Vous êtes sur la page 1sur 16

Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al.

Importância da qualidade da semente para o


estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.


Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=557>.

Importância da qualidade da semente para o estabelecimento de


pastagens

Jalison Lopes1, Caio Augustus Fortes2, Ronan Magalhães de Souza3, Valdir


Botega Tavares4

1
Zootecnista, Doutorando em Forragicultura e pastagens – DZO/UFLA, Bolsista
do Cnpq
2
Agrônomo, Doutorando em Forragicultura e pastagens – DZO/UFLA.
3
Agrônomo, Doutor em Forragicultura e pastagens.
4
Zootecnista, Doutor em Forragicultura e pastagens.

Resumo
O sucesso na formação de pastagens depende de uma boa semente, e seu uso
é totalmente justificável, já que a semente representa apenas cerca de 10%
do custo total de formação da pastagem. Como conseqüência da expansão da
área cultivada de pastagens, principalmente de B. decumbens e B. brizantha,
houve um aumento da incidência de doenças no campo, causadas
predominantemente por fungos. Provavelmente, este fato ocorreu pela falta de
informações sobre a qualidade sanitária das sementes utilizadas, facilitando a
introdução e disseminação desses patógenos. O uso de fungicidas é a principal
forma de controle e prevenção de doenças em sementes usado no Brasil.
Entretanto, é importante lembrar que o plantio de sementes livres de
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

patógenos é considerado um dos métodos mais eficientes no controle de


doenças. O uso de boa semente mesmo em condições edafoclimáticas
favoráveis não reduz e nem tampouco elimina a necessidade de adotar
cuidados básicos no processo de estabelecimento ou recuperação da
pastagem. Quando se utilizam sementes de boa qualidade, a expressão de seu
potencial dependerá em muito das condições a ela oferecida. A melhoria nos
padrões sanitários e o rigor no cumprimento da nova legislação de produção e
comercialização de sementes forrageiras, logicamente, associados a um
correto manejo de estabelecimento, são fatores primordiais para se garantir
que a pastagem seja inicialmente produtiva e apresente ganhos econômicos
satisfatórios desde sua formação.
Palavras-chave: gramíneas, leguminosas, legislação

Importance of quality of seed for the establishment of pastures

Abstract
Success in formation of pastures depends on a good grass seed, and its use is
fully justified, since the seed is only about 10% of the total cost of training of
the pasture. As a result of the expansion of cultivated area of grassland,
especially B. decumbens and B. brizantha, an increase incidence of diseases in
the field, primarily caused by fungi. Probably, this fact was the lack of
information on the sanitary quality of seeds used, facilitating the introduction
and spread of these pathogens. The use of fungicides is the primary form of
control and prevention of diseases in seeds used in Brazil. However, it is
important to remember that the planting seed free of pathogens is considered
one of the most efficient in controlling diseases. The use of good seed does not
eliminate the need to take basic care in the establishment or rehabilitation of
pasture, even in conditions of soil and climate ideals. When you use good
quality seeds, the expression of its potential will depend largely on the
conditions it offered. The improvement in health standards and accuracy in
compliance with new legislation on production and marketing of forage seed, of
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

course, associated with a correct management of establishment, are key


factors to ensure that the pasture is initially productive and provide
satisfactory economic gains since its formation.
Key words: grasses, legumes, legislation

