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8.

DINÂMICA E ELETRODINÂMICA TERMOSFÉRICA

A termosfera é a região da atmosfera terrestre compreendida entre a mesopausa (~100


km de altura) até cerca de 500 km. A temperatura aumenta rapidamente com a altura na região
da baixa termosfera até tornar-se assintótica acima de ~300 km de altura a um valor em média
de ~1000 k. Este comportamento assintótico está associado alto livre caminho médio das
partículas que permite uma rápida troca vertical de calor. Acima de ~500 km o livre caminho
médio torna-se tão grande que as partículas se movem em trajetória balística e o tratamento de
fluido torna-se inaplicável. Esta região é chamada exosfera e a temperatura assintótica é
denominada temperatura exosférica.

Uma característica da termosfera, decorrente do alto livre caminho médio é que a


condutividade térmica, viscosidade e difusão tornam-se processos importantes. A difusão
torna-se tão importante que os constituintes se separam gravitacionalmente de acordo com
suas massas, como é mostrado na figura abaixo.

Fig. 8.1. Estrutura da densidade e composição da atmosfera.

Outra característica da termosfera é a densidade iônica que atinge o máximo da ordem


de 1012 m-3 em ~300 km durante o dia. Apesar dessa densidade máxima ser da ordem de 10-3
da densidade de partículas neutras nessa altura os íons são importantes para influenciar a
dinâmica da atmosfera neutra através da força de Ampère.
A grande variabilidade é também uma importante característica da termosfera. As altas
temperaturas são causadas pela absorção da radiação solar na faixa UV e R-X que variam em
até ordens de magnitude e pela transferência de energia depositada na magnetosfera. Em
conseqüência as temperaturas exosféricas podem variar de 600 K a 2000 K da noite em
períodos calmos ao dia em períodos perturbados em atividade solar máxima. Também as
estruturas dinâmica e eletrodinâmica podem sofrer variações consideráveis.

8.1.EQUAÇÕES E PROCESSOS BÁSICOS NA TERMOSFERA

As equações necessárias para o estudo da termosfera são essencialmente as mesmas


que as utilizadas na baixa e média atmosfera, mas com a diferença que termos adicionais
como difusão e viscosidade que são desprezados no primeiro caso são agora de importância.

1) Continuidade de massa

Para cada espécie tem-se:

∂ni 
mi + ∇ ⋅ ( m i ni v i ) = S i (8.1.1)
∂t

onde mi é a massa da partícula i


ni é a densidade numérica da partícula i

v i é a velocidade da partícula i

Si é a produção ou perda da espécie i

A densidade total de massa é:

ρ = ∑ mi n i (8.1.2)
i

E a velocidade média de massa é:


 1 
v=
ρ
∑m n v
i
i i i (8.1.3)

Certamente, somando (8.1.1) em todas as espécies i tem-se:

∂ρ 
+ ∇⋅ ( ρv ) = 0 (8.1.4)
∂t

ou
Dρ 
+ ρ∇ ⋅ v = 0 , (8.1.5)
Dt

usando-se a derivada total

D ∂ 
≡ +v ⋅∇ (8.1.6)
Dt ∂t

2) Balanço do Momentum

A equação do balanço do momentum em um sistema de referência inercial é:

   
Dv 
ρ + ∇⋅ P = ρ g ∗ + J × Bo + ρe E (8.1.7)
Dt

onde P é o tensor pressão generalizado



g * é a aceleração da gravidade em um sistema sem rotação
 
E e B0 são os campos elétrico e magnético

J eρ e são a corrente elétrica e a densidade de carga assim definidos

 
J = ∑qi ni vi 8.1.8)
i

ρ e = ∑ q i ni , (8.1.9)
i

qi = carga da espécie i
O último termo pode ser desprezado, pois os campos eletrostáticos são extremamente
pequenos.
O tensor pressão P que representa o fluxo de momentum por movimentos moleculares

é 3X3, simétrico ( Pij = Pji ) contém efeitos da pressão escalar e da viscosidade. Cada termo
Pij representa o fluxo do componente j do momentum na direção i. Sua divergência é umaa
quantidade vetorial da forma:

 ∂Pxx ∂Pyx ∂Pzx   ∂Pxy ∂Pyy ∂Pzy   ∂Pxz ∂Pyz ∂Pzz 


∇⋅ P = 
 ∂x + ∂ y + ∂z 
 xˆ + 
 ∂x + ∂ y + ∂z 
 yˆ + 
 ∂x + ∂ y + ∂z 
 zˆ
     
(8.1.10)

