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INTRODUÇÃO Planejmento Econômico

AULA 1

1. Introdução
1.1 Conceito
É uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem
empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a
distribuí-los entre as pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as
necessidades humanas.
Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produção são escassos;
contudo as necessidades humanas são ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga
a sociedade a escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos
resultados da atividade produtiva aos vários grupos da sociedade.

1.2 Sistemas Econômicos


Pode ser definido como sendo a forma política, social e econômica pela qual
está organizada uma sociedade.
Os elementos básicos de um sistema econômico são:
a) Estoques de Recursos Produtivos ou Fatores de Produção: recursos humanos
(trabalho e capacidade empresarial), o capital, terra, reservas naturais e a
tecnologia.
b) Complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas.
c) Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são à
base da organização da sociedade.
Os sistemas econômicos podem ser classificados em:
a) Sistema capitalista, ou economia de mercado, é aquele regido pelas forças de
mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de
produção.
b) Sistema socialista ou economia centralizada, ou ainda economia planificada, é
aquele em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um
órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores
de produção.
1.3 Os Problemas Econômicos Fundamentais
Da escassez dos recursos ou dos fatores de produção, associa-se às
necessidades ilimitadas do homem, originando problemas econômicos
fundamentais:
a) O quê e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a sociedade
terá de escolher, quais produtos serão produzidos e em que quantidades.
b) Como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção
serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico
existente.
c) Para quem produzir: a sociedade terá também que decidir como seus membros
participarão da distribuição dos resultados de sua produção (demanda, oferta,
determinação de salários, das rendas das terras, dos juros etc).
Em economias de mercado, esses problemas são resolvidos pelos
mecanismos de preços atuando por meio da oferta e da demanda. Nas economias
centralizadas, essas questões são decididas por um órgão central de planejamento,
a partir de um levantamento dos recursos de produção disponíveis e das
necessidades do país, e não pela oferta e demanda no mercado.

1.4 Curva de Possibilidades de Produção


É um conceito teórico com o qual se ilustra, como a questão da escassez
impõe um limite à capacidade produtiva de uma sociedade, que terá que fazer
escolhas entre alternativas de produção.
Devido à escassez de recursos, a produção total de um país tem um limite
máximo, onde todos os recursos disponíveis estão empregados.
Suponhamos uma economia que só produza máquinas (Bens de Capital) e
alimentos (Bens de Consumo) e que as alternativas de produção de ambos seja as
seguintes:

Alternativas de Produção Máquinas (milhares) Alimentos (toneladas)


A 25 0
B 20 30
C 15 45
D 10 60
E 0 70

 Conceito de Custo de Oportunidade:


A transferência dos fatores de produção de um bem A para produzir um bem
B implica um custo de oportunidade que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir
parte do bem A para se produzir mais do bem B. O custo de oportunidade por
representar o custo da produção alternativa sacrificada, reflete em um custo
implícito.
 Deslocamento da Curva de Possibilidade de Produção:
Isso pode ocorrer fundamentalmente tanto em função do aumento da
quantidade física de fatores de produção quanto em função de melhor
aproveitamento dos recursos já existentes, o que pode ocorrer com o progresso
tecnológico, maior eficiência produtiva e organizacional das empresas e melhoria no
grau de qualificação da mão-de-obra.

1.5 Funcionamento de uma economia de mercado: Fluxos Reais e Monetários


Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma
economia de mercado que não tenha interferência do governo e não tenha
transações com exterior (economia fechada).
Os agentes econômicos são as famílias e as empresas. As famílias são
proprietárias de fatores de produção e os fornecem às empresas, através do
mercado dos fatores de produção. As empresas, através da combinação dos fatores
de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias por meio do
mercado de bens e serviços.

Fluxo Real da Economia

Demanda Mercado de Bens e Serviços Oferta

Famílias Empresas

Oferta Mercado de Fatores de Produção Demanda

No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da


moeda, que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para o pagamento
dos bens e serviços.
Desse modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetário da
economia.

Fluxo Monetário da Economia


Pagamento de Bens e Serviços

Famílias Empresas

Remuneração dos Fatores de Produção

1.6 Definição de Bens de Capital, Bens de Consumo, Bens Intermediários e Fatores


de Produção.

- Bens de Capital: são aqueles utilizados na fabricação de outros bens, mas que
não se desgastam totalmente no processo produtivo. Exemplo: Máquinas,
Equipamentos e Instalações.
- Bens de Consumo: destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades
humanas. De acordo com sua durabilidade, podem ser classificados como duráveis.
(geladeiras, fogões, automóveis) ou como não – duráveis (alimentos, produtos de
limpeza).
- Bens Intermediários: são aqueles que são transformados ou agregados na
produção de outros bens e que são consumidos totalmente no processo de
produtivo (insumos, matérias-primas e componentes).
- Fatores de Produção: São constituídas pelos recursos humanos (trabalho e
capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia.

Cada fator de produção corresponde uma remuneração, a saber:


Fator de Produção Tipo de Remuneração

Trabalho Salário
Capital Juro
Terra Aluguel
Tecnologia Royalty
Capacidade Empresarial Lucro

1.7 Inter-relação da Economia com outras áreas do conhecimento


Apesar de ser uma ciência social, a Economia é limitado pelo meio físico,
dado que os recursos são escassos, e se ocupa de quantidades físicas e das
relações entre as quantidades, como a que se estabelece entre a produção de bens
e serviços e os fatores de produção utilizados no processo produtivos.
A Economia apresenta muitas regularidades, sendo que algumas relações
são invioláveis. Por Exemplo: O consumo nacional depende diretamente da renda
nacional. A quantidade demandada de um bem tem uma relação inversamente
proporcional com o seu preço. As exportações e as importações dependem da taxa
de câmbio.
A área que está voltada para quantificação dos modelos é a Econometria, que
combina Teoria Econômica, Matemática e Estatística.
* Economia e Política: São áreas muito interligadas, tornando-se difícil estabelecer
uma relação de casualidade entre elas. A estrutura política se encontra muitas vezes
subordinadas ao poder econômico. Citemos alguns exemplos: Poder Econômico dos
latifundiários, poder dos oligopólios e monopólios, poder das corporações estatais.

* Economia e História: A pesquisa histórica é extremamente útil e necessária para


Economia, pois ela facilita a compreensão do presente e ajuda nas previsões para o
futuro com base nos fatos do passado. As guerras e revoluções, por exemplo,
alteraram o comportamento e a evolução da Economia.

* Economia e Geografia: A Geografia não é o simples registro de acidentes


Geográficos e climáticos. Ela nos permite avaliar fatores muito úteis à análise
econômica, como as condições geoeconômicas dos mercados, a concentração
espacial dos fatores produtivos, a localização de empresas e a composição setorial
da atividade econômica.

* Economia, Moral, Justiça e Filosofia: Na pré-economia, antes da Revolução


Industrial do século XVIII, que corresponde ao período da Idade Média, a atividade
econômica era vista como parte integrante da Filosofia, Moral e Ética. A Economia
era orientada por princípios morais e de justiça.

1.8 Evolução do Pensamento Econômico


O pensamento econômico passou por diversas fases, que se diferenciam
amplamente, com muitas discrepâncias e oposições. No entanto, a evolução deste
pensamento pode ser dividida em dois grandes períodos: Fase Pré-Científica e Fase
Científica Econômica.
A fase pré-científica é composta por três subperíodos. A Antiguidade Grega,
que se caracteriza por um forte desenvolvimento nos estudos político-filosóficos. A
Idade Média ou Pensamento Escolástico, repleta de doutrinas teológico-filosóficas e
tentativas de moralização das atividades econômicas. E, o Mercantilismo, onde
houve uma expansão dos mercados consumidores e, consequentemente, do
comércio.
A fase científica pode ser dividida em Fisiocracia, Escola Clássica e
Pensamento Marxista. Esta primeira pregava a existência de uma "ordem natural",
onde o Estado não deveria intervir (laissez-faire, laissez-passer) nas relações
econômicas. Os doutrinadores clássicos acreditavam que o Estado deveria intervir
para equilibrar o mercado (oferta e demanda), através do ajuste de preços ("mão-
invisível"). Já o marxismo critava a "ordem natural" e a "harmonia de interesses"
(defendida pelos clássicos), afirmando que tanto um como outro resultava na
concentração de renda e na exploração do trabalho.
Apesar de fazer parte da fase científica, convém ressaltar que a Escola
Neoclássica e o Keynesianismo, diferenciam-se dos outros períodos por elaborar
princípios teóricos fundamentais e revolucionar o pensamento econômico,
merecendo, portanto, destaque. É na Escola Neoclássica que o pensamento liberal
se consolida e surge a teoria subjetiva do valor. Na Teoria Keynesiana, procura-se
explicar as flutuações de mercado e o desemprego (suas causas, sua cura e seu
funcionamento).

1.9 Divisão do Estudo Econômico

A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente


dividida em quatro áreas de estudo:

α) Microeconomia

β) Macroeconomia

χ) Economia Internacional

δ) Desenvolvimento e Crescimento Econômico

Exercícios Aula 1
Questionário:
1. Qual o conceito da ciência Econômica?
2. Diferencie Capitalismo e Socialismo.
3. Explique o Fluxo Monetário e o Fluxo Real.
4. Exemplifique bens de capital, bens intermediários e bens de consumo.
5. Compare a Escola Keynesiana e a Escola Neoclássica.

Temas para discussão Aula 1


1. Como você percebe a ciência econômica no seu dia a dia?
2. Qual a contribuição da ciência econômica para um gestor de negócios?

Sugestão de bibliografia Aula 1


HARFORD, Tim. O Economista Clandestino – porque os ricos são ricos, os
pobres são pobres e você nunca consegue. Ed Record, São Paulo, 2007.

AULA 2
2. Introdução à Microeconomia
2.1 Conceito

Microeconomia, ou Teoria Geral dos Preços, analisa a formação de preços no


mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o
preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos.
A microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da procura na formação do
preço no mercado, isto é, o preço sendo obtido pela interação do conjunto dos
consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço.

Do ponto de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa


específica, prevalece a visão contábil financeira na formação do preço de venda de
seu produto, baseada principalmente nos custos de produção, enquanto na
Microeconomia prevalece a visão do mercado.

O conceito de empresa possui 2 visões: a econômica e a jurídica. Do ponto


de vista econômico, empresas ou estabelecimento comercial é a combinação pelo
empresário, dos fatores de produção: capital, trabalho, terra e tecnologia, de modo
organizado para se obter o maior volume possível de produção ou de serviços ao
menor custo.

Na doutrina jurídica reconhece-se o estabelecimento como uma


universalidade de direito, incluindo-se na atividade econômica um complexo de
relações jurídicas entre o empresário e a empresa.
2.2 Pressupostos básicos da análise microeconômica

A hipótese coeteris paribus (tudo o mais permanece constante): o foco de


estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando o papel que a oferta e a
demanda nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou
que não interfiram de maneira absoluta.

2.3 Papel dos preços relativos

Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é,


os preços dos bens em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados)
das mercadorias. Exemplo: se o preço do guaraná cair 10%, mas também o preço
da soda cair em 10%, nada deve acontecer na demanda dos dois bens, mas se cair
apenas o preço do guaraná, permanecendo inalterado o preço da soda, deve-se
esperar um aumento na quantidade procurada de guaraná e uma queda na soda.
Embora não tenha havido alteração no preço absoluto da soda, seu preço relativo
aumentou, quando comparado com o guaraná.

2.4 Princípio da Racionalidade

Por esse princípio, os empresários tentam sempre maximizar lucros


condicionados pelos custos de produção, os consumidores procuram maximizar sua
satisfação no consumo de bens e serviços (limitados por sua renda e pelos preços
das mercadorias).

2.5 Aplicações da análise microeconômica

A teoria microeconômica não é um manual de técnicas para a tomada de


decisões do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta útil para
esclarecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto em
nível de empresas quanto de nível de política econômica.

Para as empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes


decisões:

- Políticas de preços da empresa

- Previsão de demanda e faturamento

- Previsão de custos de produção

- Decisões ótimas de produção (melhor combinação dos custos de produção)

- Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo/benefício)


- Política de propaganda e publicidade.

- Localização da empresa

Em relação da política econômica, pode contribuir na análise e tomada de


decisões das seguintes questões:

- Efeitos de impostos sobre mercados específicos

- Política de subsídios

- Fixação de preços mínimos na agricultura

- Controle de preços

- Política Salarial

- Políticas de tarifas públicas. (água, luz, etc.)

2.6 Divisão do estudo microeconômico

- Análise da Demanda: A Teoria da Demanda ou Procura de uma mercadoria ou


serviço divide-se em Teoria do Consumidor e Teoria da Demanda de Mercado.

- Análise da Oferta: A Teoria da Oferta de um bem ou serviço também se subdivide


em oferta de firma individual e oferta de mercado.

- Análise das estruturas de mercado: A partir da demanda e da oferta de mercado


são determinados o preço e a quantidade de um bem ou serviço.

As estruturas de mercado de bens e serviços são: concorrência perfeita,


monopólio, oligopólio, concorrência imperfeita ou monopolista.

As estruturas de mercado de fatores de produção são: concorrência


perfeita, monopólio bilateral, monopsônio, oligopsônio.

- Teoria do equilíbrio geral: A análise do equilíbrio geral leva em conta as inter-


relações entre todos os mercados, procurando analisar se o comportamento
independente de cada agente econômico conduz todos a uma posição de equilíbrio
global, embora todos sejam, na realidade, interdependente.

3. Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado


3.1 Breve Histórico

Os fundamentos da análise da demanda ou procura estão alicerçados no


conceito subjetivo de utilidade. A utilidade representa o grau de satisfação que os
consumidores atribuem aos bens e serviços que podem adquirir no mercado. Como
está baseada em aspectos psicológicos ou preferências, a utilidade difere de
consumidor para consumidor (uns preferem uísque, outros preferem cerveja etc.).

A Teoria do Valor Utilidade contrapõem-se à chamada Teoria Valor Trabalho,


desenvolvida por economistas clássicos. A Teoria do Valor Utilidade pressupõe que
um valor de um bem se forma pela sua demanda, isto é, pela satisfação que um
bem representa para o consumidor.

A Teoria Valor Trabalho considera que um bem se forma do lado da oferta,


através dos custos do trabalho incorporado ao bem. Os custos de produção eram
representados basicamente pelo fator mão-de-obra, em que a terra era praticamente
gratuita e a pouco significativa.

Pode-se dizer que a Teoria do Valor - Utilidade veio complementar a Teoria


Valor – Trabalho, pois não era mais possível predizer o comportamento dos preços
dos bens apenas com base nos custos da mão de obra (ou mesmo custos em geral)
sem considerar o lado da demanda (padrão de gostos, hábitos, renda etc.).

