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EnquadramentoTeórico
1
1. AGRADECIMENTOS
Iniciando pelos mais próximos, um grande obrigado à Vanda, “minha” enorme esposa, que
assegurou de modo firme a gestão dos assuntos correntes da família e a educação da nossa
filha. O teu nome fica ligado a este trabalho pelo teu apoio e confiança constantes. A ti
também Inês, com os teus 9 anos mostras-te estar à altura de apoiar a mãe na minha ausência.
Aos meus pais que sempre fizeram força para que o seu filho se formasse e com o seu auxílio
financeiro possibilitaram esta aventura. Muito Obrigado.
À Câmara Municipal de Setúbal pelo seu apoio sem exigência de contrapartidas, em especial
à pessoa do Coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil e Bombeiros de Setúbal,
Sr. José Luís Bucho.
Aos colegas de trabalho que sempre me apoiaram quando tinha alguma dúvida ou necessitava
de efectuar alguma troca de serviço para me poder deslocar para a frequência de aulas, o meu
igual obrigado.
2
2. PRÓLOGO
1
“Por mim vai-se à cidade que é dolente
1
Moura, Vasco Graça. A Divina Comédia de Dante Alighieri – 3.ª Edição (pág. 47). Bertrand Editora, 1997.
3
3. RESUMO
A Protecção Civil tem como objectivos a prevenção, atenuação, socorro e apoio em situações
de acidente grave ou catástrofe, exercendo-se, entre outros, no domínio do levantamento,
previsão, avaliação e prevenção dos riscos colectivos. O presente trabalho procura validar a
necessidade de integração da terminologia dos problemas complexos no conjunto empírico de
áreas sobre as quais recai o processo de Gestão do Risco, como manifestação de novas áreas
de análise que não as que derivem dos convencionais riscos Naturais e Tecnológicos. O Pico
do Petróleo, é actualmente considerado, entre outros, como um risco colectivo com potencial
sistémico de rápida propagação de impactes a sectores vitais das sociedades contemporâneas
ocidentais. Será apresentada uma metodologia de análise, a Análise Morfológica Geral
(Multidimensional), desenvolvida para áreas de estudo sobre acontecimentos futuros, análise
de políticas e gestão estratégica.
Sendo uma técnica de análise pouco conhecida, sobre a qual existe pouca literatura, será
desenvolvido um estudo de caso fictício, com participantes fictícios e variáveis seleccionadas
nos relatórios resposta já elaborados por várias cidades mundiais ao problema da escassez de
recursos petrolíferos (Projecto II), de forma a ilustrar as possibilidades oferecidas pela Análise
Morfológica Geral. Em função do número de variáveis associadas a um problema complexo
multidimensional, o cálculo combinatório resultante da sua conjugação pode gerar um número
elevado de combinações de difícil gestão sem auxílio de uma ferramenta computacional. No
âmbito deste trabalho foi formalizado um pedido de apoio académico pro bono à Swedish
Morphological Society, a qual colaborará na produção de resultados, através da utilização do
software MA/CarmaTM (Computer-Aided Resource for Morphological Analysis),
desenvolvido pela Swedish Morphological Society.
4
4. ÍNDICE
1. Agradecimentos ................................................................................................................. 2
2. Prólogo ................................................................................................................................ 3
3. Resumo ............................................................................................................................... 4
4. Índice .................................................................................................................................. 5
5. Introdução .......................................................................................................................... 6
Transição ............................................................................................................................ 9
5
5. INTRODUÇÃO
2
In: http://en.calameo.com/read/0000397117c18f92edf2b
3
Ex-Chairman da Comissão de Energia Atómica (1971-73); Ex-Secretário da Defesa (1973-75), Ex-Secretário
da Energia (1977-79) e Ex-Director da Central Intelligence Agency dos Estados Unidos da América.
4
In: http://en.wikipedia.org/wiki/Colin_Campbell_(geologist)
5
In: http://www.independent.co.uk/news/science/world-oil-supplies-are-set-to-run-out-faster-than-expected-
warn-scientists-453068.html
6
Hirsh (2005), no relatório “Peaking of World Oil Production: Impacts, Mitigation, and Risk
Management”, argumenta que o alcançar do pico de produção, apresenta “um problema de
gestão do risco sem precedentes aos Estados Unidos da América e ao Mundo. À medida que
nos aproximamos do pico do petróleo os combustíveis e a volatilidade de preços sofrerá um
impacto dramático, e, sem medidas atempadas de mitigação, os custos económicos, sociais e
políticos não terão precedentes. Existem medidas viáveis de mitigação, quer do lado da oferta
e da procura, mas para terem impactes substanciais, devem ser iniciadas com uma década de
avanço em relação ao pico.”
O conhecimento ao longo dos séculos fornece uma única certeza. Não existem modelos
6-7
definitivos. Peter Burke (2000) transcreve Ludwik Fleck: “Whatever is known has always
seemed systematic, proven, applicable and evident to the knower. Every alien system of
knowledge has likewise seemed contradictory, unproven, inapplicable, fanciful or mystical.”
6
Burke, Peter. A Social History of Knowledge - From Gutenberg to Diderot. Marston Book Services Limited,
Oxford (2000).
7
Tradução própria: «O conhecimento pareceu sempre sistemático, provado, aplicável e evidente para o
conhecedor. Todo o sistema externo de conhecimento parece contudo contraditório, não provado, inaplicável,
irreal ou místico.»