Num sistema girando com a terra g* é substituído pelo g efetivo no sistema em rotação.
( )
     
g = g ∗ − Ω× Ω× r = −∇ Φ onde Ωé a taxa de rotação da terra e Φ o geopotencial. O
tensor pressão e a força eletromagnética permanecem inalterados e o termo de Coriolis é
acrescentado, ficando:

  
Dv   
ρ + 2 ρ Ω×v + ∇⋅ P = ρg + J × B0 (8.1.11)
Dt

3) Balanço de Energia

A taxa temporal de mudança da densidade de energia é dada por:

D  v2   
 + ∇ ⋅ ( P ⋅ v + q ) = ρ v ⋅ g + ρ Q + J ⋅ E
   
ρ  u + (8.1.12)
Dt  2 

onde u é a energia interna por unidade de massa



qé o fluxo molecular de energia interna
Q é a taxa de aquecimento líquida por unidade de massa devido a fontes químicas e
processos radiativos

E é o campo elétrico


Em termos de componentes o vetor P ⋅v é:
P ⋅ v = ( Pxx V x + Pxy V y + Pxz V z ) xˆ + ( Pyx V x + Pyy V y + Pyz V z ) yˆ + ( Pzx V x + Pzy V y + Pzz V z ) zˆ

(8.1.13)

Seu significado é um fluxo de energia cinética associada ao fluxo de momentum.

 
ρ v ⋅ g é o trabalho feito pela gravidade,
 
J ⋅ E é a taxa de transferência de energia ao meio material pelo campo magnético

A equação pode ser escrita separadamente para a energia cinética e a energia interna
como:

D  v2       
ρ   + v ⋅ ∇ ⋅ P = ρ v ⋅ g + v ⋅ J × B (8.1.14)
Dt  2 

( )
Du      
ρ − P : ∇v − ∇⋅ q + ρ Q + J ⋅ E + v × B (8.1.15)
Dt

onde:

 ∂v x ∂v y ∂v z
P : ∇v ≡ Pxx + Pxy + Pxz +
∂x ∂x ∂x
∂v x ∂v y ∂v z
+ Pyx + Pyy + Pyz + (8.1.16)
∂y ∂y ∂y
∂v x ∂v y ∂v z
+ Pzx + Pzy + Pzz
∂z ∂z ∂z

onde J ⋅ ( E + v × B ) é o aquecimento Joule do gás.


   

4) Pressão e Energia Interna

Outras equações para fechar o sistema devem ser buscadas na teoria cinética dos gases:

P = ( Pxx + Pyy + Pzz ) 3 (8.1.17)


é definida como a pressão escalar do gás que para um gás perfeito está relacionada á
densidade eemperatura:

p = nkT = ρ RT (8.1.18)

onde n = ∑
i
ni , R = kn ρ é a constante do gás.

p representará a pressão, enquanto os termos i ≠ j no tensor P representarão efeitos viscosos.

A energia interna é devida a dois termos: a energia cinética das moléculas mais a
energia associada aos graus de liberdade internos das moléculas.

3 3
ρu = nkT + ρ u I = p + ρ u I (8.1.19)
2 2
onde ρ u I = 0 para átomos
ρ u I = nkT para moléculas diatômicas

outras relações úteis da TCG são

3
u = c vT , c v = R para átomos (8.1.20)
2
5
cv = R para moléculas diatômicas (8.1.21)
2

Em geral para uma mistura de gases onde c vi é o calor específico para a espécie i,

1
cv =
ρ
∑n m c
i
i i vi (22)

para uma mistura de gases perfeitos

1
c p = cv + R = ∑ ni mi C pi
ρ i
(8.1.23)

C pi = C vi + k mi (8.1.24)
5) Difusão

A expressão geral da velocidade de difusão de uma espécie é num meio com velocidade

média de massa v é dada por Chapman e Cowling, 1970.

