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Formando frases

Atividade favorece escrever sobre situações reais de vida


• VIVIAN EDITE STEYER
Pedagoga.
Especialista em Educação Pré-Escolar.
Doutora em Educação.
Pesquisadora da Aquisição da Linguagem
Escrita.
Professora de Metodologia Aplicada à
Educação Infantil e à Alfabetização.
Diretora Adjunta do Curso de Pedagogia da
ULBRA. Canoas/RS.
E-mail: vesteyer@plug-in.com.br

Uma das propostas das classes


de alfabetização é promover situa-
ções nas quais as crianças entrem
em contato com textos. Há auto-
res como Abud, Condemarín,
Chadwick, Kaufman, Teberosky
que sugerem atividades com este
objetivo.
O contato com textos pode
acontecer de várias formas, co-
mo, por exemplo, exploração de
materiais escritos (livros, revis-
tas, jornais, logotipos, receitas,
etc.) ou produção de textos escri-
tos ou orais de forma espontânea
e orientada. Uma das propostas de
produção de textos de modo
orientado é a formação de frases. resultados, isto é, as frases escri- disposição lembrava um quebra-
Temos observado que, nas clas- tas pelas crianças são semelhan- cabeça. Assim, as palavras esta-
ses de alfabetização, as professo- tes. Geralmente, acabam surgin- vam todas embaralhadas, sem
ras tendem a propor que as crian- do aquelas frases estereotipadas, qualquer tipo de classificação ou
ças construam frases a partir de usando as palavras bola e menina: categorização, isto é, um amon-
uma única palavra. Trazemos dois A bola é redonda. e A menina é toado de palavras com o qual as
exemplos. No primeiro, as crian- bonita. Estas frases são muito se- crianças deveriam formar frases.
ças sorteiam palavras isoladas melhantes às encontradas em al- O Quadro 1 é um dos exem-
(que podem ser apresentadas em guns tipos de cartilhas. plos apresentados às crianças.
forma de figura com a represen- Com esta preocupação em men- Optamos por acrescentar um pon-
tação de um objeto ou animal, te, propusemos aos alunos uma si- to final neste quadro, como for-
como uma faca ou um cavalo) re- tuação desafiadora na qual eles ma de lembrá-las da importância
tiradas de uma sacola-surpresa produzissem frases a partir de um da colocação do ponto final nas
que passa entre os colegas ao som conjunto de palavras dadas, apre- frases.
de uma música. Após o sorteio, as sentadas em folha de papel, cuja Foi, então, solicitado aos alunos
crianças devem escrever frases a
partir destas palavras. No segun- QUADRO 1
do exemplo, a professora ofere- Júlia docinhos comeu foi café
ce aos alunos uma lista de pala- da .
banheira cadeira caiu
vras (geralmente escrita no qua-
tomar sala cinco deitou bananas
dro). Com as palavras desta lista,
as crianças produzem frases. Os c am a banho saiu na derramou

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que formassem frases com as pa- com fim determinado que obje- quebra-cabeça (por isto, o intitu-
lavras existentes no quadro e ob- tiva a escolha de procedimentos lamos de modalidade quebra-
servou-se que eles pareciam ter di- orientados para um resultado a cabeça) em que as crianças pre-
ficuldades em realizar tal tarefa. ser atingido, cujo fim terminado cisavam procurar as palavras, ao
Mesmo que algumas crianças eram frases. invés de, como no caso do Léxi-
conseguissem formar até 13 fra- Então, aconteceu algo inespe- co 1, tê-las dispostas de uma for-
ses, o processo era difícil e não rado. Descobrimos uma nova for- ma organizada e lógica e visivel-
trazia prazer para elas. Era uma ta- ma de apresentar as palavras. mente espaçada. Como o objeti-
refa considerada enfadonha. E, vo da tarefa era favorecer o de-
além disto, várias crianças não A nova disposição senvolvimento da habilidade
conseguiram formar nenhuma fra- Esta nova forma de dispor as de formar frases, apresentá-las
se e diversas outras formaram ape- palavras ocorreu a partir da leitura dispostas como se fossem um
nas uma frase. de Smith. Este autor, em suas pon- quebra-cabeça (ou como uma
Ficava a impressão de que al- derações sobre as relações entre a cartela para um jogo de bingo),
guma coisa não funcionava bem linguagem falada e a escrita e a no caso do Quadro 1, era um
com esta atividade. Ao longo do gramática, nos fez pensar se a di- contra-senso.
ano e em diversas outras tentati- ficuldade das crianças não estaria
vas, com outros quadros e outras na própria disposição confusa das Conceito de possível
palavras, os resultados eram se- palavras. Assim, a idéia que surgiu Um resultado que esperáva-
melhantes. era muito simples, isto é, apresen- mos, usando a nova disposição das
Procuramos adaptar a ativida- tar as palavras através de entradas palavras agrupadas com base nas
de de modo a favorecer a forma- léxicas. Melhor dizendo, agrupar classes gramaticais, era o da cons-
ção de frases. Entretanto, mesmo as palavras, utilizando as categorias trução do conceito do possível em
mudando as palavras, procurando gramaticais. relação à formulação das frases.
escolher assuntos que interessas- Com esta nova disposição, a que Piaget, em seus estudos sobre
sem às crianças (a partir de suges- chamamos de modalidade das a noção do possível, analisa a evo-
tões delas), os resultados conti- categorias gramaticais, transfor- lução do conceito de possibilida-
nuaram no mesmo nível. mamos o Quadro 1 no Léxico 1. de em relação ao de variabilidade.