8
Tradução própria: «Em 1999, as reservas de petróleo no Mar do Norte atingiram o Pico, mas dois anos após a
sua constatação, afirma o Sr. Legget, era uma heresia para alguém nos circuitos oficiais afirmá-lo. “Não
satisfazer a procura não é uma opção. De facto, é um acto de traição,” afirma.»
7
O presente trabalho pretende dar continuidade ao argumento intelectual dos defensores do
Pico do Petróleo, reconhecido por Schelesinger, efectuando uma revisão de literatura
(Projecto II) sobre o estado da arte referente à temática do pico do petróleo, em concreto sobre
relatórios problema e relatórios respostas, questionando a abrangência da definição legal do
termo Protecção Civil e a integração de problemas complexos não convencionais no processo
de gestão do risco, com apresentação/aplicação de uma técnica de análise de risco
multidimensional como instrumento de suporte à decisão para gestão de problemas
complexos.
8
6. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Protecção Civil
Transição
9
Castells, Manuel. The Rise of the Network Society – The Information Age: Economy, Society and Culture
Volume I (Second Edition). Blackwell Publishing, Lda. United Kingdom (2010).
9
Tradução própria: «A urgência de uma nova abordagem para compreensão do tipo de economia, cultura e
sociedade na qual vivemos é realçada pelas crises e conflitos que caracterizaram a primeira década do século
vinte e um. A crise financeira global, a ruptura no ambiente dos negócios e dos mercados de trabalho resultante
da nova divisão internacional do Trabalho: O crescimento imparável da economia global do crime; a exclusão
social e cultural de largos segmentos da população planetária das redes globais de acumulação de conhecimento,
saúde e poder; a reacção negativa dos marginalizados na forma de fundamentalismo religioso; o reacendimento
das clivagens nacionalistas, étnicas e territoriais, florescendo na negação dos outros, e como tal, a disseminação
da violência como meio de protesto e domínio; a crise ambiental epitomizada pelas alterações climáticas; o
crescimento da incapacidade das instituições políticas baseadas nos Estados-Nação e nas procuras locais: Estas
são várias expressões diversificadas de um processo multidimensional, de mudança estrutural que ocorre no
meio da agonia e da incerteza. Estes são sem dúvida tempos conturbados.»
9
nation-state and local demands: these are all diverse expressions of a process of
multidimensional, structural change that takes place in the midst of agony and uncertainty.
These are indeed troubled times.”
10
Riscos Colectivos
Decorrente da mesma crise, Sir Peter Davis, Chefe executivo da cadeia de distribuição
Sainsbury (13segundo dados de 2010 fornece 19 milhões de clientes por semana) assinalou
preocupações sobre a distribuição alimentar, escrevendo ao Primeiro Ministro Tony Blair
afirmando que a cadeia de stocks na distribuição estaria exausta em “dias em vez de
semanas”.
14
O protesto iniciou-se em 5 de Setembro de 2000 e findou a 14 de Setembro, um dia após a
declaração pública de Tony Blair. Bastaram 9 dias de interrupção no fornecimento de
produtos petrolíferos no Reino Unido para a geração de uma crise nacional grave. As
ambulâncias receberam instruções para manter a velocidade abaixo dos 34,2 Km/h em todas
as deslocações não feitas em emergência para poupança de combustível.
10
N.º 1, do artigo 1.º, da Lei n.º 27/2006, de 3 de Julho (Lei de Bases da Protecção Civil)
11
In: http://www.independent.co.uk/news/uk/home-news/protesters-give-blair-60-day-ultimatum-699113.html
12
Tradução própria: «Existe agora o risco real para o Sistema Nacional de Saúde e outros serviços essências.
Vidas estão em risco.»
13
In: http://www.j-sainsbury.co.uk/index.asp?pageid=12
14
In: http://www.iwar.org.uk/cip/resources/PSEPC/fuel-price-protests.htm
11
Finda a crise, o Governo Britânico 15definiu os serviços essenciais que seriam primeiramente
abastecidos:
Serviços de Emergência
Forças Armadas
Trabalhadores das áreas da saúde e apoio social
Indústria alimentar
Agricultura, tratadores de animais e veterinários
Trabalhadores essenciais das centrais nucleares
Águas, esgotos e drenagem
Distribuidores de energia e combustíveis
Transportes públicos
Táxis licenciados
Guarnições de salva-vidas costeiros
Trabalhadores dos aeroportos e da aviação
Correios, comunicação social e telecomunicações
Trabalhadores do governo central e local
Trabalhadores dos serviços financeiros essenciais incluindo os envolvidos na entrega
de dinheiro e cheques.
Trabalhadores dos serviços prisionais
Recolha e gestão de resíduos urbanos e industriais
Serviços funerários
Escolas e colégios especiais para população com deficiências
Funcionários essenciais dos serviços diplomáticos
15
In: http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/925662.stm
12
garantem um fornecimento continuado de alimentos e bens em caso de crise, e que depende
de uma cadeia de produção mundial para manutenção da capacidade da oferta do cabaz de
produtos solicitado pela procura (carne, peixe, produtos agrícolas, frutas, automóveis, roupas,
açúcar, etc.); na utilização no sector agrícola de catalizadores para aumentos da produção
(fertilizantes) e de inibidores do florescimento de espécies invasoras (vegetais e insectos -
herbicidas e insecticidas) que derivam do petróleo.