Ademais, a Teoria do Valor Utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor


de troca de um bem. O valor de uso é a utilidade que ele representa para o
consumidor. Valor de troca se forma pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta
e da demanda do bem.

3.2 Demanda de Mercado

3.2.1 Conceito

A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um


determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado
período de tempo.

A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor.


São elas: o preço do bem e serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor
e o gosto ou preferência do indivíduo. Para estudar-se a influência dessas variáveis
utiliza-se a hipótese do coeteris paribus, ou seja, considera-se cada uma dessas
variáveis afetando separadamente as decisões do consumidor.
3.2.2 Relação entre a quantidade procurada e preço do bem: A Lei Geral da
Demanda

Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o


preço do bem. É a chamada Lei Geral da Demanda. Essa relação pode ser
observada a partir dos conceitos de escala de procura, curva de procura ou função
demanda.

A relação preço/quantidade procurada pode ser representada por uma escala


de procura, conforme apresentada a seguir:

Alternativa de preço ($) Quantidade Demandada

1,00 12.000
3,00 8.000
6,00 4.000
8,00 3.000
10,00 2.000

A curva da demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de


dois fatores: o efeito substituição e o efeito renda. Se o preço de um bem aumenta, a
queda da quantidade demanda será provocada por esses dois efeitos somados:

a) Efeito substituição: se um bem possui um substituto, ou seja, outro


bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, o
consumidor passa adquirir o bem substituto, reduzindo assim sua demanda.
Exemplo: Fósforo.

b) Efeito renda: quando aumenta o preço de um bem, o consumidor


perde o poder aquisitivo, e a demanda por esse produto diminui.
3.2.3 Outras variáveis que afetam a demanda de um bem

Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu


preço. Existe uma série de outras variáveis que também afetam a procura, são elas:

a) Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos


um bem normal.
b) Bem inferior, cuja demanda varia em sentido inverso às variações da renda;
exemplo se o consumidor ficar mais rico diminuirá o consumo de carne de
segunda, e aumentará o consumo da carne de primeira.
c) Bens de consumo saciado, quando a demanda do bem, quase não é influenciada
pela renda dos consumidores (arroz, farinha, sal, etc.), muitas vezes ocorre a
diminuição do consumo deste tipo de bem, devido ao aumento da renda.
d) Bens substitutos, quando há uma relação direta entre o preço de um bem e a
quantidade de outro. Exemplo: um aumento no preço da carne deve elevar a
demanda de peixe.
e) Bens complementares: São bens que podem ser utilizados em conjunto ou que
ficam melhores utilizados. Ex: Se aumentar o preço da impressora e a
quantidade demandada de cartuchos diminuírem é porque a impressora e o
cartucho são complementares no consumo.

3.3 Oferta de Mercado

Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores


desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Da mesma
maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu
próprio preço, dos demais preços, dos preços dos fatores de produção, das
preferências do empresário e da tecnologia.
Diferentemente da função demanda, a função de oferta mostra uma
correlação direta entre a quantidade ofertada e nível de preços. É a chamada Lei
Geral da Oferta.
Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada
uma série de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço:

Preço ( $ ) Quantidade Ofertada

1,00 1.000
3,00 5.000
6,00 9.000
8,00 11.000
10,00 13.000

3.4 Equilíbrio de Mercado


A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a
quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em um dado mercado.
Veja o quadro a seguir representativo da oferta e da demanda do bem X:

Preço Quantidade Situação de Mercado


Procurada Ofertada

1,00 11 1 Excesso de procura (escassez de oferta)


3,00 9 3 Excesso de procura (escassez de oferta)
6,00 6 6 Equilíbrio entre oferta e procura
8,00 4 8 Excesso de oferta (escassez de procura)
10,00 2 10 Excesso de oferta (escassez de procura)

Como se observa na tabela existe equilíbrio entre oferta e demanda do bem


X, quando o preço é igual a 6,00 unidades monetárias.

3.5 Interferência do Governo no equilíbrio de mercado

O governo intervém na formação de preços de mercado, a nível


microeconômico, e quando fixa impostos e subsídios, estabelecem critérios de
reajustes do salário mínimo, fixa preços mínimos para produtos agrícolas decreta
tabelamentos ou ainda congelamento de preços e salários.
Estabelecimento de Impostos: É sabido que quem recolhe a totalidade do
tributo é a empresa, mas isso não quer dizer que é ela quem efetivamente paga.
Assim, saber sobre quem recai efetivamente o ônus do tributo é uma questão da
maior importância na análise dos mercados.
Os tributos se dividem em impostos, taxas e contribuições de melhoria. Os
impostos dividem-se em:
- Impostos Indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas.
Exemplo: Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI). Entre os impostos indiretos destacamos:
* Imposto Específico: Recai sobre a unidade vendida. Exemplo: para cada
carro vendido, recolhe-se, a título de imposto, R$ 5.000 ao governo (esse valor é fixo
e independente do valor da mercadoria).
* Imposto ad valorem: é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor de
venda. Exemplo: supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10 %, se o valor do
automóvel for de R$ 50.000, o valor do IPI será de R$ 5.000; se o valor aumentar
para R$ 60.000, o valor do IPI será de R$ 6.000. Assim, como se pode notar, a
alíquota permanece inalterada em 10%, enquanto o valor do imposto varia com o
preço do automóvel.

- Impostos Diretos: Impostos incidentes sobre a renda. Exemplo: Imposto de


Renda.

- Tabelamento: Refere-se à intervenção do governo no sistema de preços de


mercado visando coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preços de bens
de primeira necessidade ou então refrear o processo inflacionário, como foi adotado
no Brasil (Planos Cruzado, Bresser etc.), quando se aplicou o congelamento de
preços e salários.

Exercícios Aula 2

1.Dada a tabela abaixo:

Preço Quantidade Demandada Quantidade Ofertada

5 100 500
4 200 400
3 300 300
2 400 200
1 500 100

Pede-se:
a) Construir o gráfico do equilíbrio.
b) Identificar a que preço ocorre um excedente de produção de 200 unidades:
c) Identificar a que preço ocorre a situação de equilíbrio:
d) Identificar a que preço ocorre um excedente de consumo de 400 unidades:

2. Em um mercado de concorrência pura ou perfeita, oferta e demanda de um


produto são dadas respectivamente pelas seguintes equações:
Qd = 30 – 4p Qo = 6 + 2p
A quantidade transacionada, neste mercado quando estiver em equilíbrio será:

Temas para discussão Aula 2


1. Os mercados tendem ao equilíbrio?
2. Qual a contribuição da análise microeconômica para um gestor de negócios?

Sugestão de bibliografia Aula 2


RUBINFELD, Daniel L; PINDYCK, Robert, S. Microeconomia. Ed Hall Brasil, São
Paulo, 2005.

Aula 3
4. Elasticidades
4.1 Introdução
Através das Leis da Oferta e da Procura é possível apontar a direção de uma
resposta em relação à mudança de preços – demanda cai quando o preço sobe,
oferta aumenta quando o preço sobe etc. – mais não informa o quanto mais os
consumidores demandarão ou os produtores oferecerão.
O conceito de elasticidade é usado para medir a reação das pessoas frente a
mudanças em variáveis econômicas. Por exemplo, para alguns bens os
consumidores reagem bastante quando o preço sobe ou desce e para outros a
demanda fica quase inalterada quando o preço sobe ou desce. No primeiro caso se
diz que a demanda é elástica e no segundo que ela é inelástica. Do mesmo modo os
produtores também têm suas reações e a oferta pode ser elástica ou inelástica,

4.2 A Elasticidade-Preço Da Demanda (Ed)


A elasticidade-preço da demanda (Ed) mede a reação dos consumidores às
mudanças no preço.
Essa reação é calculada pela razão entre dois percentuais. A variação
percentual na quantidade demandada dividida pela mudança percentual no preço.
Ou seja,
Ed = variação percentual na quantidade demandada
mudança percentual no preço
Por exemplo: Digamos que o preço do leite muda de R$ 2,00 para R$ 2,20.
Qual a elasticidade-preço da demanda por leite se a quantidade demandada de leite
é de 85 mi de litros por ano quando o preço é R$ 2,20 e é de 100 mi de litros por ano
quando o preço é R$ 2,00. Então:
A mudança absoluta na quantidade foi de 15 mi de litros (100 – 85) para
baixo. Em termos percentuais isso equivale a 15% pois, a quantidade era de 100 mi
litros a R$ 2,00 que era o preço inicial. Quando o preço aumentou para R$ 2,20
houve uma queda na quantidade demandada de 15% [100(85 – 100)%/100].
A mudança absoluta no preço foi de R$ 0,20 (2,20 – 2,00) para cima. Em
termos percentuais isso equivale a 10% pois, o preço inicial era R$ 2,00 e aumentou
para R$ 2,20 houve um aumento de 10% [100(2,20 – 2,00)%/2,00].
O percentual pode ser calculado por uma regra de três simples:

Se a quantidade era 100 e caiu para 85, há uma queda de 15. Então a regra é
se 100 equivale a 100% a quanto equivalerá 15?
100 ______________ 100%

15 ______________ x%

O que resulta em 100x = 100*15  x = 1500/100  x=15%


Da mesma forma o preço: O preço aumentou de 2,00 para 2,20. O aumentou
foi de 0,20. Se 2,00 era 100% do preço quanto seria 0,20?
2,00 ______________ 100%

0,20 ______________ x%

O que resulta em 2x = 100*0,20  x = 20/2  x=10%


A elasticidade desta mudança é de Ed = 15%/10% = 1,5.

4.2.1 Classificando bens com a elasticidade-preço da demanda


- ELÁSTICOS: Se a elasticidade-preço do bem for maior que 1,00 diz-se que a
demanda por esse bem é elástica. A variação percentual na quantidade excede a
variação percentual no preço. Ou seja, os consumidores são bastante sensíveis a
variações no preço.
- INELÁSTICOS: Se a elasticidade-preço do bem for menor que 1,00 diz-se que a
demanda por esse bem é inelástica. A variação percentual na quantidade é menor
que a variação percentual no preço. Ou seja, os consumidores são relativamente
insensíveis a variações no preço.
- UNITÁRIOS: Se a elasticidade-preço do bem for igual a 1,00 diz-se que a
demanda por esse bem é de elasticidade neutra. A variação percentual na
quantidade é igual à variação percentual no preço.
4.2.2 Elasticidade E Bens Substitutos
A elasticidade-preço da demanda para um bem em particular é influenciada
pela disponibilidade ou não de bens substitutos. Quanto mais bens substitutos
estiverem disponíveis mais elásticas é a demanda, se não há bens substitutos a
demanda é inelástica.

4.2.3 Usando A Elasticidade-Preço Da Demanda


Sabendo-se da elasticidade-preço da demanda para um bem se pode
quantificar e predizer o quanto mais de um bem será vendido a um preço menor e
vice-versa.
Ex: Suponha que a elasticidade da demanda por filmes num cinema seja de
2,0 quantos ingressos a menos o dono do cinema esperaria vender a um preço mais
elevado. Se o dono aumenta em 15% o preço então ela espera uma queda de 30%
na quantidade de clientes (Ed= %quant / %preço ou 2,0 = %quant / 15% ou %quant
= 2,0 * 15% = 30%). Se o preço era R$ 5,00 e ele tinha uma demanda diária de 200
espectadores. A R$ 5,75 ele espera ter 140 espectadores (200 – 60 onde 60 é 30%
de 200). Ele pode então calcular se vale a pena aumentar os preços. Na situação
atual sua receita é de R$ 1.000,00 (5*200) com o aumento sua receita passará a ser
R$ 805,00 (5,75*140). Dessa forma, neste caso, não vale a pena aumentar os
preços dessa maneira.
Em geral o aumento de preço tem dois efeitos, do ponto de vista do
empresário:
1. Efeito Positivo de vender a um preço mais alto.
2. Efeito Negativo de vender menos.
A decisão de aumentar ou não dependerá de qual dos efeitos supera o outro.

4.3 A Elasticidade-Preço Da Oferta (Eo)


A elasticidade-preço da oferta (Eo) mede a reação dos vendedores às
mudanças no preço.
Essa reação também é calculada pela razão entre dois percentuais. A
variação percentual na quantidade ofertada dividida pela mudança percentual no
preço. Ou seja,
Eo = variação percentual na quantidade demandada
mudança percentual no preço
Dos determinantes o tempo tem grande importância, pois a elasticidade de
curto-prazo será em geral diferente da de longo-prazo. Assim, ao longo do tempo,
quando as firmas têm possibilidade de reagir mais intensamente às variações de
preço, a curva de oferta irá se tornando cada vez mais elástica.

4.4 Elasticidade Renda


É utilizada para medir a reação dos consumidores a mudanças na renda.
Ei = variação percentual na quantidade demandada
mudança percentual na renda
Para bens normais há uma relação positiva entre renda e quantidade
demandada, logo a elasticidade renda é positiva.
Para bens inferiores há uma relação negativa entre renda e quantidade
demandada, logo a elasticidade renda é negativa.
Diz-se que a demanda é renda-elástica se a elasticidade-renda é maior que
um e renda-inelástica se maior que um.

4.5 Elasticidade Cruzada


É utilizada para medir a reação dos consumidores às mudanças de preços de
bens afins.
É definida como a variação percentual na quantidade demandada de um
produto em particular (X) dividida pela variação percentual no preço de um bem afim
(Y):
EXY = variação percentual na quantidade demandada de X
mudança percentual no preço de Y
Para bens substitutos há uma relação positiva entre quantidade demandada
do bem e variação de preço do substituto, logo a elasticidade cruzada de bens
substitutos é positiva.
Para bens complementares há uma relação negativa entre quantidade
demandada do bem e preço do bem complementar, logo a elasticidade cruzada é
negativa.

Exercícios Aula 3
1. Vamos supor que um aumento de 3% no preço de sucrilhos resulte em uma
redução de 6% na sua quantidade demandada. Qual será a elasticidade da
demanda por sucrilhos?
2. Imagine que executivos em viagem e turistas têm a seguinte demanda por
passagens de Nova York para Boston
Qtde. Qtde.
Preço Demandada Demandada
($$$) (Executivos) (Turistas)

150 2100 1000


200 2000 800
250 1900 600
300 1800 400
a. Quando o preço das passagens sobe de $ 200 para $ 250, qual é a elasticidade
preço da demanda (i) dos executivos e (ii) dos turistas?

(Q 2 − Q1 ) /[(Q 2 + Q1 ) / 2]
ε=
( P2 − P1 ) /[( P2 + P1 ) / 2]

3. Imagine que seu esquema de demanda por CD´s seja o seguinte


Qtde Qtde
Preço Demandada Demandada
($$$) (Renda = $ (Renda = $
10.000) 12.000)

8 40 50
10 32 45
12 24 30
14 16 20
16 8 12

a. Calcule a elasticidade preço da demanda para um aumento de $ 8 para $ 10 no


preço dos Cd´s, tanto no cado (i) em que sua renda fosse de $ 10mil quanto (ii)
no de renda igual a $ 12mil.
b. Calcule a elasticidade renda da demanda quando sua renda aumenta de $ 10mil
para $ 12mil, nos casos em que o preço é (i) $ 12 e (ii) $ 16.