1- Introdução

O setor de produção e comercialização de sementes de espécies de


gramíneas forrageiras tropicais brasileiro caracteriza-se, já há muitos anos, por
ser o maior exportador mundial destas sementes, tendo como principais
destinos países da América Central e América do Sul e superando por larga
margem, em volume de produção, a Austrália, que é o segundo maior produtor
mundial.
Estima-se que este importante segmento do agro-negócio nacional fature
aproximadamente R$ 700.000.000,00 (setecentos milhões de reais)
anualmente com as exportações atingindo a ordem de U$ 20.000.000,00
(vinte milhões de dólares) ou 8.000.000 kg (oito milhões de quilos).
Das sementes de forrageiras exportadas, Brachiaria brizantha cv.
Marandu representa aproximadamente 38%, B. decumbens 26%, B. brizantha
cv. MG-5 Vitória 15%, Panicum maximum cv. Tanzânia 4%, P. maximum cv.
Mombaça 4%, B. brizantha cv. MG-4 2% e 8% de outros cultivares. Em
relação ao mercado interno, a comercialização de B. brizantha cv. Marandu
representa aproximadamente 60%, P. maximum cv Tanzânia e cv Mombaça
entre 20 a 30%, B. decumbens cv Basilisk, B. humidicola e B. dictyoneura de
10 a 20%.
No estado de Minas Gerais encontram-se 30% da área nacional plantada
para a produção de sementes de forrageiras. Seguido pelos estados do Rio
Grande do Sul, com 24%; Mato Grosso com 14%; Goiás com 11%; e Mato
Grosso do Sul com 10%.
A ampla disponibilidade de sementes de plantas forrageiras é um dos
fatores determinantes da expansão e do sucesso de sistemas sustentáveis de
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

exploração de pecuária bovina baseados em pastagens cultivadas, pois permite


não apenas reduzir os custos de implantação de pastagens como, também,
possibilita que novos cultivares de forrageiras se popularizem e passem
rapidamente a contribuir para os sistemas de produção.
Outro fator de grande importância diz respeito à qualidade da semente,
que é resultado do somatório dos atributos genéticos, físicos, fisiológicos e
sanitários que afetam a capacidade de originar plantas de alta produtividade,
refletindo-se diretamente na cultura, em termos de uniformidade da
população, ausência de pragas e doenças transmissíveis pela semente e pelo
vigor das plantas.
Apesar de existir distância entre o estádio atual de qualidade e o que é
necessário para atender às exigências de um mercado globalizado, houve, nas
últimas duas décadas, significativa evolução no processo produtivo de
sementes de forrageiras no Brasil.
Embora a área cultivada com leguminosas forrageiras ainda seja
pequena em termos absolutos, a comercialização de sementes destas espécies,
sobretudo para serem consorciadas com gramíneas, experimentou um elevado
crescimento nos últimos anos, impulsionada pelo efeito “estilosantes Campo
Grande”, que hoje representa a principal leguminosa forrageira comercializada
no Brasil Central.
Desta forma, o objetivo desta revisão, é discutir a importância da
qualidade de sementes de espécies forrageiras, como componente do processo
de exploração animal a pasto.

2 - Características do mercado atual de sementes de forrageiras no


Brasil

A cadeia produtiva brasileira de sementes de forrageiras passa


atualmente por profunda reestruturação, buscando adaptar-se a novos
paradigmas. Dentre eles estão o aumento da competição entre produtores
especializados, a diminuição da participação no mercado do produtor eventual
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

(não tecnificado), a total mecanização das várias etapas da produção e do


beneficiamento, entre outros (SOUZA, 2001a).
Os empresários do setor têm se deparado com um mercado cada vez
mais sofisticado e consciente da importância da qualidade. Com isto, a
demanda por sementes sadias, de alta qualidade fisiológica, de baixo custo e
livre de pragas tem sido crescente. Para atender um mercado com estas
características, os sistemas de produção têm aumentado seu grau de
tecnificação (SOUZA, 2001a).
O mercado brasileiro de sementes de forrageiras envolve produtos pouco
diferenciados do ponto de vista mercadológico, ou seja, são comercializados
como “commodities”. Em conseqüência, verifica-se entre empresas e
produtores de sementes, tendência em direcionar grandes esforços na
profissionalização de seus negócios e na busca sistemática de alternativas para
a redução de custos de produção, como formas de manterem-se competitivos
(SOUZA, 2001a).
Souza (2001b) faz uma caracterização do mercado atual, em que, nos
anos recentes, a cadeia produtiva das sementes de forrageiras tropicais tem
passado por importantes transformações, buscando adaptar-se aos novos
tempos. Dentre elas destaca-se:
a) mecanização crescente da produção;
b) especialização dos sistemas de produção;
c) transferência regional dos pólos de produção, indo de São Paulo para
Mato Grosso, Goiás, Triângulo Mineiro e Mato Grosso do Sul;
d) redução da competição do mercado paralelo;
e) aumento da competição entre produtores especialistas;
f) mercado mais exigente por qualidade;
g) predomínio de pequeno número de espécies e cultivares;
h) preferência por sementes de varredura.

