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Design para a Sustentabilidade

Sistemas de separação, coleta e destinação de resíduos


domiciliares em condomínios horizontais

Design for Sustainability


Sorting out, collecting and destination systems for residential waste in landscape
condominiums

Albach, Dulce; M.Sc; Universidade Positivo


dulce.albach@gmail.com

Pereira, Claudio; M.Sc; Universidade Positivo


qddesign@hotmail.com

Resumo

Este artigo apresenta os resultados de uma metodologia de exploração do PSS (Sistema


Produto-Serviço) no contexto do Design para a Sustentabilidade, nas aulas do Curso de
Design – Projeto de Produto da Universidade Positivo, em Curitiba - PR. As pesquisas e o
desenvolvimento de propostas para soluções aqui apresentadas abordaram o problema da
coleta e destinação de resíduos em condomínios residenciais horizontais. Foram adaptadas
ferramentas do MEPPS - método para o desenvolvimento de PSS - criado por Halen, Vezzoli
e Wimmer (2005).

Palavras Chave: design para a sustentabilidade; sistemas produto-serviço; destinação de


resíduos.

Abstract

This article presents the results of one methodology of exploration of PSS (Product Service
System) in the Design for Sustainability context, in the classes of the Design Major – Product
Project at Universidade Positivo in Curitiba – PR – Brazil. The researches and the
development of proposals for project solutions approached the problem of collection and
destination of waste in residential landscape condominiums. In this process, MEPPS tools
have been adapted – method for PSS development created by Halen, Vezzoli and Wimmer
(2005).

Keywords: design for sustainability; product service systems; waste destination.


Design para a Sustentabilidade
Sistemas de separação, coleta e destinação de resíduos domiciliares em condomínios horizontais

O design e o desafio da educação para a sustentabilidade

Sustentabilidade é o assunto do momento; nunca se falou nem se explorou tanto o


tema. No entanto, a defasagem entre a exposição diária na mídia e ações efetivamente
eficazes que levem à redução dos impactos ambientais causados pela produção e consumo
excessivos de bens e serviços é, ainda, uma realidade. Ações como a reciclagem são
importantes, mas não são suficientes para dar conta dos problemas ambientais decorrentes do
consumo exagerado e irresponsável. E além dos problemas ambientais, é preciso considerar
ainda as questões sociais decorrentes do sistema de produção e consumo, como a inclusão dos
mais pobres e o respeito às culturas e aos produtores locais, só para citar algumas delas.
O desafio da sustentabilidade exige, cada vez mais, ações sistêmicas, que envolvam
diferentes setores da sociedade. Neste contexto, o design assume um papel relevante, pois são
exatamente os profissionais desta área os responsáveis por boa parte das definições relativas
aos produtos que consumimos. Para isso, é necessária a discussão de novas formas de atuação
do designer, e uma delas é a responsabilidade pela proposição de soluções sistêmicas, sendo o
estudo de sistemas produto-serviço (PSS) uma das possibilidades de abordagem. Nesse
sentido, o Curso de Design da Universidade Positivo (UP), em suas habilitações (Projeto de
Produto e Projeto Visual) empenha-se para incorporar, cada vez mais, as questões sócio-
econômico-ambientais de forma transversal ao longo dos quatro anos de curso na instituição.
O estudo do PSS faz parte dos temas trabalhados, sobretudo, no terceiro ano do curso, e este
artigo apresenta resultados deste estudo, no ano de 2009.

O design para a sustentabilidade: possibilidades de ação

Segundo autores como Manzini e Vezzoli (2005), o design pode atuar de quatro
formas principais para a sustentabilidade: redesenhando produtos existentes, criando novos
produtos, desenvolvendo sistemas que envolvam produtos e serviços e, idealmente, propondo
novos cenários sociais que possam estimular estilos de vida mais sustentáveis.
Tradicionalmente, as abordagens de sustentabilidade mais usadas nos cursos de design
(quando ocorrem) referem-se à redução dos impactos ambientais por meio do redesign de
produtos, utilizando recursos menos impactantes ou facilitando a reciclagem, por exemplo.
No entanto, estas estratégias tradicionais não dão conta dos grandes problemas sócio-
ambientais, pois partem do paradigma de posse dos bens, e não do seu benefício final.
Projetar, por exemplo, uma máquina de lavar que economize energia é um avanço ambiental,
mas que só pode gerar resultados ambientais significativos se vier acompanhado de soluções
sistêmicas como o uso intensificado e a extensão de sua vida útil. É neste momento que as
soluções sistêmicas baseadas em combinações de produtos e serviços passam a fazer sentido –
são os chamados Sistemas Produto-Serviço, ou PSS (Product Service Systems).
Projetar estes sistemas é, também, uma atribuição dos designers, desde que estejam
capacitados para isso. Formar um designer com esta visão sistêmica é, nesse contexto, um dos
objetivos dos cursos de Design da Universidade Positivo.

Experiências pedagógicas no curso de design

Embora seja um curso “jovem” (fundado em 2001), o curso de Design da


Universidade Positivo tem acumulado experiências significativas ano após ano no estudo do
design para a sustentabilidade. Estas experiências levaram o curso, em 2006, ao segundo lugar
no Prêmio Guia do Estudante - Banco Real, na categoria Sustentabilidade, entre quase 400

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projetos inscritos de todo o país. Em 2008, alunos do 4º ano receberam o 3º lugar no Prêmio
“Whirlpool Inova”, com o projeto de uma composteira residencial, provocando o debate sobre
as sérias questões de destinação correta de resíduos, neste caso, resíduos orgânicos
domésticos. É importante ressaltar também que a UP é uma das poucas do país a ter um curso
de Especialização em Ecodesign, como conseqüência natural das experiências pedagógicas
em design sustentável no curso de Design.
Esta experiência foi possível graças ao contato freqüente do curso de Design com
centros de pesquisa em design sustentável como o Núcleo de Design e Sustentabilidade da
UFPR, que é atualmente o núcleo de pesquisa mais atuante no país nesta área, e com o
Instituto Politécnico de Milão, referência internacional em design para a sustentabilidade. A
proximidade com o curso de Mestrado em Gestão Ambiental da Universidade Positivo é outro
aspecto significativo (alguns professores do curso de Design fizeram este curso), além da
experiência em projetos de design sustentável trazida pelos professores que fundaram o curso
de Design.
Em termos curriculares, as disciplinas anuais de Projeto (I, II, II e IV) representam a
espinha dorsal do curso de Design, e para a qual convergem os esforços de todas as outras
disciplinas; nelas, os alunos desenvolvem projetos interdisciplinares que incorporam em
algum momento questões de sustentabilidade. Isso ocorre especialmente no 3º ano, quando os
alunos são desafiados a pesquisar e a propor soluções sistêmicas para alguma necessidade
significativa da sociedade.

