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INTENSIVO I

Disciplina: Direito constitucional


Prof.: Marcelo Novelino
Data: 05.02.2009
Aula n°01

MATERIAL DE APOIO - PROFESSOR

Índice

1. Roteiro
2. Bibliografia
3. Sobre o constitucionalismo do futuro
4. Hierarquia entre lei complementar e ordinária
5. Notícias STF

1. Roteiro

Constitucionalismo

1. Constitucionalismo antigo
2. Constitucionalismo clássico (liberal)
3. Constitucionalismo moderno (social)
4. Constitucionalismo contemporâneo (neoconstitucionalismo)
5. Constitucionalismo do futuro

A Constituição

1. O fundamento da Constituição
- Concepção sociológica
- Concepção política
- Concepção jurídica

2. Classificações da CRFB/88

2. Bibliografia

CONTEÚDO A SER MINISTRADO

I- CONSTITUCIONALISMO
II- A CONSTITUIÇÃO
II- CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
III- PODER CONSTITUINTE
V- INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
VI- TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;
VII- DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE;

SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS

Doutrina básica

* NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 3. ed. Editora Método, 2009


(http://www.editorametodo.com.br/marcelonovelino/)
MENDES, Gilmar et alii. Curso de direito constitucional. Saraiva.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. Malheiros.

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CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional didático. Del Rey.


MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. Atlas.
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de direito constitucional. Juspodivm.
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. Saraiva.

Teoria geral da Constituição

* NOVELINO, Marcelo (org.). Leituras complementares de direito constitucional: Teoria da


Constituição. Editora Juspodivm, 2009 (www.editorajuspodivm.com.br)
CANOTILHO. Direito constitucional e teoria da constituição. Almedina.
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. Coimbra.
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. Malheiros.

Controle de constitucionalidade

* NOVELINO, Marcelo (org.). Leituras complementares de direito constitucional: Controle de


constitucionalidade. Editora Juspodivm, 2009 (www.editorajuspodivm.com.br)
MARTINS, Ives Gandra da Silva; MENDES, Gilmar Ferreira. Controle concentrado de constitucionalidade.
Saraiva.
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Controle de constitucionalidade: Teoria e prática. Juspodivm.

Direitos fundamentais

* NOVELINO, Marcelo (org.). Leituras complementares de constitucional: Direitos humanos e


direitos fundamentais. Editora Juspodivm (www.editorajuspodivm.com.br).
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Livraria do advogado.
KRELL, Andreas Joachim. Direitos sociais e controle judicial no Brasil e na Alemanha. Sérgio Antônio
Fabris.

Consulta rápida de artigos da Constituição

Site do STF: “A Constituição e o Supremo”


(http://www.stf.jus.br/legislacao/constituicao/pesquisa/default.asp)

Constituição em áudio

Site da Câmara dos Deputados:


(http://www2.camara.gov.br/acessibilidade/constituicaoaudio.html/constituicaoFederal.ht
ml)

3.

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4. Hierarquia entre lei complementar e ordinária

* SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

No sentido de que a lei complementar seria hierarquicamente superior à lei ordinária, havia várias
decisões proferidas pela 1ª e 2ª turmas do STJ:

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“... não se pode aceitar que uma lei de hierarquia inferior revogue dispositivo legal estabelecido por uma
lei complementar” (g.n.) (STJ –REsp (AgRg) n. 721861/RS, rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ
16/06/2005)

“As Leis Ordinárias ns. 9.032/95 e 9.129/95 são hierarquicamente inferiores ao comando de uma lei
complementar. Sendo a contribuição para a Seguridade Social uma espécie do gênero tributo, deve a
mesma seguir o preceituado no CTN, recepcionado como lei complementar, salvo norma posterior de
mesma hierarquia, que não é o caso das leis ordinárias citadas, a fim de que não se fira o princípio da
hierarquia das leis” (g.n.) (STJ – REsp (AgRg) n. 659661/DF, rel. Min. José Delgado, DJ 12/05/2005)

“1. A Lei Complementar é instrumento que confere ao contribuinte a segurança jurídica de que este
necessita, uma vez que as matérias por ela reguladas são aquelas que exigem maior proteção contra os
abusos do poder tributante, por isso mesmo é que só pode ser aprovada por maioria absoluta. Sendo
assim, não pode ser revogada por lei ordinária.
2. A Lei Complementar n. 70/91 que instituiu a COFINS e determinou em seu artigo 6º, II, a isenção
desta exação relativamente às sociedades civis prestadoras de serviços profissionais, não pode ser
alterada pela Lei n. 9.430/96, em face de sua superior hierarquia” (g.n.) (STJ – REsp (AgRg) n.
640901/PR, rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 22/03/2005)

Todavia, tendo em vista o entendimento consagrado pelo STF, o STJ acabou modificando seu
posicionamento:

1. Entendimento deste Relator no sentido de que não incide, na repetição de indébito tributário, o art.
39, § 4º, da Lei nº 9.250/95, que fixa critério para o encontro de taxa de juros pelo sistema denominado
de SELIC, haja vista que o comando expresso no art. 161, § 1º, do CTN, foi determinado pela Lei nº
5.172/66, a qual possui forma de Lei Complementar. Já os juros moratórios da Taxa SELIC foram
estatuídos por Lei Ordinária (nº 9.250/95). Destarte, não se pode aceitar que uma lei de hierarquia
inferior revogue dispositivo legal estabelecido por uma lei complementar. Obediência ao princípio da
hierarquia das leis.
2. No entanto, embora tenha o posicionamento acima assinalado, rendo-me, com a ressalva do meu
ponto de vista, à posição assumida pelas distintas Corte Especial e 1ª Seção deste Tribunal Superior,
pelo seu caráter uniformizador no trato das questões jurídicas no país, que decidiu que é perfeitamente
aplicável, também na repetição de indébito, a Taxa SELIC.
3. Precedentes: - 1) da Corte Especial: EREsp nº 213926/PR, deste Relator, DJ de 20/02/2006. - 2) da
1ª Seção: AgReg na Pet nº 5396/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 06/08/2007; EREsp nº 378576/SC,
deste Relator, DJ de 11/06/2007; AgReg nos EREsp nº 554066/PE, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de
18/12/2006; EREsp 670631/SP, deste Relator, DJ de 04/09/2006; AgReg nos EDcl nos EREsp nº
297048/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 21/11/2005; EREsp nº 656401/CE, Rel. Min. Castro
Meira, DJ de 19/09/2005; EREsp nº 610351/SP, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 01/07/2005; EREsp nº
588194/PB, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 06/06/2005; EREsp nº 463167/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
DJ de 02/05/2005; EREsp nº 517359/PB, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 07/03/2005; EAg nº
502768/BA, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 14/02/2005; EREsp nº 291257/SC, Rel. Min. Luiz Fux,
DJ de 06/09/2004. - 3) das 1ª e 2ª Turmas: REsp nº 917243/AL, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de
02/08/2007; REsp nº 760791/MG, Relª Minª Denise Arruda, DJ de 02/08/2007; AgRg no REsp nº
919222/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de 02/08/2007; REsp nº 934737/SP, Rel. Min. Castro
Meira, DJ de 01/08/2007; REsp nº 930208/SP, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 01/08/2007; REsp nº
702999/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de 02/08/2007; REsp nº 742392/MG, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, DJ de 31/05/2007; REsp nº 900918/SP, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 29/03/2007;
REsp nº 738993/SP, Relª Minª Eliana Calmon, DJ de 10/10/2005; REsp nº 234356/RJ, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, DJ de 05/09/2005; AgReg no REsp nº 553756/BA, Relª Minª Denise Arruda, DJ de
19/09/2005.