Existe marcada preferência dos pecuaristas por sementes colhidas pelo


método da varredura, tanto que mais de 80% do volume total anualmente
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

comercializado é colhido por este método (SANTOS FILHO, 1996) que consiste
em recuperar as sementes caídas ao solo após o término do ciclo reprodutivo
das plantas. Estas sementes apresentam maior vigor e longevidade se
comparadas àquelas colhidas por outros métodos, e possibilitam
estabelecimento rápido e uniforme da pastagem, fatos que explicam a
preferência dos pecuaristas (SOUZA, 2001a). Além do mais, com o
aperfeiçoamento do processo de beneficiamento com possibilidades de
eliminação máxima de impurezas, o padrão de qualidade das sementes passou
a ser bastante superior (MACEDO et al., 2005).
Outra importante característica do mercado têm sido o histórico
predomínio de um número relativamente pequeno de espécies e cultivares de
gramíneas forrageiras. Todas as principais espécies e cultivares de Brachiaria
sp e de Panicum maximum, cujas sementes predominam no mercado brasileiro
são perenes, de origem africana, de introdução intencional e recente. Estes
cultivares substituíram com sucesso outras forrageiras de idêntica origem,
ditas "tradicionais" ou "naturalizadas", como os capins colonião, jaraguá e
gordura (SOUZA, 2001a).
Em sementes de gramíneas forrageiras, assim como para a maioria das
sementes das grandes culturas, não é exigida a análise da qualidade sanitária
das sementes comercializadas, quando estas são destinadas ao mercado
interno. A avaliação da sanidade das sementes é exigida apenas quando são
destinadas à exportação. Portanto, para atender às exigências do mercado
externo, no que se refere a barreiras fitossanitárias, bem como as demandas
existentes no mercado interno, o setor sementeiro de gramíneas forrageiras
deverá se organizar, visando a produção de sementes de boa qualidade
sanitária, tendo em vista que, atualmente, a maioria das sementes
comercializadas não é proveniente de campos de produção para esse fim
(VECHIATO & APARECIDO, 2008).
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

3 - Padrão de qualidade das sementes forrageiras no Brasil

O sucesso na formação de pastagens depende de uma boa semente, e


seu uso é totalmente justificável, já que a semente representa apenas cerca de
10% do custo total da formação da pastagem (MACEDO et al., 2005).
O padrão de qualidade está fundamentado em critérios técnicos e
estabelecido normativamente pelo MAPA e os parâmetros de qualidade são
avaliados em laboratórios de sementes com base em regras para análise de
sementes, fundamentadas em padrões internacionais (MACEDO et al., 2005).
Os principais parâmetros avaliados em amostras de sementes de
forrageiras tropicais são: pureza física, germinação, viabilidade da semente
através do teste de tetrazólio, outras cultivares, outras espécies, sementes
silvestres, sementes nocivas toleradas, sementes nocivas proibidas. As
definições desses parâmetros estão expostas nas Regras para análise de
Sementes (BRASIL, 1992).
As exigências para produção e comercialização de sementes forrageiras,
que até maio de 2008 eram estabelecidas pela instrução normativa n° 57
(BRASIL, 2002), passaram a ser estabelecidas pela instrução normativa n° 30
(BRASIL, 2008), e, dentre as alterações impostas, destaca-se o aumento do
valor mínimo de pureza das sementes de gramíneas e leguminosas forrageiras
da maioria das espécies, para que possam receber a certificação e serem
comercializadas (Quadros 1 e 2).
O valor cultural (VC) é obtido multiplicando-se a porcentagem
conseguida no teste de pureza, pela porcentagem do teste de germinação (ou
teste de tetrazólio) e dividindo-se o resultado por 100 e apesar de não ser
exigido atualmente, pela legislação, no padrão de plantas forrageiras, é
interessante que seu cálculo continue sendo feito, para que se possam fazer
comparações entre lotes de sementes e sirva para determinar a taxa de
semeadura para o plantio (MACEDO et al., 2005).
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

