ambientais

· EIA-RIMA - §1º, IV, do art. 225 da CF.


· Audiência Pública
Resolução 09 do CONAMA
Lei 9.784/1999
Lei 11.105/2005
· Da função socioambiental da propriedade
Arts. 5º, 182 e 184 da CF.
Art. 1228, CC/2002.
Disposições no Estatuto da Cidade
O EIA-RIMA é o “Estudo de Impacto Ambiental - Relatório alguma coisa”.
É necessário quando há atividade que interfira no meio ambiente. Na verdade,
a necessidade ou não do EIA-RIMA será determinada pelo órgão ambiental
atribuído para tanto no caso concreto e pela legislação emanada deste órgão.
São vários os órgãos reguladores; existe um, por exemplo, para o controle
marítimo, um para o controle florestal, etc.
A feitura do EIA-RIMA é, segundo orientação jurisprudencial, atribuição do
Poder Executivo. A instalação do EIA-RIMA seria questão discricionária do
Poder Executivo, o que geraria certa proteção contra a atuação do Poder
Judiciário na análise do mérito, apesar da tendência flexibilizadora do controle
dos atos discricionários (o caderno de Administrativo I trata desta temática
muitíssimo melhor).
“Impacto ambiental é uma modificação súbita do meio ambiente, seja ela
natural ou artificial. Os impactos ambientais podem ser positivos ou negativos,
sendo que os impactos ambientais negativos acarretam alteração adversa do
meio ambiente, denominada degradação ambiental.
Exemplificativamente, a poluição é um dos maiores fatores de degradação.
Do ponto de vista jurídico, a poluição juridicamente relevante é aquela que
reflete o lançamento no meio ambiente de matéria, energia ou qualquer outro
elemento fora dos padrões determinados pelos órgãos ambientais.
Nos termos do inciso IV do §1º do art. 225 da CF, os empreendimentos de
grande porte causadores de potencial ou significativo impacto ambiental
devem ser submetidos a estudos prévios, cabendo ao Poder Executivo, por
meio de seus órgãos de controle ambiental, decidir em quais hipóteses é
cabível a realização do EIA. A atribuição é exclusiva do Executivo. (ADIN nº
1505/ES, Relator Ministro Eros Grau).
No caso das atividades com instalações potencialmente poluidoras e
causadoras de degradação, a licença concedida sem o prévio EIA é nula de
pleno direito, cabendo ao Judiciário declarar tal nulidade. A questão do
enquadramento da atividade e a necessidade de elaboração do EIA-RIMA deve
ser demonstrada pelo administrador de forma fundamentada por ato
administrativo próprio.”
Para que o eia tenha validade, existem duas premissas orientadoras:
legitimidade jurídica e legitimidade técnica, isto é, respeito à legalidade e
análise técnica apurada, porém em linguagem compreensiva, para que todos
tenham acesso.
As audiências públicas (Art. 32 da Lei 9.784/1999) são uma das etapas de
licenciamento ambiental. A audiência pública serve para democratizar a
questão ambiental, atendendo ao princípio da ampla informação. Ela é
meramente consultiva, pluralizando o debate na sociedade. Vide ainda o
parágrafo único e caput do art. 15 da Lei 11.105/2005.
A convocação das audiências públicas pode ser feita ex officio, ou a
requerimento do MP ou a requerimento de 50 cidadãos.

21/05

Princípios Relativos à Função Sócioambiental da Propriedade

A necessidade de se ter em vista a função social da propriedade vem já


com a Constituição de 1988. Com esta concepção, a titularidade da
propriedade somente é legítima se exercida de acordo com um conjuntos de
princípios e normas que fazem parte da noção de função social, exigindo que o
uso, gozo e fruição da coisa gerem frutos à sociedade.
O mesmo se passa com a função ambiental da propriedade, que faz com
que a propriedade deva ser utilizada visando sempre a tutela do meio
ambiente. Por isso, relendo a noção de função social, falamos em função
sócioambiental, pois a propriedade, para ser legítima, deve cumprir não só
sua função social, mas também ambiental. Com isto, abandona-se, no Direito,
a visão puramente patrimonialista e de dominação acerca da propriedade.
Daí termos, por exemplo, os arts. 12 e 14 da Lei 6938, que condicionam o
licenciamento ao respeito das normas ambientais e prevêem penalidades aos
que desrespeitarem tais imposições, respectivamente.
Temos alguns dispostivos que trazem esta noção de função sócioambiental,
tais como os arts. 182, 184 e 186 da Constituição, assim como o art. 1228 (em
especial seu §1º) do Código Civil e os artigos supracitados da Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente.
“A política traçada pelo constituinte rompeu com o paradigma clássico e
patrimonialista da propriedade, outrora considerada absoluta e refletindo o
poder do dominus. Neste diapasão, a estrutura do direito de propriedade da
posse está inequivocamente vinculada ao cumprimento de sua função social
na medida em que o exercício da propriedade deve reverter em proveito tanto
do titular quanto para toda a coletividade. A função social do propriedade
impõe a observância absoluta da normativa ambiental, tendo sido erigido ao
patamar de direito e garantia fundamental inafastável por conta do art. 60,
§4º (cláusulas pétreas). Em sequência, o art. 1228 do Código Civil,
notadamente seu §1º, corrobora a disciplina constitucional que decorre de
uma interpretação sistêmica dos seguinte artigos: 5º (incisos XXII e XXIII),
170 (incisos II, III e VI), 186 (incisos I e II) e 225 (caput, §1º, III e VII, e §3º).”
“Segundo José Afonso da Silva, a função social da propriedade não se
confunde com os sistema de limitação da propriedade. Estes dizem respeito ao
exercício do direito ao proprietário; aquela à estrutura do direito mesmo, à
propriedade. Enfim, a função social se manifesta na própria configuração
estrutural do direito de propriedade, pondo-se concretamente como um
elemento qualificante na pré-determinação dos modos de aquisição, gozo e
utilização.”
O Estatuto da Cidade é outro importante diploma legal no tratamento da
tutela ambiental. Vide art. 2º (diretrizes gerais), 4º (instrumentos de política
urbana, como temos zoneamento ambiental, III, 'c').
28/05