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O Superior Tribunal de Justiça, em diversas oportunidades, manifestou-se no sentido de que o conflito


entre a lei complementar e lei ordinária não se resolve pelo princípio da hierarquia, mas sim em função
de a matéria ser ou não reservada ao processo de legislação complementar, tratando-se, pois, de
questão de índole constitucional, de competência do Supremo Tribunal Federal.

* SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

O STF adota o entendimento de que o conflito entre lei ordinária e lei complementar não se resolve com
base no princípio da hierarquia, mas sim pela análise do campo material delimitado pela Constituição.
Nesse sentido, as decisões a seguir colacionadas:

“Trata-se de medida cautelar requerida pela União (Fazenda Nacional) visando à suspensão dos efeitos
do acórdão do STJ no RESP n. 499.415/CE, que afastou a incidência da COFINS sobre a receita bruta da
requerida sob o fundamento de ilegitimidade da revogação instituída pela Lei n. 9.430/96 da isenção
conferida pela LC n. 70/91 às sociedades prestadoras de serviços, por colisão com o princípio da
hierarquia das leis. Aí, na questão de fundo - dado que o conflito entre lei complementar e lei ordinária
não há de solver-se pelo princípio da hierarquia, mas sim em função de a matéria estar ou não
reservada ao processo de legislação complementar -, parece densa a probabilidade de decisão do RE em
favor do recorrente” (STF - AC n. 346/CE, rel. Min. Sepúlveda Pertence, Julgamento 01/07/2004).

“Contribuição social (CF, art. 195, I): legitimidade da revogação pela Lei n. 9.430/96 da isenção
concedida às sociedades civis de profissão regulamentada pela Lei Complementar n. 70/91, dado que
essa lei, formalmente complementar, é, com relação aos dispositivos concernentes à contribuição social
por ela instituída, materialmente ordinária; ausência de violação ao princípio da hierarquia das leis, cujo
respeito exige seja observado o âmbito material reservado às espécies normativas previstas na
Constituição Federal” (STF - RE (AgR) n. 457.884, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 17/03/06).

No julgamento dos RREE n. 377.457/PR e n. 381.964/MG, o relator Min. Gilmar Ferreira Mendes adotou
orientação fixada pelo STF no julgamento da ADC n. 1/DF (DJU de 16.6.95), no sentido de inexistência
de hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, espécies normativas formalmente distintas, cuja
diferença é exclusivamente a matéria eventualmente reservada à primeira pela própria Constituição.

Efeito Vinculante e Obiter Dictum - 2

O Tribunal, por maioria, negou provimento a agravo regimental interposto contra decisão que indeferira
pedido de medida liminar em reclamação ajuizada pela União, na qual se sustentava que julgado do STJ
— em que se entendera que a isenção concedida pela LC 70/91 às sociedades prestadoras de serviço
não pode ser revogada por lei ordinária — teria ofendido a autoridade da decisão proferida por esta
Corte nos autos da ADC 1/DF (DJU de 6.6.95). Alegava-se, na espécie, que a decisão proferida pelo STF
na citada ADC, cujo efeito é vinculante, teria considerado a LC 70/91 como materialmente ordinária, e
apenas formalmente complementar, estando legitimada, portanto, a sua revogação por meio da Lei
9.430/96 — v. Informativo 335. Reportando-se à parte dispositiva e à ementa do acórdão proferido na
referida ação declaratória, entendeu-se que o Tribunal, no julgamento da ADC 1/DF, não decidira no
sentido de que a LC 70/91 seria materialmente lei ordinária ou apenas formalmente complementar, e
que a afirmação de que a mencionada lei complementar seria materialmente ordinária, constante dos
votos do relator e do Min. Carlos Velloso, proferidos naquele julgado, caracterizara-se como obiter
dictum, que não integra o dispositivo da decisão, nem se sujeita ao efeito vinculante. Vencidos os
Ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa e Celso de Mello que, salientando que a
referida afirmação constituíra premissa essencial que conduzira à conclusão pela constitucionalidade dos
dispositivos em discussão naquele julgamento, proviam o recurso, por entender que o alcance do efeito
vinculante da decisão não está limitado a sua parte dispositiva, devendo abranger, também, os
chamados “fundamentos determinantes”.

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Rcl 2.475 AgR/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, rel. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 2.8.2007. (Rcl-
2475)

STF - RE (AgR)457.884, Rel. Min. Sepúlveda Pertence (DJ 17/03/06)


"Contribuição social (CF, art. 195, I): legitimidade da revogação pela L. 9.430/96 da isenção concedida
às sociedades civis de profissão regulamentada pela Lei Complementar 70/91, dado que essa lei,
formalmente complementar, é, com relação aos dispositivos concernentes à contribuição social por ela
instituída, materialmente ordinária; ausência de violação ao princípio da hierarquia das leis, cujo
respeito exige seja observado o âmbito material reservado às espécies normativas previstas na
Constituição Federal. Precedente: ADC 1, Moreira Alves, RTJ 156/721"

STF - ADI 2711/ES, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA (Julgamento: 04/03/2004)


EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL 7191/02. GRATIFICAÇÃO DE
PRODUTIVIDADE. PROCURADORES DO INSTITUTO ESTADUAL DE SAÚDE PÚBLICA. ADMINISTRAÇÃO
ESTADUAL. COMPETÊNCIA DO GOVERNADOR. INICIATIVA PARLAMENTAR. VÍCIO FORMAL. LEI
COMPLEMENTAR. NATUREZA ORDINÁRIA. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO HIERÁRQUICO SOB A ÓTICA DA
CARTA DA REPÚBLICA...

