ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO

Câmara hiperbárica: informações básicas

para a equipe de enfermagem
Hyperbaric oxygenation: basic information to nursing staff
Oxigenación hperbarica: informaciones basicas al equipo de enfermería

Liandra Midori Kubagawa1

Maristela Belletti Mutt Urasaki2

KUBAGAWA, LM; URASAKI, MBM. Cãmara hiperbárica: informações básicas para a equipe de enfermagem.
Rev Paul Enf, v. 21, n. 2, p. 168-74, 2002.

RESUMO
Este trabalho visa fornecer informações básicas à equipe de enfermagem sobre a oxigenoterapia hiperbárica,
apresentando considerações sobre os tipos de câmaras, as indicações terapêuticas, os efeitos da câmara sobre
o paciente e as intervenções de responsabilidade da enfermagem, com a finalidade de contribuir para a qualidade
da assistência.
UNITERMOS: Oxigenação hiperbárica; Cuidados de enfermagem; Prática profissional.

ABSTRACT
This paper aims to present basic information to the nursing staff about the hyberbaric oxygenation. It provides
indications about the kinds of chambers, therapeutic indications, effects of the therapy over the patient, and the
nursing interventions that contribute for a better quality of the delivered care.
KEYWORDS: Hyberbaric oxygenation; Nursing care; Professional practice.

RESÚMEN
Este trabajo visa fornecer informaciones básicas al equipo de enfermería sobre la oxigenación hiperbarica; trae
consideraciones sobre los distintos tipos de cámaras; las indicaciones terapéuticas; los efectos de la cámara y las
intervenciones de responsabilidad de enfermería, buscando así, contribuir para la calidad de la asistencia prestada.
UNITÉRMINOS: Oxigenación hiperbarica; Atención de enfermería; Práctica profesional.

Recebido em: 13/07/2001 Aprovado em: 15/08/2002

1
Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade de Mogi das Cruzes.
2
Enfermeira . Professora Doutora do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade de Mogi das Cruzes.