Quadro 1 – Comparação entre a % de pureza e germinação mínimas exigidas e


VC (valor cultural) das principais gramíneas forrageiras, das Instruções
normativas n° 57 (2002) e n° 30 (2008).
Poaceae (graminae) IN 57 (2002) IN 30 (2008)
P (%) G (%) VC (%) P (%) G (%) VC (%)
Andropogon gayanus (Capim-andropogon) 40 25 10 40 25 10
Brachiaria brizantha (Capim-braquiarão) 40 60 24 80 60 48
Brachiaria decumbens (Capim-braquiária) 40 60 24 80 60 48
Brachiaria humidícola 40 40 16 80 40 32
Brachiaria ruziziensis 50 60 30 80 60 48
Cenchrus ciliares (Capim-buffel) 40 30 12 40 30 12
Hyparrhenia rufa (Capim-jaraguá) 25 30 8 25 40 10
Melinis minutiflora (Capim-gordura) 30 50 15 30 50 15
Panicum maximum - ( Mombaça e Tanzânia 1) 30 60 18 50 40 20
Panicum maximum - Demais cultivares 40 40 16 50 40 20
Paspalum atratum (Capim-pojuca) 40 50 20 60 50 30
Paspalum notatum (Capim-pensacola) 90 60 54 90 40 36
Pennisetum glaucum (L.) (Milheto) 95 75 71 95 75 71
Setaria anceps (Setária) 50 40 20 50 40 20
Fonte: Adaptado de Brasil, 2002 e Brasil, 2008.
Quadro 2 – Comparação entre a % de pureza e germinação mínimas exigidas e
VC (valor cultural) das principais leguminosas forrageiras, das Instruções
normativas n° 57 (2002) e n° 30 (2008).
Fabaceae (Leguminosae) IN 57 (2002) IN 30 (2008)
P (%) G (%) VC (%) P (%) G (%) VC (%)
Arachis pintoi (Amendoim-forrageiro) 70 60 42 80 60 48
Cajanus cajan (Guandu) 95 60 57 98 60 59
Calopogonium mucunoides (Calopogônio) 85 60 51 85 60 51
Centrosema pubescens (Centrosema) 95 60 57 98 60 59
Crotalaria juncea (Crotalária) 95 70 67 98 60 59
Dolichos lablab (Lablab) 95 70 67 98 70 69
Galactia striata (Galáctia) 95 60 57 95 60 57
Neonotonia wightii (Soja-perene) 95 60 57 98 60 59
Leucaena leucocephala (Leucena) 95 60 57 98 60 59
Macroptilium atropurpureum (Siratro) 95 60 57 98 60 59
Mucuna pruriens (Mucuna-preta) 95 70 67 98 60 59
Pueraria phaseoloides (Kudzu) 95 60 57 98 60 59
Stylosanthes capitata (Estilosantes) 95 60 57 95 60 57
Stylosanthes guianensis (Estilosantes) 95 60 57 95 60 57
Stylosanthes macrocephala (Estilosantes) 95 60 57 95 60 57
Fonte: Adaptado de Brasil, 2002 e Brasil, 2008.
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

4 - Importância do controle sanitário em sementes de espécies


forrageiras

Existe um grande número de fatores que afetam a qualidade das


sementes, destacando-se os genéticos, fisiológicos e ambientais. Como
genéticos destacam-se diferenças de vigor, longevidade e vantagens aferidas
pela heterose. Os fisiológicos têm sua ação determinada pelo ambiente
durante a produção, a colheita, beneficiamento e armazenamento. Os fatores
sanitários se caracterizam pelos efeitos deletérios dos microorganismos e
insetos associados às sementes. Da mesma forma que são observados
problemas de redução no rendimento a nível de campo, também pode ocorrer
redução da qualidade para fins de comercialização e semeadura, devido a
incidência de patógenos (LUCCA, 1985 ).
Na literatura brasileira são citados trabalhos de levantamento de fungos
na maioria das culturas econômicas, embora aparentemente repetitivos têm
trazido importantes informações sobre a localização geográfica dos patógenos
e influência do ambiente sobre o desenvolvimento dos processos infecciosos
das sementes. Estas informações são subsídios importantes para a escolha de
áreas propícias à produção de sementes no país (AZEVEDO & FARIA, 1982);
por exemplo, na América Latina a presença de antracnose em algumas regiões
é fator limitante à produção de sementes. Assim a ocorrência de doenças que
pode reduzir a qualidade de sementes de gramíneas e leguminosas é um fator
diretamente associado à região e clima (TANAKA, 1982).
Como conseqüência da expansão da área cultivada de pastagens,
principalmente de B. decumbens e B. brizantha, houve um aumento da
incidência de doenças no campo, causadas predominantemente por fungos.
Provavelmente, este fato ocorreu pela falta de informações sobre a qualidade
sanitária das sementes utilizadas, facilitando a introdução e disseminação
desses patógenos (VECHIATO & APARECIDO, 2008).
O fungo do gênero Drechslera é um dos principais causadores de
doenças em espécies de gramíneas forrageiras e encontram-se distribuídos nas
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