LÉXICO 1
o Júlia comeu três
da banho foi cinco .
na café caiu seis
para docinhos deitou
e bananas saiu
os sala derramou
c am a tomar
cadeira
banheira

A situação era tal que estáva- No Léxico 1, as palavras per- O autor diz que o sujeito não des-
mos a ponto de desistir da aplica- maneceram as mesmas, com al- carta simplesmente de seus en-
ção desta atividade. Entretanto, guns acréscimos. A atividade tam- saios a possibilidade de variá-
acreditávamos na sua importância bém permaneceu basicamente a los ainda mais, mas sobre o mes-
como forma de contato das crian- mesma, porém, a disposição das mo modelo: abstrai dele, através
ças com uma realidade prévia, isto palavras (através das entradas de abstração reflexiva, a idéia de
é, as palavras, na concretização de léxicas) ficou visualmente mais uma lei de construção por varia-
uma realidade virtual – as frases organizada. ções mínimas, mas repetidas, que
possíveis. Além disto, segundo Esta era, afinal, a dificuldade consiste em ... «mudar um milíme-
Piaget, estaríamos propondo às do Quadro 1. O quadro apresen- tro» (O grifo é nosso).
crianças experienciar o possível tado funcionava mais como um Assim, esperávamos que as

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crianças percebessem que, mu- co docinhos., ou criar frases com junto de três ou mais palavras,
dando apenas uma palavra, pode- mais uma oração, isto é, com mais como: Valter camelo chá, avó
riam formar outra frase possível. de um verbo, conforme Cunha, Túlio correu suco, copo e a vaca
Utilizando, como exemplo, as pa- como no exemplo da frase com e a Sônia. Neste momento, é pos-
lavras do Léxico 1, se a criança sete palavras. sível estabelecer um paralelo com
tivesse formado: Júlia comeu As frases com 8 palavras apare- a diferenciação intrafigura, apre-
três docinhos., poderia formar cem a seguir. Por exemplo: Júlia sentada por Ferreiro, que fala so-
Júlia comeu cinco docinhos. Ou foi tomar banho na banheira e bre o eixo quantitativo, como a
Júlia comeu seis docinhos. Ou caiu.; depois, aparecem as de 9 pa- quantidade mínima de letras -
outras frases com o mesmo con- lavras: Júlia comeu cinco doci- geralmente três – que uma escri-
ceito, por exemplo: Júlia caiu da nhos e derramou café na sala. Por ta deve ter para que «diga
cadeira. Júlia caiu da cama. último, tem-se as frases com 10 algo». Assim, se em um determi-
Júlia caiu da banheira. E assim palavras: A avó do Túlio andou de nado nível de desenvolvimento, a
por diante. avião e ficou alegre. criança acredita que uma palavra
Cabe aqui uma observação. Nos precisa ter três letras, no mínimo,
Resultados gerais dados referentes ao número de para ser lida, as crianças que ob-
Os resultados da nova disposi- palavras, nas frases formadas pe- servamos, apresentaram evidên-
ção das palavras são muito inte- las crianças, poderia haver mar- cias de que acreditavam que uma
ressantes. Não só aumentou o nú- gem para a suposição de que o frase devia ter, no mínimo, três
mero de frases formadas pelas mais importante, numa produção palavras para ser lida.