168 Rev Paul Enf, v. 21, n. 2, maio/ago., 2002

 KUBAGAWA, LM; URASAKI, MBM. Câmara hiperbárica: informações básicas para a equipe de enfermagem.
KUBAGAW
INTRODUÇÃO
A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) é uma modalidade
terapêutica cuja aplicação abrange várias patologias e
condições clínicas. Trata-se de uma técnica moderna e
revolucionária que auxilia a medicina tradicional. A OHB
está baseada no uso de oxigênio sob condições
ambientais e sob pressão.
O número de profissionais de enfermagem que
trabalham diretamente com a OHB em unidades e
clínicas especializadas parece não ser significativo pois,
embora não tenhamos dados estatísticos a esse
respeito, é possível visualizar esse quadro tendo em
vista as poucas instalações no país, o limitado número
de máquinas e os recursos disponíveis. Entretanto, um
importante número de profissionais de enfermagem já
vivenciaram situações em que cuidaram de pacientes
submetidos a OHB, ou no pré-tratamento,
encaminhando os pacientes para as unidades
especializadas, ou recebendo pacientes pós-tratamento.
Portanto consideramos necessário que os profissionais
de enfermagem tenham informações básicas sobre a
OHB e os respectivos cuidados de enfermagem para
proporcionarem assistência de melhor qualidade. Este
trabalho visa fomentar a disponibilidade de informações
aos profissionais.
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A OHB
A OHB é um método terapêutico no qual o paciente é
colocado em uma câmara apropriada onde a
composição do ar é de 100% de oxigênio e a pressão
interna ultrapassa a pressão atmosférica, ou seja, maior
que uma atmosfera ou 760mmHg (ao nível do mar o
peso do ar que comprime a superfície da terra é de
14,7 psi, o que corresponde a 760mmHg, equivalente
a uma atmosfera). Para que ocorra o tratamento pela
oxigenoterapia hiperbárica, é preciso que estas duas
condições sejam estabelecidas, isto é, a inalação de
100% de oxigênio e a pressão dentro da câmara maior
que a pressão atmosférica ( MILLER, 1993; MARTINS
et al., 1995; TRIVELLATTO, 1995; SIPAHI et al.,1996;
IAZZETTI; MANTOVANI, 1998; ESTEVES, 1999;
CENTRO, s/d).
O primeiro registro sobre a câmara hiperbárica data
de 1662 na Inglaterra por Henshal. Em 1850 foram
desenvolvidas mais de cinqüenta câmaras por toda
Europa; em 1860 foi usada no Canadá e posteriormente
nos Estados Unidos; em 1878 Paul Bert descreveu os
efeitos convulsivos do oxigênio sob pressão; em 1891
J. L. Corning fez um relato do uso do ar comprimido
em anestesia; em 1899 Smith descreveu os efeitos
pulmonares adversos do oxigênio sob pressão; Iete
Boerema, em 1956, empregou o oxigênio hiperbárico
para ganhar tempo na cirurgia cardíaca a céu aberto
sem o uso de uma bomba extracorpórea; em 1958
Charles Illingmorth usou o oxigênio hiperbárico na
cirurgia cardíaca a céu aberto e para tratar a gangrena
gasosa, o envenenamento pelo monóxido de carbono
e a doença da membrana hialina; em 1960 Jacobson
usou o oxigênio hiperbárico para aumentar a eficácia
da radioterapia no câncer; em 1964 J. Van Elk
desenvolveu uma câmara grande para cirurgia e terapia.
No Brasil, médicos da marinha utilizaram a câmara
hiperbárica em medicina do trabalho durante a
construção da ponte Rio-Niterói em 1971 e, em 1973,
em São Paulo, foi utilizada para o atendimento dos
trabalhadores da construção do metrô (CENTRO
BRASILEIRO DE MEDICINA HIPERBÁRICA, s/d).
De acordo com CANDIDO (2001a), pode-se dividir
a medicina hiperbárica em dois grandes ramos. Um
dedicado à atividade profissional de mergulhadores,
aeronautas e trabalhadores sob ar comprimido,
prevalecendo uma abordagem voltada para a saúde
ocupacional, e outro referente às aplicações clínicas
da OHB. Neste caso, o desafio tem sido pesquisar e
sistematizar protocolos que demonstrem cientificamente
o potencial clínico do recurso terapêutico em várias
patologias, essencialmente em infecções por anaeróbios
ou mistas, isquemias, lesões refratárias e intoxicações.
Os estudos iniciais sobre a OHB partiram da
evolução dos mergulhos a grandes profundidades e do
desenvolvimento de máquinas capazes de permitir ao
homem suportar elevações de pressão e diferenças na
taxa de oxigênio disponível. A partir destes
conhecimentos adquiridos por médicos da Marinha, as
câmaras foram adaptadas para a oxigenoterapia
hiperbárica (MARTINS et al., 1995).
Atualmente, há dois tipos de câmaras: câmara
monoplace ou individual e câmara multiplace ou
estacionária. Ambas possuem vantagens e
desvantagens.
Câmara monoplace ou individual
Vantagens
Nela somente o paciente é comprimido pela inalação
do oxigênio puro e pela pressão relativamente pequena.