Sociedades Prestadoras de Serviço: Isenção de COFINS e Reserva Constitucional de LC (Transcrições)

Artigo
Sociedades Prestadoras de Serviço: Isenção de COFINS e Reserva Constitucional de LC (Transcrições)
(v. Informativo 428) RE 419629/DF* RELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE Relatório: RE, a, da
entidade sindical contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 1a Região que julgou legítima a
revogação pela Lei 9.430/96 da isenção concedida às sociedades civis de profissão pela Lei
Complementar 70/91, uma vez que esta, formalmente complementar, é, materialmente, lei ordinária, no
tocante à criação e disciplina da contribuição social prevista no art. 195, I, da Constituição. O STJ deu
provimento ao recurso especial interposto concomitantemente ao recurso extraordinário por entender
que, em razão do princípio da hierarquia das leis, lei ordinária não tem força para revogar dispositivo de
lei complementar. Daí a interposição de RE pela União contra o acórdão do STJ, por entender que houve
ofensa aos seguintes dispositivos constitucionais: a) arts. 102, III, e 105, III, uma vez que a solução do
conflito entre lei ordinária e lei complementar é questão constitucional, razão pela qual não poderia ter
sido examinada pelo STJ em recurso especial; b) art. 97, por ter havido declaração de
inconstitucionalidade por órgão fracionário; e c) arts. 146, 150, § 6o, e 195, I, para afirmar que a
isenção do recolhimento da COFINS é matéria que poderia ser disciplinada por lei ordinária, razão pela
qual a LC 70/91 podia ser revogada pela L. 9.430/96. A entidade sindical formulou pedido de desistência
do recurso extraordinário interposto contra o acórdão do TRF por entender que, com a decisão do STJ,
teria ocorrido a perda de seu objeto. Parecer da Subprocuradora-Geral da República Maria Caetana
Cintra Santos pelo prejuízo do recurso extraordinário do sindicato e pelo provimento do recurso
extraordinário da União. É o relatório. Voto: I Não há falar em perda de objeto ou do interesse recursal
no recurso extraordinário interposto pela entidade sindical. É que, apesar da decisão favorável do
Superior Tribunal de Justiça, ainda não transitou em julgado o acórdão proferido no julgamento do
recurso especial interposto concomitantemente ao recurso extraordinário. Do mesmo modo, não é
possível homologar o pedido de desistência do recurso extraordinário do Sindicato, fundado na decisão
favorável proferida pelo Tribunal Superior. II Certo, esta Corte assentou no julgamento do RE 140.752,
10.02.1994, Pleno, Rezek, ser incabível o RE para reexaminar a correção das premissas concretas de
que haja partido a decisão do STJ, no recurso especial, se, em tese, correta. Na ocasião, acentuei que,
caso a decisão do STJ contivesse proposição contrária, em tese, aos pressupostos típicos de
admissibilidade do recurso especial - definidos explícita ou implicitamente no art. 105, III, da Carta
Federal -, seria cabível o extraordinário. Esse entendimento foi posteriormente reafirmado por ambas as
Turmas deste Tribunal: v.g. RE 273.351, 1ª T, 27.06.2000, Pertence; RE 202.668, 2ª T, 12.12.2000,
Néri; e RE 208.775, 1ª T, 18.04.2000, Moreira. No primeiro deles, consignei na ementa: “Recurso
extraordinário: hipótese de cabimento por contrariedade, pelo acórdão do STJ em recurso especial, do

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art. 105, III, da Constituição. 1. Não cabe recurso extraordinário fundado em violação do art. 105, III,
para rever a correção, no caso concreto, da decisão do STJ de conhecer ou não do recurso especial. 2.
Cabe, porém, o extraordinário se, para conhecer ou não do recurso especial, parte o acórdão do STJ de
proposição contrária em tese aos seus pressupostos típicos de admissibilidade, definidos explícita ou
implicitamente no art. 105, III, da Constituição. 3. Essa a hipótese quando se nega força de lei federal a
diploma normativo que o tenha, qual o caso do Convênio ICMS 66/88 - que - por disposição expressa do
art. 34, § 8º, ADCT - teve hierarquia de lei complementar, até que essa fosse editada, em tudo quanto
necessário para tornar eficazes as inovações introduzidas na disciplina constitucional do ICMS pela
Constituição de 1988.” Ao deferir liminar na AC 346 afirmei que “o conflito entre lei complementar e lei
ordinária não há de solver-se pelo princípio da hierarquia, mas sim em função de a matéria estar ou não
reservada ao processo de legislação complementar”. Por se tratar de matéria constitucional resolvida
pelo TRF e, por isto, objeto do recurso extraordinário interposto pelo sindicato, não poderia o Superior
Tribunal de Justiça examiná-la em recurso especial, sob pena de usurpar a competência do Supremo
Tribunal Federal para o deslinde da questão (AI 145.589-AgR, Pertence, RTJ 153/684). No caso, a
questão constitucional - ou seja, definir se a matéria era reservada à lei complementar ou poderia ser
versada em lei ordinária - é prejudicial da decisão do recurso especial, e, portanto, deveria o STJ ter
observado o disposto no art. 543, § 2o, do C.Pr.Civil, verbis: “Art. 543. Admitidos ambos os recursos, os
autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. § 1o (Omissis). § 2o Na hipótese de o relator do
recurso especial considerar que o recurso extraordinário é prejudicial àquele, em decisão irrecorrível
sobrestará o seu julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, para o julgamento do
recurso extraordinário.” Desse modo, passo ao exame do RE contra o acórdão do TRF da 1a Região. III
No julgamento da ADC 1, 01.12.93, o em. Relator, Ministro Moreira Alves ressaltou no voto condutor do
acórdão - RTJ 156/721, 745: “Sucede, porém, que a contribuição social em causa, incidente sobre o
faturamento dos empregadores, é admitida expressamente pelo inciso I do artigo 195 da Carta Magna,
não se podendo pretender, portanto, que a Lei Complementar nº 70/91 tenha criado outra fonte de
renda destinada a garantir a manutenção ou a expansão da seguridade social. Por isso mesmo, essa
contribuição poderia ser instituída por Lei ordinária. A circunstância de ter sido instituída por lei
formalmente complementar - a Lei Complementar nº 70/91 - não lhe dá, evidentemente, a natureza de
contribuição social nova, a que se aplicaria o disposto no § 4o do artigo 195 da Constituição, porquanto
essa lei, com relação aos dispositivos concernentes á contribuição social por ela instituída - que são o
objeto desta ação -, é materialmente ordinária, por não tratar, nesse particular, de matéria reservada,
por texto expresso da Constituição, à lei complementar. A jurisprudência desta Corte, sob o império da
Emenda Constitucional nº 1/69 - e a Constituição atual não alterou esse sistema -, se firmou no sentido
de que só se exige lei complementar para as matérias para cuja disciplina a Constituição expressamente
faz tal exigência, e, se porventura a matéria, disciplinada por lei cujo processo legislativo observado
tenha sido o da lei complementar, não seja daquelas para que a Carta Magna exige essa modalidade
legislativa, os dispositivos que tratam dela se têm como dispositivos de lei ordinária.” Este, o caso
vertente, relativo a norma que - embora inserida formalmente em lei complementar - concedia isenção
de tributo federal e, portanto, submetia-se a regime de leis federais ordinárias, que outra lei ordinária
da União, validamente, poderia ter revogado, como efetivamente revogou. Nesse sentido – na trilha do
precedente invocado da ADC 1 -a jurisprudência do Tribunal permanece sedimentada (v.g., ADInMC
2111, 16.03.00, Sydney, DJ 15.12.03; AR 1264, 10.04.02, Néri, DJ 31.05.02). Na doutrina - e
independentemente da discussão acerca de ser ou não de hierarquia a relação entre a lei complementar
e a lei ordinária -, também se pode dar por pacificada a mesma conclusão da jurisprudência. A lição vem
desde a obra pioneira do saudoso Geraldo Ataliba. O mesmo se colhe na clássica monografia do douto
Souto Maior Borges. Salvo uma passagem de Manoel G. Ferreira Filho - citada e acolhida por Alexandre
de Moraes - não encontrei discrepância de monta nos trabalhos mais modernos, a exemplo de Sacha
Calmon, e Humberto Ávila e, ao que me parece, em passagem incidente de Roque Carrazza. Portanto,
não há falar em violação ao princípio da hierarquia das leis - rectius, da reserva constitucional de lei
complementar - cujo respeito exige seja observado o âmbito material reservado às espécies normativas
previstas na Constituição Federal. Ressalto que o caso é diverso do que se discute na Rcl 2.475-AgR -
efeito vinculante aos fundamentos de decisão proferida em ação de controle concentrado para o
cabimento de Reclamação ao Supremo. Esse o quadro, dou provimento ao RE da União (art. 557, § 1o-