Verificadas as condições que imponham uma interrupção de curta duração ou uma diminuição
gradual da oferta de petróleo para satisfação das necessidades sociais, a sociedade confronta-
se com efeitos globais configurando-se um problema multidimensional complexo,
A gestão do risco pode ser definida como as acções desenvolvidas por uma organização para
direcção e controlo das actividades relacionadas com o risco.
Nota 2: Os objectivos podem ter diferentes aspectos (tais como objectivos financeiros, de
segurança e saúde, e objectivos ambientais) e podem aplicar-se a diferentes níveis
(estratégicos, organizacionais, de projecto, de produto e processo).
16
ISO/FDIS 31000:2009(E). Risk management - Principles and guidelines (Final Draft).
13
Nota 5: A incerteza é o estado, ainda que parcial, da deficiência de informação
relacionada com a compreensão ou conhecimento sobre um evento, suas consequências
ou probabilidade.
A definição dos critérios de risco deve ser considerada pela organização que realiza o
processo de gestão do risco, segundo uma óptica de reflexão dos seus valores, dos seus
objectivos e dos recursos disponíveis. Contudo alguns critérios podem ser impostos ou
derivarem do enquadramento legal em vigor.
b) Energia;
c) Transportes e comunicações;
d) Educação;
g) Saúde;
h) Acção social;
i) Habitação;
j) Protecção civil;
m) Defesa do consumidor;
n) Promoção do desenvolvimento;
p) Polícia municipal;
17
N.º 1, do artigo 13.º, da Lei n.º 159/99 de 14 de Setembro (Estabelece o quadro de transferência de atribuições
e competências para as autarquias locais)
14
q) Cooperação externa.
A "Peak Oil Task Force” da cidade de Bloomington (Estados Unidos da América - 2009),
considerou que os domínios do contexto económico, dos serviços municipais, dos transportes,
do uso do solo, da habitação e da sustentabilidade poderiam ser afectados.
A cidade de Bristol (Reino Unido - 2009) considerou os seguintes factores: coesão social,
planeamento de emergência, transportes e acessibilidade, alimentação, cuidados de saúde,
serviços públicos, sectores económicos chave, energia e infraestruturas.
A “San Francisco Peak Oil Preparedness Task Force” (Estados Unidos da América - 2009)
estudou os sectores da energia, economia, segurança alimentar, transportes, distribuição de
água, gestão de resíduos e reciclagem, serviços de emergência, construção, protecção de
populações vulneráveis, funções sociais.
Dunedin, a segunda maior cidade da Ilha Sul da Nova Zelândia (2010), considerou os sectores
da indústria, agricultura, floresta, turismo, comércio e negócios, universidade, aeroporto,
transporte de bens e mercadorias.
Portland (Estados Unidos da América - 2007), dedicou atenção à análise do uso do solo,
transportes, alimentos e agricultura, ambiente económico e serviços públicos.
No âmbito da protecção civil municipal, define a Lei n.º 65/2007, de 12 de Novembro que são
objectivos fundamentais da protecção civil municipal, entre outros, a prevenção no território
municipal dos riscos colectivos e a ocorrência de acidente grave ou catástrofe deles
resultantes; e atenuar na área do município os riscos colectivos e limitar os seus efeitos,
exercendo-se a actividade de protecção civil, entre outros, no levantamento, previsão,
avaliação e prevenção dos riscos colectivos do município; e análise permanente das
vulnerabilidades municipais perante situações de risco.
15
Deparamo-nos então com os outros dois termos: acidente grave ou catástrofe e com a
necessidade de prevenção, atenuação e limitação dos seus efeitos. Defender-se-á
seguidamente que a legislação da protecção civil não permite a necessária clareza, inibindo
uma abrangência superior devido ao conceito dos riscos colectivos, manietado na sua
liberdade pela associação directa, contudo ambígua, aos termos acidente grave e catástrofe.
Regressemos aos riscos para adiante avançar.
18
Quando consultado o site da Autoridade Nacional de Protecção Civil, na área Prevenção e
Protecção, verifica-se a enunciação de duas grandes famílias de riscos, os naturais e os
tecnológicos. Olhados em detalhe os subgrupos ali constantes; os Naturais: Sismos, Cheias,
Secas, Incêndios Florestais, Precipitações Intensas, Trovoadas, Ondas de Calor, Vagas de
Frio, Nevões, Ciclones, Tornados, Acidentes Geomorfológicos e Segurança de Barragens; e
os Tecnológicos: Substâncias Perigosas em Indústrias e Armazenagens, Transporte de
Mercadorias Perigosas, Gasodutos e Oleodutos, Emergências Radiológicas, Ameaças NRBQ.
A leitura desta afirmação conduz-nos à ideia de escala. Existe uma diferença quanto à escala e
magnitude dos impactes devidos aos efeitos adversos dos acidentes, emergências, crises,
desastres e catástrofes?
18
In: http://www.prociv.pt/PrevencaoProteccao/Pages/Apresentacao.aspx
16
escala, contudo, no caso de um desastre, ainda remanescem várias actividades da sociedade
em funcionamento suportando essa mesma sociedade. O investigador distingue igualmente a
diferença qualitativa que existe entre desastres e emergências, argumentando que as
emergências podem ser confrontadas pelos recursos locais, enquanto um desastre exige a
assistência de entidades externas.
A Lei de Bases da Protecção Civil define catástrofe como “o acidente grave ou a série de
acidentes graves susceptíveis de provocarem elevados prejuízos materiais e, eventualmente,
vítimas, afectando intensamente as condições de vida e o tecido socioeconómico em áreas
ou na totalidade do território nacional”.