Poderá ser descomprimido instantaneamente, se for
necessário. Basta apenas uma pessoa para operar o
equipamento. Uma enfermeira treinada é capaz de
acompanhar o funcionamento de várias câmaras
simultaneamente. Seu custo é bem menor e o espaço
que ocupa em um centro hospitalar é mais reduzido.
Desvantagens
Nesta câmara o paciente fica isolado, porém atualmente
existem equipamentos para o controle clínico e
ressuscitação, permitindo uma supervisão satisfatória.
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KUBAGAW
Câmara multiplace ou estacionária
Vantagens
Sua capacidade comporta mais de um paciente
possibilitando o acompanhamento pelo médico e
demais profissionais no seu interior. Isto pode ser
importante na primeira sessão quando o paciente
apresenta ansiedade, medo e no tratamento de casos
graves.
Desvantagens
São unidades complexas e sua instalação demanda a
solução de alguns problemas técnicos para a
montagem. Esta câmara é pressurizada e
despressurizada com ar comprimido, sendo que nesta
situação o oxigênio é respirado através de máscaras
ou capuzes especiais. É necessário pessoal qualificado
para operação da câmara, o que pode acarretar
problemas de organização dentro da estrutura
hospitalar. A equipe médica e de enfermagem ficam
expostas ao ambiente hiperbárico, o que implica na
seleção de pessoas habilitadas para essa situação: há
necessidade de exames médicos admissionais e
periódicos, específicos e obrigatórios (MILLER, 1993;
MARTINS et al., 1995; TRIVELLATTO, 1995).
O tratamento empregado, seja em câmara
monoplace ou multiplace é realizado em várias sessões,
cujo nível de pressão, duração, intervalos e número
total de aplicações são variáveis de acordo com as
enfermidades e protocolos utilizados. Em geral, as
sessões duram de uma a duas horas efetuadas ao longo
de 10 a 30 dias. Antes de iniciar a terapia o cliente
deverá ser submetido a anamnese e exame clínico
completo, com particular atenção ao tímpano e sistema
pulmonar (CANDIDO, 2001b).
Emprego terapêutico da OHB
Segundo MARTINS et al. (1995), pode-se classificar
em três categorias fundamentais a indicação terapêutica
da OHB: aceitas, restritas e experimentais. Sua
classificação envolve as seguintes situações:
Grupo I – Aceitas
Compreendem as doenças e problemas que
seguramente obtém benefícios. Podem ser tratadas de
forma exclusiva ou combinadas a outros tratamentos.
São elas:
- síndrome de Fournier;
- doença de Crohn;
- pés e pernas de diabéticos;
- úlceras crônicas de membros inferiores;
- embolias aéreas ou gasosas agudas, doenças
descompressivas;
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- intoxicação por monóxido de carbono (CO) e
inalação de fumaça;
- lesões de esmagamento, síndrome compartimental
e outras isquemias agudas traumáticas;
- intoxicação aguda por cianeto;
- cicatrização de feridas problemáticas;
- processos isquêmicos, necróticos e infectados de
partes moles;
- osteomielites crônicas refratárias e agudas de risco;
- gangrena gasosa clostridiana;
- enxertos isquêmicos ou infectados;
- micoses profundas refratárias;
- anemia aguda por perda sanguínea ou hemólise;
- osteorradionecrose e radionecrose de tecidos
moles;
- úlceras arteriais e feridas operatórias, princi-
palmente em diabéticos.
Grupo II – Restritas
Compreendem as doenças que estão em investigação
clínica em vários centros especializados no mundo. São
elas particularmente as queimaduras térmicas, pois há
controvérsias na sua classificação como indicação do
grupo I.
Grupo III – Experimentais
Compreendem as patologias que representam áreas
promissoras de investigação científica, acompanhada
por serviços ligados a hospitais universitários ou outros
centros de pesquisa, nas quais os pacientes devem ser
tratados somente de acordo com protocolos formais de
pesquisa médica. São elas:
- abscessos cerebrais por anaeróbios ou por flora
mista;
- edema cerebral;
- lesões – disfunções do sistema nervoso central
(SNC);
- cefaléia em salva;
- traumatismo raquimedular agudo sem secreção de
medula espinhal;
- intoxicação por tetracloreto de carbono e sulfeto
de hidrogênio;
- lesão por congelamento;
- fraturas ósseas de difícil consolidação;
- hanseníase lepromatosa;
- meningite meningocócica;
- esclerose múltipla;
- pioderma gangrenoso;
- colite pseudo membranosa;
- mielite, cistite e enterite por radiação;
- insuficiência aguda de artéria retiniana;
- abscessos intra-abdominais, sepse (peritonite);
- crise falcêmica;
- picada de aranha marrom (Loxosceles reclusa).
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Contra-indicações da OHB Em resumo, para aumento de 100mmHg de tensão,

