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RESUMO
A discussão sobre a mais adequada idade para a pessoa adquirir a responsabilidade
penal no Brasil sempre volta à pauta após fatos que movimentam a opinião pública e que
envolvem menores de 18 anos. Neste trabalho abordamos os argumentos mais lembrados
pelos defensores da redução da maioridade penal e aqueles apresentados pelos que são contra
essa redução. A questão que se coloca é: a simples redução da idade para a imputabilidade
penal, atualmente fixada em 18 anos, é a melhor solução no combate à criminalidade, em
especial nos grandes centros urbanos? No desenvolvimento do artigo fazemos um estudo a
respeito tratamento dispensado ao menor infrator ao longo da história do Brasil, bem como
sobre o critério para a determinação da imputabilidade penal entre nós, acentuando-se que a
inimputabilidade não pode ser confundida com impunidade. Analisamos o tema à luz do
direito comparado e apresentamos alguns dados empíricos decorrentes de levantamentos
estatísticos feitos no Brasil, envolvendo crimes cometidos por menores de 18 anos, os
motivos para essas práticas infracionais, as diferentes medidas sócio-educativas previstas na
atual legislação aplicável e os resultados verificados quando aplicadas. Também abordamos
interessante experiência adotada no Estado do Rio Grande do Sul, a denominada “justiça
instantânea”, que levou à redução da reincidência. Refletimos ainda sobre relevante questão: o
menor, que tem a capacidade para alguns atos da vida e para entender o caráter criminoso de
sua conduta, possui o necessário desenvolvimento e maturidade para determinar-se diante de
um fato ilícito? Basta compreender a ilicitude da conduta para ser tido como imputável penal?
Sustentamos que não. Concluímos que a questão da criminalidade, inclusive aquela que
envolve menores de 18 anos, não se resolve com propostas que mais parecem soluções
mágicas, como se isso fosse possível na complexa realidade brasileira. Antes, necessário se
faz a implementação de uma séria política de segurança pública ampla, integrada, ágil e
intersetorial, a qual se incorpore todo o aparelhamento estatal. O simples tratamento mais
rígido ou a mera redução da maioridade penal não são instrumentos capazes de alterar nossa
realidade sócio-cultural.
Palavras-chave
Responsabilidade penal. Redução da maioridade penal. Inimputabilidade penal. Violência.
Criminalidade.
INTRODUÇÃO
A discussão sobre a redução da menoridade penal no Brasil sempre volta à pauta após
crimes que movimentam a opinião pública, nos quais menores de 18 anos se envolvem.
Em datas mais recentes tem-se dois fatos marcantes: o primeiro, em novembro de
2003, refere-se às condutas cometidas em Embu-Guaçu/SP por R. A. A. C., conhecido como
“Champinha”, que, aos dezesseis anos de idade, juntamente com outros comparsas matou a
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tiros e facadas os estudantes Liana Friedenbach e Felipe Caffé, depois de estuprar e permitir
que outros estuprassem a jovem; o segundo, ocorrido no início de fevereiro de 2007, trata-se
da brutal morte de João Hélio Fernandes Vieites, um menino de 6 anos que foi arrastado por 7
(sete) km, aproximadamente, pelo veículo que, após o violento roubo, era conduzido pelos
seu praticantes, fatos pelos quais foram acusados alguns maiores, como Carlos Eduardo
Toledo Lima, de 23 anos, e Diego Nascimento da Silva, de 18 anos, bem como o menor E., de
16 anos.
No direito pátrio, como todos sabem, os menores de 18 anos são penalmente
inimputáveis e ficam sujeitos às normas da legislação especial, conforme a dicção do artigo
228 da Constituição Federal. Com a mesma disposição tem-se o artigo 27 do Código Penal.
Alguns propõem a redução dessa idade para 16 anos e outros até para 14 anos. Há,
inclusive, projetos de lei tramitando pelo Congresso Nacional que consubstanciam tais
propostas. Será esse um caminho indicado para o arrefecimento da violência no Brasil ou a
proposta diminuição da idade para a inimputabilidade penal não passa de mais uma falácia?