mais diversas regiões do mundo, associados às sementes de pastagens


(NEERGAARD, 1977).
A leguminosa forrageira do gênero Stylosanthes apresenta grande
potencial forrageiro como fonte de proteína e para fixação de nitrogênio nos
solos pobres dos Cerrados brasileiros, mas desde o início dos estudos
apresentou limitação de produção em função da antracnose, causada por
Colletotrichum gloeosporioides. Esta doença tem sido limitante à sua ampla
adoção e persistência na pastagem, em função da desfolha e morte de plantas
(VERZIGNASSI & FERNANDES, 2001).
A transmissão pelas sementes de Stylosanthes é também uma forma de
disseminação da doença (CHARCHAR et al., 2002a). O S. guianensis var.
vulgaris cv. Mineirão tem entre suas características, sobreviver ao período seco
na Região do Cerrado e ser resistente à antracnose causada por Colletotrichum
gloeosporioides (CHARCHAR & LUIZ, 1997). Em 2000, a Embrapa Gado de
Corte lançou o Estilosantes Campo Grande, uma mistura varietal de
Stylosanthes capitata e S. macrocephala, que também apresenta resistência a
antracnose (VERZIGNASSI & FERNANDES, 2001).
Charchar et al. (2002b), avaliando a resistência de leguminosas do
gênero Stylosanthes quanto a antracnose, observou que a reação de
resistência ocorreu em quatro dos quinze acesso de S. guianensis avaliados
(cv. Mineirão, CPAC1132/CIAT 1890, BRA 015725/CIAT 1507 e BRA
011975/CPAC 1114/CIAT 1283); oito dos nove acessos de S. scabra , nos três
acessos avaliados de S. macrocephala, nos cinco acessos de S. capitata; nas
duas cultivares de S. seabrana e no Estilosantes Campo Grande. A
sobrevivência de S. guianensis foi superior, quando comparada as demais
espécies de Stylosanthes avaliadas, durante o período do experimento, nas
condições de Planaltina, DF.
Em B. brizantha, recentemente, foi constatada a presença de Ustilago
operta, agente causal do carvão da braquiária, afetando a produção de
sementes. Em P. maximum houve a constatação de Tilletia ayresii Berkerley, a
cárie do sino do Panicum, colonizando a inflorescência das plantas. No Estado
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

