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NO BREJO PARAIBANO
Carlos Dornelles Ferreira Soares (1); Luana de Fátima Damasceno dos Santos (2);
Márcia Verônica Costa Miranda (3); (1) Extensionista Bolsista, graduando em Agronomia,
CCA-UFPB; E-mail: dodo16_carlos@hotmail.com; (2)Extensionista Colaboradora, graduada
em Zootecnia; E-mail: luana_jppb@yahoo.com.br; (3) Professora Orientadora/Coordenadora
Centro de Ciências Agrárias/Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais/PROBEX,
Areia-PB, E-mail: miranda@cca.ufpb.br.
Introdução
Atualmente, o acesso à informação é fator determinante no desenvolvimento social e
econômico de um país e, no Brasil, o uso dos recursos tecnológicos de informática e
comunicação está, ainda, muito limitado a uma pequena camada da população. Isto acaba
acentuando as diferenças sociais. Para combater a exclusão social, faz-se necessário uma
iniciativa de inclusão que possa capacitar as pessoas a ingressarem no mercado de trabalho.
A exclusão digital é um dos fatores que gera a desigualdade, existente na maioria da
população brasileira, especialmente a nordestina. Segundo dados do Mapa de Exclusão
Digital divulgado no início de abril/2003, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ),
juntamente com outras entidades, “aproximadamente 12% dos brasileiros têm computador em
suas residências e pouco mais de 8% encontram-se conectados à Internet.” (FGV et SILVA
FILHO, 2003). Em 2001, 12,64% da população brasileira dispunha de acesso ao computador
e 8,31% à Internet. Atualmente, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio - 2006) 22,4% das famílias declaram ter computador e o acesso à Internet
passou para 16,9% (IBGE, 2007). Um dos fatores que leva a essa situação é a omissão dos
poderes públicos em executar políticas de incentivo à inclusão digital, pois não adianta
ampliar o número de computadores nas cidades, e escolas, sem capacitar os operadores para
seu manejo, fato observado por Silveira, ao afirmar que “em geral, a maioria dos programas
de inclusão digital estão voltados apenas ao acesso à conexão, esquecendo que se trata de um
passo inicial”. Portanto, é essencial que as diretrizes definidas por uma Política Pública de
Inclusão Digital possam promover a disseminação e produção da informação e do
conhecimento, contribuindo para uma inclusão social mais equitativa, além da promoção
natural de inserção no mercado de trabalho, auxiliando na geração de emprego e renda. As
autoridades governamentais devem investir na melhoria da educação pública, que vise à
formação de uma geração capaz de competir no mercado de trabalho e, sobretudo, na
sociedade globalizada, Gonçalves (1999).
O objetivo deste projeto é promover formas de inserir as pessoas das comunidades
circunvizinhas da Universidade no mercado de trabalho, principalmente as do brejo
paraibano, e integrar pessoas comuns (idosos, funcionários, professores de rede pública,
docentes da universidade, dependentes de funcionários e professores) na sociedade através de
uma nova linguagem e conhecimento de novas tecnologias. Procura-se resgatar o status
intelectual da população, fazê-los cidadãos produtivos e redescobrir suas potencialidades,
estimulando-os a uma prática consciente e participativa de cidadania.
Metodologia
Este projeto possui caráter contínuo, tendo 5 anos de execução, com bastante sucesso
na comunidade. O público-alvo, requerido para as turmas, consiste em alunos de escolas
públicas da cidade de Areia e de sua circunvizinhança, incluindo também funcionários e
professores da Universidade Federal, bem como seus dependentes, e os próprios alunos do
Centro de Ciências Agrárias, sendo exigido, para este ano, uma faixa etária mínima de 18
anos.
Esse curso foi elaborado para ter uma duração média de 3 meses, com carga horária de
40 horas, e turmas compostas por 20 vagas. O período de inscrição durou um mês, realizada
na própria Universidade, na Assessoria de Extensão do CCA. Ao término dos cursos, em cada
turma, é realizada uma confraternização para entrega de certificados e palestras para
incentivá-los a continuarem se especializando em outras áreas de conhecimento. As aulas
foram ministradas durante a semana, com atividades durante os turnos manhã e tarde. Além
do horário normal de aulas, oferecemos aulas extras para aplicação de exercícios, exposição
de material complementar e tirar dúvidas existentes sobre o conteúdo ministrado em sala de
aula.