Temas para discussão Aula 3


1. O conceito de Elasticidade é aplicável na prática?
2. Você acredita que as empresas têm conhecimento deste conceito?

Sugestão de bibliografia Aula 3


MANKIW, Gregory. Introdução a Economia. Ed Thomson Pioneira, 2004.
Aula 4
5. Custos de Produção
5.1 Introdução
O objetivo básico de uma firma é a maximização de seus resultados para
a realização e continuidade de sua atividade produtiva. Assim sendo, procurará
sempre obter a máxima produção possível em face da utilização de certa
combinação de fatores.
A otimização dos resultados da firma poderá ser obtida quando for
possível alcançar um dos dois objetivos seguintes: a) maximizar a produção para um
dado custo total ou b) minimizar o custo total para um dado nível de produção. Em
qualquer uma das situações, a firma estará maximizando ou otimizando seus
resultados.

5.2 Custos Totais de Produção


Conhecidos os preços dos fatores, é sempre possível determinar um custo
total de produção ótimo para cada nível de produção. Assim, define-se custo total de
produção como o total das despesas realizadas pela firma com a utilização da
combinação mais econômica dos fatores, por meio da qual é obtida uma
determinada quantidade do produto.
Os custos totais de produção (CT) são divididos em custos variáveis totais
(CVT) e custos fixos totais (CFT):

CT=CVT+CFT

Custos Fixos Totais (CFT) – Correspondem à parcela dos custos totais que
independem da produção. São decorrentes dos gastos com os fatores fixos de
produção. Por exemplo: aluguéis, iluminação etc. Na contabilidade empresarial, são
também chamados de custos indiretos.

Custos Variáveis Totais (CVT) – Parcela dos custos totais que depende da
produção e por isso muda com a variação do volume de produção. Por exemplo:
folha de pagamentos, gastos com matérias-primas etc. Na contabilidade
empresarial, são chamados de custos diretos.
Na Teoria da Produção, a análise dos custos de produção é também
dividida em curto e longo prazo:
- Custos totais de curto prazo: São caracterizados pelo fato de serem compostos
por parcelas de custos fixos e de custos variáveis.
- Custos totais de longo prazo: São formados unicamente por custos variáveis. Ou
seja, em longo prazo não existem fatores fixos.

5.3 Diferenças entre a visão econômica e a visão contábil – financeira dos custos de
produção
Existem muitas diferenças entre a ótica utilizada pelos economistas e a
utilizada nas empresas, por contadores e administradores. Em linhas gerais, pode-
se dizer que a visão econômica é mais genérica, olhando mais para o mercado
(ambiente externo da empresa), enquanto na visão ótica contábil-financeira a
preocupação centra-se mais no detalhamento dos gastos da empresa específica.
As principais diferenças estão nos seguintes conceitos: Custos de
oportunidade e custos contábeis, Externalidades, Custos e despesas.

Custos de oportunidade versus custos contábeis


Os custos contábeis são os custos como normalmente são conhecidos na
contabilidade privada, ou seja, são custos explícitos, que envolvem um dispêndio
monetário. É o gasto efetivo da empresa, na compra ou aluguel de insumos.
Os custos de oportunidade são custos implícitos, que não envolve
desembolso monetário. Representam os valores dos insumos que pertencem à
empresa e são usados no processo produtivo. Esses valores são estimados a partir
do que poderia ser ganho no melhor uso alternativo.
Externalidades ( economias externas )
As externalidades podem ser definidas como as alterações de custos e
benefícios para a sociedade derivadas da produção de empresas, ou também como
as alterações de custos e receitas da empresa devidas a fatores externos.
Uma externalidade positiva é quando uma unidade econômica cria benefícios
para outras, sem receber pagamentos por isso. Por exemplo: uma empresa treina a
mão de obra, que acaba, após o treinamento, transferindo-se para outra empresa;
beleza do jardim do vizinho, que valoriza sua casa; uma nova estrada; os
comerciantes de um mesmo ramo que se localizam na mesma região.
Temos externalidades negativas (ou deseconomia externa), quando uma
unidade econômica cria custos para outras, sem pagar por isso. Por exemplo,
poluição e congestionamento causados por automóveis, caminhões e ônibus; uma
indústria que polui um rio e impõe custos a atividades pesqueiras.

Exercícios Aula 4
1. Complete as frases abaixo com o tipo de custo mais adequado.
a. ________________________ é decrescente quando o custo marginal é menor
do que ele e crescente quando o custo marginal é maior.
b. Um custo que não depende da quantidade produzida é um
______________________.
c. Em um indústria de sorvetes, no curto prazo, __________________________ ,
inclui o custo do creme e do açúcar mas não o custo da fábrica.
d. Os lucros são iguais à receita total menos ____________________________ .
e. O custo de produzir uma unidade adicional do produto é
________________________.

2. Sua tia está pensando em abrir uma loja de ferragens. Elas estima que gastará
US$ 500 mil por ano para alugar a loja e comprar o estoque. Além disso ela
deverá abrir mão de seu salário anual de US$ 50 mil como contabilista.
a. Defina custo de oportunidade
b. Qual é o custo de oportunidade, para sua tia, de gerir uma loja de ferragens
durante um ano? Se ela pensa que poderia vender US$ 510 mil em mercadorias
em um ano, ela deveria abrir a loja? Explique.
3. Considere a seguinte informação de custos de uma pizzaria:
Qtde. Custo Custo
total variável
(dúzias) ($$$) ($$$)
0 300 0
1 350 50
2 390 90
3 420 120
4 450 150
5 490 190
6 540 240

a. Qual é o custo fixo da pizzaria?


b. A partir dos custos totais e dos custos variáveis, construa uma tabela com o
cálculo do custo médio, custo variável médio, custo fixo médio e custo marginal.
Temas para discussão Aula 4
1. Qual a importância do controle dos Custos em uma empresa?
2. Qual são as principais fontes de Custos para as empresas?

Sugestão de bibliografia Aula 4


VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de Economia. Ed
Saraiva, 2006.

Aula 5
6. Estruturas de Mercado
6.1 Introdução
Nas aulas anteriores vimos, quais variáveis afetam a demanda e a oferta de
bens e serviços, e como são determinados os preços, supondo sem interferências, o
mercado automaticamente encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo
suposta uma estrutura específica de mercado, qual seja, a de concorrência perfeita.
As várias formas ou estruturas de mercados dependem fundamentalmente
de três características:
a) número de empresas que compõe esse mercado;
b) tipo do produto ( se as firmas fabricam produtos idênticos ou
diferenciados);
c) se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse
mercado.

A maior parte dos modelos existentes pressupõe que as empresas


maximizam o lucro total, especificamente para o caso de estruturas oligopolistas de
mercado, veremos que existe uma teoria alternativa, que pressupõe que a empresa
maximiza o mark-up, que é margem entre a receita e os custos diretos (ou variáveis)
de produção.

6.2 Concorrência pura ou perfeita


É um tipo de mercado em que há um grande número de vendedores
(empresas), de tal sorte uma empresa, isoladamente, por ser insignificante não afeta
os níveis de oferta do mercado e, consequentemente, o preço de equilíbrio.
Nesse tipo de mercado devem prevalecer ainda as seguintes premissas:
- Produtos homogêneos: Não existe diferenciação entre os produtos ofertados
pelas empresas concorrentes.
- Não existem barreiras: para o ingresso de empresas no mercado.
- Transparência do mercado: Todas as informações sobre lucros, preços etc. são
conhecidas por todos os participantes do mercado.
6.3 Monopólio
O mercado monopolista se caracteriza por apresentar condições
diametralmente opostas às da concorrência perfeita. Nele existe, de um lado, um
único empresário (empresa) dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os
consumidores. Não há, portanto concorrência, nem produto substituto ou
concorrente. Nesse caso, ou os consumidores se submetem às condições impostas
pelo vendedor, ou simplesmente deixaram de consumir o produto.
Nessa estrutura de mercado, a curva de demanda da empresa é a própria
curva de demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusiva no mercado, a
empresa não estará sujeita aos preços vigentes. Mas isso não significa que poderá
aumentar os preços indefinidamente.
Para a existência de monopólios, deve haver barreiras que praticamente
impeçam a entrada de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das
seguintes condições: Monopólio puro, elevado volume de capital, patente e controle
de matérias-primas básicas, existem ainda, os monopólios institucionais ou estatais
em setores considerados estratégicos ou de segurança nacional (petróleo, *energia,
*comunicação).

6.4 Oligopólio
É um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno número
de empresas que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um
mercado em que há um pequeno número de empresas, como a indústria
automobilística, ou então onde há um grande número de empresas, mas poucas
dominam o mercado, como a indústria de bebidas.
O setor produtivo no Brasil é altamente oligopolizado, sendo possível
encontrar inúmeros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos,
indústria de papel, indústria farmacêutica etc.
Nos oligopólios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados
entre as empresas por meio de cartéis. O cartel é uma organização formal ou
informal de produtores dentro de um setor que determina a política de preços para
todas as empresas que a ele pertencem.
Podemos caracterizar também tanto oligopólios com produtos diferenciados
(como a indústria automobilística) como oligopólios com produtos homogêneos
(alumínio).
6.5 Concorrência monopolista
Trata-se de uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência
perfeita e o monopólio, mas que não se confunde com o oligopólio, pelas seguintes
características:
a) Número relativamente grande de empresas com certo poder
concorrencial, porém com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja
por características físicas, embalagem ou prestação de serviços complementares
(pós-venda).
b) Margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma
vez que existem produtos substitutos no mercado.
Essas características acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o
preço de seu produto, embora os mercados sejam competitivos (daí o nome
concorrência monopolista).

6.6 Estrutura do Mercado de fatores de produção


Até aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e serviços. O
mercado de fatores de produção – mão de obra, capital, terra e tecnologia – também
apresenta diferentes estruturas.
As estruturas no mercado de fatores de produção são resumidas a seguir:
- Concorrência Perfeita no mercado de fatores: É um mercado onde existe oferta
abundante do fator de produção (por exemplo), (Mão de obra não especializada), o
que torna o preço desse fator constante. Os ofertantes ou fornecedores, como são
em grande número, não têm condições de obter preços mais elevados por seus
serviços.
- Monopsônio: Trata-se de uma forma de mercado na qual há somente um
comprador para muitos vendedores dos serviços dos insumos. É o caso da empresa
que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-se
demandante exclusiva da mão de obra local e das cidades próximas, tendo para si a
totalidade da oferta de mão de obra.
- Oligopsônio: É um mercado onde existem poucos compradores que dominam o
mercado para muitos vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade
existem dois ou três laticínios que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros
produtores rurais locais. A indústria automobilística, além de oligopolista no mercado
de bens e serviços, também é oligopsonista na compra de autopeças.
- Monopólio bilateral: O monopólio bilateral ocorre quando um monopsonista, na
compra de um fator de produção, defronta-se com um monopolista na venda deste
fator. Por exemplo, só a empresa A compra um tipo de aço que é produzido apenas
pela siderúrgica B. A empresa A é monopsonista, porque só ela compra esse tipo de
aço, e a siderúrgica B é monopolista, porque só ela vende este tipo de aço.
Nesses casos, a determinação dos preços de mercado dependerá não só de
fatores econômicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando
pagar o preço mais baixo (usando a força de ser o único comprador), e o
monopolista tentando vender por um preço mais elevado (usando o poder de ser o
único fornecedor).

Principais Características das Estruturas Básicas de Mercado

Característica Concorrência Monopólio Oligopólio Concorrência


Perfeita Monopolista
1. Quanto ao número Muito grande Só há uma empresa Pequeno Grande
de empresas

2. Quanto ao produto Homogêneo. Não Não há substitutos Pode ser Diferenciado


há diferenças próximos homogêneo ou
diferenciado
3.Quanto ao controle Não há As empresas têm Embora Pouca margem
das empresas sobre possibilidade de grande poder para dificultado pela de manobra,
os preços manobras pelas manter preços interdependência devido à
empresas relativamente entre as existência de
elevados empresas, estas substitutos
tendem a formar próximo.
cartéis
4.Quanto à Não é possível A empresa É intensa, É intensa
concorrência Nem seria eficaz. geralmente recorre a sobretudo quando
extrapreço campanhas há diferenciação
institucionais do produto
5.Quanto as Não há barreiras Barreiras de acesso Barreiras de Não há
condições de de novas empresas acesso de novas barreiras
ingresso no mercado empresas

Exercícios Aula 5
1. Diferencie as estruturas de mercado.
2. Exemplifique as estruturas de mercado com empresas da sua cidade.

Temas para discussão Aula 5


1. Qual a conseqüência da existência de monopólio da economia?
2. Porque os consumidores são beneficiados com a concorrência?

Sugestão de bibliografia Aula 5


VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de Economia. Ed
Saraiva, 2006.

Aula 6
7. Teoria do Equilíbrio Geral
7.1 Introdução
A Teoria do Equilíbrio Geral é um conjunto de teoremas microeconômicos. Ela
procura explicar a produção, o consumo e os preços numa economia completa.
O Equilíbrio Geral tenta nos fazer entender uma economia completa utilizando
uma abordagem próxima, iniciando com mercados e agentes individuais. Já a
macroeconomia, desenvolvida pelos chamados economistas Keynesianos, usa uma
abordagem de cima à baixo, aonde a análise inicia se em maiores escalas. Desde
que a moderna macroeconomia começou a enfatizar os fundamentos da
microeconomia, a distinção entre elas diminuiu. Mesmo assim, muitos modelos
macroeconômicos têm simplesmente um ‘mercado de bens’ e estudam sua
interação com o mercado financeiro. O modelo do equilíbrio geral geralmente refere-
se à uma multidão de diferentes mercados de bens. Já os modelos de equilíbrio
geral modernos são normalmente complexos e precisam de computadores para
auxiliar nas soluções numéricas.
No capitalismo, o preço e a produção de todos os bens são inter-
relacionados. Uma mudança no preço de um bem - por exemplo, o pão – pode
afetar outros valores, como por exemplo os salários dos padeiros. Se em uma das
padarias o pão difere em sabor dos outros, a demanda do pão pode ser afetada pela
mudança nos salários dos padeiros, com um efeito conseqüente sobre o preço do
pão. Calcular o preço de equilíbrio de apenas um bem, em teoria, precisa de uma
analise que conte com todos os milhões de diferentes bens que estão disponíveis.
Foi Alfred Marshall, na Inglaterra, em seu livro Princípios de Economia (1920),
quem demonstrou que os preços são determinados simultaneamente por fatores de
custos e de demanda. A análise de Marshall também reconhece as complexas
interdependências que ocorrem num sistema de preços, com a demanda e a oferta
de várias mercadorias interagindo e se afetando reciprocamente.