∆ij
 
vi − v = −∑
p
[  
( 
) 
∇( n j kT ) − n j m j g − n j q j E + v j × B + n j m j F − DTi

]∇T
T
(8.1.25)
j

onde a soma é sobre espécies j diferentes de i



F – soma das forças de pressão, gravidade e eletromagnética sobre o fluido todo
∆ij , DTi - coeficientes dependentes da composição da TCG
Em estudos da Termosfera, é usual desprezar termos com j ≠ i e usar a fórmula mais
simples

   ∆n
vi − v = − Di  i + (1 + α i )
n
∇T mi  qi    mi  
T

kT
g−
kT
E + vi × B + (
kT
F ) (8.1.26)
 i 

∆ ii ni
onde Di = (8.1.27)
n

αi = DTi Di (8.1.28)

DTi e αi se referem a difusão térmica. Difusão pode ocorrer mesmo na ausência de gradiente
de espécies, mas com gradiente térmico. Partículas mais leves tendem a se difundir para
regiões mais quentes. Na termosfera a difusão térmica é importante para as espécies mais
leves H e He.

Se a difusão térmica é desprezada tem-se:

( )
      
υi mi ni ( vi − v ) = −∇ ( ni kT ) + ni mi g + ni q i E + vi × B − ni mi F (8.1.29)
kT
onde υi = é a frequência efetiva de colisões.
mi Di


As equações (8.1.25) e (8.1.26) são válidas estritamente para valores locais de vi , ni,

etc. Em geral, no entanto, está-se interessado em quantidades v i , ni que representem um
volume maior (1 km3 na termosfera). Para compensar o efeito da inaplicabilidade de (8.1.25)
e (8.1.26) à valores médios em volume introduz-se o conceito de transporte turbulento, que
supõe que o movimento turbulento tende a misturar a atmosfera de uma maneira similar ao
processo de transporte molecular. A velocidade de difusão turbulenta a ser somada em
(8.1.25) e (8.1.260 é:


v Ei = D E ∇ ln ( mi ni ρ ) (8.1.30)

DE depende do volume efetivo onde se faz a média, portanto, depende da escala do fenômeno
em consideração. DE também varia muito com o nível de turbulência. Experiências mostram
que a turbulência cessa bruscamente acima de ~110 km (turbopausa).
A figura abaixo mostra valores de DE e Di.

Fig. 8.2 Coeficientes de difusão.

6) Viscosidade
O tensor pressão P depende além da densidade e temperatura através de µ dos
gradientes de velocidade. Os termos de P são dados por (Chapman e Cowling, 1970).

∂v x 2 ∂v y 2 ∂v z
Pxx = p − µ − − ≡ p + Pxx∗ (8.1.31)
∂x 3 ∂y 3 ∂z

∂v x ∂v y
Pxy = −µ + ≡ Pxy∗ (8.1.32)
∂y ∂x

P* é definido como tensor de fluxo de momentum viscoso. Os outros termos são análogos,
comutando os índices. µ é similar para N2, O2 e O. Para O (Banks & Kocharts)

T 0.69
µ = 1.87 ×10 −5 kg ⋅ m −1 s −1 (8.1.33)
273 .15

Turbulência também contribui para a viscosidade efetiva pelo transporte de momentum.


Esse coeficiente turbulento de viscosidade pode ser adicionado ao coeficiente molecular.

µ E = 2 ρ DE (8.1.34)

7) Condução do Calor

A condução do calor por difusão molecular é dada pelo fluxo:

q = −κ∇T + ∑( ni mi c pi + αi ni kT ) ( vi − v )
  
i
(8.1.35)

onde κ é o coeficiente de condução térmica. κ está intimamente ligado a µ através de


κ =1.5c p µ para gases monoatômicos e boa aproximação para N2 e O2 na termosfera.

Energia também é transportada por turbulência. Como uma parcela de ar transfere calor
por expansão (perde) quando sobe e por compressão (cede) quando desce, há um contínuo
fluxo de calor para baixo mesmo na ausência de ∇ T.
Assim, o transporte de calor por difusão e transporte turbulento de calor é:


[
q E = −ρ D E ∇( c p T ) − g

] (8.1.36)


O sistema agora é completo para o cálculo de vi , ni e T na termosfera, e pode, a

princípio, ser resolvido. Sob convenientes condições de contorno e iniciais e dado Si, Q e E .
No entanto, dificuldades matemáticas e computacionais sugerem que várias simplificações
sejam feitas.

A princípio em problemas de dinâmica e eletrodinâmica termosférica as densidades


eletrônicas deveriam ser resolvidas como certo ni, mas em geral supõe-se essas densidades
conhecidas. As velocidades de difusão de partículas carregadas são resolvidas aplicando-se
  
(8.1.29) mas desprezando-se o gradiente de pressão, a gravidade e o termo F . Assim, vi − v
tal como visto no capítulo anterior são utilizados, juntamente com os conceitos de
condutividade σ o , σ 1 e σ 2 vistos.