O design de sistemas produto-serviço: uma experiência


interdisciplinar

Visando ampliar as experiências em PSS, os estudantes do 3º ano do Curso de Design


– Projeto de Produto (2009), orientados pelos professores Cláudio Pereira e Dulce Albach,
pesquisaram e desenvolveram soluções para um problema atual e relevante nas grandes
cidades brasileiras: a coleta e destinação de lixo em condomínios residenciais horizontais
(aqueles formados por casas e sobrados) na cidade de Curitiba, Paraná. Este modo de morar é
uma tendência crescente não apenas na capital paranaense, mas também nas outras grandes
cidades brasileiras, e fruto da busca por mais segurança e qualidade de vida.
Para o desenvolvimento dos projetos, foi realizado um trabalho integrado entre as
disciplinas de Projeto de Produto III, Gestão Ambiental II, Mobilidade e Biônica. A disciplina
de Projeto de Produto III ficou responsável pelo desenvolvimento metodológico e
acompanhamento da pesquisa de campo e dos projetos; em Gestão Ambiental II foram
trabalhados os conceitos, princípios, metodologia e ferramentas para o desenvolvimento tanto
dos sistemas de coleta e destinação dos resíduos quanto dos carrinhos de coleta projetados
posteriormente; a disciplina de Mobilidade trouxe subsídios conceituais e técnicos sobre
sistemas de transporte e veículos de tração humana, e em Biônica foram buscados elementos
de inspiração visual e estrutural da natureza para o projeto dos carrinhos.
O resultado final é formado por onze projetos, cada um para um condomínio
residencial diferente, todos desenvolvidos em equipes. A estrutura de apresentação de cada
projeto compreende: apresentação do condomínio estudado; descrição dos resultados das
pesquisas de campo; novos conceitos de sistema, suas características e benefícios; a forma de
atuação dos atores envolvidos; e apresentação dos carrinhos desenvolvidos para os sistemas
propostos.

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Sobre o contexto deste trabalho

A questão dos resíduos domiciliares1

Em pesquisa sobre a composição do lixo gerado pelos municípios brasileiros, foi


evidenciado que em Curitiba, o plástico é o material encontrado em maior quantidade, depois
de matéria orgânica (CEMPRE, 2000). Este estudo também destaca que no Brasil são
produzidas 241.000 toneladas de lixo, dentre as quais, 90.000 têm origem domiciliar (cada
pessoa produz em média de 600g a 1 kg de lixo por dia). E, embora o principal componente
do lixo urbano seja o resíduo orgânico, a embalagem aparece como o item de maior
visibilidade, pois tem forma definida e marcas dos produtos agregadas.
Segundo pesquisa da Market Analysis Brasil (2006), em cinco capitais brasileiras
(Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Salvador e São Paulo) sobre a consciência ambiental
associada à coleta seletiva de lixo, constatou-se que 78% das pessoas entrevistadas têm acesso
à coleta seletiva, porém somente 23% conhecem o destino dado ao lixo após a coleta. Estes
dados alertam para uma possível separação inadequada dos resíduos devido ao
desconhecimento sobre o seu destino final.

Inovação social: a sociedade criando suas próprias soluções


sustentáveis2

Segundo Manzini (2008), uma ruptura nos padrões atuais de produção e consumo
exige uma descontinuidade sistêmica, onde os seres humanos terão que aprender a "viver
bem, consumindo menos recursos ambientais e regenerando os contextos onde vivem".
Conseqüentemente, isto poderá ocorrer através da criação de novas formações sociais
colaborativas, com grande probabilidade de nascerem em contextos locais. Trata-se de
inovações sociais sustentáveis nascidas da necessidade do dia-a-dia, as quais são denominadas
pelo autor de “Comunidades Criativas”. A proposta do autor é que tais inovações sociais
sustentáveis podem ser estudadas, reprojetadas e replicadas.
Já em 2003, Manzini e Jégou (2003) escrevem o livro “Sustainable everyday:
scenarios of urban life”, resultado de uma exposição promovida pela UNEP (United Nations
Enviroment Programme), pela Triennale di Milano e pela Faculdade de design do Politecnico
di Milano. Em tal exposição são apresentados 72 propostas de cenários e alternativas para
inovações sociais orientados para a sustentabilidade aplicadas no contexto urbano e no
cotidiano das pessoas. Os cenários são criados por estudantes e levantados em 15 escolas ao
redor do mundo: China, Coréia, Japão, Canadá, USA, Brasil, Índia, França, Finlândia e Itália.
Recentemente, Manzini tem voltado seus estudos para as inovações sociais em países
de industrialização recente como China, Índia e Brasil. Estes são verdadeiros laboratórios de
inovação social, nascidos da emergência da sobrevivência e não, simplesmente, da escolha
voluntária de um novo estilo de vida com rupturas ao padrão de consumo.

1
Extraído do artigo "Inovação em Sistemas de Consumo por meio do Design: o Caso do Caixa Ecológico ", apresentado
pela professora Dulce Albach durante o 1º Simpósio Paranaense de Design Sustentável, realizado em Abril de 2009 em
Curitiba, Paraná.
2
Extraído do artigo "Panorama do design para a sustentabilidade", apresentado pela professora Liliane Iten Chaves durante
o 1º Simpósio Paranaense de Design Sustentável, realizado em Abril de 2009 em Curitiba, Paraná.