7.2 História do modelo de Equilíbrio Geral


Uma das primeiras tentativas dos economistas neoclássicos para estipular
preços para uma economia completa foi feita por Leon Walras.
Em seu livro Elementos da Economia Pura, Walras fornece uma sucessão de
modelos, com cada um levando em conta mais aspectos de uma economia real
(duas mercadorias, várias mercadorias, produção, crescimento, dinheiro).
Assim, Walras acabou criando um programa de pesquisas, que resultou na
teoria da utilidade marginal, muito seguido pelos economistas do século 20.
Particularmente, a pauta de Walras inclui investigações sobre quando o equilíbrio é
único e estável.
Walras também introduziu uma restrição na teoria do equilíbrio geral que
alguns acham que nunca se tornou realidade, como o leilão walrasiano.
O leilão walrasiano (ou groping process) é uma ferramenta por investigar
estabilidade e equilíbrio. Os preços são congelados e os agentes registram o
quando de cada bem eles gostariam de oferecer (oferta) ou comprar
(demanda/procura). Nenhuma transação e nenhuma produção são utilizadas como
preços de desequilíbrio. Em vez disse, os preços são abaixados para bens com
preços positivos e excesso de oferta. Os preços são elevados para bens com
excesso de demanda.

7.3 Análise de Equilíbrio Geral


A análise de equilíbrio parcial pressupõe que as atividades em um mercado
sejam independentes das atividades em outros mercados.
Os preços e quantidades de todos os mercados são determinados
simultaneamente, sendo a interdependência entre os mercados considerada
explicitamente.
Um efeito de retro alimentação é um ajustamento de preço ou quantidade em
um mercado causado por ajustamentos de preço e quantidade em outros mercados.
Exemplo: Dois Mercados Interdependentes –Rumo ao Equilíbrio Geral
Situação: Mercados competitivos de Aluguel de fitas de vídeo e Ingressos de
cinema
 Análise de Equilíbrio Geral : O aumento nos preços dos ingressos de
cinema aumenta a demanda por fitas de vídeo.
7.3.1 Eficiência nas Trocas
As trocas aumentam a eficiência, levando a uma situação a partir da qual não
é possível aumentar o bem-estar de qualquer indivíduo sem que alguma outra
pessoa seja prejudicada (eficiência de Pareto).
O comércio é mutuamente benéfico para ambas as partes envolvidas.
Premissas:
- Dois consumidores (países)
- Dois bens
- Ambos os consumidores conhecem as preferências do outro
- As trocas não envolvem custos de transação
8. Economia do Bem Estar
8.1. Introdução
Economia do bem-estar é um ramo da economia que usa técnicas
microeconômicas para determinar simultaneamente a eficiência alocacional dentro
de uma economia e a distribuição de renda associada à ela. Ela tenta atingir o bem-
estar social examinando as atividades econômicas dos indivíduos que constituem a
sociedade.
A economia do bem-estar preocupa-se com o bem-estar dos indivíduos, em
vez de grupos, comunidades ou sociedades, porque ela assume que o indivíduo é a
unidade básica de medida. Também assume que os indivíduos são os melhores
juízes do seu próprio bem-estar, que as pessoas preferem mais bem-estar do que
menos bem-estar, e que o bem-estar pode ser mensurado adequadamente, seja em
termos monetários ou como uma preferência relativa.
O bem-estar social refere-se ao estado utilitário total da sociedade.
Frequentemente, ele é definido como a soma do bem-estar de todos os indivíduos
da sociedade. O bem-estar pode ser medido ou essencialmente em termo de
dólares ou "utilidades", ou mensurado ordinariamente em termos de utilidade
relativa. O método essencial é raramente usado hoje em dia por conta da agregação
de problemas que tornam duvidosa a precisão do método e também por fortalecer
presunções subjacentes.
Esses são os dois lados da economia do bem-estar: eficiência econômica e
distribuição de renda. A eficiência econômica é grandemente positiva e lida com o
"tamanho do bolo". A distribuição de renda é muito mais normativa e cuida de "dividir
o bolo".
Exercícios Aula 6
1. Explique a Teoria do Equilíbrio Geral e a Teoria do Bem Estar
Temas para discussão Aula 6
1. Na realidade, é possível ter um equilíbrio geral na economia?
2. Porque o comércio contribui para a economia dos países?

Sugestão de bibliografia Aula 6


MARSAHL, Alfred. Principles of Economics. Amherst, New York, 1ª edição, 1997.
VARIAN, H. Microeconomia: princípios básicos. Rio de Janeiro: Elsevier,2005.

Aula 7
9. Introdução à Macroeconomia
9.1 Introdução
A macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a
determinação e o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto
nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas
de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio.
Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a Macroeconomia
negligencia o comportamento das unidades econômicas individuais e de mercados
específicos, estas são preocupações da Microeconomia.
Entretanto, embora exista um aparente contraste, não há um conflito entre a
Micro e a Macroeconomia, uma vez que o conjunto da economia é a soma de seus
mercados individuais. A diferença é primordialmente uma questão de ênfase, de
enfoque. Ao estudar a determinação de preços numa indústria, na Microeconomia
consideram-se constantes os preços das outras indústrias. Na macroeconomia
estuda-se a nível geral de preços ignorando-se a mudança de preços relativa dos
bens das diferentes indústrias.
A Teoria Macroeconômica propriamente dita preocupa-se mais com aspectos
de curto prazo. Especificamente, preocupa-se com questões como desemprego, que
aparece sempre que a economia está trabalhando abaixo de seu máximo de
produção, e com as implicações sobre os vários mercados quando se alcança a
estabilização do nível geral de preços.
A parte da Teoria Econômica que estuda questões de longo prazo é
denominada Teoria do Crescimento Econômico.
Na tentativa de se determinar como os preços e as quantidades são
estabelecidos, desenvolveram-se 2 métodos de análise básicos:
- Abordagem de equilíbrio parcial: analisa um determinado mercado sem
considerar os efeitos que este mercado pode ocasionar sobre os demais mercados
existentes na economia.
- Abordagem de equilíbrio geral: acredita-se que tudo depende de tudo, e assim,
se quiséssemos determinar como são formados os preços dos bens, deveríamos
listar todos os bens que são produzidos pela economia e todos os diferentes tipos de
insumos que são utilizados.
A curva de Phillips expressava simplesmente uma curva de oferta agregada
positivamente inclinada. Phillips relacionava a taxa de crescimento dos preços
(inflação) com a taxa de desemprego. Caso a taxa de desemprego fosse mais
elevada, isto indicaria um maior excesso de oferta, e conseqüentemente haveria
uma pressão para que a taxa de crescimento dos salários nominais fosse mais
baixa. Essa taxa menor corresponderia a uma taxa de inflação menor.

9.2 Metas de política macroeconômica


• Alto nível de emprego
• Estabilidade de preços
• Distribuição de renda socialmente justa
• Crescimento econômico

Alto nível de emprego: Desde a Revolução Industrial, em fins do século XVIII, até o
início do século XX, o mundo econômico parece ter funcionado sobre o pensamento
liberal, que acreditava que os mercados, sem interferência do Estado, conduziam a
Economia ao pleno emprego de seus recursos, como se guiados por uma “mão
invisível”, determinariam os preços e a produção de equilíbrio, e, desse modo,
nenhum problema surgiria no mercado de trabalho. Entretanto, a evolução da
economia mundial trouxe em seu bojo novas variáveis, como o surgimento de
sindicatos de trabalhadores, os grupos econômicos e o desenvolvimento de
mercado de capitais e do comércio internacional, de sorte a complicar e trazer
incertezas sobre o funcionamento da economia.
A ausência de políticas econômicas levou à quebra da Bolsa de Nova York
em 1929, e uma crise de desemprego atingiu todos os países do mundo ocidental
nos anos seguintes.
Com a contribuição de Keynes, fincaram-se as bases da moderna Teoria
Econômica, e da intervenção do Estado na economia de mercado, que nos passa
qual o grau de intervenção do Estado na economia e em que medida ele deve ser
produtor de bens e serviços. A corrente dos economistas liberais (hoje neoliberais),
prega a saída do governo da produção de bens e serviços.

Estabilidade de preços: Define-se inflação como um aumento contínuo e


generalizado no nível geral de preços.
Por que inflação é um problema? Primeiramente, porque a inflação acarreta
distorções, principalmente sobre a distribuição de renda, sobre as expectativas dos
agentes econômicos e sobre o balanço de pagamento.
É importante salientar que, enquanto nos países industrializados o problema
central é o desemprego, nos países em via de desenvolvimento o foco mais
importante de análise é o da inflação. Esse tema é de difícil abordagem, dado que
as causas da inflação diferem entre países (deve-se levar em conta, por exemplo, o
estágio de desenvolvimento e a estrutura dos mercados), e num dado país, diferem
no tempo.

Distribuição Eqüitativa de Renda: A economia brasileira cresceu razoavelmente


entre o fim dos anos 60 e a maior parte da década de 70. Apesar disso, verificou-se
uma disparidade muito acentuada de nível de renda, tanto a nível pessoal como a
nível regional. Isso fere, evidentemente, o sentido de eqüidade ou justiça.
No Brasil, os críticos do “milagre” argumentavam que haviam piorado a
concentração de renda no país, nos anos 1967-1973, devido a uma política
deliberada do governo baseada em crescer primeiro para depois distribuir (chamada
Teoria do Bolo).
A posição oficial era de que um certo aumento na concentração de renda
seria inerente ao próprio desenvolvimento capitalista, dada as transformações
estruturais que ocorrem (êxodo rural, com trabalhadores de baixa qualificação,
aumento da proporção de jovens etc.). Nesse processo gera-se uma demanda por
mão de obra qualificada, a qual por ser escassa, obtém ganho extra. Assim o fator
educacional seria a principal causa da piora distributiva.

Crescimento Econômico: Se existem desemprego e capacidade ociosa, pode-se


aumentar o produto nacional através de políticas econômicas que estimulem a
atividade produtiva. Mas, feito isso, há um limite à quantidade que se pode produzir
com os recursos disponíveis, aumentar o produto além desse limite exigirá:
a) Um aumento nos recursos disponíveis;
b) Ou um avanço tecnológico (melhoria tecnológica, novas maneiras de
organizar a produção, qualificação da mão de obra).
Quando falamos em crescimento econômico, estamos pensando no
crescimento da renda nacional per capita, ou seja, colocar à disposição da
coletividade uma quantidade de mercadorias e serviços que supere o crescimento
populacional. A renda per capita é considerada um razoável indicador – o mais
operacional – para se aferir à melhoria do padrão de vida da população, embora
apresente falha (os países árabes têm as maiores rendas per capita, mas não o
melhor padrão de vida do mundo).

9.3 Instrumentos de política macroeconômica


A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade
produtiva e despesas planejadas, com objetivo de permitir que a economia opere a
pleno emprego, com baixas taxas de inflação e uma distribuição justa de renda.
Os principais instrumentos para atingir tais objetivos são as políticas fiscais,
monetárias, cambiais e comerciais, e de rendas.
Política Fiscal – Refere-se a todos os instrumentos que o governo dispõe para
arrecadação de tributos e o controle de suas despesas. Além da questão do nível de
tributação, a política tributária, por meio da manipulação da estrutura e alíquotas de
impostos. É utilizada para estimular (ou inibir) os gastos de consumo do setor
privado.
Se o objetivo da política econômica é reduzir a taxa de inflação, as medidas
fiscais normalmente utilizadas são a diminuição de gastos públicos e/ou o aumento
da carga tributária (o que inibe o consumo). Ou seja, visam diminuir os gastos da
coletividade.
Se o objetivo é um maior crescimento e emprego, os instrumentos fiscais são
os mesmos, mas em sentido inverso, para elevar a demanda agregada.

Política Monetária - Refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda


e de títulos públicos, os instrumentos disponíveis para tal são:
a) emissões b) reservas compulsórias c) open market (compra e venda de títulos
públicos) d) redescontos ( empréstimos do Banco Central aos bancos comerciais )
As políticas monetárias e fiscais representam meios alternativos diferentes para as
mesmas finalidades. A política econômica deve ser executada através de uma
combinação adequada de instrumentos fiscais e monetários.
Pode-se dizer que a política fiscal apresenta maior eficácia quando o objetivo
é uma melhoria na distribuição de renda, tanto na taxação às rendas mais altas
como pelo aumento dos gastos do governo com destinação a setores menos
favorecidos.

Políticas Cambial e Comercial :


A política cambial refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. O
governo, através do Banco Central, pode fixar a taxa de câmbio, ou permitir que ela
seja flexível e determinada pelo mercado de divisas.
A política comercial diz respeito aos instrumentos de incentivos às
exportações e/ou estímulo ou desestímulo às importações, ou seja, refere-se aos
estímulos fiscais.
(crédito - prêmio do ICMS, IPI etc.) e creditícios (taxas de juros subsidiárias) às
exportações e ao controle de importações (via tarifas e barreiras quantitativas sobre
importações).
Política de Rendas
A política de rendas refere-se à intervenção direta do governo na formação de
renda (salários, aluguéis), através de controle e congelamentos de preços. A
característica especial é que, nesses controles, os preços são congelados, e os
agentes econômicos não podem responder às influências econômicas normais de
mercado.
9.4 Estrutura de análise macroeconômica
Tradicionalmente, a estrutura básica do modelo macroeconômico compõe-se
de cinco mercados:
No Mercado de Bens e Serviços para tentar responder como se tem
comportamento o nível de atividades, efetua-se uma agregação de todos os bens
produzidos pela economia durante um certo período de tempo e define-se o
chamado Produto Nacional.
A demanda agregada depende fundamentalmente da evolução da demanda
dos quatro grandes setores ou agentes macroeconômicos: consumidores,
empresas, governo e setor externo.
O Mercado de Trabalho também representa uma agregação de todos os tipos
de trabalhos existentes na economia. Neste mercado, determinamos como
estabelece a taxa salarial e o nível de emprego.
O Mercado Monetário consiste em que todas as transações da economia são
efetuadas através da utilização de moeda. Neste mercado supomos a existência de
uma demanda de moeda (em função da necessidade de transações dos agentes
econômicos, ou seja, da necessidade de liquidez) e uma oferta de moeda,
determinada pelo Banco Central e atuação dos bancos comerciais. A demanda e a
oferta de moeda determinam a taxa de juros.
O Mercado de Títulos consiste de agentes econômicos superavitários e
agentes deficitários. Agentes superavitários são aqueles que possuem um nível de
gastos inferior a seu volume de renda, assim podem efetuar empréstimos para os
agentes econômicos deficitários.
O Mercado de Divisas, como o mercado mantém transações com o resto do
mundo, existem mercados de divisas ou de moeda estrangeira. A oferta de divisas
depende das exportações e da entrada de capitais financeiros, enquanto a demanda
de divisas é determinada pelo volume de importações e saída de capital financeiro.