8.1.1. ESTRUTURA E DINÂMICA TERMOSFÉRICA EM LARGA ESCALA

As equações mostradas na seção 8.1 podem ser bastante simplificadas se consideramos


que os gradientes horizontais são bem menores que os gradientes verticais. Assim equações
unidimensionais podem ser utilizadas para estudar a estrutura e a dinâmica da termosfera em
larga escala.
A aceleração vertical é pequena através de toda a atmosfera, logo na termosfera também
a equação hidrostática é válida.

 dz ' 
ρ ( z ) = p o exp  − ∫
z
 (8.1.37)
 z o H 

Na termosfera H varia de ~6 km em 90 km a 70 km em 500 km. A pressão e densidade


variam de ordens de grandeza (106 a 107) entre 90 e 500 km e devida a dependência
exponencial em T, em grandes alturas onde T varia entre 600 a 2000 K a densidade varia de 3
ordens de magnitude.
8.1.2. ESTRUTURA TÉRMICA EM ESTADO ESTACIONÁRIO

A equação da energia interna (8.1.15) pode ser usada para inferir importantes resultados
sobre a termosfera em estado estacionário.

Definindo Q* o aquecimento total que inclui o aquecimento químico, radiativo,


turbulento, Joule e viscoso

ρQ ∗ ≡ ρQ + J ⋅ (E +v ×B ) − P * : ∇v
    
(8.1.38)

(8.1.15) pode ser escrito como

Du  
ρ + p∇ ⋅ v + ∇ ⋅ q = ρ Q ∗ (8.1.39)
Dt

Usando a equação da continuidade e a lei dos gases perfeitos, tem-se que:

p Dp p D  p  D

p∇ ⋅ v = − =−   =ρ ( RT ) − Dp (8.1.40)
ρ Dt ρ Dt  RT  Dt Dt

tal que (8.2.39) fica:

D
ρ ( u + RT ) − Dp + ∇ ⋅ q = ρ Q ∗ (8.1.41)
D Dt


Em estado estacionário ∂ ∂t →0 , logo D Dt =v ⋅ ∇. Além disso, considerando os

D ∂
gradientes verticais bem maiores que os horizontais, Dt ≈ v z ∂z (8.1.41) pode então ser

escrito:

∂  ∂p ∂ 
qz = ρQ ∗ −vz  − +ρ ( u + RT )  (8.1.42)
∂z  ∂z ∂z 
Desprezando a difusão no cálculo de qz de (8.1.35) e usando −∂v ∂z = ρ g e c p T = u + RT
vem:

∂  ∂T  ∂ (c pT )    ∂ (c pT ) 
− k + ρ DE  g +   = ρ Q ∗ − ρ v z  g +  (8.1.43)
∂z  ∂ z  ∂ z    ∂z 

Na alta termosfera ρ é muito pequeno e DE desprezível

ρ→ 0

 DE → 0

tem-se:

∂  ∂T 
− κ  =0 (8.1.44)
∂z 
 ∂z 

ou seja o fluxo térmico condutivo é aproximadamente constante com a altura. Como não há
fontes e sorvedouros térmicos importantes no topo da termosfera, então o fluxo por si é zero,
i.e.

∂T
=0 (8.1.45)
∂z

ou seja, a ermosfera torna-se isotérmica para altas altitudes.


O desvio da média global pode também ser estimado pela análise da equação (8.1.43).

Sendo Q∗ a média horizontal da taxa de aquecimento, tem-se

∂ (c pT ) 
( ) 
ρ Q ∗ − Q * ≈ ρ v z g +
∂z 
 (8.1.46)

tal que uma aproximação grosseira para vz é


∂ ( c pT ) 
(
Vz = Q ∗ − Q

) 
g +
 ∂z 
 (8.1.47)

A Equação (8.1.47) diz que regiões com excesso de calor (Q 〉 Q )


∗ ∗
(região subsolar, zona

auroral em períodos perturbados) têm movimentos ascendentes e regiões com déficit

têm movimentos descendentes. Obviamente, pela continuidade de massa, há movimentos


(Q 〈Q )
∗ ∗

horizontais também, do quente para frio na alta termosfera e do frio para o quente na baixa.