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Sistemas produto-serviço: uma abordagem sistêmica3

Sistemas Produto-Serviço (Product Service Systems, ou PSS) têm como premissa


básica a desmaterialização do consumo, buscando a substituição do benefício pela posse de
produtos para o benefício pelo acesso aos benefícios finais esperados.
Segundo UNEP (2002), PSS podem ser definidos como "o resultado de uma inovação
estratégica, com mudança no foco dos negócios do planejamento e venda de produtos físicos
tão somente, para a comercialização de sistemas de produtos e serviços que, em conjunto, são
capazes de atender a demandas específicas dos clientes".
Breezer et al (2001) ressalta ainda a dimensão ambiental dos PSS, afirmando que
"serviços eco-eficientes são sistemas de produtos e serviços que são desenvolvidos para
causar um mínimo impacto ambiental com o máximo de valor agregado".
Neste trabalho foram utilizados não apenas os conceitos e princípios de sistemas
produto-serviço, mas também uma metodologia específica para esta abordagem de design, e
ferramentas apropriadas para a pesquisa, análise e desenvolvimento de PSS.

Metodologia de pesquisa e de projeto

Para a realização da coleta de dados sobre o sistema existente, foram utilizados os


seguintes procedimentos metodológicos:
• levantamento de condomínios com potencial de projeto;
• pesquisa de campo com uso de entrevistas, questionários e observação direta, com
registro fotográfico e filmográfico.
Para a análise dos dados coletados, foram utilizadas principalmente:
• análise de necessidades operacionais, econômicas e estético-simbólicas dos usuários
do sistema;
• análise SWOT, para identificar os pontos fortes, pontos fracos, ameaças e
oportunidades do sistema existente, nas dimensões ambiental, social e econômica;
• system map, para facilitar a visualização dos atores atuais e suas interações no
sistema, sejam elas fluxo de material, de conhecimento, de trabalho ou econômicas;
• storyboard, para contar de forma resumida como o sistema existente opera.
Para o desenvolvimento das soluções de sistema, utilizou-se novamente o system map,
que permitiu a visualização dos atores propostos e suas novas interações, e o storyboard, com
o intuito de explicar de forma simplificada a sequência de operação do novo sistema.
Para o desenvolvimento das soluções para o veículo de coleta dos resíduos, foram
utilizados principalmente o brainstorming, analogias (com a busca de elementos da natureza
que pudessem servir de inspiração para o projeto em termos de função - mobilidade e
transporte de carga- estrutura e solução formal), análise de produtos similares e estratégias de
LCD (Life Cycle Design).
A fase final consistiu na fabricação de modelo em escala reduzida dos veículos ou, em
alguns casos, em escala real e na produção de um vídeo de curta duração com a validação do
uso do veículo.

3
Extraído do artigo "Design de embalagens em papelão ondulado movimentadas entre empresas com base em sistemas
produto-serviço", apresentado pelo professor Cláudio Pereira durante o 1º Simpósio Paranaense de Design Sustentável,
realizado em Abril de 2009 em Curitiba, Paraná.

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Resultados e discussões

Para exemplificar, neste artigo, de forma concreta os resultados obtidos com a proposta
de desenvolver um Sistema produto-serviço para a coleta de resíduos em condomínios
horizontais, foram selecionados cinco projetos (de um total de onze) com aspectos distintos de
abordagens e sua apresentação das principais etapas metodológicas, implicações e resultados:

1. Sistema EcoMobile
O Sistema EcoMobile foi desenvolvido pelos alunos Ana Gabriela Moreira, Hilton
Escobar, Joyce Martins e Larissa Secchi. O condomínio em análise fica no bairro Campo
Comprido (Figuras 1 a 3) que possui 17 lotes, 13 casas com moradores, 3 casas em construção
e um lote vazio. Possui um pequeno jardim na entrada, uma cancha de areia, um pequeno
campo de futebol e um “parquinho” para lazer dos moradores. Possui muitas árvores,
apresenta relevo irregular com subidas íngremes e suas ruas são feitas de paralelepípedo.
O condomínio é de classe econômica elevada, tendo aproximadamente 65 moradores,
com uma média de 5 pessoas por família. Há três porteiros que fazem somente o serviço de
segurança na portaria em turnos, e um zelador que faz várias atividades, tais como coletar os
resíduos do condomínio, jardinagem e também o serviço de portaria. Não há um síndico
permanente - de quatro em quatro meses uma pessoa do condomínio assume a função.

Figuras 1, 2 e 3 – Condomínio do Sistema EcoMobile

Problemas operacionais e sócio-ambientais encontrados


Durante a análise do condomínio foram encontrados os seguintes problemas: para a
coleta de resíduos é utilizado pelo zelador um carrinho de mão em mau estado; o funcionário
necessita fazer várias vezes o mesmo trajeto para coletar toda a quantidade de resíduos que os
moradores produzem. O condomínio possui ruas de paralelepípedo e algumas ladeiras, o que
dificulta o trabalho do zelador e também contribui para o desgaste e danificação do carrinho
de mão. Este, muitas vezes, é consertado e reparado pelo próprio zelador, pois como há
rodízio de síndicos, não há uma pessoa responsável realmente pelos interesses do condomínio
em longo prazo. Foi observada também a falta de lixeiras para separação adequada de
resíduos em algumas casas, e principalmente dentro do condomínio, onde as lixeiras são
utilizadas para todos os tipos de resíduos e não possuem identificação.
Não foi percebido maior interesse dos moradores por um sistema de coleta de resíduos
mais adequado para o condomínio, pois na visão deles o condomínio já faz a separação de
resíduos adequada, e um novo sistema só traria mais custos. Aliás, apesar do condomínio ser

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de alta renda, os moradores não têm interesse em aumentar custos para gerar mais benefícios
ao condomínio e ao meio ambiente.
Quanto à destinação do lixo, atualmente o condomínio separa resíduo reciclável de
resíduo orgânico, ou seja, os resíduos recicláveis todos misturados, e os resíduos orgânicos
misturados com o lixo comum. Porém, ainda há algumas pessoas que não fazem separação
alguma. Depositam todos os tipos de resíduos em uma lixeira, deixando a tarefa de separação
de resíduos para o zelador. Os moradores do condomínio de início mostraram-se resistentes e
pouco interessados na proposta.
Conceito
O sistema desenvolvido para o projeto de coleta de resíduos teve como objetivo
encaminhar os resíduos do condomínio para o destino correto, além de melhorar as condições
dos moradores e o trabalho do zelador. A definição deste conceito foi baseada num system
map (Figura 4), estudando os atores atuais, possíveis atores futuros e suas interações.