Exercícios Aula 7
1. Compare os estudos da microeconomia em relação à macroeconomia.
2. Qual a influência da microeconomia na macroeconomia?

Temas para discussão Aula 7


1. O ramo da macroeconomia tem influência no dia a dia das empresas?
Porque?
2. E o impacto no dia a dia dos consumidores?

Sugestão de bibliografia Aula 7


VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de Economia. Ed
Saraiva, 2006.

Aula 8
10. Inflação
10.1 Conceito:
É definida como um aumento persistente e generalizado dos índices de
preços, ou seja, os movimentos inflacionários são aumentos contínuos de preços, e
não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços, devidas às flutuações
sazonais, por exemplo.
As fontes de inflação costumam diferir em função das condições de cada
país, como por exemplo:
a) Tipo de estrutura de mercado (oligopolista, monopolista, etc.).
b) Grau de abertura da economia ao comércio exterior: quanto mais
aberta à economia à competição externa, maior a concorrência interna entre
fabricantes, e menores os preços dos produtos.
c) Estrutura das organizações trabalhistas: quanto maior o poder de
barganha dos sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes de salários acima
dos índices de produtividade, e maior pressão sobre os preços.

10.2 Tipos de Inflação:


Inflação de demanda: Refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à
produção disponível de bens e serviços.
A probabilidade de ocorrer inflação de demanda aumenta quando a economia
está produzindo próximo do pleno emprego de recursos. Nessa situação, aumentos
de demanda agregada de bens e serviços, com a economia já em plena capacidade,
conduzem a elevações de preços, principalmente em setores de insumos básicos.
Para combater um processo inflacionário de demanda, a política econômica
deve basear-se em instrumentos que provoquem uma redução da procura agregada
por bens e serviços (redução dos gastos do governo, aumento da carga tributária,
arrocho salarial, controle de crédito, aumento das taxas de juros).
Inflação de custos: A inflação de custos poder ser associada à inflação tipicamente
de oferta. O nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos
fatores importantes aumentam. Com isso, ocorre uma retração da produção,
deslocando a curva de oferta para trás, provocando um aumento de preços no
mercado.
As causas mais comuns dos aumentos dos custos de produção são:
- Aumentos salariais: Um aumento das taxas de salários que supere os aumentos na
produtividade da mão de obra acarreta um aumento dos custos unitários de
produção, que são normalmente repassados aos preços dos produtos.
- Aumentos do custo das matérias primas: Por exemplo, as crises do petróleo da
década de 70, ao elevar sensivelmente os preços dessa matéria prima, provocaram
um brutal aumento nos custos de produção, em particular nos custos de transporte e
de energia com base no diesel.
- Estruturas de mercado: A inflação de custos também está associada ao fato de
algumas empresas, com elevado poder de monopólio ou oligopólio, terem condições
de elevar seus lucros acima da elevação dos custos de produção.

10.3 Efeitos provocados por taxas elevadas de inflação


Uma das distorções mais sérias provocadas pela inflação diz respeito à
redução relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos
fixos, com prazos legais de reajustes. Nesse caso estão os assalariados que, com o
passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a
chegada de um novo reajuste. Os comerciantes, as indústrias e o próprio Governo
têm condições de repassar os aumentos de custos provocados pela inflação,
garantindo, assim, a participação de sua parcela no produto nacional.
A distorção provocada por altas taxas de inflação, afeta também o balanço de
pagamentos. As elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de
preços internacionais encarecem o produto nacional relativamente ao produzido
externamente. Assim devem provocar um estímulo às importações e um
desestímulo as exportações, diminuindo o saldo da balança comercial, normalmente
lançam mão de desvalorizações cambiais, as quais, tornando a moeda nacional
mais barata relativamente à moeda estrangeira, podem estimular a colocação de
nossos produtos no exterior, ao mesmo tempo em que desestimulam as
importações.
Nas finanças públicas, a inflação tende a corroer o valor da arrecadação fiscal
do governo, pela defasagem existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo
do imposto. Maior a inflação, menor a arrecadação real do governo.
10.4 Curva de Phillips
O trade off entre a taxa de inflação e desemprego pode ser representado pela
curva a seguir:
Taxa de
Inflação

Curva de Phillips

Taxa de desemprego

A Curva de Phillips é utilizada como uma forma de descrever o ajustamento


dinâmico dos preços da economia em função do desvio do produto real em relação
ao produto potencial.
Quando o produto real está muito próximo do produto potencial, a economia
está aquecida, a demanda por trabalhadores aumenta, o nível de emprego está alto
e a tendência dos salários nominais é de elevação. Como os salários são um item
importante no custo das empresas, elas tendem a aumentar os preços.
Ao inverso, se o produto real está muito distante do produto potencial, não há
pressão sobre a produção, a demanda por trabalhadores está fraca e o nível de
desemprego aumenta. Haverá uma tendência de baixa no nível de salários nominais
e preços.

10.5 Inflação Inercial


A inflação inercial resulta da indexação da economia, que é adotada como
forma de convivência da economia com inflação crônica. A sua principal virtude
reside em possibilitar esta convivência, permitindo que os mecanismos de mercado
funcionem mesmo na presença de taxas elevadas de inflação.
Exercícios Aula 8
1. O que é inflação?
2. Diferencie os tipos de inflação?
3. Uma das conseqüências mais claras de todo processo inflacionário é que:
a) o PIB em termos reais permanece estacionário
b) a classe trabalhadora sofre perda de poder aquisitivo
c) a velocidade de circulação da moeda decresce
d) superávit no BP
e) valorização da taxa de câmbio
Temas para discussão Aula 8
1. Como você percebe o aumento de preços?
2. Quais as conseqüências de altos índices de inflação?
Sugestão de bibliografia Aula 8
MANKIW, Gregory. Introdução a Economia. Ed Thomson Pioneira, 2004.

Aula 9

10.6 A Política econômica brasileira de combate à inflação


A inflação tornou-se crônica na economia brasileira a partir dos anos 50,
várias eram as explicações para o surgimento dos déficits governamentais. De um
lado, a necessidade de o governo fornecer a infra-estrutura de transportes, energia,
saneamento etc., para que o setor privado pudesse produzir o volume de bens e
serviços do governo e a conseqüente ineficiência na aplicação de seus recursos,
associadas à impossibilidade do o governo aumentar a carga tributária (e, portanto a
sua receita), dado o baixo nível de renda per capita da população
O governo não podia aumentar os impostos para financiar o desenvolvimento
econômico, fez a opção pela emissão de dinheiro. Com isso gerou-se uma típica
inflação de demanda: quanto mais dinheiro circulava, maiores eram as compras,
relativamente a uma capacidade produtiva que não tinha condições de crescer no
curto prazo.
O período de 1968 a 1973 foi o do milagre econômico, com elevadas taxas de
crescimento obtidas na economia brasileira. Com o crescimento da produção, a taxa
de inflação passou de 25,4 %, em 1968, para 15,7%, em 1973.
A partir de 1973, a crise do petróleo trouxe repercussões profundas na
economia mundial, e, desde essa data, a economia brasileira passou apresentar
taxas de inflação crescente.
O principal mecanismo de política econômica de combate à inflação para a
corrente liberal estava na redução da demanda agregada, através da redução dos
gastos do governo, de uma política salarial mais restritiva e do controle da oferta
monetária (razão pela qual os economistas ortodoxos são também chamados
monetaristas).
Alguns teóricos constataram que a partir de março de 1986, foi mudado o
diagnóstico sobre a inflação brasileira, ou seja, todos os negócios, contratos, etc.
eram firmados com base num índice que procurava garantir a correção monetária
dos valores envolvidos. Dessa forma, todos aos aumentos de preços eram captados
pelo índice, e automaticamente eram repassados para todos os demais preços da
economia, gerando um processo automático de realimentação da inflação. A esse
fenômeno auto-alimentador denomina-se inflação inercial.
A inflação inercial seria provocada, fundamentalmente, pelos mecanismos de
indexação formal (salários, aluguéis, contratos financeiros), e indexação informal
(preços em geral, impostos, e tarifas públicas).
Foi com esse diagnóstico inercialista, que o Plano Cruzado procurou romper
com esse mecanismo de propagação da inflação, congelando os preços, salários e o
câmbio (a chamada política heterodoxa), numa tentativa de eliminar a “memória”
inflacionária.
O Plano Cruzado teve vida efêmera. Muitas foram suas falhas, a começar
pela manutenção do congelamento por um período muito longo (9 meses). Quando
foi implantado, os preços relativos encontravam-se fora do equilíbrio, e muitos
preços estavam defasados, o que provocou o aparecimento do ágio e a maquiagem
de muitos produtos. Por ocasião do descongelamento, no início de 1987, com o
chamado Plano Cruzado II, houve uma nova aceleração inflacionária.
Outros planos, como o Plano Bresser e o plano Verão, ainda durante o
Governo Sarney, e mais tarde o Plano Collor, também utilizaram o congelamento de
preços e salários para tentar conter o processo inflacionário brasileiro.
O Plano Collor, de março de 1990, foi o mais ousado na prática de
inconstitucionalidades, ao promover um bloqueio total nos ativos mantidos pelos
agentes econômicos juntos às instituições financeiras.
Em 1994, no Governo Itamar Franco, implementou-se o Plano Real, este por
sua vez reconheceu que as causas da inflação brasileira estavam no desequilíbrio
do setor público e nos mecanismos de indexação. Numa primeira etapa procurou-se
equilibrar o orçamento público por meio da criação do IPMF, que incidia sobre as
transações bancárias. Numa segunda etapa processou-se a quase total
desindexação da economia, através da mudança da moeda: passagem do cruzeiro
real para URV e desta para uma nova unidade monetária, o real, de forma muita
bem sucedida. A terceira etapa está na consolidação do Plano, que só ocorrerá se
forem implementadas as reformas que visam modernizar a economia, e
principalmente o setor público brasileiro.
A corrente estruturalista: O estruturalista supõe que a causa da inflação se localiza
no comportamento do setor privado (oligopólios, latifúndios) e não do setor público.
Esses economistas tornaram-se defensores de uma economia mais centralizada,
baseada num planejamento e numa grande participação do Estado.
Os estruturalistas consideram que as causas da inflação devem-se aos
conflitos distributivos, que se estabelecem na tentativa dos vários setores da
sociedade buscarem manter ou elevar a sua parcela na renda nacional: os
empresários, através de preços que preservem suas margens de lucros; o governo
através de impostos, preços e tarifas públicas: e os trabalhadores, através de seus
salários. Nessa disputa, segundo os estruturalistas, os principais beneficiários são
os oligopólios os maiores perdedores são os trabalhadores.
Planos de estabilização
 Plano Cruzado
O Plano Cruzado foi um conjunto de medidas econômico-institucionais
descrito pelo Decreto-lei no 2.283, cujas principais medidas foram:
- substituição do cruzeiro pelo cruzado como nova moeda do sistema
monetário brasileiro, 1 cruzado equivalendo a 1.000 cruzeiros;
- conversão geral, por prazo indefinido, dos preços finais dos produtos, ao
nível vigente em 27 de fevereiro (exceto as tarifas industriais de energia
elétrica);
- conversão dos salários com base na média do seu poder de compra nos seis
meses anteriores, e mais um acréscimo de 8% para os salários em geral e de
16% para o mínimo;
- aluguéis e hipotecas seriam convertidos seguindo-se a mesma fórmula
aplicada aos salários, mas sem o aumento de 8%;
- introdução da escala móvel de salários (gatilho), a qual garantia um reajuste
salarial automático a cada vez que o aumento acumulado no nível de preços
ao consumidor atingisse 20%;
- proibição da indexação em contratos com prazo inferior a um ano;
- conversão dos contratos previamente estabelecidos em cruzeiros para
cruzados, de acordo com uma tabela em que o cruzeiro era desvalorizado a
uma taxa mensal de 14% (taxa de inflação mensal esperada contida nos
contratos) em face da nova moeda.
- O regime cambial foi congelado na paridade de 13,84 cruzados por dólar.
Nos primeiros meses, o plano teve aparente sucesso, com controle da
inflação e crescimento econômico. O grande apoio da população deu origem
aos “fiscais do Sarney”. O congelamento transformou-se assim no elemento
do Plano Cruzado de maior apelo popular, o que levaria o governo a sustentá-
lo ao máximo, a qualquer custo, sobretudo por se tratar de ano eleitoral.
Houve uma explosão de consumo, reprimido durante os anos anteriores,
provocada pelo aumento do poder de compra dos salários, além de uma
grande “despoupança”.
Após as eleições estaduais, foi decretada outra ampla reforma
econômica: o Cruzado.

 Plano Bresser
No mês de junho de 87, o novo ministro lançou o Plano de Estabilização
Econômica, mais conhecido como Plano Bresser, um pacote híbrido, com
elementos ortodoxos e heterodoxos, assemelhando-se ao Cruzado em alguns
aspectos, mas procurando evitar os erros já cometidos.
A meta principal do plano era controlar a inflação e evitar uma
hiperinflação. Para tanto o governo tomou as seguintes medidas:
- o gatilho foi extinto, reduziu-se os gastos do governo e as taxas de juros
reais foram mantidas elevadas;
- preços e salários foram congelados por três meses;
- política cambial de desvalorizações diárias para evitar desequilíbrios
externos;
- política fiscal e monetária rigorosas.
No início, o plano atingiu alguns de seus objetivos, baixando a inflação e
o déficit público e expandindo os saldos comerciais, o que possibilitou o fim
da moratória da dívida externa.
Com o passar do tempo, outros problemas começaram a surgir: o plano
perdeu credibilidade junto à opinião pública, os desequilíbrios dos preços
relativos e superávits comerciais causaram pressões inflacionárias, os juros
altos inibiram o investimento e a reforma tributária que fazia parte do plano foi
barrada por restrições de ordem política.

 Maílson da Nóbrega – da política do feijão-com-arroz ao Plano Verão


Seu objetivo era cortar o déficit operacional de 8% para 4% e reter a
inflação ao redor dos 15% ao mês. Dentre as medidas tomadas destacam-se a
suspensão temporária dos reajustes do funcionalismo público e o
adiantamento dos aumentos de preços administrados.
Tal política foi malsucedida e, em julho de 1988, a inflação já
ultrapassava 24% e os preços públicos foram reajustados. Emitia-se moeda
para cobrir os superávits da balança comercial e a nova constituição
dificultava a pretendida redução dos gastos públicos.
Em novembro de 1988, celebrou-se entre governo, empresários e
trabalhadores o chamado pacto social, que estabelecia limites para aumentos
de preços e propunha uma revisão da metodologia de reajustes salariais e um
plano para equilibrar as contas públicas.
O fracasso dessa nova tentativa levou o governo a decretar um novo
plano econômico: o Plano Verão. Em 15 de janeiro de 1989, foi anunciado o
Plano Verão, outro plano misto. Foi introduzida uma nova moeda (Cruzado
Novo), equivalente a mil cruzados e o dólar foi cotado a NCz$1,00 após uma
desvalorização da moeda nacional.
Principais medidas: taxas de juros elevadas, desindexação e a promessa
de ajuste fiscal; os preços foram congelados por tempo indeterminado e os
salários foram convertidos pelo poder de compra médio dos doze meses
anteriores e reajustados em 26,1%, sendo extinto o indexador dos salários.
Em setembro de 1989 o governo suspendeu o pagamento dos juros da
dívida externa, em razão da deterioração do saldo comercial.