17
Ora uma catástrofe é definida como o acidente grave ou série de acidentes graves, sobre o
qual já se elaboraram algumas considerações. Importa assim analisar a definição à luz da Lei
portuguesa. Um acidente grave “é um acontecimento inusitado com efeitos relativamente
limitados no tempo e no espaço, susceptível de atingir as pessoas e outros seres vivos, os
bens ou o ambiente.”
Este projecto assumirá que sim. Assumirá que o legislador, na sua ponderação, decidiu
utilizar um termo de definição aberta, no qual possam ser incluídos fenómenos
desconhecidos, novos, extraordinários e invulgares, não concretizando quais os
acontecimentos inusitados que podem conformar um acidente grave ou catástrofe, permitindo
à protecção civil, e aos que estudam os perigos potenciais, a análise das ameaças mais
relevantes para prevenção dos riscos colectivos, independentemente da sua natureza. A
20
dovela central (chave) são os efeitos e a(s) causa(s). A definição legal portuguesa de
acidente grave permite, fruto da não definição do significado de “acontecimento inusitado”
que se possa abordar o processo de estudo e análise do risco, quer pela causa (factores
desencadeantes, simples ou complexos), negligenciando a escala de tempo entre a
manifestação da causa e a ocorrência do evento, ou simplesmente o evento em si (momento
da ocorrência).
19
Dicionário Universal da Língua Portuguesa – 1.ª Edição. Texto Editora, Lisboa, 1995.
20
In: http://es.wikipedia.org/wiki/Dovela
18
7. PROBLEMAS COMPLEXOS
“O primeiro era o de nunca aceitar algo como verdadeiro que eu não conhecesse
claramente como tal; ou seja, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de
não compreender nada mais no meu julgamento que não se apresentasse tão clara e
distintamente a meu espírito que eu não tivesse motivo algum de duvidar dela.
O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades sob exame em tantas parcelas
quantas possíveis e necessárias a fim de melhor solucioná-las.
Esta longa série de razões simples e fáceis, pelas quais os geómetras costumam alcançar as
conclusões das suas mais difíceis demonstrações, conduziu-me à imaginação de que todas as
21
In: http://www.gutenberg.org/files/13846/13846-h/13846-h.htm
19
coisas, até ao nível de conhecimento onde o Homem é competente, se entrelaçam mutuamente
da mesma forma, e de que não existe nada afastado de nós para além do nosso alcance, ou
tão escondido que não possamos descobri-lo, desde que nos abstenhamos da aceitação da
verdade pelo falso, preservando continuamente nos nossos pensamentos a ordem necessária
para a deduzir uma verdade de outra.”
22
Lagadec (2009) argumenta que a ciência do risco foi desenvolvida e consolidada segundo
uma forte filosofia cartesiana. Esta desenvolveu-se segundo “a identificação, o isolamento, a
medição, a estatística, as lições do passado, as boas práticas, as respostas eficazes prontas a
utilizar”. Argumenta ainda que “o conhecimento” desenvolveu-se para a gestão de crises,
relacionado com a vigilância, alertas, mobilização, equipas de crise, centros de crise, planos
de crise, comunicações de crise, mitigação, recuperação e exercícios de crise. No caso de
eventos magnificados aplica-se a mesma lógica: planos mais detalhados, ferramentas mais
poderosas, mais coordenação e mais concentração de poder. Lagadec argumenta finalmente
que esta visão está ultrapassada em larga medida, atribuindo a sua fundamentação ao
reconhecimento de que os problemas que enfrentamos desenvolveram-se muito além das
fronteiras compartimentalizadas da gestão da emergência, desenvolvem-se para a vastidão
23
instável e caótica da “Terrae Incognitae”. O dicionário on-line Merrian-Webster define
“Terrae Incognitae” como território desconhecido: um País não explorado ou campo do
conhecimento.
20
de Informação desempregado, gerou um movimento de revolta nacional obrigando o
Presidente Ben Ali a procurar refúgio na Arábia Saudita, deixando instalado no País o Estado
de Emergência.
O que seria controlável isoladamente (polícia confisca uma banca de venda de vegetais não
licenciada, garantindo o cumprimento da Lei) transformou-se num evento social de
proporções incertas, simplesmente porque a definição das políticas não pode ser
conclusivamente descrita quando se trata da indisputabilidade dos bens públicos (o acesso ao
emprego, a fonte de rendimento). Relembre-se a Crise no Reino Unido em 2000. A
dificuldade de acesso a fonte de energia a preços acessíveis (indisputabilidade do bem
público), conduziu a protestos que encerraram as refinarias, com as consequências já
descritas. O acto isolado de aumento dos combustíveis transformou-se num evento social de
proporções não previstas, que colocaram os sistemas vitais do país sobre pressão.
Rittel (1973) sustenta que as políticas de resposta aos problemas sociais não podem ser
classificadas de modo claro como correctas ou falsas; e não faz sentido falar sobre “soluções
óptimas” para problemas sociais sem que antes se verifique a imposição de qualificações
severas. Mais grave, não existe soluções óptimas no sentido da obtenção de respostas
definitivas e objectivas.
Ritchey (2010) adopta os dez critérios para problemas complexos definidos por Rittel (1973).
Pela sua importância no contexto deste trabalho transcreve-se para a língua portuguesa
(tradução própria), com eventuais adaptações, as dez propriedades sugeridas por Rittel (1973)
para as questões relacionadas com o planeamento de problemas complexos.