Figura 4 – System Map do Sistema EcoMobile

Características principais
O projeto irá funcionar com a colaboração dos moradores e do zelador do condomínio.
Primeiramente, dos moradores, que irão separar todos os tipos de resíduos (orgânico e
comum, recicláveis, pilhas e baterias, óleo de cozinha), que serão recolhidos pelo zelador e
levados até a frente do condomínio. A partir da coleta, cada resíduo terá um caminho
diferente.
Os atores e suas atribuições
Os resíduos de papel serão levados por catadores de papel que se utilizarão do programa
“Compra do Lixo” da prefeitura de Curitiba, trocando resíduos por frutas e verduras. Outros
tipos de resíduos recicláveis serão recolhidos diretamente pelo caminhão da prefeitura que os
destinará para usinas de reciclagem. O lixo orgânico será levado até a composteira do

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condomínio para uso na própria horta. O lixo comum será levado pelo caminhão da prefeitura
para um aterro sanitário. Resíduos tóxicos serão levados até um terminal de ônibus para
recolhimento também da prefeitura. O óleo de cozinha será levado para uma comunidade
chamada “Menino de Deus” (próxima ao condomínio), que fabricará sabão e o venderá para o
próprio condomínio. A coleta dos resíduos de construção continua da mesma forma, serão
levados por uma empresa contratada pelos moradores. As empresas fornecedoras de lixeiras,
sacos plásticos e fabricantes do carrinho poderão manter relações com as empresas de
reciclagem, comprando material reciclável para produção de novos produtos. A separação
correta de resíduos, construção e uso da composteira será orientada por alunos do curso de
Design - Projeto de Produto da Universidade Positivo.
O storyboard foi uma ferramenta utilizada para auxiliar na compreensão e exploração
tanto da situação atual quanto do sistema proposto. A Figura 5 exemplifica o storyboard
desenvolvido para o sistema proposto.

O primeiro passo será Deverão ser O carrinho-de-mão De forma mais Conforme o dia o
realizado pelos próprios dispostas nos pontos anteriormente rápida e organizada zelador irá
moradores, onde já de coleta dentro do utilizado será os resíduos serão transportar os
conscientes da condomínio lixeiras substituído por um devidamente resíduos previamente
importância de separar que facilitam a mais adequado que separados nas separados e levá-los
o lixo, tornaram a separação dos auxilie e facilite a lixeiras localizadas até o ponto de coleta
atividade um hábito diferentes materiais, coleta dos resíduos próximo a entrada do da prefeitura, onde
diário. com a devida no condomínio. condomínio, terão um descarte
identificação. facilitando o correto.
descarte.
Figura 5 – StoryBoard do Sistema EcoMobile

Benefícios do sistema
O projeto de sistema de coleta de resíduos busca também uma forma de ensinar e
facilitar a vida dos moradores do condomínio, com um maior controle do destino correto dos
resíduos; com a construção da composteira, por exemplo, poderá ser produzido adubo natural
para a horta, fornecendo uma opção de alimentação mais saudável para os moradores. O novo
carrinho que faz parte do sistema também vai beneficiar o trabalho do zelador, trazendo mais
facilidade, conforto e rapidez no seu trabalho. Para o desenvolvimento do sistema será
necessário um investimento inicial para a implantação de novas lixeiras identificadas, o
carrinho de coleta e a construção da composteira. Porém, prevê-se um sistema durável, com
lixeiras e o carrinho feito com materiais resistentes, minimizando os gastos com manutenção
pela vida útil prolongada. A composteira deverá fornecer adubo para o jardim e a horta do
condomínio, retornando o investimento de uma forma vantajosa. No ciclo de vida do carrinho
prevê-se como maior impacto a sua pré-produção, na extração das matérias primas. O seu
descarte também pode ser um problema, pois todos os materiais deverão ser encaminhados
para destinação correta; materiais como o alumínio e o pneu podem ser reciclados.
O produto

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O carrinho EcoMobile - coletor de resíduos (Figura 6) é composto basicamente por


quatro partes: estrutura metálica, base metálica, caixa sanfonada de lona e três pneus. Tem
110 cm de altura total, 60 cm de largura e 85 cm de profundidade. Sua caixa feita de lona de
PVC é sanfonada, formando recipientes separados para os diversos tipos de resíduos e
permitindo a sua dobra total para armazenamento. Possui uma pega de poliuretano que
promove ao usuário uma atividade mais confortável. O EcoMobile pode ser facilmente limpo
com água, pois possui orifícios para escoamento na parte inferior da caixa sanfonada.

Figura 6 – Proposta de carrinho do Sistema EcoMobile

2. Sistema EcoGaribaldi
O Sistema EcoGaribaldi foi desenvolvido pelos alunos Patrícia de Lima Batista, Ricardo
Ignacheski, Simone Franqueto, Tamara Karla Leite e Willian Santos Tenório, para um
condomínio situado no bairro Barreirinha. O terreno está planejado para a construção de 160
casas, tendo até o momento 64 casas construídas com uma média de três moradores por casa
(Figura 7).

Figura 7 – Localização do condomínio do Sistema EcoGaribaldi


Fonte: Adaptado de Google Maps, 2009.

