A Lei Federal n. 8.4291, de 2.jun.1992, normatiza as diversas formas de
improbidade administrativa. O tema guarda imediata correlação com a LC 101/2000 (lei de responsabilidade fiscal) à medida que objetiva reforçar o princípio da proteção ao erário. Ressalte-se, todavia, que a lei de improbidade administrativa (LIA) visa a tutelar também interesses difusos, a exemplo de bens de valor estético e histórico.
Os atos de improbidade administrativa são divididos em três categorias:
a) atos que implicam enriquecimento ilícito do agente público;
b) atos efetivamente lesivos ao tesouro; c) atos que violam os princípios constitucionais da boa gestão pública.
A LIA estipula sanções de cunho civil, político e administrativo2, quais sejam:
-suspensão dos direitos políticos;
-perda da função pública; -indisponibilidade de bens; -ressarcimento ao erário se apurado dano.
1. Atos de improbidade administrativa que implicam enriquecimento ilícito do
agente público
Nessa categoria, enquadram-se todos os atos administrativos ilegais
praticados dolosamente pelo agente público com o propósito de auferir vantagem patrimonial indevida. Acresça-se o que leciona Pazzaglini Filho (2002, p.60) a respeito das sanções impostas ao agente:
• perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio;
• ressarcimento integral do dano patrimonial eventualmente provocado por ele; • perda da função pública; • suspensão dos seus direitos políticos de oito a dez anos; • multa civil de até três vezes o valor do enriquecimento ilícito; • proibição de contratar com o Poder Público ou dele receber benefícios fiscais ou creditícios pelo prazo de dez anos (art. 12, inciso I, da LIA).
Depreende-se que se trata de ato de improbidade administrativa gravíssimo
pois o servidor público “negocia” o cargo ou função pública para auferir vantagem econômica ilícita.
2. Atos de improbidade que causam prejuízo ao tesouro
Necessariamente, há perda patrimonial. Segundo Pazzaglini Filho (2002,
p.61), são requisitos para sua configuração: 1 “Lei do colarinho branco“. 2 Sem prejuízo da ação penal se for o caso. • dano econômico efetivo ao erário; • ação ou omissão ilegal, dolosa ou culposa, do agente no exercício funcional; • relação concreta entre a conduta funcional ilícita do administrador e a efetiva perda patrimonial daí decorrente.
Sanções elencadas na LIA:
-integral ressarcimento do dano, além de ser imprescritível ação com essa
finalidade; -perda da função pública; -suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos; -multa civil de até duas vezes o valor do dano; -proibição de contratar com o Poder Público ou dele receber benefícios/incentivos fiscais/creditícios por cinco anos.
3) Atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da
administração pública
Nesse caso, inexiste lesão ao erário, assim como enriquecimento ilícito do
agente. Porém há violação intencional aos princípios da administração pública elencados no artigo 37 da Lei Maior, quais sejam: -legalidade; -impessoalidade; -moralidade; -publicidade; -eficiência. Sanções aplicáveis ao agente: a) perda da função pública; b) suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos; c) multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente ímprobo; d) proibição de contratar com o Poder Público e auferir benefícios ou incentivos fiscais/creditícios pelo prazo de três anos.
Referências
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Crimes de responsabilidade fiscal. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2002. 260p. <http://www.planalto.gov.br> Acesso em 30.abr.09.