8.1.3.AQUECIMENTO TERMOSFÉRICO

Os fatores mais importantes que contribuem com Q* são:


• Absorção de UV solar e R-X
• Entrada de energia magnetosférica
Por dissipação Joule das correntes ou por partículas carregadas se precipitando.
• Aquecimento por turbulência e dissipação de ondas atmosféricas.

A equação (8.1.47) expressa de maneira semi-quantitativa o processo de aquecimento,


subida e deslocamento horizontal do ar. A Figura 8.3 mostra estes movimentos para equinócio
e solstício para condições geomagnéticas calmas, médias e perturbadas.
Figura 8.3. Padrões de circulação média meridional da termosfera para diferentes
condições de aquecimento.

8.1.4.COMPOSIÇÃO EM ESTADO ESTACIONÁRIO


A equação da continuidade com ∂ ∂t =0 fica

  
m i ∇ ⋅ [ n i ( v i − v ) ] = S i − ∇ ⋅ ( mi n i v )
 m n  mn 
= S i − ∇ ⋅  i i ρ v  = S i − ρ v ⋅ ∇  i i  (8.1.48)
 ρ   ρ 

  
vi − v é dado por (8.1.25). Considerando apenas partículas não carregadas e desprezando F

, (8.1.48) e (8.1.25) combinadas fornecem:

∂   ∂ni n ∂T mn 
− Di mi  + (1 + αi ) i + i i +
∂z   ∂z T ∂z kT 

∂  mi ni   ∂ mn 
+ DE ρ    = S i − ρ v z  i i  (8.1.49)
∂ z  ρ  ∂z  ρ 

Analogamente ao caso da estrutura térmica na alta termosfera para altas altitudes a equação
(8.1.49) simplifica:
∂   ∂ni n ∂T m n 
− Di  + (1 + α i ) i + i i g  = 0 (8.1.50)
∂z   ∂z T ∂z kT 

Para as espécies principais, o fluxo líquido entre a termosfera e exosfera é nulo, logo:

∂ni n ∂T mn
+ (1 + αi ) i + i i g = 0 (8.1.51)
∂z T ∂z kT

que expressa o equilíbrio difusivo.

Integrando (8.1.51) tem-se

1+αi
T   z dz ' 
ni = nio  o  exp  − ∫  (8.1.52)
T   zo H i 

kT
onde H i = .
mi g

(8.1.52) tem quase a mesma forma que para a densidade total ρ . Apenas o termo ni que
importante apenas para alguns constituintes aparece a mais.

Note que em (8.1.52) a grande diferença para ρ é que cada constituinte tem o seu Hi.

O equilíbrio difusivo apenas fornece a taxa de queda de cada constituinte com a altura,
mas não as quantidades de cada ni. Isto pode apenas ser obtido resolvendo-se a equação mais
geral (8.1.49).

8.1.5. DINÂMICA DE LARGA ESCALA

Para examinar variações diurnas e outros tipos de movimentos ∂ ∂t deve ser


considerado.

Escrevendo a equação do movimento (8.1.11) com P separado em p e o fluxo de



momentum viscoso P* e usando a Lei de Ohm para eliminar J , tem-se
  
+ 2Ω×v + ∇p + ∇⋅ P = ρ g −σ1 B 2 (v ⊥ − u e ) − σ2 B 2 bˆ ×(v − u e )
Dv ∗     
ρ (8.1.53)
Dt
 
 e E × B
onde v ⊥ é o componente da velocidade perpendicular ao campo magnético, u = éa
B2
velocidade de drift eletrodinâmica da ordem de 30 m/s em latitudes médias e baixas e até

excede 1000 m/s em altas latitudes. v é da ordem de 100 m/s.
As seguintes aproximações são feitas:
D ∂ 
1) Dt → pois v é pequena num sistema em rotação.
∂t

2)
v〈z vH 〈
3) o único termo importante no tensor fluxo de momentum viscoso é


∗ ∂  ∂v h 
∇⋅ P =  µ
 ∂z 
 (8.5.54)
∂z  

que é o fluxo vertical de momentum zonal.