do Pará, em 2001, foi constatada a morte de B. brizantha cv. Marandu causada


pelos fungos Pythium perillum associado a Rhizoctonia solani, atingindo cerca
de 56 mil hectares (VERZIGNASSI & FERNANDES, 2001).
A carência de métodos acurados aliada à falta de recursos humanos com
treinamento adequado para identificação de fungos associados a sementes de
gramíneas forrageiras são fatores que facilitam a introdução e disseminação
desses agentes patogênicos. No Brasil existem poucos laboratórios de sanidade
de sementes com pessoal capacitado para identificação de fungos em nível de
espécie dos gêneros Claviceps, Uromyces, Urocystis, Puccinia e Tilletia
(VECHIATO & APARECIDO, 2008).
O uso de fungicidas é a principal forma de controle e prevenção de
doenças em sementes usado no Brasil. O tratamento com fungicidas no
beneficiamento das sementes tem como objetivo principal o controle da
deterioração durante o período de armazenamento e o impedimento da
atuação e disseminação de patógenos nas áreas de cultivo (PITTIS et al.,
1985).
Em relação ao controle de patógenos em sementes de gramíneas
forrageiras, um dos grandes entraves refere-se à necessidade de efetuar o
tratamento químico em lotes de sementes para que ele seja liberado para o
plantio, ou quando o país importador permite o tratamento das sementes, pois
não existem fungicidas registrados para o seu tratamento (VECHIATO &
APARECIDO, 2008).
De acordo com Urben (1987), em sementes de espécies do gênero
Brachiaria, o controle da incidência do fungo Helminthosporium pode ser
conseguida pelo thiram ou captan. Dias (1990) e Previero et al. (1997)
conseguiram excelentes resultados no controle da incidência de fungos do
gênero Drechslera, com a aplicação dos fungicidas captan, thiram, iprodione +
thiram em sementes de Brachiaria brizantha escarificadas com ácido sulfúrico.
Já Previero et al. (1999), observaram que o fungicida oxicloreto de cobre foi
eficiente na redução do patógeno Drechslera nas sementes de Brachiaria
brizantha, principalmente, quanto estas não sofreram escarificação ácida.
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

Considerando a escassez de informações na literatura sobre o controle


químico, físico ou biológico, estudos devem ser feitos visando orientar o
programa de manejo de patógenos em sementes de gramíneas forrageiras. É
importante lembrar que o plantio de sementes livres de patógenos é
considerado um dos métodos mais eficientes no controle de doenças. Para
isso, as medidas para reduzir ou eliminar os patógenos iniciam-se no campo de
produção de sementes com manejo adequado, estendendo-se até o seu
beneficiamento e armazenamento (VECHIATO & APARECIDO, 2008).

5 - Aspectos a serem observados no plantio de espécies forrageiras

O uso de boa semente mesmo em condições edafoclimáticas favoráveis


não reduz e nem tampouco elimina a necessidade de adotar cuidados básicos
no processo de estabelecimento ou recuperação da pastagem. Quando se
utilizam sementes de qualidade, a expressão de seu potencial dependerá em
muito das condições a ela oferecida. É importante seguir algumas instruções
(EMBRAPA, 1998), como:

a) realizar o plantio em épocas que as chuvas ocorrem com mais


freqüência, ou seja, de novembro a janeiro;
b) distribuir as sementes uniformimente em toda a área durante o
plantio;
c) ao comprar a semente, deve-se exigir do vendedor os percentuais de
pureza e de germinação do lote da semente, necessários para o cálculo
da quantidade de semente a ser usada por hectare;
d) o plantio poderá ser feito a lanço, em linha ou em covas e as
sementes, necessariamente, deverão ser cobertas pelo solo com, por
exemplo, um rolo compactador ou grade leve fechada;
e) enterrio excessivo das sementes é a causa de insucesso na formação
da pastagem. Sementes muito pequenas como as gramíneas dos
gêneros Panicum, Adropogon e Setaria não devem ser enterradas a
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

profundidades maiores que 2 cm, já as sementes do gênero Brachiaria,


não mais que 4 cm;
f) para regular a distribuidora de calcário serão gastos no mínimo 10 kg
de sementes/ha. No caso de quantidades menores, misturar a semente
com calcário, fosfato de rocha, superfosfato simples, dentre outros para
aumentar o volume a ser plantado;
g) alguns fertilizantes, como sulfato de amônia, cloreto de potássio,
uréia, não devem ser misturados com as sementes, pois causam a morte
delas;
h) trabalhar com o depósito de sementes sempre cheio para evitar a
estratificação das sementes (separação da semente pesada da leve)
i) um bom estande inicial apresenta no mínimo 20 plantas nascidas por
metro quadrado para os capins braquiarão, decumbens e humidícola e 40
plantas por metro quadrado para os capins tanzânia, mombaça,
andropógon e setária;
j) para as leguminosas calopogônio, centrosema, soja perene,
estilosantes devem-se obter 20 plantas por metro quadrado. Para o
feijão-guandu, leucena, puerária, pelo menos 5 plantas;
k) em consorciações, reduzir as sementes de capim em 20 a 30%.