21
uma com a outra. Assim, de forma a antecipar todas as questões, de modo a antecipar
toda a informação requerida para resolver o problema antes do tempo, é necessário o
conhecimento de todas as soluções concebíveis. (Rittel 1973)
Rittel argumenta que tal não acontece no planeamento de problemas complexos. Nos
problemas complexos nunca se chega a um final, a uma operação completa ou a uma
solução correcta. Tal deve-se à não possibilidade de definição de critérios objectivos
numa corrente de causas dinâmicas e evolutivas, que interagem num sistema aberto,
num sistema que permeia a troca constante de energia, matéria ou informação com o
meio de forma a produzir uma readaptação constante às condições em mudança. O
investigador, planeador ou decisor de problemas complexos, param os processos de
investigação, análise, planeamento, decisão, implementação e avaliação quando
esgotam os recursos disponíveis, quando é atingido um resultado “suficiente” ou
quando sentem que”fizemos o possível…”.
22
3. As soluções para problemas complexos não são verdadeiras ou falsas, são
aceitáveis ou não aceitáveis.
Existem critérios convencionados para avaliar objectivamente se a solução de uma
equação ou problema proposto é correcta ou falsa. Estas soluções podem ser
analisadas por avaliadores independentes que dominem os critérios associados ao
problema, e as respostas derivadas apresentar-se-ão, na maioria dos casos, sem
ambiguidade.
Para problemas complexos, tal não se verifica. Normalmente, verifica-se que podem
existir equipas que estão igualmente dotadas de recursos, igualmente interessadas ou
com igual atribuição de competências para avaliação de soluções, ainda que não
tenham o poder formal de decisão para determinação do correcto ou incorrecto. É
expectável que os seus julgamentos variem de acordo com o seu grupo ou interesses
pessoais, com o seu conjunto de valores e as suas predilecções ideológicas. A sua
avaliação das soluções propostas pode ser exprimida como boa ou má, ou mais
provavelmente, como melhor ou pior, ou como satisfatória ou suficientemente
aceitável.
Com problemas complexos, qualquer solução, após a sua implementação, pode gerar
vagas de consequências com magnitudes e intensidades – virtuais e sem ligação – que
se prolonguem por extensos períodos de tempo. Mais frequentemente, as
consequências da solução, em momentos posteriores, podem comportar repercussões
indesejáveis que suplantaram as vantagens identificadas, ou as vantagens alcançadas
até ao momento em que são avaliadas. Em tais casos, o decisor ficaria em posição
mais favorável, caso decidisse não executar o plano.
As consequências não podem ser verificáveis antes da dissipação total das ondas de
repercussão da implementação de um plano, e não existe forma de mapear todas as
ondas através de todas as vidas afectadas avante do tempo ou dentro de um espaço-
tempo definido.
23
5. Toda a solução para um problema complexo é uma “operação de tiro único”;
devido à inexistência de oportunidade para aprendizagem por tentativa-erro,
toda a tentativa conta significativamente.
Em ciências e no campo das matemáticas, nos jogos de xadrez, na resolução de
puzzles ou no design de engenharia mecânica, a resolução de problemas pode tentar
várias soluções sem receio ou penalização dos resultados. Qualquer que seja o
resultado destas experiências individuais, tal não tem significância para o sistema
associado ou para o curso evolutivo das questões sociais.
Pode acontecer que nenhuma solução seja encontrada, devido à inconsistência lógica
do enquadramento da problemática inicial (por exemplo, a resolução do problema
pode chegar a uma descrição que requeira que o acontecimento A e não-A aconteçam
aos mesmo tempo). A pressão do Problema “alterações climáticas” induz a
necessidade de diminuir de emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera
(CO2 ou CO2 equivalente), sendo proposta uma diminuição de 20% nas emissões de
CO2 até 2020, menos emissões que derivam da queima de produtos com origem fóssil
(combustíveis-petróleo). O acontecimento A aumento do preço dos combustíveis,
24
gera pouca variação na procura devido a este segmento ter uma 25procura não elástica,
não existindo produtos substitutos em dimensão e quantidade suficiente para que as
populações e a economia não sintam os efeitos de forma extremamente negativa
quando os preços dos combustíveis aumentam. As emissões não se reduzem por
menor procura, diminuem-se por arrefecimento geral da economia, devido ao aumento
generalizado de preços, diminuindo-se o consumo geral de bens (consumo das
famílias); o que conduz ao encerrando de empresas e ao aumento do desemprego, com
toda a pressão que estes problemas colocam aos Estados. O acontecimento não-A
não aumento do preço dos combustíveis, não diminui a procura porque os
consumidores, sendo um produto essencial, não sentem necessidade de diminuir a
procura, verificando-se, em caso de crescimento económico, um aumento da procura
pela maior disponibilidade de rendimento disponível, o que potencia o consumo.
25
In: http://www.energybulletin.net/node/27600
25
Pode-se definir uma estratégia de implantação obrigatória de espaços agrícolas nas
cidades a partir do momento quem que se atinja determinado valor crítico no preço
combustíveis, devido ao potencial de afectação nas cadeias de stocks e distribuição
alimentar. As diferenças entre as cidades, no seu estilo de vida, mais urbano ou mais
bucólico, os espaços de reserva agrícola existentes, os recursos hídricos disponíveis
para rega, o saber existente sobre o ciclo de produção das colheitas, a existência de
sementes, a existência de alfaias agrícolas, entre outros, diferem de cidade para cidade,
sendo necessário, atempadamente, efectuar estudos que garantam a sustentabilidade
alimentar no caso de ruptura nas cadeias de distribuição, o que é passível de ocorrer no
caso de interrupções de fornecimento de combustíveis de curto prazo ou da diminuição
da oferta num movimento de declínio progressivo e contínuo.