As aulas foram ministradas no Laboratório de Informática Aplicada do Centro de
Ciências Agrárias (LACACIA), com conteúdo envolvendo atividades teóricas e práticas. Os
recursos didáticos utilizados foram projetor multimídia, quadro-branco e pincel, e listas de
exercícios, que foram utilizados como uma forma de melhorar a assimilação do conteúdo do
curso. Além disto, foram confeccionadas apostilas com o conteúdo programático aplicado em
sala de aula.
O conteúdo ministrado para o curso de Informática Básica foi dividido em quatro
módulos:
• Módulo 1: Noções básicas de um computador, visando os seus componentes;
• Módulo 2: Noções sobre Sistemas Operacionais; Windows e utilitários;
• Módulo 3: Editor de texto (Word);
• Módulo 4: Internet, seus recursos e aplicações, com treinamento sobre navegação
dentro desse mundo tecnológico, o correio eletrônico, pesquisas e outros trabalhos.
O conteúdo ministrado para o curso de Informática Avançada foi dividido em 3 módulos:
• Módulo 1: Editor de Planilhas (PowerPoint) – recursos avançados;
• Módulo 2: Planilha Eletrônica – Excel;
• Módulo 3: Internet, seus recursos e aplicações mais avançados.
Resultados e Discussão
Os resultados foram obtidos através de entrevistas e questionários aplicados aos alunos
no inicio dos cursos. Este levantamento é importante para a análise estatística do projeto, com
o objetivo de conhecer as perspectivas e o perfil dos alunos em relação ao curso. São
analisados dados como o estado civil, sexo, faixa etária, grau de instrução, nível de utilização
do computador, programas utilizados em tarefas, entre outros. A Tabela 3 ilustra a
quantificação das turmas em relação ao seu perfil.
Tabela 3- Perfil dos alunos do curso de informática
Quantidade % Total
Faixa Etária
Entre 18-25 anos 41 67,21
Entre 26-40 anos 11 18,03
Entre 40-70 anos 9 14,75
Sexo
Feminino 30 49,18
Masculino 31 50,81
Estado Civil
Solteiro 45 73,77
Casado 16 26,22
Outros 0 0
Nota-se que todos os alunos do curso pertenciam a uma faixa etária bastante
diversificada, onde 67,21% dos alunos tinham entre 18 e 25 anos, contra os 14,75% encontra-
se na faixa etária de 40 a 70 anos. A Figura 1 ilustra melhor a diversidade dos dados.
Figura 1- Perfil dos alunos matriculados, observando a faixa etária
Em relação ao perfil do sexo dos alunos que se matricularam nos cursos, observou-se
um dado bastante importante: alunos do sexo masculino tiveram participação de 50,81%
contra a participação do sexo feminino que se mostra a cada ano crescente, com 49,18%,
ilustrados na Figura 2. Como este projeto está em seu sexto ano de execução, durante os anos
anteriores, a participação feminina mostrou-se sempre muito menor que a masculina.
Entretanto, temos observado que, nos últimos anos, o público feminino tem buscado mais
qualificação e aprimoramento, visando o seu espaço no mercado de trabalho.
Figura 2 – Perfil dos alunos matriculados, observando o sexo presente
Conclusões
Ações, como as propostas neste projeto, são significativas quando se consegue alcançar
o objetivo principal. Proporcionar a essas pessoas o acesso e a democratização das
informações oriundas das tecnologias utilizadas por uma pequena parcela da população
brasileira. A cada semestre percebe-se um acréscimo importante na demanda de alunos para
este trabalho, não somente com relação ao número de participantes, mas por uma preocupação
na formação dos alunos envolvendo tanto o aprendizado dos ambientes tecnológicos como da
convivência social e do trabalho voluntário. Dessa forma, esse projeto tem tomado uma forma
e uma direção no sentido de que a inclusão digital não é apenas o aprendizado das ferramentas
e, sim, dos ambientes tanto de software proprietário quanto do software livre, bem como de
uma oportunidade de estarem incluídos tanto socialmente como digitalmente.
Referências Bibliográficas
SILVEIRA, Sérgio Amadeu da; CASSINO, João (org.). Software livre e inclusão digital.
São Paulo: Conrad Editoras do Brasil, 2003.
SILVA FILHO, Antonio Mendes da. Os três pilares da inclusão digital. Disponível em:
<http://www.espacoacademico.com.br/024/24amsf.htm>. Acesso em 01 set. 2005.
PELLANDA, Nize M. Campos; Schlünzen, Elisa T. M.; Schlünzen Jr., Klaus. Inclusão
digital: tecendo redes cognitivas/ afetivas, Ed. Unisc. 2005.