O professor da disciplina “Direito da Criança e do Adolescente” na Escola Superior da
Magistratura/RS, João Batista Costa Saraiva, Juiz de Direito da Vara da Infância e Juventude
naquele Estado da federação, lembra que, em regra, no debate sobre o tema existem duas
posições antagônicas: a dos seguidores da doutrina do direito penal máximo e a dos adeptos
do abolicionismo penal. A primeira defende a necessidade de aplicação de mais elevadas
penas privativas de liberdades e maior rigor nas condenações por práticas delitivas; a segunda
sustenta que o direito penal está falido e que o problema da insegurança decorre mais de
fatores sociais, em face do que defende que a tutela de bens e direitos não deve ser efetivada
no campo penal, mas sim por outro ramo do direito (2003, p. 70).
Os argumentos mais lembrados pelos defensores da redução da maioridade penal são
os seguintes:
a) cada vez mais adultos se servem de adolescentes nas ações criminosas, o que
impossibilita a efetiva e eficaz ação da polícia e da justiça;
b) quanto à capacidade para a responsabilidade penal, o jovem pode votar aos 16 anos
e hoje tem acesso a muitas informações, o que propicia o seu precoce amadurecimento e, pois,
condições para responder penalmente por suas condutas;
c) é muito elevado o número de adolescentes que cometem crimes graves, o que
indica a necessidade de mudança no tratamento legal a eles dispensado, que deve ser o
previsto no Código Penal.
Já outras vozes se colocam contra as propostas de redução e argumentam que:
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caráter criminoso de algumas condutas. A criança de pouca idade sabe que é errado matar,
ferir ou subtrair algum bem de outrem.
Se for esse o critério a ser adotado para a determinação da idade da maioridade penal
tem-se que muito sério ficaria o quadro, pois não é demais lembrar que no antigo Catecismo
Romano a idade da razão era atingida aos 7 (sete) anos, e a partir desse marco a criança
poderia inclusive cometer um pecado tido como “mortal” (Catecismo da Igreja Católica,
2000, n° 1.307, p. 361). Ou seja, se bastasse o discernimento poder-se-ia sustentar que a
criança com sete anos de 7 seria possível imputar a prática de um crime, processá-la e julgá-la
consoante as disposições do Código Penal e Código de Processo Penal.
Ocorre que, consoante já se anotou neste trabalho, só é possível falar-se na
imputabilidade quando a pessoa tem capacidade de compreender a ilicitude de sua
conduta e de agir de acordo com esse entendimento. Logo, a conduta só poderá ser tida
como reprovável se o seu autor possuir “certo grau de capacidade psíquica que lhe permita
compreender a antijuricidade do fato e também a de adequar essa conduta a sua consciência.
Quem não tem essa capacidade de entendimento e de determinação é inimputável,
eliminando-se a culpabilidade”, nas palavras do professor Julio Fabbrini Mirabete (2003, p.
217).
Será que é possível afirmar com a necessária segurança que o adolescente tem
maturidade suficiente para não somente entender o caráter ilícito de sua conduta, mas em
especial de determinar-se de acordo com esse entendimento? Sustentamos que não e, assim,
não se pode equipará-lo ao criminoso adulto, que já possui as capacidades de entendimento e
de determinação.
Assim, muito mais adequado é que o adolescente infrator seja trabalhado com
eficiência para beneficiá-lo com os processos pedagógicos indicados no ECA e, assim,
modificar-se em suas condutas.
Como bem assevera Saraiva (2007), a experiência dos Juizados da Infância e da
Juventude no Rio Grande do Sul comprovam que, quando são observadas com seriedade as
medidas previstas no ECA e aplicadas com responsabilidade, “diversos adolescentes,
internados por infrações gravíssimas, como homicídio e latrocínio, têm logrado efetiva
recuperação, após um período de internação”. Nota-se ainda, que, observada a
progressividade no cumprimento das medidas sócio-educativas, os menores infratores “têm
passado da privação total de liberdade à semi-liberdade e à liberdade assistida. Muitos passam
algum tempo prestando serviços à comunidade, numa forma de demonstrar a si próprios e à
sociedade que são capazes de atos construtivos e reparadores”.