Problemas operacionais e sócio-ambientais encontrados


Atualmente, a coleta de resíduos é feita pelo zelador, de 50 anos de idade, com um
carrinho de mão emprestado de uma das obras do próprio condomínio. Para realizar essa
tarefa ele chega a fazer sete viagens por dia de recolhimento. Alguns moradores desconhecem
e/ou não respeitam os dias de coleta e também não fazem a separação de lixo orgânico e

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reciclável. Nas vezes em que o zelador passa de casa em casa nos horários estabelecidos e não
consegue coletar o lixo (os moradores não dispuseram), acaba gerando acúmulo de lixo para
outro dia. O zelador também é responsável pela manutenção do condomínio, como consertos
em áreas comuns e jardinagens.
Outros problemas verificados foram, por exemplo, quanto à forma como o lixo é posto
em frente às residências, sem nenhuma proteção e o armazenamento desses resíduos até a
passagem do caminhão da prefeitura (Figura 8). Já nos finais de semana, não é feita a coleta
pelo funcionário e nem pelo caminhão da prefeitura, havendo acúmulo dos resíduos em locais
inadequados.

Figura 8 – Lixeiras externas do condomínio

Conceito
Com base na análise SWOT, o conceito do novo sistema de coleta de resíduos visa a um
processo de conscientização e educação dos moradores na correta separação e destinação de
resíduos, a qual reverterá em lucro para o condomínio com os resíduos recicláveis e em uma
composteira com os resíduos orgânicos.
Características principais
Conscientizar e mostrar aos moradores como os resíduos devem ser separados; facilitar a
separação dos resíduos através de lixeiras com cores diferentes; oferecer melhorias ao
condomínio através do lucro com a venda do lixo reciclável; e o cultivo de uma horta
comunitária, utilizando-se de composteira de material orgânico.
Os atores e suas atribuições
O projeto dividiu os atores em diretos e indiretos. Como atores diretos estão: o
administrador-síndico, responsável pela permissão para que o sistema seja aceito pelo
condomínio; os moradores internos, pois seu comprometimento é fundamental para que o
sistema tenha sucesso; os funcionários, que serão os responsáveis pela manutenção e
preservação do condomínio; a portaria, que além de controlar o acesso de pessoas no
condomínio, tem o dever de manter a ordem no ambiente; a manutenção, que se caracteriza
por quem utilizará o carrinho de coleta e é o ator principal do sistema por ser o responsável
pela coleta de lixo e limpeza do condomínio.

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Como atores indiretos estão: a prefeitura da cidade, que rege as permissões e as normas
no setor; os trabalhadores do serviço de coleta que recolhem os resíduos nas lixeiras externas
do condomínio; os moradores externos: indivíduos que moram nas redondezas do condomínio
podem ou não participar do sistema (a relação instituída seria de trabalho com os catadores de
lixo que moram nas comunidades carentes próximas); a usina de reciclagem, com a geração
de renda além da melhoria na qualidade de vida; o fabricante ou fornecedor da composteira; o
patrocinador que terá uma relação econômica com o sistema, pois será ele que viabilizará o
desenvolvimento do mesmo no condomínio; e o fabricante enquanto o fornecedor do carrinho
de coleta seja por venda ou aluguel.
Benefícios do sistema
Os ganhos do sistema estão relacionados à geração de renda a partir da reciclagem de
resíduos, além da possível economia na compra de verduras e frutas, pois essas poderão ser
cultivadas e consumidas a partir de pomares e hortas que serão criadas e manipuladas com
resíduos da compostagem feita pelo funcionário responsável. Além disso, prevê-se uma
melhoria na qualidade de vida dos moradores, que poderão compartilhar de um ambiente
saudável e limpo, sem problemas com odores e resíduos.
Além da melhoria do meio ambiente e conscientização dos moradores, propõe-se a
produção dos carrinhos e lixeiras a partir de materiais reciclados, e que poderão ser
reutilizados de outras formas após o descarte.
O produto
O carrinho móvel (Figura 9) foi inspirado na pinha de Araucária, que é formada por
vários pinhões; assim, o carrinho é um todo composto por quatro divisórias, nas quais serão
separados os resíduos, sendo um para lixo orgânico, um para lixo geral ou comum e dois para
lixos recicláveis, por serem depositados em maior volume. As quatro lixeiras, quando
encaixadas, compõem uma estrutura cilíndrica. No caso de quebra de alguma das lixeiras
menores, é só substituí-la, não necessitando trocar todo o conjunto de lixeiras e nem mesmo
tendo que comprar outro carrinho. Com isso, há uma extensão considerável do tempo útil do
produto. A base do carrinho sustenta toda a base das lixeiras, além da parede lateral que não
permite as lixeiras escorregarem e caírem. Conta com três rodízios, posicionados a 120°,
conferindo melhor estabilidade e distribuição de carga, e também conta com um puxador, de
secção redonda, que permite um manejo mais versátil, evitando a fadiga do usuário.