 Plano Real e seus desdobramentos

O Plano Real foi um plano de estabilização econômica conduzido sob o


governo de Itamar Franco e desenvolvido pela equipe econômica do Ministério da
Fazenda, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, posteriormente eleito
presidente em 1994.
Em seus primeiros dias, o plano foi denominado pela equipe econômica
"Plano Bacha" e "Bacha 2", devido ao nome de seu principal idealizador, o
economista Edmar Bacha, por muitos considerado o pai do Plano Real. Seu objetivo
primário era controlar a hiperinflação, um problema brasileiro crônico. Combinaram-
se condições políticas, históricas e econômicas para permitir que o Governo
brasileiro lançasse, ainda no final de 1993, as bases de um programa de longo
prazo. Organizado em etapas, o plano resultaria no fim de quase três décadas de
inflação elevada e na substituição da antiga moeda pelo Real, a partir de primeiro de
julho de 1994.

Desenrolar do Plano

O plano foi composto por três principais frentes de ações:


1. Ajuste Fiscal - Combinando aumento de impostos e cortes nos gastos públicos, o
governo procurou reduzir o desequilíbrio entre a arrecadação e os gastos públicos.
2. Desindexação da Economia - após anos de inflação recorrente, os agentes
econômicos passaram a indexar preços a índices de inflação, criando um círculo
vicioso de aumento de preços. A principal ação para reverter este quadro foi a
adoção da URV (Unidade Real de Valor), como forma de eliminar a memória
inflacionária. A URV era definida diariamente através de um cálculo usando como
base uma média diária de inflação através de uma cesta de índices inflacionários.
3. Política Monetária Restritiva - o governo tomou diversas medidas para restringir a
atividade econômica interna, como aumento da taxa básica de juros e aumento dos
depósitos compulsórios.
Consequências
No primeiro momento o plano obteve resultados muito positivos, com controle
da inflação e aumento da taxa de investimentos na economia. A crise de
hiperinflação foi de fato debelada, embora uma persistente inflação residual tenha se
mantido: a inflação acumulada no Brasil nos onze primeiros anos do plano atingiu
165%, segundo pesquisa divulgada pela Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas FIPE, através do IPC, Índice de Preços ao Consumidor.
No entanto, embora a desindexação da economia tenha obtido êxito, o ajuste
fiscal (fundamental para corrigir o desequilíbrio nas contas do governo e assegurar o
controle da inflação no longo prazo) foi bastante limitado.
Nos anos seguintes o governo manteve o controle da inflação tendo como
principal instrumento de política econômica a "âncora cambial", aliada a uma política
de abertura econômica. A manutenção de tal política levou a um crescente
desequilíbrio fiscal, a ponto de se obter déficit primário em 1998.
Tal deterioração das contas do governo foi acompanhada por um grande
crescimento da dívida pública, alavancada pela alta taxa de juros básicos utilizados
pelo governo como forma de atração de capital estrangeiro.
Não há dúvidas quanto ao sucesso do Plano Real em relação ao controle da
inflação. O país deixou de vivenciar taxas de inflação de quatro dígitos ao ano para
conviver com taxas de um dígito ao ano. Segundo o IPC-FIPE, de uma inflação de
2490,99% em 1993 chegou-se à deflação em 1998 e à inflação de 8,64% em 1999.
Os benefícios da queda da inflação foram inúmeros. O desaparecimento do imposto
inflacionário, que incidia de forma mais vigorosa sobre os mais pobres, possibilitou
uma melhoria da renda da camada menos favorecida no momento da estabilização.
Além disso, a queda da inflação possibilitou aos agentes econômicos planejarem
suas contas com mais precisão e segurança, permitindo uma alocação mais racional
da renda, facilitando o planejamento de compras a prazo.
Por outro lado, ao conter a inflação, diversas mazelas da economia brasileira
foram expostas. Diversos instrumentos e soluções propostas estão alinhados com o
chamado modelo econômico neoliberal, que prega a desestatização da economia, a
abertura comercial e financeira, a flexibilização das regras no mercado de trabalho e
a busca de austeridade fiscal. A reforma da previdência, tributária, trabalhista e o
controle dos gastos públicos, que, segundo este modelo, são a solução para não
foram implantadas ou, no caso da previdência, foram implantadas apenas
parcialmente. Por tais conterem medidas que, num primeiro momento, prejudicam
alguns setores da sociedade, ainda são objeto de discussão política.
O mecanismo da URV foi o grande responsável pela desindexação da
economia e pelo fim da memória inflacionária. Algumas medidas fiscais adotadas
desde 1993, como o Fundo Social de Emergência, deram fôlego fiscal para
implantação do Plano Real. Do outro lado, a utilização de elevadas taxas de juros foi
causando a elevação da dívida interna, comprometendo a situação fiscal nos anos
seguintes. O câmbio valorizado e a abertura comercial foram os responsáveis pelo
controle da inflação após a implantação do plano, na medida em que colocaram os
produtos nacionais em concorrência direta com os produtos importados.
O pilar básico do plano foi a valorização artificial da taxa de câmbio, via
utilização de elevadas taxas reais de juros, que vinham sendo praticadas desde
1993. A partir desse momento, buscou-se o incremento das reservas internacionais
de forma a criar um amortecedor para futuras pressões no câmbio. A forte entrada
de recursos no país, notadamente de natureza especulativa, garantiu o crescimento
das reservas e possibilitou a adoção do câmbio valorizado. Entretanto, apesar de
exercer papel importante na queda da inflação, esta política foi responsável pela
ocorrência de diversos problemas na economia.
Além disso, promoveu-se uma forte abertura comercial, baseada na queda
das barreiras tarifárias e não tarifárias do país. Muitas dessas barreiras foram
diminuídas a patamares previstos nos acordos brasileiros para vários anos mais
tarde. Em muitos outros casos o país baixou suas barreiras a produtos de certos
países sem exigir reciprocidade. No caso dos produtos primários isso é notório até
os dias de hoje, quando ainda sofremos com diversas medidas protecionistas,
disfarçadas de medidas anti-dumping ou de barreiras não tarifárias como normas
sanitárias. É claro que a abertura comercial é bem vinda, na medida que proporciona
aumento da concorrência e, conseqüentemente, melhoria dos produtos e queda nos
preços. O que se critica em relação ao Plano Real é a velocidade e a magnitude do
processo de abertura, além da aceitação passiva do governo das medidas
protecionistas de países desenvolvidos contra os produtos brasileiros. Combinada
com a valorização cambial, isto permitiu a entrada maciça de produtos importados
que, por sua vez, acabaram por conquistar fatia importante do mercado interno.
Muitas indústrias sofreram sérias dificuldades, o que ocasionou inúmeras falências e
milhares de demissões. Os casos da industria têxtil e de brinquedos são exemplos
do impacto negativo da política cambial e comercial.
Esta política levou à ampliação significativa do déficit externo brasileiro,
fazendo com que o governo utilizasse as maiores taxas de juros reais da história do
Brasil a fim de atrair capitais para financiar esse déficit. Como já vinha acontecendo
antes do plano, as taxas de juros foram responsáveis pela atração de recursos
externos que financiassem a expansão do déficit, além de funcionar como poderoso
instrumento de manutenção do câmbio valorizado. Há que se lembrar que a elevada
taxa de juros tornou-se maior ainda nos momentos de crise que o país experimentou
nos últimos anos.
Durante a vigência do Plano Real, o país sofreu várias crises econômicas
como a crise mexicana (1994), asiática (1997), russa (1998), a desvalorização
cambial de 1999 e a crise argentina (2001). Há de se ressaltar que a economia
brasileira sofreu essas crises não apenas pelo impacto externo na economia, mas
principalmente pela extrema vulnerabilidade nas contas externas e das finanças
públicas após a adoção do câmbio supervalorizado e do brutal aumento da dívida
pública.
Com isso, em fins de 1998, dada a extrema vulnerabilidade das contas
externas e a percepção do mercado de que era impossível sustentar por mais tempo
o câmbio sobrevalorizado, o Brasil foi obrigado a pegar o maior empréstimo da
história do FMI (Fundo Monetário Internacional), no valor de US$ 40 bilhões. Esses
recursos foram utilizados pelo governo para saldar as dívidas dos investidores
externos que estavam aplicados no Brasil, especialmente nos títulos da dívida
pública atrelados a taxa de juros Selic, que chegou ao auge de 45% ao ano neste
período. Em janeiro de 1999 ocorreu a desvalorização do Real frente ao Dólar. O
fato de o governo ter tomado essa medida após as eleições presidenciais onde o
presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, derrotou o canditato Lula do PT
no primeiro turno é entendido por muitos como manobra politica.
Outro fator que ajudou a financiar o déficit externo foi a ampliação da entrada
de investimentos diretos estrangeiros no país após a adoção do Plano Real. É claro
que os benefícios disso são muitos, como a modernização do parque produtivo, a
geração de empregos e renda e ampliação da concorrência. Por outro lado, existem
diversos problemas como a desnacionalização, o crescimento da remessa de lucros
e importações e o fato de que muitas dessas empresas não contribuem para o
crescimento das exportações. Ao contrário, por atuarem no setor de serviços ou
para não concorrerem consigo mesmas em outros países, trabalham somente no
mercado interno.
A utilização de juros elevados resultou em alguns problemas que até hoje o
governo luta para resolver. O primeiro foi a explosão da dívida interna desde a
implantação do Plano Real e, conseqüentemente, da despesa com juros. O segundo
foi o fraco crescimento econômico apresentado pela economia nos últimos anos e,
em conseqüência disto, o substancial aumento do desemprego.
Crises
Finalmente, com a crise dos Tigres Asiáticos (1997) e da Rússia (1998), a
situação tornou-se insustentável. A aversão do capital internacional ao risco
aumenta rapidamente, exigindo do governo um novo aumento nas taxas básicas de
juros (em setembro de 1998, a taxa de juros real estava próxima de 50% a.a.). Em
novembro de 1998, é assinado um acordo de ajuda com o FMI que impunha duras
obrigações a serem cumpridas.
Em dezembro de 1998, o congresso não aprova a taxação dos servidores
inativos, um dos itens fundamentais para o ajuste fiscal. Concomitantemente alguns
governos estaduais (como o de Minas Gerais) passam a fazer oposição ativa ao
governo.
Não conseguindo mais conter a saída de capital e para não exaurir as
reservas cambiais, em janeiro de 1999 o governo abandona o sistema de bandas
cambiais e deixa a taxa de câmbio flutuante (livre). Em dois meses, o Real se
desvaloriza cerca de 40%. O risco país cresce a níveis alarmantes e a situação piora
muito mais na segunda metade de 2002 com a proximidade das eleições e a cada
vez mais certeira vitória do candidato de oposição Luís Inácio Lula da Silva.
O início do governo Lula é marcado pela austeridade do Banco Central e
consequentemente por um aumento da confiança de investidores estrangeiros. Com
uma política monetária restritiva e aumentos de gastos acompanhados de recordes
de arrecadação, o país esteve distante da ameaça da inflação, e a redução das
desigualdades, marca do Plano Real, avançou. O crescimento econômico, porém,
foi insatisfatório; o Brasil teve baixas taxas de investimento e desempenho inferior ao
de outras economias emergentes.
Exercícios Aula 9

Temas para discussão Aula 9


1. Porque o Brasil teve uma sucessão de Planos de Estabilização?
2. Que tipo de decisões deveriam ter sido tomadas para evitar os altos índices
inflacionários no Brasil?

Sugestão de bibliografia Aula 9


GIAMBIAGI, Fabio; CASTRO, ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORANEA
(1945/2004) CASTRO, VILLELA, Lavinia Barros De; HERMANN, Jennifer. Ed
Campus, 2004.

Aula 10

11. O Setor Externo


11.1 Fundamentos do comércio internacional: a teoria das vantagens comparativas
O que leva muitos países a comercializarem entre si? Esta é uma questão
básica a ser respondida. Os economistas clássicos fornecem a explicação teórica
básica para o comércio internacional através do chamado Princípio das Vantagens
Comparativas.
O Princípio das Vantagens Comparativas sugere que cada país deva se
especializar na produção daquela mercadoria em que é relativamente mais eficiente
(ou que tenha um custo relativamente menor). Esta será, portanto a mercadoria
exportada, por outro lado este país deverá importar aqueles bens cuja produção
implicar um custo relativamente maior.
A Teoria das Vantagens Comparativas foi formulada por David Ricardo em
1817. No exemplo construído por esse autor, existem dois países (Inglaterra e
Portugal), dois produtos (tecido e vinho) e apenas um fator de produção (mão de
obra).

Quant. de homens/hora para a produção de uma Tecidos Vinho


unidade de mercadoria
Inglaterra 100 120
Portugal 90 80

Em termos absolutos, Portugal é mais produtivo na produção de ambas as


mercadorias. Mas em termos relativos, o custo da produção de tecidos em Portugal
é maior do que o da produção de vinho, e na Inglaterra, o custo da produção de
vinho é maior que o da produção de tecidos. Comparativamente, Portugal tem a
vantagem relativa na produção de vinho, e a Inglaterra na produção de tecidos.
Segundo Ricardo, os dois países obterão benefícios ao especializarem-se na
produção da mercadoria em que possuem vantagem comparativa, exportando-a, e
importando outro bem. Não importa aqui, o fato de que um país possa ter vantagem
absoluta em ambas as linhas de produção, como é o caso de Portugal, no exemplo
acima.
A teoria desenvolvida por Ricardo fornece uma explicação para os
movimentos de mercadorias no comércio internacional, a partir da oferta ou dos
custos de produção existentes nesses países. Logo, os países exportarão e se
especializarão na produção dos bens cujo custo for comparativamente menor em
relação àqueles existentes, para os mesmos bens, nos demais países exportadores.
Segundo a corrente estruturalista, os produtos manufaturados apresentam
elasticidade - renda da demanda maior que um e os produtos primários, menor que
um, significando que o crescimento da renda mundial provocaria um aumento
relativamente maior no comércio de manufaturados, acarretando uma tendência
crônica ao déficit no balanço de pagamentos dos países exportadores de produtos
básicos ou primários.