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A, C.Pr.Civil) para anular o acórdão do STJ e determinar que outro seja proferido - adstrito a eventuais
questões infraconstitucionais, aventadas -, e nego provimento ao RE do Sindicato (art. 557, caput, c/c
543, § 2o, do C.Pr.Civil): é o meu voto. * acórdão pendente de publicação

Isenção de COFINS e Revogação por Lei Ordinária - 4


Em conclusão, o Tribunal, por maioria, desproveu dois recursos extraordinários, e declarou legítima a
revogação da isenção do recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
sobre as sociedades civis de prestação de serviços de profissão legalmente regulamentada, prevista no
art. 6º, II, da LC 70/91, pelo art. 56 da Lei 9.430/96 (“Art. 56. As sociedades civis de prestação de
serviços de profissão legalmente regulamentada passam a contribuir para a seguridade social com base
na receita bruta da prestação de serviços, observadas as normas da Lei Complementar nº 70, de 30 de
dezembro de 1991.”) — v. Informativos 436, 452 e 459. Considerou-se a orientação fixada pelo STF no
julgamento da ADC 1/DF (DJU de 16.6.95), no sentido de: a) inexistência de hierarquia constitucional
entre lei complementar e lei ordinária, espécies normativas formalmente distintas exclusivamente tendo
em vista a matéria eventualmente reservada à primeira pela própria CF; b) inexigibilidade de lei
complementar para disciplina dos elementos próprios à hipótese de incidência das contribuições desde
logo previstas no texto constitucional. Com base nisso, afirmou-se que o conflito aparente entre o art.
56 da Lei 9.430/96 e o art. 6º, II, da LC 70/91 não se resolve por critérios hierárquicos, mas, sim,
constitucionais quanto à materialidade própria a cada uma dessas espécies normativas. No ponto,
ressaltou-se que o art. 56 da Lei 9.430/96 é dispositivo legitimamente veiculado por legislação ordinária
(CF, art. 146, III, b, a contrario sensu, e art. 150, § 6º) que importou na revogação de dispositivo
inserto em norma materialmente ordinária (LC 70/91, art. 6º, II). Concluiu-se não haver, no caso,
instituição, direta ou indireta, de nova contribuição social a exigir a intervenção de legislação
complementar (CF, art. 195, § 4º). Vencidos os Ministros Eros Grau e Marco Aurélio que davam
provimento aos recursos, para que fosse mantida a isenção estabelecida no art. 6º, II, da LC 70/91. Em
seguida, o Tribunal, por maioria, rejeitou pedido de modulação de efeitos. Vencidos, no ponto, os
Ministros Menezes Direito, Eros Grau, Celso de Mello, Carlos Britto e Ricardo Lewandowski, que deferiam
a modulação, aplicando, por analogia, o disposto no art. 27 da Lei 9.868/99. O Tribunal também rejeitou
questão de ordem que determinava a baixa do processo ao STJ, pela eventual falta da prestação
jurisdicional, vencidos o Min. Marco Aurélio, que a suscitara, e o Min. Eros Grau. Por fim, o Tribunal
acolheu questão de ordem suscitada pelo Min. Gilmar Mendes, relator, para permitir a aplicação do art.
543-B do CPC, vencido o Min. Marco Aurélio. Não participou da votação nas questões de ordem o Min.
Joaquim Barbosa, ausente naquele momento.
RE 377457/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.9.2008. (RE-377457)
RE 381964/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.9.2008. (RE-381964)