crianças, como aumentou a quan- textual, seria o tamanho do texto Por outro lado, também foi
tidade de palavras nas frases e, sin- e, neste caso específico, o núme- possível estabelecer um outro pa-
tomático, diminuiu o número de ro de palavras nas frases. Só que ralelo, desta vez sobre o eixo qua-
crianças com dificuldade para isto não é verdade. litativo, analisado por Ferreiro.
fazê-lo. Na atividade proposta, as Segundo a autora, com relação à
Apresentamos, a seguir, exem- construções refletiam as concep- escrita de palavras, as crianças
plos retirados do Léxico 1, para ções de frase que as crianças acreditam que deva existir uma va-
as frases formadas pelas crianças. apresentavam naquele momento. riação interna para que uma sé-
As menores frases o foram Foi possível verificar que nenhu- rie de grafias possa ser interpre-
com duas palavras. Por exemplo: ma criança escreveu frases de tada (se o escrito tiver o tempo
Júlia caiu. A seguir, aparecem as uma única palavra como se, nes- todo a mesma letra, não se po-
com 3 palavras: Júlia comeu ta situação orientada específica, der ler, ou seja, não é interpre-
docinhos. As frases com 4 pala- o conceito de frase que as crian- tável). O exemplo a seguir é re-
vras aparecem em seguida. Júlia ças apresentassem fosse duas presentativo. A menina formou 28
foi tomar banho. palavras ou mais, já que as me- tentativas de frases, utilizando o
Depois, vêm aquelas com 5 pa- nores frases foram, exatamente, mesmo repertório de palavras
lavras: Júlia comeu bananas na as de duas palavras. (provavelmente, as palavras que
sala.; as com 6 palavras: Júlia foi Este aspecto merece mais al- ela conseguiu ler), variando o nú-
tomar banho na banheira. Por gumas considerações, principal- mero e a ordem das mesmas. O
fim, as frases com 7 palavras: mente com relação às crianças repertório de palavras utilizado
Júlia comeu docinhos e deitou com dificuldades na construção de foi o seguinte: chá - Valter - mãe
na cama. frases. Por dificuldades na for- - da - a - um - e. Três das frases
Um aspecto interessante a re- mação de frases, entendemos a formadas foram as seguintes: chá
gistrar é que, a partir das seis pa- ocorrência da incapacidade de a mãe da Valter, chá a Valter da
lavras, as crianças precisavam, crianças em formar alguma frase mãe, um Valter da mãe da Val-
necessariamente, utilizar a con- convencional. Estas crianças não ter. Na análise destas tentativas de
junção e, pois, de outra maneira, conseguiam ler as palavras do lé- frases (dela e de outras crianças),
não conseguiriam construir frases xico e, por este motivo, não con- verificamos que havia um critério
mais longas. É de frisar que esta seguiam formar frases conven- de variação interna, pois nenhuma
utilização ocorreu espontanea- cionais. Contudo, estas crianças criança produziu uma frase utili-
mente. A conjunção e permitia formavam frases. zando todo o tempo a mesma pa-
criar frases mais longas, como As frases criadas eram aleató- lavra. Isto quer dizer que o crité-
Júlia comeu três bananas e cin- rias, caracterizadas como um con- rio da variação interna, menciona-