Figura 9 – Carrinho do Sistema EcoGaribaldi

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3. Sistema Recicle
O Sistema Recicle foi desenvolvido pelos alunos Juan Miguel Siqueira, Juliana Palmeira
Daros, Leandro Siqueira Dambroz e Vanessa Wolff. O condomínio analisado fica no bairro
Boa Vista, possui 20 terrenos, 19 casas e uma extensa área de lazer. Possui um funcionário
que faz a coleta do lixo na frente das residências levando até uma lixeira fora do condomínio.
Problemas operacionais e sócio-ambientais encontrados
O zelador, funcionário do condomínio, recolhe o lixo da frente das casas dos
condôminos, colocando todo o lixo num carrinho. Como o condomínio possui uma subida
íngreme, ele empurra o carrinho com dificuldade. Faz o trajeto com um peso aproximado de
120 kg até a lixeira externa do condomínio. O carrinho atual não possui itens de segurança, é
desconfortável para manuseá-lo e de difícil limpeza. A lixeira fica fora do condomínio,
aproximadamente 120m do mesmo, o que faz o zelador andar muito, se cansando facilmente.
Percebeu-se que alguns moradores do condomínio não tinham nenhuma preocupação e
nem conhecimento para fazer a separação correta do lixo, o que pode inviabilizar um novo
sistema de coleta. Outra característica peculiar é o fato de que o terreno do condomínio é em
fundo de vale, com uma descida íngreme, o que dificulta o sistema, devido ao esforço para se
empurrar o carrinho em subida.
Conceito
O conceito reflete na maneira de separação do lixo, tendo como principal característica a
sua divisão em seis categorias, cada uma delas tendo um saco plástico diferenciado para que o
lixo seja agrupado e reciclado corretamente. Para que isso ocorra, deve existir um
investimento na educação dos moradores e seus funcionários por meio de reuniões e
distribuição de folhetos explicativos, para que separem o lixo corretamente, facilitando a
coleta e a reciclagem.
Características principais
Os moradores devem ser conscientizados por meio de flyers e palestras, para que
separem o lixo de maneira adequada e consciente. O lixo, sendo separado corretamente, trará
diversos benefícios para o condomínio como, por exemplo, o lixo orgânico que se
transformará em adubo para as plantas e hortas, o lixo reciclável será vendido e transformado
em renda para os funcionários que trabalham na coleta. O lixo de pilhas, baterias, lâmpadas e
óleo de cozinha serão levados para coletas especiais especificamente organizadas para este
fim.
Os atores e suas atribuições
O ciclo se inicia nas pessoas, que são os condôminos ou os funcionários que produzem
algum tipo de lixo. Esse lixo será separado em sua grande maioria pelos funcionários das
casas, por isso o treinamento deve ser direcionado primeiramente a eles. Depois é feito o
separo do lixo, o mesmo irá para frente das casas com os sacos de lixo separados por cor e por
tipo de lixo. Após esse momento, o funcionário responsável pela coleta, pega todos os sacos
em frente ás casas e os leva para o destino final, que pode ser a compostagem, a reciclagem
ou o depósito em algum dos estabelecimentos especificados conforme o resíduo.
Benefícios do sistema

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O sistema apresenta uma inovação na forma de coleta e no processo de reciclagem,


tendo como objetivo principal a diminuição de resíduos do condomínio sem destinação
correta, e como objetivo secundário a geração de renda por meio da reciclagem. A reciclagem
irá gerar renda tanto para os funcionários como para o condomínio, que irá ter uma redução
de gastos com insumos e poderá usar o dinheiro com a venda de papel, vidro e outros
materiais para aumentar sua área de lazer, fazer reparos ou aumento do salário dos
funcionários, entre outros. O sistema que preza pela reutilização de materiais, como PET,
alumínio, vidro e plásticos para a geração de renda. Além disso, propõe-se como fundamental
informar e conscientizar os moradores da importância da reciclagem.
O produto
O carrinho de lixo do Sistema Recicle possui travas nas partes móveis, reduz a
quantidade de cantos vivos, tem pega anti-derrapante, freio na roda traseira, é retrátil e pode
ser transportado dessa maneira (Figuras 10 e 11). Além disso, propõe-se uma fácil
manutenção, devido ao sistema de montagem com pinos, e se houver algum problema com o
carrinho pode ser feita a troca apenas da peça defeituosa. Deverá ser mais leve que seus
concorrentes, porque será feito em tubo de alumínio e tela de nylon. O alumínio que é um
metal leve muito utilizado na indústria de transporte e tem uma excelente resistência à
corrosão. Uma das principais vantagens do alumínio é o fato de ser reciclável. Depois de
muitos anos de vida útil, segura e eficiente, o alumínio do produto pode ser reaproveitado,
com recuperação de parte significativa do investimento e economia de energia, como já
acontece largamente no caso da lata de alumínio. Além disso, o meio ambiente é beneficiado
pela redução de resíduos e economia de matérias primas propiciada pela reciclagem.

Figuras 10 e 11 – Carrinho do Sistema Recicle montado e na forma retrátil

4. Sistema By-Kollect
O Sistema By-Kollect foi desenvolvido pelos alunos Diogo Bonet, Henrique Franceschi
e Vagner Esmanhoto para um condomínio no bairro Campo Comprido. Trata-se de um
condomínio novo, com um total de 13 lotes e apenas um em construção. Portanto, não há
ainda um sistema de coleta implantado, o que possibilita um planejamento organizado desde
sua fase inicial. O condomínio já possui salão de festas, portaria e 30% de sua área são de área
verde nativa. Apresenta topografia parcialmente plana o que facilita a inserção de um sistema
de coleta mais eficiente.
Problemas operacionais e sócio-ambientais encontrados

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O único problema operacional encontrado é a existência de uma subida localizada no


final da rua que compõe o condomínio, dando acesso aos três últimos lotes. Esta subida pode
dificultar a coleta do lixo que será realizada pelo zelador.
Devido ao condomínio estar em fase de construção e ainda não possuir moradores, não
foi possível encontrar problemas sócio-ambientais significativos durante a pesquisa de campo,
exceto a possibilidade de redução da área de mata nativa quando todas as casas estiverem
construídas.
Conceito
O objetivo do sistema é criar um processo de coleta de lixo no condomínio com
eficiência, rapidez e que evite esforços desnecessários por parte do agente de coleta. Ao
mesmo tempo, o sistema auxiliará o morador, fornecendo informações e facilidades à
comunidade.
Características principais
O elemento principal do sistema é o carrinho de coleta que se move sobre trilhos,
desenvolvido a partir de uma bicicleta comum de mercado, com um espaço frontal para
cargas, no qual serão transportados os sacos de lixo. Prevê-se, como principais atores os
próprios moradores, porteiros, zeladores, arquiteta, loja de materiais de construção, gráfica,
escola, floricultura, curso de agronomia e centro de reciclagem.
Os atores e suas atribuições
A primeira ligação é com seus funcionários, porteiros e zeladores que farão uma troca de
trabalho para o condomínio recebendo um retorno econômico. Por sua vez os moradores
também oferecerão trabalho por meio da separação do lixo e uso da composteira recebendo
também retorno financeiro. Aproveitando o fato de que o condomínio ainda está em
construção, uma composteira também será construída. Para a construção tanto das casas como
desta composteira será feita uma sociedade com uma loja de materiais de construção, que
fornecerá material para as obras gerando economia, tendo assim, ligação direta com a
arquiteta responsável pelo condomínio, que oferecerá informações reciprocamente.
A composteira se utilizará dos resíduos orgânicos gerados pelos moradores, que por sua
vez receberá auxílio de alunos do curso de agronomia de uma universidade, fornecendo
informação ao condomínio e trabalho á composteira. E esta ainda poderá fornecer informação
a alunos de uma escola estadual próxima que poderá levar os alunos para participar do
processo de compostagem. O material gerado neste processo será enviado a uma floricultura
que contribuirá com o setor de paisagismo do condomínio.
Por fim todo material reciclável será encaminhado a uma gráfica, localizada em frente ao
condomínio, que poderá fazer associação com o Centro de Reciclagem de Curitiba (CRC)
gerando assim retorno financeiro ao condomínio.
Benefícios do sistema
Prevê-se a simplificação do trabalho realizado pelo zelador, que será o agente de coleta
do lixo, possibilitando-o a realizar toda a coleta de resíduos de uma única vez. Devido à
implantação do sistema de trilhos, pelo qual será deslocado o carrinho, o atrito gerado pelo
peso do lixo será bem reduzido evitando esforços desnecessários. A Figura 12 mostra o
storyboard sobre o processo de coleta de resíduos com o carrinho sobre os trilhos.

