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Segue um artigo sobre um sistema de tratamento de águas residuais muito utilizado em Portugal: as fossas
sépticas. Texto adaptado do "Manual dos Sistemas Prediais de Distribuição e Drenagem de Águas", de
Vitor M. R. Pedroso, edições do LNEC. Este tipo de informação é sempre útil. Será dividido em duas
partes, sendo a primeira destinada às fossas em si e a segunda aos órgãos complementares de tratamento.
1. Generalidades
Sempre que se verifique a inexistência de sistema público de recolha de águas residuais domésticas,
torna-se essencial a criação de meios que possibilitem a depuração dessas águas residuais, de modo a que
posteriormente possam ser lançadas numa linha de água ou infiltradas no solo. O processo de tratamento
privado dos efluentes domésticos mais generalizado no nosso país é, sem dúvida, aquele que recorre às
fossas sépticas, seguidas de trincheiras de infiltração, leitos de infiltração, poços de infiltração, trincheiras
filtrantes ou filtros de areia enterrados (órgãos complementares). A escolha destes órgãos
complementares a instalar a jusante da fossa séptica depende de vários factores, tais como área de
implantação do sistema, afastamento de poços de água, tipo de solo, topografia, etc. Uma fossa séptica é
constituída por um ou mais reservatórios onde as águas residuais domésticas são mantidas, de modo a
possibilitar a que estas sejam sujeitas a uma acção mecânica (sedimentação e flotação) e a uma acção
biológica (digestão anaeróbia ou fermentação séptica). A entrada das águas residuais na fossa deve sofrer
um substancial redução na sua velocidade, de modo a possibilitar que as matérias sedimentáveis que
transportam, sob a acção do próprio peso, se separem do líquido e se acumulem no fundo, formando
lamas. As matérias transportadas de menor densidade (gorduras, detritos vegetais, etc.) flutuantes,
aglomeram-se à superfície, formando a escuma ou crosta. Assim, a concepção das fossas deverá ser de tal
forma que a velocidade das águas residuais no seu interior sejam inferiores à velocidade a que se dá o
processo anteriormente referido. Deverão ser dotadas de meios físicos que impeçam a saída dos
elementos flutuantes, possibilitando que se dê adequadamente toda a acção mecânica. Em seguida, estas
substâncias retidas no interior da fossa (escumas e lamas), sofrem uma acção biológica, a qual consiste na
sua transformação de matéria orgânica em matéria mineral, acompanhada de libertação de gases,
processada através de uma fermentação do tipo anaeróbio. Não deverão ser encaminhadas para as fossas
grandes quantidades de gorduras ou de detergentes, uma vez que a acção bacteriana pode ser prejudicada,
em maior ou menor escala, um função dessas quantidades. Tendo em conta o que atrás foi referido,
alguns projectistas preferem encaminhar para as fossas apenas as águas residuais provenientes de
aparelhos destinados a receber dejectos humanos, encaminhando as águas saponáceas ou de lavagens
directamente para os meios complementares de tratamento. No entanto, uma fossa séptica bem
dimensionada está em perfeitas condições de receber e tratar essas águas residuais. Não deverão ser
encaminhadas para as fossas sépticas águas residuais pluviais.
2. Fossas Sépticas 2.1. Tipos e formas de fossas sépticas 2.1.1. Considerações gerais As fossas sépticas
são geralmente de um dos seguintes tipos:
2.1.2. Fossas sépticas de dois andares Nas fossas sépticas de dois andares, o compartimento destinado à
decantação sobrepõe-se ao destinado à digestão. Este tipo de fossas não tem uma aplicação muito
generalizada no nosso país, talvez fundamentalmente por obrigar frequentemente a operações de
manutenção, destinadas à remoção das escumas do decantador, de modo a que estas não prejudiquem o
processo de decantação.
2.1.3. Fossas sépticas de um compartimento Neste tipo de fossas, tanto a acção mecânica (decantação)
como a acção biológica (digestão) sobre as águas residuais afluentes, processam-se no mesmo
compartimento.
2.1.4. Fossas de vários compartimentos AS fossas sépticas de vários compartimentos são constituídas por
dois ou mais compartimentos. Estas câmaras possibilitam que o processo de decantação perturbado de
certa forma no primeiro compartimento, pela excessiva quantidade de gases devidos à fermentação, possa
completar-se nos outros compartimentos, uma vez que se verificará a existência de uma menor
quantidade de lamas, uma fermentação mais lenta, logo uma menor produção de gases.
2.2. Disposições Construtivas e de utilização No que se refere ao número de compartimentos das fossas,
alguns estudos têm revelado não haver grande vantagem num elevado número destes. Preferencialmente,
como forma de aumentar a sua eficiência, deverão ser consideradas fossas com um mínimo de dois
compartimentos, sendo no entanto admissível a utilização apenas de um compartimento, quando a mesma
se destina ao tratamento das águas residuais de uma habitação unifamiliar ocupada por um pequeno
número de utilizadores, ou quando utilizada sazonalmente. Um critério a adoptar para o estabelecimento
do número de compartimentos poderá basear-se nos seguintes pressupostos: - Evacuação do efluente da
fossa para massa de águas significativa
- Evacuação do efluente da fossa para massa de água reduzida ou para infiltração no solo