11.2 Determinação da taxa de câmbio


Quando dois países mantêm relações econômicas entre si, entram
necessariamente em jogo duas moedas, exigindo que se fixe a relação de troca
entre ambas. A taxa de câmbio é a medida de conversão da moeda nacional em
moeda de outros países. Exemplo: dólar pode custar 0,97 de real, 1 libra pode
custar 1,27 real etc.
A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer de dois modos:
institucionalmente, através de decisão de autoridades econômicas com fixação
periódica das taxas (taxas fixas de câmbio), ou através do funcionamento do
mercado, onde as taxas flutuam automaticamente, em decorrência das pressões de
oferta e demanda por divisas estrangeiras (taxas flutuantes).
A oferta de divisas é realizada tanto pelo os exportadores, que recebem
moeda estrangeira em contrapartida de suas vendas, como através da entrada de
capitais financeiros internacionais. Como as divisas não podem ser utilizadas
internamente, precisa ser convertida em moeda nacional. Isso é feito pelo Banco
Central da seguinte forma: recebe dos importadores do exterior a quantia em divisas
– dólar, por exemplo, retendo-as em seus cofres, e paga, ao exportador nacional em
moeda nacional, em reais, a importância correspondente.
Uma taxa elevada de câmbio significa que o preço da divisa estrangeira está
alto, ou que a moeda nacional está desvalorizada. Assim, a expressão
desvalorização cambial indica que houve um aumento da taxa de câmbio – maior
número de reais por unidade de moeda estrangeira. Por sua vez, valorização
cambial significa moeda nacional mais forte, isto é, paga-se menos reais por dólar,
por exemplo, tem – se uma queda na taxa de câmbio.
As taxas de câmbio estão intimamente relacionadas com os preços dos
produtos exportados e importadas e conseqüentemente, com o resultado da balança
comercial do país. Se a taxa de câmbio se encontrar em patamares elevados,
estimulará as exportações, pois os exportadores passaram a receber mais reais pela
mesma quantidade de divisas derivadas da exportação; em conseqüência haverá
maior oferta de divisas. Por exemplo: Suponhamos uma taxa de câmbio de 0,90 real
por dólar, e que o exportador vendia 1000 unidades de seu produto a 50 dólares
cada. Seu faturamento era de 50.000 dólares ou 45.000 reais. Se o câmbio for
desvalorizado em 10%%, a taxa de câmbio subirá para 0,99 real por dólar e,
vendendo as mesmas 1000 unidades, receberá os mesmos 50.000 dólares, só que
valendo agora 49.500 reais. Isso estimulará o exportador a vender mais,
aumentando a oferta de divisas.
Do lado das importações, a situação se inverte, pois se os preços dos
produtos importados se elevam, em moeda nacional, haverá um desestímulo às
importações e, conseqüentemente, uma queda na demanda de divisas.

11.3 A inflação interna e seus efeitos sobre a taxa de câmbio


Até aqui analisamos a paridade cambial sem considerarmos os efeitos da
inflação. No entanto, o aumento do nível de preços internos – ocorrência da inflação
– provoca uma redução da taxa real de câmbio, ou seja, com a inflação gera-se,
internamente, uma queda no poder aquisitivo da moeda. Os efeitos da perda do
poder aquisitivo são: um desestímulo às exportações, uma vez que o preço do
produto exportado não sofre correlação equivalente à inflação; e um estímulo às
importações, já que os bens importados, ao não serem corrigidos, ficam mais
baratos.

11.4 A atuação Governamental no mercado de divisas: políticas externas


O governo pode atuar através da política cambial ou da política comercial. A
política cambial diz respeito a alterações na taxa de câmbio, enquanto a política
comercial constitui-se de mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e
serviços.

As políticas cambiais mais freqüentes são:


- Regime de taxas fixas de câmbio;
- Regime de taxas flutuantes ou flexíveis de câmbio
- Regime de Bandas cambiais:
Dentre as políticas comerciais externas, podemos destacar as seguintes:
- Alterações das tarifas sobre importações;
- Regulamentação do comércio exterior.
Exercícios Aula 10
1. Explique a teoria das vantagens comparativas.
2. Qual o impacto da variação da taxa de câmbio na economia?
Temas para discussão Aula 10
1. Você concorda com a teoria das vantagens comparativas?
2. Porque a taxa de câmbio oscila?

Sugestão de bibliografia Aula 10


KRUGMAN, Paul. Economia Internacional – Teoria e Política. Ed Makron Books,
São Paulo, 2006.

Aula 11

11.5 A estrutura do Balanço de Pagamentos


O Balanço de Pagamentos é o registro estatístico – contábil de todas as
transações econômicas realizadas entre os residentes do país com os residentes
dos demais países.
Desse modo, estão registrados no balanço de pagamentos, por exemplo,
todas as exportações e importações do período considerado: os fretes, os seguros,
os empréstimos obtidos no exterior etc. Ou seja, todas as transações com
mercadorias, serviços e capitais físicos e financeiros entre o país e o resto do
mundo.
11.6 O Balanço de Pagamentos apresenta as seguintes subdivisões:
Balança Comercial: Essa conta compreende basicamente o comércio de
mercadorias. Se as exportações FOB excedem as importações FOB, temos um
superávit no balanço de comércio; caso contrário temos um déficit.
Balanço de Serviços: Registram-se todos os serviços pagos/ recebidos pelo Brasil,
tais como fretes, seguros, lucros, juros, royalties e assistência técnica, viagens
internacionais.
Transferências Unilaterais: Também conhecidas como conta donativos, registram
as doações interpaíses. Estes donativos podem ser em divisas como em
mercadorias.
Balanço de Transações Correntes: O somatório dos balanços comercial, de
serviços e de transferências unilaterais resulta no saldo em conta corrente ou
balanço de transações correntes. Se o saldo do balanço de transações correntes for
negativo, temos uma poupança externa positiva, pois indica que o país aumentou
seu endividamento externo, em termos financeiros, mas absorveu bens e serviços
em termos reais no exterior.
Movimento de Capitais ou Balanço de Capitais: Na conta de capital aparecem as
transações que produzem variações no ativo e no passivo externo do país e que,
portanto, modificam sua posição devedora ou credora perante o resto do mundo.
A conta de capital subdivide-se em duas:
Movimento autônomo de capital, na forma de investimentos diretos de empresas
multinacionais, de empréstimos e financiamentos para projetos de desenvolvimento
do país e de capitais financeiros de curto prazo, aplicados no mercado financeiro
nacional.
Movimentos induzidos de capital, para financiar o saldo do balanço de
pagamentos.
Inclui as contas Atrasadas Comerciais (quando o país não paga suas obrigações na
data do vencimento) e Empréstimos de Regulamentação do FMI (quando o país tem
problemas de liquidez internacional).
Cabe uma observação sobre a rubrica Erros e Omissões. É a diferença entre
o saldo do balanço de pagamentos e o financiamento do resultado que surge
quando se tenta compatibilizar transações físicas e financeiras.
A regra internacional é admitir para Erros e Omissões um valor de, no
máximo, 5% da soma das exportações com as importações.
11.7 Organismos Internacionais
As grandes guerras mundiais, assim como os conturbados anos da Grande
Depressão, que culminaram com a crise dos anos 30, provocaram enormes
perturbações na economia de praticamente todos os países, e por seguinte nas
relações econômicas internacionais. Já ao final da Segunda Guerra Mundial
evidenciava-se a necessidade de mudanças no sistema de pagamentos
internacionais.
Tais eram as preocupações reinantes nos últimos anos da Segunda Guerra
Mundial, quando se via no comércio mundial um importante instrumento para
potencializar o desenvolvimento do mundo capitalista.
Dentro desse contexto foram criados os três principais organismos
econômicos internacionais do pós-guerra:
- Fundo Monetário Internacional (FMI): Um dos objetivos principais do FMI é
socorrer os países a ele associados quando da ocorrência de desequilíbrios
transitórios em seus balanços de pagamentos.
- Banco Mundial: Também conhecido por BIRD, foi criado com intuito de auxiliar a
reconstrução dos países devastados pela guerra e, posteriormente, para promover o
crescimento dos países em vias de desenvolvimento.
- Organização Mundial do Comércio (OMC): Foi criada com objetivo básico de
reduzir as restrições ao comércio internacional e a liberalização do comércio
multilateral. Através do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), procurava-se
estruturar um conjunto de regras e instituições que regulassem o comércio
internacional e encaminhassem a resolução de conflitos entre os países. Nesse
sentido, o GATT estabeleceu como princípios básicos: redução das barreiras
comerciais, a não - discriminação comercial entre os países, a compensação dos
países prejudicados por aumentos de tarifas alfandegárias e a arbitragem de
conflitos comerciais.
11.8 O Balanço de Pagamentos do Brasil
O início da contabilização do balanço de pagamentos no Brasil data de 1947,
quando os levantamentos eram feitos pelo Banco do Brasil e pela Fundação Getúlio
Vargas. Atualmente, essa tarefa é atribuição do Banco Central do Brasil. Desde o
início, o saldo do balanço de pagamentos em transações correntes tem sido
predominantemente deficitário, o que é considerado natural para economias pobres,
que dependem de poupança externa para se desenvolver. Na maior parte do
período, os déficits foram decorrência de saldo negativo na conta serviços, pois a
balança comercial mostrou predomínio de resultados positivos. A década de 70
constitui a exceção mais expressiva, pois nesse período o país acumulou déficits
nos balanços comerciais e de serviços. A maior parte das dificuldades na balança
comercial dessa época resultou do brusco aumento dos gastos com importação em
razão do choque do petróleo ocorrido em 1973.
A crise da dívida externa dos anos 80 fez ressurgirem os superávits
comerciais. Essa crise se caracterizou pelo corte abrupto nos fluxos de capitais das
nações industrializadas para as menos desenvolvidas. Além disso, os países
devedores, em particular os da América Latina, foram submetidos a fortes pressões
para pronto pagamento dos créditos tomados no passado. Com isso, foram forçados
a adotar programas de ajustamento que tinham como meta obter rápido incremento
de divisas para honrar os compromissos externos.
Entre 1990 e 1991, houve uma drástica redução dos investimentos diretos no
país, bem como dos empréstimos e financiamentos a longo prazo, reflexo da
insegurança dos investidores internacionais quanto às atitudes do governo Collor.
De 1992 em diante, a crise de confiança em nosso governo foi superada e o país
voltou a captar recursos internacionais em volumes crescentes.
Em julho de 1994, o Plano Real foi implantado. Dentre suas conseqüências,
destaca-se a valorização da moeda nacional, que estimulou importações e reduziu
exportações. Esse fato contribuiu para nova transformação nas relações econômicas
brasileiras com o resto do mundo, deixando o país numa situação muito vulnerável
aos movimentos especulativos internacionais.

 Estrutura do Balanço de Pagamentos

A. Balança Comercial (Mercadorias)

• Importações (débito)
• Exportações (crédito)

B. Balanço de Serviço

• Viagens (turismo)
• Transportes (fretes)
• Seguros
• Rendas de Capitais (juros, lucros, dividendos e lucros reinvestidos pelas
multinacionais).
• Serviços diversos (royalties, assistência técnica)
• Serviços governamentais (embaixadas)

C. Transferências Unilaterais (Donativos em Divisas ou Mercadorias)

D. Balanço de Transações Correntes ou Saldo em Conta Corrente


(Resultado Líquido de A + B + C)

E. Movimento de Capitais Autônomos ( Transações Monetárias )

• Investimento diretos líquidos ( novas firmas estrangeiras )


• Reinvestimentos ( multinacionais já instaladas no país )
• Empréstimos e financiamentos ( Banco Mundial, BID, bancos privados e oficiais
estrangeiros )
• Amortizações
• Capitais de curto prazo

F. Saldo do Balanço de Pagamentos ( Resultado Líquido de D + E )

Temas para discussão Aula 11


1. Qual a vantagem de um país apresentar saldo positivo no BP?
2. Qual a contribuição deste conteúdo para um gestor de negócios?
Sugestão de bibliografia Aula 11
KRUGMAN, Paul. Economia Internacional – Teoria e Política. Ed Makron Books,
São Paulo, 2006.

Aula 12

12. Moeda
12.1 Origens e Função da Moeda
Nas sociedades primitivas, com organização econômica incipiente, a forma de
comércio predominante era o escambo, ou seja, a troca de uma mercadoria
diretamente pela outra.
Desse modo, se um indivíduo dispusesse de uma determinada mercadoria
em quantidade excedente às necessidades de seu consumo, poderia trocar esta
sobra por uma mercadoria de que precisasse com outro indivíduo.
Para diminuir os conflitos de interesse entre as partes intervenientes nas
transações, surgiu o costume de se utilizar como intermediária nas trocas uma
mercadoria que tivesse uma aceitação geral na sociedade, em virtude de sua grande
utilidade para todos os indivíduos. Assim, na Pérsia antiga e na China,
respectivamente, o gado e o sal, eram usados como intermediários nas trocas. Daí,
a origem da moeda, que pode ser definida como um bem que possui aceitação geral
na sociedade e que seja utilizada como forma de pagamento nas transações de
compra e venda.
- Moedas metálicas
- Moeda papel
- Moeda fiduciária ou papel moeda
- Moeda Bancária ou escritural

Funções da moeda
Intermediária nas trocas: os bens e serviços da economia sao transacionados na
forma de moeda
Unidade de conta ou medida de valor: os precos da economia são cotados em
quantidade de moeda.
Reserva de valor : os agentes podem acumular riqueza, acumulando moeda no
tempo.
12.2 Meios de Pagamento
Meios de pagamento são ativos que podem ser usados instantaneamente e
sem restrições para pagamentos a terceiros.
A definição mais convencional de meios de pagamento (M1) é a de que são
constituídos pela soma do papel moeda em poder do público (PMPP) com os
depósitos à vista nos bancos comerciais (Dep):
M1 = PMPP + Dep
Também costuma-se dizer que os meios de pagamentos são os ativos de
liquidez imediata possuídos pelo setor não bancário da economia.

12.3 Oferta Monetária


A oferta monetária é o total de moeda que o público tem a sua disposição
para o pagamento de transações. A oferta de moeda é constituída pelo total dos
meios de pagamento da economia.
O governo controla diretamente uma parcela da oferta monetária ao decidir,
através das autoridades monetárias, o volume de moeda que será emitido.
Entretanto, há uma parcela dos meios de pagamento que está sob controle
apenas indireto do Governo, que é constituída pelos depósitos à vista do público nos
bancos comerciais.