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Como são punidos os praticantes de crimes em outros países? Quando o ser humano é
considerado penalmente responsável?
A maioridade penal aos 18 anos predomina na maioria dos países. Todavia, há Estados
que reduziram essa idade, conforme observa Júlio Fabbrini Mirabete:
Esse mesmo limite de idade (18 anos) para a imputabilidade penal é
consagrado na maioria dos países (Áustria, Dinamarca, Finlândia, França,
Colômbia, México, Peru, Uruguai, Equador, Tailândia, Noruega, Holanda,
Cuba, Venezuela, etc). Entretanto, em alguns países podem ser considerados
imputáveis jovens de menor idade, como 17 anos (Grécia, Nova Zelândia,
Federação Malásia); 16 anos (Argentina, Birmânia, Filipinas, Espanha,
Bélgica, Israel); 15 anos (Índia, Honduras, Egito, Síria, Paraguai, Iraque,
Guatemala, Líbano); 14 anos (Alemanha, Haiti); 10 anos (Inglaterra)”
(MIRABETE, 2003, p. 216 - negritos nossos)
Inglaterra a lei é mais dura, porém há movimentos populares pleiteando seja suavizado o
tratamento legal aos menores praticantes de condutas criminosas.
E, para uma melhor análise do problema, em face das propostas de diminuição da
maioridade penal no Brasil, convém lembrar na Espanha e ha Alemanha houve a redução
dessa idade para 16; porém, constatada a ineficácia da medida, alguns anos depois nos dois
países a imputabilidade penal retornou aos 18 anos. Na Alemanha, atualmente, a legislação é
até mais branda, pois se o autor do crime contar entre 18 e 21 anos de idade o juiz pode
decidir pela aplicação do código juvenil, mais leve, ou pelo julgamento consoante a legislação
aplicada aos adultos.
No Brasil, entre 12 e 18 anos, o autor de delitos fixa sujeito a medidas sócio-
educativas e pode, inclusive, sofrer restrição de sua liberdade em instituições próprias para
adolescentes (correspondente ao regime fechado dos adultos) por tempo máximo de 3 anos.
Em seguida, o juiz pode determinar sua colocação numa instituição de semi-liberdade
(correspondente ao regime semi-aberto dos adultos) por mais 3 anos.
De fato, na pesquisa realizada pelo referido instituto entre junho de 2000 e abril de
2001 com 2.100 adolescentes acusados da prática de ato infracional na Capital de São Paulo,
apenas 1,4% eram acusados da prática de homicídio. Os índices oficiais da Coordenadoria de
Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo – CAP – revelam
que no período de janeiro a outubro de 2003 os menores de 18 anos foram autores de apenas
0,97% dos homicídios dolosos em todo o Estado de São Paulo. (Fonte:
http://www.risolidaria.org.br/estatis/view_grafico.jsp?id=200406080001).
Esses dados estatísticos mostram que é equivocada a idéia da redução da idade penal
como estratégia para reduzir a criminalidade violenta, pois são cometidos por menores
infratores menos de 2% de delitos que têm essa natureza e seriam atingidos por eventual
alteração no artigo 228 da Constituição Federal e artigo 27 do Código Penal. Uma reflexão
não apaixonada e mais racional das pesquisas atrás anotadas leva à conclusão de que 98% dos
crimes de mais elevada gravidade são cometidos por pessoas que contam mais de 18 anos de
idade e que recebem o tratamento previsto no Código Penal e Leis Penais Especiais.
Mário Volpi (1999, pp. 56-57) confirma o último dado ao asseverar que a grande
maioria dos adolescentes pesquisados - 96,6% - não concluiu o ensino fundamental. A
porcentagem de analfabetos é de 15,4% e dos 4.245 adolescentes sujeitos dessa pesquisa,
2.498 - 61,2%, portanto - não freqüentavam a escola por ocasião da prática do ato infracional.
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contraria a finalidade de reeducação e ressocialização, além do caráter retributivo que lhe são
inerentes.
O artigo 112 do ECA prevê as seguintes medidas: advertência, obrigação de reparar o
dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semi-
liberdade, internação em estabelecimento educacional e qualquer uma das previstas no artigo
101, I a VI.