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do por Ferreiro, também poderia vras, uma tarefa que antes era con- A seguir, é possível comentar
ser aplicado à formação de frases. siderada trabalho transformou-se sobre a utilização das letras maiús-
em lazer. Tanto é que as crianças culas no início das frases. Houve
Um resultado inesperado perguntavam, com grande expec- três grandes grupos. No primeiro,
Foi muito interessante obser- tativa, quando fariam novamente a o mais básico, as crianças que não
var o surgimento de um resulta- atividade de montar as frases, utilizavam nenhuma letra maiúscu-
do inesperado com a nova dispo- como eles a chamavam. la, mesmo quando a palavra inicial
sição das palavras em categorias era um nome próprio. No segun-
gramaticais. Se, antes da nova Ainda o conceito de possível do, o nível intermediário, as crian-
disposição, a tarefa era conside- Os resultados permitem afir- ças que só utilizavam letras maiús-
rada enfadonha pelas crianças, mar que a adoção da modalidade culas quando a palavra inicial era
após a mudança na disposição, as das categorias gramaticais favore- um nome próprio. E, no terceiro,
crianças descobriram que cons- ceu que as crianças compreendes- o mais avançado, as crianças que
truir frases podia ser gostoso. sem que, se mudassem apenas uma utilizavam letra maiúscula para ini-
Assim, as crianças se divertiam única palavra na frase, estariam ciar todas as frases.
formando frases. formando outra frase, possível e Estes resultados fornecem evi-
Quando a tarefa era aplicada em diferente, o que constitui a noção dências para afirmar que as con-
aula e com todo o clima de traba- do possível em sua relação com a cepções das crianças determinam
lho em grupo que acabava surgin- variabilidade, conforme Piaget. seus procedimentos. Por exem-
do, ocorriam situações incríveis. Esta compreensão aconteceu plo, mesmo com o nome próprio
Uma criança dizia em voz alta: não somente com as crianças que grafado em maiúscula no léxico,
Achei mais uma! Júlia comeu formavam muitas frases (mais de algumas crianças não o grafavam
seis docinhos. Imediatamente as dez) mas também com as que for- em maiúscula no início das fra-
crianças escreviam a frase na sua mavam apenas quatro ou cinco. ses. Assim, em um certo nível, o
folha e outra criança dizia, tam- Estas últimas, particularmente, mais básico, o recurso mnemô-
bém em voz alta: Achei outra! E alcançavam o número referido de nico da presença do nome próprio
assim por diante. O ambiente era frases por conseguirem variar as em maiúscula no léxico não é
de divertimento. As crianças vi- suas, mudando apenas uma pala- determinante para a sua adoção na
bravam a cada frase que conse- vra da anterior, o que constituía o frase. Já, nos níveis mais avança-
guiam formar. Chegavam a virar a conceito de possível. dos, este recurso é adotado pelas
folha e escrever frases no verso. crianças. Por este motivo, é im-
Por outro lado, quando a tarefa Algumas observações portante analisar, de forma mais
era aplicada como tema de casa, É possível tecer, ainda, em ter- detida, as produções textuais com
os pais relatavam que precisavam mos de resultados, algumas con- ênfase nas questões de pontuação
obrigar as crianças a irem dormir, siderações sobre duas observa- e colocação das letras maiúsculas
pois as mesmas diziam: Eu quero ções efetuadas a partir das frases no início das frases, não só do
fazer mais uma! formadas pelas crianças. ponto de vista das produções pro-
Desta maneira, a nova disposi- Uma delas é sobre a utilização priamente ditas, mas, também,
ção das palavras oportunizou às da pontuação. Os resultados do quanto aos procedimentos e às
crianças a descoberta do caráter trabalho das crianças evidenciam concepções das crianças, como
lúdico deste tipo de tarefa. Des- três diferentes grupos que pode- forma de compreender o proces-
cobriram que podiam brincar de riam ser categorizados em níveis so de aquisição destas noções.
formar frases. Para uma profes- de desenvolvimento, conforme a
sora alfabetizadora, conseguir metodologia piagetiana. O primei- Variações possíveis
unir trabalho e brinquedo em uma ro, o das crianças que não colo- Dentro da proposta de favore-
tarefa só, é um objetivo muito no- cavam nenhum ponto no fim das cer a produção textual, algumas
bre e importante a ser alcançado. frases. O segundo, o das crianças considerações devem ser feitas
Apple observou que, em uma que colocavam ponto no fim de sobre uma série de variações pos-
classe de pré-escola, as crianças algumas frases. E, o terceiro, o síveis de implementar na ativida-
tendiam a separar o trabalho do das crianças que colocaram pon- de e, além disso, sobre a possi-
lazer e que consideravam o traba- to finalizando todas as frases, in- bilidade de estender os objetivos
lho mais importante que o lazer. dependentemente do número de da tarefa para além da formação
Com a nova disposição das pala- frases formadas. de frases.