De acordo com TRIVELLATTO (1995) e ESTEVES
(1999), algumas situações são contra-indicadas ao uso
da OHB. São elas:
- Absolutas: incluem o uso de drogas ( doxirrubicin,
dissulfiram, cis-platinum, mafenide acetato), o
pneumotórax não tratado e a gravidez;
- Relativas: incluem infecções de vias aéreas
superiores, doença pulmonar obstrutiva crônica com
retenção de CO2, hipertemia, história de
pneumotórax espontâneo, cirurgia prévia do ouvido,
traumas ou doenças inflamatórias do tímpano,
esferocitose congênita, infecção viral, febre alta
incontrolável e hipertensão arterial incontrolada.
Efeitos da OHB
há um aumento aproximado de 0,3 ml de oxigênio para
cada 100ml de plasma. O conteúdo elevado de O2
fornecido aos tecidos é a base das vantagens teóricas
para o uso de O2 hiperbárico, as quais são observadas
na prática clínica. O único método de aumentar a
pressão do oxigênio inspirado acima das condições
atmosféricas é através da utilização de câmaras
hiperbáricas.
A OHB, conforme descrito anteriormente, está
indicada em várias doenças, proporcionando grandes
benefícios e progressos na recuperação dos pacientes,
seja como tratamento de primeira escolha, ou como
importante coadjuvante. De acordo com TRIVELLATTO
(1995), a ação combinada do aumento da pressão
atmosférica e o aumento do oxigênio respirado resultam
em efeitos primários e secundários:

I – Efeitos Primários
A atmosfera normal contém aproximadamente 20% de
oxigênio, sob condições normais isso é suficiente para
a) Hiperoxigenação: a OHB permite o aumento de
as necessidades corporais. Na presença de hipóxia
oxigênio dissolvido no plasma. À pressão de 760mmHg
aguda ou crônica essa percentagem deve ser
o oxigênio é de 0,3v%, com a elevação da pressão
aumentada para que as lesões teciduais possam ser
este pode chegar a 6,0v%. Segundo ESTEVES (1999),
restabelecidas. Ao nível do mar a saturação do sangue
devido ao aumento da pressão e liquefação do oxigênio
arterial é de aproximadamente 95% de oxigênio e a
no sangue ocorre um suporte imediato aos tecidos
tensão desse gás na traquéia durante a inspiração é de
comprometidos, permitindo o funcionamento celular
149 mmHg. Respirando-se oxigênio a 100%, ele desloca
sem a utilização da hemoglobina.
o nitrogênio e a tensão do oxigênio se leva a 713mmHg
(CENTRO BRASILEIRO DE MEDICINA HIPERBÁRICA
b) Efeito mecânico originado pelo aumento de
s/d). O oxigênio é transportado pelo sangue sob duas
pressão: o aumento da pressão atmosférica causa a
formas: ligado à hemoglobina e dissolvido no plasma
diminuição do volume de oxigênio dissolvido no plasma;
(MARTINS et al., 1995).
com duas atmosferas o volume reduz para ½, com três
o volume reduz para 1/3. De acordo com ESTEVES
De acordo com ESTEVES(1999), o valor terapêutico
(1999), o efeito físico da Lei de Boyle, isto é, quanto
da OHB reside no fato de ocorrer no capilar alveolar a
maior a pressão atmosférica menor o volume de gás,
liquefação do oxigênio a 100% respirado dentro de uma
permite compreender a indicação da OHB para doenças
câmara hiperbárica. TRIVELLATTO (1995) também
infecciosas provocadas por germes produtores de gás,
afirma a ocorrência deste fenômeno, embora a
para embolia gasosa e doenças descompressivas.
necessidade de oxigênio varie dependendo do tipo de
célula, respirando-se oxigênio a 100%, em pressão de
II – Efeitos Secundários
3 atmosferas, aproximadamente 6 ml de oxigênio por
100 ml de sangue são dissolvidos no plasma, sendo a) Vasoconstrição: a terapia hiperbárica resulta em
possível dispensar o mecanismo transportador de vasoconstrição com a diminuição de edemas,
hemoglobina, suprindo a necessidade de oxigênio entretanto, a oxigenação é mantida pelo aumento de
tissular apenas com o dissolvido no plasma. oxigênio dissolvido no plasma;
Assim, temos os valores apresentados no quadro b) Proliferação de fibroblastos: a proliferação de
abaixo.
Quadro 1. Equivalência entre aporte de oxigênio em atmosferas e quantidade de oxigênio no sangue
(CENTRO BRASILEIRO DE MEDICINA HIPERBÁRICA, s/d).
Respiração de ar ambiente.................................................0,3 ml de O2/100ml de sangue
Respiração de 100% de O2.................................................2,0 ml de O2/100ml de sangue
Respiração de 100% de O2 a 2atm ....................................8 ml de O2/100ml de sangue
Respiração de 100% de O2 a 3atm......................................5,3 ml de O2/100ml de sangue
Respiração de 100% de O2 a 3,5atm............................ ......6,5 ml de O2/100ml de sangue