26
o problema original (sintoma), a diminuição das reservas existentes de petróleo
convencional. Ao remover a discrepância, descobriu um sintoma de complexidade
superior. Não existindo mais capacidade produtiva para extracção de petróleo
convencional, os preços já não voltarão ao valor de sustentabilidade (1€). Contudo, o
Governo, fruto dos programas de diminuição dos deficits públicos, necessita de
efectuar cortes no lado da despesa do estado, nomeadamente nos subsídios nos
sectores da agricultura e pescas, devido a um novo acordo europeu para o sector da
agricultura e pescas. Ao retirar os subsídios atribuídos o valor de um litro de gasóleo já
não é de 1,5€, é de 2€. A resolução da discrepância inicial revelou um problema de
complexidade superior.
Surge aqui uma dificuldade com a aplicação das medidas (Rittel define-o como
incrementalismo). Esta doutrina (incrementalismo) sugere a aplicação da política de
pequenos passos, na esperança do contributo sistemático para o melhoramento global.
27
Traduzindo num estudo prático: Sob as condições “subsidiar as energias renováveis”,
assumindo a validade da hipótese “exaustão do petróleo convencional”, o efeito do
“aumento evolutivo dos preços nos combustíveis deve surgir”. Agora nas condições
“subsidiar as energias renováveis”, o “aumento evolutivo dos preços nos combustíveis
deve surgir” não ocorre. Consequentemente a “exaustão do petróleo convencional”
deve ser refutada.
26
Science Editons, New York, 1961.
28
No mundo do planeamento de problemas complexos, tal imunidade não é tolerada.
Neste campo o objectivo não é a procura da verdade, mas a melhoria de algumas
características do mundo onde as pessoas vivem. Existe confiança nos planeadores em
relação à consequência das acções que estes desenvolvem, uma vez que os seus efeitos
podem afectar com impacte significativo as pessoas afectadas por estas acções.
29
Pico de Hubbert
O Pico do Petróleo significa o ponto no tempo a partir do qual a produção de petróleo está no
seu máximo. Após esse momento a produção de petróleo declina. O significado do Pico do
petróleo mundial traduz-se em pela primeira vez, a oferta mundial ser incapaz de satisfazer a
procura crescente de petróleo e seus derivados.
O conceito do pico do petróleo está associado à Teoria de Hubbert. Esta teoria postula que
para qualquer área geográfica, desde uma região de produção individualmente considerada até
à escala mundial, a taxa de produção de petróleo tende a seguir uma curva hiperbólica.
27
Após este ponto, a oferta continuará em declínio num momento em que a expectativa, na
óptica da procura projectada é de subida.
28
27
In: http://www.bristol.gov.uk/ccm/cms-service/stream/asset/?asset_id=32277111
28
World Energy Outlook 2010, Presentation to the Press – International Energy Agency (Novembro 2010)
30
29
O Petróleo não se esgotará no momento em que atinja o Pico, contudo será cada vez mais
escasso e consequentemente mais caro.
Este factor será potenciado pelo aumento da procura, não só pelo aumento populacional nos
países em desenvolvimento, mas também pela industrialização da Índia e da China. A procura
de produtos petrolíferos por parte da China e Índia crescerá exponencialmente.
Muito embora existam variadas opiniões sobre quando será atingido o Pico do Petróleo, existe
um sentimento partilhado de que o Pico do Petróleo será atingido muito em breve.
O antigo geólogo chefe e vice-presidente da British Petroleum, Colin Campbell, acredita que
a produção de petróleo convencional, de extracção mais barata e mais fácil, atingiu o pico no
ano de 2005. As suas estimativas apontam para que o petróleo leve seja um recurso mais raro
por volta de 2011.
29
World Energy Outlook 2010, Presentation to the Press – International Energy Agency (Novembro 2010)
31
Jean Laherrere, um administrador de topo da companhia Total Oil, defendeu que o pico do
petróleo ocorreria em 2007. Laherrere contribuiu com os seus estudos de refracção sísmica
para a descoberta do maior campo petrolífero em África. Na Total Oil supervisionou as
técnicas de exploração realizadas mundialmente.
32
8. ANÁLISE MORFOLÓGICA
Ritchey (2010) define a Análise Morfológica Global como um método para estruturação e
investigação do total de relações contidas num modelo multidimensional, não quantificável,
dos problemas complexos. Foi originalmente desenvolvida por Fritz Zwicky, um astrofísico e
cientista aeroespacial suíço que desenvolveu a sua actividade no Instituto de Tecnologia da
Califórnia.
Primeiro passo: O problema, para ser resolvido, tem que ser formulado de modo muito
conciso.
Segundo passo: Todos os parâmetros que possam ter importância para a solução de um
determinado problemas devem ser localizados e analisados.
Quarto passo: Todas as soluções contidas numa caixa morfológica, são escrutinadas em
detalhe, no que respeita aos propósitos que se pretendem atingir.