5. Notícias STF

Quarta-feira, 24 de Dezembro de 2008


Relaxada ordem de prisão contra acusado de depósito infiel
R.D.F. obteve, no Supremo Tribunal Federal (STF), o relaxamento da ordem de prisão contra ele
expedida pelo Juízo Federal da 3ª Vara de Execuções Fiscais de São Paulo, sob acusação de depositário
infiel.
A liminar foi concedida pelo ministro-presidente Gilmar Mendes, no Habeas Corpus 97251, impetrado
pela defesa contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que extinguiu este processo contendo
pedido semelhante, sem examinar seu mérito. Anteriormente, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região
(TRF3) havia mantido a decisão de primeiro grau.
O ministro relator do processo no STJ decidiu-se pela extinção do processo sob o argumento de que não
cabe aplicar o Pacto de São José da Costa Rica ao depositário infiel. Alegou, ademais, que a matéria
ainda não foi definitivamente julgada pelo TRF3, onde ainda está pendente de julgamento um agravo de
instrumento. Por isso, não caberia, segundo ele, o recurso do HC em substituição ao recurso eleito pela
própria parte.
Jurisprudência

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INTENSIVO I
Disciplina: Direito constitucional
Prof.: Marcelo Novelino
Data: 05.02.2009
Aula n°01

Ao decidir, o ministro Gilmar Mendes citou jurisprudência da Suprema Corte segundo a qual, salvo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia, não cabe mais a prisão civil do
depositário infiel, acusação esta levantada pelo Ministério Público Federal contra R.D.F.
O ministro lembrou que, em sessão plenária do último dia 3 de dezembro, o Plenário do STF, ao julgar
os Recursos Extraordinários (REs) 466343 e 349703, firmou entendimento segundo o qual os tratados e
convenções internacionais que cuidem de direitos humanos, dos quais o Brasil é signatário e que foram
por ele ratificados, têm caráter supralegal.
Isso significa que tais acordos e tratados têm um status acima das leis ordinárias (infraconstitucionais),
porém abaixo dos dispositivos contidos na própria Constituição Federal, salvo se ratificados em votação
semelhante à que são submetidas as propostas de emenda constitucional.
Entre esses tratados estão o Pacto Internacional dos Direitos Civil e Políticos e a Convenção Americana
Sobre Direitos Humanos, mais conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, ambos de 1992, que
não admitem mais a prisão civil do depositário infiel. E a Suprema Corte brasileira tem adotado esse
entendimento, apesar de a prisão civil do depositário infiel ainda estar inscrita na CF (artigo 5º, LXVII).
“Diante do inequívoco caráter especial dos tratados internacionais que cuidam da proteção dos direitos
humanos, a sua internacionalização no ordenamento jurídico, por meio do procedimento de ratificação
previsto na Constituição Federal (CF), tem o condão de paralisar a eficácia jurídica de toda e qualquer
disciplina normativa infraconstitucional com ela conflitante”, afirmou o ministro Menezes Direito”.
E como o Brasil assinou os dois tratados sem nenhuma reserva, o ministro disse entender que “não há
mais base legal para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses diplomas
internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar específico no ordenamento jurídico, estando
abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna”.
Diante disso, o ministro mandou suspender os efeitos da ordem de prisão e determinou a tomada
imediata de providências tendentes à soltura do acusado ou ao recolhimento do mandado de prisão
contra ele expedido.
FK/EH
Processos relacionados
HC 97251

Prisão Civil e Depositário Infiel - 3


Em conclusão de julgamento, o Tribunal concedeu habeas corpus em que se questionava a legitimidade
da ordem de prisão, por 60 dias, decretada em desfavor do paciente que, intimado a entregar o bem do
qual depositário, não adimplira a obrigação contratual — v. Informativos 471, 477 e 498. Entendeu-se
que a circunstância de o Brasil haver subscrito o Pacto de São José da Costa Rica, que restringe a prisão
civil por dívida ao descumprimento inescusável de prestação alimentícia (art. 7º, 7), conduz à
inexistência de balizas visando à eficácia do que previsto no art. 5º, LXVII, da CF (“não haverá prisão
civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel;”). Concluiu-se, assim, que, com a introdução do aludido Pacto no
ordenamento jurídico nacional, restaram derrogadas as normas estritamente legais definidoras da
custódia do depositário infiel. Prevaleceu, no julgamento, por fim, a tese do status de supralegalidade da
referida Convenção, inicialmente defendida pelo Min. Gilmar Mendes no julgamento do RE 466343/SP,
abaixo relatado. Vencidos, no ponto, os Ministros Celso de Mello, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Eros Grau,
que a ela davam a qualificação constitucional, perfilhando o entendimento expendido pelo primeiro no
voto que proferira nesse recurso. O Min. Marco Aurélio, relativamente a essa questão, se absteve de
pronunciamento.
HC 87585/TO, rel. Min. Marco Aurélio, 3.12.2008. (HC-87585)

Alienação Fiduciária e Depositário Infiel - 8


Na linha do entendimento acima fixado, o Tribunal, por maioria, desproveu recurso extraordinário no
qual se discutia a constitucionalidade da prisão civil do depositário infiel nos casos de alienação fiduciária
em garantia (DL 911/69: “Art. 4º Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar
na posse do devedor, o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos
mesmos autos, em ação de depósito, na forma prevista no Capítulo II, do Título I, do Livro IV, do

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Código de Processo Civil.”) — v. Informativos 304, 449 e 498. Vencidos os Ministros Moreira Alves e
Sydney Sanches, que davam provimento ao recurso.
RE 349703/RS, rel. orig. Min. Ilmar Galvão, rel. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 3.12.2008. (RE-
34703)

Alienação Fiduciária e Depositário Infiel - 9


Seguindo a mesma orientação firmada nos casos supra relatados, o Tribunal negou provimento a
recurso extraordinário no qual se discutia também a constitucionalidade da prisão civil do depositário
infiel nos casos de alienação fiduciária em garantia — v. Informativos 449, 450 e 498.
RE 466343/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 3.12.2008. (RE-466343)

Prisão de Depositário Judicial Infiel e Revogação da Súmula 619 do STF


Na linha do entendimento acima sufragado, o Tribunal, por maioria, concedeu habeas corpus, impetrado
em favor de depositário judicial, e averbou expressamente a revogação da Súmula 619 do STF (“A
prisão do depositário judicial pode ser decretada no próprio processo em que se constituiu o encargo,
independentemente da propositura de ação de depósito”). Vencido o Min. Menezes Direito que denegava
a ordem por considerar que o depositário judicial teria outra natureza jurídica, apartada da prisão civil
própria do regime dos contratos de depósitos, e que sua prisão não seria decretada com fundamento no
descumprimento de uma obrigação civil, mas no desrespeito ao múnus público.
HC 92566/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 3.12.2008. (HC-92566)