O ajuste da taxa de semeadura, para lotes comerciais de sementes que


não apresentam 100% de sementes puras viáveis (VC = 100%) é feito através
da multiplicação do valor recomendado, para o plantio da espécie escolhida,
por 100 e dividido pelo VC (%) do lote de sementes. O valor resultante do
cálculo corresponderá à quantidade mínima de quilograma de sementes a ser
plantada por hectare (MACEDO et al., 2005).
De modo geral 20 a 60% das sementes puras viáveis (SPV) germinam no
campo. Em razão disso, é recomendável aumentar a taxa de semeadura para
compensar tais deficiências (ZIMMER et al.,2002).
Macedo et al. (2005), indica para o plantio em nível de campo, uma taxa
de semeadura que corresponde, aproximadamente, ao dobro do recomendado
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

tecnicamente para áreas com solo preparado. É óbvio que, com esta prática,
aumenta-se a probabilidade de sucesso no estabelecimento da pastagem em
condições adversas de plantio, como: condições climáticas desfavoráveis,
pouco preparo do solo e equipamento de baixa precisão utilizados no plantio.
As taxas de semeadura mínimas para as principais espécies de gramíneas e
leguminosas são apresentadas nos quadros 3 e 4 respectivamente.

Quadro 3 – Taxas de semeadura mínimas para algumas forrageiras para o


plantio em áreas de solo preparado.
Gramínea Taxa mínima de semeadura (kg/ha de SPV)
Andropógon 2,8
Braquiarão 2,8
Decumbens 1,8
Humidícola 2,5
Mombaça, Tanzânia 1,8
Massai 2,0
Pojuca 2,0
Setária 1,5
Fonte: Macedo et al, 2005.

Quadro 4 – Recomendações de taxa de semeadura para algumas leguminosas.


Leguminosa Taxa mínima de semeadura (kg/ha)
Amendoim-forrageiro 10-15
Calopogônio 8-10
Crotalária 20-25
Feijão-de-porco 70-80
Feijão-guandu 20-25
Lablab 25-30
Leucena 10(vc = 70%)
Mucuna-preta 50-60
Puerária 8
Soja perene 6-8
Estilosantes Mineirão 1,5-2,5 (vc=100%)
Estilosantes Campo Grande 2,0-2,5 (vc=100%)
Fonte: Macedo et al, 2005.
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

8 - Considerações finais

A melhoria nos padrões sanitários e o rigor no cumprimento da nova


legislação de produção e comercialização de sementes forrageiras,
logicamente, associados a um correto manejo de estabelecimento, são fatores
primordiais para se garantir que a pastagem seja inicialmente produtiva e
apresente ganhos econômicos satisfatórios desde sua formação.

9 - Literatura citada

AZEVEDO, J.T. de; FARIA, L.A L. Produção de sementes. Informe Agropecuário, Belo
Horizonte, v.8, n.9, 1982. p.28-31.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras para


análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

_______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n° 57, de


8 de novembro de 2002. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12
nov. 2002. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta>. Acesso em:
08 de jan de 2009.

_______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n° 30, de


21 de maio de 2008. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 mai
2008. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta>. Acesso em: 08
de jan de 2009.

CHARCHAR, M. J.d´ A. & LUIZ, A. J.B. Avaliação de antracnose (Colletotrichum


gloeosporioides) em Stylosanthes capitata e Stylosanthes guianensis nos Cerrados. Relatório
Técnico Anual do CPAC 1991 a 1995. p.198-199.1997.

_____________; GOMES, A. C.; ANJOS, J.R.N. et al. Colletotrichum gloeosporioides de


sementes de cinco espécies de Stylosanthes. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PATOLOGIA DE
SEMENTES, 7., 2002. Sete Lagoas, MG. Embrapa Milho e Sorgo, 2002a. p.33.

_____________; ANJOS, J.R.N.; GOMES, A. C. et al. Avaliação de acessos de Stylosanthes


spp. em relação à antracnose, em condições de campo, no Distrito Federal, Brasil. Planaltina,
DF: Embrapa Cerrados, 2002b, 14 p. (Embrapa Cerrados. Boletim de pesquisa e
desenvolvimento, 77).