Zwicky (Ritchey 2002) desenvolveu a “Caixa de Zwicky” para demonstrar as vantagens dos
campos morfológicos sobre os campos topológicos. A figura infra representa uma “Caixa de
Zwicky” e a respectiva representação de uma opção (posicionamento) num campo
morfológico.
33
Campo Morfológico Tridimensional
X1 Y1 Z1
X2 Y2 Z2
X3 Y3 Z3
X4 Y4 Z4
A/B B
0
Não A
(zero)
A B
~A ~B
N = (n.º de parâmetros) = 2
34
P2 - Parâmetro 2: B - Diminuição Gradual
Assim, o total de configurações simples Tcs num campo morfológico (numa configuração com
uma e uma só condição sob cada parâmetro) é:
P1 P2 P3
Tcs = v1 * v2 * v3 … Vn
ou
Tcs =
Caso 1
P1 P2 P3
P1V1 P2V1 P3V1
P1V4 P3V4
Ou:
35
Vejamos como se comporta o nosso campo morfológico com mais dois parâmetros além dos
supra ilustrados:
Caso 2
P1 P2 P3 P4 P5
Ou:
A rápida conclusão que podemos retirar da adição de mais dois parâmetros (com mais dez
condições) foi a de passarmos de um campo morfológico de 48 combinações para 1152. Se
porventura fosse necessário adicionar mais um parâmetro com 4 condições, subiríamos para
4608 combinações complexas.
P1 P2
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V1
P1V2
P1V3
P2V1
P2 P2V2
P2V3
P3V1
P3V2
P3
P3V3
P3V4
36
O número de blocos no interior de uma matriz de verificação cruzada de consistência é dado
pela seguinte expressão, onde N = n.º de Parâmetros:
P1 P2 P3 P4
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V1
P1V2
P1V3
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V5
P1V6
P2V1
P2 P2V2
P2V3
P3V1
P3V2
P3
P3V3
P3V4
P4V1
P4V2
P4V3
P4
P4V4
P4V5
P4V6
P5V1
P5V2
P5
P5V3
P5V4
Assim:
37
Número de pares para verificação cruzada de consistência
P1V3
P1V4
P1V1
P1V2
P1V3
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V5
P1V6
P2V1
Vj2 P2 P2V2
P2V3
P3V1
P3V2
Vj3 P3
P3V3
P3V4
P4V1
P4V2
P4V3
Vj4 P4
P4V4
P4V5
P4V6
P5V1
P5V2
Vj5 P5
P5V3
P5V4
Assim resulta:
TPr = [Vi1*(Vj2+Vj3+Vj4+Vj5)]+[Vi2*(Vj3+Vj4+Vj5)]+[Vi3*(Vj4+Vj5)]+(Vi4*Vj5) ⇔
38
Relembremos que no Caso 2, inicialmente, após constituição do campo morfológico tínhamos
1152 possibilidades de combinações complexas. Após a elaboração da matriz de verificação
cruzada de consistência, retiramos 978 combinações que exigiriam um enorme desgaste no
processo de análise.
Coeficiente de Conectividade
Ritchey (2010) argumenta que existem duas possibilidades: Ou os dois parâmetros em estudo
são ortogonais, ou seja, independentes um do outro, ou possuem constrangimentos mútuos.
Desde que os valores sejam relacionados por consistência mútua, então podemos afirmar que
num par ortogonal Px e Py, qualquer valor de Px é consistente com qualquer valor de Py.
Se um valor ortogonal Pk, for ortogonal para com todos os outros parâmetros do modelo
morfológico, então tal significa que a sua variabilidade não tem efeito sobre o resto do
modelo. Um parâmetro assim é exógeno ao sistema.
Os pares de parâmetros são mutuamente constrangidos quando pelo menos um par de valores
(condições) de um bloco de parâmetros é inconsistente, impossível ou inviável. “?” pode
representar uma relação altamente improvável, e “X” uma contradição extrema entre valores
(condições). Aplicando o esquema de símbolos e respectivo significado ao Caso 1 teríamos a
seguinte Matriz de Verificação Cruzada de Consistência (MVCC).
P1 P2
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V1
P1V2
P1V3
P2V1 - - - -
P2 P2V2 - - - -
P2V3 X - - -
P3V1 - - - - - - -
P3V2 - - - ? - - -
P3
P3V3 - ? - - - - -
P3V4 - - X - - - -
39
E no caso 2:
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V1
P1V2
P1V3
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V5
P1V6
P2V1 - - - -
Vj2 P2 P2V2 - - - X
P2V3 - - - -
P3V1 - - - ? - - -
P3V2 - - X - - - -
Vj3 P3
P3V3 ? - - - - - -
P3V4 - - - - - - -
P4V1 - - - - - - - X - - -
P4V2 - - X - - - - - - - -
P4V3 - X - - - - - - X - -
Vj4 P4
P4V4 - X - - - - - - - X -
P4V5 - X - - - - - - - - -
P4V6 - - X - - - - - - - -
P5V1 X - - - - - - - - - ? - - - - - -
P5V2 - - - X - - - - X - - - X - - X -
Vj5 P5
P5V3 - X - - - - - - X - - - X - - - -
P5V4 X - - ? - - - - - - ? - - - - - -
O valor P1V1, do parâmetro P1, é consistente com o valor P2V2, do parâmetro P2.
O valor P1V2, do parâmetro P1, é altamente improvável com o valor P3V3, do
parâmetro P3.
O valor P1V3, do parâmetro P1, é uma contradição extrema com o valor P3V5, do
parâmetro P3.