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KUBAGAWA, LM; URASAKI, MBM. Câmara hiperbárica: informações básicas para a equipe de enfermagem.
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fibroblastos, bem como a síntese de colágeno, são
processos oxigênio-dependentes;
c) Neovascularização: a hipóxia, seguida de
hiperóxia, provoca aumento da rede capilar tanto em
número como em diâmetro. Este efeito, segundo
ESTEVES (1999), é bastante importante para o
tratamento de lesões isquêmicas, áreas com enxertos
de pele, fraturas hipóxicas e fraturas com dificuldade
de formação de calo ósseo pela sua ação osteogênica;
d) Inibição/inativação de produtos de toxinas: inibição
da produção de toxinas clostridial e inativação das
toxinas circulantes;
e) Sinergismos com os antibióticos: os amino-
glicosídeos e a anfotericina B se beneficiam de
ambientes ricos em O2 para serem transportados pela
membranas celulares. A OHB pode favorecer o efeito
destas drogas.
Dentre os mecanismos de ação citados, ESTEVES
(1999) acrescenta a ação anti-inflamatória da OHB; esta
provoca bloqueio em várias etapas da cascata
inflamatória.
Os efeitos positivos do emprego da OHB no
tratamento de vários tipos de feridas, podem ser
verificados nos estudos de CANDIDO (2001c,d,e,f,g,
h,i,j,l,m) e MELERO et al. (1991). Para estes autores, a
utilização da OHB é fundamental principalmente em
lesões graves e insidiosas de origem traumática ou
séptica, como fasciites necrotizantes extensas e
síndrome de Fournier. Nestes casos, são necessários a
identificação do agente agressor, a administração de
antibioticoterapia específica, o desbridamento cirúrgico
amplo e repetitivo para a retirada de todo material
necrótico, a realização adequada de curativos e a
aplicação de sessões diárias de OHB. Estes
procedimentos são importantes tanto para o controle
de infecções como para propiciar futuras reconstruções
cirúrgicas.
Efeitos adversos da OHB
Durante as sessões, ocorre um aumento de 10 a 20
vezes na quantidade de O2 dissolvido nos tecidos. Com
o aumento da produção de radicais ativados do O2,
proporcionado pelo aumento do substrato livre
disponível, em OHB vários tecidos apresentam-se mais
suscetíveis a lesões oxidativas decorrendo disfunções
evidentes. Além da ação tóxica pulmonar, cujos efeitos
crônicos e subagudos são mais conhecidos, o sistema
nervoso central pode apresentar alterações importantes
e de forma aguda (CANDIDO, 2001b).
Os efeitos adversos estão relacionados ao tempo
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de exposição na câmara e a magnitude da pressão.
ESTEVES (1999) cita como efeitos adversos:
excitabilidade neuronal com crises focais e/ou
convulsões (incidência de dois casos a cada 10.000
sessões), queimação retroesternal, tosse seca e
dispnéia.
Para evitar os efeitos neurológicos e pulmonares há
limites estabelecidos de exposição à hiperóxia
hiperbárica em termos de pressão e período de
permanência na câmara (CANDIDO, 2001b).
A oxigenoterapia hiperbárica pode eventualmente
acusar algumas sensações para o paciente. De acordo
com MARTINS et al. (1995), as principais são:
-sensação de “ouvidos cheios”ou de que o “tímpano
está sendo empurrado para dentro”;
-sensação de aumento da temperatura no interior
da câmara;
-sensação de que a voz se torna mais aguda e
anasalada, como a do “pato Donald”.
Intervenções de enfermagem em OHB
A equipe de enfermagem deve estar preparada para
atender os pacientes que serão submetidos a OHB. É
de fundamental importância considerar que o oxigênio
puro pode provocar acidentes. O gás é altamente
inflamável e sua toxicidade é prejudicial tanto ao
paciente quanto ao profissional. Este, deve conhecer
as considerações de segurança para ambientes com
rede de oxigênio (ATKINSON, MURRAY, 1989).
As intervenções de enfermagem estão relacionadas
ao paciente e família e ao ambiente.
Intervenções relacionadas ao paciente e família
:
- orientar paciente e família sobre a finalidade e
importância do tratamento, o tipo de câmara a qual
será submetido e a manutenção do cuidado no local
das lesões de pele;
- informar sobre as sensações que o paciente
eventualmente poderá sentir;
- informar quanto ao ruído dentro da câmara devido
a entrada de ar (MARTINS et al., 1995);
- validar a compreensão das informações recebidas
pelo paciente e pela família, evitando julgamentos
críticos, caso tenham dúvidas ou a compreensão
tenha sido incorreta;
- dar oportunidade para o paciente e a família
sanarem as dúvidas;
- avaliar se o paciente mostra-se ansioso
principalmente antes das primeiras sessões;
- permanecer ao lado do paciente caso esteja ansioso
ou com medo, procurar tranqüilizá-lo escutando-o
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com atenção e respeitando seu estado emocional;
- manter os cuidados locais para tratamento de
feridas por meio de limpezas, irrigações,
desbridamentos, coberturas e oclusões, conforme
protocolos da instituição;
- não utilizar curativos com substâncias oleosas e
soluções de iodo antes do tratamento devido aos
riscos de explosão em presença do oxigênio
(ESTEVES, 1999);
- manter a administração de medicamentos
intravenosos (MARTINS at al., 1995);
- vestir o paciente com roupa de algodão e não de
seda ou material sintético, pois estes podem gerar
eletricidade estática;
- retirar todos os objetos metálicos antes de
encaminhar para a OHB;
- retirar lentes de contato e óculos antes de
encaminhar para a OHB;
- manter os cabelos do paciente umedecidos
(MARTINS et al., 1995);
- realizar exame físico no paciente após a sessão de
OHB com especial atenção ao sistema respiratório
e audição;
- observar e documentar o aparecimento de efeitos
adversos: crises focais, convulsões, tosse, dispnéia,
queimação retroesternal, sensações “desagradáveis
e incomodas” nos ouvidos e outras.
Intervenções relacionadas ao ambiente
- impedir pacientes e visitantes de fumarem nas
proximidades da câmara;
- manter todos os aparelhos elétricos afastados pelo
menos 1,5m da câmara;
- ter extintores de incêndio por perto e saber como
usá-los;
- respeitar o tempo estabelecido da sessão, evitando
atrasos e o perigo da intoxicação;
- estar habilitado para operar a máquina
corretamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A OHB, como forma de tratamento, é ainda pouco
disponível no país, embora a amplitude de suas
indicações clínicas revelem sua importância para a
saúde.
Os profissionais de enfermagem ao cuidarem dos
pacientes com indicação da OHB têm por
responsabilidade conhecer as informações básicas e
necessárias sobre este tratamento, contribuindo, desta
forma, para a assistência de enfermagem com
qualidade.
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Gerais, v. 5, n. 4, p. 255-56, 1995.

A partir do Volume 22, a ser editado em 2003, a REPEn passará a usar

o sistema de referências “Estilo Vancouver”.

No próximo número serão fornecidas maiores informações e as novas

normas para submissão de manuscritos.

Aguarde.
revista paulista de

Publique aqui.

174 Rev Paul Enf, v. 21, n. 2, maio/ago., 2002