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O zelador retira Encaixa as Pedala em Retira o lixo das Transfere todo Após efetuada a
o carrinho da rodas nos direção as casas. casas e o o lixo coletado coleta o zelador
casa de trilhos. deposita no para as lixeiras retorna a casa de
ferramentas. compartimento de fronte ao ferramentas
frontal. condomínio. pedalando.
Figura 12 – Storyboard da coleta do Sistema By-Kollect

O produto
O produto baseia-se numa bicicleta comum acoplada a um compartimento destinado a
deposição de lixo (Figura 13). Movido a tração humana por intermédio de um pedal, o veículo
terá seis rodas: uma roda traseira igual à de uma bicicleta convencional, mais duas rodas
menores de borracha acopladas ao compartimento de carga que, através de um sistema, serão
facilmente substituídas pelas rodas de trilho que irão permitir uso descomplicado e rápido,
eliminando grande parte do atrito.
A coleta será efetuada rapidamente e com eficácia, permitindo mais tempo ao zelador
separar as sacolas de lixo reciclável e as de lixo comum. O produto em sua grande maioria é
fabricado em aço por ser um material de fácil reciclagem utilizando peças já existentes no
mercado reduzindo, assim, a necessidade de fabricação de peças especiais.

Figura 13 – Mock-up do carrinho do Sistema By-Kollect

5. Sistema Modular de Coleta de Resíduos


Este sistema foi desenvolvido pelos alunos Ana Paula Gonçalves, Bianca Cecília Propst,
Camile Carnasciali, Henrique Dimas Cordeiro e Indiane Arents. A área escolhida para estudo
de viabilização do PSS foi um condomínio no Bairro São Fernando. O acesso principal fica
no lado norte do condomínio, através de uma rua de grande trafego de carros e pedestres. O
condomínio é constituído por 110 terrenos que medem aproximadamente 200m², e que
atualmente possui apenas 85 casas construídas. A administração, serviços de
segurança/portaria e zeladores são gerenciados por empresas terceirizadas, que ficam
responsáveis em fornecer estes serviços para o condomínio. Como porta voz dos moradores e
responsável pela supervisão destes serviços externos, existe o síndico, que também é morador.

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A gestão de cada condômino eleito como síndico é de aproximadamente 12 meses, podendo


ser estendida para mais um ano. Um dos principais requisitos para o projeto das vias do
condomínio foi à implantação de Culs de sac (termo urbanista, que define uma rua sem saída
com um alargamento, criando um “saco” no final e que permite que os veículos contornem
sem manobrar) os quais configuram uma malha aberta, ou seja, as ruas não possuem ligação
entre si.
Problemas operacionais e sócio-ambientais encontrados
Atualmente os resíduos para a coleta são separados pelos moradores em orgânicos e
recicláveis e deixados diretamente na rua em frente às casas. O zelador, com um latão
acoplado num suporte com rodas, recolhe os sacos e os deposita neste latão, todos juntos.
Quando a capacidade do latão está completa, o zelador se dirige a lixeira externa e separa
novamente os sacos de resíduos recicláveis dos orgânicos. Como a capacidade do latão é
pequena, o zelador repete várias vezes o trajeto até conseguir finalizar toda a tarefa. Outro
problema é que as vias do condomínio são sem saída e separadas por um canteiro, sendo
assim, o zelador passa por cima do canteiro, mesmo com as flores tentando impedir a
passagem.
Quando a lixeira externa situada na entrada do condomínio está cheia - e isto ocorre
rapidamente devido sua incapacidade de suportar todos os resíduos residenciais - o
condomínio fica com a aparência denegrida neste período. O suporte da tampa desta lixeira é
pouco resistente quebrando facilmente e seu material de fabricação enferruja rapidamente,
descolando sua base.
Quanto a outras questões sócio-ambientais pode-se destacar que na lateral externa do
condomínio há uma via sem ligação sendo uma oportunidade de abandono de lixo e
queimadas para os moradores da comunidade local próxima. Nos fundos do condomínio há
uma área inutilizada entre terrenos sendo um local perigoso que serve de abrigo para
moradores de rua, vandalismo e passagem de moradores da comunidade próxima, com fácil
contato visual com o interior das casas construídas próximas ao muro.
Conceito
O sistema de coleta de resíduos a ser implantado prevê a separação dos resíduos em: lixo
orgânico, lixo reciclável e lixo comum, facilitando o recolhimento pelo zelador do
condomínio para posteriormente outros parceiros retirá-los.
Com este novo sistema (Figura 14), o zelador fará todo o recolhimento do lixo já
separado pelos moradores, para depois deixá-los em frente ao condomínio, em um módulo de
resíduos com separações específicas para cada tipo de lixo. Promovendo o reaproveitamento
de resíduos, beneficiando economicamente e ambientalmente o condomínio e a comunidade
vizinha.