DIAS, D.C.F.S. Influência de microorganismos nos resultados dos testes de


germinação de sementes de Brachiaria decumbens Stapf e Brachiaria brizantha Stapf
escarificadas com ácido sulfúrico. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, USP, 1990. 131p. (Dissertação Mestrado).

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte. Passo a passo para a boa
formação de uma pastagem. Campo Grande, 1998. Folder.
LUCCA, O. A Importância da sanidade na produção de sementes de alta qualidade. Revista
Brasileira de Sementes, Brasília, v.7, n.1, p. 113-123, 1985.
Lopes, J., Fortes, C.A., Souza, R.M. et al. Importância da qualidade da semente para o
estabelecimento de pastagens. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 13, Art#557, Abr2, 2009.

MACEDO, G.A.R.; CASTRO, M.A.A.; CAMPOS, S.R.F. et al. Importância da qualidade de


sementes na formação e recuperação de pastagens. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,
v.26, n.226, 2005a. p.15-24.

NEERGAARD, P. Seed pathology. New York: The MacMillan Pres, 1977. p.309-318.

PREVIERO, C.A.; SOAVE, J.;GROTH, D. Efeito do tratamento químico sobre a qualidade


fisiológica e sanitária de sementes de Brachiaria brizantha. Fitopatologia Brasileira, Brasília,
v.22, n.1, p.25-29, 1997.

____________; GROTH, D.; SOAVE, J. Sobrevivência de Drechslera spp. Em sementes de


Brachiaria brizantha (Hochst.ex A.Rich.) Stapf armazenadas em ambiente natural. Revista
Brasileira de Sementes, Brasília, vol. 21, nº 2, p.148-154, 1999.

PITTIS, J.E.; MACHADO, J.C.; SILVEIRA, J.F. et al. Viabilidade de armazenamento de sementes
de trigo e soja tratadas com fungicidas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SEMENTES, 4.
Brasília, 1985. Resumos. Brasília: ABRATES, 1985. p.195.

SANTOS-FILHO, L.F. Seed production: perspective from the Brazilian private sector. In: MILES,
J.W.; MAASS, B.L.; VALLE, C.B. do; KUMBLE, V. (eds). Brachiaria: biology, agronomy and
improvement. Cali, Colombia: CIAT, 1996. p.141-146. (CIAT. Publication, 259).

SOUZA, F.H.D. de. Produção e comercialização de sementes de plantas forrageiras tropicais no


Brasil. In: SIMPÓSIO DE FORRAGICULTURA E PASTAGENS, 2., 2001. Temas em evidência...
Lavras: UFLA, 2001a. p. 273-282.

____________. Produção de sementes de gramíneas forrageiras tropicais. São Carlos:


Embrapa Pecuária Sudeste, 2001b. 43p. (Embrapa Pecuária Sudeste. Documento, 30).

TANAKA, M.A.S. Importância da utilização de sementes sadias. Informe Agropecuário, Belo


Horizonte, v.8, n. 91, 1982. p. 31-34.
URBEN, A.F. Testes de sanidade em sementes de forrageiras. In: SOAVE, J. & WETZEL,
M.M.V.S. (eds.). Patologia de sementes. Campinas: Fundação Cargill, 1987. p.406-429.

VECHIATO, H.M.; APARECIDO, C.C. Fungos em sementes de gramíneas forrageiras:


restrição fitossanitária e métodos de detecção. São Paulo: Instituto Biológico, 2008.
(Comunicado técnico, 89). Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br>. Acesso em: 08
de jan de 2009.

VERZIGNASSI, J.R.; FERNANDES, C.D. Doenças em forrageiras. Campo Grande, 2001. 2p.
(Embrapa Gado de Corte. Gado de Corte Divulga, 50). Disponível em:
<http://www.cnpgc.embrapa.br>. Acesso em: 12 de jan de 2009.

ZIMMER, A.H.; SOUZA, F.H.D. de.; ANDRADE, R.P.de. Qualidade e preparo de sementes
forrageiras. In: CURSO FORMAÇÃO DE PASTAGENS, 2002, Campo Grande. Palestras
apresentadas... Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2002. Não paginado.

Vous aimerez peut-être aussi