4) O campo geomagnético é dipolar e está alinhado com o eixo de rotação da terra então:

B z = −B p cos θ

1
Bθ = − B p sen θ onde Bp é a intensidade do campo de dipolo e θ a colatitude.
2

Com estas simplificações as componentes horizontais da equação do movimento ficam:

∂vθ  σ 2 BB p  σ1 B p2 1 ∂  ∂vθ 
− 2Ω −  cos θ v + cos 2 θ vθ − µ  =
  ∂z  
φ
∂t  ρ  ρ ρ  ∂z 

1 ∂p σB 2 e σ2 BB p
=− + u + cos θ uφe (8.1.55)
ρr ∂θ ρ θ ρ
∂vφ  σ 2 BB p  σ1 B 2 1 ∂  ∂vφ 
−
 2Ω − 
 cos θv + vφ − µ  =
∂t  ρ 
θ
ρ ρ ∂z 
 ∂z

1 ∂ p σ1 B 2 e σ 2 BB p
=− + uφ − cos θ uθe (8.1.56)
ρr sen θ ∂φ ρ ρ

As forças proporcionais a σ1 são devidas ao arraste iônico. Em médias latitudes o


efeito é desacelerar o vento e em altas latitudes o efeito é de acelerar o vento. Em 300 km o
movimento do ar tende a ser governado pelo balanço entre o arraste iônico e o gradiente de
pressão, com alguma influência da viscosidade.

Também o efeito da viscosidade pode ser avaliado tornando-se as equações (8.1.54) e


(8.1.55) e o balanço entre ∂v ∂t e o termo viscoso.

8.1.6. SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA DINÂMICA TERMOSFÉRICA.

A figura 8.4 mostra ventos e temperaturas computadas para condições de equinócio em


ciclo solar máximo, por Dickinson et al., 1981. Aquecimento solar e Joule por correntes em
altas latitudes são levados em conta. Em 900 km os padrões de vento e temperatura são
simples. Os ventos sopram de lado mais quente para o mais frio e são mais fortes a noite por
causa do reduzido arraste iônico à noite. Em 120 km um forte componente de 12 horas
aparece.
Fig. 8.4.Distribuição global da temperatura calculada (Kelvin) e ventos em dois níveis
de pressão constante para condições equinociais durante ciclo solar máximo.Aquecimento
solar e fontes de calor em altas latitudes são incluídas, A máxima seta para 300 km é 130 m/s
e 90 m/s para 120 km. Fonte: Dickinson et al., 1981.

8.2. ONDAS ATMOSFÉRICAS NA TERMOSFERA

Como foi visto, um dos aspectos dinâmicos de maior importância na atmosfera são as
ondas em diversas escalas de tempo e comprimento. Essas ondas, geradas principalmente na
baixa e média atmosfera atingem a termosfera onde são dissipadas devido aos efeitos viscosos
presentes. Veremos alguns aspectos da teoria de ondas atmosféricas aplicadas a condições da
termosfera.

Em movimentos ondulatórios, que são adiabáticos com primeira aproximação a entropia


específica, é conservada para processos termodinâmicos reversíveis. É portanto, conveniente
usar a entropia como variável dependente nas equações.
A entropia s está relacionada com a energia interna u por:

Ds Du 
ρT =ρ + p∇⋅ v (8.2.1)
Dt Dt

Du
Utilizando Dt de resultado anterior vem:


D s ∇⋅ q Q∗
ρ + =ρ (8.2.2)
Dt T T

ou

 
Ds q  q ⋅ ∇T Q∗
ρ + ∇⋅   =− + ρ (8.2.3)
Dt T  T2 T


Substituindo q no segundo membro de (8.2.3) (desprezando difusão e condução turbulenta de
calor)


ρ
Ds q 
+ ∇ ⋅   =κ
( ∇T ) 2 + ρ Q ∗
(8.2.4)
Dt T  T2 T

Que assegura que a condução térmica leva a uma produção líquida de entropia.

A entropia pode ser também relacionada às mudanças de pressão e densidade.

Ds 1 D
= ( cv T ) + R ∇⋅v
Dt T Dt

1 D  cv p  R Dρ
=  −
T Dt  R ρ  ρ Dt

cv  1 DP p Dρ  R Dρ
=  − 2 −
RT  ρ Dt ρ Dt  ρ Dt

c v D p c p Dρ
= − (8.2.5)
p Dt ρ Dt

Também a pressão p pode ser relacionada com as quantidades q e Q*

Dp D Dρ DT
= ( ρ RT ) = RT +ρR
Dt Dt Dt Dt

 R Du
= −ρRT ∇ ⋅ v + ρ
cv Dt

 R Ds 
= − p∇ ⋅ v + ( ρT − p∇ ⋅ v )
cv Dt

cp  R 
=− p∇ ⋅ v + ( ρQ * − ∇ ⋅ q ) (8.2.6)
cv cv
 
= −γp∇⋅ v + (γ −1)( ρQ * − ∇⋅ q ) ,

cp R
onde γ = e = γ −1 .
cv cv

As equações (8.2.6), (8.2.2) e a do momentum podem ser linearizadas e fornecer:

    
∂v 
ρ + 2 ρΩ×v = −
∇ p '+ρ' g −∇⋅ P + J × B

(8.2.7)
∂t

ρ
∂s '
+ ρ vz
ds
=−

∇⋅q'
+
ρQ∗ ( ) '

(8.2.8)
∂t dz T T

∂ p'
∂t
 
[
− ρgv z + γ p∇⋅ v = (γ −1) − ∇⋅ q '+ ρ Q ∗ ( )]
'
(8.2.9)

ds ′ ds c v ∂p ′ c p ∂ρ ′ c v dp c p dρ
= vz = − + vz − vz
dt dz p ∂t ρ ∂t p dz ρ dz

(8.2.10)

cv cp
onde s ' = p '− ρ' (8.2.11)
p ρ

d s c v d p c p dρ 1  cp d 
= − = g + ( RT )  (8.2.12)
dz p dz ρ dz T  R dz 

Equações (8.2.7) a (8.2.10) formam um conjunto completo para a solução de v , s’ e P’ se

(ρQ )

∗ '
e J são conhecidos e se q ′ é expresso em função de s’ e p’.

8.2.1. EQUAÇÃO DE ENERGIA DA ONDA

As equações (8.27), (8.2.8) e (8.2.9) podem ser manipuladas para fornecer

∂ 2 2
 ρ v + p' + ρg  
s ' 2  + ∇⋅ ( p ' v ) =
∂t 
 2 2γ p 2c p ds dz 


=
 c T
g s'
( ds dz )
+
γ −1 p ' 
γ P 
[ 
 − ∇⋅ q ′ + ρ Q

( ) ] − v ⋅ ∇⋅ P
' ∗   
+v ⋅J ×B (8.2.13)
 p 

∂ 
O termo em ∂t é a densidade de energia da onda e o vetor p’ v é o fluxo de energia. O

segundo membro dá as fontes líquidas de energia.

A equação (8.213) pode ser simplificada para uma atmosfera isotérmica, também

usando q ′ = −k∇T ' , fica:

∂ 2 2
 ρ v + p' + ρg    kT ' ∗ 
s ' 2  + ∇⋅ p ' v − ∇T '+P ⋅ v  =

∂t  2 2γ p 2c p ( ds dz ) 
  T 

 
=−
k
( ∇T ') 2 + P ∗ :∇v + T ' ( ρ Q ∗ ) ' + v ⋅ J × B (8.2.14)
T T

∗ 
Esta equação mostra que a viscosidade molecular P :∇v sempre leva à destruição da

 k
energia da onda, pois é sempre negativo. Condução térmica − ( ∇T ') 2  também leva
 T 
sempre à destruição de energia.

O termo
T'
T
( ρQ ∗ ) indica que se calor é fornecido onde
'
T '〉 0 há geração de energia

ondulatória.
  
O último termo v ⋅ J ×B pode ser positivo ou negativo. Se representar apenas o arraste
iônico leva a perda, se há fortes correntes acionadas por fontes magnetosféricas o termo é uma
fonte de ondas.
As equações (8.2.7) a (8.2.9) podem ser usadas para o estudo de ondas lineares.
Desprezando-se os efeitos dissipativos e de Coriolis, casos limites podem ser obtidos
facilmente e surge que do balanço entre ∇p ' e a força inercial as soluções permitidas são

ondas que se propagam com a velocidade do som


c 2 = γ gH . (8.2.15)

Perturbações que produzem desprezível oscilação em pressão e representam um balanço


entre a aceleração inercial e o efeito gravitacional, produzem ondas com frequência N dada
por

g ds g  c p  d ( RT )  
N2 = = g +   (8.2.16)
c p dz c p T  R  dz  

que é a frequência de Brünt-Vaisäla.


Para o caso sem dissipação e sem rotação as equações (8.2.7)-(8.2.9) fornecem a relação
de dispersão para as ondas com campos da forma

 z   
exp  − + ik z z + ik h ⋅ r + iωt  (8.2.17)
 2H 

Como já visto. A relação de dispersão pode ser avaliada como:

2
N2  ω 2   c2   2 −γ 
k = 2
2
1 − 2   − 1 −   (8.2.18)
z
c  N   (ω k h ) 2   2γ H 

Onde propagação é possível no ramo de baixa frequência ω 〈N (ondas de gravidade) e alta

frequência ω 〉 γ g 2C .
É interessante notar que na termosfera estes parâmetros variam consideravelmente,
como mostrado nas figuras abaixo..