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Em primeiro lugar, considera- formar as frases seria um ato de À guisa de conclusão
mos que esta é uma atividade do escrita. Assim, as crianças esta- Enquanto analisávamos as frases
tipo divergente. Por atividade do riam liberadas do ato motor, mas formadas pelos alunos, pensamos
tipo divergente entendemos a- continuariam envolvidas em uma sobre quantos aspectos importantes
quela atividade que permite criar situação de produção textual.) eram experienciados pelas crianças,
variações dentro de uma estrutu- A liberação da escrita se justi- como já comentamos anteriormen-
ra básica. Esta tarefa tem inúme- fica como forma de variar a ativi- te. Além disto, nas atividades que
ras vantagens sobre outras simi- dade, pois, para algumas crianças, propusemos às crianças, nenhuma
lares porque, além de favorecer o ato da escrita de tantas frases é delas produziu qualquer frase este-
um número muito grande de pos- cansativo. Com esta variação, a li- reotipada. Os resultados parecem
sibilidades de frases, permite que, beração da escrita permitiria maior evidenciar, então, que há atividades
mantendo a disposição espacial, mobilidade da criança na experiên- sobre formação de frases que favo-
ou seja, a mesma apresentada no cia da formação de frases. recem que as crianças escrevam
Léxico 1, sejam mudadas as pala- Outras variações poderiam ser sobre situações mais reais e presen-
vras componentes. Assim, esta é implementadas. Por exemplo, pro- tes na vida cotidiana (por exemplo:
uma atividade que pode ser apli- pondo, em primeiro lugar (isto é, Júlia caiu da cadeira em vez de A
cada diversas vezes, e, com a mu- antes do início da atividade), uma menina é bonita.).
dança das palavras do léxico, sem- situação comunicativa. Esta situa- É importante considerar a for-
pre será diferente da anterior. ção poderia ser desde a leitura de mação de frases durante durante o
Além disto, a própria disposição uma história por parte do profes- processo de alfabetização. Sabe-
espacial pode ser mudada, por sor, passando pela visita a uma ex- mos que a formação de frases ocu-
exemplo, diminuindo o número de posição de arte, até a encenação de pa um lugar importante nas ativi-
palavras em cada categoria e au- pequenos jogos dramáticos, para dades deste período. Contudo, tal-
mentando o número de categorias que, a partir destas situações, as vez devamos refletir sobre quais
(ficando a organização a cargo do crianças produzissem as frases, são as atividades mais eficientes e
professor e da própria turma, em inclusive com a possibilidade da que permitem uma experienciação
conjunto). Inclusive, podem ser utilização de léxicos sugeridos por mais ampla de diversos aspectos da
apresentados quadros vazios às elas em decorrência da situação produção textual.
crianças para que elas próprias, comunicativa proposta.
em pequenos grupos ou indivi- Entretanto, também se pode REFERÊN CIAS
dualmente, organizem os léxicos. aprimorar a atividade estendendo
Uma segunda variação que po- os seus objetivos. Por exemplo, ABUD, Maria José M. O Ensino da Leitura e
da Escrita na Fase Inicial da Escolarização.
deria ser implementada diz res- as crianças poderiam, a partir das São Paulo: EPU, 1987.
peito à liberação da necessidade frases formadas, procurar criar APPLE, Michael. Ideologia e Currículo. São
de escrever as frases. Assim, ao uma história, ocasião em que as Paulo: Brasiliense, 1982.
invés de disporem do léxico es- frases formadas seriam a maté- CONDEMARÍN, Mabel; CHADWICK, Mariana.
crito em uma folha de papel, as ria-prima do texto. A Escrita Criativa e Formal. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1987.
crianças poderiam, reunidas em Uma outra extensão dos objeti-
grupos, dispor das palavras do lé- vos poderia estar relacionada com CUNHA, Celso. Gramática do Português Con-
temporâneo. 3. ed. Belo Horizonte: Bernardo
xico escritas em cartões. Com a construção do conceito de classe Alvares, 1972.
isto, as crianças formariam as fra- gramatical. Uma das preocupações FERREIRO, Emilia. A Representação da Lingua-
ses utilizando os cartões. Numa dos professores de língua materna gem e o Processo de Alfabetização. Cadernos de
primeira situação, que permitiria é como desencadear a aprendiza- Pesquisa, São Paulo, n. 52, p. 7-17, fev. 1985.

uma liberação parcial da escrita, gem deste conceito. Apresentando- KAUFMAN, Ana Maria. A Leitura, a Escrita e
a Escola: uma Experiência Construtivista. Porto
uma das crianças poderia ser a se esta atividade com classes gra- Alegre: Artes Médicas, 1994.
relatora e registrar as frases for- maticais bem definidas, as crianças
PIAGET, Jean. O Possível e o Necessário:
madas. Em outra, que permitiria a poderiam, com o tempo, formar os Evolução dos Possíveis na Criança. Porto Alegre:
liberação total do ato motor da es- conceitos de verbo, substantivo, Artes Médicas, 1985.
crita, as crianças poderiam ditar adjetivo, advérbio e assim por dian- SMITH, Frank. Compreendendo a Leitura:
as frases para o professor que as te. As crianças iriam compreender uma Análise Psicolingüística da Leitura e do Apren-
der a Ler. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
escreveria no quadro-de-giz. (Uti- estes conceitos através do seu uso
lizamos a expressão ato motor, na formação das frases e na própria TEBEROSKY, Ana. Psicopedagogia da Lingua-
gem Escrita. São Paulo: Trajetória Cultural. Cam-
pois, de um certo ponto de vista, organização dos léxicos. pinas: Editora da UNICAMP, 1989.

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