40
Existem dois tipos de ligação entre parâmetros.
P1 P2
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V1
P1V2
P1V3
P2V1 - - - -
P2 P2V2 - - - -
P2V3 X - - -
P3V1 - - - - - - -
P3V2 - - - ? - - -
P3
P3V3 - ? - - - - -
P3V4 - - X - - - -
Na matriz supra representada temos os pares de parâmetros P1-P2 e P1-P3 com Ligados. O
par de parâmetros P2-P3 possui pares ortogonais, sendo Não ligados.
Neste caso temos 3 parâmetros sendo o número total de ligações (blocos) entre estes
parâmetros dado pela expressão:
41
2. O Coeficiente de Consistência ( ): O rácio do número de pares constrangidos dos
valores (condições) dos parâmetros da Matriz de Verificação Cruzada de Consistência
(Cx) com o número total de pares de valores da Matriz (Ct).
Do exemplo dado resulta (Caso 1):
Vi1 Vi2
P1 P2
P1V1
P1V2
P1V3
P1V4
P1V1
P1V2
P1V3
P2V1 - - - -
Vj 2 P2 P2V2 - - X -
P2V3 X - X ?
P3V1 - - - - - - -
P3V2 - - - ? - - -
Vj 3 P3
P3V3 - ? - - - - -
P3V4 - - X - - - -
Onde,
Ct = [Vi1*(Vj2+Vj3)]+[Vi2*(Vj3)] ⇔ Ct = [4*(3+4)]+[3*(4)] = 28 + 12 = 40
e,
Cx = número de pares (condições) constrangidos = 4
logo,
No caso 2:
Ct = [Vi1*(Vj2+Vj3+Vj4+Vj5)]+[Vi2*(Vj3+Vj4+Vj5)]+[Vi3*(Vj4+Vj5)]+(Vi4*Vj5) ⇔
Ct = [4*(3+4+6+4)]+[3*(4+6+4)]+[4*(6+4)]+(6*4) = 68 + 42 + 40 + 24 = 174
42
Cx = número de pares (condições) constrangidos = 24
Logo,
Onde,
43
Quadro Comparativo Resumo - Caso 1 Vs Caso 2
Gráfico - Caso de Estudo Ritchey (2010) defende que a relação que melhor representa as
propriedades formais do constrangimento pela avaliação permitida
90% pela Matriz de Verificação Cruzada de Consistência (MVCC), é o
Caso 2; 83% Coeficiente de Constrangimento Este Coeficiente
Quocinete Espaço Solução (c)
80%
70% representa a distribuição dos constrangimentos em relação ao espaço
60% total da MVCC. A hipótese é que para um dado , os
constrangimentos do modelo tendem a ser maiores se estiverem
50%
somente concentrados em poucos blocos de parâmetros, em vez de
40% estarem distribuídos de modo mais uniforme por toda a matriz [caso a
30% do quadro comparativo onde só se mudou o valor da coluna (3)].
20% Assim, deve existir uma relação entre o Coeficiente de
Caso 1; 15% Caso a; 15%
10% constrangimento ( , e o Coeficiente Solução ,
0%
representativo do tamanho relativo do espaço solução.
0.00% 20.00% 40.00% 60.00% 80.00%
Quando se verifica um desvio do ponto (caso 2) para a parte superior
Quociente de Constrangimentos (d) do gráfico produz-se um espaço solução relativamente grande (83%), o
que é uma contradição com o que se pretende.
Ritchey interroga-se sobre a causa das divergências verificadas, sem adiantar uma solução. Afirma, fruto da sua experiência, que o primeiro factor pode dever-
se à escala do modelo ou, o segundo, às relações lógicas da exclusão mútua de valores ou da sua existência concorrente.
44
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E OUTRAS
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45
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Website:http://www.bristol.gov.uk/ccm/cms-service/stream/asset/?asset_id=32277111
46
10.EPÍLOGO
30
“Tal como homem que em dúvidas acerta,
e que em conforto a temerosa agrura
muda, sendo a verdade descoberta,
me mudei eu; e como quem descura
me viu o guia e ali lhe fui no encalço
ao subir no ressalto, rumo à altura.
Leitor, tu vejas bem como agora alço,
minha matéria e disso, por mais arte,
não vás maravilhar-te, se eu a calço.
Aproximando, éramos na parte,
que lá onde antes roto parecia
o muro, ou com tal fenda que o reparte,
Vi uma porta e três degraus havia
de cor diversa, sendo o acesso aí,
e um porteiro que nada lá dizia.
E com os olhos mais e mais abri,
o vi sentar no alto do degrau então,
de rosto tal que olhá-lo não sofri;
tinha uma espada nua em sua mão
e espelhava em nós seus raios tais
que eu insistia erguendo o rosto em vão.
«Dizei-me de onde sois e que buscais?»
começou de dizer: «quem vos aporta?
e vede se a subir vos não lesais.»
«Dama do céu que o sabe nos exorta»,
meu mestre lhe responde, «e há um instante
nos disse; «Por lá ide: é ali a porta.»
«E ela os passos vossos bem adiante»,
recomeçou o tão cortês porteiro:
«E junto a estes degraus, pois vinde avante»”.
Canto IX – Sonho de Dante. Despertar e retoma da caminhada.
30
Moura, Vasco Graça. A Divina Comédia de Dante Alighieri – 3.ª Edição (pág. 381-382). Bertrand Editora,
1997.
47