HC N. 95.967-MS
RELATORA: MIN. ELLEN GRACIE
DIREITO PROCESSUAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL. PACTO DE SÃO JOSÉ
DA COSTA RICA. ALTERAÇÃO DE ORIENTAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STF. CONCESSÃO DA ORDEM.
1. A matéria em julgamento neste habeas corpus envolve a temática da (in)admissibilidade da prisão
civil do depositário infiel no ordenamento jurídico brasileiro no período posterior ao ingresso do Pacto de
São José da Costa Rica no direito nacional.
2. Há o caráter especial do Pacto Internacional dos Direitos Civis Políticos (art. 11) e da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7°, 7), ratificados, sem
reserva, pelo Brasil, no ano de 1992. A esses diplomas internacionais sobre direitos humanos é
reservado o lugar específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da
legislação interna. O status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos
subscritos pelo Brasil, torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela
anterior ou posterior ao ato de ratificação.
3. Na atualidade a única hipótese de prisão civil, no Direito brasileiro, é a do devedor de alimentos. O
art. 5°, §2°, da Carta Magna, expressamente estabeleceu que os direitos e garantias expressos no caput
do mesmo dispositivo não excluem outros decorrentes do regime dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. O Pacto de São José da
Costa Rica, entendido como um tratado internacional em matéria de direitos humanos, expressamente,
só admite, no seu bojo, a possibilidade de prisão civil do devedor de alimentos e, conseqüentemente,
não admite mais a possibilidade de prisão civil do depositário infiel. 4. Habeas corpus concedido.

Quarta-feira, 22 de Outubro de 2008


Ministro nega liminar a agricultor acusado de ser depositário infiel
Agricultor acusado de ser depositário infiel teve liminar indeferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
no Habeas Corpus (HC) 95547. Ele afirmava que poderia ser preso a qualquer momento por ordem da
Segunda Vara Cível de Pereira Barreto, em São Paulo.
O agricultor teve penhorados um trator agrícola e uma plantadeira em virtude de dívida contraída com o
Banco do Brasil. Segundo ele, a Justiça lhe deu um prazo de 48 horas para entregar ao banco os bens
penhorados ou o equivalente em dinheiro, sob pena de ser preso.
Sobre o tema, o ministro Menezes Direito, relator do caso, lembrou que jurisprudência do Supremo
consolidou-se com a edição da Súmula 619, segundo a qual “a prisão do depositário judicial pode ser

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decretada no próprio processo em que se constituiu o encargo, independentemente da propositura de


ação de depósito”.
O relator entendeu que, pelo menos nesse exame preliminar, é possível a decretação da prisão civil em
casos como o da hipótese, “em que o depositário judicial não cumpre com o encargo que lhe é atribuído,
qual seja, o de fielmente guardar, zelar e conservar a coisa e, necessariamente, de restituí-la”. Nesse
sentido, ele indeferiu liminares nos Habeas Corpus 96234, 96229, 94491, 96064, 93838, entre outros.
Assim, por não ter como configurado constrangimento ilegal, o ministro Menezes Direito indeferiu a
liminar.
EC/LF
Leia mais:
01/10/2008 - Agricultor acusado de ser depositário infiel pede habeas corpus

Habeas Corpus contra Ato de Turma e Prisão Civil de Depositário Infiel


O Tribunal, em razão de estar discutindo, no RE 466343/SP (v. Informativos 449, 450 e 498) e em
outros dois recursos extraordinários, a questão acerca da constitucionalidade, ou não, da prisão civil do
depositário infiel nos casos de alienação fiduciária em garantia, com vários votos favoráveis à tese da
inconstitucionalidade, resolveu questão de ordem no sentido de conhecer de habeas corpus impetrado
contra ato da 1ª Turma, e deferiu a cautelar nele pleiteada, até o término do julgamento dos referidos
recursos.
HC 94307 QO/RS, rel. Min. Cezar Peluso, 14.4.2008. (HC-94307)

Alienação Fiduciária e Depositário Infiel - 4


O Tribunal retomou julgamento de recurso extraordinário no qual se discute a constitucionalidade da
prisão civil do depositário infiel nos casos de alienação fiduciária em garantia (DL 911/69: “Art. 4º Se o
bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor, o credor poderá
requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, em ação de depósito, na
forma prevista no Capítulo II, do Título I, do Livro IV, do Código de Processo Civil.”) — v. Informativos
449 e 450. O Min. Celso de Mello, em voto-vista, acompanhou o voto do relator, no sentido de negar
provimento ao recurso, ao fundamento de que a norma impugnada não foi recebida pelo vigente
ordenamento constitucional. Salientou, inicialmente, que, em face da relevância do assunto debatido,
seria mister a análise do processo de crescente internacionalização dos direitos humanos e das relações
entre o direito nacional e o direito internacional dos direitos humanos, sobretudo diante do disposto no §
3º do art. 5º da CF, introduzido pela EC 45/2004. Asseverou que a vedação da prisão civil por dívida
possui extração constitucional e que, nos termos do art. 5º, LXVII, da CF, abriu-se, ao legislador
comum, a possibilidade, em duas hipóteses, de restringir o alcance dessa vedação, quais sejam:
inadimplemento de obrigação alimentar e infidelidade depositária.
RE 466343/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 12.3.2008. (RE-466343)

Alienação Fiduciária e Depositário Infiel - 5


O Min. Celso de Mello, entretanto, também considerou, na linha do que exposto no voto do Min. Gilmar
Mendes, que, desde a ratificação, pelo Brasil, do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art.
11) e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º, 7),
não haveria mais base legal para a prisão civil do depositário infiel. Contrapondo-se, por outro lado, ao
Min. Gilmar Mendes no que respeita à atribuição de status supralegal aos tratados internacionais de
direitos humanos subscritos pelo Brasil, afirmou terem estes hierarquia constitucional. No ponto,
destacou a existência de três distintas situações relativas a esses tratados: 1) os tratados celebrados
pelo Brasil (ou aos quais ele aderiu), e regularmente incorporados à ordem interna, em momento
anterior ao da promulgação da CF/88, revestir-se-iam de índole constitucional, haja vista que
formalmente recebidos nessa condição pelo § 2º do art. 5º da CF; 2) os que vierem a ser celebrados por
nosso País (ou aos quais ele venha a aderir) em data posterior à da promulgação da EC 45/2004, para
terem natureza constitucional, deverão observar o iter procedimental do § 3º do art. 5º da CF; 3)
aqueles celebrados pelo Brasil (ou aos quais nosso País aderiu) entre a promulgação da CF/88 e a