Responsabilidade Civil Ambiental

A responsabilidade civil em sede ambiental pode se dar tanto por ação ou


omissão, sendo que tal conduta não precisa ser analisada quanto ao seu
aspecto subjetivo, ou seja, não avaliaremos a presença ou não de culpa lato
sensu, se o sujeito violou o dever de diligência e cuidado ou se queria o
resultado. Vide art. 14, §1º, da Lei 6938/81.
O dano, entretanto, deve estar sempre presente, diferentemente da culpa.
O dano cria a necessidade de reparação, buscando sempre retornar
integralmente ao status quo ante. Este dano pode ser de duas naturezas:
material (que se subdivide em danos emergentes e lucros cessantes) e moral
(no que faz surgir a questão da possibilidade de dano moral coletivo, que
ainda não é aceita pela doutrina de forma unânime, mas que pode cumprir um
papel importante para o direito ambiental – os doutrinadores que defendem
esta possibilidade argumentam que a coletividade tem sentimentos a serem
tutelados, assim como o indivíduo, enquanto que a corrente oposta argumenta
exatamento o oposto, que pelo fato de ser coletividade não possui esta
dimensão moral).
Além do dano, por último, precisamos do nexo de causalidade, ligando a
conduta praticada ao dano produzido. Na responsabilidade civil utilizamos a
teoria da causalidade adequada. Como a culpa não é exigida para a
responsabilização, para impedir a formação do dever de indenizar uma das
principais defesas é a prova da quebra do nexo causal. Isto pode ocorrer por
força maior (serve para especificar o evento inevitável), caso fortuito (serve
para especificar o imprevisível – pode ser interno, quando a circunstância se
insere nos riscos normais da atividade, ou externo, quando o fato está fora
deste âmbito, sendo que só o segundo exclui o nexo causal), fato exclusivo da
vítima ou fato exclusivo de terceiro.
Há, porém, casos excepcionais onde nem mesmo a prova de não haver
nexo de causalidade excluirá o dever de indenizar. Na verdade é apenas na
matéria ambiental que se admite esta responsabilização total, através da
teoria do risco integral em caso de dano nuclear. Este entendimento é
majoritário, mas não unânime.
04/06

A teoria do risco integral é aquela que não admite nem as excludentes de


responsabilidade. O fato exclusivo de terceiro, a força maior e o caso fortuito,
neste sentido, não serviriam para excluir a responsabilidade.
Como dito na aula passada, nos casos de dano nuclear, aplica-se a teoria do
risco integral. Este é o único caso em que se aplica tal teoria.
“Segundo a doutrina majoritária, a teoria do risco integral é aplicada
excepcionalmente, sendo considerada uma modalidade extremada da doutrina
do risco, destinada a justificar o dever de indenizar, inclusive nos casos de
inexistência do nexo de causalidade (o que não ocorre na responsabilidade
objetiva, pois, embora dispensável o elemento culpa, a relação de causalidade
é imprescindível).
Para a teoria do risco integral, o dever de indenizar se faz presente apenas em
face do dano, ainda nos casos de conduta exclusiva da vítima, fato de terceiro,
caso fortuito ou força maior.
A justificativa reside na consideração de que o perigo oferecido pela
manutenção da atividade nuclear é tal que, independentemente de outro fator,
o dano será imputável à entidade pública responsável (art. 21, XXIII, CF, e art.
8º da Lei 6.453/77).”
Tutela do meio ambiente
Vide Lei 7.347. Artigos importantes da Lei, segundo a professora: 1º, 3º, 4º,
6º.
“É importante verificar a causa de pedir e o pedido, ainda que se trate de uma
ação popular e de uma ação civil pública, pois a doutrina reconhece a
possibilidade de se caracterizar litispendência”, ainda que os legitimados, nas
duas ações, sejam diferentes.
Os legitimados para intentar ação civil pública estão listados no art. 5º da Lei.
Pode-se ajuizar ação cautelar em favor do meio ambiente (art. 4ª da Lei),
visando a garantir a efetividade de uma futura ação civil pública. Os
legitimados para esta medida cautelar serão os mesmos legitimados para a
ação civil pública futura. Os cidadãos, portanto, uma vez que não são
legitimados para ação civil pública, também não são legitimados para a
medida cautelar que visa assegurar a futura ação civil pública. Para os
cidadãos, no entanto, existe o instituto da ação popular.
Vide inquérito civil público - art. 8º, §1º da Lei.
Ler, para a próxima aula, a Lei 7.347.

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