Fig. 8.5. Estrutura da velocidade do som na atmosfera.

Fig, 8.6. Estrutura do período de flutuabilidade da atmosfera.


8.2.2. DISSIPAÇÃO DE ENERGIA DE ONDAS DE GRAVIDADE

Processos dissipativos tornam-se de grande importância na Termosfera. Para avaliar


este efeito investiga-se o lado direito da equação (8.2.13) na ausência de fontes de calor e
campos elétricos supõe-se também que os gradientes verticais são muito maiores que os

horizontais e que v H 〉 vZ〉 .

O lado direito de (8.2.13) torna-se:

2  2
k  ∂T '   ∂v h  2  
T

 ∂z   −µ 
 ∂z  − σ1 B v h ⋅ v ⊥
 (8.2.19)
   

que representa o negativo da taxa de dissipação da energia da onda por unidade de volume.
Deve-se achar uma escala de tempo para a dissipação da energia da onda. Isto é feito
comparando (8.2.19) com a densidade de energia da onda. Para ondas de períodos longos a
densidade de energia da onda é dada por:

c 2 p' p ′ ∗
K E+ P E= 2 (8.2.20)
u h 2γ p

Para comparar (8.2.19) com (8.2.20) deve-se expressar (8.2.19) em termos de p ' p '∗ (
p ' ∗ complexo conjugado).

Para o 1o termo em T ' tem-se


( ln p ) = − g
∂z RT

∂  p'  g T'

p  = RT T '=
∂z  
2
TH

com p ' ondulatório


T' 1  p'
=  + ik z H 
T 2  p

para T isotérmico

2
∂T ' T 1  p'
=  + ik z H 
∂z H 2  p

então o 1o termo em (8.2.19) fica:

2
k  ∂T '  k  ∂T ' ∂T '∗ 

T

 ∂z   = − 2T Re 
 ∂z ∂z  
   

2
kT 1 2 p ' p '∗ KT  N 2 H 2  p ' p '∗
=−  + ik z H 
2
=−  
2H 2 4  p
2
2H 2 2
 U h  pz

k TN 2γ  N 2H 2 
=− 2  2  ( PE + K E) (8.2.21)
c p  uh 

Substituindo N = g c p T , c 2 = γ gH e p = ρ gH fica
2 2

2
k  ∂T ' 
− 
 ∂z   = −υc ( P E + KE ) (8.2.22)
T  

k N 2H 2
com υc = (8.2.23)
cp ρ H 2 u h2

υc em dimensão de T −1 e representa a taxa com que a energia da onda é dissipada por


condução térmica. O termo viscoso de (8.2.19) (2o) e arraste iônico (3o) também podem ser
expressos de uma maneira similar.
 2
 ∂v   
− µ  h  − σ 1 B 2 v h ⋅ v h = −(υV + υσ ) ( P E + KE ) (8.2.24)
 ∂z 

onde

µ N 2H 2
υV = (8.2.25)
ρ H 2 u h2

σ1 2
υσ = B (8.2.26)
ρ

 
O campo magnético foi suposto vertical, tal que v ⊥ foi substituído por v h .
A dissipação da onda por condução térmica e viscosidade se dá a taxas similares,
comparando (8.2.23) com (8.2.25) tem-se (usando k =1.5µc p .)

υc =1.5υV .

Por isso, considera-se υc e υV juntos e referem-se a eles por “dissipação molecular”. Essa
dissipação aumenta rapidamente com a altura devido a 1 ρ. Depende também de u h

(velocidade horizontal da onda). Ondas com v h pequeno têm também λz pequeno, logo

ondas com λz pequenos são dissipadas mais rapidamente.

A figura mostra a variação com a altitude de υc +υv para u h = 300 m/s e u h


= 600 m/s.
Fig. 8.7. Coeficiente de dissipação de ondas de gravidade..

Como ondas com v h lentas são dissipadas rapidamente, apenas ondas com altas
velocidades de fato são encontradas acima de 200 km.

A dissipação por arraste iônico é em geral menor que a dissipação molecular e depende
da concentração eletrônica sendo, portanto, bem maior durante o dia, como mostrado na
figura.

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