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superveniência da EC 45/2004, assumiriam caráter materialmente constitucional, porque essa hierarquia


jurídica teria sido transmitida por efeito de sua inclusão no bloco de constitucionalidade.
RE 466343/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 12.3.2008. (RE-466343)

Alienação Fiduciária e Depositário Infiel - 6


O Min. Celso de Mello observou, ainda, que o alcance das exceções constitucionais à cláusula geral que
veda a prisão civil por dívida poderia sofrer mutações, decorrentes da atividade desenvolvida pelo
próprio legislador comum, de formulações adotadas em sede de convenções ou tratados internacionais,
ou ditadas por juízes e Tribunais, no processo de interpretação da Constituição e de todo o complexo
normativo nela fundado, salientando, nessa parte, o papel de fundamental importância que a
interpretação judicial desempenha, notadamente na adequação da própria Constituição às novas
exigências, necessidades e transformações resultantes dos processos sociais, econômicos e políticos da
sociedade contemporânea. Reconheceu, por fim, a supremacia da Constituição sobre todos os tratados
internacionais celebrados pelo Estado brasileiro, inclusive os que versam o tema dos direitos humanos,
desde que, neste último caso, as convenções internacionais que o Brasil tenha celebrado (ou a que
tenha aderido) impliquem supressão, modificação gravosa ou restrição a prerrogativas essenciais ou a
liberdades fundamentais reconhecidas e asseguradas pela própria Constituição. Em seguida, após as
manifestações dos Ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso, mantendo os respectivos votos, pediu vista
dos autos o Min. Menezes Direito.
RE 466343/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 12.3.2008. (RE-466343)

Alienação Fiduciária e Depositário Infiel - 7


O Tribunal retomou julgamento de recuso extraordinário no qual se discute a constitucionalidade da
prisão civil do depositário infiel nos casos de alienação fiduciária em garantia — v. Informativos 304 e
449. O Min. Celso de Mello, em voto-vista, acompanhou o voto do relator para negar provimento ao
recurso, adotando os fundamentos expendidos no caso acima relatado. Em seguida, o julgamento foi
suspenso em virtude do pedido de vista o Min. Menezes Direito.
RE 349703/RS, rel. Min. Ilmar Galvão, 12.3.2008. (RE-349703)

Prisão Civil e Depositário Infiel - 2


O Tribunal retomou julgamento de habeas corpus, afetado ao Plenário pela 1ª Turma, em que se
questiona a legitimidade da ordem de prisão, por 60 dias, decretada em desfavor do paciente que,
intimado a entregar o bem do qual depositário, não adimplira a obrigação contratual — v. Informativos
471 e 477. O Min. Celso de Mello, em voto-vista, acompanhou o voto do relator para conceder a ordem.
Adotando os fundamentos expendidos nos casos acima relatados, asseverou que o Decreto 1.102/1903,
que institui regras para o estabelecimento de empresas de armazéns gerais, determinando os direitos e
obrigações dessas empresas, não foi recebido, especificamente no que concerne à expressão “sob pena
de serem presos os empresários, gerentes, superintendentes ou administradores sempre que não
efetuarem aquela entrega dentro de 24 horas depois que judicialmente forem requeridos”, constante do
seu art. 11, nº 1, e, também, no que se refere à locução “sem prejuízo da pena de prisão de que trata o
art. 11, nº 1”, inscrita na parte final do art. 35, 4º. Em seguida, pediu vista dos autos o Min. Menezes
Direito.
HC 87585/TO, rel. Min. Marco Aurélio, 13.3.2008. (HC-87585)

Quarta-feira, 12 de Março de 2008


Pedido de vista adia julgamento de processos que discutem prisão civil por dívida
Um pedido de vista do ministro Carlos Alberto Menezes Direito adiou, nesta quarta-feira (12), o
julgamento, pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), de três processos em que se discute a
prisão civil por dívida. Os processos haviam sido levados de volta ao plenário pelo ministro Celso de
Mello, que deles pedira vista em 2006 e 2007. Em um dos processos, oito ministros já se declararam
contra a prisão civil por dívida do depositário infiel.
Trata-se dos Recursos Extraordinários (RE) 349703 e 466343, além do Habeas Corpus (HC) 87585. Nos
REs, em processos contra clientes, os bancos Itaú e Bradesco questionam decisões que entenderam que

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o contrato de alienação fiduciária em garantia é insuscetível de ser equiparado ao contrato de depósito