Quanto à reparação do dano, medida altamente pedagógica, nota-se que raramente é
aplicada. Henriqueta Sharf Vieira, a esse respeito, anota quanto à pesquisa realizada em Santa
Catarina:
A medida sócio-educativa de obrigação de reparar o dano, embora
simples, de fácil aplicação e bastante pedagógica, não foi muito usada
nas Comarcas pesquisadas. [...] Tal fato reflete, talvez, um certo
esquecimento por parte de Promotores de Justiça e Juízes da Infância
e Juventude dos benefícios desta, ressalvada, é claro, a possibilidade
do adolescente em compensar o prejuízo causado (VIEIRA, 1999, p.
59).
conforme o artigo 112 da LEP, enquanto o menor poderá cumprir até 3 (três) anos de medida
de internação - a que corresponde o regime fechado.
Ou seja, é falaciosa a argumentação fundada na alegada impunidade do menor infrator
que, na prática, fica em regime fechado (internação) por tempo superior aquele a que se
submete o maior que comete a mesma espécie de crime.
E, quanto à idade máxima para o menor cumprir a medida de internação, recentemente
o Supremo Tribunal Federal entendeu que o prazo máximo é de 3 (três) anos e que é possível
sua transferência para o regime de semiliberdade, que pode perdurar até a liberação
compulsória aos 21 anos. Para conferir:
O Juiz da Infância e da Juventude do Rio Grande do Sul, José Antônio Daltoé Cezar
(2007), noticia que no caso de flagrante delito o adolescente é encaminhado à Delegacia que,
constatando a prática do crime, imediatamente comunica os pais ou os responsáveis pelo
infrator e os chama para lá comparecerem. Assim, acompanharão todos os atos do
procedimento até o seu final. Em seguida o menor é encaminhado ao Ministério Público que,
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Conforme assegura o Juiz da Infância e Juventude no Rio Grande do Sul, João Batista
Costa Saraiva (2007), no artigo “A idade e as razões: não ao rebaixamento da imputabilidade
penal”, o resultado desse modelo, em Porto Alegre, é a redução da reincidência e também a
mudança no perfil dos menores infratores, constatando-se que muitos adolescentes da classe
média são levados a juízo, o que raramente se verificava antes da implantação da “Justiça
Instantânea”. Esse dado enfatiza outro aspecto muito positivo para qualquer área da justiça:
com esse modelo em comento não se pode dizer que a justiça só existe para os pobres.
Não obstante as propostas para a redução da maioridade penal contem com forte apoio
popular, há outra séria preocupação se qualquer delas foi acolhida: se os presídios são tidos
como faculdades do crime, colocar neles os adolescentes infratores, em companhia de adultos,
redundaria na rápida integração desses menores nos grupos de organizações criminosas. E
convém lembrar que os dois grupos que atualmente mais amedrontam o Rio de Janeiro e São
Paulo (“Comando Vermelho” e “PCC”) nasceram justamente dentro dos nossos presídios.
A isso se acrescente o significativo déficit de vagas no sistema penitenciário pátrio. É
de todos conhecida a realidade que mostra a existência de milhares de mandados de prisão
para serem executados, mas não há muito esforço nesse cumprimento, inclusive por falta de
vagas nos presídios. Diante desse quadro, sem que o Estado tenha condições de efetivar
prisões de maiores delinqüentes, com que autoridade poderia reduzir a maioridade penal,
sabendo-se que essa medida não concorreria para a redução da criminalidade violenta?
É insensato sustentar a falência do nosso sistema prisional e nele querer inserir os
menores de 18 anos. Se isso ocorresse, dentro de alguns anos, qual seria a situação brasileira
em relação à criminalidade? Que resultados a sociedade colheria do envolvimento e
convivência dos menores de 18 anos com integrantes dos grupos organizados que se formam
dentro dos estabelecimentos penitenciários?