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Figura 14 – System Map do Sistema Modular de Coleta de Resíduos

Características principais
As principais características do sistema proposto vão além da otimização do tempo gasto
pelo zelador para efetuar a coleta no condomínio. O redesign do carrinho oferece uma nova
opção de organização dos resíduos que são coletados em módulos, possibilitando que os
novos atores incluídos no processo, façam com que os resíduos cheguem aos destinos
corretos, evitando que erroneamente parem nos aterros sanitários. A incorporação destes
novos atores também favorece ao processo de reeducação e conscientização dos moradores,
em relação à maneira que separam os resíduos, de modo que pensem a respeito da
importância da separação correta e revelando o seu destino final.
Os atores e suas atribuições
O condomínio é o ator principal deste sistema, é o foco de todo o fluxo de trabalho e
serviços. Porém, por se tratar de uma estrutura física necessita de representantes que
administrem seu funcionamento. Para isto elege-se um representante legal destas funções: o
síndico - responsável por realizar reuniões, uma vez por mês, que tragam informações
necessárias para a manutenção e ordem do local e a comunicação entre os moradores. Após
ordenação de prioridades e ações, o síndico é responsável por repassar informações
necessárias para os funcionários terceirizados (o porteiro, o zelador, o paisagista e a empresa
de monitoramento).
O zelador recolhe os resíduos separados pelos moradores em frente às casas e deixa-os
nos latões localizados em frente ao condomínio. O porteiro é responsável pela segurança
patrimonial da área e todas as ações decorrentes disto.
No caso de resíduos recicláveis, há interesse em coletá-los por parte dos catadores de
papel da região carente localizada ao lado do condomínio, que ficam responsáveis pela coleta
e venda destes materiais às empresas recicladoras.
Benefícios do sistema

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Com o aumento da capacidade do carrinho de coleta e sua modularidade, obteve-se a


diminuição de mão de obra do zelador, já que o tempo gasto para o recolhimento e alocação
dos resíduos no carrinho anterior era muito maior, com maior trabalho braçal, causando maior
esforço para realização das suas funções e até possíveis danos físicos. Com o carrinho
proposto, a partir do momento em que o zelador coleta os resíduos da casa, não há mais
nenhum contato com o lixo, apenas a movimentação do módulo sobre o carrinho para a
estrutura física fixa. Este processo configura maior higiene e menor tempo para o desempenho
da função.
Outro ponto positivo é a utilização de apenas uma estrutura física para coleta e
armazenagem do resíduo, dispensando a obtenção de um latão externo para a coleta final. Há,
também, a possibilidade de modularidade dos reservatórios, se adequando melhor ao uso de
cada função a desempenhar. Como por exemplo, a coleta por fases de tipo de resíduo:
primeira rota para lixos orgânicos, segunda rota para lixos recicláveis e terceira rota para lixo
comum.
O produto
Previu-se que o carrinho comportasse grandes quantidades de lixo ao mesmo tempo,
separando-os corretamente. Para seu desenvolvimento, foi adaptada uma base de OSB num
carrinho de obras já existente no condomínio e sem uso. Sua pega foi aumentada para facilitar
o manuseio, possibilitando movimentá-lo em diferentes posições.
Foram adaptados módulos coloridos para tipos específicos de resíduos: lixo orgânico –
marrom, lixo comum – cinza, lixo reciclável – azul, este de tamanho maior, por ser o tipo de
lixo que ocupa maior volume.
Estes módulos são feitos em polipropileno, um tipo de plástico leve e resistente as
condições de uso. Cada módulo apresenta rodízios para facilitar sua retirada do carrinho.
Além de facilitar a coleta, tem a vantagem de tornar-se uma central externa de resíduos do
condomínio, pois, após a coleta do lixo dentro do condomínio, são apenas retirados e
deixados em frente ao mesmo. Desta forma, facilitam o recolhimento dos resíduos pelos
catadores de papel da região e por empresas de reciclagem.
Uma vez que os materiais principais são a borracha dos pneus, o aço da estrutura e o
plástico dos módulos, propõe-se as seguintes soluções: reprocessamento (moagem) da
borracha para uso em outros produtos; reuso em outros produtos ou reciclagem dos tubos e
peças de aço; reuso em outros produtos ou reciclagem do polipropileno.

Considerações finais

As questões que envolvem tanto a conceituação da proposta geral quanto as questões


específicas de cada condomínio são de grande complexidade. Os projetos envolveram
diferentes tamanhos de condomínios e suas classes sociais (consequentemente volumes e
necessidades distintas em relação à geração de resíduos), trazendo a participação dos atores
atuais em cada um, bem como os possíveis atores incluídos nas propostas futuras e suas
interações. Estas propostas pretenderam promover a conscientização de todos os envolvidos
para as graves questões em relação aos resíduos em estudo e analisar possibilidades de
melhorias associadas a um processo ambientalmente correto e ao bem estar dos participantes,
seja na fase de separação, da coleta ou da destinação.

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Para uma concreta implantação das propostas, vários fatores ainda precisam de maior
aprofundamento e amadurecimento, o que não foi possível até aquele momento em função do
cronograma específico das disciplinas do curso envolvidas. No entanto, considera-se que a
busca pela discussão dos fatores do Design para a Sustentabilidade, associada à tentativa de
encontrar soluções cumpre seu objetivo no âmbito acadêmico.
Esperamos que esta proposta de projeto, com seus erros e acertos, seja útil para
alimentar e enriquecer a discussão sobre o ensino do design sustentável no país, ainda carente
de experiências pedagógicas deste tipo na área do design. Esperamos também que possamos,
com estes resultados, estimular outros professores, estudantes e pesquisadores, e, por que não,
o público em geral, a buscar soluções para os grandes problemas sócio-ambientais que
desafiam nossa sociedade.
Nosso especial agradecimento aos coordenadores do Curso de Design da Universidade
Positivo, professores Antonio Razera Neto e Renato Bertão, a todos os alunos e colegas
professores que se dedicaram aos projetos, e aos moradores dos condomínios, pela
disponibilidade e colaboração na realização das pesquisas de campo.

Referências

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