de bem alheio (depositário infiel) para efeito de prisão civil.
O mesmo tema está em discussão no HC 87585, em que Alberto de Ribamar Costa questiona acórdão
do STJ. Ele sustenta que, se for mantida a decisão que decretou sua prisão, “estará respondendo pela
dívida através de sua liberdade, o que não pode ser aceito no moderno Estado Democrático de Direito,
não havendo razoabilidade e utilidade da pena de prisão para os fins do processo”. E fundamenta seu
pleito na impossibilidade de decretação da prisão de depositário infiel, à luz da redação trazida pela
Emenda Constitucional 45, de 31 de dezembro de 2004, que tornou os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos equivalentes à norma constitucional, a qual tem aplicação
imediata, referindo-se ao pacto de São José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário.
Mudança de posição
Em voto de quase duas horas que proferiu na sessão, o ministro Celso de Mello mudou posição que
defendia anteriormente sobre a questão, posicionando-se contra a prisão civil por dívida, prevista no
artigo 5º, inciso LXVII, da Constituição, como medida excepcional para o depositário infiel, ao lado da
prisão por inadimplemento voluntário das obrigações referentes à pensão alimentícia.
Neste contexto, o ministro ressaltou votos que o ministro Marco Aurélio vem proferindo há tempos
contra a prisão do depositário infiel, qualificando-os como precursores de uma nova mentalidade que
está surgindo no STF no julgamento de casos semelhantes.
Tratados e convenções proíbem a prisão por dívida
Em seu voto, Celso de Mello lembrou que o Pacto de São José da Costa Rica sobre Direitos Humanos,
ratificado pelo Brasil em 1992, proíbe, em seu artigo 7º, parágrafo 7º, a prisão civil por dívida,
excetuado o devedor voluntário de pensão alimentícia. O mesmo, segundo ele, ocorre com o Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, patrocinado em 1966 pela Organização das Nações Unidas
(ONU), ao qual o Brasil aderiu em 1990. Em seu artigo 11, ele dispõe: “Ninguém poderá ser preso
apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual”. Até a Declaração Americana dos Direitos
da Pessoa Humana, firmada em 1948, em Bogotá (Colômbia), com a participação do Brasil, já previa
esta proibição, enquanto a Constituição brasileira de 1988 ainda recepcionou legislação antiga sobre o
assunto.
Também a Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, realizada em Viena (Áustria), em 1993, com
participação ativa da delegação brasileira, então chefiada pelo ex-ministro da Justiça e ministro
aposentado do STF Maurício Corrêa, preconizou o fim da prisão civil por dívida. O ministro lembrou que,
naquele evento, ficou bem marcada a interdependência entre democracia e o respeito dos direitos da
pessoa humana, tendência que se vem consolidando em todo o mundo. Tanto isso é verdade, segundo
ele, que, hoje, os Estados totalitários se confundem com o desrespeito aos direitos humanos. E o Brasil,
ao subscrever a declaração firmada no final da mencionada conferência, abriu, inclusive, a possibilidade
de cidadãos brasileiros que considerarem desrespeitados os seus direitos humanos recorrerem a cortes
internacionais, o que já vem ocorrendo.
O ministro invocou o disposto no artigo 4º, inciso II, da Constituição, que preconiza a prevalência dos
direitos humanos como princípio nas suas relações internacionais, para defender a tese de que os
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, mesmo os firmados antes do advento da
Constituição de 1988, devem ter o mesmo status dos dispositivos inscritos na Constituição Federal (CF).
Ele ponderou, no entanto, que tais tratados e convenções não podem contrariar o disposto na
Constituição, somente complementá-la.
A CF já dispõe, no parágrafo 2º do artigo 5º, que os direitos e garantias nela expressos “não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte”.
O ministro Gilmar Mendes discordou parcialmente desse aspecto do voto de Celso de Mello, para
defender o disposto na Emenda Constitucional 45/2004, que acrescentou um parágrafo 3º ao artigo 5º
da CF para dispor que esse status (a equiparação a dispositivo constitucional) somente será alcançado
se o Congresso Nacional ratificar o respectivo tratado ou convenção, por votação em dois turnos, com
maioria de dois terços.
Ainda em seu voto, Celso de Mello deixou claro que não atribui aos demais acordos e tratados
internacionais, por exemplo os que versem sobre comércio, status igual àqueles que versem sobre

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direitos humanos. Para estes, ele defende, sim, a necessidade de ratificação pelo Congresso, nos termos
previstos na EC-45.
Cezar Peluso reiterou hoje sua posição sobre o tema. “O que se tem hoje como direito posto é a
inadmissibilidade da prisão do depositário, qualquer que seja a qualidade desse depósito”, disse ele, que
é relator de um dos processos em julgamento, o Recurso Extraordinário 466343. “Já não é possível
conceber o corpo humano como passível de experimentos normativos no sentido de que se torne objeto
de técnicas de coerção para cumprimento de obrigações estritamente de caráter patrimonial”, afirmou. A
única ressalva feita por ele foi quanto ao inadimplente de pensão alimentar.

Prisão Civil de Depositário Judicial Infiel


A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se sustentava a ilegitimidade da prisão civil
decretada contra o paciente que, na condição de depositário judicial, remanescera inerte depois de
intimado a proceder à entrega de bens penhorados. Alegava-se, na espécie, que a possibilidade de
prisão civil do depositário infiel está sendo discutida pelo Supremo, cuja votação sinaliza no sentido de
que a aludida restrição da liberdade será expurgada do ordenamento jurídico brasileiro, e que, em razão
da gravidade do estado de saúde do paciente, cabível a revogação da prisão, ou então, o seu
recolhimento domiciliar. Advertiu-se, de início, que a questão não deveria ser tratada sob o enfoque
conduzido pelo impetrante, relativamente ao julgamento do RE 466343/SP (v. Informativos 449 e 450),
no qual se discute a constitucionalidade da prisão civil de devedor que descumpre contrato garantido por
alienação fiduciária. Enfatizou-se que, no presente caso, a custódia decorreria da não entrega de bens
deixados com o paciente a título de depósito judicial. Em conseqüência, considerou-se que a decisão do
tribunal a quo estaria em consonância com a jurisprudência desta Corte que entende ser constitucional a
prisão civil decorrente de depósito judicial, pois enquadrada na ressalva prevista no inciso LXVII do art.
5º, da CF, ante sua natureza não-contratual. No ponto, asseverou que a repressão se dirige, em
essência, à fraude praticada pelo depositário que, assumindo obrigação de colaboração com o Poder
Judiciário, viola também os princípios da lealdade e da boa-fé que devem nortear a conduta processual
das partes. Por fim, aduziu-se a impossibilidade de análise de fatos e provas na via eleita, a fim de se
verificar o estado clínico do paciente para se decidir sobre o exame de prisão domiciliar. Vencido o Min.
Marco Aurélio que, salientando não ser auto-aplicável o referido dispositivo constitucional, bem como a
subscrição, pelo Brasil, do Pacto de São José da Costa Rica, concedia o writ ao fundamento de que a
prisão civil estaria limitada ao inadimplemento inescusável de prestação alimentícia. Precedentes
citados: HC 84484/SP (DJU de 7.10.2005) e HC 90759/MG (DJU de 22.6.2007).
HC 92541/PR, rel. Min. Menezes Direito, 19.2.2008. (HC-92541)

HC N. 92.541-PR
RELATOR: MIN. MENEZES DIREITO
EMENTA
Habeas corpus. Processual civil. Depositário judicial infiel. Prisão civil. Constitucionalidade.
Impossibilidade de exame aprofundado de fatos e de provas na via restrita do habeas corpus. Ordem
denegada. Precedentes.
1. Hipótese que não se amolda à questão em julgamento no Plenário desta Corte sobre a possibilidade,
ou não, de prisão civil do infiel depositário que descumpre contrato garantido por alienação fiduciária. No
presente caso, a prisão decorre da não-entrega dos bens deixados com o paciente a título de depósito
judicial.
2. A decisão do Superior Tribunal está em perfeita consonância com a jurisprudência desta Corte no
sentido de ser constitucional a prisão civil decorrente de depósito judicial, pois a hipótese enquadra-se
na ressalva prevista no inciso LXVII do art. 5º em razão da sua natureza não-contratual.
3. Impossibilidade de exame de fatos e de provas na via restrita do procedimento do habeas corpus a
fim de verificar o estado clínico do paciente para decidir sobre o deferimento de prisão domiciliar.
4. Ordem denegada.
* noticiado no Informativo 495

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