A propósito, para resgatar um importante pedaço da história do direito no Brasil, não é
demais registrar que em sua obra “Direito Penal da Emoção” (1992), Maria Auxiliadora
Minahin lembra que é necessário defender a conquista da inimputabilidade dos menores de 18
anos e ao fazê-lo cita o Ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal, Bento Faria que, ao
comentar o artigo 30 do Código Penal de 1890, que fixava a inimputabilidade dos jovens até
14 anos, relata várias decisões dos tribunais, determinando a soltura de menores recolhidos
em prisões de adultos por falta de instituições adequadas. Essa observação leva à indagação:
depois de aproximadamente 117 anos, tempo em que houve inquestionáveis conquistas
humanitárias no Brasil, é razoável o retrocesso que significaria a redução da maioridade
penal?
CONCLUSÃO
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A maioria da população brasileira, talvez sem mais aprofundada reflexão e muito mais
em decorrência dos clamores veiculados nos meios de comunicação, nas pesquisas tem se
manifestado a favor da redução da maioridade penal. Fazem-no porque induzidos na crença
de que esta medida poderia devolver a paz social que todos desejam e seria a mágica solução
para o gravíssimo problema da segurança pública no Brasil. Essas premissas constituem grave
equívoco, como esperamos ter contribuído para entendê-lo.
A questão, nos debates, sempre fica centrada na redução da maioridade penal e no
aumento do prazo de internação dos menores infratores. Todavia, há um outro ponto
importante a ser debatido: é o da recuperação de menores infratores, essa sim, uma medida
que concorrerá para a redução da criminalidade e violência, além da coragem para admitir que
a miséria e a falta de educação são as maiores razões das condutas ilícitas dos adolescentes.
Assim, em vez de redução da maioridade penal impõe-se a adoção de uma séria
política de segurança pública, que se mostre ágil, integrada e suficientemente ampla, na qual
devem ser incorporados todos os aparelhos do Estado e de suas instituições, sendo
indispensável o envolvimento dos vários setores da sociedade: empresários, organizações não
governamentais, igrejas, associações, etc.
A idéia da redução da maioridade penal é “saída” muito fácil para os legisladores e
administradores públicos. A sociedade cobra e o legislativo atua, popularescamente,
aprovando a medida “desejada”. Assim, as vozes que clamavam voltam ao silêncio como se o
grave problema da criminalidade violenta estivesse resolvida.
Se adotada, inquestionavelmente o problema continuará presente, em face de suas
causas que não são combatidas com seriedade. Em conseqüência, num futuro breve poderá
surgir outra proposta de redução da idade para a imputabilidade penal, quem sabe a 12 (doze)
anos, e mais adiante para 10 (dez). Quem sabe não chegará o dia em que alguns justifiquem a
punição de nascituros, especialmente se pobres suas genitoras.
Nos momentos de crises decorrentes de acontecimentos que marcam mais
profundamente a coletividade exige-se o exercício de maior ponderação, até porque já se sabe
entre nós que medidas paliativas não são eficazes, o que se confirma com a denominada Lei
dos Crimes Hediondos, que não reduziu suas práticas.
Não podemos concordar com “soluções mágicas” que não concorrem para o
enfrentamento de problemas, como o da criminalidade violenta. A proposta de redução da
maioridade penal se enquadra nesse rol de medidas que de nada valem para a sociedade.
Mais razoável é exigir que o Poder Público cumpra com as obrigações impostas no
Estatuto da Criança e do Adolescente, o que propiciará recuperação de menores infratores. E,
para crimes de extremada violência, como os dois lembrados no início deste trabalho, quem
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sabe uma alteração na lei ordinária (ECA) para possibilitar o aumento do tempo máximo de
internação, independentemente de atingida a maioridade penal.
REFERÊNCIAS
CEZAR, José Antônio Daltoé Cezar. Projeto Justiça Instantânea. Disponível em:
<http://jij.tj.rs.gov.br/jij_site/docs/JUSTICAINSTANTANEA/PROJETO+JUSTI
%C7A+INSTANT%C2NEA.HTM>. Acesso em 20 de ago. 2007.
MELLO FILHO, José Celso de. VEJA, edição de 5 de março de 1997, p.11. São Paulo: Editora
Abril, 1997.
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. Volume I, 20ª ed. São Paulo: Atlas,
2003.
VOLPI, Mario (Org.). O Adolescente e o Ato Infracional. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1999.