12.4 Quase Moeda


Os ativos, de forma geral, são bens ou direitos que satisfazem às
necessidades humanas. Existe uma categoria de ativos cuja utilidade é a de serem
formas de guardar a riqueza de seu possuidor: são chamados ativos financeiros, que
geralmente rendem juros.
Exemplos  poupança, CDB, fundos de investimentos
Os ativos financeiros que não possuem a liquidez imediata característica da
moeda, mas que apresentam grande grau de liquidez são denominados de quase
moeda.
No Brasil, o Banco Central divulga além de M1, os seguintes conceitos de
moeda:
M2 = M1 + títulos públicos federais
M3 = M2 + depósitos de poupança
M4 = M3 + depósitos a prazo
12.5 Criação e destruição da moeda
A criação ou destruição de moeda envolve uma transação entre o setor
bancário e o setor não bancário da economia.
Ocorrerá criação de moeda quando ocorrer uma troca entre um ativo não
monetário (de liquidez não imediata) do setor não bancário por um ativo monetário
do setor bancário. Ocorrerá destruição de moeda se a troca for entre um ativo
monetário do setor não bancário por um ativo não monetário do setor bancário.
Exemplos:
Criação  empréstimos bancários
Destruição  aplicação financeira

12.6 O processo de expansão da moeda escritural


Se, modernamente, os bancos delimitassem a guardar dinheiro para seus
depositantes, o total dos meios de pagamento seria exatamente igual ao saldo de
papel moeda emitido. Este só poderia estar em mãos do público ou à sua ordem,
depositando e guardando no caixa dos bancos comerciais.
Entretanto, com a evolução dos sistemas, os bancos foram percebendo que
era muito pouco provável que todos os seus depositantes viessem sacar seu
dinheiro no mesmo momento. O que ocorria normalmente é que, ao mesmo tempo
em que alguns vinham sacar, outros depositavam de tal forma que era suficiente
manter somente uma parte do dinheiro depositado no seu caixa para atender ao
público.
Os bancos passaram então a emprestar a terceiros a parcela de moeda que
excedia às suas necessidades de caixa para atender aos depositantes.
Exemplo:
Ativo Passivo
Caixa 400 Depósitos 1000
Empréstimos 600
Total 1000 Total 1000

12.7 As contas do sistema monetário


As contas típicas de um balanço de um banco comercial estão sintetizadas
abaixo:
ATIVO
• Encaixes
Em moedas correntes
Depósitos nas autoridades monetárias
Voluntários
Compulsórios
• Empréstimos ao setor privado
• Empréstimos a órgãos públicos
• Títulos públicos e particulares
• Ativos Permanente
• Demais aplicações
PASSIVO
• Depósitos à vista
• Depósitos à prazo
• Empréstimos externos
• Redescontos
• Demais exigibilidades
• Recursos próprios

O balancete típico do Banco Central será:


ATIVO
• Caixa em moeda corrente
• Empréstimos ao Tesouro Nacional
• Títulos Públicos Federais
• Redescontos
• Reservas Internacionais
• Outras aplicações
PASSIVO
• Papel moeda emitido
• Depósitos dos Bancos Comerciais
Voluntários
Compulsórios
• Depósitos da União
• Recursos próprios
• Demais Recursos
12.8 Teoria Quantitativa da moeda
A Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) é uma das primeiras tentativas da
ciência econômica de estabelecer uma correlação entre quantidade de moeda em
circulação no sistema econômico e o nível geral de preços.
O ponto de partida da TQM é a chamada equação quantitativa:
MV=PT
onde:
M  oferta de moeda
V velocidade de circulaçao da moeda
P  nivel de preços
T  quantidade de transçoes
Esta equação estabelece que o volume de meios de pagamento multiplicado
por sua velocidade (número de transações financiado pela mesma unidade
monetária) é igual ao volume monetário das transações realizadas na economia.
Exemplo:
T = $ 1.000.000,00 M = $ 200.000,00 V=5

12.9 A demanda por moeda


Teoria Clássica
As pessoas demandam moeda com a finalidade de efetuar pagamentos
decorrentes de compra e venda de bens e serviços.
A necessidade de moeda que o sistema econômico precisa para o
financiamento das transações depende:
a) do volume de transações
b) da velocidade da moeda
Teoria Keynesiana
Keynes afirmou que as pessoas demandam moeda por três motivos:
a) Transação
b) Precaução:
c) Especulação:

Exercícios Aula 12
1. Qual o conceito de moeda?
2. Qual são as três funções da moeda?
3. O conceito básico de meios de pagamento M1 , compreende:
a) papel moeda em circulação mais depósitos à vista nos bancos comerciais.
b) papel moeda em poder do público mais depósitos à vista nos bancos comerciais.
c) papel moeda emitido mais depósitos à vista nos bancos comerciais.
d) papel moeda em poder do público mais depósitos à vista e a prazo nos bancos
comerciais.
e) papel moeda em circulação mais depósitos à vista e a prazo nos bancos
comerciais

4. Qual a definição de quase moeda? Quais são os conceitos de moeda divulgados


pelo Banco Central?
5. Assinale qual das transações abaixo corresponde a uma destruição de moeda do
sistema econômico:
a) uma empresa paga em moeda os salários de seus funcionários.
b) Uma empresa resgata uma promissória junto a um banco comercial
c) Uma empresa paga uma duplicata a outra empresa
d) Um banco comercial desconta um título junto às autoridades monetárias
e) Um indivíduo paga uma dívida pessoal a outro indivíduo.

Temas para discussão Aula 12


1. Como a moeda evoluiu ao longo do tempo?
2. Porque o Brasil trocou tantas vezes de padrão monetário?

Sugestão de bibliografia Aula 12


VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de Economia. Ed
Saraiva, 2006.

Aula 13

13. PIB

O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de


todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região (qual seja,
países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano,
etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo
de mensurar a atividade econômica de uma região.
Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo
da conta todos os bens de consumo de intermediário (insumos). Isso é feito com o
intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia
de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB.

13.1 PIB nominal e PIB real


Quando se procura comparar ou analisar o comportamento do PIB de um país
ao longo do tempo, é preciso diferenciar o PIB nominal do PIB real. O primeiro diz
respeito ao valor do PIB calculado a preços correntes, já o segundo é calculado a
preços constantes. Para avaliações mais consistentes, o mais indicado é o uso de
seu valor real, que leva em conta apenas as variações nas quantidades produzidas
dos bens, e não nas alterações de seus preços de mercado. Para isso, faz-se uso
de um deflator (normalmente um índice de preços) que isola o crescimento real do
produto daquele que se deu artificialmente devido ao aumento dos preços da
economia.

 Fórmula para cálculos do PIB


A fórmula clássica para expressar o PIB de uma região é a seguinte:

Onde,
• C é o consumo privado
• I é o total de investimentos realizados
• G representa gastos governamentais
• X é o volume de exportações
• M é o volume de importações

13.2 PIB e PNB


O PIB difere do produto nacional bruto (PNB) basicamente pela renda líquida
enviada ao exterior (RLEE): ela é desconsiderada no cálculo do PIB, e considerada
no cálculo do PNB, inclusive porque o PNB é gerado a partir da soma do PIB mais
entradas e saídas de capital. Esta renda representa a diferença entre recursos
enviados ao exterior (pagamento de fatores de produção internacionais alocados no
país) e os recursos recebidos do exterior a partir de fatores de produção que, sendo
do país considerado, encontram-se em atividade em outros países. Assim (e
simplificadamente), caso um país possua empresas actuando em outros países,
mas proíba a instalação de transnacionais no seu território, terá uma renda líquida
enviada ao exterior negativa. Pela fórmula:
PNB = PIB - RLEE
O país exemplificado terá um PNB maior que o PIB. No caso brasileiro, o PNB
é menor que o PIB, uma vez que a RLEE é negativa(ou seja, envia-se mais recursos
ao exterior do que se recebe).

13.3 PIB per capita


Os indicadores econômicos agregados (produto, renda, despesa) indicam os
mesmos valores para a economia de forma absoluta. Dividindo-se esse valor pela
população de um país, obtém-se um valor médio per capita:

O valor per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade
de vida em um país. Países podem ter um PIB elevado por serem grandes e terem
muitos habitantes, mas seu PIB per capita pode resultar baixo, já que a renda total é
dividida por muitas pessoas, como é o caso da Índia ou da China.
Países como a Noruega e a Dinamarca exibem um PIB moderado, mas que é
suficiente para assegurar uma excelente qualidade de vida a seus poucos milhões
de habitantes.
Atualmente usam-se outros índices - que revelam o perfil da distribuição de
renda de um país (tais como o Coeficiente de Gini ou mesmo índices desenvolvidos
pela sociologia, como o Índice de Desenvolvimento Humano) - para se obter uma
avaliação mais precisa do bem-estar econômico desfrutado por uma população.

13.4 Desempenho do PIB no Brasil


• 2003: crescimento de 1,1%;
• 2004: expansão de 5,7%;
• 2005: crescimento acumulado de 2,9%;
• 2006: crescimento de 3,7% atingindo o PIB um valor total em dólares de US$
1.067 trilhão.

PIB específico
• 2006 (massa salarial): abril a junho = crescimento real de 6,8%;
• 2006 (agricultura): abril a junho = crescimento de 0,8%; (café: incremento de
18,8%; soja = 2,9%);* 2006 (construção civil): a) janeiro a março = expansão
de 7%; b) abril a junho = aumento de 2,6%;* 2006 (empréstimos a pessoas
físicas): abril a junho = ampliação de 31,8% em relação ao acumulado entre
janeiro e março;* 2006-junho (indústria: produção industrial) = queda de
1,3%* 2006-julho (indústria: produção industrial) = crescimento de 0,6%
• 2006 (investimentos): abril a junho = encolhimento de 2,2%;* 2006
(mineralogia: setor extrativo mineral): a) janeiro a março = expansão de
12,6%; b) abril a junho = aumento.
• Fatores que contribuíram para as recentes baixas do PIB = a valorização do
real diante do dólar. Com a baixa do dólar, várias empresas não exportaram,
deixando, assim, as exportações de contribuir para o crescimento do PIB. Já
a produção industrial baixou de nível devido às importações, em especial as
referentes à China.

Exercícios Aula 13
1. Qual a diferença entre PIB Real e PIB Nominal?
2. Calcule o PIB Nominal e o PIB Real, conforme os dados abaixo:

Bem x1 Bem x2
ANO Preço Quantidade Preço Quantidade
1993 25 130 62 180
1994 30 120 70 175
1995 35 110 78 175
1996 40 100 86 170
Temas para discussão Aula 13
1. Como vc percebe as variações do PIB no seu dia a dia?
2. Na sua opinião, o que o governo poderia fazer para elevar a taxa de
crescimento do PIB?

Aula 14

14. Contabilidade Social


14.1 Definições
Segundo Rossetti (1995:18), Contabilidade Social é uma técnica de registro e
de mensuração de um conjunto interligado de grandezas e de variáveis definidas
pela Ciência Econômica. E, com efeito, uma forma especial de estatística
econômica, de natureza contábil, que se propõe a apresentar valores que
expressam os montantes das transações econômicas verificadas em determinada
economia nacional.
Preocupa-se com a definição e os métodos de quantificação dos principais
agregados macroeconômicos, como Produto Nacional, Consumo Global,
Investimentos, Exportações etc.
Também pode ser definida objetivamente como um instrumental que permite
mensurar a totalidade das atividades econômicas, através do Sistema de Contas
Nacionais e Matriz Insumo-Produto (criadas por Leontief).

14.2 Pressupostos básicos

• As contas procuram medir a produção corrente;

• As contas referem-se a um fluxo, normalmente de um ano;

• A moeda é neutra, no sentido de que é considerada apenas como unidade de


medida e instrumento de trocas.

14.3 As três óticas de mensuração da atividade econômica

São elas o Produto, a Despesa e a Renda

• PRODUTO NACIONAL (PN): É o valor de todos os bens e serviços finais


produzidos em determinado período de tempo. Medida do fluxo de produção.
Valor: os preços permitem agregar bens diferentes; moeda é a unidade-padrão de
agregação. Bens e serviços finais: não se consideram os bens e serviços
intermediários. Período de tempo: mês, ano.

• DESPESA NACIONAL (DN): É o valor das despesas dos vários agentes na


compra de bens e serviços finais. DN = Despesas de consumo (C).

Despesas das famílias com bens de consumo, despesas com investimentos das
empresas, gastos do governo e gastos do setor externo.

• RENDA NACIONAL (RN): É a soma dos rendimentos pagos às famílias, que


são proprietárias dos fatores de produção, pela utilização de seus serviços
produtivos.

RN = salários (w) + juros (j) + aluguéis (a) + lucros (l)

Identidade básica: PN = DN = RN

• VALOR ADICIONADO: Consiste no cálculo do que cada ramo da atividade


adicionou ao valor do produto final, em cada etapa do processo produtivo.

VA = VBP - consumo de produtos intermediários; Então: PN = DN = RN = VA

• POUPANÇA (S): É a parcela da RN não consumida no período, isto é, da


renda gerada (salários, juros, aluguéis, lucros), parte não é gasta em bens de
consumo.

S = RN - C

• INVESTIMENTO (I): É o gasto em bens que representam aumento da


capacidade produtiva da economia, isto é, da capacidade de gerar rendas
futuras; É o gasto em bens produzidos, que não foram consumidos no próprio
período e que serão utilizados para consumo futuro.

I = PN - C I = Ibk + DE

• DEPRECIAÇÃO: É o consumo do estoque de capital físico, em dado período.

PNL = PNB -d

• PRODUTO NACIONAL A PREÇOS DE MERCADO E A CUSTO DE


FATORES
PN a preços de mercado (PNpm): é o PN medido a partir dos valores
transacionados no mercado (ou seja, medido pelo preço pago pelo consumidor
final).

PN a custo de fatores (Pncf): é o PN medido a partir dos valores que refletem os


custos de produção, a remuneração aos fatores.

PNpm = Rncf + Ti - Sub

• Renda Líquida de fatores externos (RLFE) : é a remuneração dos ativos


pertencentes a estrangeiros, divide-se em:

1-Renda Enviada ao Exterior (RE): parte do que foi produzido internamente não
pertence aos nacionais (capital e tecnologia). A remuneração desses fatores vai
para for a do país.

2-Renda Recebida do Exterior (RR): recebemos renda devido à produção de nossas


empresas operando no exterior.

• PIB (Produto Interno Bruto): é a renda devida à produção dentro dos limites
territoriais do país.

RLFE = RR - RE

• Produto Nacional Bruto (PNB): renda que pertence efetivamente aos


nacionais, incluindo a renda recebida de nossas empresas no exterior, e
excluindo a renda enviada para o exterior pelas empresas estrangeiras
localizadas no Brasil.

PNB = PIB + RLFE

DESPESA NACIONAL DN = C + I + G + X - M

Exercícios Aula 14
1. Identifique os componentes da Demanda Agregada
2. No que consiste a Renda Disponível?
3. Ache a renda de equilíbrio, conforme os dados abaixo:
C = 50 + 0,7YD
I = 80 G = 120 T = 60 X = 80 M = 50
O que acontece com a renda de equilíbrio, se o Governo reduz seus gastos para
90?

Temas para discussão Aula 14


1. Para serve a Contabilidade Social?
2. Você sabe quem apura estes números?

Sugestão de bibliografia Aula 14


GREMAUD, Amaury P; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; TORNETO
JR, Rudinei. Economia Brasileira Contemporânea. Ed Atlas, 2006.

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